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HISTÓRIA DO DIREITO DO

TRABALHO
Curso de Direito
Disciplina: Direito Ind do Trabalho
Profa.: Cláudia M. F. De Vico Arantes
EVOLUÇÃO MUNDIAL – A
ESCRAVIDÃO – ATÉ O SÉC. XIX
Trabalho vem do latim tripalium, que era uma espécie de
instrumento de TORTURA.
A primeira forma de trabalho foi a ESCRAVIDÃO, em que
o escravo era considerado apenas uma coisa, não tendo
qualquer direito, muito menos trabalhista. O escravo,
portanto, não era considerado sujeito de direito, pois era
propriedade do seu senhor.
Na Grécia, Platão e Aristóteles entendiam que o trabalho
tinha sentido pejorativo. Envolvia apenas a força física. A
DIGNIDADE do homem consistia em participar dos
negócios da cidade por meio da PALAVRA.
Tripalium
A SERVIDÃO-SÉC. I a XI
O trabalho NÃO tinha o significado de REALIZAÇÃO
PESSOAL. Apenas, nas classes mais pobres e na religião o
trabalho é considerado como atividade dignificante.
Num segundo momento, encontramos a servidão. Era a
época do feudalismo (séc. IV/XIV), em que os senhores
feudais davam proteção militar e política aos servos, que
não eram livres, mas, ao contrário, tinham de prestar
serviços na terra do senhor feudal. Nessa época, o
trabalho era considerado um castigo. Os nobres não
trabalhavam.
Num terceiro momento, encontramos as corporações de
ofício, em que existiam três personagens: os mestres, os
companheiros e os aprendizes.
AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO-
SÉC. XI A XVI
 A jornada de trabalho era muito longa, chegando até a 18 horas no verão;
porém, na maioria das vezes, terminava com o pôr-do-sol, por questão de
qualidade de trabalho e não por proteção aos aprendizes e companheiros.
A partir do momento em que foi inventado o lampião a gás, em 1792, por
William Murdock, o trabalho passou a ser prestado em média entre 12 e
14 horas por dia. Várias indústrias começaram a trabalhar no período
noturno.
 As corporações de ofício foram suprimidas com a Revolução Francesa, em
1789, pois foram consideradas incompatíveis com o ideal de liberdade do
homem. Em 1791, logo após a Revolução Francesa, houve na França o
início de liberdade contratual.
A Revolução Industrial acabou transformando o
trabalho em EMPREGO. Os trabalhadores de
maneira geral, passaram a trabalhar por salários.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL-
1780
O Direito do Trabalho e o contrato de trabalho
passaram a desenvolver-se com o surgimento da
Revolução Industrial, INICIADA NO SÉCULO XVIII.
Constata-se, nessa época, que a principal causa
econômica do surgimento da Revolução Industrial foi o
aparecimento da máquina a vapor como fonte energética
(1712). A máquina de fiar foi patenteada por John Watt
em 1738.
 O tear mecânico foi inventado por Edmund Cartwright,
em 1784. James Watt aperfeiçoou a máquina a vapor
(1769).
Inicia-se, assim, a substituição do trabalho manual pelo
trabalho com o uso de máquinas. Havia necessidade de
que as pessoas viessem, também, a operar as máquinas
não só a vapor, mas as máquinas têxteis, o que fez surgir
o trabalho assalariado.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
• Daí nasce uma causa jurídica, pois os trabalhadores
começaram a reunir-se, a associar-se, para reivindicar
MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO E MELHORES
SALÁRIOS, diminuição das jornadas excessivas (os
trabalhadores prestavam serviços por 12, 14 ou 16
horas diárias) e contra a exploração de menores e
mulheres. Substituía-se o trabalho adulto pelo das
mulheres e menores, que trabalhavam mais horas,
percebendo salários inferiores.
ESTADO INTERVENCIONISTA
Com o surgimento da máquina a vapor, houve a instalação das
indústrias onde existisse carvão, como ocorreu na Inglaterra. O
trabalhador prestava serviços em condições INSALUBRES,
sujeito a incêndios, explosões, intoxicação por gases,
inundações, desmoronamentos, prestando serviços por baixos
salários e sujeito a várias horas de trabalho, além de oito.
Ocorriam muitos ACIDENTES DO TRABALHO, além de várias
doenças decorrentes dos gases, da poeira, do trabalho em
local encharcado, principalmente a tuberculose, a asma e a
pneumonia.
Trabalhavam direta ou indiretamente nas minas praticamente
TODA A FAMÍLIA, o pai, a mulher, os filhos, os filhos dos filhos
etc. Eram feitos contratos verbais VITALÍCIOS ou então
enquanto o trabalhador pudesse prestar serviços, implicando
verdadeira servidão.
ESTADO INTERVENCIONISTA
• Começa a haver necessidade de intervenção estatal
nas relações do trabalho, dados os ABUSOS que
vinham sendo cometidos, de modo geral, pelos
empregadores a ponto de serem exigidos serviços em
jornadas excessivas para MENORES E MULHERES, de
mais de 16 horas por dia ou até o pôr-do-sol, pagando
metade ou menos dos salários que eram pagos aos
homens.
ESTADO INTERVENCIONISTA
Passa, portanto, a haver um intervencionismo do
Estado, principalmente para realizar o bem-estar
social e melhorar as condições de trabalho.
O trabalhador passa a ser PROTEGIDO juridicamente
e economicamente.
A lei passa a estabelecer normas mínimas sobre
condições de trabalho, que devem ser respeitadas
pelo empregador.
Exemplos:
• 1802 – Inglaterra – a jornada é fixada até o limite de
12horas; o trabalho entre as 21h e 6h é proibido;
• 1809 – o trabalho do menor de 9 anos é considerado
ilegal;
• 1813 – é proibido o trabalho do menor de 18 anos em
minas de subsolo;
• 1814 – é proibido o trabalho do menor de 18 anos,
em domingos e feriados.
• 1839 – para o menor entre nove e 16 anos é fixada
jornada de 10 horas.
DOUTRINA SOCIAL
A partir de 1880, passou a ser utilizada a eletricidade. Em
consequência, as condições de trabalho tiveram de ser
adaptadas.
A história do Direito do Trabalho identifica-se com a
história da subordinação, do trabalho subordinado.
Verifica-se que a preocupação maior é com a proteção do
hipossuficiente e com o emprego típico.
A Igreja também passa a preocupar-se com o trabalho
subordinado. É a doutrina social. O trabalho dignifica
pessoalmente o homem, merecendo valoração. Tem a
doutrina social um sentido humanista.
A Encíclica Rerum Novarum-1891
A Encíclica Rerum novarum (coisas novas), de 1891, do
Papa Leão XIII, pontifica uma fase de transição para a
justiça social, traçando regras para a intervenção estatal
na relação entre trabalhador e patrão. Dizia o referido
Papa que "não pode haver capital sem trabalho, nem
trabalho sem capital" (Encíclica Rerum novarum, Capítulo
28).
A partir do término da Primeira Guerra Mundial, surge o
que pode ser chamado de constitucionalismo social, que
é a inclusão nas constituições de preceitos relativos à
defesa social da pessoa, de normas de interesses social e
de garantia de certos direitos fundamentais, incluindo o
Direito do Trabalho.
A CONSTITUIÇÃO DO MÉXICO
• A primeira Constituição que tratou do tema foi a do
México, em 1917.
• O art. 123 da referida norma estabelecia jornada diária de oito
horas, proibição de trabalho de menores de 12 anos, limitação
da jornada dos menores de 16 anos a seis horas, jornada
máxima noturna de sete horas, descanso semanal, proteção à
maternidade, salário mínimo, direito de sindicalização e de
greve, indenização de dispensa, seguro social e proteção
contra acidentes do trabalho.
A CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR
A segunda Constituição a versar sobre o assunto foi
a de Weimar, de 1919.
1919 Disciplinava a participação dos
trabalhadores nas empresas, autorizando a liberdade
de coalização dos trabalhadores; tratou, também, da
representação dos trabalhadores na empresa.
Daí em diante, as constituições dos países passaram
a tratar do Direito do Trabalho e, portanto, a
constitucionalizar os direitos trabalhistas.
CRIAÇÃO DA OIT
Surge o Tratado de Versalhes, de 1919, prevendo a
criação da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), que iria incumbir-se de proteger as relações
entre empregados e empregadores no âmbito
internacional, expedindo convenções e
recomendações nesse sentido.
Na Itália, aparece a Carta del Lavoro, de 1927,
instituindo um sistema corporativista-fascista, que
inspirou outros sistemas políticos, como os de
Portugal, Espanha e, especialmente, do Brasil.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS DO HOMEM

A Declaração Universal dos Direitos do


Homem, de dezembro de 1948, prevê alguns
direitos aos trabalhadores, como limitação
razoável do trabalho, férias remuneradas
periódicas, repouso e lazer etc.
EVOLUÇÃO NO BRASIL
Inicialmente, as Constituições brasileiras versavam
apenas sobre a forma do Estado, o sistema de
governo. Posteriormente, passaram a tratar de todos
os ramos do Direito e, especialmente, do Direito de
Trabalho, como ocorre com nossa Constituição atual.
A CONSTITUIÇÃO DE 1824 APENAS TRATOU DE
ABOLIR AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO (art. 179, 25),
pois deveria haver liberdade do exercício de ofícios e
profissões.
Influência da Europa
Em 13-5-1888, foi assinada pela Princesa Isabel a Lei Áurea,
que abolia a escravatura.
Reconheceu a Constituição de 1891 a liberdade de associação
(§ 8.° do art. 72), que tinha na época caráter genérico,
determinando que a todos era lícita a associação e reunião,
livremente e sem armas, não podendo a polícia intervir, salvo
para manter a ordem pública.
AS TRANSFORMAÇÕES QUE VINHAM OCORRENDO NA
EUROPA EM DECORRÊNCIA DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
E O APARECIMENTO DA OIT, EM 1919, INCENTIVARAM A
CRIAÇÃO DE NORMAS TRABALHISTAS EM NOSSO PAÍS.
Existiam muitos imigrantes no Brasil que deram origem a
movimentos operários reivindicando melhores condições de
trabalho e salários. Começa a surgir uma política trabalhista
idealizada por Getúlio Vargas em 1930.
Legislação:
• 1850 – Código Comercial: trata do aviso prévio, da
indenização pela rescisão injusta, da justa causa,
garantia de salário em caso de acidente de trabalho;
• 1890 – surge as férias remuneradas para os ferroviários;
• 1891 – decreto proíbe o trabalho do menor de 12 anos
em fábricas;
• 1903 – primeira norma brasileira sobre sindicalização e
organização sindical;
• 1916 – Código Civil;
• 1923 – Lei Eloy Chaves (Lei n. 4.682/23) – cria a
estabilidade decenal.
• 1927 – Código de Menores (Decreto n. 17.934-A);
• 1930 – GETÚLIO VARGAS ASSUME A PRESIDÊNCIA E CRIA O
MINISTÉRIO DO TRABALHO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO. A
PARTIR DE ENTÃO SURGE FARTA LEGISLAÇÃO;
• 1935 – A Lei n. 62/35 disciplinou a rescisão do contrato, justa
causa, aviso prévio e a estabilidade dos empregados da
indústria e do comércio após 10 anos de serviço;
• 1936 – A Lei n. 185/36 instituiu o salário mínimo;
• 1937 – Golpe de Getulio Vargas. Ditadura. O Congresso é
fechado. A greve é considerada recurso antissocial;
• 1939 – ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO ATRAVÉS
DO DECRETO-LEI N. 1.237/39;
• 1941 – Decreto-lei n. 3.078/41 – locação de serviços dos
empregados domésticos.
AS CONSTITUIÇÕES
O Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio
foi criado em 1930. A Justiça do Trabalho em
1939.
A Constituição de 1934 é a primeira constituição
brasileira a tratar especificamente do Direito do
Trabalho. É a influência do constitucionalismo social, que
em nosso país só veio a ser sentida em 1934. Garantia a
liberdade sindical, isonomia salarial, salário mínimo, jornada
de oito horas de trabalho, proteção do trabalho das mulheres
e menores, repouso semanal, férias anuais remuneradas (art.
121).
A Carta Constitucional de 10-11-1937 marca uma fase
intervencionista do Estado, decorrente do golpe de Getúlio
Vargas. Era uma Constituição de cunho eminentemente
corporativista, inspirada na Carta del Lavoro, de 1927.
AS CONSTITUIÇÕES
A Constituição de 1937 instituiu o sindicato
único, imposto por lei, vinculado ao Estado, exercendo
funções delegadas de poder público, podendo haver intervenção estatal
direta em suas atribuições. Foi criado o imposto sindical,
sindical como uma forma
de submissão das entidades de classe ao Estado, pois este participava do
produto de sua arrecadação. A greve e o lockout foram considerados
recursos anti-sociais, nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis
com os interesses da produção nacional (art. 139).
 Existiam várias normas esparsas sobre os mais diversos assuntos
trabalhistas. Houve a necessidade de sistematização dessas regras. PARA
TANTO, FOI EDITADO O DECRETO-LEI N.º 5.452, DE
1.°-5-1943, APROVANDO A CONSOLIDAÇÃO DAS
LEIS DO TRABALHO (CLT). O OBJETIVO DA CLT FOI
APENAS O DE REUNIR AS LEIS ESPARSAS
EXISTENTES NA ÉPOCA, CONSOLIDANDO-AS.
 NÃO SE TRATA DE UM CÓDIGO, POIS ESTE PRESSUPÕE DIREITO NOVO!!!
AS CONSTITUIÇÕES
A CONSTITUIÇÃO DE 1946 É CONSIDERADA UMA NORMA
DEMOCRÁTICA, rompendo com o corporativismo da
Constituição anterior. Nela encontramos a participação dos
trabalhadores nos lucros (art. 157, IV), repouso semanal
remunerado (art. 157, VI), estabilidade (art. 157, XII), direito
de greve (art. 158) e outros direitos que se encontravam na
norma constitucional anterior.
A legislação ordinária começa a instituir novos direitos. Surge
a Lei n.º 605/49, versando sobre o repouso semanal
remunerado; a Lei n.º 4.090/62, instituindo o 13.º salário etc.
A Constituição de 1967 manteve os direitos trabalhistas
estabelecidos nas Constituições anteriores, no art. 158, tendo
praticamente a mesma redação do art. 157 da Constituição de
1946, com algumas modificações. A EC n.º 1, de 17-10-69,
repetiu praticamente a Norma Ápice de 1967, no art. 165, no
que diz respeito aos direitos trabalhistas.
AS CONSTITUIÇÕES
No âmbito da legislação ordinária, podemos lembrar
a Lei n.º 5.859/72, dispondo sobre o trabalho dos
empregados domésticos; a Lei n.° 5.889/73, versando
sobre o trabalhador rural; a Lei n.° 6.019/74, tratando
do trabalhador temporário etc.

Em 5-10-1988, foi aprovada a atual


Constituição, que trata de direitos
trabalhistas nos arts. 7.° a 11.
11
Art. 7º da Constituição

• Trata o art. 7.º da Constituição de direitos individuais


e tutelares do trabalho. O art. 8.° versa sobre o
sindicato e suas relações. O art. 9.° especifica regras
sobre greve. O art. 10 determina disposição sobre a
participação dos trabalhadores em colegiados.
Menciona o art. 11 que nas empresas com mais de
200 empregados é assegurada a eleição de um
representante dos trabalhadores para entendimentos
com o empregador.
História do dia 1º de Maio

• O Dia do Trabalho teve origem na cidade de


Chicago (EUA), quando milhares de operários,
organizados pela Federação Americana do Trabalho,
organizaram um grande paralisação.
• A greve teve inicio no dia 1º de maio de 1886,
sendo que nesse mesmo dia foi iniciada uma greve
geral que paralisou os Estados Unidos.
• No dia 3 de maio, terceiro dia de paralisação,
trabalhadores e policiais entraram em confronto, que
acabou com um saldo de 50 feridos, centenas de
prisões e 6 mortes.
• No dia seguinte, outro confronto aconteceu,
resultando em mais feridos, presos e mortos. Os
acontecimentos daquele início de maio receberam o
nome de Revolta de Haymarket. Os líderes do
movimento foram presos e responsabilizados pelas
mortes. Alguns foram condenados a forca, outros a
prisão perpétua.
• Em junho de 1889, a Segunda Internacional (organização sindical),
realizada em Paris, decidiu instituir o Dia Mundial do Trabalho,
como forma de homenagear os trabalhadores mortos na Revolta
de Haymarket, e para que todos os anos, nesse dia, os
trabalhadores pudessem fazer suas reinvidicações, como a
redução da jornada de trabalho para 8 horas.

• A França foi o primeiro país a legalizar o dia 1º de maio


como o Dia do Trabalho, em 1919. Nessa mesma
ocasião, a jornada de trabalho foi estabelecida em 8
horas.

• No Brasil, o primeiro de maio é comemorado desde o ano de 1925


• No Brasil, são relatadas comemorações do dia do
trabalho desde 1895, mas somente em 1925 a
data foi legalizada pelo então presidente
Artur Bernardes, quando passou a ser feriado
nacional. A partir de 1930, com Getúlio Vargas
na presidência, o dia 1º de maio passou a ser
o dia do anúncio de medidas favoráveis aos
trabalhadores, como o estabelecimento do
salário mínimo, medida divulgada em 1º de
maio de 1940.

• http://www.infoescola.com/datas-comemorativas/dia-do-trabalho/
Organização da Justiça do Trabalho

• Art. 111. São órgãos da Justiça do


Trabalho:
• I - o Tribunal Superior do Trabalho;
• II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
• III - Juízes do Trabalho.
Bibliografia:
• GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de Direito do
Trabalho. Rio de Janeiro: Editora Método.
• MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. São Paulo:
Atlas.
• CASSAR, Volia Bomfim de. Direito do Trabalho. Rio de
Janeiro: Editora Método.
• Entre outros...

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