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MATERIAL APOIO PEDAGÓGICO

ANO LECTIVO 2022/023 – 2º SEMESTRE

SIGLA /CURSO EDF EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO

ANO/TURNO 2º TARDE

CÓD./DISCIPLINA 118 SOCIOLOGIA DO DESPORTO II

DATA DA PUBLICAÇÃO 29 / 04 /2023

PROF./NOME JOSÉ MULUSE ABRAÃO


GENERALIDADES SÓCIODESPORTIVAS

Presentemente vivemos numa sociedade sedentária, em que o desporto tem vindo a dquirir
uma importância cada vez maior.Os desportos são variados mas têm de ter em comum regras
e valores próprios que possam contribuir para o bem-estar de todos.O desporto é um direito
de qualquer cidadão, acessível a todos, quaisquer que sejam as suas capacidades ou
interesses.O desporto constitui factor de inserção, de igualdade, de participação na vida social,
de aceitação das diferenças e de respeito pelas regras.Exemplo destes factores é o caso dos
atletas paraolímpicos que tantas vezes trazem medalhas para os seus países e nem sempre
têm o devido reconhecimento.

Actaulmente, a competição desportiva não se fica só pelo estádio mas, pelos interesses
políticos económicos e sociais que o desporto envolve como aconteceu nos Jogos Olímpicos de
Pequim em 2008.Os atletas chineses treinaram ao longo de anos, debaixo de grande pressão
por parte dos treinadores, no sentido de obterem melhores resultados.Alguns,inclusive, foram
alvo de violência.

DESPORTO E ÓCIO

A primeira lei de todos os desportos é não ser preguiçoso.Nada já destruiu tantas carreiras
brilhantes como a preguiça.Todos temos um local sempre disponível para a visita da
preguiça.Por mais trabalhadores que sejamos,sempre abrimos a porta para ela, para que, de
vez em quando,nos conte como é bom estar sem fazer nada.A preguiça é o visitante que
sabemos quando chega mas, não quando vai embora, ainda que não lhe demos biscoitos, nem
café,nem sumo,nem conversa. A preguiça sempre encontra desculpas para continuar nos
governando.

Há característas muito peculiares que definem o comportamento e o carácter do preguiçoso e


dentre delas podemos destacar as seguintes:

- o preguiçoso não é digno de confiança, a preguiça é frustrante ,o preguIçoso nunca se pode


saciar, ser preguiçoso não dá futuro, a preguiça aumenta o medo e a insegurança e a preguiça
faz dormir (em todos os sentidos, quer física, como espiritual e moralmente).

O “não fazer nada” é a base sobre a qual crescem muitos problemas : o preguiçoso busca algo
para “matar o tempo”,e acaba matando muitas outras coisas.O que não faz nada acha que
tem direito de criticar os que estão ocupados , até mesmo no aspecto desportivo.

Com a descrição acima exposta ,não nos é difícil perceber que a preguiça é aversa as
exigências que o desporto impõe ao ser humano , quer seja o de carácter competitivo como
de carácter lúdico.

A ociosidade ,vista na perpectiva de tempo livre prolongado sem ser aproveitadado para o
exercício físico, na sociedade moderna tem sido responsável por várias doenças
,principalmente aqueles que resultam da obesidade,pois as pessoas ao adoptarem uma vida
mais estática ,estão mais propensas a contrairem certo tipo de doenças. A falta de exercícios
físicos, associado ao consumo de comidas rápidas, algumas com elevado valor calorífico, fazem
com que alguns governos de determinados países vejam com seriedade e preocupação a
relação entre o desporto e a ociosidade, tornando-o num sério assunto de estado.

A preguiça é uma “praga” e todos os pretextos são válidos para quem não quer fazer nada.

Mas, o momento de ócio, não encerra em si mesmo uma componente marcadamente negativa
,quando potencializado para promover actividades que emprestem ao ser humano momentos
de relaxe emocional, tranquilidade espiritual e descompressão dos tempos de stress que são
comuns e característicos da sociedade moderna.Isso também se consegue com a prática do
desporto e aí então o ócio pode ser encarado como algo útil e necessário para o equilíbrio do
ser humano.

TEORIA DE LAZER:CONCEITO DE TEMPO LIVRE

É fundamental que previamente tenhamos como ponto de reflexão o conceito de lazer ,que de
acordo com Bramante(20003) é um conceito decorrente da revolução industrial e influenciado
pelo processo de urbanização ,que vem sendo confundido com derivados como
recreação,jogo,desporto ,dentre outros.Possui carácter interdisciplinar e conta com a
contribuição de àreas como a filosofia,história,antropologia,Sociologia, Geografia, além da
educação física,para o seu entendimento.

Paim e Strey(2006) afirmam que a civilização Grega foi a que mais permitiu a realização do ser
humano através do lazer, já que o cidadão grego levava uma vida de lazer, entendido na
antiguidade com a plena expresssão de nobres virtudes.O trabalho considerado degradante,
era reservado aos escravos, sendo que o acesso ao lazer associava o indivíduo a certa casta.A
partir do século XIX, o aparecimento das primeiras sociedades industriais fez com que o
trabalho assumisse valor central no sistema social, e, consequentemente, o lazer assume as
características atuais; existindo, assim, relação directa entre esse e o trabalho.

A partir da industrialização o tempo passou a ser controlado pelo trabalho, as pessoas


planejavam as atividades diárias em função do tempo destinado ao mesmo.A distância entre o
trabalho e a moradia aumentou consideravelmente, sendo que uma grande parcela do dia era
utilizada com o deslocamento para o trabalho.Devido à organização de movimentos operários
na busca de melhores condições de trabalho,salariais e diminuição da jornada, leis foram
criadas diminuindo a jornada semanal,instituindo fins de semana livres e férias. Surge então a
ideia de ocupação do tempo livre de trabalho.

Actualmente, o lazer apresenta-se como um elemento central da cultura vivida por milhões de
trabalhadores,possui relações subtis e profundas com todos os grandes problemas oriundos do
trabalho, da família e da política, que sob sua influencia, passam a ser tratados em novos
termos.Tem sido considerado o tempo livre do ser humano momento em que as pessoas
podem desfrutar experiências com prazer,tranquilidade e até descansar.Portanto o lazer deve
ser um momento em que o indivíduo se empenha em algo que escolhe,lhe dá prazer e que o
modifica como pessoa.O prazer pode ser encontrado nas actividades lúdicas vivenciadas no
contexto do lazer e, dentro deste quadro ,encontram-se o desporto, os jogos, os brinquedos e
as brincadeiras, assistir a um teatro, shows, práticas desportivas, passeios, ou um tempo para
descanso.

O lazer tem que ver com actividades do homem em que o fundamental é a descompressão
física e mental.Normalmente é nos tempos livres, onde se realizam as actividades de lazer.

A nossa sociedade assume-se cada vez mais como uma sociedade do lazer.Este é
indubitavelmente um dos valores mais cotados do nosso tempo.A oferta por parte das escolas
de actividades extracurriculares e a valorização da participação nas mesmas parece-nos uma
condição necessária à criação de uma escola actual adaptada às exigências do século XXl.Como
diz Olímpio Bento, a educação deve compreender não só as categorias fundadoras do ser do
homem, voltadas para a configuração significante de espaços de liberdade, ou seja ,as
actividades extracurriculares ,de frequência livre.Gagnon e Blackburn afirmam que as escolas
nas quais a participação nas actividades extracurriculares é encorajada e valorizada ,oferecem
uma melhor qualidade de vida aos alunos,e possuem taxas de abadono escolar menos
elevadas do que as que não têm este tipo de ofertas.Nesta perspectiva,a educação do lazer(e
pelo lazer) deixa de ser vista como “um aspecto complementar da educação formal” passando
a assumir-se como “um dos elementos principais da educação”.A escola passa a ser o lugar
onde começam as aprendizagens de habilidades e procedimentos práticos para utilização
construtiva do lazer.

A educação para e pelo lazer deverá valorizar a multiculturalidade, a afectividade,a


solidariedade,a procura da felicidade, o tempo livre e,consequentemente, o tempo dedicado
ao lazer, têm vindo,progressivamente, a ocupar um lugar central na vida social.Novos valores
são assumidos assim exprimidos no tempo livre, fazendo deste um tempo social forte, um
factor de mudança que age sobre o conjunto do sistema social,mais justa e
humanizada,actuando como uma alavanca de transformação social,a escola tem de assumir
um papel principal neste processo.

Segundo Pierre Gagnon a educação para o lazer é um processo que pretende possibilitar ao
indivíduo a plena realização nas diferentes práticas de lazer, permitindo-lhe a aquisição de
conhecimentos e favorecendo a realização de experiências susceptíveis de o fazer tomar
consciência do seu potencial e de ter o controle neste domínio.Para levar a cabo esta tarefa, é
fundamental que a escola reconheça o seu papel neste campo,assumindo realmente como seu
objectivo a educação para o lazer.Assim, justifica-se a inclusão das categorias Lazer e Educação
para lazer na análise de conteúdo do nosso corpus.

RELAÇÕES TRABALHO/TEMPO LIVRE

Se tivermos em conta a realidade portuguesa,constataremos que um grande número de


empresas integra no seu seio um grupo desportivo que organiza actividades para os seus
empregados.Se algumas destas iniciativas são promovidas pela própria
organização,outras,nomeadamente as que envolvem os desportos coletivos, inserem-se nas
actividades organizadas pelo instituto nacional para o aproveitamento dos tempos livres do
trabalhador(INATEL).Este instituto está vocacionado para enquadrar a prática desportiva dos
trabalhadores, tanto os que operam em empresas públicas como aqueles que o fazem em
empresas privadas.De realçar que tem havido uma quebra de participação de tais equipas das
empresas , desde meados de 1998.

A entrada no mercado de trabalho é um momento que estabelece ,quase sempre,o limite de


uma actividade desportiva regular,muito relacionada com uma ideia de condição social
jovem.A vida conjugal e o nascimento de filhos acentuam, muitas vezes,o efeito produzido
pela inserção no mundo do trabalho, sendo esta uma tendência geral.Nem todos os grupos
sociais vivem a transição da mesma forma.A prática desportiva não é independente daquilo a
que podemos chamar um” consumo de classe”.Os dados sobre a relação dos portugueses com
o desporto indicam que o grupo social de pertença, e o nível de escolaridade alcançado
variáveis bastante correlacionadas, são elementos fundamentais para explicar a manutenção
prolongada de uma actividade desportiva.Para grupos sociais menos priveligiados, o fim da
escola representa ,muitas vezes ,o termo da prática regular.Assim,perante uma média total
23% de procura desportiva,os jovens representam 58% e os indivíduos com actividade
renumerada 25%.As médias dos reformados e das domésticas,os outros dois grandes grupos
considerados, são quase residuais.

A introdução do desporto no ambiente empresarial português deve-se, na sua forma mais


sistemática e racionalizada, à acção da fundação nacional para a alegria no trabalho(FNAT),
instituição estatal fundada em 1935, dois anos depois da aprovação da constituição de 1933
que enquadrava o estado novo.De acordo com os seus estatutos , a FNAT ,era responsável pela
organização da ocupação dos tempos livres dos trabalhadores portugueses.A fundação foi
criada com o intuito de responder às mesmas necessidades que conduziram o governo fascista
italiano de Mussolini e o governo nacional-socialista de Hitler a intoduzirem na sua máquina
corporativa instituições similares, respectivamente a Opera Nazionale Dopolavoro,em 1922,e a
Kraft Durch Freude, em 1933.A regulação dos lazeres dos trabalhadores tornou-se parte
integrante das políticas sociais dos governos, procedimento necessário para acautelar
problemas laborais.

A Alemanha e a Italia,esta especialmente nas regiões do norte ,eram países que se


encontravam num processo de industrialização avançado.A concentração de fábricas e
operários em grandes cidades caracterizava um ambiente social que poderia pôr em causa as
relações económicas dominantes e o enquadramento político que as sustentava.O estado
,nestes países, tomou a iniciativa ,conjuntamente com alguns empresários mais conscientes
dos benefícios da regulação social ,da promoção do lazer entre os operários.

O interesse do poder pela prática do desporto no mundo ocidental foi determinado,desde a


última metade do século XlX, por duas ideia essenciais,intrinsecamente ligadas.Por um lado,de
forma mais exteriorizada pelas doutrinas políticas e ideológicas, o desporto era considerado
um factor elementar para o apuramento da raça e para o florescimento das nações.

O cidadão ,fora das instiuições de tipo militar, no seio das quais o exercício físico era um
elemento inerente ao ofício,deveria possuir uma preparação desportiva.Num período de
arraigado nacionalismo, a formação física do povo era um desígnio que servia a defesa da
pátria.Por outro lado ,de modo mais discreto,a actividade desportiva deveria tornar-se um
factor que contribuiria para melhorar os índices da actividade produtiva.O trabalhador
saudável e bem preparado produzia mais.As profundas alterações nos sistemas de
trabalho,nomeadamente os métodos repetitivos e racionalizados da fábrica ,exigiam uma
adaptação do homem aos rítmos mecanizados de uma indústria expansiva.Certamente que
estas considerações sobre a actividade produtiva levaram tempo a ser incorporadas no
quotidiano dos locais de trabalhos.

Mas a relação do desporto com a actividade produtiva resultou ,ainda,noutra forma distinta.O
combate protagonizado pelo estado e pelos patrões da indústria contra as situações de
conflito social,para além da notória utilização da autoridade e da violência,passou ,num
exercício ideológico mais subtil,pela aplicação de políticas sociais.O desporto ,ao lado do
turismo e da cultura ,foi um protagonista da organização do lazer para trabalhadores.

As práticas de lazer seriam pensadas em função dos objectivos do tecido económico.Por outro
lado ,o desporto serviria como forma de regulação social que precavesse conflitos laborais ,por
outro ,concorreria para tornar o trabalhador um factor de trabalho mais saudável e eficiente.

Oferecer condições de lazer ao trabalhador,significava, então,retirar dos locais errados a


função de satisfação de aspirações,não propriamente por nesses locais se fazer apologia de
uma vida desregrada ,mas,fundamentalmente ,porque eram centros de educação pólítica.Para
este efeito de engenharia social a rígida ginástica cuja prática se defende não era totalmente
eficaz:”é necessário interessá-las(as classes trabalhadoras),com jogos e divertimentos que
lentamente vão modificando a sua maneira de ver o problema ,levando-as ,mais tarde e sem
esforço ,à prática da ginástica que ,mesmo assim deverá ser devidamente adaptada às
diferentes especializações profissionais”.Os jogos eram um instrumento próprio para o lazer
,para respeitar e ao mesmo tempo divertir o trabalhador;a ginástica tinha uma função mais
directamente económica:”o aumento da força muscular e a resistência às doenças ,o
desenvolvimento normal do corpo ,a inteligente utilização do esforço,o saber descansar e
trabalhar a tempo,o desenvolvimento da vontade e da confiança em si mesmo,etc., são
qualidades que uma ginástica bem dada pode facultar.

Nos últimos anos do século XX e neste início do presente século ,houve uma série de
alterações na actividade laboral e como consequência também alterou-se de maneira radical
o entendimento e o procedimento do desporto no trabalho.A organização das empresas tem
evoluído para uma individualização do posto de trabalho.O número de trabalhadores que
partilha a mesma condição contratual é cada vez menor.Se continua a ser possível integrar os
trabalhadores dentro de grandes colectivos que servem para definir a sua condição geral ,é
mais complicado que esta situação seja percepcionada a nível individual.A condição colectiva é
espartilhada por inúmeras condições particulares que distinguem o indivíduo do outro que
trabalha a seu lado.A colectivização ,é em muitos casos ,preterida pela competição.Para
conseguir vantagens individuais é necessário competir individualmente cumprindo as regras da
própria organização.

O século XX viu nascer organizações estatais e privadas que pensaram a utilização do lazer ,na
qual se incluia o desporto ,como forma de controlo social das relações de trabalho.A
actividade desportiva ,especialmente a ginástica ,era ainda um meio para melhorar as
performances produtivas ,contribuindo para criar um trabalhador mais eficaz.Actualmente,as
formas de pensar a utilidade do desporto no mundo do trabalho apresentam características
diferentes,adaptando-se às novas exigências empresariais,aos objectivos das organizações.O
universo do desporto também se diversificou.Institucionalizaram-se novas modalidades
,muitas delas associadas a determinados estilos de vida,mais
urbanos,individualistas,sofisticados.Para quem pensa o papel do lazer na esfera do trabalho ,a
diversificação do desporto permite a multiplicação das possibilidades das possibilidades da sua
utilização.Neste cenário ,é muito interessante observar o percurso do jogo de futebol que foi
perdendo peso no seio da organização empresarial.A transformação do contexto laboral
decorrente da evolução das formas contratuais,nomeadamente a individualização progressiva
do contrato de trabalho,foi perversa para o jogo de futebol ,bem como para a generalidade
das modalidades colectivas.

FORMAS DE OCUPAÇÃO DO TEMPO LIVRE, SUA DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO

É importante referenciar que há uma tendencia de se confundir o tempo livre ,lazer e


recreação.O termo tempo livre faz referência a um marco puramente temporal,um espaço de
tempo ,onde a disponibilidade de tempo livre é uma condição para que posssa haver o
lazer.Como asssinala Cuenca(1996),o lazer é uma área de experiência ,uma forma de prevenir
enfermidades ,sobretudo uma atitude com a qual se vive uma experiência humana.

Podemos ocupar os tempos livres de várias maneiras, e hoje em dia , com as possibilidades
que são proporcionadas, os tempos livres podem ser aproveitados de diferentes formas.Assim,
podemos faze-lo ouvindo música,vendo TV,conversando, namorando,fazendo compras,ir a
discoteca ,trabalhando em casa,jogando cartas,etc.

A revolução tecnológica e científica introduziu alterações significativas no modo de vida das


sociedades. A parcela do tempo de trabalho é inferior à do tempo livre, logo, este ganha uma
diferente preocupação colectiva traduzida na importância social do seu uso,como factor de
criação de novos valores.

A partir do momento em que a parcela de tempo livre passou a ser superior à do tempo de
trabalho, o tempo livre disponível fez surgir de forma inequívoca uma tentativa de definição de
um certo tempo(fora das ocupações diárias) em contraponto com o outro tempo(o das
ocupações diárias).Para Magalhães, a noção de tempo livre surge por interligação ao trabalho
,já que tudo gira em torno do trabalho.

Estas alterações fizeram com que o homem herdasse um novo espaço de tempo,denominado
tempo livre(tempo de não trabalho)que,por sua vez, se não for ocupado torna-se insuportável,
podendo mesmo destruir o próprio individuo.Assim, pela necessidade de ocupação deste
mesmo tempo,surge assim, o tempo de lazer como uma nova possibilidade de utilização
daquele espaço de tempo pelos individuos, sendo “…considerado como um tempo próprio na
vida de cada sujeito,conferindo-lhe a capacidade de crescimento e desenvolvimento como um
todo,ou seja,ele é determinado pelo tempo que, de facto, cada indivíduo dispõe para si
próprio após as solicitações e os compromissos”(Sarma 1994,citado por Mota,1997).

O aumento da importância do tempo livre e de lazer ,quer nos aspectos de natureza


qualitativa como nos de natureza quantitativa é evidente nas sociedades industriais,bem como
nas áreas urbanizadas dos países em desenvolvimento ,são fruto da efectiva redução do
tempo de trabalho,do fim -de-semana alargado,do aumento das férias pagas ,da redução da
idade da reforma e do aumento da escolaridade e consequente entrada mais tardia no
mercado de trabalho.

Com o tempo livre há determinadas rotinas que lhe são características que são:provisão
rotineira das próprias necessidades biológicas e cuidados com o próprio corpo(por exemplo
comer,beber,descansar,dormir,tomar banho,etc.),governo da casa e rotinas familiares
(conservar a casa em ordem ,organizar as rotinas ,cuidar das lavagens de roupa,comprar
alimentos, roupas ,educar e cuidar das crianças,preparativos para uma festa,tratar dos
impostos,etc.)

Por outro lado há com o tempo livre actividades intermediárias de tempo que servem
principalmente,necessidades de formação e, ou também ,auto –satisfação e auto-
desevolvimento.Trabalho particular(isto é,não profissional),voluntário para
outros(participação em questões locais, eleições ,igreja e actividades de caridade).Trabalho
particular(isto é, não profissional), antes de tudo, para si próprio, de uma natureza
relativamente séria e com frequência impessoal(estudo privado com vista a progressos
profissionais,passatempos técnicos sem valor profissional óbvio mas que exigem perseverança
,estudo especializado e competência, tais como construir rádios ou ser amador de astronomia)

A ctividades religiosas,actividades de caráter mais voluntário,socialmente menos controlado e


com frequência de carácter acidental(leitura de jornais e de periódicos,visão de programas
informativos,etc.)

O DESPORTO COMO LAZER ACTIVO E PASSIVO

O desporto pode ser caraterizado por uma forma activa e participativa de o realizar ou uma
maneira contemplativa e passiva .

Enquanto lazer ativo, nós consideramos que o mesmo pode assumir-se quando realizamos
actividades de carácter lúdico desportivo, ou melhor quando somos praticantes de tal
actividade.Como exemplo, os amigos que se reunem ao fim de semana para jogar basquetebol
é uma forma ativa de lazer.Já, somos desportistas de lazer passivo, quando embora amantes
de tal condição resumimos a nossa participação na componente contemplativa e não como
participantes.Ex:sermos assistentes assíduos ao domingo a tarde das partidas de futebol pela
televisão ou mesmo sem nele participatrmos ativamente ,mas estarmos sempre no tal jogo de
basquetebol ao fim -de- semana.

JOGO E DESPORTO

Uma actividade física recreativa de cariz cultural que se pode abordar na escola são os jogos
tradicionais ou populares.Estes jogos que perduram no tempo, sendo transmitidos de geração
em geração, sofrendo eventualmente alterações mas mantendo a sua essência.Através
deles,segundo Mari Regina,pode-se transmitir às crianças e aos jovens valores, formas de vida
e tradições, sendo deste modo uma via de acesso à cultura local e regional.E segundo Graça
Guedes, os jogos tradicionais, além de testemunharem fórmulas originais de motricidade
,reflectindo assim a própria civilização, são lugares priveligiados de socialização,de criação de
contactos e de um intenso intercâmbio sócio-motor.Criam um ambiente de bem-estar
colectivo e um espírito de comunidade,tão importante numa época tão ávida de identidade
própria.São elementos propiciadores de identidade cultural e coesão social.

Tomé Bahia,alerta para o facto de que as actividades lúdicas tradicionais correm o risco de
desaparecer sendo uma parte significativa delas actividades físicas. O desenvolvimento das
crianças e dos jovens em idade escolar terá só a ganhar com a adopção pela escola de uma
linguagem do movimento que esteja próxima da cultura vivenciada pelo seu grupo social. Ao
mesmo tempo,serão minorados os efeitos da universalização curricular trazida pela
modernidade e recreativas de cariz cultural e etnográfico poderão ser abordadas sob uma
perspectiva interdisciplinar, permitindo aos alunos compreender a importância da referência
cultural enquanto produto socio-historicamente construído, o que constituirá um importante
contributo para a retoma de valores da nossa matriz do pensamento actual.

Os jogos tradicionais ou populares são então parte integrante da cultura popular,além de


óptimos meios educativos, justificando-se assim a sua inclusão nas categorias para análise do
nosso corpus.

Levis-Strauss alerta para o carácter simbólico dos jogos, como dos rituais, apesar de suas
diferenças: a lógica do ritual separa os participantes a priori, entre “iniciados e não
iniciados”,para reagrupá-los depois numa só entidade iniciática;por outro lado, a lógica do
lúdico é inversa.De uma situação simétrica de igualdade, no principio,a ruptura
disjuntiva,própria da natureza da competição, cinde a rede original e promove uma
diferenciação entre vitoriosos e derrotados.Apesar de distinções que existem, a universalidade
tanto dos jogos como quanto dos rituais pode ser explicada pelo alcance que ambos têm de
ser metáforas,isto é,de representar as relações humanas,sua sociabilidade,suas contradições e
conflitos.

Historicamente ,parece não haver registos documentais que comprovem a existência de


qualquer organização social ,que não tenha praticado com empenho ,motivação e destaque
,senão alguma modalidade,ao menos os fundamentos últimos do desporto ,em pelo menos
uma de suas actividades de relevo.

“A história do desporto é intima da cultura humana,pois por meio dela se compreendem


épocas e povos,já que cada período histórico tem o seu desporto e a essência de cada povo
nele se reflete”.

Em consequência, estudar as actividades desportivas é um auxilio importante para a


compreensão geral das sociedades humanas,para o entendimento de nossos sistemas
simbólicos.Mais ainda,quando seus impactos colectivos são muito profundos, como é o caso
do futebol.
Para a investigação social do futebol,por exemplo,bem mais importante do que um jogo de
futebol são os jogos do futebol.Jogos históricos, sociais, culturais, simbólicos.Redes de
sentidos articulados, territórios metalinguisticos.Temáticas relevantes e auxiliares às leituras
sócio-antropológicas.

Os desportos abrem um leque de possibilidades temáticas de pesquisa, de trabalho e de


conhecimento, em torno das realidades sócio-históricas.O desporto arma-se de tanta
expressão, que seu espírito deixa de ser inerente ao desportista para transcender à sociedade.

ELEMENTOS DA TEORIA DO JOGO:DEFINIÇÃO,DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS JOGOS

O jogo sempre fascinou o ser humano.O jogo é, tem que ser um sistema de regras e uma fuga
às proprias regras.É um sistema de regras dado que qualquer jogo, pelo menos aqueles que
fazem parte do grande mundo da educaçao física, possui um determinado corpo de regras
,mesmo que esse regulamento só seja aceite tacitamente como no caso do futebol da várzea
ou dos jogos de recreio escolares.

Qual paradoxo, o jogo é ao mesmo tempo um convite para fugir as regras.Quantos de nós
não faltaram,nem que só por uma vez, às nossas obrigações para ir jogar um pouco de futebol
ou qualquer outro jogo?Regra e não-regra surgem assim intimamente unidas pela aventura
lúdica, pelo que a palavra jogo poderia invocar em simultâneo esforço(durante o jogo
propriamente dito) e não esforço (faltar, por exemplo, às aulas ou a outras obrigações para se
jogar ou para ver jogar).

Dever e prazer cruzam-se no universo do jogo, conferindo-lhe uma importância que


aparentemente não pareceria ter.Com efeito o jogo fascina.Fascina jogar e ver jogar, Fascina
ser ator direto do jogo, e com isso viver as vicissitudes do momento, como fascina ser um
interveniente passivo de uma actividade.Mas, hoje esse fascínio está a ser colocado em causa
por outro ainda maior, qual seja, o da comodidade. Jogar comodamente parece ser um triste
desígnio dos tempos.

O JOGO COMO COMPONENTE ESTRUTURAL DO DESPORTO:RECREAÇÃO E COMPETIÇÃO

É muito comum escutarmos pessoas referindo-se ao lazer e recreação como sinónimos.De


acordo com Cavallari e Zacharias(1994)lazer é o estado de espírito em que uma pessoa se
encontra,instintivamente, dentro do seu tempo livre, em busca do lúdico, que é a
diversão,alegria,entretenimento.Já a recreação é o momento ou a circunstância que o
individuo escolhe expontaneamente e através da qual satisfaz suas vontades e anseios
relacionados ao seu lazer.Os autores ainda chamam a atenção para 5 características básicas da
recreação.Tem que ser encarada por quem pratica como um fim nela mesma.O único objectivo
é recrear-se;escolhida livremente e praticada expontaneamente.Cada pessoa pode optar pelo
que gosta de fazer, de acordo com seus interesses;a prática da recreação busca levar o
praticante a estados psicológicos positivos.Ela deve estar sempre ligada ao prazer e nunca a
sensações desagradáveis e negativas;deve propiciar o exercício da criatividade; recreação deve
ser escolhida de acordo com os interesses comuns dos participantes.As pessoas com as
mesmas características têm uma tendência de se aproximarem e se agruparem na busca da
recreação que mais se adequar ao seu comportamento.

Sobre a recreação, deve-se destacar que o profissional de educação física cria situações
adequadas para que a pessoa possa se divertir.A criatividade deve ser estimimulada
principalmente em crianças.O profissional deve conhecer o perfil do grupo em que serão
trabalhadas as actividades atrativas e prazerosas.Dentre as possibilidades de atuação estão os
acampamentos,colónias de férias,festas, clubes, academias, podendo ser direcionadas para
crianças, adultos e idosos.

Da mesma forma que é comum encontrarmos a ideia de que lazer e recreação são
sinonimos,encontramos entre autores da area o consenso de que a recreação é um dos
componentes do lazer.Através da analise dos conceitos básicos sobre recreação, encontram-se
caracteristicas do lazer.A diferença principal segundo Waichman(2004) está no facto de que
em uma experiência recreativa, deve haver, psíquica e biologicamente, uma disponibilidade de
energia.Recreação então, poderia ser uma atividade, um sistema, uma ideia, uma
brincadeira,um desporto não competitivo,tudo o que nos proporciona entretenimento.

Mariovet(1991),refere que a promoção do desporto para todos, como uma actividade de


ocupação dos tempos livres, com uma forte componente recreativa e de condição física e
sociabilidade, era difundida como um dos objectivos do bem –estar geral,tendo contribuido
para a generalização da prática desportiva e a inserção desta nos estilos de vida das
populações dos países mais industrializados.

Constata-se claramente que o desporto no nosso tempo assume uma importância com
bastante relevo na vida das pessoas, no entanto,praticar ou não uma actividade física é uma
decisão que por vezes ultrapassa a vontade do indivíduo(Bento,1991;Marvoet,1991).De facto
,existem variáveis que podem estruturar ou exercer alguma influência na procura da prática da
actividade física, tais como, o sexo, a idade e o nível sócioeconómico.

A recreação não deve levar o indivíduo a uma situação de stress,não estar ligada a competição
extrema ou situações de constrangimento e que deve levar o indivíduo a estados psicológicos
positivos;podem-se destacar os jogos cooperativos.Nesse tipo de jogo ,caracteriza-se o
esforço/união de todos para se atingir um objectivo comum,não existe o “jogar contra” e sim o
“jogar com”,o foco está no processo e não no resultado do jogo.Outra característica marcante
é o facto de que ninguém fica excluído e todos são vencedores quando a meta é
alcançada.Além dessas,Guilherme Brown,autor de destaque no assunto,principalmente na
América Latina,chama a atenção para a vivência das relações respeitosas existentes no jogo.

É importante refletirmos sobre alguns aspectos ligados ao movimento olímpico que nos
podem ajudar a compreender sobre a importância que o mesmo confere ao desporto feito
sem fins competitivos:Pierre de Coubartin pensava que o desporto de elite estimularia o
desporto para todos .”Para que 100 pessoas participem na cultura física, é necessário que 50
participem no desporto;para que 50 participem no desporto 20 devem-se especializar, para
que 20 se especializem 5 devem ser capases de fazer autênticas proezas de habilidades.”

Assim, o COI decidiu o fomento do desporto para todas as pessoas e como tal criou-se uma
comissão especial do desporto para todos que informa o COI em cada uma das suas
sessões.Sua função não consiste em organizar acontecementos desportivos para participantes
de todos os níveis,mas sim estimular e ajudar aqueles que os praticam.Estes grupos incluem
colégios,universidades,trabalhadores e incapacitados.

Desporto para todos é um movimento que tem como objectivo fazer a realidade do ideal
olímpico que declara que o desporto é um direito de todas as pessoas, acima das diferenças
raciais e de classe.É um movimento que persegue a busca da saúde, a boa forma física e o
bem estar por meio de actividades desportivas, que se podem adaptar a pessoa e ao sexo e a
diferentes circustancias sociais e económicas seja qual for o contexto cultural da
zona.Desporto para todos abarca todo o tipo desportos,com aúnica excepção do desporto de
elite.

A celebração do dia olimpico a cada 23 de junho, data que se constituiu pelo COI em 1894,é
um dos seus programas mais populares .A grande maioria dos CON fazem uso desta data para
atrair os interesses locais perante o movimento olimpico.Todos os anos o COI convida os CON
a que organizem a corrida do dia olimpico para celebrar este aniversário e por sua vez fornece
apoio a esta celebração. Em 2004 a corrida do dia olimpico celebrou-se em 164 países e
participaram nela 1.291.819 pessoas.Muitos CON organizaram actividades desportivas,
manifestações artísticas e culturais,jornadas de portas abertas,corridas
humorísticas,manifestações de desportistas paraolimpicos e muitas outras actividades.

O jogo enquanto fenómeno desportivo de competição, produto de um modelo desportivo


surgido nos anos 60, fez com que se registasse uma evolução que suscitou o desenvolvimento
de uma suignificativa actividade económica e, consequentemente,o crescimento das ofertas
de emprego,que paralelamente conhecem uma crescente procura de profissionalização.A
multiplicidade de actividades e de serviços desportivos actualmente existentes, com a
necessária gestão e enquadramento técnico, gestão da complexidade dos equipamentos e
espaços desportivos e o fabrico e venda de produtos a elas úteis, favorecem o
desenvolvimento do sector e de um mercado de emprego do desporto cujo volume, na Europa
,tem aumentado significativamente.

DESPORTO E JOGO COMO FORMAS DE AFIRMAÇÃO E REPRESENTAÇÃO SOCIAL

O desporto é, de facto, uma instituição de carácter simbólico, socialmente reconhecida, onde


se combinam, em proporções e relações variàveis, uma componente funcional e uma
componente imaginária. A força significativa da instituição desportiva reside, antes de mais
nada,no seu funcionamento simbólico e é através deste funcionamento que o desporto se
apresenta como espelho da sociedade e fonte de sentido para ela.E o que é simbólico na
instituição é o facto de poder representar, num sector particular da prática social, o sentido do
sistema inteiro.
Toda a força significante do fenómeno desportivo como espelho da sociedade, nós podemos
descobri-la a propósito do F.C.P relativamente à cidade que o abriga e à região que o
rodeia.Ora, o desporto no geral e o futebol muito particularmente é um fenómeno desportivo
eminentemente cultural e pode funcionar perfeitamente, não só como factor de identificação
nacional,mas também como factor de identificação regional e local.No caso concreto do F.C.P
,esste mostra a sua força significante como símbolo regional; sempre teve uma presença
muito forte e bem visível no imaginário colectivo das gentes da cidade e mesmo da região
norte.Muitas vezes se notou a volta do F.C.P fortes manifestações colectivas, muito
entusiásticas e participadas, onde o povo do norte exprime a sua identificação e através das
quais ele ostenta mesmo um certo orgulho com esta identidade regional.

Como símbolo mítico, o F.C.P pode funcionar,de facto, no imaginário colectivo das gentes da
cidade e da região norte, como sendo uma grelha de correspondência e um espelho da
própria sociedade que o rodeia . Isto, porém deve-se situar no contexto duma tentativa nova
da sociedade de hoje apoiada no desafio da fecundação do real pelo imaginário, da ordem do
mundo pela utopia.Claro que para ser uma função vital,o imaginário,da ordem do mundo pela
utopia.

No exercício da sua função simbólica, o F.C.P, com a sua carreira vitoriosa,pode ser a
expressão de certas aspirações profundas das gentes do norte a uma realidade que
ultrapassa a situação presente, a uma situação social, política e económica melhor que a
actual,que ainda não existe ,mas que se apresenta como possível e o futebol permite já viver
antecipadamente, como um sonho.Isto mostra que o desporto constitui não somente uma
grelha de leitura da sociedade e da sua situação histórica, mas também um convite a olhar
sempre mais longe,impedindo continuamente que o horizonte da nossa expectativa se
confunda com o campo da nossa experiência.

Por outro lado, na sociedade moderna ocidental,consideradas as 3 últimas décadas ,o prestígio


da actividade desportiva vincula-se directamente à preocupação com o equilíbrio corpo e
mente, devendo expressar-se também do ponto de vista da sociedade, na peocupação com o
equilibrio ecológico e social.Todavia, ainda persiste uma tendência de ênfase nos aspectos
puramente físicos, em detrimento dos outros aspectos.Além disso, o desporto tem sido
inúmeras vezes incentivado por governos autoritários, que buscam, por meio desse dispositivo
,o envolvimento da população na “torcida”,para afastá-la de seus reais problemas:desemprego
ou baixa remuneração,falta de atendimento sanitário,etc.

O desporto pode não ser nada,mas:

Quando vemos a alegria de uma crinça quando tem uma bola;

Quando vemos a alegria de um povo quando o seu clube ou país ganha um jogo;

Quando vemos lágrimas de uma pessoa por causa de uma derrota;quando vemos o desespero
de alguém em virtude de um golo falhado;ou quando vemos que que até guerras param para
que se possa assistir uma final de futebol,

temos de admitir que o desporto é muito mais importante do que aquilo que possamos
pensar.É o campo dos sonhos ,da poesia,da utopia e,acima de tudo,do possível.É o campo do
humano,onde o homem pode demonstrar quão humano é.Por tudo isso vale a pena lutar pelo
desporto,seja ele qual for,pois todo ele deve estar assente numa visão ética da pessoa
humana.

DESPORTO E JOGOS DE AZAR: AS APOSTAS DESPORTIVAS

As apostas desportivas são apostas feitas relativamente a um desporto.Por exemplo


,pensemos num cenário em que há um jogo de futebol entre o Benfica e a Académica de
Coimbra e que vamos fazer uma aposta nesta partida .Ao todo são 3 resultados possíveis.A
vitória do Benfica, o empate ou a derrota do Benfica.Vamos imaginar agora que o Benfica vai
sair vencedor da partida e que vamos apostar nele.Se este acontecimento se verificar
ganhamos a aposta,caso contrário(Académica ganhar ou empatar)perdemos o dinheiro
apostado.

Em que se pode apostar?

Pode-se apostar em tudo o que tem a haver com desporto.Isto é ,quer seja futebol ,fórmula
1,corridas de cavalo ou até mesmo ténis.Normalmente os apostadores apostam naqueles
desportos onde se sentem mais a vontade.

As apostas desportivas são feitas em casas de apostas online.Todo dinheiro em jogo é dinheiro
em formato digital,ou seja não é necessário enviar as notas e moedas para lá.Nas casas de
apostas o primeiro passo a dar ,para além de depositar dinheiro,é escolher um jogo/evento
que irá decorrer.Usando ainda o caso do jogo Benfica Académica,a primeira coisa a fazer na
casa de apostas é procurar o jogo.Após encontrar o jogo repararíamos que existem sempre
números associados.Esses números são os chamados Odds que ditam a probabilidade
associada a determinado jogo.Ex:como referido acima os Odds são probabilidades associadas a
um tipo de resultado.Vamos imaginar que no tal jogo entre Benfica e Académica as Odds
associadas são as seguintes:

-Vitória do Benfica:1.50

-Empate:1.70

-Vitória da Académica:2.10

Analisando os Odds conclui-se que dão favoritismo ao Benfica que tem a Odd mais pequena
(quanto menor a Odd maior a probalidade de se verificar esse acontecimento).Concluimos
também que segundo a casa de apostas um empate seria mais provável a uma vitória da
Académica.Ou seja ,as Odds são-nos apresentadas segundo os resultados mais prováveis de
acontecer na realidade.Estas mesmas Odds dão-nos igualmente a informação de quanto
podemos ganhar ao apostarmos no acontecimento associado a elas. Por exemplo ,vamos
supor que o Benfica está em forma e que vamos apostar 20 euros na vitória do
mesmo.Fazendo as contas com o valor apostado e a Odd respectiva obtemos o seguinte
resultado:20 euros x 1.50=30euros.Os 30 euros seria o valor que receberíamos caso o Benfica
fosse mesmo o vencedor da partida;o que dá 10 euros de lucro.Se por acaso verifica-se um
empate ou a vitória da Académica ,perderiamos a aposta e como tal os nossos 20 euros.

Basicamente é assim que tudo funciona no mundo das apostas e o exemplo é referente
exclusivo a um jogo de futebol.

A outra face da moeda mostra-nos que a manipulação de resultados desportivos,incluindo


apostas ilegais sobre jogos de futebol e não só ,devem ser considerados como o
branqueamento de capitais e reprimidas como tal,de acordo com o que defende o comité de
ministros do conselho da Europa.Numa recomendação ,a comissão desafia os estados
membros a encarar e tratar a manipulação de resultados desportivos como crime de
branqueamento de dinheiro ,lembrando que são criminosas e geradoras de lucro.Michel
Platini ,presidente da UEFA,exultou a medida ,lembrando que as autoridades do futebol ,por si
só ,são incapazes de acabar com o alarmante flagelo dos resultados combinados,promovidos
por gangues que têm lucros astronómicos.O dirigente assumiu que “o futebol em particular e o
desporto europeu no geral ,têm medo “pelo seu futuro,caso este problema não seja resolvido.

Assim, podemos concluir sem margem para dúvidas e equivocos que as apostas desportivas
são uma realidade que acompanha cada vez mais as actividades desportivas ,principalmente
aquelas que movimentam directa ou indirectamente mais volume financeiro.Elas permitem
que muito boa gente através delas possa adquirir dinheiro ,mas por outro lado, não raras
vezes se mostra como um elemento extremamente pernicioso para a promoção da verdade
desportiva,sendo mesmo um catalizador da dessiminação da corrupção no desporto.

O ESPECTÁCULO DESPORTIVO. O DESPORTO COMO ACTIVIDADE ESPECTACULARIZÁVEL: O


RENDIMENTO E A PERFORMANCE

Se, como alguns autores sustentam, o espectáculo desportivo tem uma antiguidade secular,ele
representa nas sociedades contemporâneas desenvolvidas uma singularidade cujos traços
podem ser referenciados a dimensões estruturais da modernidade, em particular e alguns
modos de especificação dos sistemas de regras estruturantes dos complexos institucionais do
capitalismo, do industrialismo e do estado nação. Dentre aqueles modos de especificação ,e
como foi anteriormente referido, a rotinização do quotidiano é central na constituição das
práticas desportivas. No entanto, limitar a compreensão do moderno espectáculo desportivo a
esta dimensão analítica, para além de conduzir a uma mera e ineficaz perspectiva
unidimensional, dificilmente permitiria a captação da especificidade deste subconjunto das
actividades desportivas enquanto, por outro lado, espaço próprio ao desenvolvimento de
estratégias de reconstrução de identidades segmentais e de reafirmação de identidades
nacionais, bem como, por outros, enquanto campo de investimentos económicos e de
exercícios de legitimação da dominação política.

O massivo e extensivo investimento mediático no espectáculo desportivo, ao qual não será


estranho o impacto de uma encenação, onde o drama se constrói com base nos rituais do jogo
e na simbolização da violência, acarreta a necessidade da definição, pelos meios de
comunicação, de critérios de selecção dos temas desportivos.

Para Pierre Parlebas, aquela selecção opera em função do grau de complexidade estrutural dos
jogos, sendo as disciplinas menos complexas as mais facilmente institucionalizados pelos
produtores do espectáculo desportivo e as que recolhem a preferência nas estratégias de
difusão dos média. Por discutível que seja esta tese como é ilustrado pelo facto do futebol ser
um jogo de complexidade elevada, segundo critérios de Parlebas e, simultaneamente uma das
disciplinas que recolhe maiores investimentos e audiência permite evidenciar a possibilidade
de uma discrepância fundamental entre, por um lado, os efeitos de exclusão derivados dos
imperativos da lógica da produção do espectáculo desportivo, e por outro lado, a
especificidade de uma procura em grande medida orientada pela componente Circense do
jogo.

A ESTÉTICA DO GESTO DESPORTIVO

A estética, em especial a corporal, aparece como valor de extrema importância nesta


sociedade, considerada por Marc Augé como sendo da imagem.A imagem que o nosso tempo
elegeu como ideal, aproxima-se bastante daquela evidenciada pelos jovens, de onde resulta o
imperativo ético de” mantém-te jovem o mais tempo possível”.No entanto, este imperativo
não pespectiva a totalidade dos valores associados a juventude, mas apenas aqueles
referentes ao aspecto exterior, à imagem que se projecta para a sociedade. Mais importante
que as virtudes/defeitos da juventude, são as impressões corporais transmitidas para o
exterior, onde o ser é nitidamente subjugado ao parecer.Não é jovem, mas tenta-se parecer
jovem.

Na busca da eternidade, o homem moderno tudo faz para que o corpo não evidencie as
indeléveis marcas do tempo, tentando assim iludir aquilo que é inexorável e até hoje
invencível. Cresce o número de pessoas que não querem ser vistas com um determinado
invólcro exterior, reflexo do tempo, mas com um outro, mesmo que o interior seja
completamente diferente.Querem ser vistas sem o tempo, cristalizadas num momento
efémero, mas socialmente confortável, ou seja, querem permanecer jovens.O corpo associado
a estas idades é aquele onde tudo parece ser harmonia,onde a beleza se irradia com mais
evidência,onde se atinge melhor a ilusão da ideia de perfeicção humana. É ainda o corpo com
que muitos de nós gostariamos de perpetuar para a eternidade. Para que tal aconteça, é
necessário construir uma imagem esteticamente agradável, valendo tudo, mesmo o desporto,
assumindo esse um importante papel para a consecução deste processo de simulação.

Um profissional de educação física atua com pessoas que vivem num local bem preciso e num
tempo definido com rigor.O nosso tempo é este, que se rege por valores estabelecidos pelo
que a ação deste profissinal terá que se desenrolar no contexto aqui exposto.A estética é um
valor a que se dá uma importância muito grande, pelo que é intolerável que não se a considere
com o devido respeito.A estetização da sociedade é uma evidência que muitas vezes
,erradamente, é confundida com narcisismo.O culto do corpo quando, não uma obsessão,deve
ser respeitado e o desporto tem conseguido com equilíbrio assegurar a cada um a real
possibilidade de viver este valor.

O desporto como já frizamos, multiplicou-se e começou a considerar também práticas onde a


estética surge sem receios ou com falsos pudores.As novas modalidades e a evolução daqueles
mais clássicos concorrem no sentido da sua estetização, como se poderá observar através de
alguns exemplos. Pensemos nas actividades desportivas disputadas nas praias.

Em primeiro lugar, impõe-se afirmar que a ida do desporto para praia deveu-se à necessidade
deste encontrar-se com as pessoas e não de ficar à espera que estas se deslocassem para os
seus locais tradicionais de prática .Em segundo lugar, na praia há toda uma exaltação do corpo
humano que assim foi aproveitada pelo desporto para chegar a núcleos mais vastos da
população.Em terceiro lugar, importa afirmar que em certa medida o modelo do desporto na
praia passou a ser hegemónico, uma vez que o desporto que ocorre nos espaços clássicos
incorporou alguns dos seus aspectos mais característicos, como foi o caso da indumentária dos
praticantes.A estética não pode ser considerada como um valor subalterno ou de menor
dignidade, mas como uma experiência do belo e do bom.Aliás, estética e ética não se anulam
mutuamente.Por tudo isso e muito mais, não é justo criticar a dimensão estética do
desporto.A estética é um tema ético de desporto.

O PROFISSIONALISMO E A COMERCIALIZAÇÃO DO DESPORTO

No mundo do desporto, a dança dos milhões é uma constante e cada vez mais assustadora.São
jogadores que se dizem apaixonados pelo desporto, mas procuram mudar de clube para
ganharem mais uns milhares de Dólares, Libras ou Euros; são clubes que apesar de se sentirem
em crise, prometem fortunas para fortificarem as suas equipas; são treinadores a quem
oferecem salários que parecem do outro mundo e que nos deixam perplexos quando
tentamos compreender a sociedade em que vivemos.

Todos os clubes precisam de muito mais dinheiro e assim alguns aceitam sacrificar a lógica
desportiva à lógica económica. Uma série de acontecimentos vinculados ao desporto e que se
relacionam com a componente comercial, fazem-nos reconhecer que o império do dinheiro
no universo desportivo tem trazido muitos malefícios a este fenómeno humano
verdadeiramente maravilhoso que é o desporto. Todos sabemos que a entrada em circulação
dos milhões no mundo do desporto é uma consequência inevitável da integração deste
fenómeno na sociedade de alta concorrência em que vivemos. Os casos portugueses até são
insignificantes, diante de outros de que nos fala a imprensa e que nos deixam estupefactos.

Alguns sociólogos que se dedicam ao estudo dos fenómenos desportivos e os problemas que
lhe enfermam actualmente, nomeadamente no tocante a violência, pensam que a
comercialização galopante representa, neste campo, um perigo muito grave. Lamenta por
exemplo, o facto de o futebol se estar-se a transformar em refém da comercialização.
Chegaremos a ver os jogos de futebol inteiramente vendidos a uma firma publicitária que
escolherá pessoalmente o seu público? ”Nesse dia, afirma M. Tasso, o futebol perdeu a sua
alma.Perdeu todo o sumo do que fez o seu sucesso:a sua popularidade natural.”Fala-se muito
na religiosidade do desporto em geral e do futebol em particular. No seu funcionamento, o
futebol tem muitas coisas que o tornam semelhante a uma religião popular. Ora, nos
fenómenos religiosos, o dinheiro aparece como um verdadeiro adversário. JÁ LEMOS NO
EVANGELHO : ”NINGUÉM PODE SERVIR A DOIS SENHORES…NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO
DINHEIRO”

O desporto tem como fundador e destinador a sociedade lúdica.Esta tem como adversário a
sociedade económica.A primeira conduzirá o desporto na sua marcha vitoriosa através da
história.A segunda, verdadeiro anticristo do desporto, se conquistasse completamente o poder
,conduzirá o desporto à sua morte. Nós esperamos que o seu triunfo seja relativo e passageiro
e que a sociedade lúdica salvará o desporto.

Os progressos incríveis verificados na prática do desporto de alta competição, as somas


exorbitantes gastas na compra de atletas e a atribuição muitas vezes descontrolada de
prémios fabulosos pela conquista de certas victórias poderiam levar-nos a pensar que o valor
humano não tem limites e que o corpo do homem tem capacidades ilimitadas. E, por vezes,
diante desta visão enganadora, corremos o risco de aceitar que, para atingir tais fins, todos os
meios são legítimos.

A ORGANIZAÇÃO DESPORTIVA E AS INSTITUIÇÕES (ESTADO, ASSOCIATIVISMO DESPORTIVO,


SECTOR EMPRESARIAL)

Na maioria dos países a atitude do estado perante o desporto desempenha um papel


fundamental. O papel dos governos podem variar entre um apoio activo e incondicional, até a
ignorância e despreso quase totais. O desporto é importante para o governo porque oferece
possibilidades para :

1-fomentar a participação juvenil em actividades socialmente adequadas.

2-Promover a saúde.

3-favorecer a formação educativa, o crescimento pessoal e o desenvolvimento de


participantes de todas as idades.

5-difundir os costumes sociais e culturais

6-estimular os intercâmbios internacionais.

O governo é importante para o desporto porque pode:

1-financiar o desporto e proporcionar instalações e serviços.

2-formar treinadores e professores desportivos.

3-ajudar a garantir sistemas adequados de formação e serviços para os atletas.

4-desenvolver programas desportivos escolares.


5-facilitar o acesso as suas infraestruturas e deste modo pôr a disposição os meios para o
desenvolvimento desportivo através dos organismos governamentais e dos ministérios ,como
por exemplo os ministérios da defesa ,saúde e bem estar, trabalho,comunicação ,serviços
públicos ,educação e juventude.

6-ajudar a promover a participação do espectador nos jogos

7-ajudar a promover o desporto e estilos de vida sãos através dos meios de comunicação.

O desporto moderno ,basicasmente como o conhecemos hoje foi inventado em Inglaterra ,e


começou a aparecer nos seus colégios ,algures no séculoXVlll,pois durante este período na
Inglaterra ,principalmente nos seus colégios onde já estava praticamente implatado o
capitalismo,pela ideologia capitalista ,ordem ,racionalismo,competição e a iniciativa
individual,foi desenvolvido um formato inédito para os jogos populares da altura,surgem então
,os campeonatos entre escolas ,os clubes e as federações ,assim surge a competição moderna.

Ordem,racionalismo,competitividade e iniciativa individual…Estes atributos descrevem um


atleta de sucesso ou um profissional de sucesso?O mais certo é descrever os dois.Desde jovem
,qualquer desportista tem monitores e treinadores que lhe incutem (ou deveriam incutir),
ordem, racionalismo, competividade e iniciativa individual, bem como outros valores muito
importantes, ética, trabalho em equipa e responsabilidade, atributos estes que são
importantes para qualquer cidadão viver com equilíbrio na sociedade em que se insere e ao
mesmo tempo ser dinâmico e contribuir para o seu crescimento. Por exemplo o caso espanhol
é ilucidativo da maneira como o estado pode ter uma relevância capital no desenvolvimento e
no perfil dos seus desportistas.Quando o país recebeu a notícia que em 9 de Agosto de 1992,
Barcelona seria o palco dos jogos olímpicos, a sua política e organização desportiva foi
totalmente revista e reestruturada,um projecto a longo prazo começou então a ser construído
,onde tudo começava na formação pessoal e desportiva dos jovens que entravam para as
escolas.

Essa organização revolucionou os horários escolares, clubes de praticantes, federações


,associações, infra-estruturas, etc. Actualmente o sucesso espanhol é incontestável em todas
as principais modalidades e a acompanhar esse sucesso esteve sempre o sucessso
político,económico e social do próprio país, e isso não é mera coicidência, pois tal como em
Espanha, como nos EUA em Inglaterra e noutros poucos paises onde por exemplo existem
bolsas de estudo para desportistas e onde o desporto pode decidir a colocação em faculdades
,nesses países o desporto é uma das bases principais para o desevolvimento cívico e
económico, e os resultados estão a vista.

Num mundo concorrencial ,quando o poder político se retira,como actor da cena desportiva
,os clubes sentem-se pressionados ,contra vontade ,a adoptar tecnologias empresariais de
gestão par competir por receitas escassas e por um público saturado de ofertas de consumo.

Muitos clubes viram-se forçados a mudanças dolorosas, porque se viram impotentes para
responder ao novo mundo.Em alguns casos, as transformações demográficas
urbanas(desertificação dos centros ,baixa natalidade)levaram associações tradicionais a
morte.Neste cenário, que futuro para o associativismo?Regresso às origens, fuga para
frente,adaptação criativa à mudança?Fácil de enunciar, difícil de por em prática.A riqueza
social do associativismo desportivo é incalculável .Ignorá-lo é tão irresponsável como acreditar
que tudo vai ficar sempre na mesma.

Investir na actividade desportiva tem os limites da racionalidade da sua economia.Se as


relações entre os agentes que produzem e os que consomem são desajustados ,se existe um
peso excessivo de um agente que é negligente ou ignorante das consequencias dos seus
actos,se por via dos regulamentos ineficazes os agentes procuram soluções que os
prejudicam,pegar em dinheiros existentes e investir na melhor produção desportiva tem
limites da estrutura económica subjacente. O desporto português tem problemas económicos
estruturais que não se resolvem com a habitual produção legislativa e com políticas
desportivas que não alavancam a liberdade e competitividade económicas dos agentes
privados desportivos. As decisões económicas dos responsáveis desportivos têm sido
ineficazes e ineficientes por ignorarem a necessidade do conhecimento económico que a
prática e o benefício plenos do desporto moderno exige.A economia define em que
circunstâncias o desporto deve ser financiado pelo estado e quais as componentes em que o
financiamento privado é preferencial. A economia do desporto tem sido realizada de forma
que não potencia o interesse dos seus agentes e do desenvolvimento consensual do desporto
em benefício da população portuguesa e de suas organizações.

Em Portugal, o desporto tem sido sujeito a um capitalismo selvagem que lhe extrai os
benefícios sem proveito para o desenvolvimento do seu mercado em sentido lato.É esse o caso
do estádio nacional e das infraestruturas desportivas os quais correspondem ,respectivamente
ao património e a investimentos públicos elevados e que são colocados no exterior dos
mercados desportivos.

O associativismo é o produtor principal dos serviços desportivos acompahado a alguma


distancia pelo sector empresarial, com finalidade lucrativa e que está em expansão.As
características da produção benévola tornam-no preferencial para a produção desportiva
económica, produzida e consumida, que é, pela mesma população e de acordo com os seus
interesses. As empresas dedicam-se a estratos sociais com rendimentos elevados e maduros
quanto à sua exigência em qualidade e especificidade do serviço desportivo.

A SOCIABILIDADE NO ESPECTÁCULO
DESPORTIVO:DIRIGENTES,TÉCNICOS,ATLETAS,ESPECTADORES:MOTIVAÇÕES,COMPORTAME
NTOS,INTERACÇÕES,FORMAS DE REPRESENTAÇÃO.

Acertando o passo com o mundo, o desporto assumiu a fisionomia da sociedade actual:é mais
mercantil,mais individualizado. A prática desportiva representa menos uma procura de
movimento, de sociabilidades ou de exploração dos limites do corpo,para se transformar em
bem procurado e oferecido sob forma de serviço.Os cidadãos procuram o clube para usufruir
de uma prestação social(embora, curiosamente, sem as mesmas exigências de qualidade que
teriam em qualquer outro serviço público), com um preço estabelecido. Para o associativismo
são mutações de monta. Os clubes, arreigados a identidades construidas ao longo de décadas
,lidam dificilmente com a eclosão de novos públicos, com necessidde de responder a
motivações e afectividades que escapam ao modelo do sócio dedicado e do amor a camisola,
com a consequente dificuldade de atrair novos quadros e renovar dirigentes.

O desporto como fenómeno social que é, compõe um sistema desportivo,que apresenta uma
estrutura.Um sistema desportivo é um conjunto de indivíduos e grupos que interagem entre si
,compartilhando um mesmo objectivo:a promoção do desporto.Isto pode abranger o campo
de jogo, a vida associativa ,as àreas profissionais desportivas, e as escolas. Existindo uma
organização desportiva ,podemos contemplar os seguintes grupos:

-praticantes, dirigentes, técnicos, árbitros, associados, outros agentes desportivos(não


estruturados),massa de espectadores(não estruturada)

Ainda no sistema desportivo, podemos destacar os processos sociais:contacto, comunicação,


cooperação, conflito, competição, acomodação, etc.; onde podem estar presentes os
seguintes: mobilidade social, estratificação social, estatuto sócio-desportivo, expectativas
sociais,comportamentos desportivos como conformidade e desvio.

No relacionamento entre actores desportivos, concretamente dirigentes, atletas,espectadores,


técnicos, há responsabilidades que devem ser assumidas, sob o risco de se pôr em causa a
desejável estabilidade que o desporto recomenda, mas que na, maior parte das vezes não é
conseguida, por causa das emoções que o desporto desperta. Em muitos casos, as
animosidades existentes entre dirigentes faz com que clubes tenham uma péssima relação e se
esqueça daquilo que o desporto tem de melhor, alimentando-se guerras desnecessárias que
depois são extensivas as claques e por vezes aos jogadores.

É verdade que o desporto nos dias que correm , move muitos interesses ,particularmente os
de carácter económico-financeiro e como tal a pressão que é exercida sobre os seus agentes é
muito grande, o que muitas vezes faz com que os mesmos nem sempre tenham a
tranquilidade e o descernimento necessários nos momentos de decisão.

Giovanni Pico della Mirandola,nessa fantástica obra intitulada Discurso sobre a dignidade
humana ,escrita há mais de 500 anos,dizia que as bestas no momento que nascem ,trazem
consigo do ventre materno(…)tudo aquilo que depois terão,enquanto que o homem se poderá
degenerar até aos seres que são bestas ou regenerar-se até realidades superiores de
espiritualidade divina.Tem liberdade para tal,basta decidir.Assim,liberdade é um termo
ambivalente.A fronteira entre o bem e o mal é uma simples escolha.À verdade contrapõe-se a
instrumentalização do ser humano,a verdade contrapõe-se a ilusão,a justiça contrapõe-se a
servidão.O desportista enfrenta o mesmo dilema de liberdade.Pode atuar na retidão ou,ao
invés ,na falsidade.Para tal basta decidir.

Que não tenham ilusões aqueles que pensam que a liberdade,a autêntica liberdade,se
encontra no progresso tecnológico.Este progresso pode ajudar o homem a viver melhor mas
não é claro que se torne mais livre.A técnica não é o garante da felicidade nem,tão -pouco ,o
garante da máxima amplitude da vida.Também a limita,tornando impotente o homem quando
não consegue aplica-la.Vivemos num mundo que prefere a suma tecnológica á suma
teológica.Vivemos num mundo que prefere a coisa extensa ao homem.Vivemos num mundo
que prefere a matéria ao espírito.Vivemos num mundo onde a pessoa humana é um simples
instrumento e não algo de sublime.Vivemos num mundo sem encanto ,sem esperança,um
mundo desumanizado ,um mundo onde para que uma minoria tudo tenha,milhões de pessoas
vivem sob o anátema da exclusão.

Acreditamos que é redundante aludir ao desporto após o que atrás expusemos.A dignidade da
pessoa humana terá de ser considerada em todas as situações da vida ,sendo que a atividade
desportiva é apenas mais uma por onde este conceito se expressa.Com base numa definição
de “KANT”,podemos aplicá-la à prática desportiva e à relação entre os seus atores de acordo
com a qual, “desporto sem dignidade pode ser tudo menos desporto”.

O ESPECTÁCULO DESPORTIVO COMO FORMA DE CATÁRSE SOCIAL

No limiar do século passado, tinha-se a convicção de que ,com a evolução do conhecimento


humano,a ingerência da religião, em todos os sectores da sociedade ,seria cada vez menor.
Entretanto,apesar dos avanços da ciência e da tecnologia, que permitiram ao homem um grau
de informações inimaginável, ao nascer do século XXl o mundo continua inesperadamente
místico.Trata-se de um fenómeno global que, especificamente no brasil, atinge patamares
impressionantes.

Além da casa - onde vivemos, comemos e nos relacionamos com a família – e da rua- onde
trabalhamos e ganhamos nosso suustento- existe outro espaço, o outro mundo, que é
demarcado por igrejas, capelas, terreiros, centros espíritas, sinagogas,cemitérios e tudo que
sinaliza para um universo habitado por mortos, fantasmas, almas, santos, deuses e Deus.

A sociologia explica que essa necessidade se falar com Deus e com todas as outras entidades
se justifica á medida que a religião ,num certo sentido, oferece respostas a questionamentos
que rigorosamento não podem ser respondidos pela ciência ou pela tecnologia.Além disso ,a
religião ajuda a destacar e a gravar momentos da vida de todos nós, como nascimentos
,carismas,casamentos, batismos, comunhões e funerais.Portanto, o aval divino ou sobrenatural
,por meio de seus ritos especiais, legitima todos os momentos de uma passagem na esfera da
existência dos homens.

Por exemplo no Brasil, apesar de ter surgido com características profanas ,ao longo do tempo
foi se ritualizando através da existência de profundas paixões, em que muitas coisas entram
em jogo ,e a deusa fortuna tem presença determinante.

A vitória de uma equipa proporciona ,para uma legião de seguidores, um sentimento de


honradez e poder e, simultaneamento,uma revelação de que o destino nos reserva surpresas
agradáveis.O desfecho de um jogo importante se assemelha a uma sentença com resultados
previamente anunciados; ou, como já dissera Nelson Rodrigues (1994), o final de um jogo
entre duas equipas que se equivalem era como uma profecia sagrada, já prevista antes da
disputa.

Dessa forma ,segundo Anatol Resenfeld(1993),um grande jogo se transforma em um cenário


propício para as lamúrias entre as torcidas que se manifestam, à semelhança das festas de
Deméter e Dionisio,com cânticos de escárnios e zombaria.O êxito de uma equipa dá o direito a
sua torcida de zombar, que, durante algum tempo,deverá suportar as humilhações da
derrota.Fazer parte desse ritual é quase uma obrigação do ser integral.

Da mesma forma que se desenvolve tradicionalmente um jogo no gramado do estádio como


uma atividade profissional, há outro embate na vida real, jogado pelo povo ,na busca
incessante de um destino melhor.E há um terceiro prélio praticado no outro mundo no qual
entidades religiosas são solicitadas para interferir no evento desportivo ,uma vez que ,além da
habilidade técnica e táctica, o futebol também depende das forças incontidas da sorte e do
destino.

A socioantropologia acrescenta que, em um espaço no qual tudo depende da sorte ou do


acaso, quando se avalia a grande carga de sentimento que emana da torcida para que a equipa
,compreende-se que ambas buscam uma protecção em esferas sobrenaturais,para terem a
certeza da estimulação favorável ou, no mínimo, que sobre o adversário o desfavor das forças
demoníacas. O sincretismo das entidades invocadas fica evidenciado. Os jogadores que fazem
promessas, vão à igreja, suplicam a vitória aos santos católicos e se benzem antes de entrar
em campo são os mesmo que executam gestos mágicos que acreditam influenciar
magneticamente a bola. Traçam linhas imaginárias entre as metas para fechar a baliza;
adentram no gramado do campo com o pé direito; tomam banhos de ervas prescritas pelo pai
de santo, em alguns casos acompanhados pelo técnico e por dirigentes; fazem despachos no
cruzamento de ruas; usam sempre e o mesmo número nas camisolas; sentam-se sempre nos
mesmos lugares no autocarro que os transporta até ao estádio;cantam as mesmas músicas de
motivação para os jogos.

A imprensa desportiva frequentemente vincula o sagrado ao futebol, como se este fosse uma
religião popular transitando pela sociedade moderna nos moldes das grandes religiões com
vocação universal.

Ora ,como exemplo, nenhum brasileiro consegue ser nada ,no futebol ou fora dele, sem a sua
medalhinha no pescoço, sem os seus santos, as suas promessas e, em uma frase, sem o seu
Deus pessoal e intransferível.

O EFEITO PROJECÇÃO-IDENTIFICAÇÃO NO DESPORTO

Com a dificuldade existente na obtenção de bibliografia credível para abordar o tema proposto
,sugerimos que os estudantes tenham contacto com informação que aborda de forma geral a
questão e partir de tal poderem extrapolar para a especificidade do desporto.

A identificação é um processo psicológico pelo qual o individuo assimila um aspecto ,uma


propriedade, um atributo do outro e se transforma, total ou parcialmente,segundo o modelo
desse outro.A personalidade constitui-se e diferencia-se por uma série de identificações.O
termo identificação deve ser diferenciado dos termos próximos,como incorporação, introjeção
e interiorização.Incorporação e introjeção são protótipos da identificação ou,pelo menos ,de
algumas modalidades em que o proceso mental é vivido e simbolizado como uma operação
corporal(ingerir, devorar, guardar dentro de si, etc.).Entre identificação e interiorização a
distinção é, mais complexa porque põe em jogo opções teóricas quanto á natureza daquilo a
que o sujeito se assimila.

Em 1957, Klein sugeriu que a inveja achava-se profundamente implicada na identificação


projectiva, que então representa o ingresso forçado em outra pessoa, a fim de destruir suas
melhores qualidades.

A expressão” projeção” veio a ser confundida com “identificação projetiva”. A distinção entre
os dois termos é com frequência um grande mistério para muitos que abordam o tópico pela
primeira vez.A verdade é que, historicamente,ambas as expressões foram usadas por maneiras
que parcialmente se sobrepõem para abranger fenómenos que não são totalmente
distinguidos.

O uso inicial que Freud fez do termo “projecção”referia-se a um abuso do mecanismo de


projecção para fins de defesa e descreveu como ideias de determinada pessoa podem ser
atribuidas a alguém mais, criando assim um estado de paranóia.Há vários sentidos em que o
termo “projeção” é utilizado por FREUD: percepção, projeção e expulsão, externalização de
conflitos,projeção e identidade e projeção de partes do sef. Para Klein o termo projeção foi
empregado tendo muitos significados: projeção do objeto interno, desvio da pulsão de morte
,externalização de um conflito interno e projeção das partes do self.

DESPORTO E COMUNICAÇÃO

Em 1896,os jogos olímpicos foram comentados por rádio e informados via jornais. Os arquivos
mostram que uma dezena de jornalistas foram creditados para os jogos em Atenas. De facto
,alguns competidores lá estavam porque haviam lido algo sobre o iminente acontecimento na
imprensa e tomaram a própria iniciativa para lá estarem presentes.Em Berlim, em 1936, 25
salas foram equipadas com circuito fechado de televisão e foi possível ver os jogos na televisão
por toda a Alemanha. Cerca de 160.000 pessoas viram diariamente as transmissões á partir
das quatro sedes olímpicas.

Os primeiros jogos tevisionados foram os celebrados em Melbourne em 1956.Em 1964 em


Tóquio teve lugar a primeira transmissão via satélite.Desde aquela data passaram-se mais de
50 anos e mais de 300 milhões de pessoas seguem jogos olímpicos transmitidos para todo o
mundo.

Actualmente ,a tecnologia faz com que seja possível que todo o mundo veja todos grandes
eventos desportivos como jogos olímpicos e campeonatos do mundo e oiça os seus
comentários.Quase todo o mundo tem acesso ao rádio que é o meio de comunicação mais
rápido.Por outro lado é por demais conhecido o papel cada vez mais activo da televisão nos
desportos mais mediáticos e de maneira particular na economia do desporto.
ELEMENTOS DUMA LINGUAGEM DESPORTIVA:INFORMAÇÃO DESPORTIVA:OS MEIOS E AS
MENSAGENS

A linguagem desportiva utiliza abundantemente os registos do combativo,do maravilhoso, do


passional.Os jogos metafóricos mais frequentes situam-se no domínio do militar,do dramático
e mesmo do religioso.Na linguagem desportiva,a palavra não é didáctica.O principal objectivo
desta linguagem não é explicar.É uma palvra iniciática.A linguagem desportiva é uma
linguagem iniciatica de natureza poética.O seu principal objectivo é permitir sonhar e aliviar
assim o peso da vida quotidiana.Mas não nos devemos esquecer que os jornais desportivos
desportivos estão dependentes de objectivos económicos e não escapam ao funcionamento
feroz das leis de mercado.

A imprensa desportiva parte dos rituais festivos do desporto para permitir ao leitor sair dele
próprio e viver o desporto como uma celebração da vida e mesmo como uma participação
autêntica no jogo cósmico que as competições desportivas ritualizam.De qualquer forma ,a
natureza da linguagem desportiva é simbólica e a sua depenência do mundo dos mitos parece
evidente.Não é pois de estranhar as suas afinidades religiosas ,dadas as relações profundas do
mito com o sagrado.Considerando a estrutura global do fenómeno desportivo e todos estes
elementos que encontramos no seu funcionamento actual,pensamos ser legítimo afirmar que
estamos diante de um sistema mítico completo ,cujo significado antropológico nunca é
demasiado enaltecer.

Há uma regra fundamental na comunicação que são os 3 “Cs”;clara, concisa e correcta.A


comunicação depende muito da postura de quem emite,mas também da de quem recebe.A
maneira como passamos a mensagem depende de quem recebe e do que se pretende atingir.

Uma mensagem sublimar é muitas vezes usada para transmitir algo de maneira não tão
directa.Por exemplo , colocar um recorte de jornal no balneáreo ,onde os adversários falam
mal da equipa,aí pode-se perceber a mensagem que se quer passar por detrás desta atitude.

A linguagem desportiva tem evoluido também com a evolução dos meios tecnológicos .Com as
novas tecnologias ,houve uma queda na venda dos jornais.

Normalmente ,os clubes pequenos ,mesmo ao nível de jornais só têm espaço nas chamadas
notícias breves ,o grandes espaços é para os clubes de maior dimensão ,pois estes é que são as
marcas que vendem mais.

A relação com acomunicação social pode ser unidirecional ou bidirecional.Isto ,implica que o
clube pode ir ao encontro da imprensa para divulgar algo que lhe interesse, ou a imprensa ir
ao encontro do clube para ter acesso á notícia.

Há a comunicação intencional e a não intencional.Na comunicação intencional dá-se o facto de


nós querermos transmitir uma mensagem e a mesma ser difundida como queremos.A não
intencional dá-se quando cito uma frase e a mesma é aproveitada de maneira incorrecta por
parte da imprensa ,no fundo, a imprensa divulga o que não queriamos dizer.
O que nós pretendemos difundir ,como vamos difundir e quem queremos atingir ,são factores
importantes na transmissão de uma mensagem na comunicação.

O PAPEL DA INFORMAÇÃO DESPORTIVA NA POPULARIZAÇÃO DO DESPORTO

É indubitavél o poder que a informação tem ,no concernente a dessiminação e popularização


do fenómeno desportivo.Por exemplo , a televisão tomou de assalto o futebol.A chegada dos
operadores privados ,no início da década de 1990 ,resultou numa corrida aos jogos de futebol
,verdadeiros campeões de audiências.longe iam os tempos em que as únicas transmissões
televisivas se resumiam à final da taça de portugal ,às finais das competições europeias e aos
europeus e mundias.Em meados dos anos 1990 os jornais desportivos passaram a diários ,as
notícias sobre os grandes clubes apareceram com uma frequência nunca vista nas primeiras
páginas dos jornais de informação geral ,na abertura de telejornais,em vários programas de
rádio.A capacidade mobilizadora dos grandes clubes tornou-se num instrumento para as
empresas de comunicação social alcançarem receitas publicitárias.Transformado num produto
de mercado consumido globalmente, o futebol conquistou um poder surpreendente e para tal
muito tem contribuído a informação desportiva.

A mediatização do futebol afirma-se como um elemento decisivo no espaço cultural do país


onde ela ocorre.O aumento global dos rendimentos que se verificou em Portugal nos últimos
30 anos possibilitou um crescimento das práticas de lazer.Este crescimento assentou
largamente no aumento dos consumos mediáticos.Analisando a evolução do espaço mediático
português nos últimos 20 anos podemos observar ,à vista desarmada ,uma multiplicação de
orgãos de comunicação social.Esta multiplicaçao explica-se ,também atendendo aos processos
de distinção e de diferenciação social.No que respeita à televisão ,o meio de comunicação de
massas por excelência ,verificamos a emergência de canais especializados ,orientados para
nichos específicos de mercado.No caso do desporto ,no entanto ,à multiplicação dos formatos
não correspondeu uma diversificação dos conteúdos.Apesar de o crescimento global do
espaço da informação desportiva,esta tem-se concentrando progressivamente no futebol e,
em particular,nos 3 principais clubes do país,que ocupam perto de metade do espaço impresso
na àrea dedicada ao desporto.O restante espaço é dividido entre outras informções
futebolísticas e as restantes modalidades.Na televisão e na rádio estes contrastes são ainda
mais acentuados.

A integração massiva de fotografias e titulos ruidosos é uma das características actuais mais
salientes na imprensa ,bem como a tendência de deslocação de uma linguagem
literária/corrente para formas de linguagem mais populares/correntes.Este processo não é
indiferente às transformações que têm marcado o jornalismo desportivo e o impacto que seu
trabalho tem junto das audiências.

A televisão revolucionou o espectro de audiências dos jogos e os interesses económicos que


envolvem as competições.Alterou ,ou contribuiu para transformar ,a constituição da estrutura
das preferências clubísticas;eterniza os acontecimentos no mesmo passo em que selecciona e
condiciona a sua incorporação na memória colectiva;colaborou na popularização de
determinados jogadores e instituiu esquemas particulares de apreciação e de interpretação do
próprio jogo.Qualquer que seja a dimensão da análise do fenómeno ,a televisão reconfigura
globalmente a relação dos adeptos com o jogo.

FORMAÇÃO DE UMA CULTURA DESPORTIVA E CONDICIONAMENTO DA OPINIÃO PÚBLICA


DESPORTIVA

A formação de uma cultura desportiva condicente com os valores defendidos pelo desporto
,implica uma constante e permanente educação dos seus intervenientes para a busca de tal
desiderato.Um dos elementos que pode contribuir para tal é a comunicação social
,principalmente pelo seu poder mobilizador e de influenciar atitudes e comportamentos.

A cultura desportiva atual ,principalmente quando se trata de alta competição ,é a imagem da


cultura industrial.Os espetáculos ficam para trás, o desporto artístico(mais visívelm no futebol)
é esquecido .Só o resultado conta,só este fica para a história.E o desporto moderno não
trabalha a longo prazo.É vítima da velocidade atual.Os resultados têm de ser imediatos.Os
artistas e sonhadores não têm lugar nesta sociedade devorada por uma concorrência
impiedosa.Isto pode levar-nos a algumas reflexões sobre as diferenças entre o chamado
desporto antigo e o desporto que se pratica na sociedade atual.Equanto o desporto antigo era
profundamente marcado pelo aspeto lúdico,que fazia dele um culto do corpo,o desporto
moderno perdeu muito da sua ligação ao ludismo e aparece ,sobretudo ,como culto ao
progresso.A aparição do desporto moderno coincide com um momento da história em que a
humanidade se vê confrontada com uma mudança radicalna sua maneira de pensar e
viver.Trata-se da passagem de uma civilização ,próxima ainda da civilização neolítica ,para
uma outra a que se convencionou chamar civilização industrial.A formação da atual cultura
desportiva passou a ser profundamente influenciada por esta nova forma de encarar e viver no
mundo.

A influência que os meios de comunicação exercem sobre o desporto é algo muito importante
;ela pode até mudar o rumo dos acontecimentos.Faz-se necessário ,portanto que os dirigentes
encarregados de manipular tais meios tenham uma preparação bastante correcta no aspecto
técnico e,principalmente ,no moral.

Os meios de comunicação são formadores de mentalidaes e personalidades.Como


tal,assumem uma responsabilidade ìmpar.Não há meio –termo:ou agem com rectidão ou
descambam para o condenável.Não podem permanecer eternamente por cima do muro.Têm
de tomar uma posição definida ,caso queiram ganhar a respeitabilidade e a confiança daqueles
que os prestigiam.

Os meios de comunicação mantêm uma estreita ligação com o desporto e contribuem para o
estabelecimento de uma cultura desportiva e a formação de opiniões.Neste particular
podemos destacar alguns programas de incentivo a generalização da prática desportiva e do
exercício físico.A veiculação de tal campanha pela televisão alcançou enorme audiência e
considerável repercussão.Ainda hoje assistimos a população caminhando ,correndo
,pedalando,tudo por influência de “slogans” que incentivam as pessoas a exercitarem-se.

Por outro lado , as aulas de ginástica na televisão e na rádio ganharam um novo impulso.

Se considerarmos o desporto como um meio de educação ,a responsabilidade do comunicador


desportivo assume um papel de grande relevância .A sua formação,portanto, deve ser não
apenas eclética –razoável conhecimento de diversas modalidades-,mas também dotada de um
fundo ético bastante amplo.Soma-se a esses requisitos a necessidade de um bom
conhecimento da língua portuguesa ,a fim de que sejam evitadas injustificáveis agressões
verbais no ato de transmissão de eventos e de formulação de opiniões.

A VEDETIZAÇÃO DOS CAMPEÕES E A MITIFICAÇÃO DESPORTIVA

No que diz respeito aos actores do desporto e o caráter simbólico que adquirem em função do
seu êxito desportivo ,faremos referência ao universo do futebol .Os futebolistas são
geralmente de origem modesta,Pelé,Maradona,Eusébio e muitos outros são o exemplo vivo
desta realidade.O futebol permitiu-lhes um tal sucesso que eles se tornaram verdadeiros
ídolos de seus povos.Este esteriótipo da infância pobre e da elevação através do próprio
esforço reactualiza um dos mitos mais profundos da biografias heróicas.Na literatura
desportiva está tão enraizada que chega a dominá-la.No desporto, os atletas estão integrados
num processo de heroicização particular.A imprensa fala deles com uma linguagem religiosa
como se fossem deuses.Os ídolos do futebol ,por exemplo ,são muitas vezes,objecto de
verdadeiro culto.

A linguagem desportiva é geralmente maximalista.Frequentemente ,o registo religioso


funciona em paralelo com o registo nobiliário :”o deus Maradona,o rei Pelé,etc”No entanto os
jogadores são filhos do povo.O mais pobre da aldeia pode tornar-se um grande jogador.Trata-
se de um processo de heroicização,onde o homem é transfigurado ,continuando a ser
humano.Há aqui uma experiência do sagrado,descrita como religiosa,mas vivida numa versão
secularizada.É mais um dos aspectos da metamorfose do sagrado no interior da nossa cultura
industrial que se afirma apenas como profana.

Considerando a origem dos jogadores de futebol e da maioria dos atletas ,podemos afirmar
que o desporto é a epopeia do homem ordinário,permitindo o êxito por mérito pessoal.O
desporto fornece-nos assim um modelo de organização de uma sociedade feita estritamente
por meios justos e aceites por todos.Além disso ,as vedetas desportivas são ,para os seus
admiradores ,não somente modelos a imitar ,mas constituem também meios a realizar,por
procuração,sonhos impossíveis de concretizar de outra maneira.
Herdeiro do antigo fenómeno lúdico,o desporto moderno apresenta-se como um sistema
mítico completo e coerente,como um mecanismo poderoso de reprodução dos mitos arcaicos
no seio da sociedade actual,o que prova ,aliàs ,que o mito jamais abandonará o homem e
que,felizmente,o homem dos nossos dias ainda não perdeu a capacidade de mitizar.

Tentando ,por exemplo,descobrir a imagem que a imprensa desportiva nos fornece do


fenómeno desportivo moderno,chegamos a conclusão de que se trata,antes de mais nada ,de
um universo mítico bem estruturado ,com todos os elementos que encontramos nos grandes
mitos das origens.Podemos falar mesmo de um mito total.Tomando assim como ponto de
paritida os elementos que,manifesta ou veladamente,circulam na imprensa desportiva
,constituem como sistema mítico funcionando no interior de uma sociedade que,muitas vezes
,pensa que os mitos são apanágio das épocas arcaicas e não se coadunam com a ciência e
técnica actuais.

Pelos rituais que celebra,pelos temas arcaicos que actualiza ,pelos símbolos cosmológicos que
utiliza,pelas estruturas espaço-temporais em que funciona,pelos modelos heróicos a que dá
origem,o desporto moderno de competição é uma arqueologia de mitos e um poderoso
mecanismo de reprodução de arquétipos primordiais no seio da nossa sociedade industrial.É
precisamente pelos ritos que se actualizam os mitos.E no desporto moderno encontramos
rituais que actualizam os combates primordiais entre ordem e o caos,entre luz e trevas,entre
deuses bons e deuses maus ,entre antepassados humanos fundadores da sociedade dos
homens e da sua história e transformados em semideuses ou heróis legendários.

Mas, afinal ,o que são os mitos de que estamos a falar a propósito do desporto? No fundo ,os
mitos são narrações tradicionais ou sistemas de comportamento heróicos relacionados com
acontecimentos sucedidos na origem dos tempos e destinados a fundar a acção ritual dos
homens hoje e de maneira geral a instituir todas as formas de acção do pensamento pelas
quais o homem se compreende a si próprio no seu contexto existencialA função fundamental
do mito é assim propor aos homens de todas as épocas formas de pensamento e modelos de
comportamento .Através da actualização dos mitos,o homem torna-se, de alguma
maneira,contemporâneo das origens,revive os acontecimentos primordiais,imita o que os
deuses e os heróis míticos fizeram e,dada a ligação do mito ao sagrado ,o homem descobre
também o fundo religioso da sua existência.É finalmente o mito,através do qual o homem
pode reviver e realizar os acontecimentos fundadores da sociedade humana e da própria
história do universo,que vem dar sentido e justificar o comportamento actual do homem.Esta
função dos mitos é de natureza ontológica.Realiza-se ao nível do ser .O homem apenas é
autêntico quando imita os deuses e os seus antepassados heróicos e quando reactualiza ,na
sua vida,os modelos de acção propostos pelos mitos.Como diz Mircea Eliade,só nos tornamos
homens verdadeiros,conformando-nos com os ensinamentos dos mitos e imitando os
deuses.Este autor pensa mesmo que o homem moderno,que se quer deliberadamente apenas
como profano,assume uma existência trágica e a sua vida é desprovida de significação.
A INFORMAÇÃO DESPORTIVA COMO AGENTE DE ESTABILIZAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE
COMPORTAMENTOS SÓCIO DESPORTIVOS

A influência que os meios de comunicação social conquistaram ,principalmente nas últimas


duas décadas ,torna impossível qualquer análise do fenómeno desportivo em geral,e do
futebol em particular,que não tenha em atenção o seu papel específico na determinação do
desporto contemporâneo e do impacto deste no quotidiano das populações.Se olharmos para
a década de noventa , verificaremos que desde então houve um aumento significativo de
transmissões de jogos de futebol pela televisão,o crescimento exponencial das tiragens dos
jornais desportivos,a multiplicação de programas radiofónicos,bem como a génese de
inúmeros sítios na Internet dedicados ao futebol,decorrem simultaneamente a um decréscimo
da presença do público nos estádios.Isto significa que a relação da maioria dos adeptos com o
jogo se torna cada vez mais mediada pela comunicação social ,desempenhando a televisão um
papel fulcral nesse processo.Nenhum meio de comunicação terá tido o impacto da televisão
no modo como transformou e condicionou a percepção do jogo.Neste artigo,procuramos
explorar as implicações que essa mediação televisiva trouxe à experiência de interpretação de
um jogo de futebol,analizando as diferenças entre a” bancada” e o “ sofá ”, isto é ,as
diferenças de significados e de formas de sociabilidade entre um jogo de futebol presenciado
ao vivo e um jogo de futebol televisionado.

Os direitos televesivos tornaram-se numa das principais fontes de rendimento dos clubes de
futebol profissional.Em Portugal ,a diminuição da presença de adeptos nos estádios aumentou
a dependência do futebol profissional em relação ás receitas provenientess dos direitos
televisivos.Noutros países ,como a Inglaterra ou a Alemanha,cujos campeonatos nacionais de
futebol apresentam estádios lotados praticamente todos os fins-de -semana, a situação de
dependência económica dos clubes relativamente às receitas provenientes dos meios de
comunicação social não é ,todavia,muito menos acentuada.

N o discurso da imprensa sobre futebol, a capacidade analítica e reflexiva característica da


primeira metade do século e,ainda,das décadas de 1950 e 1960,tende a partir de então a ser
substituida por um jornalistico sensacionalista e acrítico ,que procura essencialmente a
maximização dos lucros.Estas transformações compreendem-se no sentido geral da evolução
do campo mediático ,onde ocorrem ,sobretudo nas últimas décadas do século XX,processos
de concentração empresarial dos orgãos de comunicação social,assistindo-se extensão das
lógicas liberais a um conjunto de sectores que historicamente estaria excluído de quadros
estritamente econimicistas.Com predominância do modelo de exploração,e no que concerne
às possibilidaes dos adeptos ,um sistema de participação dá lugar a um sistema
,essencialmente ,de consumo,evidente no que respeita aos espaços de decisão nos clubes,com
as formas de gestão tradicionais ,associativas ,a darem lugar às sociedades
anónimas,controladas por quem detém capacidade económica para se tornar accionista.O
poder dos adeptos decorre ,sobretudo,do consumo,mas este é sempre moldado pela
produção já existente,não a podendo determinar.A transformação do universo social dos
estádios ,com interferência nas formas de participação dominantes do público ,também se
apresenta como um elemento indispensável na compreensão destas transformações.Do ponto
de vista da forma como o adepto representa o jogo,este processo leva à predominância de um
modo fragmentado ,característico dos adeptos do sofá.Não significa isto que se atribui uma
autonomia total ao adepto de bancada,mas é certo que as mediações socialmente construídas
no estádio dão lugar a uma mediação centralmente produzida pela televisão ,ainda que a
recepção da imagem televesiva decorra diversamente de sofá para sofá.

Sem a acção da imprensa, o futebol não se teria destacado entre os outros desportos,ainda
remetidos aos terrenos do mundano e do disciplinar.Foi por intermédio de um conjunto de
periódicos que o futebol começou a conquistar o seu lugar central nas culturas populares.

Tal como sucedeu com a rádio , a reacção inicial dos clubes perante o fenómeno televisivo foi
de alguma desconfiança e receio.Às resistências iniciais ,contudo ,seguiram-se aberturas
consecutivas ao espaço televesivo.Primeiro,a televisão acercou-se do futebol pelos
acontecimentos excepcionais; mundiais, competições continentais e jogos olímpicos.Depois
seguiram-se os resumos dos jogos e, gradualmente ,a transmissão de um número cada vez
maior de encontros.Ao contrário de todos os outros meios de comunicação,que apenas tinham
a capacidade de actuar indirectamente sobre os rendimentos dos clubes,a televisão intervém
de forma directa nas suas economias, influenciando decisivamente a estruturação das
competições.Esta intervenção foi-se tornando cada vez mais determinante para a
sobrevivência das principais competições internacionais.À medida que os mercados de
transmissão foram sendo liberalizados ,a percentagem de receitas provenientes da compra dos
direitos de transmissão transformou-se num bem orçamental precioso.Em pouco menos de
quatro décadas a relação da modalidade com a televisão alterou-se de forma significativa.

Na década de 60 a televisão tinha um papel residual.Não tinha o poder de manipular os


horários e datas das competições. É apenas na década de 70 que a televisão se começou a
generalizar ,massificando-se,na segunda metade dos anos 80 na sua versão a cores.É com a
transmissão regular dos resumos dos jogos que a televisão transformou a dimensão
económica do jogo ,valorizando aa publicidade estática que rodeia o relvado e o patrocínio nas
camisolas dos clubes.

Cada meio de comunicação social influenciou o modo como os adeptos observam e sentem o
jogo ,tanto pelos conteúdos e pelos seus critérios de selecção do real ,como pelos mecanismos
formais que utilizaram para transmitir a informação.A imprensa ,durante grande parte do
século passado ,afirmou-se pela sua capacidade analítica e apetência para discutir as questões
estruturais que se impunham a cada momento.A rádio instituiu os relatos que se tornaram
num dos marcos incontornáveis das culturas populares na segunda metade do século XX.Com
os seus ritmos e expressões típicas ,a rádio colaborou no desenvolvimento de novas formas de
ver o jogo,formas essencialmente emotivas.A televisão revolucionou as audiências dos jogos e
os ritmos de produção dos outros meios de comunicação social,fragmentando a relação dos
adeptos com o futebol,levando ao extremo algumas características que já se anteviam nos
relatos da rádio.

Hoje,os jogos para muitos adeptos deixaram de significar a viagem até ao estádio e a difusão
constante de fraternais saudações aos seus consócios.As barraquinhas dos cachecóis e as
bandeiras que inundam de cor as principais artérias que dão acesso ao recinto de jogo;os
candongueiros e as senhoras que tentam forçosamente colar um autocolante no peito dos
viandantes;os vendedores ambulantes nas bancadas ;o ambiente colectivo e festivo dos
estádios é substituido ,para a maior parte dos adeptos, pela pacatez do lar.

DESPORTO E ANTIDESPORTO;PADRÕES DE NORMALIDADE DESPORTIVA:ÉTICA DESPORTIVA


E FAIR PLAY

Jorge Bento, refere-se á ética como uma categoria fundamental a considerar pelas actividades
físico-motoras.A aquisição dos valores do fair-play, do respeito, da consideração e da
tolerância,assim como de atitudes de integração e convivialidade são fundamentais.No
panorama internacional, autores como Fernadez-Balboa, Sage,Tinning, dentre outros,apontam
como relevante a dimensão ética nos diferentes cenários das actividades físicas e desportivas
nos tempos actuais.Nesta sub-categoria corpo/ética podemos perspectivar aspectos de
natureza individual e social, mas onde a aceitação, a cooperação, o respeito,a
responsabilidade,a equidade e a justiça social estarão sempre presentes.

Desde as primeiras manifestações desportivas ,por altura dos jogos olímpicos da Grécia antiga
,que se espera dos atletas um comportamento digno,revelador de espírito desportivo entre
outros aspectos, reconhecendo a superioridade de um adversário perante a derrota.

Durante a idade média, os torneios de cavaleiros eram regidos por um código baseado na
lealdade e na honestidade dos participantes.Mais perto no tempo, no último século ,a
Inglaterra, defendia uma prática desportiva de raíz aristocrática, mas assente no cavalheirismo
e fair-play, isto é, nas regras escritas e não escritas.

O francês ,barão Pierre de Coubartin,pai dos jogos olímpicos modernos preocupou-se sempre
em associar ao ideal olímpico ,a honra e a lealdade, o respeito pelos outros e por si
próprio.Enfim, uma série de comportamentos habitualmente associados ao espírito
desportivo.Nesta perspectiva , o conselho internacional para esducação física e desporto em
França,publicava, em 1964, um manifesto sobre o desporto, afirmando que o espírito
desportivo constitui a essência de todos os desportos tanto a nível profissional como a nível
amador.No mesmo ano é fundado o comité internacional para o fair –play, organismo votado
à promoção do espírito desportivo por todo o mundo.Todos os anos, o comité atribui prémios
a atletas que se distinguem no domínio do fair-play.

O comité olímpico angolano em 1994 também instituiu o prémio nacional de fair-play a que
deu o nome de “prémio nacional de fair –play Demóstenes de Almeida”.Esta denominação
perpetua o nome da grande figura do desporto angolano que foi ,Demóstenes De Almeida
Clington,notabilizado sobretudo como técnico de atletismo.Nesta actividade ,Demóstenes de
Almeida ,além das grandes performances atléticas que conseguia dar aos seus atletas,também
lhes incutia o espírito desportivo ,sendo ele próprio um exemplo a seguir de conduta tanto
ética tanto no plano desportivo como no plano social.

Sem estrar em considerações excessivamente teóricas ,preocupa-nos sobretudo as


manifestações do espírito desportivo,o que o permite reconhecer ,e como ta ser promovido.
O espírito desportivo manifesta-se através de :

1-respeito pelas regras

2-respeito pelos árbitros e aceitação das suas decisões

3-respeito pelo adversário

4-Desejo de igualdade

5-Ser digno

As nossas atitudes, os nossos comportamentos, práticas ou acções ou estão referenciados pela


ética ou não está.Não há meios termos quando se discute a ética.Não há uma quase ética;há
ou não há ética naquilo que fazemos.A ética não é uma eiqueta que se coloca ou que se tira
de acordo com interesses pessoais ou passageiros.A ética é, tem de ser, como um farol que
orienta a vida humana em todas as situações ou momentos, mesmmo naqueles atos
conotados com o, lazer ou com o desporto profissional.

Ainda percorre no espírito de muita gente a ideia que a ética e a moral são assuntos da
religião e que a ciência, tal como agora a consideramos,refutou a própria religião.A ética
,embora possa repousar numa ideia religiosa, há muito que se estendeu aos mais variados
campos da actividade humana, pelo que não é de todo despiciendo uma abordagem do
desporto pelo lado ético.

A ética é um importante valor dos nossos tempos ,como aliás nos é apontado por inúmeros
autores.É a ética da política ou dos negócios, é a ética do ambiente – ecologia –ou aética
profissional.É ética de tudo e até mesmo do desporto.Mas , a ética é uma palavra esquiva de
definições.Alguns falam de uma ética natural, como se houvesse no homem uma capacidade
inata de distinguir o bem e o mal.Outros procuram na norma jurídica o fundamento da ética
social,o que para nós se afigura numa clara inversão das coisas.Por exemplo o recém publicado
código brasileiro de justiça desportiva:comentários e legislação,aparece o subtítulo a
expressão em defesa da ética e da qualidade do desporto.Sem dúvida que a legislação poderá
ser o garante de uma ética, como puderá ser a perpetuação da não ética, dado que nem tudo
que é legal, isto é,que se encontra plasmado na lei, é aceitável nos planos ético ou
moral.Outros, ainda percebem a ética e a moral como sinónimos, não admitindo a
possibilidade de poderem ser conceitos complementares mas com algum grau de
independência.

Retomando a relação entre ética e moral, talvez seja útil relembrar Platão quando ,de alguma
forma, nos ensina a distiguir aquilo que faz parte do plano do ideal, a ética ,e aquilo que cada
momento pode ser realizado pelo homem concreto e historicamente situado ,a moral.Assim,
ética é algo que se situa no campo do ideal,enquanto que moral poderá ser aquilo que se situa
no campo do possível.A aspiração do homem deve ser no sentido ascendente ,isto é,no
caminho da ética, embora sabendo que esse valor não é alcançavel.No fim de contas o homem
deverá recusar a simples moral para tentar encontrar-se com a ética, ou seja ,com os valores
ideais.Tarefa ciclótica, sem dúvida, mas que deverá regular o nosso pensamento e a nossa
acção.
DESVIOS DE CONDUTA DESPORTIVA:DOPING,VIOLÊNCIA,CORRUPÇÃO

O doping é apresentado como sendo o maior flagelo do desporto no nosso tempo.Por vezes
cria-se a ideia de que todos os atletas estão dopados e que a excelência desportiva só é
conseguida à custa de drogas.Outros pensam que os treinadores não passam de
intermediários de drogas e que os atletas só o são porque as consomem .Enfim,é retirada toda
beleza ao desporto,criando-se a ideia que os atletas são vilões e o desporto uma verdadeira
máfia, ao nível daquela imortalizada por Marlo Brando no filme”o padrinho”.Se doping é uma
atitude que poderemos considerar como inadequada em relação aos elevados valores éticos
do desporto,também a nossa indiferença a estes ataques não é uma atitude que se
recomende.Um profissional de educação física comprometido com a sua profissão não pode
contribuir para continuação desta falácia.

O desporto moderno, embora herdeiro de uma tradição antiquíssima e com fundamentos


antropológicos, tem as suas raízes mais superficiais na idade moderna,ou seja, é fruto da
revolução industrial do século XlX.Precisamente o século XlX pode ser considerado como o
século dos materialismos,pelo que é de aceitar que muitas das actividades humanas se
tivessem tornado interessantes do ponto de vista mercantil.O desporto, naturalmente,não
fugiu a esta lógica compressora e assistiu à sua mercantilização,tornando-se em mais um
produto com determinado valor económico e não apenas concretização de um simples ideal
romântico.Este ideal,mais tarde imortalizado pelo barão Pierre de Coubertin,tem sido o grande
pilar que sustenta a pureza do desporto e que ainda hoje é considerado como sendo seu o
discurso ético.Assim, paulatina mas de maneira consequente, o rendimento físico
transformou-se num valor económico através desse desempenho motor.

Não há muito tempo, Outubro de 1997,num seminário internacional de atletismo realizado


sobre os auspícios da IAAF(federação internacional de atletismo amador) e que teve lugar na
capital da Hungria, Budapeste, foi defendida a tese de que o homem não tem limites, havendo
sempre recordes para se bater e mais velocidade para se atingir.Esta infeliz conclusão remete-
nos para o arrepiante,mas ao mesmo tempo profético, questionamento de Karl Kraus”de que
serve a velocidade, se pelo caminho se lhe vaza o cérebro?”Curiosamente no referido
seminário que aludiu ao fim dos limites humanos,foram reveladas novas forma ,algumas
revolucionárias,de combate ao doping,o que demonstra que afinal,o desporto tem
limites,sendo um deles, porventura o fundamental, a ética.

No desporto o doping é duramente combatido.Contudo,temos que o admitir,tem sido uma


luta desigual entre os diferentes países.Enquanto que os atletas de inúmeros países têm de
“jogar limpo” outros,porque os meios tecnológicos dos seus países permitem tal
possibilidade,poderão estar à frente da tecnologia da luta antidoping.

As drogas que existem no desporto são sempre de última geração não estando ao alcance de
qualquer um o seu fabrico,manipulação e ocultação.É por isso que os países tecnologicamente
mais evoluidos também estão mais habilitados a escapar do contolo existente, e a
responsabilidade recai unicamente em pessoas que muitas vezes nem sequer têm noção
daquilo que lhes é aplicado.Por vezes confunde-se o estatuto de vítima com o de “réu”.Se o
rendimento desportivo se mercantilizou,também as grandes industriais farmacêuticas vivem
de produtos que nem sempre são lícitos no campo do desporto.

Ninguém ,seja de que país pertença, está imune às sanções desportivas.Pode ser cidadão do
país mais poderoso do planeta que as sanções aplicam-se da mesma forma, tal como temos
assistido nos últimos tempos com, por exemplo,elementos da seleção de atletismo dos
EUA.Que outra actividade humana conseguiria ter força moral para proceder desta
forma?Arriscamos a seguinte resposta: nenhuma!Para isto basta pensar, por exemplo,no
protocolo de Quioto, em que o país atrás mencionado,simplesmente afirma que o não vai
cumprir e ninguém poderá assumir uma atitude semelhante.Seria de imediato irradiado da
prática desportiva.Por isso é que nas actividades desportivas o doping,a violência e a fraude
são facilmente detetáveis ,pois o desporto, ao cantar a moral, torna visíveis os
comportamentos -poucos –que lhe são estranhos. Esta é a grande força do desporto .A droga
é condenada pela sociedade mas o doping é mais condenado pelo desporto.Como evidência
do exposto vemos que se discute com bastante mais facilidade o uso em liberdade de drogas
na sociedade do que a utilização do doping no desporto.Nunca como agora houve tanta
liberdade para o consumo de drogas nem,qual paradoxo,tanta repressão contra o uso de
doping no desporto.Que lição de moral dá o desporto ao mundo.

Na visão platónica ,a moral no desporto parece assim estar mais próxima do ideal ético do que
a moral da sociedade.Parece que esta é mais um subproduto do desporto e não a moral
desportiva consequência de uma moral globalizante.

A violência associada ao desporto não depende do grau de civilização de um povo .Muita


gente por exemplo pensava que motins por ocasião de jogos de futebol eram principalmente
apanágio das cidades sul-americanas ou de África,mas as tragédias de Heysel e deShifi

Field e muitas outras desordens fora daqueles espaços geográficos,mostram-nos que a velha
Europa,berço da civilização ocidental, não está de modo algum livre das violências colectivas e
assassinas.

O desporto enquanto fenómeno paradigmático na sociedade moderna,mostra-nos


claramente que a violência não é monopólio dos povos primitivos e que o que acontece no
desporto é um reflexo significativo do que se passa na sociedade.A violência está em potência
no coração do homem e nas estruturas profundas da sociedade, sempre pronta a passar ao
ato se a ocasião se apresenta propícia para tal.

A corrupção enquanto fenómeno que distorce a realidade económica ,política e social de um


povo ,também atinge de forma mordaz a realidade desportiva.Sendo que o desporto nos dias
que correm movimenta muito dinheiro e a corrupção é atraída de forma muito particular por
situações análogas, não podemos niglegenciar os perigos que a mesma representa para a
pureza que se pretende no desporto.
TIPIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA ASSOCIADA AO DESPORTO

Quando ouvimos falar sobre ética no desporto é vulgar ouvir libelos acusatórios a todos
aqueles que, por algumas vezes ou em determinadas situações, provocaram atos conotados
com a violência.Faz-se crer que a violência é algo que tem que estar totalmente afastado da
prática desportiva, como se na condição humana ela não existisse.É na plena consciência que a
violência –em qualquer uma das suas manifestações –faz parte da história da humanidade que
não nos move nenhum complexo abordar o desporto como uma manifestação pensada de
violência.A bibliografia aborda o desporto na perspectiva da violência, quer aquela que
acontece no recinto desportivo, como no estádio de futebol, quer a outra que se desenrola em
seu redor, seja nas bancadas ou mesmo nas ruas.

Também é significativa a produção científica sobre o desporto como um fenómenom de


violência simbólica,assumindo a prática desportiva o papel de ritual.A leitura simbólica do
desporto leva a nossa interpretação para o campo da violência ritual.Aliás a imprensa
desportiva mundial faz constantemente eco desta perspectiva antropológica do desporto nos
seus relatos sobre,por exemplo ,o futebol.Com efeito palavras ou expressões como “ataque” e
“defesa”,”a equipa x massacrou os adversários”,dão-nos uma ideia da vastidão desta
problemática.

Também não será por acaso que um conhecido e respeitado técnico britânico de
futebol,Bobby Robson, fala da importância que o” instinct Killer “tem para uma equipa.Refere-
se ,obviamente, ao futebol ,á procura da vitória,ao não perdoar um golo,a não brincar durante
o jogo.Por outro, por exemplo no Brasil e em Portugal, há uma identificação dos espectadores
a seres mitológicos ou a animais existentes,como” à raposa “(Cruzeiro Desporto Clube), ao
“urubu”(Flamengo),ao “dragão”(Futebol Clube do Porto) ou a “àguia”(Sport Lisboa e
Benfica)Note-se uma clara identificação dos grupos a animais poderosos ou possíveis.Nota-se
uma clara identificação essa consciente da importância que tem a força de um símbolo.Uma
equipa que se reveja numa pomba evidenciaria, talvez, um grande espírito desportivo ético,de
paz mas afastado da luta, da vitória.

O desporto é uma forma socialmente aceitável de violência.Assim,a beliciosidade e


agressividade encontram na competição desportiva uma manifestação socialmente autorizada
,que consiste sobretudo no assistir (a combates de boxe,por exemplo) e na identificação
fantasista com uns poucos a quem, para descarga desses afectos ,é concedida uma margem de
ação limitada e regulamentada com exatidão.

Pensar num homem sem violência e,como consequência num desporto sem algum grau de
violência mítico-ritual do desporto, como aquela que acontece a volta do desporto.Esta última
terá eventualmente outras causas, outros autores e outra lógica.É outra violência que não se
fundamenta nesta visão mítico-ritual do desporto.Se o pensamento mítico,qual linguagem
religiosa,poderá estar imbuída de uma mensagem verdadeiramente ética,já a violência
gratuita que se desenrola em torno do desporto, não poderá ser aceite ,muito menos
estimulada ou confundida com os nobres valores que enformam uma das mais extraordinárias
atividades humanas.
Por outro lado é importante não confundir problemas intríncicos do desporto com problemas
que surgem no desporto.Por exemplo ,a violência que por vezes ocorre no futebol raramente é
violência desportiva.É outra violência que se manifesta nos locais desportivos, mas que nada
se relacionam com o desporto.É lá que acontece mas,não é de lá.

CAUSAS SOCIAIS DOS COMPORTAMENTOS SOCIODESPORTIVOS DESVIADOS

Os comportamentos sócio desportivos desviados podem ter diferentes causas ,dentre elas
estão também as de natureza social.

No âmbito do contrato social táctico estabelecido entre a sociedade e o sistema desportivo


,este propõe uma prática social(desportiva) de conformidade (as regras, os regulamentos ,a
arbitragem, o sistema disciplinar,os tribunais desportivos,a hierarquia desportiva,a mensagem
da cominicação social, ou seja,o espírito desportivo,o desporto como escola de virtudes ,a vida
desportiva ,como modelo de comportamento social, o mítico campeão exemplar,etc.)

Os factores componentes do sistema externo originam tensões ou contradições no sistema


interno que forçam a rotura com (ou desrespeito por) as regras da conformidade social.Os
desvios da conduta são o resultado directo dessa rotura e /ou desrespeito.

A sociedade assume a seguinte postura face ao sistema desportivo:impõe-lhe uma prática de


conformidade social,mas cria situações que lhe induzem o incumprimento dessa prática.O alto
rendimento e o espectáculo desportivo são o palco onde maioritariamente se encenam e
representam os desvios de conduta desportiva.

Durante o espectáculo desportivo ,existe um quadro de factos sociais propícios violência-


participação afectiva dos espectadores ,que determina o espectáculo desportivo como:

-território de empenho emocional

-válvula de escape e libertação de tensões e agressividade acumuladas

-meio integrador/nivelador

A assistência sob forma de de multidão desportiva determina o espectáculo desportivo como


lugar potencialmente gerador de conflitos.

Face a situações sentidas como uma frustração à possibilidae de esticar os limites socialmente
tolerados dos comportamentos agressivos ,ao espectáculo da própria violência nos campos ou
nas bancadas ,a multidão desportiva reage pela violência ,a coberto do anonimato individual e
a pressão de uma multidão onde o sentimento de comunhão é fortíssima ,correspode esta
reacção pela espécie de resposta aos diferentes estímulos e pelas formas de violência
assumidas ,a diferentes tipos de público violentos.

Um dos maiores perigos para os jovens de hoje é que estão expostos a um número imenso de
possibilidades de diversão que antes não existiam.Nunca antes ,também haviamos encontrado
tantas vidas destruídas.À primeira vista tudo parece bom,sem problemas.Todas as diversões
parecem puras e sem maldade ,mas o perigo aparece quando elas começam a dominar.Muitas
coisas aprisionam a mente dos jovens e impedem o seu desenvolvimento espiritual.

CONTROLO SOCIAL DA ACTIVIDADE DESPORTIVA:INSTITUIÇÕES E MÉTODOS

AS federações ao aceitarem o modelo de produção desportiva da proposta de lei de bases da


acticvidade física e do desporto aceitaram depender do estado e ser por ele fiscalizado
burocraticamente sem a existência de algum programa de médio e longo prazo e sem nenhum
compromisso público de regulação eficaz visando a competitividade do mercado do
desporto.Ora, a função das federações é de criar valor desportivo na ausência de processos
burocráticos e de actos administrativos limitadores da iniciativa e risco da acção privada.

Os subsidios servem para tornar as federações e as organizações desportivas viàveis ,auto-


suficientes e competitivas nos mercados desportivos onde actuam. A regulação do estado
deve contribuir para esclarecer o associativismo e as empresas desportivas das vias do
desenvolvimento e produção de valor acrescentado desportivo, económico e social. O controlo
burocrático das federações da proposta de lei de bases é um equívoco com a função de
licenciamento e do ressarciamento do benefício gerado pelo desporto.

O desenvolvimento actual do desporto exige a criação de núcleos de excelência como


concentrados de saber fazer desporto, em ambientes dinâmicos e geradores de ideias e de
iniciativas emprendedoras distintas do ambito científico e tecnológico, devendo situar-se
numa lógica de grande proximidade com o interesse do associativismo desportivo. O desporto
vale o investimento público de centenas de milhões de dólares. O valor monetário exacto é
um aspecto em aberto que só se esclarecerá com o funcionamento de instituições,
regulamentos, relações e comportamentos globais, competitivos e modernos.

A missão das organizações desportivas é a de organizar e promover a sua modalidade de


acordo com os seus objectivos, respeitando as legislações nacionais e comunitárias e com base
num funcionamento democrático e transparente.As organizações desportivas gozam de
autonomia e do direito à auto-organização.

As federações desportivas têm um papel central a desempenhar para assegurar a


solidariedade necessária entre os diferentes níveis de prática desportiva, do desporto de lazer
ao desporto de alto nível.Permitem o apoio às práticas amadoras , a igualdade de acesso ,a
formação dos jovens e a protecção da saúde, incluindo a luta contra a dopagem.

Essas funções sociais implicam responsabilidades específicas para as federações e nelas


assenta o reconhecimento da competência destas últimas na organização das competições.

O seu modo de organização deve assegurar a coesão desportiva e a democracia participativa.

Uma instituição de dimensão supranacional que deve ser referenciada ,pelo seu papel na
arbitragem de situaçõpes de conflito no campo do desporto é o tribunal arbitral do
desporto(TAD).O TAD,é uma instituição independente de qualquer organizaçção desportiva
,que proporciona serviços para facilitar acordos em disputas relacionadas com o desporto, com
a arbitragem ou mediação por meio de normas de procedimento adaptadas as necessidades
concretas do mundo do desporto.O TAD foi criado em 1984 e se situa sob autoridade
administrativa e financeira do conselho internacional de arbitrgem do desporto(CIAD).O TAD
tem mais de 150 juízes provenientes 55 países, eleitos pelos seus conhecimentos
especializados sobre leis ligadas ao desporto.Anualmente o TAD recebe mais de 50 casos.

A sede do TAD, está situada em Lausane na Suiça,e tem 2 escritórios descentralizados , sedo
um em Sidney na Austrália e outro em Nova Yorque nos Estados unidos.

Pela sua importância na dinâmica desportiva actual, não deixa de ser relevante evocar a
existência em Àfrica, de somente dois laboratórios de combate ao doping que se localizam
na África do sul e na Tunísia.

Bibliografia consultada:

O jogo visto pelas ciências sociais(josé Neves);À volta do estádio(António Costa);Em defesa
do desporto(Jorge Bento e José Constantino)

https://www.aepombal.eda.pt/sem-categoria/o-papel-do-desporto-na-sociedade.Nuno
Martinho- O papel do desporto na sociedade

Visto em 01-05-023

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