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O lazer era, e ainda é, muito confundido com esportes, recreação e jogos, e ele veio ganhar

espaço no meio acadêmico a partir dos anos 50.


Os conceitos de lazer foram trazidos a partir dos anos 60 e 70 pelos norte-americanos,
porém Bramante queria ter, escrever e estudar seus próprios conceitos. O tempo livre era
visto como mercadoria devido a revolução industrial, o tempo era visto como algo
relacionado ao dinheiro e isso dificultou bastante a conquista do chamado tempo livre.
O principal caráter dos conceitos de lazer dos anos 70 seria o caráter atitudinal, que torna o
lazer um fenômeno pessoal e com atributos básicos, destacando-se dois: a criatividade e o
prazer.
A dimensão de tempo residual das obrigações pessoais e sociais foi se esgotando na era
"pós moderna" e perdeu sua linearidade e sucessivamente ganhou novos enfoques. Entram
em vigor conceitos entre obrigação e não obrigação.
O lazer é de certa forma instável, pois o que é lazer para alguns pode não ser para outros, e
o que pode ser lazer para uma pessoa em um momento pode deixar de ser minutos depois
por causa de diferentes fatores intervenientes que compõem uma experiência de lazer.
Então, por mais que a experiência de lazer tenha sido ótima e o ambiente tenha tido uma
maravilhosa recreação, aquilo tudo será atemporal/espacial e sempre se renovará, ou seja,
não terá como voltar atrás e vivenciar o que já foi vivido. A ludicidade é o principal eixo da
experiência do lazer, e é um dos únicos assuntos em que há conformidade entre os
diferentes autores que discutem o significado do que é lazer, que a partir de estudos,
definiu-se que é o redescobrimento da vocação inerente do ser humano que brinca e joga,
na sua mais pura essência antropológica. Essa vocação é acrescida pelo potencial
socializador e é determinada de forma predominante por uma motivação intrínseca ligada à
liberdade.
Em relação ao que foi dito antes, vale ressaltar que há uma relação dialética entre o
indivíduo, que é ligado a sua motivação intrínseca e a percepção de liberdade, e o
ambiente, que é ligado ao potencial socializador. Nessa relação dialética é observado a
mútua influência que resulta no envolvimento das pessoas no lazer. A experiência do lazer
é pessoal e não se pode negar o potencial socializador que ela representa em meio a
sociedade.
Sem dúvidas, o lazer é uma riqueza e para entendermos isso é necessário fazer o uso de
dois eixos, liberdade e motivação. Quanto mais gratuito e sem finalidades rígidas e quanto
mais for voltado para os interesses pessoais, melhor será a experiência.
Quando vivemos uma experiência verdadeira de lazer, o fazemos com amor, ou seja,
damos o sangue e não esperamos nada em troca. Nos entregamos de corpo e alma sem
pensar no amanhã e por mais que seja estranho, ficamos extremamente interessados no
que estamos fazendo a cada minuto e não ligamos para o que está ocorrendo ao nosso
redor. Esse engajamento é na verdade um fenômeno da transcendência da existência.
Nessa linha de pensamento que reúne o amor e transcendência à existência, é possível que
haja comparação entre essas duas coisas a algo semelhante a fé, ou seja, crer que aquela
experiência que foi vivida é a mais importante de todas e isso faz com que haja o
aprofundamento sobre tal e a busca pelo conhecimento melhor do que já se faz bem em
relação a excelência do lazer. Esse fenômeno tem sido escrito por alguns escritores, o lazer
vem sendo visto de mais forma séria e o conceito da linha demarcatória entre o trabalho e o
lazer vem sendo bem debatido também.
Da mesma forma, os ambientes de trabalho estão cada vez mais "humanizados" e, na
busca de melhor produtividade, elementos do lazer permeiam as atribuições características
do trabalho obrigatório. Sua vivência está relacionada diretamente às oportunidades de
acesso aos bens culturais. A questão da acessibilidade aos bens culturais é um desafio
para todos os profissionais do lazer, principalmente os que atuam no setor público. Acredito
que o papel essencial da profissão é ser um educador com visão revolucionária que busca
ampliar a base de experiências diversas nos mais diversos conteúdos culturais de lazer, já
que as escolas focam quase exclusivamente no trabalho. Lamentavelmente, por exemplo,
um movimento se desenvolveu em muitas bibliotecas nas vésperas dos exames escolares,
com numerosos exemplares das principais partes dos livros, "conteúdo do exame". A
situação se agrava quando essas bibliotecas funcionam no chamado “horário comercial”,
apagando desse espaço privilegiado de transmissão cultural sua mais nobre missão de
promover o “saber de bom gosto” como lazer, quando as pessoas realmente “perdiam”
entre as prateleiras: procuravam por um assunto, mas se apaixonaram pela poesia que
encontraram nas alegorias daquela biblioteca, e começaram a explorá-la, encontrando a
alegria da leitura passando despercebida e sem motivo. Geralmente determinado por
fatores econômicos sociopolíticos e influenciado por fatores ambientais.
A magnitude da influência de indicadores como idade, renda, escolaridade e outras variáveis
que podem afetar o acesso de uma pessoa ao lazer e ao sucesso é amplamente discutida
na literatura profissional. Todos esses fatores desempenham um papel na persistência do
lazer. Porém, em um país desigual como o nosso, onde a grande maioria das pessoas vive
na linha da pobreza e muitos na linha da pobreza, esperar por uma experiência de lazer que
promova seu desenvolvimento social e como indivíduos é quase uma utopia. Vários estudos
mostraram que a socialização por meio do lazer tende a criar uma "lição oculta" na
abundância de membros da família que beneficiará essas pessoas fora do trabalho a longo
prazo.
A influência do mass media; o crescimento da oferta de lazer pela iniciativa privada, com a
conseqüente abdicação do setor público nessa área de serviços, os perigos de transformar
o lazer mais em ter do que ser, a degradação ambiental; a corrida desenfreada pelo turismo
como fonte de riqueza para os municípios; alguns modismos-que vão dos esportes radicais
aos mais variados parques temáticos são, entre outros, elementos que devem servir de
reflexão para aqueles que atuam nesse campo. Sintetizando essas reflexões sobre o
conceito e significado de recreação e lazer, vale destacar a formação de recursos humanos
profissionais na região. Diante da complexidade do assunto, apesar das iniciativas
esporádicas desta ou daquela universidade (na maioria algumas instituições privadas,
atraídas mais pela "mãe" econômica representada pelo lazer e entretenimento do que por
inovações na dimensão lúdica das pessoas), podemos constatar que os dirigentes
nacionais estão algo divididos nesta área de atuação, pelo que se pode desenvolver uma
agenda mínima de atuação em termos de preparação de recursos humanos e
desenvolvimento da política setorial de lazer. De fato, houve avanços: mais municípios
estão abraçando a ideia de lazer comunitário, alguns líderes de clubes sociais de lazer
atualizaram seus conhecimentos em sua vasta rede no país, as publicações foram
ampliadas e publicamos na décima edição do O Lazer Nacional e a Conferência do Lazer
(ENAREL), onde o Brasil sediará o primeiro Congresso Mundial do Lazer, está produzindo
mais dissertações de mestrado e doutorado, mas ainda falta aos profissionais um
direcionamento mais claro para reforçar, junto à sociedade, os valores do lazer lazer,
mostrando seus benefícios. A "gratuidade" do lazer, para quem vive essa experiência não
pode ser confundida com o espontaneísmo na sua concepção e administração. Uma
verdadeira intervenção cultural dentro do lazer exigirá esforços concentrados em
determinadas direções que envolvam a aglutinação dos recursos para a elaboração da
mencionada agenda mínima para o setor. Assim, as diferentes concepções e significados
da recreação e lazer, como propõe estes "Múltiplos Olhares", poderá contribuir para que a
sociedade brasileira compreenda os valores dessa dimensão tão importante da vida
humana, que é o lazer, e tente preservá-lo como foco de resistência ao consumo alienado,
barato e medíocre daquela recreação que só diverte, isto é, diverge do sério, mas mantendo
a sisudez que afasta da felicidade.

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