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MISSÃO DA DPU NA SAÚDE YANOMAMI

RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO

1 – INTRODUÇÃO

Diante da grave crise humanitária que atinge o povo Yanomami e Ye’kwana e do


descumprimento sistemático de decisões judiciais relacionadas ao aumento de mortes de
crianças por desnutrição e por comorbidades relacionadas com a malária, a Defensoria Pública
da União (DPU) realizou, em conjunto com o Conselho Nacional de Direitos Humanos
(CNDH) e a assessora especial do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Sheila de
Carvalho, visita técnica para verificar a situação do atendimento aos indígenas em Boa Vista
(RR).
Entre os dias 25 e 27 de janeiro, os defensores se reuniram com lideranças
indígenas e instituições que estão atuando na emergência de saúde, além de realizar uma
inspeção na Casa de Saúde do Indígena (CASAI) Yanomami e no Hospital da Criança Santo
Antônio.
É fato notório que o Governo Federal, nos últimos anos, vinha descumprindo
decisões da Supremo Tribunal Federal, conforme informa o próprio STF em nota: “O Supremo
Tribunal Federal (STF) informou hoje (26) que foram detectados indícios de descumprimento
de determinações da Corte e do envio de informações falsas envolvendo a situação da
população indígena yanomami. Segundo o tribunal, após a identificação dos responsáveis,
haverá processo para punição." 1
Ressalte-se que o Governo Federal também já havia descumprido decisões judiciais
em sede de ações civis públicas propostas pelo Ministério Público Federal (MPF) em Roraima
(processo n. 1000551-12.2017.4.01.4200), bem como não cumpriu diversas recomendações
expedidas pelo MPF em Roraima que buscavam garantir o direito à vida e saúde dos povos
indígenas da região, com bem apontado pela 6ª Câmara de Coordenação e Revisão2.
A visita técnica foi organizada pelo Observatório Nacional sobre o Garimpo e
Efeitos Socioambientais e contou com membros do GT Indígena, do GT Saúde, do GT
Segurança Alimentar, da Defensoria Regional de Direitos Humanos em Roraima (DRDH/RR)
e da Defensoria Nacional de Direitos Humanos (DNDH).
A Defensoria Pública da União constatou é uma violação generalizada e
sistemática de direitos humanos dos povos indígenas Yanomami e Ye’kwana.

1STF investiga envio de informações falsas sobre situação dos yanomami | Agência Brasil (ebc.com.br)
2Disponível em https://www.mpf.mp.br/pgr/noticias-pgr/nota-publica-6ccr-terra-yanomami). Acesso em
30.01.2023
2 – DA ESCUTA DAS ASSOCIAÇÕES YANOMAMI E DA SOCIEDADE CIVIL

No dia 25 de janeiro de 2023, no turno da manhã, realizou-se, na sede da Escola


Superior da Defensoria Pública do Estado de Roraima, o processo de escuta das associações
Yanomami e Ye’kwana.

Figura 1: Ato de escuta de representantes de Associações Yanomami

A liderança indígena da Hutukara Associação Yanomami esclareceu que a


associação já realizou inúmeras denúncias às instituições locais, nacionais e internacionais,
inclusive para o Supremo Tribunal Federal e para a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos. Nas suas palavras: “Já denunciamos o garimpo ilegal. Não somos investigadores.
Não é o nosso papel investigar. Esse é o papel da Polícia Federal. Cabe ao Estado brasileiro
responsabilizar pelas mortes, pelo garimpo ilegal e pela negligência. Violência e abuso sexual
contra as mulheres e crianças. Queremos que vocês reforcem as nossas denúncias e ajudem nos
processos de responsabilização”.
A liderança indígena da Ypassali Associação Sanumã disse que era um líder de um
dos povos Yanomami. Afirmou que “Os olhos de vocês não são tão compridos para enxergar
o que está acontecendo. Eu serei o olho de vocês. Nesses últimos 6 meses, passamos o pior
período, fome, malária, você olha para as moças elas estão só o couro e osso. O que vocês
acham que aconteceu para que chegássemos até aqui? A causa é a presença do garimpo. Eles
trazem a malária e a escassez de tudo. Com a presença do garimpo nas terras, os rios estão
contaminados e não temos água potável para beber. Para sobreviver, bebemos água
contaminada que traz diversas doenças. O que vocês podem fazer por nós? A nossa situação é
bem séria. A água era tão clara que conseguíamos ver o fundo. Morreram 19 pessoas nos
últimos três meses só nessa região. 30 pessoas morreram na área de um de nossos povos. Vocês
precisam fazer alguma coisa o mais rápido possível. Tem uma comunidade chamada
Kuraimadiu. Cinco pessoas morreram de uma só vez. As pessoas com fome e doente não
conseguem fazer a roça. Sem a roça não haverá comida no futuro. A gente reconhece o trabalho
da FUNAI. Chegou muita comida na FUNAI, mas não tinha horas voo para chegar nas
comunidades. A mulher saiu de uma aldeia e morreu no caminho, em razão da fome. Não
adianta ter comida e não ter aeronave para levar. As pessoas que estavam com malária,
procuram o posto de saúde e não tem remédio. Quem tem que entregar ou aplicar o remédio
não chega nas aldeias. Eu quero saber quem é o responsável por isso. Por que não contratam
os próprios índios. Precisamos contratar índios que podem ir onde os não índios não podem ir.
Estamos diante de um grande conflito. Esses conflitos podem gerar mortes. Há possibilidade
de conflitos entre as próprias comunidades na luta por comidas e roças. Tem que ter uma
aeronave para a FUNAI. Tem muitas crianças que estão morrendo agora. É preciso uma ação
emergencial. A região do Arakaça é um grupo que fica no Rio Arakaça. Duas mulheres se
enforcaram”.
A liderança indígena representante do Controle Social de Saúde Indígena explicou
que pertence à comunidade Surucucu. Segundo ele, essa foi uma região que sofreu o maior
número de invasões. Ele disse que: “quando a gente fala, parece que o vento leva nossa voz e
não traz de volta. Por isso fiz imagens para vocês. Morreu ontem um indígena de malária. Um
jovem correu dois dias para pedir socorro por helicóptero. Nós sofremos muito. O MPF
trabalhou muito. São 120 comunidades com alto risco de desnutrição e malária. Algumas
unidades de saúde estão com superlotação. São 80 pessoas por dia para dois enfermeiros.
Alguns profissionais de saúde estão com problemas psicológicos. Só tem um helicóptero para
a saúde. Desde dezembro que não consigo chegar em uma comunidade. Hoje, a prioridade é a
remoção. 30.000 Yanomami. 7 organizações. 5 etnias. 376 comunidades. 13.000 afetadas pelo
garimpo. 120 comunidades afetadas. 570 crianças yanomami menores de 5 anos morreram por
causas tratáveis. O garimpo cresceu 3.350% desde 2016. É muito pesado ouvir uma senhora
me dizer que eu vou salvar aquelas famílias e que eu vou tirar os garimpeiros. Eu carrego
crianças para ajudar. É difícil ouvir o choro das comunidades. É importante a DPU fazer uma
investigação séria e responsabilizar as pessoas que fizeram isso. A falta de logística,
medicamentos, profissionais e sucateamento do distrito Yanomami ocasionou a crise
humanitária. Os Yanomami não viram os mais de R$250 milhões, viram a morte. Na região do
Olomai, crianças estão morrendo. Eu fui levar um senhor que morreu de malária. Resgatamos
crianças Sanumã. Para recuperar deve demorar muito. O Povo Yanomami terá muitas cicatrizes
sociais, de saúde, ambientais, psicológicas, de luto. É preciso responsabilizar os financiadores
dos garimpeiros. A ADPF 709 não foi cumprida. O Secretário Robson afirmou por diversas
vezes que não cumpriria. Pegaram o meu computador com a justificativa de que estava
queimado e apagaram todos os documentos. Acho que é importante que a DPU realize visitas
às terras Yanomami”.
A liderança indígena da Associação Wanassedume Ye’kwana (SEDUUME) disse
que achava que o garimpo não chegaria na comunidade dele. É uma região de difícil acesso e
tem um quartel lá. Mas eles chegaram. Nas suas palavras: “Tememos que em alguns dias
acontecerá um conflito entre nós em razão dos ataques das roças. É preciso levar a ajuda
emergencial para lá para evitar o conflito. Nos wakais, o ambiente já está bem degradado. Os
rios estão contaminados. Estamos comendo dos peixes. As comunidades estão migrando em
busca de situações melhores. Os garimpeiros chegam armados e não conseguimos resistir. 5
garimpeiros encapuzados chegaram uma vez na comunidade. Nos Wakais, tem um garimpo
que se chama facção”.
Após a escuta das associações Yanomami e Ye’kwana, foi aberta a palavra para
representantes das instituições públicas e para representantes da sociedade civil.
A DPU fez um histórico de denúncias nas instâncias judiciais (STF e CIDH e Corte
IDH) e afirmou que sem recursos orçamentários não é possível garantir as medidas necessárias
para o atendimento do povo Yanomami. Essas medidas não podem estar limitadas pelo teto da
Emenda Constitucional do Teto de Gastos.
A instituição afirmou que é necessário cobrar do Poder Público a adoção imediata
e efetiva de medidas urgentes para a distribuição de alimentos e medicamentos e também
medidas mais estruturais. É preciso que a sociedade civil possa monitorar e cobrar do Poder
Público a adoção dessas medidas.
A Defensoria Pública do Estado de Roraima defendeu a proteção das lideranças.
Afirmou que uma lei foi aprovada no estado proibindo a destruição dos materiais de garimpo
apreendidas. Importante destacar a necessidade proteção do meio ambiente.
O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) reiterou todas as denúncias até aqui
formuladas. Sustentou que essa é uma tragédia anunciada. A situação se agravou nos últimos
anos por omissão. É necessário responsabilizar também o governo do estado de Roraima.
Garimpo e associação com o tráfico de drogas, com redes de exploração sexual. É urgente
reforçar a desintrusão dos garimpeiros das terras Yanomami.
O CIMI enxerga a violência como uma totalidade. A situação é extremamente
complexa e há um círculo perverso de violência. Armas, drogas, aliciamento, conflitos entre as
próprias comunidades. Passar de uma ação emergencial para uma ação estrutural.
A FUNAI ressaltou que foi só falar em desintrusão e já se iniciaram ameaças aos
servidores da instituição. O quadro de servidores é escasso. Milhões de hectares para 12
servidores da FUNAI com 60 temporários. O mínimo é renovar o contrato desses servidores.
Temos 4 bases ativas. Não conseguimos fazer aquisições porque temos contratos antigos não
adequados à realidade atual. Tenho preocupação com o que vai acontecer conosco após o início
da desintrusão. Ninguém anda tranquilo por aqui. Ser identificado como FUNAI nos territórios
é arriscado e os servidores têm medo de sua integridade física, por ameaças dos garimpeiros.
No período da tarde, diante da urgência de cobrar medidas efetivas por parte do
Poder Público, decidiu-se que seria oportuno compilar e construir coletivamente um conjunto
de recomendações, tomando por base aquelas já enunciadas no relatório do Instituto Socio
Ambiental (ISA), denominado “Yanomami Sob Ataque”.
Foi elaborada uma planilha com 46 recomendações com a indicação de instituições
responsáveis e de prazo para o seu cumprimento. A planilha está no Anexo 1.
3 – DAS INSPEÇÕES E DAS VISITAS INSTITUCIONAIS

a) CASAI YANOMAMI:

No dia seguinte (26 de janeiro de 2023), foi realizada inspeção na CASAI


Yanomami. A equipe DPU/CNDH chegou ao local às 9h.
A CASAI fica localizada no campus da Universidade Federal de Roraima.
Logo na chegada, foi possível constatar que, de fato, não há muro ou cerca de
proteção que impeça a entrada e a saída de pessoas e objetos não autorizados. A
comercialização de álcool e substâncias ilícitas pode ser facilitada por essa razão.

Figura 2: Muro aberto da CASAI que facilita entrada de pessoas e objetos não autorizados.

Foi possível perceber também que as tendas do Hospital de Campanha da Força


Aérea Brasileira já estavam funcionando.
Por outro lado, chamou a atenção a ausência de coordenação e de governança na
CASAI.
Havia, ao menos, três equipes no local: militares da Força Aérea Brasileira, sob o
Comando do Coronel Rodolfo; a Força Nacional do SUS, aparentemente coordenada pela
enfermeira Tarciana; e os servidores da CASAI, que responderiam ao coordenador-substituto
do DSEI, Alberto. Não havia, aparentemente, uma coordenação geral entre essas três equipes.
A inspeção iniciou-se, portanto, com um diálogo com integrantes dessas equipes.
Na sequência, dividimos a equipe da DPU em três grupos. O primeiro grupo
realizou inspeção nas diversas áreas da CASAI; o segundo grupo buscou informações mais
detalhadas com os representantes da CASAI, da Força Nacional do SUS e da Força Aérea, e o
terceiro grupo realizou escuta de indígenas que estavam acolhidos na CASAI.
a.1. Escuta de indígenas CASAI:

Indígena Sanuma 1 - Sanuma Olomai – Comunidade Samaria


Afirmou que os Sanuma estão passando um grande sofrimento. Dentro da sua
imaginação “nós estamos vivendo um momento que iremos acabar. Vai ser exterminado o
nosso povo. A comida acabou. Tem morrido tanto os velhos, como as crianças. As crianças
que são o futuro e os velhos que são nossa orientação.” O pouco de comida que sobra, de massa
de mandioca, eles fazem um bolinho e colocam dentro da cinza para secar e dividem entre as
crianças. É o que eles têm e está acabando. Nas suas palavras: “Então a tendência é a gente
morrer mesmo. Eu quero falar para vocês que a nossa alimentação acabou. Simplesmente
acabou. Eu gostaria que vocês pudessem levar alimentos para a nossa família o mais rápido
possível. Na região de Korai Maniu, houve bastante morte. Isso é só um exemplo. Da mesma
forma que eles morreram lá, nós também vamos morrer aqui. Estamos no mesmo caminho que
eles, por isso que estamos muito abalados com tudo isso que está acontecendo”.
Não queremos sair na aldeia e ficar muito tempo aqui. Queremos vir e voltar da
CASAI.
No que diz respeito à alimentação fornecida na CASAI afirmou que a alimentação
tradicional de sua comunidade consiste em banana, macaxeira, inhame, batata e carne assada,
bem passada. Que realizam duas refeições diárias. Por outro lado, a comida servida na CASAI
consiste em arroz, farinha, pão (no café da manhã pão puro e uma unidade por pessoa), café.
Afirmou que a comida é sem sal, que a carne é mal-passada, que não existe o peito do frango
e só as coxas. Quando ela está na fila da comida, às vezes sente o cheiro de comida estragada.
“O que está acontecendo com esta comida? Eu vou lá e pergunto. E por que não coloca um
pouco de sal? Então essas coisas eu tenho falado com o cozinheiro. Eu saio da fila e vou lá
reclamar. A gente é sanuma e a gente come muito. Aí vem aquele pouquinho de comida para a
gente. A quantidade de comida é muito pouca. A gente não está se satisfazendo não. Uma
comida seca. Será que não tem como fazer uma comida mais molhada para a gente comer?
Queria que vocês vissem a questão da nossa alimentação aqui também.”

Indígena Sanuma 2 - Kora korema


Está muito triste: “Meu interior está quebrado”. Acabou de perder uma criança.
Informou que a sua comunidade fica há aproximadamente 3 horas rio abaixo de
Palimiú. A equipe de saúde não vai lá fazer visita. E, por falta de visita, o filho dele ficou
doente. Muito tempo sem atendimento e quando chegou em Boa Vista, não deu tempo de
socorrer. O filho dele está agora morto no hospital. Tinha nascido dia 29 de dezembro de 2022.
A criança nasceu com problema e o atendimento médico não ocorreu a tempo. São 5 (cinco)
meses sem a visita da equipe de saúde na comunidade. A cada 5 (cinco) luas a equipe de saúde
faz a visita e quando chegam lá são 5 (cinco) dias de atendimento. Então, não há um
atendimento constante. Seu filho tinha 4 doenças diferentes: estava com febre, tossindo, falta
de ar e diarreia.
Outras crianças também morreram: o filho do Lipide; o filho da Marinete; o filho
da Sereza; e mais um visitante que morava com eles. Segundo o diagnóstico do próprio
indígena, as causas foram: malária, tosse e febre. Todas essas crianças morreram sem
atendimento da equipe de saúde. Estas mortes ocorreram num período aproximado de 1 (um)
ano e meio.
Ele está preocupado porque vive em uma região que precisa de barco para chegar.
Vai chegar com o corpo da criança em Palimiú e não sabe quanto tempo ficará lá esperando
para fazer o funeral. Pedem um posto de saúde, que fique pelo menos um enfermeiro. São 160
pessoas na comunidade.
Teve um tempo que havia atendimento regular, por volta de 2001, na época da
Urihi. Nesta época, foi dado treinamento para o Sanumas, que eram microscopistas e eles
fizeram atendimentos nas regiões inteiras e conseguiram acabar com a malária. Depois de lá, a
nossa luta sempre é muito grande. O que está acontecendo agora é aquela ferida que está ali e
nunca é sarada. Apareceu 4 garimpeiros, mais 2, daqui a pouco tem um grupinho de 20. E chega
uma hora que cobriu. Eu contei 4 novas pistas clandestinas. É uma coisa que foi devagar. Agora
aumentou. Mas sempre foi um grande problema. A briga é constante. Todo ano acontece a
mesma coisa. Nessa época da Urihi, trabalhou-se com os indígenas. Tem que trabalhar com os
indígenas. Se não tiver uma força tarefa com os indígenas, com os AISs, não vai resolver.
O tradutor informou que em 2008 pegou malária 8 vezes, porque ficou com a
maleta de medicamento e saía pelas comunidades todas, andando e tratando junto com o
microscopista. É muito importante esta discussão que estava tendo aqui: não consegue contratar
isso e aquilo. E enquanto se discute se contrata médico ou enfermeiro, o povo lá na frente
morre. Olha só: é para fazer as visitas de helicóptero uma vez por mês. Foram duas vezes em
uma comunidade no ano. Eu perguntei no CONDISI: De quem é a responsabilidade? Vão
morrer 5 lá na comunidade. Vocês não vão lá visitar? Não, em novembro de 2022 a gente vai.
E não foi. De dezembro para janeiro morreram as 5 (cinco) pessoas da comunidade que eu
falei, Kolei Maidu. Quem é o culpado? Vamos culpar quem? A gente pressiona os funcionários,
mas a ordem vem de cima. 800 (oitocentas) pessoas em Orumai para 2 (dois) atendentes. Eles
vão dar conta? Não vão. Aí temos funcionários estressados, que não conseguem mais trabalhar
na área, principalmente porque a quantidade de indígenas para ser atendidos é muito grande
para dois profissionais de saúde, sem ter um médico, sem ter uma enfermeira. Kolei Maidu era
um grupo saudável, que estava num local isolado. Que não tem pista. Um povo trabalhador. As
pessoas estavam vindo de fora para pegar comida na comunidade deles, porque é povo
trabalhador. As pessoas morreram, porque pegaram a malária e ficaram fracos e não tinham
condições de dar continuidade nas suas roças. Tivemos esses dois anos de chuva, não
conseguimos fazer as roças direito. Chega o próximo ano, vem o que? A malária. Se vem a
malária, eles ficaram fracos. A saúde não conseguiu dar atendimento total a eles, entraram
numa desnutrição, vem a fome e a morte. Se não tivesse a presença da malária eles poderiam
ainda suportar. Para mim, a questão principal é a malária, porque mesmo que faltasse comida
ali, eles vão para a mata pegar palmito, alguma raiz, comer minhoca. Eu já comi muita minhoca
no meio da mata. Mas eles não aguentam sequer cavar um lugar para tirar. Não conseguem
derrubar um pé de açaizeiro para comer o palmito, porque para isso precisa de força e não tem.
Então todas essas coisas levaram à morte dessas pessoas.
Por fim, foi realizada a escuta da situação da terceira indígena Sanuma, que há 6
anos está esperando a realização de sua cirurgia. Já ficou cega. Depois de realizados todos os
seus exames, a cirurgia estava agendada para novembro de 2022, mas não ocorreu. Ela pede
para voltar para sua comunidade. Quer morrer em casa. Não acredita mais nos povos não
indígenas. Chegou na CASAI enxergando e agora não vê mais. Não tem esperança de cura.

a.2. Reunião com representantes do DSEI, da Força Nacional do SUS e da Força


Aérea

Após a divisão das equipes, a coordenadora do GT-Saúde da DPU, defensora


Carolina Leite, se reuniu com Alberto, coordenador interino do DSEI e com o Coronel Rodolfo,
médico da Força Aérea que está coordenando o Hospital de Campanha.
O Coronel Rodolfo explicou que ele não teria qualquer ingerência sobre as
aeronaves utilizadas no atendimento do Território Yanomami. Ele informou que sua função
seria coordenar o Hospital de Campanha montado na CASAI. Narrou que o Hospital conta com
31 profissionais de diversas especialidades. No dia da visita, a médica ginecologista já teria
iniciado os atendimentos no próprio espaço da CASAI. No entanto, os demais atendimentos
ainda não teriam iniciado, vez que o Hospital estava em fase de instalação de equipamentos.
O objetivo do Hospital de Campanha seria prestar atenção especializada, com
clínicos gerais, pediatras, cirurgião, ortopedista, ginecologista, radiologista, enfermeiras,
farmacêuticas, dentista e auxiliares. Além disso, haveria especialistas em laboratório,
eletricistas e assistente social.
Ele narrou que não havia previsão de a equipe do Hospital se deslocar ao Território
Yanomami. Assim, todos os atendimentos seriam realizados nos módulos montados na CASAI.
Ressaltou ainda que somente disporia de medicação básica para realização dos
atendimentos. Porém, não havia previsão de dispensação de medicamentos anteriormente
prescritos por outros médicos ou de continuidade na assistência farmacêutica.
O Coordenador do DSEI informou que não tinha sido informado sobre a estrutura
do Hospital de Campanha e que as instituições parceiras não estavam conversando com ele. A
implantação do Hospital não estava coordenada com o DSEI.
O Coronel informou que a SES/RR havia efetuado uma remessa de composto
alimentar para a CASAI e de diversos medicamentos para o DSEI. O Coordenador confirmou
o recebimento de medicamentos naquele mesmo dia. Porém, informou que ainda não tinham a
relação dos fármacos, o que impedia a confirmação se eles conseguiriam atender as demandas
de saúde imediatas do povo Yanomami.
Enquanto os membros da DPU conversavam com os representantes do DSEI e da
Força Aérea, a Força Nacional do SUS organizou com o coordenador de enfermagem da
CASAI, Sr. Rednaj, o fluxo de atendimento pela equipe do SUS.
Ao final, a DPU reforçou a necessidade de articulação entre o DSEI, a Força
Nacional do SUS e a Força Aérea.

a.3. Inspeção nas Diversas Áreas da CASAI

A segunda equipe realizou a visita às instalações da CASAI. Na data da inspeção,


a unidade contava com 286 pacientes e 268 acompanhantes, totalizando 554 indígenas.
Inicialmente, a DPU foi direcionada a sala destinada ao arquivo de prontuários e
posteriormente a uma parte que apresentava diferentes salas para atendimento da equipe
multidisciplinar que, de acordo com a CASAI, é composta por 2 servidores públicos médicos,
5 profissionais de enfermagem, 2 nutricionistas e 26 técnicos de enfermagem e 5 assistentes
social, no entanto parte da equipe havia sido dispensada e estava cumprindo aviso prévio. Ao
ser questionada sobre a ausência de profissional de saúde mental, a instituição relatou que
recebem o apoio da psicóloga responsável técnica do DSEI, o que não parece suficiente.
Em seguida a equipe foi direcionada ao posto de enfermagem em que foi explanado
sobre os fluxos utilizados pelos profissionais da saúde ali lotados, apresentando, inclusive
modelos dos documentos em que se registra a chegada, acompanhamento e saída dos pacientes
atendidos. Ademais, foi enfatizado a importância do cumprimento do fluxo de referência e
contrarreferência pelas equipes de área como garantia da continuidade dos cuidados aos
pacientes indígenas. De acordo com a CASAI, é comum o encaminhamento de pacientes pelos
Polos Base sem o registro do documento de referência ou ficha de remoção com informações
básicas e essenciais para condução do caso clínico. A unidade também relatou dificuldade com
a contrarreferência dos serviços de saúde municipal e estadual, pacientes indígenas recebem
alta médica sem relatório ou qualquer outro documento que ateste a liberação médica. A
CASAI enxerga o descumprimento do fluxo de referência e contrarreferência como uma grande
fragilidade institucional que precisa ser solucionada.
Posteriormente foi apresentada a ala que ficam os pacientes agudos, mas que não
são acolhidos pela rede hospitalar com a justificativa de possibilidade de cuidados domiciliares,
são pacientes acamados, com comprometimento físico, motor e neurológico que dependem
integralmente dos cuidados de enfermagem. Nesse ponto, a equipe da CASAI ressaltou a
descaracterização do papel da unidade que tem como função fornecer apoio, acolhimento e
assistência aos pacientes indígenas e seus acompanhantes referenciados à rede de serviços do
SUS para realização de ações de média e alta complexidade.
Foram feitos relatos de crianças indígenas que, supostamente, teriam sido
“abandonadas” na CASAI e que ali permanecem sem responsável legal, sem cuidados
adequados e em situação de hipervulnerabilidade. Embora não tenha sido possível identificar
quem ou quantas seriam essas crianças a estimativa é de aproximadamente quinze crianças
indígenas em situação de abandono vivendo na CASAI Yanomami de Boa Vista/RR.
Após, foi apresentada a área em que os indígenas realizam suas refeições diárias.
Observou-se que, apesar da disponibilização de bancos havia várias indígenas com filhos
pequenos se alimentando no chão e que algumas destas crianças apresentavam características
físicas de desnutrição evidente. Identificou-se ainda que a alimentação servida no almoço se
resumia em arroz, farinha, proteína branca, fruta cítrica (limão/laranja), salada, pedaço de
batata e macarrão.

Figura 3 e 4: Criança Yanomami no refeitório

Questionada, a equipe de nutricionistas da CASAI relatou que as crianças em


evidente quadro de desnutrição não estavam recebendo acompanhamento hospitalar, pois tal
atendimento estaria restrito a crianças que, além de desnutridas (ainda que de forma grave)
estivessem com comorbidade que, por si, justificasse a internação (como pneumonia ou
malária, por exemplo) e que o tratamento da desnutrição (ainda que grave) se desacompanhada
de comorbidade que, por si, justifique a internação, estaria restrito a medidas de vermifugação
e alimentação comum como retratado nas imagens.
O contrato de alimentação é emergencial e, de acordo com a nutricionista da
empresa contratada, são fornecidas 6 refeições diárias (café da manhã, colação, almoço, lanche,
jantar e ceia) em que primeiramente são servidas às mulheres e crianças e relatou que as
nutricionistas da CASAI que são responsáveis pela alimentação assistida.
Ao ser questionado sobre a disponibilidade de medicamentos, foi informado que
ocorre a falta dos insumos, mas que recentemente havia sido entregues alguns itens.
No que se refere à estrutura física, observou-se que todos os ambientes
apresentavam condições ruins de conservação. Os alojamentos estavam lotados e não há
fornecimento de roupa de cama e banho, os locais de trabalho e atendimento das equipes são
inadequados e há animais como gatos e cachorros circulando dentro da unidade.
b) Reunião na base da Força Aérea Brasileira

Após o conhecimento das demandas quanto à distribuição das cestas básicas em


comunidades mais remotas em Auaris, bem como a necessidade de mais meios aéreos para os
resgates, foi realizada reunião com o Tenente Coronel da FAB – Muller.
Foi informado que a logística da distribuição das cestas básicas tem sido feita a
partir dos dados fornecidos pela FUNAI, que indica os locais de distribuição.
Que na região de Auaris não é possível o lançamento das cestas básicas com
paraquedas, porque a pista é próxima de uma oca e não há segurança na operação.
Informou que a pista de pouso do 5º PEF não está própria para o pouso. Afirmou
sobre a dificuldade de levar o material para reforma da pista, ante a proximidade da pista da
Oca da comunidade.
Forneceu o contato da COMAE (Comando da Força Aérea) que é responsável pela
logística e distribuição das aeronaves, para a realização de pedido de reforço de meios aéreos
para atendimento à Terra Indígena Yanomami (61) .
Verificou-se que o trabalho da FAB depende do fornecimento de informações e
solicitações de outras áreas. Verificou-se que há pontos de aperfeiçoamento neste ponto.

c) Visita ao Hospital da Criança de Boa Vista

Durante a visita ao Hospital da Criança, fomos recebidos pela Direção Geral e


Administrativa do Hospital, por um médico pediatra, pela assistente social responsável pela
organização do TFD (Tratamento Fora de Domicílio) e por um intérprete.
O hospital atende apenas pacientes do Sistema Único de Saúde e conta com 94
médicos especialistas em sua equipe. Não são realizados tratamentos oncológicos no local.
Quando há necessidade de atendimento na oncologia, realiza-se a transferência da criança.
Percebeu-se um aumento significativo de atendimentos de crianças Yanomamis,
com doenças respiratórias e demais comorbidades, associadas à desnutrição endêmica.
O médico responsável pelo setor de pediatria confirmou a informação da CASAI
de que somente são realizadas internações de crianças com desnutrição acompanhada de outra
comorbidade que justifique, por si, a internação como, por exemplo, pneumonia ou malária e
que a desnutrição por si, ainda que grave, não vem sendo acompanhada em internação.
Pontuou que o hospital não dispõe de leitos suficientes para absorver o fluxo de
crianças em situação de desnutrição grave trazidas de área para a CASAI Yanomami,
especialmente considerando que esse é um atendimento longo e argumentou que a presença de
crianças com desnutrição em ambiente hospitalar poderia importar em exposição à
contaminação por outras doenças. Informou ainda que o fluxo para crianças desnutridas, sem
comorbidades, seria o agendamento de consulta na especialidade pediatria, com
acompanhamento ambulatorial.
A equipe da DPU reforçou que todos os encaminhamentos de emergência efetuados
pela CASAI, mesmo que em casos de desnutrição sem outras comorbidades deveriam ser
atendidos no pronto atendimento, efetuando os cuidados imediatos necessários, iniciando o
tratamento das verminoses e repassando as orientações cabíveis sobre alimentação aos
cuidadores da criança. Frisou-se que esses casos precisam receber assistência, ainda que o caso
pudesse ser tratado apenas em atendimentos ambulatoriais.
Considerando que durante a oitiva das lideranças Yanomamis no dia 25/01/2023
foi mencionado um atraso na realização de TFDs, pedimos informações e esclarecimentos à
assistente social que realiza os requerimentos de transferência para tratamentos não
contemplados no hospital.
Foi informado que a maior dificuldade encontrada seria a obtenção de vagas em
outras instituições de saúde. Como Roraima não possui sistema de regulação de leitos do SUS
Nacional, não há como saber onde há vagas disponíveis. Assim, os pedidos de transferência
são feitos junto à rede parceira já conhecida da equipe do hospital como uma verdadeira
solicitação de “favor”. Cabe aqui ressaltar que o TFD municipal é responsável pelas crianças
de 0 a 12 anos e o estadual pelos adultos.
A DPU questionou a possibilidade de adaptar as regras do TFD para a realidade
indígena, como um período menor entre um agendamento e outro que permita o paciente
retornar ao local de origem (hoje são 60 dias), diminuindo assim o período de exposição à
ambientes hostis à cultura indígena. Outro ponto levantado foi o custeio e passagens e ajuda de
custo para intérpretes acompanharem indígenas não falantes da língua portuguesa, de acordo
com a coordenação do TFD Municipal, há a possibilidade caso tenha solicitação médica, o que
não parece adequado, pois nem sempre o profissional médico conseguirá ter uma percepção
detalhada da capacidade de compreensão e expressão da língua portuguesa por um indígena
apenas durante o período da consulta médica.
Em contrapartida, foi informado que a falta de normativas municipais que
regulamentem o Tratamento Fora de Domicílio e a demora em encontrar vagas em outros
hospitais públicos nos demais estados têm sido as maiores dificuldades atualmente enfrentadas.
Observou-se que o Hospital Santo Antônio possui uma boa estrutura física para
atender as crianças indígenas, os espaços são amplos e limpos e, conforme prevê o Incentivo
de Atenção Especializada aos Povos Indígenas (IAE-PI) que a unidade recebe, as instalações
são adaptadas de acordo com os costumes indígenas com a disponibilidade de redes ao invés
de camas hospitalares e com o fornecimento de alimentos tradicionais.
Foram apontadas as seguintes dificuldades:
1. Impossibilidade de TFD para casos de ortopedia, em razão de
fila de espera;
2. A dificuldade de acesso à documentação dos indígenas, a qual é
necessária para o cadastramento da demanda no TFD. Muitos chegam
ao hospital sem nenhum documento, nem mesmo o RANI (Registro
Administrativo de Nascimento de Indígena);
3. Dificuldades para abertura de contas pelos indígenas para
receberem a ajuda de custo para a viagem;
4. Dificuldade de o/a paciente aceitar ficar mais tempo afastados da
terra indígena.

Em suma, a ausência de integração nacional do sistema de regulação de leitos é


preocupante e configura ponto de aperfeiçoamento no atendimento de saúde, não apenas dos
indígenas, mas de todos os/as usuários/as do SUS.
Durante a visita, fomos às alas em que há crianças Yanomamis internadas. O estado
de fragilidade e desnutrição é evidente. No momento da visita, havia aproximadamente 50
crianças Yanomamis internadas, sendo 5 em acompanhamento na UTI.
O médico pediatra que acompanhou a equipe da DPU informou que entende que
há necessidade de capacitação da equipe da CASAI para lidar com as crianças com desnutrição
e verminoses. Informou que a alimentação dessas crianças deve ser tratada com cuidados.
Por fim, o médico destacou que as crianças Yanomamis em geral estão com o
calendário vacinal bastante desatualizado, sendo este um ponto que precisa de atenção e
cuidados.

4 – DA REUNIÃO DA SALA DE SITUAÇÃO

No dia 27 de janeiro de 2023, a equipe da Missão participou, ainda, de reunião


virtual da Sala de Situação constituída para a construção das ações estruturais para a reversão
da situação de emergência sanitária.
Nessa reunião, foi esclarecida a forma de governança da atuação da União na
emergência sanitária que se dará em 3 frentes:
a) Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à
Desassistência Sanitária em Território Yanomami (Decreto nº11.384,
de 20 de janeiro de 2023);
b) Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-
Yanomami) coordenado pelo MS;
c) Sala de Situação Yanomami.

No que se refere a essa última, há o entendimento que funcionará como um instrumento


de comunicação ampla composta por grupos de trabalho temáticos, a saber:

a) Segurança alimentar e água potável;


b) Reestruturação DSEI-Y e CASAI-Y;
c) Logística e infraestrutura;
d) Segurança Pública;
e) Assistência emergencial: malária, desnutrição, AIDPI, imunização,
saúde da mulher;
f) Impactos socioambientais do garimpo e mudanças climáticas;
g) Yawari

5 – ENCAMINHAMENTOS

Diante de tudo o que foi visto e relatado, a DPU e o CNDH resolvem adotar os
seguintes encaminhamentos:

a) Será instaurado PAJ no DRDH/RR para acompanhamento das medidas


emergenciais que devem ser adotadas pelo Comitê de Emergência;

b) Considerando a urgência do envio de alimentos e medicamentos para a


região do Awaris, foi encaminhado ofício ao Ministério da Defesa e ao
Ministério da Justiça, a fim de que sejam incrementadas as aeronaves
disponíveis para execução da logística;

c) Após discussão da planilha com associações Yanomami e Ye’kwana,


os temas identificados serão convertidos em ofícios requisitórios e/ou
recomendações, sendo disponibilizada em site da DPU e compartilhada
com entidades parceiras para possibilitar controle social.

Defensoria Pública da União


Conselho Nacional de Direitos Humanos
ANEXO 1 – Tabela de Recomendações

Medidas Recomendadas Prazo Instituições


Responsáveis
1. Instalação de novas BAPES
2. Estruturação com recursos, pessoal e reforço 60 dias CGIIRC da FUNAI;
de segurança das BAPES (Bases de Proteção
Etnoambientais) existentes conforme ACP nº
3. Apresentação do Plano de Ação do Sistema de 15 dias Força Nacional de
Segurança Pública na TI Yanomami Segurança; Polícia
Federal; Polícia
Militar
4. Presença ostensiva das Forças Armadas nos 10 dias MJ e Ministério da
Territórios de maior tensão Defesa
5. Manutenção e ampliação das pistas FUNAI e ANAC
comunitárias - ACP MPF nº
6. Inutilização das pistas clandestinas de pouso e Coincidir com Ministério da
das aeronaves. o processo de Defesa, Ministério
desintrusão da Justiça, MMAC
7. Fiscalização dos aeródromos privados (ANAC) ANAC
8. Fiscalização do fornecimento de combustíveis ANP
por meio do controle (informatização e
publicização) do MMCA (ANP). Cadeia de
custódia do combustível. Investigação no MPF
9. Garantir a reabertura de polos base de saúde SESAI
indígena, UBSIs e pistas comunitárias
ocupadas pelos garimpeiros.
10. Destruição do maquinário utilizado. PF e IBAMA

11. Mapeamento contínuo e adaptação rotineira MPI e Ministério da


das áreas prioritárias. Saúde/DSEI
12. Identificação de pessoas envolvidas na ANATEL, TELEBRÁS,
instalação de redes de radiofonia e Internet Polícia Federal
utilizadas pelos garimpeiros
13. Aprimorar serviços de internet e comunicação 30 dias ANATEL, MDHC,
nas terras indígenas Ministério das
Comunicações
14. Controle da cadeia produtiva do ouro.
15. Implantação de sistema de rastreabilidade de Câmara de
origem e conformidade ambiental e social da Deputados, BACEN,
produção e do comércio do ouro. PF
16. Extinção do regime de Permissão de Lavra Ministério de Minas
Garimpeira e Energia (DNPM)
17. Revogação parcial da Lei n. 12.844/2013 (arts. Congresso Nacional
37 a 42), no que se refere ao transporte e
comercialização do ouro.
18. Priorização pelo CNJ de processos Observatório do CNJ
relacionados ao Genocídio do Povo Yanomami sobre questões
socioambientais de
Grande Impacto
19. Acionamento do Fórum de Lideranças, MJ, FUNAI
conforme Protocolo de Consulta
20. Levantamento preliminar de lideranças que 15 dias FUNAI, ISA,
estão ameaçadas HUTUKARA e demais
associações
21. Inclusão de Lideranças nos Programas de MDHC
Proteção de Defensores de Direitos Humanos
22. Devolução dos corpos, respeito ao luto e aos 10 dias SESAI, AGU
rituais/cerimônias para as pessoas mortas -
ACP MPF nº

23. Fortalecimento da cooperação técnica com as


Universidades
24. Recomposição da força de trabalho (EMSI) e SESAI
reorganização dos fluxos de trabalho com
controle adequado dos prontuários
25. Diagnóstico da contaminação (de pessoas e do 15 dias Ministério da Saúde,
meio ambiente) por mercúrio e criação de Ministério do Meio
Protocolo de Comunicação de Notificação Ambiente e FioCruz
Compulsória
26. Capacitação dos Profissionais de Saúde do SESAI,
DSEI em interculturalidade e indigenismo Universidades,
FUNAI, FioCruz
27. Capacitação Contínua dos Agentes Indígenas SESAI, OIM,
de Saúde e Saneamento Universidades,
UNICEF
28. Restabelecimento dos estoques de Ministério da Saúde,
medicamentos da RENAME Indígena SESAI
29. Reestruturação do DSEI conforme SESAI
Recomendações n 1/21 e 23/22 do MPF
30. Fornecimento de refeições saudáveis e SESAI
culturalmente adequadas nas UBSIs para
pacientes e acompanhantes
31. Regularização da alimentação culturalmente SESAI, AGU
adequada na CASAI, com aquisição de
alimentos da agricultura familiar
32. Regularização dos TFDs com vagas que SESAI, Secretarias de
respeitem a interculturalidade Saúde Estadual e
Municipal
33. Criação de fluxo entre CASAI e DPU para SESAI, DPU
análise dos casos mais graves/TFD
34. Promoção de Ações Específicas de Combate à MS, SESAI,
Malária, conforme Ofício da Hutukara de 24 Secretarias de
de novembro de 2021 (item 8 das propostas) Saude, Laboratórios,
OIM
35. Promoção de ações específicas de Combate à SESAI
Desnutrição, conforme Ofício da Hutukara de
24 de novembro de 2021 (item 9 das
propostas)
36. Promoção de ações específicas de acesso à SESAI, Universidade
água potável adequada ao contexto de cada Federal de Roraima,
comunidade (elaboração de plano de UNICEF, FioCruz
referência)
37. Construção de Plano de Fortalecimento das FUNAI, ISA, CONAB,
atividades de produção de alimentos EMBRAPA,
culturalmente adequados, em conformidade Secretaria Estadual
com o PGTA (Plano de Gestão Territorial e dos Povos Indígenas
Ambiental da TI Yanomami).
38. Organização de mutirões itinerantes de DPE, Cartórios,
emissão de documentações na TI FUNAI (RANI)
39. Fluxo para regularização de documentos na DPE, Cartórios,
sede do Municípios FUNAI (RANI)
40. Medidas de Reparação Civil e Ambiental Ministério do Meio
Ambiente, IBAMA,
MPF, DPU, Hutukara
e demais
associações
41. Destruição da nova estrada ilegal Ajarani de MPF, PF e IBAMA
150km
42. Medidas de preservação da memória, em Povo Yanomami
confomidade com as propostas do Povo
Yanomami
43. Compilação de relatórios e hotsite MPI (?), DPU (?),
MPF (?), Hutukara
(?)
44. Reestruturação e abertura de Escolas FUNAI, MEC,
Indígenas com formação e contratação de Secretarias Estadual
Professores/as, Cozinheiras, com fluxo e Municipal de
contínuo de merenda escolar Educação
45. Aprovação de crédito extraordinário Presidência da
especificamente para questões envolvendo o República, ME,
Povo Yanomami Congresso Nacional
46. Construção de Plano específico para os SETRABES,
Yaroamë (Yawari) CRAS/CREAS,
Conselho Tutelar,
MPF, FUNAI, DPE,
CIMI

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