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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

THIAGO FERREIRA DA CRUZ


VITOR IVENS GUIMARÃES

DIMENSIONAMENTO DE UMA PONTE ROLANTE EMPILHADEIRA


PARA DEPÓSITOS DE ESTOQUE

NITERÓI, RJ
2022
THIAGO FERREIRA DA CRUZ
VITOR IVENS GUIMARÃES

DIMENSIONAMENTO DE UMA PONTE ROLANTE EMPILHADEIRA


PARA DEPÓSITOS DE ESTOQUE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da
Universidade Federal Fluminense, como requisito
parcial para obtenção do grau de Engenheiro
Mecânico.

Orientador:
Profª. Stella Maris Pires Domingues

Niterói, RJ
2022.
THIAGO FERREIRA DA CRUZ
VITOR IVENS GUIMARÃES

DIMENSIONAMENTO DE UMA PONTE ROLANTE EMPILHADEIRA


PARA DEPÓSITOS DE ESTOQUE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Engenharia Mecânica da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
Grau: Bacharel em Engenharia Mecânica

Aprovado em: 02 de agosto de 2022

Aluno: Thiago Ferreira da Cruz Grau:

Aluno: Vitor Ivens Guimarães Grau:

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________
Profª. Stella Maris Pires Domingues – UFF
Orientadora

___________________________________________
Profª. Fabiana Rodrigues Leta – UFF

___________________________________________
Prof. Gabriel Mario Guerra Bernada – UFF

Niterói, RJ, 2022


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à toda minha família e meus amigos. Principalmente aos meus pais,
Ricardo e Simone e ao meu irmão Matheus por sempre me apoiar e me fazer chegar até aqui.
Aos meus amigos que fiz durante o curso, incluindo o Vitor Ivens, pois sem eles a
trajetória até o final seria muito mais difícil. Todos são de grande relevância e importância, nos
momentos mais difíceis e nos de maior alegria.
Ressalto que essa conquista não é apenas minha, mas também de todos que acreditaram
em mim e me deram forças para perseverar e sempre encarar os desafios de cabeça erguida.

Thiago Ferreira da Cruz

Dedico este trabalho à minha família, em especial aos meus pais, Wilson e Isabela, que
sempre me serviram de inspiração e me apoiaram com ensinamentos, amor e com todos os
recursos disponíveis para atenuarem os desafios desta jornada; às minhas irmãs Julia, Bianca e
Rebecca, por sempre me apoiarem e me darem clareza de pensamentos.
Dedico também aos meus amigos de infância Fernando Coelho, Arthur Bioza, Igor Paiva
e Vitor Moreira, e meus amigos da faculdade, inclusive ao próprio Thiago Ferreira, co-autor
deste trabalho, pois sem o apoio e a amizade de vocês eu não teria conseguido chegar até aqui.
Por fim, mas não menos importante, dedico este trabalho a minha namorada Ingrid Assis,
por todo amor, paciência e apoio ao longo destes últimos anos, talvez os mais desafiadores da
minha vida.
Vitor Ivens Guimarães
AGRADECIMENTOS

Agradecemos imensamente a todos aqueles que atravessaram nossas vidas durante esses
longos e proveitosos anos de formação, especialmente àqueles que sempre estiveram por aqui
e àqueles que vieram para ficar. Agradecemos a todos os que acreditaram em nós, que nos
deram forças, nos motivaram e nunca deixaram a gente se quer pensar em desistir. Essa vitória
é de todos nós.
Ao fim desta jornada, queremos enaltecer a nossa Professora e Orientadora Stella Maris,
por toda excelência, paciência e ensinamentos ao longo de nossa formação; os nossos pais, por
todo apoio e amor; os nossos irmãos, que sempre estiveram ao nosso lado defendendo nossas
causas; aos nossos amigos da faculdade e da vida, Dyhego Farias, Alex Thomaz, Bernardo
Nobrega, Frederico Aldecoa, Luiza Canellas, Marcelo Francisco, Giovane Rosa e João Vitor e
todos os demais que foram igualmente importantes embora não citados aqui.
RESUMO
Pontes rolantes são estruturas para movimentação e elevação de cargas, compostas,
geralmente, de duas colunas e uma viga instalada sobre o vão da faixa de rolamento e
acostamento, fixadas com blocos de fundação. Uma das grandes necessidades da indústria é o
manuseio e a movimentação de peças de grande porte em grandes áreas, sem prejudicar o
trânsito de veículos, estocagem de materiais e posicionamento de máquinas e equipamentos.
Isto coloca em destaque a ponte rolante, pois ela permite o aproveitamento de toda área útil
para transporte, com rapidez, segurança e versatilidade. Este trabalho analisa as cargas
presentes na utilização da ponte rolante apoiada biviga com empilhadeira. Através da utilização
do software SolidWorks 3D será possível visualizar e avaliar os níveis de tensão e
comportamento da estrutura, simulada em um depósito de estoque, onde o equipamento é
utilizado para o transporte de produtos entre duas prateleiras de difícil acesso.

Palavras-chave: ponte, rolante, empilhadeira, dimensionamento, análise, engenharia.


ABSTRACT
Cranes are structures for moving and lifting loads, generally composed of two columns
and a beam installed over the span of the roadway and shoulder, fixed with foundation blocks.
One of the great needs of the industry is the handling and movement of large parts in large
areas, without jeopardizing the traffic of vehicles, storage of materials and positioning of
machinery and equipment. This highlights the overhead crane, as it allows the use of the entire
useful area for transport, quickly, safely and versatility. This work analyzes the loads present
in the use of the double girder overhead crane with forklift. By computer softwares, it will be
possible to visualize and evaluate the tension levels and behavior of the structure, simulated in
a stock warehouse, where the equipment is being used to transport products between two
shelves that are difficult to access.

Keywords: crane, forklift, analysis, dimensioning, engineering.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Ponte rolante com empilhadeira. .............................................................. 2
Figura 2 – Ponte rolante Kito. ..................................................................................... 5
Figura 3 – Ponte rolante apoiada univiga.................................................................... 6
Figura 4 – Ponte rolante apoiada biviga...................................................................... 7
Figura 5 – Ponte rolante suspensa. .............................................................................. 7
Figura 6 – Ponte rolante empilhadeira. ....................................................................... 8
Figura 7 – Componentes da ponte rolante. ................................................................. 9
Figura 8 – Viga de ponte rolante. .............................................................................. 11
Figura 9 – Armazém de mercadorias. ....................................................................... 13
Figura 10 – Versão preliminar do layout do armazém.............................................. 14
Figura 11 – Exemplo de palete com duas entradas. .................................................. 15
Figura 12 – Versão preliminar do layout do armazém.............................................. 16
Figura 13 – Curva de levantamento e descida para de sinais contrários................... 25
Figura 14 – Função das tensões e cordões de solda. ................................................. 30
Figura 15 – Símbolos utilizados para as medidas da viga. ....................................... 32
Figura 16 – Simulação para Pré-dimensionamento das Vigas. ................................. 33
Figura 17 – Viga dimensionada e suas medidas. ...................................................... 35
Figura 18 – Peso próprio sob viga principal. ............................................................ 37
Figura 19 – Carga incidente sob viga principal. ....................................................... 38
Figura 20 – Força horizontal incidindo na viga principal. ........................................ 41
Figura 21 – Valores dos coeficientes de flambagem 𝐾𝜎 e 𝐾𝜏 . .................................. 46
Figura 22 – Malha da Viga Principal. ....................................................................... 48
Figura 23 – Tensão de von Mises atuantes nas vigas principais. .............................. 49
Figura 24 – Distribuição dos deslocamentos ao longo das vigas principais. ............ 50
Figura 25 – Distribuição dos deslocamentos ao longo das vigas principais –
resultado deformado. ........................................................................................................... 50
Figura 26 – Ilustração 3D do modelo da cabeceira. .................................................. 51
Figura 27 – Cabeceira selecionada e suas dimensões. .............................................. 51
Figura 28 – Peso próprio sob viga de cabeceira........................................................ 52
Figura 29 – Peso da ponte rolante sob viga de cabeceira.......................................... 54
Figura 30 – Tensão de von Mises atuantes nas cabeceiras. ...................................... 59
Figura 31 – Distribuição dos deslocamentos ao longo da cabeceira......................... 60
Figura 32 – Tensão de von Mises atuantes nas cabeceiras considerando as cargas.
............................................................................................................................................. 60
Figura 33 – Distribuição dos deslocamentos ao longo da cabeceira considerando
as cargas. .............................................................................................................................. 61
Figura 34 – Representação do bisel e suas medidas ................................................. 62
Figura 35 – Gráfico do Grupo 4 para análise da solda segundo fatores R × K. ....... 64
Figura 36 – Montagem entre viga cabeceira e vigas principais. ............................... 67
Figura 37 – Montagem entre viga cabeceira (modelo como “corpo de prova”) e
vigas principais. ................................................................................................................... 69
Figura 38 – Carga aplicada e dimensões dos parafusos de suporte das vigas
principais ............................................................................................................................ .69
Figura 39 – Distribuição das tensões sobre os parafusos. ......................................... 69
Figura 40 – Detalhes da malha feita na simulação do SolidWorks Simulation. ....... 70
Figura 41 – Distribuição das tensões sobre o sistema montado. ............................... 71
Figura 42 – Distribuição das deformações sobre o sistema montado. ...................... 71
Figura 43 – Distribuição das deformações sobre o sistema montado – resultado
deformado 200:1. ................................................................................................................. 72
Figura 44 – Componentes de uma empilhadeira convencional. ............................... 75
Figura 45 – Partes do Garfo da Empilhadeira ........................................................... 76
Figura 46 – Representação ilustrativa das cargas sobre o garfo da empilhadeira..... 76
Figura 47 – Objetos de teste e simulação da empilhadeira com carga de 2
toneladas sobre palete. ......................................................................................................... 77
Figura 48 – Simulação dos esforços nos garfos da empilhadeira quando
submetida a carga nominal. ................................................................................................. 78
Figura 49 – Simulação das deformações reais nos garfos e resultado deformado
(aumentado 10x). ................................................................................................................. 79
Figura 50 – Malha utilizada para simulação – modelo de torre simplificada (sem
mecanismos). ....................................................................................................................... 80
Figura 51 – Simulação das cargas atuantes na torre (corpo de prova simplificado
e isolado) – altura = 0. ......................................................................................................... 81
Figura 52 – Simulação das deformações na torre (com carga e lança) – escala real
– altura = 0. .......................................................................................................................... 81
Figura 53 – Simulação dos deslocamentos (com carga e lança) – aumentado 50x–
altura = 0. ............................................................................................................................. 82
Figura 54 – Simulação das cargas atuantes na torre (corpo de prova simplificado
e isolado) – altura = 6,5 m. .................................................................................................. 83
Figura 55 – Simulação dos deslocamentos (com carga e lança) – escala real e
aumentada 50x – altura = 6,5 m. ......................................................................................... 83
Figura 56 – Chave de fim de curso FL-618. ............................................................. 93
Figura 57 – Chave limite de emergência FL-218. .................................................... 93
Figura 58 – Limitador de carga Hovam. ................................................................... 94
Figura 59 – Sinalizador sonoro e Visual SIR-E LED. .............................................. 94
Figura 60 – Sensor de distância a laser DM30500.................................................... 95
Figura 61 – Rádio controle Technos A e B da ACR ................................................. 95
Figura 62 – Projeto da ponte rolante empilhadeira instalado no galpão – vista
lateral. ................................................................................................................................ 100
Figura 63 – Projeto da ponte rolante empilhadeira instalado no galpão – vista em
perspectiva 3D. .................................................................................................................. 101
Figura A.1 – Primeira viga selecionada e suas dimensões ..................................... 108
Figura A.2 – Distribuição das tensões sobre o sistema montado. ........................... 110
Figura A.3 – Distribuição das deformações sobre o sistema montado (critério da
deflexão não aprovado). .................................................................................................... 110
Figura A.4 – Distribuição das deformações sobre o sistema montado – resultado
deformado (critério da deflexão não aprovado). ............................................................... 111
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Dados dimensionais do Armazém ........................................................... 14
Tabela 2– Dados do pallet e cargas do armazém ...................................................... 15
Tabela 3 – Tempos de aceleração e acelerações ....................................................... 16
Tabela 4 – Velocidade de deslocamento de cada dispositivo da ponte rolante
empilhadeira ........................................................................................................................ 16
Tabela 5 – Dados do ciclo completo e classe de funcionamento do equipamento. .. 17
Tabela 6 – Resumo dos dados iniciais para dimensionamento da Ponte Rolante. .... 18
Tabela 7 – Classe de Funcionamento ........................................................................ 19
Tabela 8 – Classes de utilização ................................................................................ 20
Tabela 9 – Estado da carga. ....................................................................................... 20
Tabela 10– Classes da estrutura dos elementos em grupo ........................................ 21
Tabela 11 – Valores do coeficiente de majoração para equipamentos industriais .... 21
Tabela 12 – Estado de solicitação dos mecanismos .................................................. 22
Tabela 13 – Grupo de mecanismos ........................................................................... 23
Tabela 14 – Valores do coeficiente dinâmico ........................................................... 25
Tabela 15 – Tempos de aceleração e acelerações (fragmento). ................................ 26
Tabela 16 – Tensões admissíveis a trações (ou compressões). ................................. 27
Tabela 17 – Valores do coeficiente dinâmico ........................................................... 28
Tabela 18 – Dados do aço estrutural selecionado para ponte rolante. ...................... 30
Tabela 19 – Vigas determinadas a partir do MDSolids. ........................................... 33
Tabela 20 – Dimensões e dados da viga principal. ................................................... 35
Tabela 21 – Coeficiente de Segurança na Flambagem Localizada. .......................... 46
Tabela 22 – Dimensões e dados da viga cabeceira. .................................................. 51
Tabela 23 – Elementos Soldados – Caso 𝐾0 – Pouco risco de ruptura ..................... 62
Tabela 24 – Coeficientes de Segurança, 𝐹𝑆𝑝 . ........................................................... 66
Tabela 25 – Coeficientes de Segurança, 𝐹𝑆𝑁 ............................................................ 66
Tabela 26 – Medidas dos Garfos Comerciais para 2.500 kg..................................... 75
Tabela 27 – Respectivos valores de 𝐶1 em relação com a rotação da roda. .............. 85
Tabela 28 – Valores de 𝐶2 . ........................................................................................ 85
Tabela 29 – Valores de pressão limite. ..................................................................... 85
Tabela 30 – Valores de 𝐶1 em relação ao diâmetro e velocidade de translação. ...... 86
Tabela 31 – Classe de funcionamento e duração total teórica. ................................. 87
Tabela 32 – Classe de funcionamento e duração total teórica .................................. 90
Tabela 33 – Custo do quilograma do aço A-36. ........................................................ 96
Tabela 34 – Custo total de material da estrutura ....................................................... 96
Tabela 35 – Relação de custos da estrutural principal. ............................................. 96
Tabela 36 – Relação de custos dos mecanismos da ponte rolante. ........................... 97
Tabela 37 – Relação de custos com projeto e mão de obra....................................... 97
Tabela 38 – Custo total do projeto. ........................................................................... 97
Tabela A.1 – Deflexão máxima da viga segundo NBR 8800. ................................ 106
Tabela A.2 – Dimensões e dados da primeira viga principal – não aprovada. ....... 108
LISTA DE SÍMBOLOS
ℎ1 Altura da viga
ℎ2 Altura interna da viga
𝐴𝑡 Área da seção transversal da viga principal
𝐴𝑡 Área transversal
𝐶0 Carga estática
𝐷𝑟 Diâmetro da roda
𝐹𝑐𝑚 Força atuante no centro de massa
𝐹𝑝 Forças paralelas aos planos de junção
𝐹𝑝𝑎 Esforço limite admissível
𝐹𝑟 Força horizontal
𝐹𝑟 Força exercida sobre a roda
𝐹𝑟𝑜𝑙 Força de rolamento
𝐼𝑥 Momento de Inércia
𝐽1 Momento polar de inércia
𝐽𝑚 Aceleração/desaceleração média
𝐽𝑚 Aceleração média
𝐽𝑜𝑝 Aceleração média de projeto
𝐾𝜎 Coeficiente de flambagem localizada com relação as tensões principais
𝐾𝜏 Coeficiente de flambagem localizada com relação as tensões cisalhantes
𝐿𝑛 Revolução dos rolamentos
𝑀𝑔𝑐 Momento máximo da cabeceira
𝑀ℎ Momento máximo devido à força horizontal
𝑀𝑔 Momento máximo
𝑀𝑙 Momento máximo da carga concentrada
𝑀𝑚 Massa por metro
𝑀𝑚𝑐 Massa por metro da cabeceira
𝑀𝑥 Coeficiente de majoração
𝑁𝑎 Forças perpendiculares ao plano de junção
𝑁𝑖 Potência de partida
𝑁𝑗𝑢𝑛𝑡𝑎 Esforço na junta
𝑁𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜𝑠 Esforço nos parafusos
𝑁𝑟 Força Normal
𝑁𝑟 Potência de regime
𝑃1 Peso da viga
𝑃lim ⁡ Pressão limite
𝑃𝑐 Capacidade de carga máxima
𝑃𝑒 Peso da empilhadeira
𝑃𝑒𝑠𝑡 Peso da estrutura
𝑃𝑡 Peso dos mecanismos
𝑆𝑔𝑐 Solicitação máxima na cabeceira
𝑆𝑙𝑐 Solicitação máxima devido às cargas concentradas na cabeceira
𝑆ℎ Forças horizontais
𝑆ℎ Solicitação máxima devido à força horizontal na viga principal
𝑆𝑔 Solicitação devido ao próprio peso dos elementos
𝑆𝑙 Solicitações devido à carga de serviço
𝑇𝑖 Torque de partida
𝑇𝑚 Tempo médio de duração de aceleração ou desaceleração
𝑇𝑝 Esforço de tração
𝑇𝑝 Esforço de tração exercido pelo parafuso
𝑇𝑟 Torque de regime
𝑉𝑔𝑐 Cortante máximo da cabeceira
𝑉ℎ Cortante máxima devido à força horizontal
𝑉𝑔 Cortante máximo
𝑉𝑙 Cortante máximo da carga concentrada
𝑉𝑟𝑜𝑡 Velocidade de rotação
𝑍𝑎 ⁡ Índice a para determinação do tipo de aço
𝑍𝑏 Índice b para determinação do tipo de aço
𝑍𝑐 Índice c para determinação do tipo de aço
𝑏1 Largura da base superior da seção transversal da viga
𝑏2 Largura da base inferior da seção transversal da viga
𝑏3 Boleto do trilho
𝑏𝑎 Alma
𝑐1 ⁡𝑒⁡𝑐2 Coeficientes para escolha das rodas
𝑚1 Massa da carga suspensa
𝑚2 Massa da carga
𝑛1 Rotação dos rolamentos
𝑛𝑎𝑡 Número de planos de atrito
𝑟1 Largura da aba
𝑟𝑎𝑏𝑎 Largura da aba
𝑦𝑐 Centroide da área acima da linha neutra
𝛿𝑎𝑑𝑚 Deflexão admissível
𝛿𝑔 Flecha devido ao peso próprio da viga
𝛿𝑙 Flecha devido ao peso da carga e do trolley
𝛿𝑚á𝑥 Deflexão máxima
𝜂𝑡 Rendimento total
𝜃𝑏𝑖𝑠𝑒𝑙 Ângulo do bisel
𝜇𝑎𝑡 Coeficiente de atrito
𝜌𝐴36 Massa específica do Aço A-36
𝜎𝑅𝐸 Tensão de referência de Euler
𝜎𝑎 Tensão admissível de tração em relação ao limite elástico
𝜎𝑎𝑑𝑚 Tensão admissível
𝜎𝑐𝑝 Tensão de comparação
𝑉
𝜎𝑐𝑟 Tensão principal crítica de flambagem
𝜎𝑒 Tensão de escoamento
𝜎𝑒𝑞 Tensão de comparação
𝜎𝑔 Tensão de tração devido ao próprio peso
𝜎𝑚á𝑥 Tensão máxima
𝜎𝑚í𝑛 Tensão mínima
𝜎𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 Tensão de solda
𝜏𝑔𝑐 Tensão de cisalhamento máxima na cabeceira
𝜏𝑙𝑐 Tensão de cisalhamento máxima devido às cargas concentradas na cabeceira
𝜏ℎ Tensão de cisalhamento máxima devido à força horizontal na viga principal
𝜏𝑎 Tensão de cisalhamento máxima
𝑉
𝜏𝑐𝑟 Tensão cisalhante crítica de flambagem
𝜏𝑔 Tensão de cisalhamento máxima devido ao peso próprio da viga
𝜏𝑙 Tensão de cisalhamento máxima devido à carga concentrada na viga principal
𝜓ℎ Coeficiente dinâmico horizontal
𝐶 Carga dinâmica
𝐶𝑆𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 Coeficiente de segurança de solda
𝐶. 𝑆𝑓𝑙𝑎𝑚 Coeficiente de segurança de flambagem localizada
𝐸 Módulo de elasticidade
𝐹𝑆𝑁 Coeficiente de segurança para forças perpendiculares ao plano de junção
𝐹𝑆𝑝 Coeficiente de segurança para forças paralelas ao plano de junção
𝐹. 𝑆. Fator de segurança
𝐹𝑀 Módulo de flexão
𝐿 Vão da ponte rolante
𝑄 Primeiro momento de área
𝑅 Razão entre a tensão mínima e a tensão máxima
𝑊 Módulo de resistência
𝑋 Velocidade do Trolley
𝑌 Velocidade da Ponte
𝑍 Velocidade de elevação
𝑏𝑏 Largura do filete de solda
𝑑 Diâmetro do eixo da roda
𝑒 Espessura da chapa
𝑓 Atrito aço/aço
𝑚 Massa total da ponte rolante
𝑤 Velocidade angular
𝛼 Razão entre altura da viga e a base
𝜂 Coeficiente de Poisson
𝜃 Razão entre tensão de tração e de compressão
𝜏 Tensão de cisalhamento
𝜓 Coeficiente dinâmico
SUMÁRIO
Resumo ....................................................................................................................... iv

Abstract ....................................................................................................................... v

Lista de Ilustrações ................................................................................................... vi

Lista de Tabelas ........................................................................................................ vii

Lista de Símbolos .................................................................................................... viii

Sumário .................................................................................................................... ix

1 Introdução ......................................................................................................... 1

1.1 Objetivos ....................................................................................................... 3

2 Revisão Bibliográfica ........................................................................................ 4

2.1 Movimentação de Carga ............................................................................... 4

2.2 Máquinas de Elevação e Transporte ............................................................. 4

2.3 Pontes Rolantes............................................................................................. 4

2.4 Tipos de Pontes Rolantes .............................................................................. 5

2.4.1 Ponte rolante apoiada univiga ................................................................. 5

2.4.2 Ponte rolante apoiada biviga ................................................................... 6

2.4.3 Ponte rolante suspensa ............................................................................ 7

2.4.4 Ponte rolante empilhadeira ..................................................................... 8

2.5 Componentes da Ponte Rolante .................................................................... 9

2.5.1 Viga principal ......................................................................................... 9

2.5.2 Cabeceiras ............................................................................................. 10

2.5.3 Carro trole (trolley) ............................................................................... 10

2.5.4 Caminho de rolamento.......................................................................... 10

2.6 Projeto de Máquinas ................................................................................... 10

2.7 Norma ABNT NBR 8400 ........................................................................... 12

3 Descrição do Escopo ....................................................................................... 13

3.1 Fluxograma Geral do Projeto...................................................................... 13


3.2 Representação do Layout do Armazém ...................................................... 14

3.3 Características da Carga ............................................................................. 15

3.4 Duração do Ciclo de Armazenamento ........................................................ 15

3.5 Especificação da Ponte Rolante Empilhadeira ........................................... 18

4 Classificação da Estrutura ............................................................................. 19

4.1 Classe de Funcionamento ........................................................................... 19

4.2 Classe de Utilização .................................................................................... 19

4.3 Estado da Carga .......................................................................................... 20

4.4 Classificação da Estrutura e Elementos Estruturais em Grupos ................. 21

5 Classificação dos Mecanismos ....................................................................... 22

5.1 Estado de Solicitação .................................................................................. 22

5.2 Classificação dos Mecanismos em Grupos................................................. 22

6 Dimensionamento da Estrutura .................................................................... 24

6.1 Solicitações ................................................................................................. 24

6.1.1 Solicitações principais ...................................................................... 24

6.1.2 Solicitações devido aos movimentos verticais da carga ................... 24

6.1.3 Solicitações devido aos movimentos horizontais da carga ............... 25

6.1.4 Demais solicitações .......................................................................... 27

6.2 Casos de Solicitações e Verificações .......................................................... 27

6.3 Pré-Dimensionamento das Vigas Principais ............................................... 28

6.3.1 Escolha do aço estrutural .................................................................. 28

6.3.2 Pré-dimensionamento da deflexão da viga ....................................... 31

6.4 Critérios de Aprovação ............................................................................... 34

6.5 Determinação das Vigas Principais ............................................................ 34

6.6 Cálculo Analítico ........................................................................................ 36

6.6.1 Solicitações nas vigas principais ...................................................... 36

6.6.1.1 Determinação da solicitação devido ao peso próprio da viga ... 36


6.6.1.2 Determinação da solicitação devido à carga concentrada ........ 38

6.6.1.3 Determinação da solicitação devido aos movimentos horizontais .


................................................................................................................. 39

6.6.2 Verificações ...................................................................................... 42

6.6.2.1 Tensões limite de escoamento ..................................................... 42

6.6.2.2 Flambagem localizada ................................................................ 43

6.6.2.3 Contra flecha ............................................................................... 47

6.6.3 Análise numérica computacional para as vigas principais ............... 48

6.7 Determinação das Cabeceiras ..................................................................... 50

6.7.1 Determinação da solicitação devido ao peso próprio da cabeceira .. 52

6.7.2 Determinação da solicitação devido ã carga concentrada ............... 53

6.7.3 Verificações ...................................................................................... 55

6.7.3.1 Tensões limite de escoamento ..................................................... 55

6.7.3.2 Flambagem localizada ................................................................ 56

6.7.3.3 Contra flecha ............................................................................... 58

6.7.4 Análise numérica computacional nas cabeceiras.............................. 59

6.8 Montagem da Estrutura da Ponte Rolante Empilhadeira ............................ 61

6.8.1 Soldagem das vigas principais .......................................................... 61

6.8.1.1 Cálculo do cordão de solda ........................................................ 63

6.8.2 Soldagem das vigas de cabeceira...................................................... 64

6.8.3 Ensaios não destrutíveis ................................................................... 65

6.8.4 Juntas parafusadas ............................................................................ 65

6.8.4.1 União das vigas principais e cabeceiras .................................... 67

6.8.4.2 Simulação – análise computacional das juntas parafusadas ..... 68

6.8.5 Resultados computacionais da montagem da estrutura .................... 70

6.9 Determinação das Vigas de Rolamentos e Suportes................................... 73

7 Determinação da Empilhadeira .................................................................... 74


7.1 Principais Componentes da Empilhadeira .................................................. 74

7.2 Seleção dos Garfos da Empilhadeira .......................................................... 75

7.2.1 Definição das medidas dos garfos da empilhadeira.......................... 76

7.2.2 Simulação do garfo da empilhadeira ................................................ 77

7.3 Seleção da Torre da Empilhadeira .............................................................. 80

8 Elementos Mecânicos...................................................................................... 84

8.1 Rodas .......................................................................................................... 84

8.1.1 Rodas do carro trolley....................................................................... 84

8.1.2 Rolamentos para a roda do carro trolley ........................................... 87

8.1.3 Rodas para a cabeceira ..................................................................... 88

8.1.4 Rolamento para a cabeceira .............................................................. 89

8.2 Motores de Translação ................................................................................ 89

9 Mecanismos de Segurança ............................................................................. 93

9.1 Chave de Fim de Curso............................................................................... 93

9.2 Limitador de Carga ..................................................................................... 94

9.3 Sinalização Sonora e Visual ....................................................................... 94

9.4 Sensores de Distância a Laser..................................................................... 95

9.5 Controle Remoto para Trolley Empilhadeira ............................................. 95

10 Análise de Custos ............................................................................................ 96

10.1 Análise de Viabilidade do Projeto ............................................................ 98

11 Conclusões ..................................................................................................... 100

12 Trabalhos Futuros ........................................................................................ 102

13 Referências Bibliográficas............................................................................ 103

Apêndice A – Método de Pré-Dimensionamento pela NBR 8800 ..................... 106


1

1 INTRODUÇÃO

Com o avanço tecnológico industrial, deu-se início à mecanização dos meios de transporte
e elevação de cargas, antes realizados de forma manual. Esta otimização permite uma redução
dos custos de operação e, consequentemente, um aumento da produtividade nas fábricas. O alto
volume de produção demanda a expansão dos estoques e, portanto, se faz necessário o
aproveitamento total do espaço disponível para armazenagem, tanto na horizontal, quanto na
vertical.
Empilhadeiras móveis, correias transportadoras, pórticos rolantes, transportadores
pneumáticos, talhas, guindastes e pontes rolantes são exemplos de equipamentos que foram
desenvolvidos para possibilitar a movimentação de cargas pesadas de forma segura e eficaz nas
fábricas. Substitui-se, portanto, os custos com mão de obra pelas manutenções periódicas dos
equipamentos. Conforme dito por Passos (2011), isto possibilita que essa mão de obra seja
utilizada em outros serviços da empresa.
Dentre os equipamentos supracitados, o foco deste trabalho será na implantação de uma
ponte rolante empilhadeira em um depósito simulado que, após atingir a totalidade de sua
capacidade de armazenamento, terá seu estoque verticalizado em prateleiras. A intenção do
cliente é aproveitar ao máximo o volume do depósito, sendo a altura do pé direito da instalação
superior à capacidade de uma empilhadeira convencional (ordem de 3,5 metros). Devido
também às restrições de espaço plano disponível, não possui área para manobra do veículo
sobre rodas. A motivação por trás da seleção deste caso é, também, devido à escassez de artigos
e pesquisas relativos a este tipo específico de ponte rolante nos acervos bibliográficos e na
internet.
Segundo Passos (2011), o uso de pontes rolantes contribui aumentando a capacidade do
estoque devido à possibilidade de exploração de locais restritos e intensificando a qualidade de
trabalho, permitindo uma capacidade de carga que, ao depender do equipamento dimensionado,
pode variar entre 0,5 a 300 toneladas. Sordi (2016) complementa alegando que as pontes
rolantes são equipamentos robustos e versáteis que operam com altos ciclos de trabalho. Sua
principal característica é a movimentação de materiais em locais onde outros maquinários e o
trabalho braçal se tornam limitados. Na Figura 1 pode ser observada uma ponte rolante
empilhadeira em um depósito de estoque, transportando pneus.
Para projetar esta ponte rolante empilhadeira foi utilizada a norma NBR 8400, que possui
similaridade com as normas reconhecidas mundialmente, como a norteamericana Crane
2

Manufacturers Association of America (CMAA) e a francesa Fédération Européenne de La


Manutention (FEM). Portanto, fica garantido um dimensionamento confiável, seguro e com
relativa equivalência estrutural quando comparado com outras normas internacionais.
Conforme afirma Rudenko (1976), todo processo de produção, em cada empresa, depende
essencialmente de uma escolha racional dos tipos de máquinas de elevação e transporte, da
determinação correta de seus principais parâmetros e da eficiente operação. Portanto, busca-se
com esse trabalho o dimensionamento assertivo dos parâmetros principais da ponte rolante
empilhadeira. Desta forma, mitigar o risco de acidentes durante a operação, como a queda da
carga ou da estrutura da ponte.
O trabalho utiliza-se de uma modelo 3D elaborado através do SolidWorks para simular
as cargas existentes durante a operação e possibilitar uma otimização relativa à segurança e
custo de fabricação do equipamento. Os resultados obtidos foram debatidos para, portanto,
concluir a viabilidade de implementação da ponte rolante empilhadeira no depósito.

Figura 1 – Ponte rolante com empilhadeira.

Fonte: <https://www.ferroindustria.com.br/ponte-rolante-empilhadeira>.
3

1.1 OBJETIVOS

Este projeto de pesquisa tem como objetivo principal a análise dimensional de uma ponte
rolante empilhadeira. Os seguintes objetivos específicos podem ser listados:
● Avaliar a revisão bibliográfica sobre equipamentos de movimentação de cargas
pesadas, em especial, pontes rolantes.
● Elaborar o desenho do equipamento 2D e 3D.
● Realizar análise estática da estrutura da ponte rolante empilhadeira.
● Realizar cálculos analíticos e simulação numérica necessários ao dimensionamento
● Dimensionar e selecionar os mecanismos.
● Unir as partes que compõem o equipamento.
● Apresentar e analisar os resultados.
● Discorrer sobre dispositivos de segurança.
● Elaborar uma análise de custos de implantação do equipamento.
4

2 PONTES ROLANTES E SUAS CARACTERÍSTICAS

2.1 MOVIMENTAÇÃO DE CARGA

A movimentação de carga compreende uma técnica utilizada em operações de elevação,


transporte, descarga e deslocamento de objetos manualmente ou utilizando sistemas mecânicos.
Passos (2011) afirma que a movimentação de cargas tem como objetivo, facilitar o transporte,
a montagem e armazenamento das cargas, desse modo minimizando ou eliminando esforços
físicos intensos e movimentos repetitivos.
Sistemas de movimentação de cargas incluem no seu grupo os aparelhos e
dispositivos que elevam e movimentam cargas cujas massas estão compreendidas pelos limites
das suas capacidades nominais. A movimentação de cargas torna-se imprescindível para o
desenvolvimento humano, tanto para implementação de grandes obras quanto para realização
de projetos diversos dentro da engenharia (PASSOS, 2011).

2.2 MÁQUINAS DE ELEVAÇÃO E TRANSPORTE

Segundo Rudenko (1976), as máquinas de elevação e transporte são empregadas para


mover cargas em fábricas, obras, recarga de materiais e indústrias, etc. Devido à grande
diversidade de máquinas de elevação e transporte existentes, sua classificação se torna difícil,
pois as tarefas podem variar dependendo do tipo de movimentação e finalidade de um projeto.
Rudenko (1976) afirma, também, que os processos de transporte dessa espécie não se
limitam, apenas, a remover cargas de um lugar para o outro, mas incluem, também, operações
de carga e descarga, isto é, entregas de carga às máquinas portadores de carga, descarregando-
as em locais pré-determinados, alojando mercadorias em armazéns e movendo-as aos
equipamentos de processo.

2.3 PONTES ROLANTES

As pontes rolantes (Figura 2) são estruturas para movimentação e elevação de cargas


compostas de duas colunas e uma ou duas vigas instaladas sobre o vão da faixa de rolamento e
acostamento, fixadas com blocos de fundação. As colunas das pontes devem ser providas de
chumbadores apropriados para fixação nos blocos de fundação. Uma das grandes necessidades
5

da indústria é o manuseio e a movimentação de peças de grande porte em grandes áreas, sem


prejudicar o trânsito de veículos, estocagem de materiais e posicionamento de máquinas e
equipamentos (PINHEIRO, 2015).

Figura 2 – Ponte rolante Kito.

Fonte: <https://www.kito.co.jp/en/products_en/region/usa/cr/ccs/_id_33/>.

2.4 TIPOS DE PONTES ROLANTES

Dentre as suas respectivas necessidades, as pontes rolantes podem ser caracterizadas


como ponte rolante apoiada e ponte rolante suspensa, sendo dividida entre univiga ou biviga.
A definição de qual modelo de ponte rolante a se usar é determinada pelo projetista, através
análise do local, verificação de possíveis restrições, o tipo de carga, e como ocorrerá o
deslocamento no local de trabalho (TAMASAUSKAS, 2000).

2.4.1 PONTE ROLANTE APOIADA UNIVIGA

A ponte rolante de viga única (Figura 3) pode ser instalada em trilhos nos suportes dos
pilares do edifício. Este tipo de guindaste tem uma capacidade relativamente maior e pode
utilizar o espaço abaixo do teto, e assim uma faixa de levantamento mais ampla é garantida.
Guiando o caminho, usando roldanas laterais, proporcionam um deslocamento suave e as vigas
podem ser projetadas de acordo com a carga nominal e amplitude. Além disso, o comprimento
6

total mais curto do carro final e da instalação do motor na posição ideal permite um
funcionamento mais eficaz no uso do espaço de trabalho (KITO, 2000).

Figura 3 – Ponte rolante apoiada univiga.

Rolamento lateral
Viga Principal
Motor

Cabeceira
Trolley Viga Lateral
Talha

Fonte: <https://www.kito.co.jp/en/products_en/region/usa/cr/ccs/_id_33/> adaptado pelos autores (2022).

2.4.2 PONTE ROLANTE APOIADA BIVIGA

A ponte rolante de duas vigas (Figura 4) pode ser instalada em trilhos nos suportes dos
pilares do edifício. O tipo de carro trolley duplo corre ao longo de vigas paralelas adequadas
para maior capacidade de carga, e pode utilizar o espaço abaixo das vigas do teto. Com isso,
um maior alcance de levantamento é garantido. Um deslocamento suave é obtido usando um
mecanismo de guia com rolos laterais e a construção da viga pode ser projetada de acordo com
a carga nominal e amplitude. Além disso, o comprimento total mais curto do carro final permite
uma utilização mais eficaz do espaço de trabalho (KITO, 2000).
7

Figura 4 – Ponte rolante apoiada biviga.

Fonte: <https://www.kito.co.jp/en/products_en/region/usa/cr/ccs/_id_33/> adaptado pelos autores (2022).

2.4.3 PONTE ROLANTE SUSPENSA

Este tipo de ponte rolante é suspenso no trilho móvel que é fixado nas vigas do teto do
edifício (Figura 5). A viga principal desse tipo de ponte rolante se desloca por baixo do caminho
de rolamento se transladando pela aba da viga do caminho. Devido à localização do trilho de
viagem e extensão serem livremente escolhidos, o guindaste pode ser projetado para se adequar
aos processos da linha de produção. O design destacável para a roda da esteira e seu eixo
reduzem o tempo de instalação e manutenção.

Figura 5 – Ponte rolante suspensa.

Fonte: <https://www.kito.co.jp/en/products_en/region/usa/cr/ccs/_id_33/>, adaptado pelos autores (2022).


8

2.4.3 PONTE ROLANTE EMPILHADEIRA

A ponte rolante empilhadeira (Figura 6) se caracteriza por uma estrutura metálica robusta
capaz de movimentar, elevar e organizar cargas que não podem ser transportadas de forma
manual por possuírem elevado peso. Diferentemente das empilhadeiras convencionais, a ponte
rolante empilhadeira possui a vantagem de ter um intervalo maior entre as manutenções,
segundo a Rovela (2022), empresa especializada em fornecer estes equipamentos.
A ponte empilhadeira é a união de uma ponte rolante com uma empilhadeira, o que
possibilita que uma determinada carga seja armazenada em estantes elevadas, acima do nível
do solo, otimizando a estocagem e expandindo o espaço de armazenamento. A ponte
empilhadeira possibilita de forma inteligente a mobilidade dos objetos, sem a necessidade de
realização de manobras complexas ou de um operador capacitado a dirigir um veículo sobre
rodas, permitindo um aproveitamento melhor do espaço e um ganho de produtividade. Por esse
motivo, é comumente utilizada nas indústrias automobilísticas, agrícolas, mecânicas,
metalúrgicas e siderúrgicas.
O dimensionamento destes equipamentos está vinculado diretamente às normas de
fabricação e de segurança vigentes, portanto, pontes rolantes empilhadeiras também são muito
seguras e fáceis de serem manipuladas. Por fim, o peso máximo que a ponte é capaz de suportar
é a informação fundamental para evitar a sobrecarga do equipamento.

Figura 6 – Ponte rolante empilhadeira.

Fonte: <https://www.mfrural.com.br/detalhe/267060/ponte-rolante-capacidade-de-5-toneladas-schwanke/>.
9

2.5 COMPONENTES DA PONTE ROLANTE

Distintos componentes constituem uma ponte rolante, onde cada qual desempenha uma
função única e específica, os principais são: viga principal, cabeceira, caminho de rolamento,
carro, talha e rodas.

Figura 7 – Componentes da ponte rolante.

1.3

1.1

1.2

1.4

Fonte: <http://caemufpi.blogspot.com/2018/05/ponte-rolante.html>, adaptado pelos autores (2022).

2.5.1 VIGA PRINCIPAL

É a principal estrutura da ponte, onde se realiza o movimento de translação do carro,


percorrendo todo o vão de trabalho. A viga é a estrutura onde se concentra a maior solicitação
de carga, pois é nela que o carro trolley está fixado. Usualmente construída de viga “I” ou
confeccionada a partir de chapas soldadas formando uma caixa. Na Figura 7 a viga é
representada por 1.1.
10

2.5.2 CABECEIRAS

As cabeceiras estão localizadas nos extremos da viga principal. Nelas estão as rodas e
motores, responsáveis pelo movimento da viga principal da ponte rolante, que por sua vez
deslizam sobre o caminho de rolamento. Na Figura 7 a cabeceira é representada por 1.2.

2.5.3 CARRO TROLE (TROLLEY)

Equipamento responsável pelo movimento vertical e horizontal da carga. Possui uma


talha que permite o levantamento do material, um tambor para recolhimento do cabo de aço e
um gancho na extremidade do cabo de aço para fixação da carga nas pontes rolantes
convencionais. Para a ponte rolante empilhadeira, os ganchos e cabos de fixação de carga não
estão presentes. Na Figura 7 o carro é representado por 1.3.

2.5.4 CAMINHO DE ROLAMENTO

O caminho de rolamento configura a base por onde a ponte ou o pórtico irá se


movimentar. É através dele que as cabeceiras se deslocam. Esse caminho possui diversas
formas construtivas, podendo ser fabricado de vigas, conforme pode ser visualizado na Figura
7, ou concreto e trilho. Na configuração de pontes rolantes, esse caminho fica apoiado nos
pilares. Tratando-se de pórticos, o caminho de rolamento é feito diretamente no chão. Na Figura
7 o caminho de rolamento é representado por 1.4.

2.6 PROJETO DE MÁQUINAS

De acordo com Norton (2013), na definição, as peças inter-relacionadas também são


chamadas, às vezes, de elementos da máquina neste contexto. A noção de trabalho útil é básica
para a função de uma máquina, existindo quase sempre alguma transferência de energia
envolvida. A menção a forças e movimento também é crucial ao nosso interesse, uma vez que,
ao converter uma forma de energia em outra, as máquinas criam movimento e desenvolvem
forças. É tarefa do engenheiro definir e calcular esses movimentos, forças e mudanças de
energia de modo a determinar as dimensões, as formas e os materiais necessários para cada uma
11

das peças que integram a máquina. Esta é a essência do projeto de máquinas.


Norton (2013) classifica os tipos de solicitações em 4 classes. Divididas entre: classe 1
para elementos imóveis com solicitações constantes, classe 2 para elementos imóveis com
solicitações variáveis, classe 3 para elementos móveis com solicitações constantes e por fim
classe 4 com elementos móveis com solicitações variáveis. A Classe 2 inclui sistemas imóveis
com solicitações variáveis no tempo. Um exemplo é uma ponte que, embora essencialmente
imóvel, é submetida a solicitações variantes quando veículos passam sobre ela ou devido à
incidência decorrentes de vento sobre sua estrutura. A ponte rolante também está contida na
classe 2 de acordo com suas características.
Quando se trata do dimensionamento da viga principal da ponte rolante, leva-se em
consideração o estudo de carregamentos em vigas. Uma viga é qualquer elemento que suporte
um carregamento transversal ao longo de seu eixo e que também possa suportar carregamentos
na direção axial. Quando apoiada em pinos ou apoios estreitos em cada extremidade é dita
biapoiada. Se for fixa em uma extremidade e livre na outra é uma viga engastada. Além disso,
uma do tipo biapoiada que se projeta além de seu apoio é uma viga biapoiada com extremidade
em balanço. Se apresentar uma configuração onde tem mais apoios do que o necessário para o
equilíbrio estático (isto é, para fazer o grau de liberdade ser nulo), então é dita hiperestática ou
indeterminada. Vigas são tipicamente analisadas como mecanismos estáticos, embora vibrações
e acelerações possam causar carregamento dinâmico. Uma viga pode suportar carregamentos
nas três dimensões (NORTON, 2013).

Figura 8 – Viga de ponte rolante.

Fonte: <http://www.modularcranes.com.au/images/big_images/DSC03298.jpg.
12

2.7 NORMA ABNT NBR 8400

A norma NBR 8400 diz respeito ao cálculo de equipamento para elevação e


movimentação de cargas. Esta Norma fixa as diretrizes básicas para o cálculo das partes
estruturais e componentes mecânicos dos equipamentos de levantamento e movimentação de
cargas, independendo do grau de complexidade ou do tipo de serviço do equipamento,
determinando:

a) solicitações e combinações de solicitações a serem consideradas;


b) condições de resistência dos diversos componentes do equipamento em relação às
solicitações consideradas;
c) condições de estabilidade a serem observadas.

As estruturas dos equipamentos são classificadas em diversos grupos, conforme o serviço


que irão executar, a fim de serem determinadas as solicitações que deverão ser levadas em
consideração no projeto. Para determinação do grupo a que pertence a estrutura de um
equipamento, são levados em conta dois fatores: classe de utilização e estado de carga. A classe
de utilização caracteriza a frequência de utilização dos equipamentos. O estado de carga
caracteriza em que proporção o equipamento levanta a carga máxima, ou somente uma carga
reduzida, ao longo de sua vida útil.
13

3 DESCRIÇÃO DO ESCOPO

Este trabalho destina-se à implementação de uma ponte rolante empilhadeira como


solução de melhoria e expansão do aproveitamento interno de um armazém de mercadorias
gerais, tal como exemplifica a Figura 9. Estes armazéns, que são o tipo mais comum,
manuseiam uma larga faixa de mercadoria.

Figura 9 – Armazém de mercadorias.

Fonte: <https://www.armazenstrianon.com.br/deposito-mercadorias-terceiros-armazem-geral>. (2022)

3.1 FLUXOGRAMA GERAL DO PROJETO

O projeto para dimensionamento do equipamento adequado foi subdivido nas seguintes


etapas, de modo a possibilitar a adequação da ponte rolante empilhadeira com o melhor custo-
benefício e segurança para o tipo de armazém deste estudo de caso.

Fluxograma 1 – Fluxograma do Projeto.

Projeto de Ponte Rolante, Projeto das Cabeceiras da


Análise do Local de Ponte Rolante
Vigas Principais
Armazenamento
Norma NBR 8400 Norma NBR 8400

Projeto do Sistema de
Sinalização de Projeto do Carro (Trolley)
Transporte de Cargas
Segurança e Análise e Rodas Motoras
(Empilhadeira)
de Custos Norma NBR 8400
Norma NBR 8400
14

3.2 REPRESENTAÇÃO DO LAYOUT DO ARMAZÉM

Nesta simulação o armazém atingiu sua limitação máxima de capacidade e precisa ser
expandido verticalmente para comportar maior quantidade de mercadorias em porta-paletes. As
medidas do armazém são as consideradas nesta representação do layout (Figura 10).

Figura 10 – Versão preliminar do layout do armazém.

Fonte: Produzido pelos Autores.

O armazém está localizado em um galpão, cujas medidas totais são de 50 m x 40 m. As


medidas precisas do armazém estão explicitadas na Tabela 1.

Tabela 1 – Dados dimensionais do Armazém.

Descrição Valor Unidade


Comprimento do armazém 32 m
Largura do armazém 25 m
Área do armazém 800 m²
Altura do armazém 10 m
Espaço livre (vão) entre porta-paletes 3 m
Largura do porta-paletes 1.000 mm
Altura por nível do porta-paletes 1.300 mm
Níveis do porta-paletes 5 níveis
Distância do porta-paletes à parede do armazém 2 m
Altura total do porta-paletes 6,5 m

Fonte: Produzido pelos Autores.


15

3.3 CARACTERÍSTICAS DA CARGA

As mercadorias estarão dispostas sobre estrados de madeira (pallets) com 1000 mm x


1200 mm, conforme Figura 11, que permitem acesso aos garfos da empilhadeira. A carga
suportada pela ponte rolante empilhadeira deverá respeitar as necessidades do armazém.
Abaixo é especificado, na Tabela 2, os detalhes da carga.

Figura 11 – Exemplo de palete com duas entradas.

Fonte: Viana (2000, p. 326).

Tabela 2– Dados do pallet e cargas do armazém.

Descrição Valor Unidade


Comprimento do Palete 1.000 mm
Largura do Palete 1.200 mm
Altura máxima da carga 1.200 mm
Carga da operação 1.000 kg

Fonte: Produzido pelos Autores.

3.4 DURAÇÃO DO CICLO DE ARMAZENAMENTO

Para determinar a duração total do ciclo realizado pelo equipamento é necessário estimar
a duração de cada deslocamento realizado por este. Como o equipamento ainda está em sua fase
de projeto, não é possível a medição in loco, e, portanto, é necessária uma estimativa. Com base
na Norma NBR 8400, é possível determinar, para fins de projeto, as velocidades adequadas de
deslocamento para cada etapa do ciclo. Por se tratar de uma ponte empilhadeira para depósito
de estoque, o equipamento deve ser lento como pode ser observado na Tabela 3.
16

Tabela 3 – Tempos de aceleração e acelerações.


Equipamentos de Equipamentos de Equipamentos de alta
Velocidade a
velocidade lenta e velocidade média e alta velocidade com fortes
atingir
média (aplicações comuns) acelerações
Tempos Tempos Tempos
de Acelerações de Acelerações de Acelerações
(m/s) (m/min)
aceleração (m/s2) aceleração (m/s²) aceleração (m/s²)
(s) (s) (s)
4,00 240 - - 8 0,5 6 0,67
3,15 189 - - 7,1 0,44 5,4 0,58
2,50 150 - - 6,3 0,39 4,8 0,52
2,00 120 9,1 0,22 5,6 0,35 4,2 0,47
1,60 96 8,3 0,19 5 0,32 3,7 0,43
1,00 60 6,6 0,15 4 0,25 3 0,33
0,63 37,8 5,2 0,12 3,2 0,19 - -
0,40 24 4,1 0,098 2,5 0,16 - -
0,25 15 3,2 0,078 - - - -
0,16 9,6 2,5 0,064 - - - -
Fonte: NBR 8400.

Tabela 4 – Velocidade de deslocamento de cada dispositivo da ponte rolante empilhadeira

PONTE ROLANTE TROLLEY EMPILHADEIRA


Velocidade Transversal Y Velocidade Transversal X Velocidade Vertical Z
0,40 0,25 0,25
Fonte: Produzido pelos Autores.

Para fins de projeto, foi considerado o maior percurso, realizado do ponto A ao ponto
B, conforme apresentado na Figura 12.

Figura 12 – Versão preliminar do layout do armazém.

A
B

Fonte: Produzido pelos Autores.


17

Após definirmos as velocidades e o percurso realizado pelo ciclo de duração médio da


ponte rolante empilhadeira foi, portanto, representado no Fluxograma 2.

Fluxograma 2 – Ciclo de duração do movimento do equipamento.

Movimentação da Ponte Rolante


• 91,63 segundos
(Deslocacmento Horizontal em Y)

Movimentação do Trolley
• 63,92 segundos
(Deslocamento Horizonal em X)

Movimentação da Empilhadeira
• 26 segundos
(Deslocamento Vertical em Z)

Com base na duração teórica total de utilização, determinou-se o número de ciclos que o
equipamento realizará em 20 anos e, portanto, definiu-se sua Classe de Funcionamento.

Tabela 5 – Dados do ciclo completo e classe de funcionamento do equipamento.

Ciclo parcial (A → B) 181,545 s

Ciclo completo (2× Ciclo parcial) 363,09 s

Duração expediente 8 horas

Ciclos por hora 4 ciclos/hora

Ciclos por dia 32 ciclos/dia

Ciclos por ano (sem domingos) 307 dias 9.824 ciclos/ano

Ciclos em 20 anos 196.480 ciclo de vida

Classe de Funcionamento 19.817 horas

Fonte: Produzido pelos Autores.


18

3.5 ESPECIFICAÇÃO DA PONTE ROLANTE EMPILHADEIRA

Com dados acima delineados, por fim, resume-se na Tabela 6 todos os dados relevantes
para o pré-dimensionamento e projeto da ponte rolante empilhadeira:

Tabela 6 – Resumo dos dados iniciais para dimensionamento da Ponte Rolante.

Descrição Valor Unidade


Velocidade de Elevação (Z) 15 m/min
Velocidade do Trolley (X) 15 m/min
Velocidade da Ponte (Y) 24 m/min
Peso dos mecanismos (trolley, empilhadeira, etc) (Pt) 30.000 N
Capacidade de carga máxima (Pc) 20.000 N
Coeficiente de atrito - trilho x roda (μat) 0,15
Comprimento total da ponte rolante 32 m
Largura total da ponte rolante (vão) L 23 m
Altura total da ponte rolante 8 m

Fonte: Produzido pelos Autores.


19

4 CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURA

Estrutura é o elemento do equipamento responsável por resistir às forças geradas pela


aplicação de deslocamentos à carga. São estes: vigas, elementos de fixação, treliças, barras,
entre outros. Tendo como base a NBR 8400, foram selecionados os dados a seguir de acordo
com as solicitações do projeto em estudo. As marcações em vermelho destacam o dado
selecionado.

4.1 CLASSE DE FUNCIONAMENTO

A classe de funcionamento é caracterizada pelo tempo médio em serviço a que o


mecanismo estará submetido, ou pela duração teórica de utilização, conforme Tabela 7.

Tabela 7 – Classe de Funcionamento.


Classe de Duração total teórica
Tempo médio de funcionamento diário (h)
funcionamento da utilização (h)
V0,25 𝑡𝑚 ≤ 0,5 ≤ 800
V0,5 0,5 <𝑡𝑚 ≤ 1 1600
V1 1 < 𝑡𝑚 ≤ 2 3200
V2 2 < 𝑡𝑚 ≤ 4 6300
V3 4 < 𝑡𝑚 ≤ 8 12500
V4 8 < 𝑡𝑚 ≤ 16 25000
V5 𝑡𝑚 > 16 50000
Fonte: NBR 8400

Desta forma, considerando uma operação portuária de 24 horas, ficou definido para este
projeto que os mecanismos serão da Classe de Funcionamento V4.

4.2 CLASSE DE UTILIZAÇÃO

A classe de utilização é determinada pelo número de ciclos aos quais a estrutura é


submetida ao longo de sua vida útil. Como determinou-se anteriormente pela Seção 3.4, o
equipamento estará apto a realizar cerca de 196.480 ciclos ao longo de uma vida útil projetada
de 20 anos. Assim sendo, a classe de utilização que melhor se enquadra deverá ser a mais
20

próxima superior e, portanto, pela Tabela 8 este equipamento se classifica como B,


correspondente a 200.000 ciclos.

Tabela 8 – Classes de utilização.

Classe de Frequência de utilização do movimento de Número convencional de


utilização levantamento ciclos de levantamento

Utilização ocasional não regular, seguida de


A 6,3 x 104
longos períodos de repouso.

B Utilização regular em serviço intermitente 2,0 x 105

C Utilização regular em serviço intensivo 6,3 x 105

Utilização em serviço intensivo severo,


D 2,0 x 106
efetuado, por exemplo, em mais de um turno.

Fonte: NBR 8400

4.3 ESTADO DE CARGA

O estado de carga depende diretamente da compreensão das cargas que serão


transportadas pelo equipamento ao longo de sua vida útil. Como visto nos Itens 3.3 e 3.5, a
expectativa é que as cargas tenham em média 1/3 a 2/3 da carga total suportada pelo
equipamento (nominal). A Tabela 9 caracteriza os 4 estados de carga.

Tabela 9 – Estado da carga..

Estado de Fração mínima


Definição
carga de carga máxima

Equipamentos levantando excepcionalmente a carga


0 (muito leve) P=0
nominal e comumente cargas muito reduzidas

Equipamentos que raramente levantam a carga


1 (leve) nominal e comumente cargas de ordem de 1/3 da P = 1/3
carga nominal

Equipamentos que frequentemente levantam a


2 (médio) carga nominal e comumente cargas P = 2/3
compreendidas entre 1/3 e 2/3 da carga nominal

Equipamentos regularmente carregados com a carga


3 (pesado) P=1
nominal
Fonte: NBR 8400
21

4.4 CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURA E ELEMENTOS ESTRUTURAIS EM GRUPOS

Assim que foram definidos a classe de utilização e o estado de carga, na Tabela 10


define-se o Grupo da Estrutura. A ponte rolante em questão apresenta Classe de Utilização B e
Estado de carga 2, logo está incluída na classificação 4.

Tabela 10 – Classes da estrutura dos elementos em grupo.

Estado de carga Classe de Utilização e número convencional de ciclos de


(ou estado de levantamento (ou tensões para um elemento)
tensões para um A B C D
elemento) 6,3 x 104 2,0 x 105 6,3 x 105 2,0 x 106

0 (muito leve)
1 2 3 4
P=0

1 (leve)
2 3 4 5
P = 1/3

2 (médio)
3 4 5 6
P = 2/3

3 (pesado)
4 5 6 6
P=1

Fonte: NBR 8400

O Grupo da Estrutura é definido com o objetivo de se determinar o Coeficiente de


Majoração 𝑀𝑥 . Este coeficiente será um multiplicador das tensões calculadas. A Tabela 11
apresenta os valores do coeficiente de majoração para os diferentes grupos de estruturas.

Tabela 11 – Valores do coeficiente de majoração para equipamentos industriais.

Grupos 1 2 3 4 5

𝑀𝑥 1 1 1 1,06 1,12

Fonte: NBR 8400.


22

5 CLASSIFICAÇÃO DOS MECANISMOS

Mecanismos são qualquer subconjunto de dispositivos e componentes responsáveis pela


aplicação direta de deslocamentos à carga. São estes: cabos, polias, rodas, eixos, freios,
motores, caixas de redução, entre outros.
Assim como a estrutura, os mecanismos podem ser classificados de acordo com dois
fatores: Classe de Funcionamento e Estado de Solicitação.

5.1 ESTADO DE SOLICITAÇÃO

O estado de solicitação, assim como o estado de carga, determina a fração da carga


máxima a que um mecanismo é submetido ao longo de sua vida útil. Os estados de solicitação
são definidos na Tabela 12. Para este projeto obtém-se o estado de solicitação 2.

Tabela 12 – Estado de solicitação dos mecanismos.

Estado de Fração de solicitação


Definição
Solicitação máxima
Mecanismos ou elementos de
mecanismos sujeitos a solicitações
1 P=0
reduzidas e raras vezes a solicitações
máximas
Mecanismos ou elementos de
mecanismos submetidos, durante
2 tempos sensivelmente iguais, a P = 1/3
solicitações reduzidas, médias e
máximas
Mecanismos ou elementos de
mecanismos submetidos na maioria das
3 P = 2/3
vezes a solicitações próximas à
solicitação máxima
Fonte: NBR 8400

5.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MECANISMOS EM GRUPOS

A partir da Classe de funcionamento e do estado de solicitação, classificam-se os


mecanismos em 6 grupos, conforme Tabela 13:
23

Tabela 13 – Grupo de mecanismos.

Estados de Estados de Solicitação


Solicitação V0,25 V0,5 V1 V2 V3 V4 V5
1 1 Bm 1 Bm 1 Bm 1 Am 2m 3m 4m
2 1 Bm 1 Bm 1 Am 2m 3m 4m 5m
3 1 Bm 1 Am 2m 3m 4m 5m 5m
Fonte: NBR 8400

Com isso, os mecanismos a serem utilizados no projeto devem ser do grupo 4m.
24

6 DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA

6.1 SOLICITAÇÕES

Entende-se por solicitação todo esforço a que um equipamento ou corpo está submetido.
Estas solicitações são base para a determinação das tensões atuantes na estrutura. Para o cálculo
destas tensões utilizou-se parâmetros críticos de operação, que são apresentados ao longo deste
projeto.

6.1.1 SOLICITAÇÕES PRINCIPAIS

As solicitações principais podem ser definidas por ocorrerem devido ao peso próprio dos
elementos (𝑆𝑔 ) e devido à carga de serviço (𝑆𝑙 ). Foi considerada a situação mais crítica que cada
componente poderá experimentar durante sua vida útil.

6.1.2 SOLICITAÇÕES DEVIDO AOS MOVIMENTOS VERTICAIS DA CARGA

As solicitações devido ao movimento vertical da carga são oriundas do


içamento/abaixamento da carga, bem como de possíveis choques durante a operação.
Neste projeto os esforços devido a choques serão desprezados, devido sua pequena
probabilidade de ocorrência durante a operação, e pelo fato de que, se ocorrer, será durante
o abaixamento, reduzindo a tensão sobre o equipamento.
Para as solicitações devido ao levantamento da carga, deve ser levado em conta as
oscilações de tensão devido ao esforço para iniciar o movimento de içamento, que leva a um
aumento brusco na tensão durante um pequeno instante de tempo. Para isso utiliza-se o
coeficiente dinâmico (ψ), que é determinado de acordo com a velocidade de elevação da carga,
conforme Tabela 14.
25

Tabela 14 – Valores do coeficiente dinâmico.

Faixa de velocidade de
Equipamento Coeficiente Dinâmico ψ
elevação de carga (m/s)
1,15 0 < vL ≤ 0,25
Pontes e Pórticos Rolantes 1 + 0,6 vL 0,25 < vL < 1
1,6 vL ≥ 1
Fonte: NBR8400

De acordo com a Tabela 15 a velocidade de elevação definida para 𝑆𝑔 e 𝑆𝑙 o projeto é de


15 m/min, aproximadamente 0,25 m/s. Desta forma:

𝜓 = 1,15

A Figura 13 ilustra o comportamento da solicitação sobre a estrutura durante a subida e a


descida da carga. Observa-se dois picos, um durante a subida e outro durante a descida. A maior
solicitação a que a estrutura é submetida é durante a subida (𝑆𝑔 + 𝜓 ∙ 𝑆𝑙 ).

Figura 13 – Curva de levantamento e descida para de sinais contrários.

Fonte: NBR8400

6.1.3 SOLICITAÇÕES DEVIDO AOS MOVIMENTOS HORIZONTAIS DA CARGA

As forças horizontais (𝑆ℎ ) são definidas como solicitações devido ao movimento de


aceleração e desaceleração do pórtico. A análise destas solicitações inclui os esforços devido
26

ao movimento pendular da carga para pontes rolantes convencionais, entretanto, para este
projeto, as forças pendulares podem ser desconsideradas por serem substancialmente baixas
devido ao fato de a estrutura da empilhadeira, acoplada à ponte rolante, ser rígida.
Para esta análise foi necessária a verificação dos esforços para posterior definição dos
freios utilizados. Conforme a NBR 8400, a tabela Tabela 15 de “tempos de aceleração e
acelerações” define a aceleração máxima atingida pela ponte rolante para uma dada velocidade
a ser atingida.

Tabela 15 – Tempos de aceleração e acelerações (fragmento).


Equipamentos de
Velocidade a atingir
velocidade lenta e média
Tempos de
Acelerações
(m/s) (m/min) aceleração
(m/s2)
(s)
0,40 24 4,1 0,098
0,25 15 3,2 0,078
Fonte: Adaptada da NBR8400

O projeto da ponte rolante prevê a instalação de rodas sobre trilhos, estas que serão
responsáveis pelo deslocamento horizontal da ponte, tanto na direção 𝑥, quanto na direção 𝑦.
Estão previstas 4 rodas para o carro trolley e mais 2 rodas em cada cabeceira. De um total de 8
rodas, 4 serão motoras, 2 no carro trolley e 1 em cada cabeceira.
Com essa configuração é possível determinar a Força Normal suportada pelas rodas
motoras na frenagem (𝑁𝑟 ) em Newtons, dada pela Equação 1.

𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒⁡𝑑𝑒⁡𝑅𝑜𝑑𝑎𝑠
𝑁𝑟 = ∙ (𝑃𝑒𝑠𝑡 + 𝑃𝑒 + 𝑃𝑐 + 𝑃𝑡 ) (1)
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒⁡𝑑𝑒⁡𝑅𝑜𝑑𝑎𝑠⁡𝑀𝑜𝑡𝑜𝑟𝑎𝑠

𝑃𝑒𝑠𝑡 = Peso⁡da⁡estrutura⁡(N)

𝑃𝑒 + 𝑃𝑐 + 𝑃𝑡 = Somatório⁡do⁡peso⁡da⁡empilhadeira, da⁡carga⁡e⁡do⁡trolley⁡(N)

Após determinação do 𝑁𝑟 define-se então a Força Horizontal (𝐹ℎ ) dada por:

𝐹ℎ = 𝑁𝑟 ∙ 𝜇𝑎𝑡 (2)
𝜇𝑎𝑡 = Coeficiente⁡de⁡atrito⁡(trilho × roda)

Por fim, é determinado a Aceleração / Desaceleração Média (𝐽𝑚 ) em m/s², dada por:
27

𝐹ℎ
𝐽𝑚 = (3)
(𝑃𝑒𝑠𝑡 + 𝑃𝑒 + 𝑃𝑐 + 𝑃𝑡 )/9,8

Como ainda não se determinou o Peso da estrutura (𝑃𝑒𝑠𝑡 ), esta equação será preservada
para um segundo momento, quando este trabalho abordar a frenagem das rodas.

6.1.4 DEMAIS SOLICITAÇÕES

Considera-se um acréscimo de 30 kN sobre o peso próprio da estrutura, levando em conta


a instalação de passadiços, escadas, guarda-corpos e da empilhadeira.

6.2 CASOS DE SOLICITAÇÃO E VERIFICAÇÕES

Na NBR 8400 determinam-se três casos de solicitação:

a) caso I – serviço normal sem vento;


b) caso II – serviço normal com vento limite de serviço;
c) caso III – solicitações excepcionais.

Este projeto considera Caso I pois trata-se de uma ponte rolante instalada dentro de um
armazém, sem a influência de vento. Para este caso de solicitação levam-se em conta
carregamentos devidos a carga, peso próprio da estrutura e mecanismos, movimento pendular
da carga e efeitos do vento. Ressalta-se aqui a necessidade de multiplicar as solicitações devido
à carga pelo coeficiente dinâmico. Adicionalmente, todas as tensões devem ser multiplicadas
pelo coeficiente de majoração. A Tabela 16 determina as tensões admissíveis para cada caso de
solicitação.

Tabela 16 – Tensões admissíveis a trações (ou compressões).

Casos de solicitação Caso I Caso II Caso III


𝝈𝒆 𝜎𝑒 𝜎𝑒
Tensão admissível (𝝈𝒂𝒅𝒎 )
𝟏, 𝟓 1,33 1,11

Fonte: NBR 8400


28

Todos os elementos da estrutura devem ser verificados contra os seguintes casos:


a) Verificação contra o escoamento;
b) Verificação contra flambagem (global ou local) para elementos em compressão;
c) Verificação contra fadiga (para juntas soldadas) como tensão admissível de projeto.
d) Verificação contra instabilidade e flecha máxima.

6.3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS PRINCIPAIS

O pré-dimensionamento é o método analítico para se obter a melhor viga para o projeto.


Através da compreensão das cargas que deverão ser suportadas pela ponte rolante, é possível
determinar o Aço mais adequado ao projeto o Momento de Inércia (𝐼𝑥 ) aproximado da
geometria da viga. Com estes dados será possível determinar quais as medidas mais adequadas
para o dimensionamento da viga-caixão utilizada na ponte rolante.

6.3.1 ESCOLHA DO AÇO ESTRUTURAL

O aço estrutural utilizado no projeto é determinado através da norma NBR 8400. A Tabela
17 determina a qualidade mínima do aço estrutural através da soma dos valores 𝑍𝑎 , 𝑍𝑏 ⁡e 𝑍𝑐 .

Tabela 17 – Valores do coeficiente dinâmico

Soma dos índices de avaliação Grupo de qualidade


≤1 1
≤4 2
≤8 3
≤ 10 4

Fonte: Norma NBR 8400

A Equação 4 abaixo determina a influência da combinação de tensões de tração devidas


ao peso próprio com tensões devidas à carga. Esta equação foi considerada a partir da Figura
14 abaixo, presente na norma NBR 8400, que determina 𝑍𝑎 em função dos cordões de solda da
viga.
𝜎𝑔
𝑍𝑎 = (4)
0,5𝜎𝑎
29

A título de “pré-dimensionamento”, com um caráter mais empírico, o peso da própria


estrutura, que ainda é desconhecido, será desconsiderado da equação. Portanto, segue-se apenas
com as cargas já conhecidas, o peso de 3.000 kg (eq. 30 kN) do trolley e da empilhadeira mais
o peso de 2.000 kg (eq. 20 kN) da carga nominal. Portanto:

𝜎𝑙 𝑀𝑙 𝑀𝑙 𝜎𝑎 1
𝑍𝑎 = ⁡⁡⁡⁡⁡ → ⁡⁡⁡⁡⁡ 𝜎𝑙 = = = 𝜎𝑎 ⁡ → 𝑍𝑎 = = (5)
0,5 ∙ (𝜎𝑎 ) 𝑊𝑥 𝑀𝑙 /𝜎𝑎 0,5𝜎𝑎 0,5
𝑍𝑎 = 2

Determina-se então uma espessura com base na chapa que será utilizada para fabricação
da viga. Neste caso, utilizou-se 𝑒 = 15,88 mm. Com isso é possível determinar a influência do
índice 𝑍𝑏 pela norma NBR 8400:

9
𝑍𝑏 (5⁡𝑚𝑚 ≤ 𝑒 ≤ 20 𝑚𝑚) = 𝑒2 (6)
2500
𝑒 = espessura⁡da⁡chapa
𝑍𝑏 = 0,9078

No caso dimensionado, o 𝑍𝑐 não tem influência, pois este se aplica apenas a casos em que
o equipamento estará exposto a temperaturas abaixo de zero; que não é o caso, pois o
equipamento está sendo projetado para local cujas temperaturas oscilam entre 10 e 50℃.

Determinados os índices, é definido então o grupo de qualidade do aço:

𝑍 = 𝑍𝑎 + 𝑍𝑏 + 𝑍𝑐 (7)

𝑍 = (2) + (0,9078) + (0)

𝑍 = 2,9078
30

Figura 14 – Função das tensões e cordões de solda.

Fonte: Norma NBR 8400

Logo, de acordo com a Tabela 18, o grupo de qualidade seria o 2 (𝑍 ≤ 4). Portanto, o aço
selecionado, por reunir propriedades mecânicas adequadas ao projeto e ser facilmente
encontrado no mercado, foi o ASTM A-36. Este aço será utilizado em toda estrutura da ponte
rolante. As propriedades do aço ASTM A-36 estão descritas na Tabela 18 abaixo.

Tabela 18 – Dados do aço estrutural selecionado para ponte rolante.

Descrição Valor Unidade


Aço ASTM A36
Massa Específica (𝜌𝐴36 ) 7.850 kg/m³
Módulo de Elasticidade (𝐸) 200 GPa (kN/mm²)
Coeficiente de Poisson (𝜂) 0,30
Tensão de Escoamento (𝜎𝑒 ) 250 MPa (N/mm²)
Tensão de Ruptura (𝜎𝑟 ) 520 MPa (N/mm²)
Fonte: Produzido pelos autores.
31

6.3.2 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA DEFLEXÃO DA VIGA

Visando reduzir os custos do projeto, foi determinado o uso da viga-caixão. A viga-caixão


é o principal tipo de viga utilizado em projetos de pontes rolantes; isto porque é capaz de
suportar altas cargas de içamento com uso de chapas mais finas, quando comparada com a viga
do tipo "I", que teria uma espessura muito maior para suportar a mesma carga, e
consequentemente seria muito mais pesada e cara.
A abordagem considerada no Apêndice B considerando os critérios da NBR 8800 para
dimensionamento de vigas não convergiu para o resultado esperado. Como pôde ser observado,
a viga caixão anteriormente selecionada para o projeto possuía deflexão (38,3⁡mm) superior ao
admissível 𝛿𝑎𝑑𝑚 = 11,5⁡mm (ver Seção 5.3) e, portanto, embora de acordo com a norma NBR
8800, não pôde ser aprovada pela norma NBR 8400, que é a norma que rege e tem maior
relevância bibliográfica para os projetos de pontes rolantes. Esta abordagem foi então revista e,
portanto, novas vigas-caixão foram determinadas.
Este segundo método de pré-dimensionamento considera que já foi feita a seleção do
material da ponte rolante (neste caso, definimos como sendo o A-36, ver Seção 6.3.1). Também
será necessário realizar o cálculo do Módulo de Flexão, dado pela Equação 8 em e definir a
Massa por Metro (𝑀𝑚 ) da viga, tomando como base a Massa Específica do aço escolhido (𝜌𝐴36 )
e a Área da Seção Transversal da Viga Principal (𝐴𝑡 ), definido pela Equação 9. Com estes
fatores, é possível utilizar do software MDSolids para realizar o cálculo da deflexão no ponto
mais crítico da ponte rolante e, portanto, garantir que este critério balizará o projeto da viga
principal.
𝐹𝑀 = 𝐸 ∙ 𝐼𝑥 (8)
𝐹𝑀 = Módulo⁡de⁡Flexão
𝐸 = Módulo⁡de⁡Elasticidade⁡⁡⁡|⁡⁡⁡𝐼𝑥 = Momento⁡de⁡Inércia⁡na⁡Direção⁡X

𝑀𝑚 = 𝜌𝐴36 ∙ 𝐴𝑡 (9)
𝑀𝑚 = Massa⁡por⁡Metro
𝜌𝐴36 = Massa⁡Específica⁡do⁡aço⁡A36⁡|⁡⁡⁡𝐴𝑡 = Área⁡da⁡Seção⁡Transversal

Para determinação do Momento de Inércia, é necessário selecionar dimensões para


uma suposta viga. De maneira iterativa, deve-se testar diversas configurações, como altura da
viga (ℎ1 ), espessuras das chapas (𝑒1 ⁡e 𝑒2 ), largura das bases (𝑏1 ⁡e 𝑏2 ), vão entre os “Is” da viga
caixão (𝑏𝑎 ) e largura da aba (𝑟1); conforme Figura 15.
32

Figura 15 – Símbolos utilizados para as medidas da viga.

Fonte: Produzida pelos Autores.

Devido às restrições do escopo deste projeto, visto que o espaço livre entre a altura
máxima do porta-paletes e o teto é de 2.200 mm, foi separado um espaço de 400 mm, abaixo,
para as cabeceiras e 500 mm, acima, para os mecanismos, da viga principal, logo, estabelece-
se que ℎ2 < ℎ1 < 1300⁡mm.
As chapas comerciais, que serão utilizadas para fabricação das vigas principais, podem
ser encontradas nas seguintes espessuras: 6,35 mm, 7,94 mm, 9,53 mm, 11,11 mm, 12,70 mm,
15,88 mm, 19,50 mm, 22,23 mm, 25,40 mm, 31,75 mm, 44,45 mm, 50,80 mm, 63,50 mm e
76,20 mm (podendo variar em 0,20 mm para mais ou para menos, dependendo do fornecedor).
O vão livre entre os porta paletes do armazém possui 3 metros, para translação da
empilhadeira. Logo, o vão entre ambas as vigas, somado a espessura das vigas principais (𝑏1 e
𝑏2 ), não pode ser superior a 3 metros. Foi constatado que o espaço entre vigas tem 1.500 mm,
portanto, 𝑏1 tem que ser menor que metade de 1500 mm (750 mm). Estabelece-se então que
𝑏1 = 𝑏2 = 400 mm.
O Momento de Inércia em X (em milímetro) é então estabelecido pela Equação 10:

1 1
𝐼𝑥 = ∙ (𝑏1 ∙ 𝑒1 3 + 𝑒2 ∙ ℎ23 ) + (𝑏1 ∙ 𝑒1 ) ∙ (𝑒1 + ℎ2 )2 (10)
6 2

Logo, para o pré-dimensionamento da viga principal foi realizado uma simulação no


software MDSolids, que considerou a aplicação da carga máxima no ponto mais crítico, e a
massa distribuída (𝑀𝑚 ), conforme Figura 16.
33

Figura 16 – Simulação para Pré-dimensionamento das Vigas.

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software MDSolids.

Portanto, com o suporte do MDSolids e planilhas elaboradas no Excel, foram criadas 14


vigas, conforme Tabela 19, uma para cada espessura comercial, para as quais a deflexão
máxima, obtida pelo diagrama de deflexão (“Deflection Diagram” no software) não seja
superior ao estabelecido na norma NBR 8400, ou seja, deve ser inferior a 𝐿⁄2000 = 11,5 mm
(ver Seção 6.4).

Tabela 19 – Vigas determinadas a partir do MDSolids.


Força
Módulo Peso da
ID 𝒉𝟐 (mm) 𝒆 (mm) 𝒉𝟏 (mm) Distribuída Deflexão
de Flexão viga (kg)
(N/m)
1 1420,00 6,35 1432,70 1779,97 1,12E+12 11,44 4298,43
2 1350,00 7,94 1365,88 2140,07 1,24E+12 11,39 5168,01
3 1300,00 9,53 1319,06 2495,23 1,35E+12 11,42 6025,69
4 1260,00 11,11 1282,22 2840,47 1,46E+12 11,42 6859,41
5 1230,00 12,70 1255,40 3188,31 1,57E+12 11,43 7699,39
6 1180,00 15,88 1211,76 3864,35 1,78E+12 11,46 9331,95
7 1150,00 19,50 1189,00 4655,16 2,05E+12 11,41 11241,67
8 1120,00 22,23 1164,46 5204,17 2,20E+12 11,49 12567,47
9 1100,00 25,40 1150,80 5868,05 2,41E+12 11,49 14170,65
10 1070,00 31,75 1133,50 7188,36 2,84E+12 11,44 17359,04
11 1030,00 44,45 1118,90 9789,86 3,67E+12 11,43 23641,36
12 1015,00 50,80 1116,60 11071,05 4,22E+12 11,43 26735,29
13 990,00 63,50 1117,00 13594,31 4,88E+12 11,44 32828,67
14 970,00 76,20 1122,40 16078,45 5,66E+12 11,46 38827,57
Fonte: Produzido pelos autores.
34

6.4 CRITÉRIOS DE APROVAÇÃO

A NBR 8400 define 3 critérios de aprovação para as vigas projetadas, cujas medidas
devem ser definidas de forma que as tensões incidentes não resultem em uma deflexão vertical
superior a 1/2000 do seu comprimento (𝐿), não ultrapassem a tensão máxima admissível (𝜎𝑎 )
e nem a tensão de cisalhamento máxima (𝜏𝑎 ).
A deflexão vertical será dada pela Equação 14:

𝐿 (11)
𝛿𝑚á𝑥 =
2000
Portanto,
1
𝛿 < 𝛿𝑚á𝑥 = ∙ 23000 = 11.5⁡mm
2000

A tensão máxima admissível será dada pela Equação 15:


𝜎𝑒
𝜎𝑚á𝑥 = ⁡⁡⁡⁡⁡⁡⁡⁡ ∴ ⁡⁡⁡⁡⁡⁡⁡𝐹. 𝑆. = ⁡1,5 (12)
𝐹. 𝑆.

Portanto,

𝜎 < 𝜎𝑚á𝑥 = 166,67⁡𝑀𝑃𝑎

Por fim, a tensão de cisalhamento máxima será dada pela Equação 16:
𝜎𝑎
𝜏𝑚á𝑥 = (13)
√3

Portanto,

𝜏 < 𝜏𝑚á𝑥 = 96,23⁡𝑀𝑃𝑎

6.5 DETERMINAÇÃO DAS VIGAS PRINCIPAIS

A partir das vigas encontradas na Seção 6.3.2, a decisão final considerou a viga que, além
de representar o menor custo de fabricação, respeitaria as limitações de espaço do depósito.
Portanto, as vigas com ℎ2 ≥ 1.300 mm (ver Seção 6.3.2) não são aplicáveis ao projeto,
logo, desconsiderasse as vigas 1, 2 e 3 da Tabela 19.
35

Ainda que as vigas 4 e 5 fossem maiores que 1.300 mm, a folga restante tampouco
permitiria a instalação do equipamento, visto que existe um risco de projeto das medidas
realizadas serem maiores ou menores que as projetadas. Portanto, desconsiderou-se estas duas,
devido a folga ser de apenas 17,78 mm e 44,60 mm respectivamente.
Por fim, determina-se que a viga mais qualificada para este projeto seria a viga com ℎ2 =
1.180⁡mm. Esta viga possui 9.331,50 kg, logo, como a ponte rolante é composta por duas vigas,
o peso total das vigas principais será de 18.663,00 kg; significa dizer que esta ponte rolante será
capaz de suportar cerca de 10% de seu peso próprio. Ela também é feita em chapas de 15,88
mm que é a 6ª menor chapa comercial (dentre 14 opções) e permite uma folga de 88,24 mm em
relação ao teto do armazém. A Figura 17 e Tabela 20 possuem os dados da nova viga.

Figura 17 – Viga dimensionada e suas medidas.

Fonte: Produzida pelos Autores com suporte do SolidWorks.

Tabela 20 – Dimensões e dados da viga principal.

Descrição Valor Unidade


Comprimento da viga (𝐿1 ) 23 m
Tipo de Viga Caixão (Duplo I)
Alma (𝑏𝑎 ) 268,24 mm
Base Superior e Inferior (𝑏1 ⁡𝑒⁡𝑏2 ) 400,00 mm
Espessura da Chapa Sup. e Inf. (𝑒1 ) 15,88 mm
Largura da Aba (𝑟1 ) 50,00 mm
Espessura da Chapa Lateral (𝑒2 ) 15,88 mm
36

Tabela 20 – Dimensões e dados da viga principal – Continuação.

Descrição Valor Unidade


Altura Total (ℎ1 ) 1.211,76 mm
Centróide da área acima da linha neutra (𝑦) 371,69 mm
Área (𝐴𝑡 ) 50.180,80 mm2
Primeiro momento de área (𝑄) 932,59⁡∙ 104 mm3
Massa por metro (𝑀𝑚 ) 3864,35 N/m
Peso da viga (𝑃1 ) 88,88 kN
Momento de inércia (𝐼𝑥𝑥 ) 8,89⁡∙ 109 mm4
Momento de inércia (𝐼𝑦𝑦 ) 1,01⁡∙ 109 mm4
Momento polar de inércia (𝐽1 ) 9,90⁡∙ 109 mm4
Módulo de resisência (𝑊𝑥−𝑥 ) 14,7⁡∙ 106 mm3
Módulo de resistência (𝑊𝑦−𝑦 ) 5,07⁡∙ 106 mm3
Módulo de flexão 1,78 ∙ 1012 kNmm²
Fonte: Dados obtidos através da simulação da viga no software MDSolids.

6.6 CÁLCULO ANALÍTICO

6.6.1 SOLICITAÇÕES NAS VIGAS PRINCIPAIS

Após a seleção das vigas-caixões mais adequadas para o projeto, pode-se finalmente obter
as solicitações diversas que atuam nestas vigas. Para o cálculo analítico, aborda-se apenas uma
única viga e analisa-se individualmente a solicitação devido ao peso próprio, e a solicitação
devido ao somatório dos pesos dos componentes, dos mecanismos e da carga, dividido por 2
(entende-se que a carga é distribuída entre cada viga).

6.6.1.1 DETERMINAÇÃO DA SOLICITAÇÃO DEVIDO AO PESO PRÓPRIO DA VIGA

Agora que o peso próprio da viga é conhecido, e sabe-se como é a distribuição da Massa
por Metro (Figura 18) como sendo de 𝑤1 = 3.815,01 N/m, conseguiu-se definir o cortante
máximo (𝑉𝑔 ) e o momento máximo (𝑀𝑔 ) neste elemento quando submetido ao próprio peso.
Portanto, obtém-se os valores, em módulo:
37

Figura 18 – Peso próprio sob viga principal.

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software MDSolids.

𝑉𝑔 = 44,44⁡kN
𝑀𝑔 = 255,53⁡kNm

Pode-se então determinar o a solicitação devido ao peso próprio da viga:

𝑀𝑔
𝑆𝑔 = ⁡⁡⁡ (14)
𝑊𝑥−𝑥
𝑆𝑔 = Solicitação⁡máxima⁡devido⁡ao⁡peso⁡próprio⁡da⁡viga⁡principal
255,53⁡kNm 2,56 ∙ 108 ⁡Nmm
𝑆𝑔 = ⁡⁡ = ⁡⁡ ⁡⁡⁡⁡ = ⁡⁡0,1745 ∙ 102 N⁄mm2
14.674⁡ ∙ 103 ⁡mm3 14,67 ∙ 106 ⁡mm3

𝑆𝑔 = ⁡17,45⁡MPa

E então determinar a tensão de cisalhamento máxima:

𝑉𝑔 𝑄 (15)
𝜏𝑔 =
𝐼𝑥𝑥 𝑡
𝜏𝑔 = Tensão⁡de⁡cisalhamento⁡máxima⁡devido⁡ao⁡peso⁡próprio⁡da⁡viga
44,44 ∙ 103 ⁡N ∙ 932,59 ∙ 104 ⁡mm3
𝜏𝑔 = ⁡⁡ = ⁡⁡1,47⁡MPa
8,89⁡ ∙ 109 ⁡mm4 ⁡ ∙ ⁡⁡2⁡ ∙ 15,88⁡mm

𝜏𝑔 = 1,47⁡MPa
38

𝑡 = 2 × espessura = 2𝑒 = ⁡2 ∙ 15,88⁡mm

6.6.1.2 DETERMINAÇÃO DA SOLICITAÇÃO DEVIDO À CARGA CONCENTRADA

Somando o peso do trolley, da carga, da empilhadeira e dos demais mecanismos e


componentes, considera-se um total de 50 kN dividido para 2 vigas, então tem-se 25 kN atuando
no ponto de maior criticidade, que, neste caso, é ao centro da viga. Conforme visto na Figura
19.

Figura 19 – Carga incidente sob viga principal.

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software MDSolids.

𝑉𝑙 = 12,50⁡kN⁡
𝑀𝑙 = 143,75⁡kNm

Portanto, agora é possível determinar a solicitação devido às cargas que incidem sobre a
ponte rolante (peso do trolley, peso da empilhadeira, etc).

𝑀𝑙
𝑆𝑙 = ⁡⁡⁡⁡ (16)
𝑊𝑥−𝑥
𝑆𝑙 = Solicitação⁡máxima⁡devido⁡à⁡carga⁡concentrada⁡na⁡viga⁡principal.

143,75⁡kNm 1,44 ∙ 108 ⁡Nmm


𝑆𝑙 = ⁡⁡ = ⁡⁡ ⁡⁡⁡⁡ = ⁡⁡⁡0,09815 ∙ 102 N⁄mm2
14.674⁡ ∙ 103 ⁡mm3 14,67 ∙ 106 ⁡mm3
39

𝑆𝑙 = ⁡9,82⁡MPa

E então determinar a tensão de cisalhamento máxima:

𝑉𝑙 𝑄 (17)
𝜏𝑙 =
𝐼𝑥𝑥 𝑡
𝜏𝑙 = Tensão⁡de⁡cisalhamento⁡máxima⁡devido⁡à⁡carga⁡concentrada⁡na⁡viga⁡principal

12,50 ∙ 103 ⁡N ∙ 932,59 ∙ 104 ⁡mm3


𝜏𝑙 = ⁡⁡ = ⁡⁡0,41⁡MPa
8,89⁡ ∙ 109 ⁡mm4 ⁡ ∙ ⁡⁡2⁡ ∙ 15,88⁡mm

𝜏𝑙 = 0,41⁡MPa

6.6.1.3 DETERMINAÇÃO DA SOLICITAÇÃO DEVIDO AOS MOVIMENTOS


HORIZONTAIS

Agora que as informações que eram faltantes foram dimensionadas, logo, pode-se aferir
qual a solicitação que incide sobre a ponte rolante quando a mesma se desloca horizontalmente.
Assim como foi visto em 6.1.3, e pela Equação 19, tem-se que:

𝑃𝑒𝑠𝑡 = 2 ∙ 3864,50⁡N/m⁡ ∙ 23⁡m⁡ = 177.767⁡N (18)

4
𝑁𝑟 = (177.767⁡N + 50.000⁡N) = 2 ∙ (227.767⁡N) (19)
2
𝑁𝑟 = 455.534⁡N

𝐹ℎ = 455.534⁡N ∙ 0,15 (20)


𝐹ℎ = 68.330⁡N

E, portanto, determina-se o valor da aceleração (ou desaceleração) média de projeto,


obtido pela Tabela 15 com o valor encontrado para 𝐽𝑚 .

𝐹 (21)
𝐽𝑚 =
𝑚 + 𝑚1
40

𝑚 = massa⁡total⁡da⁡ponte⁡rolante⁡propriamente⁡dita⁡⁡⁡|⁡⁡⁡𝑚1 = massa⁡da⁡carga⁡suspensa.

68.330⁡N ⁡68.330⁡N
𝐽𝑚 = ⁡ = ⁡⁡ ⁡⁡ = ⁡2,94⁡m/s²
(207.767 + 20.000)/9,81 23.217,84⁡kg

De acordo com a Tabela 15 o valor 𝐽𝑜𝑝 = 0,098 m/s² é menor que o valor 𝐽𝑚 , logo, deve-
se utilizar o valor de⁡𝐽𝑚, no dimensionamento. Pode-se determinar então o tempo médio de
duração da aceleração (ou desaceleração):

𝑉 0,40⁡m/s (22)
𝑇𝑚 = = = 0,14⁡segundos
𝐽𝑚 2,94⁡m/s²

Multiplica-se a aceleração pela massa da carga, conforme a seguir:

𝐹𝑐𝑚 = 𝑚2 ∙ 𝐽𝑚 (23)
𝑚2 = massa⁡da⁡carga

20.000⁡N
𝐹𝑐𝑚 = ∙ 2,94⁡m/s² = 5.993,88⁡N⁡⁡⁡⁡⁡ → ⁡⁡⁡⁡ 𝐹𝑐𝑚 = 6⁡kN
9.81⁡m/s2

Calculando o coeficiente dinâmico horizontal 𝜓ℎ

𝑃𝑐 20.000⁡N (24)
𝜇= = = 0.088
𝑃 227.676⁡N

𝜇 < 1⁡⁡⁡⁡⁡ → ⁡NBR⁡8400 → ⁡⁡⁡ 𝜓ℎ ≤ 2

𝐹𝑐𝑚á𝑥 = 𝜓ℎ ∙ 𝐹𝑐𝑚 = 2 ∙ 6⁡kN = 12⁡kN (25)

De acordo com a norma o esforço horizontal a considerar deve ser no mínimo 1/30 da
carga sobre as rodas motoras (225.490 N) e no máximo 1/4 desta carga, como 7,51 kN < 12 kN
< 56,37 kN, o valor encontrado pode ser utilizado.

Calcula força aplicada a viga na posição horizontal.


41

Figura 20 – Força horizontal incidindo na viga principal.

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software MDSolids.

𝑉ℎ = 6⁡kN
𝑀ℎ = 69⁡kNm

Portanto, com os valores acima para o cortante e o momento, pode-se determinar a


solicitação e a tensão de cisalhamento máxima de vido à força horizontal causada pela inércia
da carga ao sofrer uma frenagem brusca.

𝑀ℎ
𝑆ℎ = (26)
𝑊𝑦−𝑦
𝑆ℎ = Solicitação⁡máxima⁡devido⁡à⁡força⁡horizontal⁡na⁡viga⁡principal
69⁡kNm 69 ∙ 106 ⁡Nmm
𝑆ℎ = = = 13,61⁡N/mm2 ⁡
5,07 ∙ 106 ⁡mm3 5,07 ∙ 106 ⁡mm³
𝑆ℎ = 13,61⁡MPa

𝑉ℎ ∙ 𝑄
𝜏ℎ = (27)
𝐼𝑥𝑥 ∙ 𝑡
𝜏ℎ = Tensão⁡de⁡cisalhamento⁡máxima⁡devido⁡à⁡força⁡horizontal⁡na⁡viga⁡principal
6 ∙ 103 ⁡N ∙ 932,59 ∙ 104 ⁡mm3
𝜏ℎ = ⁡⁡ = 0,20⁡N/mm²
8,89⁡ ∙ 109 ⁡mm4 ⁡ ∙ ⁡⁡2⁡ ∙ 15,88⁡mm
𝜏ℎ = 0,20⁡MPa
42

6.6.2 VERIFICAÇÕES

Conforme apresentado na Seção 6.4 deste trabalho, as tensões e deformações calculadas


devem ser tais que não sejam superiores às tensões e deformações admissíveis (Equações 14,
15 e 16). Portanto, o critério é considerado APROVADO quando abaixo dos limites
admissíveis. Caso algum valor apresente-se maior que os limites admissíveis, deve-se
reconsiderar a estrutura dimensionada, alterando sua espessura, largura e dimensões em geral.

6.6.2.1 TENSÕES LIMITE DE ESCOAMENTO

De acordo com a norma NBR8400 nos elementos solicitados a tração (compressão)


simples, a tensão de tração (compressão) calculada não deve ultrapassar os valores da tensão
admissível, 𝜎𝑎. Verificam-se então as tensões de cada elemento de acordo com a norma.
Considera-se para estes cálculos, que a carga se encontra no extremo da viga principal,
muito próximo da viga de cabeceira. Para determinação das tensões sobre a viga de cabeceira,
devem-se considerar as reações causadas pelos pesos, da viga de cabeceira, da viga principal e
do trolley com a carga e total.
De acordo com a norma NBR8400, para os elementos solicitados à tração (ou
compressão) simples, a tensão de tração (compressão) calculada não deve ser superior a tensão
admissível 𝜎𝑎 .
Portanto, as verificações para este caso se seguem abaixo:

a) As tensões verticais:
- Tensão devido ao próprio peso: 𝑆𝑔 = 17,45⁡MPa < 166⁡MPa → APROVADO.
- Tensão devido a carga concentrada: 𝑆𝑙 = 9,82⁡MPa < 166⁡MPa → APROVADO.
- Tensão a que a estrutura é submetida durante a subida da carga: 𝑆𝑔 + 𝜓𝑆𝑙 < 166⁡MPa
Para este último caso, tem-se que:
𝑆𝑔 + 𝜓𝑆𝑙 = 17,45⁡MPa + 1,15 ∙ 9,82⁡MPa = 28,74⁡MPa < 166⁡MPa →⁡APROVADO.

b) As tensões horizontais:
- Tensão devido ao deslocamento horizontal da estrutura: 𝑆ℎ = 13,61⁡MPa <
166⁡MPa → APROVADO.
43

c) O esforço de cisalhamento 𝜏𝑥𝑦 :


- Cisalhamento devido ao próprio peso: 𝜏𝑔 = 1,47⁡MPa < 96⁡MPa → APROVADO.
- Cisalhamento devido a carga concentrada: 𝜏𝑙 = 0,41⁡MPa < 96⁡MPa →
APROVADO.
- Cisalhamento devido ao deslocamento horizontal da estrutural: 𝜏ℎ = 0,20⁡MPa⁡ <
96⁡MPa → APROVADO.
- Soma de todas as tensões cisalhantes: 𝜏𝑥𝑦 = 2,08⁡MPa < 96⁡MPa → APROVADO.

d) Tensão de comparação 𝜎𝑒𝑞 ≤ 𝜎𝑎 .

2
𝜎𝑒𝑞 = Mx √(𝑆𝑔 + 𝜓𝑆𝑙 + 𝑆ℎ ) + 3𝜏𝑥𝑦
2
(28)

𝜎𝑒𝑞 = 1,06√(17,45⁡MPa + 1,15 ∙ 9,82⁡MPa + 13,61⁡MPa)2 − 3 ∙ 2,082 ⁡MPa ≤ 166⁡Mpa


𝜎𝑒𝑞 = 44,73⁡MPa ≤ 166⁡MPa → APROVADO.

Portanto, conforme visto acima, a estrutura foi APROVADA, significando que a


mesma foi adequadamente dimensionada e está habilitada a suportar as tensões as quais será
submetida.

6.6.2.2 FLAMBAGEM LOCALIZADA

O Cálculo de flambagem localizada para elementos sob compressão está determinado,


também, de acordo com a norma NBR 8400. A flambagem localizada pode ocorrer na mesa da
viga submetida à compressão. Quando à mesa superior é submetida a uma tensão de flexão
superior a carga crítica de compressão, ela tende a flambar por flexão. Porém como a mesa
superior está ligada pelas almas à mesa inferior, esta interfere no deslocamento da mesa
superior, causando o que é chamado de empenamento.
Esse efeito também é conhecido como flambagem localizada e ocorre no elemento com
menor índice de esbeltez (alma ou mesa). A NBR 8400 aproxima a flambagem da alma e/ou
mesa através da tensão de referência de Euler (𝜎𝑅𝐸 ), que depende basicamente da geometria da
placa e das propriedades do material, sendo calculada a seguir.
44

(𝜋 2 𝐸) 𝑒 2 (29)
𝜎𝑅𝐸 = ⁡( )
12(1 − 𝜂2 ) 𝑏
𝐸 = Módulo⁡de⁡Elasticidade⁡|⁡𝜂 = Coeficiente⁡de⁡Poisson⁡|⁡𝑒 = Espessura⁡da⁡Chapa⁡|⁡
𝑏 = Dimensão⁡do⁡vão⁡no⁡sentido⁡perpendicular⁡aos⁡esforços⁡de⁡compressão

𝜋 2 ∙ 200⁡GPa 15,88⁡mm 2
𝜎𝑅𝐸 = ( ) = 0,2849⁡GPa = 284,90⁡MPa (30)
12(1 − 0,302 ) 400⁡mm

Para determinação das tensões críticas, a norma NBR 8400 utiliza-se das tensões de
compressão e tração incidentes na parte superior e inferior, respectivamente:

𝜎𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 = 𝑆𝑔 + 𝜓𝑆𝑙 + 𝑆ℎ = −42,35⁡MPa (31)

𝜎𝑡𝑟𝑎çã𝑜 = 𝑆𝑔 + 𝜓𝑆𝑙 + 𝑆ℎ = +42,35⁡MPa (32)


𝜏𝑥𝑦 = 𝜏𝑔 + 𝜏𝑙 + 𝜏ℎ = 2,08⁡MPa (33)

Aplicando os valores obtidos para as tensões de compressão e tração, determina-se as


relações que permitirão determinar as equações das tensões críticas de flambagem. Sendo
assim, substituímos abaixo:
a) Relação para 𝜃:
𝜎𝑡𝑟𝑎çã𝑜
𝜃= (34)
𝜎𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜
42,35
𝜃= = −1
−42,35
b) Relação para 𝛼:
𝑎
𝛼= (35)
𝑏
𝑎 = Altura⁡da⁡viga
1.211,76⁡mm
α= = 3,03
400⁡mm

Estas relações permitirão selecionar as equações mais adequadas ao caso em questão,


avaliando-se pela Figura 21. Portanto, obtém-se que os casos de flambagem ocorrentes nas
vigas principais deste projeto são: flexão pura, com 𝜃 < −1, caso 3; e cisalhamento puro, 5.
Logo, a tensão de referência de Euler será multiplicada pelos coeficientes de
flambagem localizada, 𝐾𝜎 e 𝐾𝜏 :
45

𝐾𝜎 = 23,9
4 4
𝐾𝜏 = 5,34 + ⁡⁡ → ⁡⁡⁡⁡ 𝐾𝜏 = 5,34 + = 5,78⁡⁡⁡ → ⁡⁡⁡ 𝐾𝜏 = 5,78 (36)
𝛼 2 (3,03)2

𝑉
Agora é possível determinar as tensões críticas de flambagem 𝜎𝑐𝑟 e para casos de
𝑉
cisalhamento 𝜏𝑐𝑟 , conforme os valores obtidos na Equação 36:

a) Tensão crítica:

𝑉
𝜎𝑐𝑟 = 𝐾𝜎 ∙ 𝜎𝑅𝐸 ≥ 𝜎𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 (37)
𝑉
𝜎𝑐𝑟 = 23,9 ∙ 284,90⁡MPa = 6.809⁡MPa ≥ 42,35⁡MPa

b) Cisalhamento crítico:

𝑉
𝜏𝑐𝑟 = 𝐾𝜏 ∙ 𝜎𝑅𝐸 ≥ ∑𝜏 (38)
𝑉
𝜏𝑐𝑟 = 5,78 ∙ 284,90⁡MPa = 1.646,72⁡MPa ≥ 2,08⁡MPa

Determina-se então a tensão crítica de comparação, que pela norma NBR 8400, é definida
como:

𝑉
√∑𝜎 2 + 3∑𝜏 2 (39)
𝜎𝑐𝑟,𝐶 =
1 + 𝜃 ∑𝜎 √ 3 − 𝜃 ∑𝜎 2 ∑𝜏 2
4 ∙ 𝑉 + ( 4 ∙ 𝑉 ) + ( 𝑉) ⁡
𝜎𝑐𝑟 𝜎𝑐𝑟 𝜏𝑐𝑟

𝑉
√42,352 + 3 ∙ 2,082
𝜎𝑐𝑟,𝐶 = = 6.694⁡MPa
2
1 + (−1) 42,35 √ 3 − (−1) 42,35 2,08 2
∙ + ( ∙ ) +(
4 6.809 4 6.809 1.626,72) ⁡

Para determinação das tensões admissíveis, divide-se as tensões críticas de flambagem


encontradas pelo coeficiente determinado pela Tabela 21.
46

Figura 21 – Valores dos coeficientes de flambagem 𝐾𝜎 e 𝐾𝜏 .

Fonte: NBR 8400.

Tabela 21 – Coeficiente de Segurança na Flambagem Localizada.

Caso de
Solicitação Caso 1 Caso 2 Caso 3
Tipos de Solicitação
Painel
Flambagem 1,71 + 0,180⁡(𝜃 − 1) 1,50 + 0,125(𝜃 − 1) 1,35 + 0,075(𝜃 − 1)
Inteiriço
localizada de
Painel
elementos planos 1,50 + 0,075(𝜃 − 1) 1,35 + 0,050(𝜃 − 1) 1,25 + 0,025(𝜃 − 1)
Parcial
Flambagem localizada de
1,70 1,50 1,35
elementos curvos
Fonte: NBR 8400.
47

Relembrando a Seção 6.2 deste trabalho, onde foi determinado o Caso 1 como sendo o
pertinente a este projeto, tem-se que, para painéis inteiriços, o coeficiente será dado por:

𝐶. 𝑆𝑓𝑙𝑎𝑚 = 1,71 + 0,180(𝜃 − 1) (40)


𝐶. 𝑆𝑓𝑙𝑎𝑚 = 1,71 + 0,180((−1) − 1)
𝐶. 𝑆𝑓𝑙𝑎𝑚 = 1,35

Nos casos de compressão e cisalhamento combinados, a tensão crítica de comparação


𝑉
𝜎𝑐𝑟,𝐶 ⁡ deve ser comparada à tensão de comparação calculada conforme indicado abaixo:

𝜎𝑐𝑝 = √𝜎 2 + 3𝜏 2 = 42,50⁡MPa (41)

A partir do coeficiente de segurança calculado, a tensão admissível de flambagem 𝜎𝑎𝑑𝑚


𝑉
é finalmente determinada a partir de 𝜎𝑐𝑟,𝐶 :

6.694⁡MPa (42)
𝜎𝑎𝑑𝑚 = = 4.958,52⁡MPa
1,35

Como 42,50 MPa < 4,96 GPa, tem-se que a viga está APROVADA neste critério.

6.6.2.3 CONTRA FLECHA

A norma NBR 8400 afirma que as vigas principais deverão ser projetadas considerando
uma contra flecha de valor igual à deflexão causada pelo peso próprio do carro e mais 50% da
soma do peso próprio do carro e da carga máxima. Este requisito fica a critério do fabricante,
caso o valor da contra flecha calculado seja inferior a 5mm, ou L/2000, o que for maior. Neste
caso, para 𝐿 = 23.000 mm, 𝐿⁄2000 = 11,5⁡mm.
A contra flecha foi um dos critérios bases para o dimensionamento desta viga-caixão e,
portanto, verifica-se novamente, agora com os valores já conhecidos:

5 ∙ 𝑃1 ∙ 𝐿3
𝛿𝑔 = (43)
384 ∙ 𝐸 ∙ 𝐼
𝛿𝑔 = Flecha⁡devido⁡ao⁡peso⁡próprio⁡da⁡viga⁡(𝑃1 )
48

5 ∙ 88,88⁡kN ∙ 23.0003 ⁡mm3


𝛿𝑔 = = 7,92⁡mm
384 ∙ 200⁡GPa ∙ 8,89 ∙ 109 ⁡mm4

𝑃2 ∙ 𝐿3 (44)
𝛿𝑙 =
48 ∙ 𝐸 ∙ 𝐼
𝛿𝑙 = Flecha⁡devido⁡ao⁡peso⁡da⁡carga⁡e⁡do⁡trolley⁡(𝑃2 )
25⁡kN ∙ 23.0003 ⁡mm³
𝛿𝑙 = = 3,56⁡mm
48 ∙ 200⁡GPa ∙ 2,64 ∙ 109 ⁡mm4

𝛿 = 𝛿𝑔 + 𝛿𝑙 = 11,48⁡mm (45)

Portanto, não há necessidade de contraflecha, visto que 11,48⁡mm < 11,5⁡mm,


então, a viga está APROVADA pelo critério da deflexão.

6.6.3 ANÁLISE NUMÉRICA COMPUTACIONAL PARA AS VIGAS PRINCIPAIS

De modo a refinar os resultados obtidos no cálculo analítico, foram feitas análises para
ilustrar e confirmar a operacionalidade das vigas principais dimensionadas. Através dos
recursos de Elementos Finitos do software SolidWorks Simulation, as vigas puderam ser
modeladas a partir dos perfis calculados e submetidas aos mesmos esforços e condições de
contorno considerados no cálculo analítico. Na Figura 22 está apresentada a malha adotada para
a análise das vigas principais.

Figura 22 – Malha da Viga Principal.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.


49

Figura 23 – Tensão de von Mises atuantes nas vigas principais.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.

A Figura 23 mostra a distribuição das tensões ao longo do comprimento da viga principal.


A região de maior concentração das tensões é o centro da viga, região onde é o valor máximo
do momento fletor é identificado. A tensão equivalente máxima de Von Mises encontrada foi
de cerca de 23,36 MPa. Importante ressaltar que, na Seção 6.6.2.1 deste trabalho, foi
determinada a carga máxima sobre a viga como sendo 28,74⁡MPa, o que simboliza um erro
percentual de 23% entre o cálculo analítico e o cálculo numérico; esta diferença é evidenciada
principalmente pelo fato da análise numérica considerar a viga engastada nas laterais e não
simplesmente apoiada (como é o caso do cálculo analítico). As vigas foram ensaiadas
novamente, como foi evidenciado na seção 6.8.5 e um resultado mais fidedigno pode ser obtido.
A Figura 24 apresenta a distribuição dos deslocamentos ao longo do comprimento da viga
principal. A flecha máxima encontra-se, conforme esperado, no centro da viga. Estes resultados
apresentam de forma visual o que havia sido constatado pelos cálculos analíticos, possibilitando
confirmar que nossas premissas estavam corretas e o projeto pode seguir para próxima etapa.
50

Figura 24 – Distribuição dos deslocamentos ao longo das vigas principais.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.

Figura 25 – Distribuição dos deslocamentos ao longo das vigas principais – resultado deformado

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.

6.7 DETERMINAÇÃO DAS CABECEIRAS

Para dimensionamento das vigas de cabeceira foram utilizados os mesmos princípios


abordados na Seção 6.3 deste trabalho para as vigas principais. Como já pré-determinou-se que
as vigas-caixões devem ser fabricadas em aço A-36 e decidiu-se utilizar chapas com 𝑒 = 25,4
mm (1 polegada), pois o projeto tende a um padrão mais comercial, e, portanto, foram utilizados
catálogos de fornecedoras encontrados na internet como inspiração e ponto de partida para o
projeto desta cabeceira.
O modelo da cabeceira foi então adaptado de um modelo comercial, visando atender às
características individuais do projeto desta ponte rolante empilhadeira. Na Figura 26 está
representado a versão final do projeto da cabeceira e na Tabela 22 conseguinte, as suas
características dimensionais.
51

Figura 26 – Ilustração 3D do modelo da cabeceira.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks.

Figura 27 – Cabeceira selecionada e suas dimensões.

Fonte: Produzido pelos Autores.

Tabela 22 – Dimensões e dados da viga cabeceira.

Descrição Valor Unidade


Largura entre vigas (𝐿𝑐 ) 1.500 mm
Comprimento total da cabeceira (𝐿𝑡𝑐 ) 3956,40 mm
Tipo de Viga Caixão (Duplo I)
Número de rodas (total) 4 unidades
Número de rodas motorizadas 2 unidades
Alma (𝑏𝑎𝑐 ) 207,20 mm
Base Superior e Inferior (𝑏𝑐1 ) 258,00 mm
Espessura da Chapa Sup. e Inf. (𝑒𝑐 ) 25,40 mm
Largura da Aba (𝑟𝑐 ) 0 mm
Espessura da Chapa Lateral (𝑏𝑐2 ) 25,40 mm
Altura (ℎ𝑐1 ) 249,20 mm
Centróide da área acima da linha neutra (𝑦𝑐 ) 100,45 mm
Área (𝐴𝑡𝑐 ) 25.765,76 mm2
52

Tabela 22 – Dimensões e dados da viga cabeceira – Continuação.

Descrição Valor Unidade


Primeiro momento de área (𝑄𝑐 ) 129,41 ∙ 104 mm3
Massa por metro (𝑀𝑚𝑐 ) 1984,18 N/m
Peso da viga (𝑃𝑐1 ) 7,85 kN
Momento de inércia (𝐼𝑥𝑥 ) 3,13⁡ ∙ 108 mm4
Momento de inércia (𝐼𝑦𝑦 ) 2,84⁡ ∙ 108 mm4
Momento polar de inércia (𝐽𝑐1 ) 5,97 ∙ 108 mm4
Módulo de resistência (𝑊𝑥−𝑥 ) 2,09 ∙ 106 mm3
Módulo de resistência (𝑊𝑦−𝑦 ) 2,20 ∙ 106 mm3
Módulo de flexão 6,26 ∙ 1010 kNmm²
Fonte: Dados obtidos através da simulação da viga no software MDSolids.

6.7.1 DETERMINAÇÃO DA SOLICITAÇÃO DEVIDO AO PESO PRÓPRIO DA

CABECEIRA

Agora que o peso próprio da viga é conhecido, e sabe-se a distribuição da Massa por
Metro da Cabeceira (𝑀𝑚𝑐 ) (Figura 28) como sendo de 1984,18 N/m, conseguimos definir o
cortante máximo (𝑉𝑔 ) e o momento máximo (𝑀𝑔 ) neste elemento quando submetido ao próprio
peso. Portanto, obtém-se os valores, em módulo:

Figura 28 – Peso próprio sob viga de cabeceira.

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software MDSolids.

𝑉𝑔𝑐 = 3,41⁡kN
𝑀𝑔𝑐 = 3,01⁡kNm
53

Pode-se então determinar o a solicitação devido ao peso próprio da viga:

𝑀𝑔𝑐
𝑆𝑔𝑐 = (46)
𝑊𝑥−𝑥
𝑆𝑔𝑐 = Solicitação⁡máxima⁡devido⁡ao⁡peso⁡próprio⁡da⁡cabeceira
3,01⁡kNm 3,01 ∙ 106 ⁡Nmm
𝑆𝑔𝑐 = ⁡⁡ = ⁡⁡ ⁡⁡⁡⁡ = ⁡⁡⁡1,44 N⁄mm2
2.089 ∙ 103 ⁡mm3 2,09 ∙ 106 ⁡mm3

𝑆𝑔𝑐 = ⁡1,44⁡MPa

E então determinar a tensão de cisalhamento máxima:

𝑉𝑔 𝑄
𝜏𝑔𝑐 = (47)
𝐼𝑥𝑥 𝑡
𝜏𝑔𝑐 = Tensão⁡de⁡cisalhamento⁡máxima⁡de⁡vido⁡ao⁡peso⁡próprio⁡da⁡cabeceira
3,41 ∙ 103 ⁡N ∙ 129,41 ∙ 104 ⁡mm3
𝜏𝑔𝑐 = ⁡⁡ = ⁡⁡0,28⁡MPa
3,13⁡ ∙ 108 ⁡mm4 ⁡ ∙ ⁡⁡2⁡ ∙ 25,4⁡mm
𝜏𝑔𝑐 = 0,28⁡MPa
𝑡 = 2 × espessura = 2𝑒 = ⁡2 ∙ 25,4⁡mm

6.7.2 DETERMINAÇÃO DA SOLICITAÇÃO DEVIDO À CARGA


CONCENTRADA

Esta análise considerará o peso concentrado nos postos de engaste das vigas principais
nas vigas de cabeceira. Portanto, é preciso conhecer as cargas que estão incidindo nas
cabeceiras. As cargas consistem no somatório do peso das vigas, somando o peso do trolley, da
carga, da empilhadeira e dos demais mecanismos e componentes, considera-se um total de 50
kN dividido para 2 vigas e, então tem-se 25 kN distribuídos entre 4 pontos de apoio das
cabeceiras.
54

Figura 29 – Peso da ponte rolante sob viga de cabeceira.

Fonte: Produzido pelos Autores.

𝑉𝑙𝑐 = 56,94⁡kN⁡
𝑀𝑙𝑐 = 49,72⁡kNm

Portanto, agora é possível determinar a solicitação devido às cargas que incidem sobre a
ponte rolante (peso do trolley, peso da empilhadeira, etc).

𝑀𝑙𝑐 (48)
𝑆𝑙𝑐 =
𝑊𝑥−𝑥
𝑆𝑙𝑐 = Solicitação⁡máxima⁡devido⁡às⁡cargas⁡concentradas⁡na⁡cabeceira.
49,72⁡kNm 4,92 ∙ 107 ⁡Nmm
𝑆𝑙𝑐 = ⁡⁡ = ⁡⁡ ⁡⁡⁡⁡ = ⁡⁡⁡0,2380 ∙ 102 N⁄mm2
2.089⁡ ∙ 103 ⁡mm3 2,09 ∙ 106 ⁡mm3
𝑆𝑙𝑐 = ⁡23,80⁡MPa

E então determinar a tensão de cisalhamento máxima:

𝑉𝑙𝑐 𝑄 (49)
𝜏𝑙𝑐 =
𝐼𝑥𝑥 𝑡
𝜏𝑙𝑐 = Tensão⁡de⁡cisalhamento⁡máxima⁡devido⁡à⁡carga⁡concentrada⁡na⁡viga⁡principal
49,22 ∙ 103 ⁡N ∙ 129,41 ∙ 104 ⁡mm3
𝜏𝑙𝑐 = 8 4
⁡⁡ = ⁡⁡4,05⁡N/mm2
3,13 ∙ 10 ⁡mm ⁡ ∙ ⁡⁡2⁡ ∙ 25,4⁡mm
𝜏𝑙𝑐 = 4,05⁡MPa
55

6.7.3 VERIFICAÇÕES

Conforme apresentado na Seção 6.4 deste trabalho, as tensões e deformações calculadas


devem ser tais que não sejam superiores às tensões e deformações admissíveis (Equações
Portanto, o critério é considerado APROVADO quando abaixo dos limites admissíveis. Exato
conforme realiza-se para as vigas principais.

6.7.3.1 TENSÕES LIMITE DE ESCOAMENTO

De acordo com a norma NBR8400, para os elementos solicitados à tração (ou


compressão) simples, a tensão de tração (compressão) calculada não deve ser superior a tensão
admissível 𝜎𝑎 .
Portanto, as verificações para este caso se seguem abaixo:

e) As tensões verticais:
- Tensão devido ao próprio peso: 𝑆𝑔𝑐 = 1,44⁡MPa < 166⁡MPa → APROVADO.
- Tensão devido a carga concentrada: 𝑆𝑙𝑐 = 23,80⁡MPa < 166⁡MPa → APROVADO.
- Tensão a que a estrutura é submetida na subida da carga: 𝑆𝑔𝑐 + 𝜓𝑆𝑙𝑐 < 166⁡MPa
Para este último caso, tem-se que:
𝑆𝑔𝑐 + 𝜓𝑆𝑙𝑐 = 1,44⁡MPa + 1,15 ∙ 23,80⁡MPa = 28,82⁡MPa < 166⁡MPa →⁡APROVADO.

f) O esforço de cisalhamento 𝜏𝑥𝑦 :


- Cisalhamento devido ao próprio peso: 𝜏𝑔𝑐 = 0,28⁡MPa < 96⁡MPa → APROVADO.
- Cisalhamento devido a carga concentrada: 𝜏𝑙𝑐 = 4,05⁡MPa < 96⁡MPa →
APROVADO.
- Soma de todas as tensões cisalhantes: 𝜏𝑥𝑦𝑐 = 4,33⁡MPa < 96⁡MPa → APROVADO.

g) Tensão de comparação 𝜎𝑒𝑞 ≤ 𝜎𝑎 .

2
𝜎𝑒𝑞 = Mx √(𝑆𝑔𝑐 + 𝜓𝑆𝑙𝑐 + 𝑆ℎ𝑐 ) + 3𝜏𝑥𝑦
2 (50)
𝑐

𝜎𝑒𝑞 = 1,06√(28,82⁡MPa)2 − 3 ∙ 4,332 ⁡MPa ≤ 166⁡Mpa


𝜎𝑒𝑞 = 29,50⁡MPa ≤ 166⁡MPa → APROVADO.
56

Portanto, conforme visto acima, a cabeceira foi APROVADA, significando que a


mesma foi adequadamente dimensionada e está habilitada a suportar as tensões necessárias.

6.7.3.2 FLAMBAGEM LOCALIZADA

Assim como foi feito para a flambagem localizada nas vigas principais, repetem-se os
mesmos cálculos nas cabeceiras para averiguar a flambagem localizada neste componente da
Ponte Rolante Empilhadeira.

(𝜋 2 𝐸) 𝑒 2 (51)
𝜎𝑅𝐸 = ⁡( )
12(1 − 𝜂2 ) 𝑏
𝐸 = Módulo⁡de⁡Elasticidade⁡|⁡𝜂 = Coeficiente⁡de⁡Poisson⁡|⁡𝑒 = Espessura⁡da⁡Chapa⁡|⁡
𝑏 = Dimensão⁡do⁡vão⁡no⁡sentido⁡perpendicular⁡aos⁡esforços⁡de⁡compressão

𝜋 2 ∙ 200⁡GPa 25,4⁡mm 2
𝜎𝑅𝐸 = ( ) = 1,752⁡GPa = 1.752,00⁡MPa
12(1 − 0,302 ) 258⁡mm

Utilizando-se das tensões de compressão e tração incidentes na parte superior e inferior,


respectivamente:

𝜎𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 = 𝑆𝑔𝑐 + 𝜓𝑆𝑙𝑐 + 𝑆ℎ𝑐 = −28,82⁡MPa (52)


𝜎𝑡𝑟𝑎çã𝑜 = 𝑆𝑔𝑐 + 𝜓𝑆𝑙𝑐 + 𝑆ℎ𝑐 = +28,82⁡MPa (53)
𝜏 = 𝜏𝑔𝑐 + 𝜏𝑙𝑐 + 𝜏ℎ𝑐 = 4,33⁡MPa (54)

Aplicando os valores obtidos para as tensões de compressão e tração, obtém-se as


relações:

a) Relação para 𝜃:
𝜎𝑡𝑟𝑎çã𝑜
𝜃= (55)
𝜎𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜
28,82
𝜃= = −1
−28,82
b) Relação para 𝛼:
𝑎
𝛼= (56)
𝑏
57

𝑎 = Altura⁡da⁡viga
300⁡mm
α= = 1,1628
258⁡mm

Conforme foi determinado antes, tem-se para este mesmo caso a flexão pura, com 𝜃 <
−1, caso 3; e cisalhamento puro, 5.
Logo, a tensão de referência de Euler será multiplicada pelos coeficientes de
flambagem localizada, 𝐾𝜎 e 𝐾𝜏 , determinados abaixo:

𝐾𝜎 = 23,9
4 4 (57)
𝐾𝜏 = 5,34 + 2
⁡⁡ → ⁡⁡⁡⁡ 𝐾𝑡 = 5,34 + = 8,2984 → ⁡⁡⁡ 𝐾𝑡 = 8,30
𝛼 (1,1628)2

𝑉
Agora é possível determinar as tensões críticas de flambagem 𝜎𝑐𝑟 e para casos de
𝑉
cisalhamento 𝜏𝑐𝑟 , conforme os valores obtidos acima:

c) Tensão crítica:
𝑉
𝜎𝑐𝑟 = 𝐾𝜎 ∙ 𝜎𝑅𝐸 ≥ 𝜎𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 (58)
𝑉
𝜎𝑐𝑟 = 23,9 ∙ 1.752⁡MPa = 41.872⁡MPa ≥ 28,82⁡MPa

d) Cisalhamento crítico:
𝑉
𝜏𝑐𝑟 = 𝐾𝜏 ∙ 𝜎𝑅𝐸 ≥ ∑𝜏 (59)
𝑉
𝜏𝑐𝑟 = 8,30 ∙ 1.752⁡MPa = 14.541,60⁡MPa ≥ 4,33⁡MPa

Determina-se então a tensão crítica de comparação, pela Equação 42, vista anteriormente.

𝑉
√28,822 + 3 ∙ 4,332
𝜎𝑐𝑟,𝐶 = = 39.709,80⁡MPa
2 2
1 + (−1) 28,82 √ 3 − (−1) 28,82 4,33
∙ 41.872 + ( ∙ 41.872) + ( ) ⁡
4 4 14.541,60

Para determinação das tensões admissíveis, divide-se as tensões críticas de flambagem


encontradas pelo coeficiente determinado pela Tabela 21, que foi determinado como sendo
𝐶. 𝑆𝑓𝑙𝑎𝑚 = 1,35. Considerando novamente o Caso 1 para as cabeceiras.
58

Nos casos de compressão e cisalhamento combinados, a tensão crítica de comparação


𝑉
𝜎𝑐𝑟,𝐶 ⁡ deve ser comparada à tensão de comparação calculada conforme indicado abaixo:

(60)
𝜎𝑐𝑝 = √28,822 + 3(4,33)2 = 29,78⁡MPa

A partir do coeficiente de segurança calculado, a tensão admissível de flambagem 𝜎𝑎𝑑𝑚


𝑉
é finalmente determinada a partir de 𝜎𝑐𝑟,𝐶 :

39.598,17⁡MPa (61)
𝜎𝑎𝑑𝑚 = = 29.415⁡MPa
1,35
Como 29,78 MPa < 29,41 GPa, tem-se que a viga está APROVADA neste critério.

6.7.3.3 CONTRA FLECHA

A norma NBR 8400 afirma que as vigas principais deverão ser projetadas considerando
uma contra flecha de valor igual à deflexão causada pelo peso próprio do carro e mais 50% da
soma do peso próprio do carro e da carga máxima. Este requisito fica a critério do fabricante,
caso o valor da contra flecha calculado seja inferior a 5 mm, ou L/2000, o que for maior. Neste
caso, para 𝐿 = 3.956,40 mm, 𝐿⁄2000 = 1,98⁡mm,⁡logo, 𝛿 < 5 mm.
A contra flecha foi um dos critérios bases para o dimensionamento desta viga-caixão e,
portanto, verifica-se abaixo novamente, agora com os valores já conhecidos:

5 ∙ 𝑃𝑐1 ∙ 𝐿3
𝛿𝑔𝑐 = (62)
384 ∙ 𝐸 ∙ 𝐼
𝛿𝑔𝑐 = Flecha⁡devido⁡ao⁡peso⁡próprio⁡da⁡cabeceira⁡(𝑃𝑐1 )
5 ∙ ⁡7,85⁡kN ∙ 3.956,403 ⁡mm3
𝛿𝑔𝑐 = = 0,10⁡mm
384 ∙ 200⁡GPa ∙ 3,13 ∙ 108 ⁡mm4

𝑃2 ∙ 𝐿3 (63)
𝛿𝑙 =
48 ∙ 𝐸 ∙ 𝐼
𝛿𝑙 = Flecha⁡devido⁡ao⁡peso⁡da⁡carga⁡e⁡do⁡trolley⁡(𝑃2 )
113,88⁡kN ∙ 3.956,403 ⁡mm³
𝛿𝑙 = = 2,34⁡mm
48 ∙ 200⁡GPa ∙ 3,13 ∙ 108 ⁡mm4

(64)
59

𝛿 = 𝛿𝑔 + 𝛿𝑙 = 2,44⁡mm

Portanto, não há necessidade de contraflecha, visto que 2,44⁡mm < 5⁡mm, então, a
viga está APROVADA pelo critério da deflexão.

6.7.4 ANÁLISE NUMÉRICA COMPUTACIONAL NAS CABECEIRAS.

Novamente, foram feitas análises da estrutura, através dos recursos de Elementos Finitos
do software SolidWorks Simulation. As vigas foram modeladas a partir dos perfis acima, e
submetidas aos mesmos esforços e condições de contorno considerados no cálculo analítico.
Importante notar que, os modelos analisados numericamente são “corpos de prova”, que
representam uma versão simplificada do modelo verdadeiro, mas que preservam todas as suas
características estruturais e físicas.
A Figura 30 mostra a distribuição das tensões ao longo da cabeceira, para uma análise
considerando apenas o peso próprio da viga. Conforme esperado, o peso próprio da viga não
tem grande impacto na estrutura e o resultado nos permite enxergar que o centro da viga, que
representa o ponto mais crítico, é submetido a uma tensão entre 1,29 MPa e 0,65 MPa,
correspondente à faixa azul clara, resultando em uma deformação de apenas 0,0023 mm
conforme visto na escala 10.000:1 na Figura 31.

Figura 30 – Tensão de von Mises atuantes nas cabeceiras.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.


60

Figura 31 – Distribuição dos deslocamentos ao longo da cabeceira.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.

Na sequência, foi verificado o comportamento das tensões e da deformação quando


consideradas as mesmas condições de contorno do cálculo analítico, para comparação. As
cargas aplicadas em cada apoio foram de 56.370 N. Importante compreender que: as setas
verdes representam os pontos de fixação; a seta grande e vermelha indica a direção da gravidade
a 9,81 m/s²; e as setas roxas/rosas indicam as cargas externas aplicadas no modelo. Estas setas
são do próprio SolidWorks Simulation (2020) e representam as condições de contorno adotadas
em cada análise. Os resultados obtidos podem ser observados nas Figuras 32 e 33.

Figura 32 – Tensão de von Mises atuantes nas cabeceiras considerando as cargas.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.


61

Figura 33 – Distribuição dos deslocamentos ao longo da cabeceira considerando as cargas.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.

Uma análise numérica mais fiel a realidade consiste na aplicação do peso das vigas
principais, da capacidade de carga máxima e do peso do trolley sobre a cabeceira. Para isso, foi
necessário dimensionar os parafusos adequados para união entre a cabeceira e as vigas
principais, de modo que fosse possível determinar a relação entre elas. É o que será apresentado
na Seção 6.8 adiante.

6.8 MONTAGEM DA ESTRUTURA DA PONTE ROLANTE EMPILHADEIRA

Para estudo e análise numérica do conjunto formado entre vigas principais e cabeceiras,
foi vital a determinação dos estojos que deverão conectar ambas as partes. A cabeceira
desenvolvida inspirada em um modelo comercial teve seus padrões de parafusos alterados para
atender adequadamente a este projeto. As soldas necessárias foram brevemente analisadas.

6.8.1 SOLDAGEM DAS VIGAS PRINCIPAIS

Como não se optou por utilizar vigas pré-fabricadas, é fundamental avaliar-se quais as
soldas devem ser aplicadas nas vigas dimensionadas. Neste trabalho é feita uma breve
abordagem sobre as soldas utilizadas para fabricação das vigas dimensionadas.
62

Para o aço ASTM A36 que compõe toda a estrutura, utilizam-se eletrodos E60 e E70, do
tipo comum ou baixo hidrogênio. Estes tipos de eletrodos possuem valores elevados de
resistência a ruptura, optou-se pela utilização do E60 devido à resistência a ruptura de 415 MPa,
segundo PFEIL, (1995).

A norma 8400 aponta que, para as vigas dimensionada neste projeto, a classificação é a
𝐾0 , que corresponde aos de elementos com pouco risco de ruptura, conforme Tabela 23:

Tabela 23 – Elementos Soldados – Caso 𝐾0 – Pouco risco de ruptura


Referência Definição Figura

Solda em K ou solda em ângulo (Q.C.) entre a aba e


0,33 a alma de viga calculada para tensão de comparação
em caso de esforços combinados.

Fonte: NBR 8400 (extração da pág. 91).

Dentre os biseis padrões da indústria, optou-se pelo ângulo de 37,5° ± 3° com uma
abertura de raiz com 3 mm e tamanho de 3 mm. O formato característico para solda desta viga
é o “meio V”, conforme Figura 34. A solda se classifica como Qualidade Comum (Q.C.).

Figura 34 – Representação do bisel e suas medidas.

Fonte: Produzido pelos Autores.

A montagem da viga caixão consistirá na solda da base horizontal com a chapa vertical,
sendo a segunda possuinte do bisel. A distância da extremidade lateral da base até a região de
solda é de 50 mm (𝑟1). Opta-se pelo uso de polaridade inversa, pois tem maior taxa de deposição
e menor penetração, uma vez que existe acesso pelos dois lados da viga para solda. Desta forma
serão montadas 2 peças que serão soldadas entre si, no formato da viga-caixão final.
63

Nesta montagem final, das duas peças, será necessário alterar a corrente contínua de
inversa para direta. Deste modo, aumenta-se a taxa de penetração, uma vez que não tem-se mais
acesso ao lado interno da viga. Os procedimentos de soldagem adotados são baseados na norma
AWS-1.

6.8.1.1 CÁLCULO DO CORDÃO DE SOLDA

Para realização da solda é necessário estabelecer as dimensões do cordão de solda (ou


“perna de solda”) que garantirão a resistência aos esforços realizados sobre a ponte rolante
empilhadeira. A Equação 65 abaixo é o método apresentado pela norma NBR 8400 para
verificação da eficácia do cordão de solda dimensionado. Definimos de maneira arbitrária que
a largura da aba (𝑟𝑎𝑏𝑎 ) terá 2 mm para a solda.

𝑏𝑏 = (𝑒 − 2 ∙ 𝑟𝑎𝑏𝑎 )(tan 𝜃𝑏𝑖𝑠𝑒𝑙 ) (65)

𝑏𝑏 = ⁡Largura⁡do⁡filete⁡de⁡solda⁡⁡|⁡⁡𝑒 = Espessura⁡da⁡chapa⁡(𝑒1 )⁡⁡


𝑟𝑎𝑏𝑎 = Largura⁡da⁡aba⁡⁡⁡⁡|⁡⁡⁡𝜃𝑏𝑖𝑠𝑒𝑙 = Ângulo⁡do⁡bisel

𝑏𝑏 = (15,88⁡mm − 2 ∙ 2⁡mm) ∙ (tan 37,5°) = 9,12⁡mm

Isto significa dizer que 𝑟1 da viga-caixão (ver 6.5) deve ter, pelo menos, 9,12 mm.

Nesta próxima etapa, deve-se determinar o fator R que servirá para determinação do valor
da tensão que a solda resistirá. Como vimos nos Itens 6.6.1.1 e 6.6.1.2, a tensão máxima devido
ao peso próprio é de 𝑆𝑔 = 17,45 MPa e devido a carga máxima é de 𝑆𝑙 = 9,82 MPa. Portanto,
as soldas devem resistir a tensão mínima 𝜎𝑚í𝑛 e máxima 𝜎𝑚á𝑥 de:

𝜎𝑚í𝑛 = 𝑀𝑥 ∙ 𝑆𝑔 (66)

𝜎𝑚í𝑛 = 1,06 ∙ 17,45⁡MPa = 18,50⁡MPa

(67)
𝜎𝑚á𝑥 = 𝑀𝑥 (𝑆𝑔 + 𝜓 ∙ 𝑆𝑙 )
𝜎𝑚á𝑥 = 1,06 ∙ (17,45⁡MPa + 1,15 ∙ 9,82⁡MPa) = 28,74⁡MPa

𝜎𝑚í𝑛
𝑅= (68)
𝜎𝑚á𝑥
18,50⁡MPa
𝑅= = 0,6437
28,74⁡MPa
64

Com o valor de R, consulta-se o gráfico da Figura 35 para determinar a tensão de solda.


Notar que no gráfico a tensão é dada em “daN/mm²” que equivale a conversão 1⁡daN⁄mm2 =
10⁡N⁄mm2 = 10⁡MPa.

Figura 35 – Gráfico do Grupo 4 para análise da solda segundo fatores R × K.

Fonte: NBR 8400

Logo, a tensão de solda será dada por 𝜎𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 = 175⁡MPa e, portanto, é suficiente para
suportar a maior tensão exercida sobre a viga principal (𝜎𝑚á𝑥 =28,74 MPa). Isso é constatado
através do coeficiente de segurança, dado pela Equação 69. Como 𝐶𝑆𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 > 1 a solda
dimensionada foi APROVADA.

𝜎𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 (69)
𝐶𝑆𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 =
𝜎𝑚á𝑥

175⁡MPa
𝐶𝑆𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 = = 6,089 → APROVADA.⁡
28,74⁡MPa

6.8.2 SOLDAGEM DAS VIGAS DE CABECEIRA

A mesma abordagem e premissas que foram consideradas na Seção 6.8.1 serão adotadas
para solda das vigas-caixão das cabeceiras. Portanto, para não haver redundância, parte-se
diretamente para o cálculo do cordão de solda.
65

Da mesma forma como em 6.8.1.1, apenas repete-se os cálculos, agora adotando as


dimensões para a viga de cabeceira e, portanto, obteve-se:

A partir da Equação 65: 𝑏𝑏 = (25,4⁡mm − 2 ∙ 4⁡mm)(tan 37,5°) = 13,35⁡mm

A partir da Equação 66: 𝜎𝑚í𝑛 = 1,06 ∙ 1,44⁡MPa = 1,52⁡MPa

A partir da Equação 67: 𝜎𝑚á𝑥 = 1,06 ∙ (1,44⁡MPa + 1,15 ∙ 23,80⁡MPa) ⁡ = 30⁡MPa

A partir da Equação 68: 𝑅 = 1,52 MPa⁄30⁡MPa = 0,051⁡MPa

Pelo gráfico da Figura 35, tem-se que: 𝜎𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 = 175⁡MPa.

Portanto, concluímos que, de forma equivalente que a solda está aprovada, visto que:

𝐶𝑆𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 = 175 MPa⁄30⁡MPa = 5,83 → APROVADA. (70)

6.8.3 ENSAIOS NÃO DESTRUTÍVEIS

Não é o objetivo deste trabalho abordar de forma aprofundada os ensaios não destrutíveis
a serem aplicados. Como breve citação, devido à relevância para a fabricação das vigas
soldadas, o processo de soldagem, após finalizado, deve ser verificado através de ensaios como
Líquido Penetrante e Ultrassom. Estes ensaios, quando executados pelo procedimento correto,
permitirão identificar defeitos como trincas, vazios e outros.

6.8.4 JUNTAS PARAFUSADAS

A opção de utilizar-se de juntas parafusadas na construção da estrutura deriva da


necessidade logística de transportar o equipamento de grandes dimensões até o local onde será
instalado. Foi avaliado que o equipamento deve ser transportado por partes e não inteiriço,
portanto, optou-se por atribuir juntas parafusadas entre as vigas principais e as cabeceiras.

O dimensionamento das junções montadas com parafusos de alta resistência, de acordo


com a norma NBR 8400, considera a solicitação dos seguintes esforços:

a) Forças paralelas aos planos de junção (𝐹𝑝 ) – tendem a fazer deslizar as peças em
contato. Identificadas pela Equação 71:
66

𝜇 ∙ 𝑇𝑝
𝐹𝑝𝑎 = ∙ 𝑛𝑎𝑡 (71)
𝐹𝑆𝑝

O esforço limite admissível (𝐹𝑝𝑎 ) é calculado através do esforço de tração (𝑇𝑝 )


exercido sobre o parafuso após o aperto, multiplicado pelo coeficiente de atrito entre as
superfícies de contato (aço/aço, 𝜇𝑎𝑡 = 0,3), sobre o coeficiente de segurança estabelecido pela
norma NBR 8400 como sendo 𝐹𝑆𝑝 = 1,5 (vide Tabela 24), para o Caso 1, e multiplicado pelo
número de planos de atrito (𝑛𝑎𝑡 ).

Tabela 24 – Coeficientes de Segurança, 𝐹𝑆𝑝

Caso de Solicitação Caso 1 Caso 2 Caso 3

𝐹𝑆𝑝 1,5 1,33 1,1

Fonte: NBR 8400.

b) Forças perpendiculares ao plano de junção (𝑁𝑎 ) – tendem a realizar a descompressão


das peças de contato. Identificadas pela Equação 72:

𝑇𝑝
𝑁𝑎 = (72)
𝐹𝑆𝑁

O esforço limite admissível (𝑁𝑎 ) será definido pela divisão entre o esforço de tração
(𝑇𝑝 ) exercido sobre o parafuso após o aperto e o coeficiente de segurança (𝐹𝑆𝑁 ), dado pela
Tabela 25.
Tabela 25 – Coeficientes de Segurança, 𝐹𝑆𝑁

Caso de Solicitação Caso 1 Caso 2 Caso 3

𝐹𝑆𝑁 1,65 1,45 1,1

Fonte: NBR 8400.

c) Combinações das forças indicadas em a) e b) – deve ser avaliada em dois critérios:


1. A soma dos esforços de tração devido à solicitação N no parafuso mais tensionado
deve ser inferior ao esforço de tração admissível definido por 𝐹𝑝 (Item a).
2. O esforço médio transmitido por atrito deve permanecer inferior ao valor obtido
pela Equação 73:

(73)
67

𝜇(𝑇𝑝 − 𝑁)
𝐹𝑝𝑎 = ∙ 𝑛𝑎𝑡
𝐹𝑆𝑝

6.8.4.1 UNIÃO DAS VIGAS PRINCIPAIS E CABECEIRAS

Para o cálculo analítico dos esforços atuantes nas juntas parafusadas, deve-se
compreender que as tensões que atuarão sobre a união parafusada serão dadas pelo Item b da
Seção 6.8.4, pois as vigas principais estão apoiadas sobre a viga de cabeceira, como pode ser
visto na Figura 36, portanto as forças são perpendiculares ao ponto de junção. Assim define-se
que seriam necessários 6 parafusos para cada ponto de fixação. Para cada viga principal, têm-
se 2 pontos de fixação, um em cada extremidade, um em cada cabeceira.

Figura 36 – Montagem entre viga cabeceira e vigas principais.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks.

A análise foi feita, portanto, através da Equação 72, e obteve-se:

Carga⁡Máxima + Trolley
Peso⁡da⁡Viga⁡Principal + (74)
𝑁𝑗𝑢𝑛𝑡𝑎 = 2
Quantidade⁡de⁡Apoios

88,88⁡kN + 25⁡kN
𝑁𝑗𝑢𝑛𝑡𝑎 = = 56,94⁡kN
2

𝑁𝑗𝑢𝑛𝑡𝑎
𝑁 = 𝑁𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜𝑠 = (75)
Quantidade⁡de⁡Parafusos

56,94⁡kN
𝑁𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜𝑠 = = 9,49⁡kN⁡
6

Determina-se, portanto, o parafuso mínimo considerando que 𝑁𝑎 = 𝑁𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜𝑠 ,


novamente pela Equação 72, mas agora será posto o esforço de tração (𝑇𝑝 ) em evidência; este
68

esforço que configurará a tensão mínima necessária a ser aplicada no parafuso para suportar as
solicitações da ponte rolante empilhadeira:

𝑇𝑝 = 𝑁𝑎 ∙ 𝐹𝑆𝑁 (76)
𝑇𝑝 = 9,49⁡kN ∙ 1,65 = 15,66⁡kN

A norma NBR 8400 estabelece que a tensão admissível em parafusos de alta resistência:

𝜎𝑎 = 0,7𝜎𝑒 (77)

De acordo com o projeto e as restrições de montagem, determina-se que o parafuso


utilizado seria o M30. Portanto, para determinar o material adequado para este parafuso,
verifica-se pela Equação 78 a tensão máxima admissível para uma seção resistente nominal
dada pela área da seção transversal de 𝐴𝑡 = 561⁡mm2 .

𝑇𝑝 (78)
𝐴𝑡 = ⁡⁡ ∴ ⁡⁡ 𝑆𝑝 = 𝜎𝑎 = 0,7𝜎𝑒
𝑆𝑝

15.660⁡N
𝜎𝑒 𝑚í𝑛 = = 38,88⁡MPa
0,7 ∙ 561⁡mm2

Portanto,

𝜎𝑎 𝑚í𝑛 = 27,22⁡MPa

A partir dos valores obtidos para 𝜎𝑒𝑚í𝑛 e 𝜎𝑎𝑚í𝑛 estabelece-se que o material mais
adequado para este caso é o ISO 3.6 com 𝜎𝑟 = 300⁡MPa, 𝜎𝑒 = 180⁡MPa e, logo, 𝜎𝑎 =
126⁡MPa.

6.8.4.2 SIMULAÇÃO - ANÁLISE COMPUTACIONAL DAS JUNTAS PARAFUSADAS

A partir do software SolidWorks Simulation e a ToolBox (ferramenta inteligente de


análise de conexões do software), foi possível dimensionar os parafusos que melhor se
adequavam ao projeto, segundo análise numérica, foram determinados: 6 parafusos M30 com
carga axial de 16 kN.
69

Figura 37 – Montagem entre viga cabeceira (modelo como “corpo de prova”) e vigas principais.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.

Figura 38 – Carga aplicada e dimensões dos parafusos de suporte das vigas principais.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.

Figura 39 – Distribuição das tensões sobre os parafusos.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.


70

A partir da análise da Figura 36 é possível determinar que faixa de tensões incidentes


sobre os estojos é majoritariamente entre 0,020 MPa e 29,714 MPa e, portanto, está próxima a
tensão mínima de escoamento definida na Seção 6.8.4.1 de 𝜎𝑒 = 38,88⁡MPa. Portanto, os
parafusos M30 com material ISO 3.6 selecionados, que permitem uma tensão admissível de até
126⁡MPa, estão adequados ao projeto e foram devidamente APROVADOS.

As tensões que tangem 98,87 MPa na análise numérica são decorrentes de pontos de
concentração de tensões que surgem em virtude da simplificação do objeto de estudo em um
formato de “corpo de prova”. O modelo possui cantos vivos que não existem na realidade, pois
estas perpendicularidades, no objeto, seriam atenuadas por um raio de adoçamento. Uma análise
mais refinada seria considerando os raios de adoçamento entre as superfícies perpendiculares
ou considerando a aplicação de uma malha menor. Entretanto, ainda que alta a tensão
encontrada, ela é abaixo da tensão máxima admissível e, portanto, não representa um risco para
o projeto.

6.8.5 RESULTADOS COMPUTACIONAIS DA MONTAGEM DA ESTRUTURA

Esta Seção é exclusivamente para mostrar os resultados das análises numéricas sobre a
montagem final de ambas as vigas principais com as cabeceiras projetadas. Importante notar as
escalas adotadas para cada uma das imagens.

Figura 40 – Detalhes da malha feita na simulação do SolidWorks Simulation.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.


71

Figura 41 – Distribuição das tensões sobre o sistema montado.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.

Figura 42 – Distribuição das deformações sobre o sistema montado.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.


72

Figura 43 – Distribuição das deformações sobre o sistema montado – resultado deformado 200:1.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.


73

6.9 DETERMINAÇÃO DAS VIGAS DE ROLAMENTO E SUPORTES

As vigas de rolamento serão estruturas de concreto armado engastadas nas paredes do


próprio galpão, deste modo, o trilho de rolamento da ponte rolante ficará sobre esta estrutura.
O projeto detalhado desta estrutura não pertence ao escopo deste trabalho, ficando a cargo de
um Engenheiro Civil a definição das adaptações necessárias ao galpão para suporte do
equipamento, uma vez que, deverão ser considerados reforços nas paredes para garantir que o
equipamento fique estável e estas não cedam devido ao peso da ponte rolante.
74

7 DETERMINAÇÃO DA EMPILHADEIRA

A empilhadeira é o componente fundamental para efetivamente transportar um objeto do


ponto A para o ponto B dentro do armazém. Neste trabalho é abordada a seleção dos garfos e
pré-dimensionamento da torre da empilhadeira, bem como, avaliando através de simulação se
os modelos comerciais atendem de forma plena ao projeto.
Manteve-se o mesmo material já especificado para as vigas principais e cabeceiras na
Seção 6.3.1 – Tabela 18, o aço A-36 poderá ser aplicado para a fabricação das vigas que
compõem a torre da empilhadeira, para dar a sustentação a mesma. Por outro lado, os garfos
selecionados através de modelos comerciais são forjados em aço liga com Manganês e Titânio,
conforme especificado no site da empresa SAUER Equipamentos S.A.

7.1 PRINCIPAIS COMPONENTES DA EMPILHADEIRA

A compreensão do funcionamento da empilhadeira depende primariamente do


conhecimento dos mecanismos que a compõe, portanto, abaixo foram listados os principais
mecanismos que compõem uma empilhadeira convencional:

1. Polia.
2. Torre de Elevação.
3. Corrente / Cabo de elevação.
4. Alavanca de Controle.
5. Sistema Hidráulico.
6. Plataforma de Carregamento.
7. Garfos / Forquilha.

Neste trabalho foca-se na seleção e pré-dimensionamento dos Garfos e da Torre de


Elevação. Os demais componentes não foram aprofundados, e poderão ser melhor abordados e
especificados em trabalhos futuros na área de Mecânica dos Sólidos ou Eletrotécnica.
75

Figura 44 – Componentes de uma empilhadeira convencional.

1 2

7
4
6

Fonte: <https://www.mfrural.com.br/detalhe/267060/ponte-rolante-capacidade-de-5-toneladas-schwanke/>,
adaptado pelos autores (2022).

7.2 SELEÇÃO DOS GARFOS DA EMPILHADEIRA

Como visto no escopo do projeto, os garfos deverão ser tão longos quanto necessário para
transportar paletes com comprimento de até 1.000 mm e largura de 1.200 mm. As empilhadeiras
comerciais, utilizadas para estes mesmos fins, sugerem o projeto de pares de garfos de garra
com comprimentos entre 1.067 e 2.438 mm, conforme Tabela 26. Os garfos de garra são o tipo
de garfos mais comum para equipamentos de até 7 toneladas. A Figura 45 permite-nos ver as
principais partes que compõem os garfos deste tipo para uma empilhadeira. A seleção dos
garfos depende principalmente da carga a ser transportada e, portanto, deverão estar aptos a
suportar, pelo menos, a carga de projeto de 20 kN.

Tabela 26 – Medidas dos Garfos Comerciais para 2.500 kg.


Medidas
Classe de Altura do Porta Garfos Capacidade
(Largura x Espessura x Comprimento)
Montagem
pol mm kg pol mm
2 16" 407 2.500 4" × 1 1/2" × 42" 100 × 40 × 1.067
2 16" 407 2.500 4" × 1 1/2" × 48" 100 × 40 × 1.219
2 16" 407 2.500 4" × 1 1/2" × 54" 100 × 40 × 1.372
2 16" 407 2.500 4" × 1 1/2" × 60" 100 × 40 × 1.524
2 16" 407 2.500 4" × 1 3/4" × 72" 100 × 40 × 1.829
2 16" 407 2.500 4" × 1 3/4" × 84" 100 × 40 × 2.134
2 16" 407 2.500 4" × 1 3/4" × 96" 100 × 40 × 2.438
Fonte: <http://liftcom.com.br>, adaptado pelos autores (2022).
76

Figura 45 – Partes do Garfo da Empilhadeira

Fonte: <https://www.liftcom.com.br/post/garfos-de-empilhadeiras>, (2022).

7.2.1 DEFINIÇÃO DAS MEDIDAS DOS GARFOS DA EMPILHADEIRA

Os garfos da empilhadeira devem ser selecionados de forma que cada garfo consiga
suportar uma fração igual da carga máxima de projeto (20 kN) do equipamento. A empilhadeira
deste projeto possui apenas 2 garfos e, portanto, cada um individualmente deve conseguir
suportar, pelo menos, 10 kN de carga em seu centro de massa. Entretanto, não é intuitivo definir
onde está o centro de massa dos garfos da empilhadeira, uma vez que, os garfos de
empilhadeiras tradicionais são projetados com um chanfro para facilitar o acesso às cargas e
servir de alívio de massa. Portanto, o centro de massa do garfo da empilhadeira é levemente
deslocado em direção a plataforma de carregamento da empilhadeira, como na Figura 46.

Figura 46 – Representação ilustrativa das cargas sobre o garfo da empilhadeira.

100% 90% 80%

𝐿𝑔𝑎𝑟𝑓𝑜
Fonte: Produzido pelos Autores.

A partir desta premissa, foi estipulado que o centro de massa da carga máxima de 20 kN
deverá ficar entre 500 mm e 600 mm da plataforma de carregamento do garfo, a depender da
posição do palete sobre a empilhadeira, pois corresponde ao ponto médio de cada lateral do
palete de 1.000 mm × 1.200 mm, respectivamente. Portanto, como a distância de 600 mm
configura-se mais crítica, devido aos esforços de flexão, o garfo deverá possuir um
77

comprimento de, pelo menos, 2 vezes 600 mm. Adota-se, portanto, um garfo com 1.372 mm de
comprimento, conforme catálogo da fabricante, representado na Tabela 26. Nota-se que a carga
mínima do catálogo da fabricante (2,5 ton) é superior ao peso máximo suportado para esta ponte
rolante empilhadeira (2 ton), logo, é necessário verificar se estas dimensões podem ser
melhoradas para a carga deste projeto, a fim de reduzir os custos com o material de fabricação
dos garfos.

Figura 47 – Objetos de teste e simulação da empilhadeira com carga de 2 toneladas sobre palete.

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software SolidWorks.

7.2.2 SIMULAÇÃO DO GARFO DA EMPILHADEIRA

Como neste trabalho o objetivo é a seleção da empilhadeira mais adequada para a carga
máxima suportada (20 kN), optou-se pela simulação computacional através do software
SolidWorks Simulation dos esforços aplicados ao garfo selecionado na Seção 7.2.1, no intuito
de verificar se as medidas adotadas são de fato aplicáveis e se poderiam ser otimizadas sem
perder a operacionalidade dos garfos.
A simulação abaixo, representada pela Figura 48, foi o teste para verificar se os garfos
selecionados suportam uma carga projetada com cerca de 2 toneladas disposta sobre um palete.
O centro de massa da carga está sobre 𝐿𝑔𝑎𝑟𝑓𝑜 = 600 mm. Esta simulação permite concluir que
a viga atende as expectativas do projeto. Para o material dos garfos na simulação utilizou-se
liga de aço com 𝜎𝑒 = 620⁡MPa.
78

Figura 48 – Simulação dos esforços nos garfos da empilhadeira quando submetida a carga nominal.

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software SolidWorks Simulation.

Figura 49 – Simulação das deformações reais nos garfos e resultado deformado (aumentado 10x).
79

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software SolidWorks Simulation.

Apesar das tensões máximas resultarem em cerca de 330 MPa, enquanto este valor seria
crítico para o aço A-36 com limite de escoamento de 250 MPa, para o aço liga as tensões
máximas resultantes são próximas da metade de seu limite de escoamento (620 MPa) e,
portanto, não sugerem um risco ao projeto. Por outro lado, as deformações são relativamente
altas, atingindo cerca de 6,196 mm no ponto mais crítico, a ponta do garfo. Entretanto, neste
caso não se aplica os critérios abordados na norma NBR 8400 ao longo deste trabalho, ficando
a cargo da norma ISO 2328 para dimensionamento de empilhadeiras. Como não é objetivo deste
trabalho aprofundar-se na norma ISO 2328, inferiu-se que os garfos, por estarem apresentados
em um catálogo comercial, este já respeite as normas vigentes e o componente seja
perfeitamente funcional para uma carga menor que a sua carga nominal (2,5 toneladas).
Optou-se assim por manter os garfos selecionados pelo catálogo comercial e não alterar
as suas medidas, pois não representariam um ganho efetivo no custo de fabricação da ponte
rolante como um todo e poderiam comprometer a eficiência do equipamento. Para todo fim,
este excesso de carga poderá ser visto como um fator de segurança ao projeto, uma redundância.
Visto pela Seção 4.3 – Tabela 9 que a empilhadeira será solicitada de forma recorrente para
transporte de cargas entre 1/3 e 2/3 da carga nominal, a redundância de suportar 500 kg acima
da carga nominal de 2 ton impactará na vida útil do equipamento (embora não deva haver, em
hipótese alguma, casos deste tipo de solicitação – acima de 2 toneladas – visto que os demais
componentes estruturais não foram projetados para esse excesso). Conclui-se, por fim, que, por
não comprometer a estrutura e nem a funcionalidade da ponte rolante empilhadeira, pode-se
seguir o projeto com os garfos selecionados comercialmente.
Entretanto, as verificações que competem à norma ISO 2328:1993, que rege o projeto dos
garfos de empilhadeiras, bem como da empilhadeira como um todo, devem ser levadas em
80

consideração para aprovar este componente. Como esta norma não será aprofundada neste
trabalho, estas verificações analíticas será deixada para os trabalhos futuros.

7.3 SELEÇÃO DA TORRE DA EMPILHADEIRA

A torre da empilhadeira projetada para este projeto deve possuir altura suficiente para
transportar a carga com altura máxima de 1,2 metros até o último andar dos porta-paletes
situado a 6,5 metros acima do chão. Assim, considerando que as cabeceiras possuem cerca de
350 mm de altura e a ponte rolante mais 1.211,76 mm, logo, a empilhadeira deve ter uma
estrutura com altura total entre 8,05 e 9,26 metros de altura, a depender do ponto de fixação da
mesma no trolley da ponte rolante.
Com isso, e os conceitos já abordados nas seções anteriores deste trabalho, foi possível
simular uma estrutura próxima ao que seria utilizada na ponte rolante e visualizar como seriam
os esforços e as deformações em 2 casos críticos, no ponto de partida da torre, com altura = 0,
e na extremidade com altura = 6,5 metros. Considera-se para fins de simulação numérica a
estrutura como estando engastada no “teto”; equivalente dizer que o equipamento está acoplado
ao trolley da ponte rolante.
Para a simulação foram adotadas vigas do tipo C pré-fabricadas em Aço A-36, duas
vigas ISO CH 400 x 59 para estrutura principal e 11 vigas ISO CH 100 x 10 para união de
ambas. A estrutura foi testada com a ação do peso próprio, somado ao peso do garfo e ao peso
da carga nominal pelo acoplamento Classe 2 com 407 mm de distância entre os grampos nas
costas dos garfos, como pode ser visto na Figura 50.

Figura 50 – Malha utilizada para simulação – modelo de torre simplificada (sem mecanismos).

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software MDSolids.4


81

Figura 51 – Simulação das cargas atuantes na torre (corpo de prova simplificado e isolado) – altura = 0.

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software SolidWorks Simulation.

Atestou-se, por fim, que as vigas selecionadas suportariam as tensões da carga


nominal. Constatou-se que a estrutura, por estar engastada na parte superior, devido a ponte
rolante empilhadeira ser uma estrutura no alto, as solicitações sobre a torre da empilhadeira são
pequenas, entre 25 MPa e 67 MPa em carga máxima, quando comparadas com o limite de
escoamento do A-36 (250 MPa).

Figura 52 – Simulação das deformações na torre (com carga e lança) – escala real – altura = 0.

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software SolidWorks Simulation.


82

Por outro lado, as deformações resultaram em uma deflexão combinada de


𝛿𝑒𝑚𝑝𝑖𝑙ℎ𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎 = 16,518⁡mm⁡na extremidade do garfo, resultante da deflexão tanto dos garfos
(𝛿𝑔𝑎𝑟𝑓𝑜 = 6,196⁡mm), quanto da estrutura inteira da torre quando submetida a carga máxima
(𝛿𝑡𝑜𝑟𝑟𝑒 = 10,636⁡mm), como pode ser visto na Figura 52. A Figura 53 é o resultado deformado
das tensões, notar que este resultado está representado em escala 50x maior da real
(representada na Figura 52); isso ocorre para ser possível visualizar de forma mais clara a
direção das deformações das partes da estrutura.

Figura 53 – Simulação dos deslocamentos (com carga e lança) – aumentado 50x– altura = 0.

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software SolidWorks Simulation.

Entretanto, não é possível aprovar o projeto em questão. Esta simulação permite extrair
os dados das tensões e deformações no projeto da torre da empilhadeira, bem como, sugere um
parâmetro para seleção da torre a ser utilizada no projeto. Porém, é necessário um projeto mais
detalhado de dimensionamento dos componentes desta empilhadeira para verificar os efeitos
dinâmicos do movimento das cargas sobre a estrutura, tal como de translação da própria ponte
rolante, além de verificar, de acordo com os critérios vigentes na norma ISO 2328, se a estrutura
está dentro dos critérios vigentes. Este assunto fica aberto para ser melhor abordado em
trabalhos futuros na área de Mecânica dos Sólidos.
83

Figura 54 – Simulação das cargas atuantes na torre (corpo de prova simplificado e isolado) – altura = 6,5 m.

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software SolidWorks Simulation

Figura 55 – Simulação dos deslocamentos (com carga e lança) – escala real e aumentada 50x – altura = 6,5 m.

Fonte: Produzido pelos Autores com auxílio do software SolidWorks Simulation.


84

8 ELEMENTOS MECÂNICOS

8.1 RODAS

8.1.1 RODAS DO CARRO TROLLEY

Para o cálculo das rodas contidas na ponte rolante, a norma NBR8400 determina que
sejam levados em consideração os seguintes parâmetros:

a) a carga suportada pela roda;


b) o material que a constitui;
c) o tipo de trilho em que roda;
d) a sua rotação;
e) o grupo em que está classificado o mecanismo.

No dimensionamento de uma roda, deve-se verificar se esta é capaz de suportar a carga


máxima a que deve ser submetida e se é capaz de assegurar, sem desgaste excessivo, o serviço
normal do equipamento.
Estas condições são verificadas abaixo.
O diâmetro mínimo da roda é obtido utilizando a formulação,

𝐹𝑟 (79)
𝐷𝑟 ≥
𝑏3 ∙ 𝑃𝑙𝑖𝑚 ∙ 𝑐1 ∙ 𝑐2
Onde 𝑏3 = 𝐵𝑜𝑙𝑒𝑡𝑜⁡𝑑𝑜⁡𝑡𝑟𝑖𝑙ℎ𝑜

Seleciona-se um valor para a largura do trilho de 50mm. Como a carga suportada pela
empilhadeira não é tão alta, seleciona-se uma largura de trilho relativamente pequena que fique
de acordo com o diâmetro esperado para o projeto das rodas.
85

Tabela 27 – Respectivos valores de 𝐶1 em relação com a rotação da roda.

Fonte: NBR 8400.

O valor de 𝐶1 será escolhido de maneira arbitrária para o continuamento do cálculo. Desta


forma, 𝐶1 = 1.

Tabela 28 – Valores de 𝐶2

Grupo do mecanismo 𝑪𝟐
1 Bm - 1 Am 1,12
2m 1
3m 0,9
4m - 5m 0,8
Fonte: NBR 8400.

Em seguida é escolhido o material da roda e, consequentemente, têm-se os valores do


limite de escoamento fazendo com que seja possível obter o valor da pressão limite 𝑃𝑙𝑖𝑚 . Os
valores seguintes são tabelados e correspondem à pressão limite de aço fundido, laminados,
forjados e ferros fundidos nodulares.
Para este projeto é utilizada uma roda de ferro fundido, onde 𝜎𝑟 = 600𝑀𝑃𝑎.

Tabela 29 – Valores de pressão limite.


𝝈𝒓 do material Pressão Limite
(daN/mm2) 𝑷𝒍𝒊𝒎 (daN/mm2)
>50 0,50
>60 0,56
>70 0,65
>80 0,72
Fonte: NBR 8400.
86

Com isso, obtém-se uma pressão limite 𝑃𝑙𝑖𝑚 = 5,6⁡𝑀𝑃𝑎.


Adicionalmente, a carga média na roda é obtida através de:

𝐹𝑚𝑖𝑛 + 2𝐹𝑚á𝑥 (80)


𝐹𝑟 =
3

Em que, para as rodas presentes no trolley:

𝑃𝑡 30⁡kN (81)
𝐹𝑚𝑖𝑛 = = = 7,5⁡kN
nº⁡de⁡rodas 4

𝑃𝑡 + 𝜓𝑃𝑐 30⁡kN + 2 ∙ 20⁡kN (82)


𝐹𝑚á𝑥 = = = 17,5⁡kN
4 4
Logo,
7,5⁡kN + 2 ∙ 17,5⁡kN (83)
𝐹𝑟 = = 21,25⁡kN
3

Pode-se então obter o valor do diâmetro mínimo para a roda do pórtico,


𝐹𝑟 21.250⁡N
𝐷𝑟 ≥ = = 94,87⁡mm⁡ (84)
𝑏3 ∙ 𝑃𝑙𝑖𝑚 ∙ 𝑐1 ∙ 𝑐2 50⁡mm ∙ 5,6⁡MPa ∙ 1 ∙ 0,8

Como o primeiro valor determinado para 𝐶1 foi um valor aleatório, pode-se a partir da
determinação do diâmetro mínimo com o auxílio da tabela abaixo determinar o valor mais
próximo ao 𝐶1 correto.

Tabela 30 – Valores de 𝐶1 em relação ao diâmetro e velocidade de translação.

Fonte: NBR 8400.


87

Com isso seleciona-se o diâmetro de 100 mm da roda do carro trolley, pois facilita na
hora de buscar no mercado as referidas especificações. Normalizando o valor de 𝐶1 para a
velocidade de translação de 15 m/min, o valor de 𝐶1 se mantém 1.

8.1.2 ROLAMENTOS PARA A RODA DO CARRO TROLLEY

Mais uma vez com posse da norma NBR8400, o dimensionamento dos rolamentos
consiste em verificar se eles são capazes de suportar a carga estática 𝐶0 e a carga dinâmica 𝐶,
sob a solicitação média constante na roda 𝐹𝑟.

Com isso:
(85)
𝐶0 = 2 ∙ 𝑃0
1 (86)
𝐶 = 𝐿𝑛3 ∙ 𝐹𝑟
Onde;
(velocidade⁡de⁡translação) (87)
𝑛1 =
𝜋 ∙ 𝐷𝑟
𝐿𝑛 = duração⁡teórica ∙ 𝑛1
𝐹𝑎 = 0,2 ∙ 𝐹𝑟 (88)

𝑃0 = 0,6 ∙ 𝐹𝑟 + 0,5 ∙ 𝐹𝑎 (89)

Da norma NBR 8400 seleciona-se a duração total teórica de utilização em função da


classe de funcionamento previamente escolhida. De acordo com a tabela abaixo, obtém-se que
a duração teórica é de 25.000 h.

Tabela 31 – Classe de funcionamento e duração total teórica.

Fonte: NBR 8400.


88

Logo;
0,25⁡m/s 3.600⁡s (90)
𝑛1 = = 0,7958⁡rps ∙ = 2864,8⁡rph
𝜋 ∙ 0,100⁡mm h

𝐿𝑛 = 25.000⁡h ∙ 2.864,8⁡rph = 71,6 × 106 ⁡revoluções (91)

𝐹𝑎 = 0,2 ∙ 21,25⁡kN = 4,25⁡kN (92)

𝑃𝑜 = 0,6 ∙ 21,25⁡kN + 0,5 ∙ 4,25⁡kN = 14,87⁡kN (93)

Como 𝑃0 < 𝐹𝑅 , para fins de cálculo, o valor de 𝑃𝑜 será igual ao de 𝐹𝑟 .

𝐶𝑜 = 2 ∙ 21,25⁡kN = 42,5⁡kN (94)

1
𝐶 = 71,63 ∙ 21,25⁡kN = 88,24⁡kN (95)

8.1.3 RODAS PARA A CABECEIRA

Para as rodas de cabeceira, são observadas diferentes solicitações diferentes ao realizar o


cálculo de 𝐹𝑚𝑖𝑛 e 𝐹𝑚á𝑥 .

𝑃𝑡 + 𝑃1 + 2 ∙ 𝑃2 30⁡kN + 2 ∙ 88,88⁡kN + 2 ∙ 10,25⁡kN (96)


𝐹𝑚𝑖𝑛 = = = 57,06⁡kN
nº⁡de⁡rodas 4

𝑃𝑡 + 𝑃1 + 𝑃2 + 𝜓𝑃𝑐 30⁡kN + 2 ∙ 88,88⁡kN + 2 ∙ 10,25⁡kN + 2 ∙ 20⁡kN (97)


𝐹𝑚á𝑥 = =
4 4
𝐹𝑚á𝑥 = 67,06⁡kN

Logo,
57,06⁡kN + 2 ∙ 67,06⁡kN (98)
𝐹𝑟 = = 63,72⁡kN
3

Pode-se então obter o valor do diâmetro mínimo para a roda do pórtico,


89

𝐹𝑟 63,72⁡kN (99)
𝐷𝑟 ≥ = = 237,05⁡mm
𝑏3 ∙ 𝑃𝑙𝑖𝑚 ∙ 𝑐1 ∙ 𝑐2 60⁡mm ∙ 5,6⁡MPa ∙ 1 ∙ 0,8

Normalizando o valor para o diâmetro mínimo da roda de acordo com a Tabela 30 acima,
utiliza-se uma roda com diâmetro de 250 mm onde 𝐶1 a 15 m/min é aproximadamente 1,06.

8.1.4 ROLAMENTO PARA A CABECEIRA

0,25⁡m/s 3600⁡s
𝑛1 = = 0,318⁡rps ∙ = 1145,9⁡rph (100)
𝜋 ∙ 0,250⁡mm h

𝐿𝑛 = 25.000⁡h ∙ 1145,9⁡rph = 28,6 × 106 ⁡revoluções (101)

𝐹𝑎 = 0,2 ∙ 41,21⁡kN = 8,25⁡kN (102)

𝑃𝑜 = 0,6 ∙ 41,21⁡kN + 0,5 ∙ 8,25⁡kN = 28,85⁡kN (103)

Como 𝑃0 < 𝐹𝑅 , para fins de cálculo, o valor de 𝑃𝑜 será igual ao de 𝐹𝑟 .

𝐶𝑜 = 2 ∙ 41,21⁡kN = 82,42⁡kN (104)

1
𝐶 = 28,63 ∙ 41,21⁡kN = 126,03⁡kN (105)

8.2 MOTORES DE TRANSLAÇÃO

Para a escolha do motor elétrico, deve-se estabelecer o torque máximo necessário para
provocar o movimento no caso mais desfavorável e uma potência suficiente para executar o
serviço previsto sem aquecimento excessivo; esta condição pode ser caracterizada por uma
potência nominal ligada a um fator de duração do ciclo (intermitência) e, em certos casos, a
uma classe de partida (NBR 8400).
O dimensionamento do motor de translação inicia-se ao determinar a velocidade de
rotação da roda e do atrito de rolamento.
Para o atrito de rolamento:
90

2 ∙ 𝐹𝑚á𝑥 𝑑 (106)
𝐹𝑟𝑜𝑙 = ∙ (𝑓 ∙ 𝜇 ∙ )
𝐷𝑟 2
Onde,
𝑓 = 𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜⁡𝑎ç𝑜/𝑎ç𝑜
𝜇 = 𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜⁡𝑛𝑜𝑠⁡𝑚𝑎𝑛𝑐𝑎𝑖𝑠⁡𝑑𝑒⁡𝑑𝑒𝑠𝑙𝑖𝑧𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝑑 = 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜⁡𝑑𝑜⁡𝑒𝑖𝑥𝑜⁡𝑑𝑎⁡𝑟𝑜𝑑𝑎 (catálogo GH)

Logo,
2 ∙ 17,5⁡mm 49,9⁡mm
𝐹𝑟𝑜𝑙 = ∙ (0,5 ∙ 0,02 ∙ ) = 873,25⁡N (107)
100⁡mm 2

𝐹𝑟𝑜𝑙⁡𝑑𝑒⁡𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 = 1,2 ∙ 𝐹𝑟𝑜𝑙 = 1,2 ∙ 87,3⁡N = 1047,6⁡N (108)

𝑉 15⁡m/min
𝑉𝑟𝑜𝑡 = = = 47,7⁡rpm ≈ 48⁡rpm (109)
𝜋𝐷𝑟 𝜋 ∙ 0,100⁡m

Consequentemente, dimensiona-se as potências de regime e de partida do motor com a


finalidade de obter a potência necessária para o funcionamento deste.

Para a potência de regime, utiliza-se:

𝐹𝑟𝑜𝑙 𝑉 (110)
𝑁𝑅 =
𝜂𝑇

Para cada componente foi estimado um valor aproximado para o coeficiente de


rendimento na tabela a seguir.

Tabela 32 – Classe de funcionamento e duração total teórica

Elemento Rendimento
Motor 90%
Rolamentos da esfera 99%
Engrenagens 98%
Acoplamentos flexíveis 98%
Fonte: Produzido pelos Autores
91

Como em geral nos projetos de caixas redutoras procura-se utilizar reduções de no


máximo 5:1, para que a caixa redutora não fique muito grande, estimou-se então, que esta caixa
possuirá 3 reduções, ou seja, 3 engrenamentos. Supõe-se 2 rolamentos por eixo de engrenagem,
e 2 rolamentos por roda, além de 2 acoplamentos flexíveis. Desta forma, foi possível estimar o
rendimento total do sistema.

𝜂𝑡 = 0,99𝑛𝑟𝑜𝑙 ∙ 0,98𝑛𝑒𝑛𝑔 ∙ 0,98𝑛𝑎𝑐𝑜𝑝 ∙ 𝜂𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = 70,7% (111)


Logo,

1047,6⁡N ∙ 0,25⁡m/s (112)


𝑁𝑅 = = 0,37⁡kW
0,707

Para a potência de partida;

1,1 ∙ 𝑚 ∙ 𝑉 2 (113)
𝑁𝑖 =
𝑡𝑎 ∙ 𝜂𝑇

Em que,
𝑡𝑎 = 3,2⁡s
𝑚 = ⁡51020,05⁡kg

Logo,
1,1 ∙ 51020,0 ∙ 0,252 (114)
𝑁𝑖 = = 1,55⁡kW
3,2 ∙ 0,707

Com posse das potências de regime e de partida, é possível calcular o torque para cada um dos
casos. Adotando uma rotação do motor padrão de 900 rpm, pode-se obter:

𝑁𝑟 (115)
𝑇𝑟 =
𝑤
e
𝑁𝑖 (116)
𝑇𝑖 =
𝑤
Onde;
92

2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑟𝑜𝑡 2 ∙ 𝜋 ∙ 900 (117)


𝑤= = = 94,2⁡rad/s
60 60

Com isso;

370 (118)
𝑇𝑟 = = 3,93⁡Nm
94,2

1550 (119)
𝑇𝑖 = = 16,45⁡Nm
94,2
93

9 MECANISMOS DE SEGURANÇA

9.1 CHAVE DE FIM DE CURSO

Para a ponte rolante dimensionada, dois tipos de chaves de fim de curso são necessários.
A primeira, utilizada para limitar o curso de translação do carro trolley e translação do
pórtico, podendo ser acionada em duas direções com retorno automático, através de alavanca
de posição ajustável. O modelo selecionado foi o FL-618, retirado do catálogo Elmec de chaves
de fim de curso. Com carcaça de ferro fundido, ideal para serviço pesado em ambientes
agressivos e instalações ao tempo.

Figura 56 – Chave de fim de curso FL-618.

Fonte: <elmec.com.br/site/?pag=produtos/chavesdefimdecurso/alavanca/fl618_fa618/fl_fa618>

Para a segunda chave mencionada, onde é utilizada para limitar a altura de elevação de
pórticos rolantes, modelo selecionado foi o FL-218 OS, retirado do catálogo Elmec de chaves
de fim de curso rotativa programável.
Com um acionamento através de contrapeso e rearme através de peso.
Tem como características atuar no circuito de comando, como proteção adicional aos limites de
fim de curso e é fornecida com uma robusta carcaça de ferro fundido, ideal para serviço pesado
em ambientes agressivos e instalações ao tempo.

Figura 57 – Chave limite de emergência FL-218.

Fonte: <https://elmec.com.br/site/?pag=produtos/chaveslimitesdeemergencia/fl218/fl218>
94

9.2 LIMITADOR DE CARGA

Limitadores de carga foram projetados especialmente para prevenir e evitar sobrecargas


que podem produzir-se em equipamentos de elevação. Estes dispositivos permitem a redução
dos custos de manutenção produzidos pelo rompimento de cabos, rodas, trilhos, deformação
das vigas, entre outros.
O modelo selecionado que se adequa ao presente projeto é o Limitador de Carga Hovam
para 3 toneladas.

Figura 58 – Limitador de carga Hovam

Fonte: <https://www.hovam.com.br/limitador-de-carga>

9.3 SINALIZAÇÃO SONORA E VISUAL

Este tipo de equipamento dedica-se a alertar sonora e visualmente que o pórtico está em
operação, alertando todos em volta sobre a necessidade de permanecerem distantes do
equipamento que está em operação. O modelo escolhido foi o SIR-E LED da ACR.

Figura 59 – Sinalizador sonoro e Visual SIR-E LED.

Fonte: <https://acr1.com.br/produtos_post/sinalizador-audiovisual-sir-e-led/>
95

9.4 SENSORES DE DISTÂNCIA A LASER

Os Sensores de Distância a Laser para Longas Distâncias auxiliam no deslocamento e


organização da carga no local de trabalho, medem longas distâncias com a maior precisão,
confiabilidade e velocidade, mesmo nas situações mais difíceis. Eles podem medir em
superfícies escuras, mesmo em aplicações externas com irradiação solar.
Para o projeto foi selecionado o modelo DM30500 da ACR.

Figura 60 – Sensor de distância a laser DM30500.

Fonte: <https://acr1.com.br/produtos_post/sensor-de-distancia-laser-para-longas-distancias/>

9.5 CONTROLE REMOTO PARA TROLLEY E EMPILHADEIRA

Os Controles Remotos Industriais possibilitam uma operação muito mais segura, pois
permite que o operador realize a operação do equipamento à distância, mantendo-o longe de
possíveis riscos que uma operação muito próxima pode representar.
O equipamento selecionado foi o Rádio Controle HBC modelo Technos da ACR.

Figura 61 – Rádio controle Technos A e B da ACR

Fonte: <https://acr1.com.br/produtos_post/radio_controle_joystick/>
96

10 ANÁLISE DE CUSTOS

Com finalidade de otimizar o projeto, uma análise foi feita visando a viabilidade do
dimensionamento e construção da ponte rolante. Com isso, realizou-se uma estimativa dos
valores de mercado para os itens considerados mais importantes para a construção do pórtico.
Contudo, o valor final da análise de custos estimada pode divergir do valor final, pois
existem alguns pontos que não foram considerados, como o transporte de todo o material para
o local onde será construída a estrutura, os custos com encargos e impostos, e a obtenção de
alguns elementos.

Para o Aço A-36, utilizou um gerador de preços online para estimar o valor
correspondente ao quilograma no contexto do projeto.

Tabela 33 – Custo do quilograma do aço A-36.


Peso (kg) Valor R$
Aço A-36
1 4,19
Fonte: <http://www.brasil.geradordeprecos.info/obra_nova/Estruturas/Metalicas/Vigas/Aco_em_vigas
_1_0_0_0_0_0_0_0_1.html#gsc.tab=0>

Custo do aço A-36 na estrutura principal:

Tabela 34 – Custo total de material da estrutura


Aço A-36 Peso (kg) Quantidade Valor R$
Vigas Principais 9.060,15 2 R$ 75.924,06
Vigas Cabeceiras 800,23 2 R$ 6.705,93
Torre da Empilhadeira 1.558,72 1 R$ 6.531,05
Total R$ 89.161,04
Fonte: Produzido pelos Autores.

Custo da a estrutura principal:

Tabela 35 – Relação de custos da estrutural principal.


Descrição Custo Médio Quantidade Duração Total
Custos de mão de obra de soldagem R$ 2.485,14 / mês 1 integrante 2 meses R$ 4.970,28
Custos de mão de obra de caldeiraria R$ 2.411,77 / mês 1 integrante 2 meses R$ 4.823,54
Custo com mão de obra de pintura R$ 2.053,07 / mês 1 integrante 2 meses R$ 4.106,14
Custo com mão de obra de mecânica R$ 1.739,93 / mês 1 integrante 2 meses R$ 3.479,86
97

Tabela 35 – Relação de custos da estrutural principal – Continuação.


Descrição Custo Médio Quantidade Duração Total
Custo com mão de obra de ajudantes R$ 1.316,21 / mês 4 integrantes 2 meses R$ 10.529,68
Fixadores (Parafuso M30 + Porca) R$ 70,00 / kit 24 kits - R$ 1.680,00
Consumíveis de solda R$ 12.000,00 / kit 1 kit - R$ 12.000,00
Tinta R$ 1,04 / m² 357 m² - R$ 371,28
Total R$ 41.960,78
Fonte: Produzido pelos Autores.

Custo dos mecanismos da ponte rolante:

Tabela 36 – Relação de custos dos mecanismos da ponte rolante.


Trolley 2t R$ 14.925,00
Rodas + eixos R$ 12.457,00
Trilho R$ 11.740,22
Custos de mão de obra de montagem R$ 3.479,86
Motores (6 unidades) – R$ 2.889,90 / cada R$ 17.339,40
Caixa redutora R$ 4.000,00
Dispositivos de segurança R$ 24.800,00
Tabela 36 – Relação de custos dos mecanismos da ponte rolante (continuação).
Freios R$ 6.689,00
Total R$ 95.430,48
Fonte: Produzido pelos Autores.

Custo dos profissionais de engenharia:

Tabela 37 – Relação de custos com projeto e mão de obra.


c 4
Piso Salarial R$ 10.908,00
Engenheiros 1
Total R$ 43.632,00
Fonte: Produzido pelos Autores.

Custo total do projeto da ponte rolante empilhadeira:

Tabela 38 – Custo total do projeto.


Custo Total do Projeto R$ 270.184,28
Fonte: Produzido pelos Autores.
98

10.1 ANÁLISE DE VIABILIDADE DO PROJETO

Após finalizar o projeto da ponte rolante empilhadeira, foi necessário comparar e conclui-
se os ganhos efetivos da instalação da ponte rolante empilhadeira no depósito de estoque,
quando comparado ao uso de empilhadeiras convencionais. Para isso, avalia-se sob alguns
critérios (econômicos, operacionais e logísticos) se o projeto era viável, diante das alternativas
existentes no mercado. A avaliação principal a ser feita é se o projeto é viável economicamente,
ou seja, se o preço a ser investido está de acordo com o preço médio do mercado e se o projeto
“se paga” com o decorrer dos anos.
Compara-se os valores dos custos diretos da fabricação e instalação do equipamento com
os preços médios de empilhadeiras do mercado; enquanto uma empilhadeira convencional, com
características próximas, custaria em torno de R$ 185.000,00 (fornecedor NOWAK, 2022), o
projeto de instalação da ponte rolante empilhadeira custariam em torno de R$ 270.184,28, uma
diferença de cerca de 46% a mais.
Para verificar se essa diferença de 46% é justificável, avalia-se pela vida útil dos
equipamentos – quanto maior a vida útil, mais tempo há disponível para que o valor investido
seja revertido através de outros projetos. Empilhadeiras convencionais possuem uma vida útil
de 12.000 a 10.000 horas, enquanto a ponte rolante empilhadeira foi dimensionada para atuar
durante uma vida útil de 25.000 horas, mais que o dobro dos equipamentos convencionais. Isso
significa dizer que, no regime de trabalho previsto para este projeto, uma ponte rolante
empilhadeira poderia durar cerca de 20 anos, enquanto uma empilhadeira convencional apenas
9 anos. Este fator já evidencia que, ao invés de considerar a comparação 1 para 1, é necessário
comparar 2 empilhadeiras convencionais para 1 ponte rolante e, portanto, no longo prazo
(considerados os custos de manutenção como equivalentes no período) o valor a ser investido
em uma empilhadeira convencional seria supostamente de R$ 370.000,00, contra os mesmos
R$ 270.184,28 de antes; por este critério, a diferença vira em favor da ponte rolante
empilhadeira, com uma diferença de -27% do valor da empilhadeira convencional.
Analisando pelos ganhos operacionais, ambas as empilhadeiras trabalham em velocidades
semelhantes, entretanto, a ponte rolante empilhadeira faz “caminhos mais curtos” para se
deslocar do ponto A para o ponto B, pois não precisa realizar manobras para posicionar-se no
espaço. Em virtude também disto, o layout do depósito não precisa considerar espaço para
manobras e, portanto, a ponte rolante empilhadeira permite um aproveitamento melhor do
espaço do galpão, possibilitando mais área de armazenamento.
99

O ganho de produtividade pode ser comparado considerando o tempo que cada


equipamento leva para realizar um mesmo trabalho. Como evidenciado pela Seção 3.4 deste
trabalho, a ponte rolante empilhadeira leva cerca de 6 minutos para realizar um ciclo completo
do ponto A para o B e novamente para o A. Estima-se que este mesmo percurso, quando
realizado por uma empilhadeira convencional, seja 60% maior, devido ao tempo de manobra,
próximo de 9,6 minutos.
A ponte rolante também tem a vantagem de ser mais segura de operar que uma
empilhadeira convencional, pois possui dispositivos de segurança – como limitadores de fim
de curso e comando computadorizado – que permitem a ponte operar sobre um caminho pré-
estabelecido ou em um espaço restrito, diminuindo a dependência apenas da habilidade do
motorista/operador do equipamento.
Em termos de logística, a ponte rolante empilhadeira tem uma desvantagem quando
comparado com as empilhadeiras convencionais. As vigas principais deverão ser soldadas antes
da instalação da ponte rolante, em solo. A sua instalação dependerá de caminhões prancha para
deslocamento dos grandes componentes (tais como as vigas principais) e de guindastes ou
sistema de polias para içamento até o local onde ficará a ponte. Entretanto, cada viga pode ser
instalada individualmente, visto a presença de juntas parafusadas entre vigas de cabeceira e
vigas principais. Logo, a forma como é feita a montagem da ponte rolante empilhadeira permite
que a inspeção e manutenção de rotina do equipamento sejam feitas de forma recorrente e
prolonguem a vida útil do equipamento, não havendo necessidade de substituir toda a estrutura
em caso de defeitos pontuais.
Portanto, concluímos que, apesar de uma diferença considerável em termos de custo, a
diferença de 46% no valor não é tão absurda quando comparada no longo prazo, devido ao
ganho de produtividade e pela maior durabilidade da ponte rolante empilhadeira. Além disso, a
ponte rolante empilhadeira tem uma manutenção menos recorrente e mais econômica, por se
tratar de uma estrutura mais robusta e, no entanto, mecanicamente mais simples.
100

11 CONCLUSÃO

Ao fim deste projeto, compreende-se como o dimensionamento de uma Ponte Rolante


Empilhadeira é um projeto multidisciplinar, que envolve diversas áreas da Engenharia. Por
exemplo, o dimensionamento das vigas principais e cabeceiras depende diretamente dos
conhecimentos obtidos nas disciplinas de Mecânica dos Sólidos e Estática, Dinâmica,
Soldagem e Engenharia dos Materiais, enquanto a definição dos componentes mecânicos como
elementos de fixação (parafusos), rodas, empilhadeira, etc., depende diretamente de Elementos
de Máquina e Projetos Mecânicos; e os mecanismos como motores e controladoras também
contam com conhecimentos de Elétrica e Eletrotécnica. O projeto poderia ser facilmente
dividido entre múltiplas engenharias, com participação tanto da Mecânica, mas também da
Civil, Elétrica e até Automação. Todos têm equivalente relevância para o desenvolvimento
eficaz do projeto e otimização do mesmo.
A partir do conteúdo aprendido ao longo da graduação de Engenharia Mecânica, em
especial das disciplinas supracitadas, foi possível interpretar e traduzir na forma de cálculos as
diretrizes de projeto estabelecidas pela Norma NBR 8400. Assim, fomos capazes de
dimensionar “do zero” uma ponte rolante empilhadeira segura, funcional e de custo reduzido.

Figura 62 – Projeto da ponte rolante empilhadeira instalado no galpão – vista lateral.

Fonte: Produzido pelos Autores.

O desafio maior do projeto foi estabelecer o melhor perfil para as vigas principais da
ponte rolante, pois as dimensões para as vigas-caixão mais adequadas ao projeto não
correspondiam a nenhum padrão de viga comercial já existente e, portanto, tiveram de ser
101

dimensionadas desde o princípio. Utiliza-se, portanto, dois métodos para o pré-


dimensionamento da viga: um apresentado na Seção 6.3 e outro no Apêndice A. Definimos que
o melhor método foi o abordado na Seção 6.3, através do conhecimento do Módulo de Flexão,
pois este método respeita a Norma NBR 8400 e, com suporte do software MDSolids, é mais
fácil para ser replicado e realizadas múltiplas iterações. O método indicado pelo Apêndice A
também pode ser utilizado, mas apenas se considerado o critério de deflexão correto para
aprovação pela norma NBR 8400. O fato de guiar-se, a princípio, pela NBR 8800 para vigas,
acabou direcionando a uma viga que não pudesse ser aprovada pela norma que tem maior
importância e rege este projeto, a NBR 8400.
Acredita-se que foi possível apresentar de forma didática e visual todo o conhecimento
obtido e extraído da Norma NBR 8400, desta forma, o conteúdo deste projeto poderá ser
transportado e aproveitado em outros projetos semelhantes de máquinas de elevação, e servirá
de material de referência para aqueles que tiverem intenção de projetar um equipamento similar
a este em seus depósitos de estoque.
Por fim, concluímos que foi possível elaborar um projeto eficaz e seguro de uma ponte
rolante empilhadeira voltada para depósitos de estoque, em especial, para as condições do
escopo “simulado” apresentadas nas seções iniciais deste trabalho.

Figura 63 – Projeto da ponte rolante empilhadeira instalado no galpão – vista em perspectiva 3D.

Fonte: Produzido pelos Autores.


102

12 TRABALHOS FUTUROS

Como já dito na Seção 10 de conclusão, o projeto desta ponte rolante empilhadeira é


multidisciplinar e envolve diversas áreas da Engenharia. Disponibiliza-se esta seção com
sugestões de tópicos que podem ser aprofundados ou otimizados em trabalhos futuros,
resultantes das discussões entre os autores e orientadora e ideias que surgiram ao longo do
desenvolvimento deste projeto. Portanto, ficam abaixo listadas.

• Aprofundar os estudos no dimensionamento da empilhadeira e seus mecanismos de


acionamento e suporte da carga (correntes/correias, cabos de aço, engrenagens internas, polias,
etc.), avaliando sob os critérios da norma ISO 2328; norma que rege os projetos deste tipo de
equipamento. Uma abordagem voltada para Engenharia Mecânica.
• Aprofundar os estudos no projeto do trolley, avaliando o melhor layout para
disposição dos mecanismos (motores, sensores, etc) e projeto da mesa de giro acoplada ao
trolley, responsável pela rotação da empilhadeira em torno do próprio eixo. Uma abordagem
voltada para Engenharia Mecânica.
• Aprofundar os estudos no dimensionamento dos mecanismos, como projeto dos
motores elétricos da ponte rolante, acionadores, cabeamento, etc. Uma abordagem voltada para
Engenharia Elétrica.
• Dimensionamento e abordagem analítica da estrutura de concreto para suportar a
ponte rolante empilhadeira – colunas, suportes e paredes de concreto armado que compõem
parte da estrutura do próprio galpão. Uma abordagem voltada para Engenharia Civil.
• Aprofundar os estudos no dimensionamento dos mecanismos de controle e
automação da ponte rolante empilhadeira, removendo a necessidade de um operador in loco e
permitindo que a mesma se desloque “sozinha”, operada por computador (via software), ou
operada por um operador em bancada de comando externa. Interpretando o galpão e suas
unidades de armazenamento como uma matriz. Uma abordagem voltada para Engenharia de
Automação e Engenharia da Computação.
• Realizar a comparação entre a versão de 1984 da NBR8400 utilizada neste projeto
com a versão de 2019 e adequar o projeto à norma mais recente, promovendo uma clara relação
do que foi atualizado entre ambas e, se aplicável, uma otimização da estrutura dimensionada
com base nos critérios atuais. Uma abordagem para Engenharia Mecânica.
103

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Associação Brasileira De Normas Técnicas. NBR 8400: Cálculo de equipamento para


levantamento e movimentação de cargas. Brasil, ABNT. 1984.

Associação Brasileira De Normas Técnicas. NBR 8800: Projeto de estruturas de aço e


estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Brasil, ABNT. 2008.

ELMEC, Chave de fim de curso. Disponível em: https://elmec.com.br/site/?pag=produtos


/chavesdefimdecurso/chavesdefimdecurso. Acessado em: 26 jul. 2022.

GARTNER, R. BECKEDORFF, I. A. Armazenagem e movimentação de materiais. Centro


Universitário Leonardo Da Vinci. Administração de materiais, Indaial, SC, 2012.

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HOVAM, Limitador de carga. Disponível em: https://www.hovam.com.br/limitador-de-carga.


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LOJA DO MECÂNICO, Empilhadeiras elétricas. Disponível em:


https://www.lojadomecanico.com.br/subcategorias/42/382/empilhadeira-eletrica. Acessado
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104

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NORTON, Robert L. Projeto de máquinas, uma abordagem integrada. São Paulo,


2013.

PASSOS, Lucas. Apostila: Técnicas de instalação, operação, manutenção, testes e inspeção:


pontes rolantes, guindastes giratórios e acessórios de movimentação de cargas. Make
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PFEIL, W; PFEIL, M. Estruturas de Aço. 6. ed. Rio de Janeiro: S. A. Travessa do Ouvidor,


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SORDI, G. Dimensionamento da viga principal de uma ponte rolante. Centro Universitário


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TAMASAUSKAS, ARTHUR, Metodologia do projeto básico de equipamento de manuseio e


transporte de cargas – ponte rolante – aplicação não-siderúrgica, dissertação apresentada à
105

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em


Engenharia Mecânica, São Paulo, 2000.

VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2000.

ZL EQUIPAMENTOS, Especificações técnicas de ponte rolante univiga e dupla viga.


Disponível em: https://www.zlequipamentos.com.br. Acessado em: 10 mai. 2022.
106

APÊNDICE A – MÉTODO DE PRÉ-DIMENSIONAMENTO PELA NBR 8800.

Este método não pode ser utilizado pois a viga selecionada não convergiu para a
aprovação da norma NBR 8400, que rege e impera sobre as demais normais quando tratando-
se do projeto de equipamentos de transporte de carga, tais como, pontes rolantes e similares.
Entretanto, o método é aplicável se caso o critério abordado seja equivalente a norma NBR
8400 de deflexão máxima sendo 𝐿/2000. Entretanto, optou-se por realizar outro método de
pré-dimensionamento, enquanto este fica em evidência para futuras discussões.

Tabela A.1 – Deflexão máxima da viga segundo NBR 8800.


Descrição [m]
Deslocamento vertical para pontes rolantes com capacidade
L/600
nominal inferior a 200 kN
Deslocamento vertical para pontes rolantes com capacidade
L/800
nominal igual ou superior a 200 kN, exceto pontes siderúrgicas
Deslocamento vertical para pontes rolantes siderúrgicas com
L/1000
capacidade nominal igual o superior a 200 kN

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 8800 (2008, p. 117).

A deflexão máxima da viga principal da ponte rolante é determinada pela ABNT NBR
8800:2008 seção C. Esta norma possui critérios rigorosos quem devem ser aplicados em
estruturas de aço. Para o caso de pontes rolantes, a flecha máxima permitida é apresentada na
Tabela 19.
1 (A1)
δmáx = ∙ 23000 = 38.3⁡mm
600
Na análise estática de corpos rígidos utiliza-se a Equação 9 abaixo para determinar a
flecha em uma viga simplesmente apoiada.

𝛿𝑔 + 𝛿𝑙 = 𝛿𝑚á𝑥 (A2)

5 ∙ 𝑃1 ∙ 𝐿3
𝛿𝑔 = ⁡⁡⁡⁡⁡⁡⁡ ∴ ⁡⁡⁡⁡⁡ 𝛿𝑔 = Flecha⁡devido⁡ao⁡peso⁡próprio⁡da⁡viga⁡(𝑃1 ) (A3)
384 ∙ 𝐸 ∙ 𝐼

𝑃2 ∙ 𝐿3
𝛿𝑙 = ⁡⁡⁡⁡ ∴ ⁡⁡⁡⁡ 𝛿𝑙 = Flecha⁡devido⁡ao⁡peso⁡da⁡carga⁡e⁡do⁡trolley⁡(𝑃2 ) (A4)
48 ∙ 𝐸 ∙ 𝐼
107

Para esta análise primária foi descartado a massa distribuída correspondente ao peso
próprio da viga, pois ainda não foi definido o material e nem as dimensões da viga que serão
utilizados no projeto. Portanto, a equação reduzida ficará apenas:

𝑃2 ∙ 𝐿3 (A5)
< 𝛿𝑚á𝑥
48 ∙ 𝐸 ∙ 𝐼

Os dados para 𝑃2 , 𝐿, 𝐸 e 𝛿𝑚á𝑥 já foram definidos e, portanto, deve-se colocar o Momento


de Inércia em evidência:
𝑃2 ∙ 𝐿3
< 𝐼𝑥 ⁡⁡⁡⁡⁡ ∴ ⁡⁡⁡⁡⁡⁡⁡ 𝑃2 = 𝑀𝑥 ∙ 𝜓 ∙ Sl (A6)
48 ∙ 𝐸 ∙ 𝛿𝑚á𝑥
1.06 ∙ 1.15 ∙ 50⁡kN ∙ (23000⁡mm)3
𝐼𝑥 > 2 > 2.05 ∙ 109 ⁡mm4
48 ∙ (200 kN⁄mm ) ∙ 38.3⁡mm

𝐼𝑥 > 2.05 ∙ 109 ⁡mm4

O resultado obtido acima é um parâmetro que permite a realização de um método iterativo


para identificar a viga com menor área de seção. Com isso, quanto mais próximo do limite da
deflexão, mais leve será o equipamento projetado e, portanto, menor será seu custo.
A partir do resultado obtido para o Momento de Inércia (𝐼𝑥 ), foi possível realizar um método
iterativo no qual aproximou-se do Momento de Inércia mais adequado ao critério de deflexão
acima: 𝐼𝑥 = 2,64 ∙ 109 ⁡mm4 . Foram geradas diversas seções nos softwares FTools e MDSolids,
com diferentes espessuras de chapas, para posterior análise estrutural no software SolidWorks
3D para estudantes. Para as vigas aprovadas nos critérios da NBR 8400, a decisão final
considerou a viga que representasse o menor custo de fabricação, considerando as limitações
de espaço do armazém. As chapas utilizadas para construção da viga-caixão selecionada para
esta ponte rolante possuem espessura de 25,4 mm (1 polegada), padrão que é facilmente
encontrado no mercado. Logo, foi determinada a viga com menor área de seção e,
consequentemente, menor massa por metro, conforme pode ser visto na Figura 15 abaixo.
108

Figura A.1 – Primeira viga selecionada e suas dimensões.

Fonte: Produzido pelos Autores.

Tabela A.2 – Dimensões e dados da primeira viga principal – não aprovada.


Descrição Valor Unidade
Comprimento da viga (𝐿1 ) 23 m
Tipo de Viga Caixão (Duplo I)
Alma 249,20 mm
Base Superior e Inferior (𝑏1 ) 400,00 mm
Espessura da Chapa Sup. e Inf. (𝑒) 25,40 mm
Largura da Aba (𝑟1 ) 50,00 mm
Espessura da Chapa Lateral (𝑏2 ) 25,40 mm
Altura (ℎ1 ) 575,20 mm
Centróide da área acima da linha neutra (𝑦) 207,99 mm
Área (𝐴𝑡 ) 49.540,16 mm2
Primeiro momento de área (𝑄) 515,20 ∙ 104 mm3
Massa por metro (𝑀𝑚 ) 3.815,01 N/m
Peso da viga (𝑃1 ) 8.944,48 kg
Momento de inércia (𝐼𝑥𝑥 ) 2,64⁡∙ 109 mm4
Momento de inércia (𝐼𝑦𝑦 ) 9,30⁡∙ 108 mm4
Momento polar de inércia (𝐽1 ) 3,57 ∙ 109 mm4
Módulo de resisência (𝑊𝑥−𝑥 ) 8,43 ∙ 106 mm3
Módulo de resistência (𝑊𝑦−𝑦 ) 4,65 ∙ 106 mm3
11
Módulo de flexão 5,28 ∙ 10 kNmm²

Fonte: Dados obtidos através da simulação da viga no software MDSolids.


109

Abaixo está o cálculo da contra flecha. Conforme avaliado no pré-dimensionamento da


viga acima, é notório como os cálculos do critério de deflexão convergem para os valores pré-
dimensionados, mostrando que este método é funcional, entretanto, quando estabelecidas as
condições de contorno corretas. Neste caso em questão, a condição de contorno estabelecida
não resultou em uma viga que pudesse ser aprovada.

5 ∙ 𝑃1 ∙ 𝐿3 (A7)
𝛿𝑔 =
384 ∙ 𝐸 ∙ 𝐼
𝛿𝑔 = Flecha⁡devido⁡ao⁡peso⁡próprio⁡da⁡viga⁡(𝑃1 )
5 ∙ 87,75⁡kN ∙ 23.0003 ⁡mm3
𝛿𝑔 = = 26,33⁡mm
384 ∙ 200⁡GPa ∙ 2,64 ∙ 109 ⁡mm4

𝑃2 ∙ 𝐿3 (A8)
𝛿𝑙 =
48 ∙ 𝐸 ∙ 𝐼
𝛿𝑙 = Flecha⁡devido⁡ao⁡peso⁡da⁡carga⁡e⁡do⁡trolley⁡(𝑃2 )
25⁡kN ∙ 23.0003 ⁡mm³
𝛿𝑙 = = 12,00⁡mm
48 ∙ 200⁡GPa ∙ 2,64 ∙ 109 ⁡mm4

𝛿 = 𝛿𝑔 + 𝛿𝑙 = 38,33⁡mm (A9)

Portanto, há necessidade de contraflecha, visto que 38,33⁡mm > 11,5⁡mm.

Este Apêndice A é exclusivamente para mostrar os resultados das análises numéricas


sobre a montagem final de ambas as vigas principais com as cabeceiras projetadas, entretanto,
quando o critério da contra flecha não foi aprovado em primeira tentativa. As deformações
resultantes estão evidenciadas na representação gráfica do modelo 3D elaborado no
SolidWorks, nas Figuras A.2, A.3 e A.4. É possível visualizar o comportamento destas
deformações, a tendência ao deslocamento e como elas excedem o estabelecido pelo critério de
deflexão máxima da NBR 8400 e, portanto, apresentam um risco para a estrutura projetada.
Importante notar as escalas adotadas para cada uma das imagens.
110

Figura A.2 – Distribuição das tensões sobre o sistema montado.

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.

Figura A.3 – Distribuição das deformações sobre o sistema montado (critério da deflexão não aprovado).

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.


111

Figura A.4 – Distribuição das deformações sobre o sistema montado – resultado deformado
(critério da deflexão não aprovado).

Fonte: Produzido pelos Autores no SolidWorks Simulation.

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