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ANO/TURNO 2º TARDE
Presentemente vivemos numa sociedade sedentária, em que o desporto tem vindo a dquirir
uma importância cada vez maior.Os desportos são variados mas têm de ter em comum regras
e valores próprios que possam contribuir para o bem-estar de todos.O desporto é um direito
de qualquer cidadão, acessível a todos, quaisquer que sejam as suas capacidades ou
interesses.O desporto constitui factor de inserção, de igualdade, de participação na vida social,
de aceitação das diferenças e de respeito pelas regras.Exemplo destes factores é o caso dos
atletas paraolímpicos que tantas vezes trazem medalhas para os seus países e nem sempre
têm o devido reconhecimento.
Actaulmente, a competição desportiva não se fica só pelo estádio mas, pelos interesses
políticos económicos e sociais que o desporto envolve como aconteceu nos Jogos Olímpicos de
Pequim em 2008.Os atletas chineses treinaram ao longo de anos, debaixo de grande pressão
por parte dos treinadores, no sentido de obterem melhores resultados.Alguns,inclusive, foram
alvo de violência.
DESPORTO E ÓCIO
A primeira lei de todos os desportos é não ser preguiçoso.Nada já destruiu tantas carreiras
brilhantes como a preguiça.Todos temos um local sempre disponível para a visita da
preguiça.Por mais trabalhadores que sejamos,sempre abrimos a porta para ela, para que, de
vez em quando,nos conte como é bom estar sem fazer nada.A preguiça é o visitante que
sabemos quando chega mas, não quando vai embora, ainda que não lhe demos biscoitos, nem
café,nem sumo,nem conversa. A preguiça sempre encontra desculpas para continuar nos
governando.
O “não fazer nada” é a base sobre a qual crescem muitos problemas : o preguiçoso busca algo
para “matar o tempo”,e acaba matando muitas outras coisas.O que não faz nada acha que
tem direito de criticar os que estão ocupados , até mesmo no aspecto desportivo.
Com a descrição acima exposta ,não nos é difícil perceber que a preguiça é aversa as
exigências que o desporto impõe ao ser humano , quer seja o de carácter competitivo como
de carácter lúdico.
A ociosidade ,vista na perpectiva de tempo livre prolongado sem ser aproveitadado para o
exercício físico, na sociedade moderna tem sido responsável por várias doenças
,principalmente aqueles que resultam da obesidade,pois as pessoas ao adoptarem uma vida
mais estática ,estão mais propensas a contrairem certo tipo de doenças. A falta de exercícios
físicos, associado ao consumo de comidas rápidas, algumas com elevado valor calorífico, fazem
com que alguns governos de determinados países vejam com seriedade e preocupação a
relação entre o desporto e a ociosidade, tornando-o num sério assunto de estado.
A preguiça é uma “praga” e todos os pretextos são válidos para quem não quer fazer nada.
Mas, o momento de ócio, não encerra em si mesmo uma componente marcadamente negativa
,quando potencializado para promover actividades que emprestem ao ser humano momentos
de relaxe emocional, tranquilidade espiritual e descompressão dos tempos de stress que são
comuns e característicos da sociedade moderna.Isso também se consegue com a prática do
desporto e aí então o ócio pode ser encarado como algo útil e necessário para o equilíbrio do
ser humano.
É fundamental que previamente tenhamos como ponto de reflexão o conceito de lazer ,que de
acordo com Bramante(20003) é um conceito decorrente da revolução industrial e influenciado
pelo processo de urbanização ,que vem sendo confundido com derivados como
recreação,jogo,desporto ,dentre outros.Possui carácter interdisciplinar e conta com a
contribuição de àreas como a filosofia,história,antropologia,Sociologia, Geografia, além da
educação física,para o seu entendimento.
Paim e Strey(2006) afirmam que a civilização Grega foi a que mais permitiu a realização do ser
humano através do lazer, já que o cidadão grego levava uma vida de lazer, entendido na
antiguidade com a plena expresssão de nobres virtudes.O trabalho considerado degradante,
era reservado aos escravos, sendo que o acesso ao lazer associava o indivíduo a certa casta.A
partir do século XIX, o aparecimento das primeiras sociedades industriais fez com que o
trabalho assumisse valor central no sistema social, e, consequentemente, o lazer assume as
características atuais; existindo, assim, relação directa entre esse e o trabalho.
Actualmente, o lazer apresenta-se como um elemento central da cultura vivida por milhões de
trabalhadores,possui relações subtis e profundas com todos os grandes problemas oriundos do
trabalho, da família e da política, que sob sua influencia, passam a ser tratados em novos
termos.Tem sido considerado o tempo livre do ser humano momento em que as pessoas
podem desfrutar experiências com prazer,tranquilidade e até descansar.Portanto o lazer deve
ser um momento em que o indivíduo se empenha em algo que escolhe,lhe dá prazer e que o
modifica como pessoa.O prazer pode ser encontrado nas actividades lúdicas vivenciadas no
contexto do lazer e, dentro deste quadro ,encontram-se o desporto, os jogos, os brinquedos e
as brincadeiras, assistir a um teatro, shows, práticas desportivas, passeios, ou um tempo para
descanso.
O lazer tem que ver com actividades do homem em que o fundamental é a descompressão
física e mental.Normalmente é nos tempos livres, onde se realizam as actividades de lazer.
A nossa sociedade assume-se cada vez mais como uma sociedade do lazer.Este é
indubitavelmente um dos valores mais cotados do nosso tempo.A oferta por parte das escolas
de actividades extracurriculares e a valorização da participação nas mesmas parece-nos uma
condição necessária à criação de uma escola actual adaptada às exigências do século XXl.Como
diz Olímpio Bento, a educação deve compreender não só as categorias fundadoras do ser do
homem, voltadas para a configuração significante de espaços de liberdade, ou seja ,as
actividades extracurriculares ,de frequência livre.Gagnon e Blackburn afirmam que as escolas
nas quais a participação nas actividades extracurriculares é encorajada e valorizada ,oferecem
uma melhor qualidade de vida aos alunos,e possuem taxas de abadono escolar menos
elevadas do que as que não têm este tipo de ofertas.Nesta perspectiva,a educação do lazer(e
pelo lazer) deixa de ser vista como “um aspecto complementar da educação formal” passando
a assumir-se como “um dos elementos principais da educação”.A escola passa a ser o lugar
onde começam as aprendizagens de habilidades e procedimentos práticos para utilização
construtiva do lazer.
Segundo Pierre Gagnon a educação para o lazer é um processo que pretende possibilitar ao
indivíduo a plena realização nas diferentes práticas de lazer, permitindo-lhe a aquisição de
conhecimentos e favorecendo a realização de experiências susceptíveis de o fazer tomar
consciência do seu potencial e de ter o controle neste domínio.Para levar a cabo esta tarefa, é
fundamental que a escola reconheça o seu papel neste campo,assumindo realmente como seu
objectivo a educação para o lazer.Assim, justifica-se a inclusão das categorias Lazer e Educação
para lazer na análise de conteúdo do nosso corpus.
O cidadão ,fora das instiuições de tipo militar, no seio das quais o exercício físico era um
elemento inerente ao ofício,deveria possuir uma preparação desportiva.Num período de
arraigado nacionalismo, a formação física do povo era um desígnio que servia a defesa da
pátria.Por outro lado ,de modo mais discreto,a actividade desportiva deveria tornar-se um
factor que contribuiria para melhorar os índices da actividade produtiva.O trabalhador
saudável e bem preparado produzia mais.As profundas alterações nos sistemas de
trabalho,nomeadamente os métodos repetitivos e racionalizados da fábrica ,exigiam uma
adaptação do homem aos rítmos mecanizados de uma indústria expansiva.Certamente que
estas considerações sobre a actividade produtiva levaram tempo a ser incorporadas no
quotidiano dos locais de trabalhos.
Mas a relação do desporto com a actividade produtiva resultou ,ainda,noutra forma distinta.O
combate protagonizado pelo estado e pelos patrões da indústria contra as situações de
conflito social,para além da notória utilização da autoridade e da violência,passou ,num
exercício ideológico mais subtil,pela aplicação de políticas sociais.O desporto ,ao lado do
turismo e da cultura ,foi um protagonista da organização do lazer para trabalhadores.
As práticas de lazer seriam pensadas em função dos objectivos do tecido económico.Por outro
lado ,o desporto serviria como forma de regulação social que precavesse conflitos laborais ,por
outro ,concorreria para tornar o trabalhador um factor de trabalho mais saudável e eficiente.
Nos últimos anos do século XX e neste início do presente século ,houve uma série de
alterações na actividade laboral e como consequência também alterou-se de maneira radical
o entendimento e o procedimento do desporto no trabalho.A organização das empresas tem
evoluído para uma individualização do posto de trabalho.O número de trabalhadores que
partilha a mesma condição contratual é cada vez menor.Se continua a ser possível integrar os
trabalhadores dentro de grandes colectivos que servem para definir a sua condição geral ,é
mais complicado que esta situação seja percepcionada a nível individual.A condição colectiva é
espartilhada por inúmeras condições particulares que distinguem o indivíduo do outro que
trabalha a seu lado.A colectivização ,é em muitos casos ,preterida pela competição.Para
conseguir vantagens individuais é necessário competir individualmente cumprindo as regras da
própria organização.
O século XX viu nascer organizações estatais e privadas que pensaram a utilização do lazer ,na
qual se incluia o desporto ,como forma de controlo social das relações de trabalho.A
actividade desportiva ,especialmente a ginástica ,era ainda um meio para melhorar as
performances produtivas ,contribuindo para criar um trabalhador mais eficaz.Actualmente,as
formas de pensar a utilidade do desporto no mundo do trabalho apresentam características
diferentes,adaptando-se às novas exigências empresariais,aos objectivos das organizações.O
universo do desporto também se diversificou.Institucionalizaram-se novas modalidades
,muitas delas associadas a determinados estilos de vida,mais
urbanos,individualistas,sofisticados.Para quem pensa o papel do lazer na esfera do trabalho ,a
diversificação do desporto permite a multiplicação das possibilidades das possibilidades da sua
utilização.Neste cenário ,é muito interessante observar o percurso do jogo de futebol que foi
perdendo peso no seio da organização empresarial.A transformação do contexto laboral
decorrente da evolução das formas contratuais,nomeadamente a individualização progressiva
do contrato de trabalho,foi perversa para o jogo de futebol ,bem como para a generalidade
das modalidades colectivas.
Podemos ocupar os tempos livres de várias maneiras, e hoje em dia , com as possibilidades
que são proporcionadas, os tempos livres podem ser aproveitados de diferentes formas.Assim,
podemos faze-lo ouvindo música,vendo TV,conversando, namorando,fazendo compras,ir a
discoteca ,trabalhando em casa,jogando cartas,etc.
A partir do momento em que a parcela de tempo livre passou a ser superior à do tempo de
trabalho, o tempo livre disponível fez surgir de forma inequívoca uma tentativa de definição de
um certo tempo(fora das ocupações diárias) em contraponto com o outro tempo(o das
ocupações diárias).Para Magalhães, a noção de tempo livre surge por interligação ao trabalho
,já que tudo gira em torno do trabalho.
Estas alterações fizeram com que o homem herdasse um novo espaço de tempo,denominado
tempo livre(tempo de não trabalho)que,por sua vez, se não for ocupado torna-se insuportável,
podendo mesmo destruir o próprio individuo.Assim, pela necessidade de ocupação deste
mesmo tempo,surge assim, o tempo de lazer como uma nova possibilidade de utilização
daquele espaço de tempo pelos individuos, sendo “…considerado como um tempo próprio na
vida de cada sujeito,conferindo-lhe a capacidade de crescimento e desenvolvimento como um
todo,ou seja,ele é determinado pelo tempo que, de facto, cada indivíduo dispõe para si
próprio após as solicitações e os compromissos”(Sarma 1994,citado por Mota,1997).
Com o tempo livre há determinadas rotinas que lhe são características que são:provisão
rotineira das próprias necessidades biológicas e cuidados com o próprio corpo(por exemplo
comer,beber,descansar,dormir,tomar banho,etc.),governo da casa e rotinas familiares
(conservar a casa em ordem ,organizar as rotinas ,cuidar das lavagens de roupa,comprar
alimentos, roupas ,educar e cuidar das crianças,preparativos para uma festa,tratar dos
impostos,etc.)
Por outro lado há com o tempo livre actividades intermediárias de tempo que servem
principalmente,necessidades de formação e, ou também ,auto –satisfação e auto-
desevolvimento.Trabalho particular(isto é,não profissional),voluntário para
outros(participação em questões locais, eleições ,igreja e actividades de caridade).Trabalho
particular(isto é, não profissional), antes de tudo, para si próprio, de uma natureza
relativamente séria e com frequência impessoal(estudo privado com vista a progressos
profissionais,passatempos técnicos sem valor profissional óbvio mas que exigem perseverança
,estudo especializado e competência, tais como construir rádios ou ser amador de astronomia)
O desporto pode ser caraterizado por uma forma activa e participativa de o realizar ou uma
maneira contemplativa e passiva .
Enquanto lazer ativo, nós consideramos que o mesmo pode assumir-se quando realizamos
actividades de carácter lúdico desportivo, ou melhor quando somos praticantes de tal
actividade.Como exemplo, os amigos que se reunem ao fim de semana para jogar basquetebol
é uma forma ativa de lazer.Já, somos desportistas de lazer passivo, quando embora amantes
de tal condição resumimos a nossa participação na componente contemplativa e não como
participantes.Ex:sermos assistentes assíduos ao domingo a tarde das partidas de futebol pela
televisão ou mesmo sem nele participatrmos ativamente ,mas estarmos sempre no tal jogo de
basquetebol ao fim -de- semana.
JOGO E DESPORTO
Uma actividade física recreativa de cariz cultural que se pode abordar na escola são os jogos
tradicionais ou populares.Estes jogos que perduram no tempo, sendo transmitidos de geração
em geração, sofrendo eventualmente alterações mas mantendo a sua essência.Através
deles,segundo Mari Regina,pode-se transmitir às crianças e aos jovens valores, formas de vida
e tradições, sendo deste modo uma via de acesso à cultura local e regional.E segundo Graça
Guedes, os jogos tradicionais, além de testemunharem fórmulas originais de motricidade
,reflectindo assim a própria civilização, são lugares priveligiados de socialização,de criação de
contactos e de um intenso intercâmbio sócio-motor.Criam um ambiente de bem-estar
colectivo e um espírito de comunidade,tão importante numa época tão ávida de identidade
própria.São elementos propiciadores de identidade cultural e coesão social.
Tomé Bahia,alerta para o facto de que as actividades lúdicas tradicionais correm o risco de
desaparecer sendo uma parte significativa delas actividades físicas. O desenvolvimento das
crianças e dos jovens em idade escolar terá só a ganhar com a adopção pela escola de uma
linguagem do movimento que esteja próxima da cultura vivenciada pelo seu grupo social. Ao
mesmo tempo,serão minorados os efeitos da universalização curricular trazida pela
modernidade e recreativas de cariz cultural e etnográfico poderão ser abordadas sob uma
perspectiva interdisciplinar, permitindo aos alunos compreender a importância da referência
cultural enquanto produto socio-historicamente construído, o que constituirá um importante
contributo para a retoma de valores da nossa matriz do pensamento actual.
Levis-Strauss alerta para o carácter simbólico dos jogos, como dos rituais, apesar de suas
diferenças: a lógica do ritual separa os participantes a priori, entre “iniciados e não
iniciados”,para reagrupá-los depois numa só entidade iniciática;por outro lado, a lógica do
lúdico é inversa.De uma situação simétrica de igualdade, no principio,a ruptura
disjuntiva,própria da natureza da competição, cinde a rede original e promove uma
diferenciação entre vitoriosos e derrotados.Apesar de distinções que existem, a universalidade
tanto dos jogos como quanto dos rituais pode ser explicada pelo alcance que ambos têm de
ser metáforas,isto é,de representar as relações humanas,sua sociabilidade,suas contradições e
conflitos.
O jogo sempre fascinou o ser humano.O jogo é, tem que ser um sistema de regras e uma fuga
às proprias regras.É um sistema de regras dado que qualquer jogo, pelo menos aqueles que
fazem parte do grande mundo da educaçao física, possui um determinado corpo de regras
,mesmo que esse regulamento só seja aceite tacitamente como no caso do futebol da várzea
ou dos jogos de recreio escolares.
Qual paradoxo, o jogo é ao mesmo tempo um convite para fugir as regras.Quantos de nós
não faltaram,nem que só por uma vez, às nossas obrigações para ir jogar um pouco de futebol
ou qualquer outro jogo?Regra e não-regra surgem assim intimamente unidas pela aventura
lúdica, pelo que a palavra jogo poderia invocar em simultâneo esforço(durante o jogo
propriamente dito) e não esforço (faltar, por exemplo, às aulas ou a outras obrigações para se
jogar ou para ver jogar).
Sobre a recreação, deve-se destacar que o profissional de educação física cria situações
adequadas para que a pessoa possa se divertir.A criatividade deve ser estimimulada
principalmente em crianças.O profissional deve conhecer o perfil do grupo em que serão
trabalhadas as actividades atrativas e prazerosas.Dentre as possibilidades de atuação estão os
acampamentos,colónias de férias,festas, clubes, academias, podendo ser direcionadas para
crianças, adultos e idosos.
Da mesma forma que é comum encontrarmos a ideia de que lazer e recreação são
sinonimos,encontramos entre autores da area o consenso de que a recreação é um dos
componentes do lazer.Através da analise dos conceitos básicos sobre recreação, encontram-se
caracteristicas do lazer.A diferença principal segundo Waichman(2004) está no facto de que
em uma experiência recreativa, deve haver, psíquica e biologicamente, uma disponibilidade de
energia.Recreação então, poderia ser uma atividade, um sistema, uma ideia, uma
brincadeira,um desporto não competitivo,tudo o que nos proporciona entretenimento.
Constata-se claramente que o desporto no nosso tempo assume uma importância com
bastante relevo na vida das pessoas, no entanto,praticar ou não uma actividade física é uma
decisão que por vezes ultrapassa a vontade do indivíduo(Bento,1991;Marvoet,1991).De facto
,existem variáveis que podem estruturar ou exercer alguma influência na procura da prática da
actividade física, tais como, o sexo, a idade e o nível sócioeconómico.
A recreação não deve levar o indivíduo a uma situação de stress,não estar ligada a competição
extrema ou situações de constrangimento e que deve levar o indivíduo a estados psicológicos
positivos;podem-se destacar os jogos cooperativos.Nesse tipo de jogo ,caracteriza-se o
esforço/união de todos para se atingir um objectivo comum,não existe o “jogar contra” e sim o
“jogar com”,o foco está no processo e não no resultado do jogo.Outra característica marcante
é o facto de que ninguém fica excluído e todos são vencedores quando a meta é
alcançada.Além dessas,Guilherme Brown,autor de destaque no assunto,principalmente na
América Latina,chama a atenção para a vivência das relações respeitosas existentes no jogo.
É importante refletirmos sobre alguns aspectos ligados ao movimento olímpico que nos
podem ajudar a compreender sobre a importância que o mesmo confere ao desporto feito
sem fins competitivos:Pierre de Coubartin pensava que o desporto de elite estimularia o
desporto para todos .”Para que 100 pessoas participem na cultura física, é necessário que 50
participem no desporto;para que 50 participem no desporto 20 devem-se especializar, para
que 20 se especializem 5 devem ser capases de fazer autênticas proezas de habilidades.”
Assim, o COI decidiu o fomento do desporto para todas as pessoas e como tal criou-se uma
comissão especial do desporto para todos que informa o COI em cada uma das suas
sessões.Sua função não consiste em organizar acontecementos desportivos para participantes
de todos os níveis,mas sim estimular e ajudar aqueles que os praticam.Estes grupos incluem
colégios,universidades,trabalhadores e incapacitados.
Desporto para todos é um movimento que tem como objectivo fazer a realidade do ideal
olímpico que declara que o desporto é um direito de todas as pessoas, acima das diferenças
raciais e de classe.É um movimento que persegue a busca da saúde, a boa forma física e o
bem estar por meio de actividades desportivas, que se podem adaptar a pessoa e ao sexo e a
diferentes circustancias sociais e económicas seja qual for o contexto cultural da
zona.Desporto para todos abarca todo o tipo desportos,com aúnica excepção do desporto de
elite.
A celebração do dia olimpico a cada 23 de junho, data que se constituiu pelo COI em 1894,é
um dos seus programas mais populares .A grande maioria dos CON fazem uso desta data para
atrair os interesses locais perante o movimento olimpico.Todos os anos o COI convida os CON
a que organizem a corrida do dia olimpico para celebrar este aniversário e por sua vez fornece
apoio a esta celebração. Em 2004 a corrida do dia olimpico celebrou-se em 164 países e
participaram nela 1.291.819 pessoas.Muitos CON organizaram actividades desportivas,
manifestações artísticas e culturais,jornadas de portas abertas,corridas
humorísticas,manifestações de desportistas paraolimpicos e muitas outras actividades.
Como símbolo mítico, o F.C.P pode funcionar,de facto, no imaginário colectivo das gentes da
cidade e da região norte, como sendo uma grelha de correspondência e um espelho da
própria sociedade que o rodeia . Isto, porém deve-se situar no contexto duma tentativa nova
da sociedade de hoje apoiada no desafio da fecundação do real pelo imaginário, da ordem do
mundo pela utopia.Claro que para ser uma função vital,o imaginário,da ordem do mundo pela
utopia.
No exercício da sua função simbólica, o F.C.P, com a sua carreira vitoriosa,pode ser a
expressão de certas aspirações profundas das gentes do norte a uma realidade que
ultrapassa a situação presente, a uma situação social, política e económica melhor que a
actual,que ainda não existe ,mas que se apresenta como possível e o futebol permite já viver
antecipadamente, como um sonho.Isto mostra que o desporto constitui não somente uma
grelha de leitura da sociedade e da sua situação histórica, mas também um convite a olhar
sempre mais longe,impedindo continuamente que o horizonte da nossa expectativa se
confunda com o campo da nossa experiência.
Quando vemos a alegria de um povo quando o seu clube ou país ganha um jogo;
Quando vemos lágrimas de uma pessoa por causa de uma derrota;quando vemos o desespero
de alguém em virtude de um golo falhado;ou quando vemos que que até guerras param para
que se possa assistir uma final de futebol,
temos de admitir que o desporto é muito mais importante do que aquilo que possamos
pensar.É o campo dos sonhos ,da poesia,da utopia e,acima de tudo,do possível.É o campo do
humano,onde o homem pode demonstrar quão humano é.Por tudo isso vale a pena lutar pelo
desporto,seja ele qual for,pois todo ele deve estar assente numa visão ética da pessoa
humana.
Pode-se apostar em tudo o que tem a haver com desporto.Isto é ,quer seja futebol ,fórmula
1,corridas de cavalo ou até mesmo ténis.Normalmente os apostadores apostam naqueles
desportos onde se sentem mais a vontade.
As apostas desportivas são feitas em casas de apostas online.Todo dinheiro em jogo é dinheiro
em formato digital,ou seja não é necessário enviar as notas e moedas para lá.Nas casas de
apostas o primeiro passo a dar ,para além de depositar dinheiro,é escolher um jogo/evento
que irá decorrer.Usando ainda o caso do jogo Benfica Académica,a primeira coisa a fazer na
casa de apostas é procurar o jogo.Após encontrar o jogo repararíamos que existem sempre
números associados.Esses números são os chamados Odds que ditam a probabilidade
associada a determinado jogo.Ex:como referido acima os Odds são probabilidades associadas a
um tipo de resultado.Vamos imaginar que no tal jogo entre Benfica e Académica as Odds
associadas são as seguintes:
-Vitória do Benfica:1.50
-Empate:1.70
-Vitória da Académica:2.10
Analisando os Odds conclui-se que dão favoritismo ao Benfica que tem a Odd mais pequena
(quanto menor a Odd maior a probalidade de se verificar esse acontecimento).Concluimos
também que segundo a casa de apostas um empate seria mais provável a uma vitória da
Académica.Ou seja ,as Odds são-nos apresentadas segundo os resultados mais prováveis de
acontecer na realidade.Estas mesmas Odds dão-nos igualmente a informação de quanto
podemos ganhar ao apostarmos no acontecimento associado a elas. Por exemplo ,vamos
supor que o Benfica está em forma e que vamos apostar 20 euros na vitória do
mesmo.Fazendo as contas com o valor apostado e a Odd respectiva obtemos o seguinte
resultado:20 euros x 1.50=30euros.Os 30 euros seria o valor que receberíamos caso o Benfica
fosse mesmo o vencedor da partida;o que dá 10 euros de lucro.Se por acaso verifica-se um
empate ou a vitória da Académica ,perderiamos a aposta e como tal os nossos 20 euros.
Basicamente é assim que tudo funciona no mundo das apostas e o exemplo é referente
exclusivo a um jogo de futebol.
Assim, podemos concluir sem margem para dúvidas e equivocos que as apostas desportivas
são uma realidade que acompanha cada vez mais as actividades desportivas ,principalmente
aquelas que movimentam directa ou indirectamente mais volume financeiro.Elas permitem
que muito boa gente através delas possa adquirir dinheiro ,mas por outro lado, não raras
vezes se mostra como um elemento extremamente pernicioso para a promoção da verdade
desportiva,sendo mesmo um catalizador da dessiminação da corrupção no desporto.
Se, como alguns autores sustentam, o espectáculo desportivo tem uma antiguidade secular,ele
representa nas sociedades contemporâneas desenvolvidas uma singularidade cujos traços
podem ser referenciados a dimensões estruturais da modernidade, em particular e alguns
modos de especificação dos sistemas de regras estruturantes dos complexos institucionais do
capitalismo, do industrialismo e do estado nação. Dentre aqueles modos de especificação ,e
como foi anteriormente referido, a rotinização do quotidiano é central na constituição das
práticas desportivas. No entanto, limitar a compreensão do moderno espectáculo desportivo a
esta dimensão analítica, para além de conduzir a uma mera e ineficaz perspectiva
unidimensional, dificilmente permitiria a captação da especificidade deste subconjunto das
actividades desportivas enquanto, por outro lado, espaço próprio ao desenvolvimento de
estratégias de reconstrução de identidades segmentais e de reafirmação de identidades
nacionais, bem como, por outros, enquanto campo de investimentos económicos e de
exercícios de legitimação da dominação política.
Para Pierre Parlebas, aquela selecção opera em função do grau de complexidade estrutural dos
jogos, sendo as disciplinas menos complexas as mais facilmente institucionalizados pelos
produtores do espectáculo desportivo e as que recolhem a preferência nas estratégias de
difusão dos média. Por discutível que seja esta tese como é ilustrado pelo facto do futebol ser
um jogo de complexidade elevada, segundo critérios de Parlebas e, simultaneamente uma das
disciplinas que recolhe maiores investimentos e audiência permite evidenciar a possibilidade
de uma discrepância fundamental entre, por um lado, os efeitos de exclusão derivados dos
imperativos da lógica da produção do espectáculo desportivo, e por outro lado, a
especificidade de uma procura em grande medida orientada pela componente Circense do
jogo.
Na busca da eternidade, o homem moderno tudo faz para que o corpo não evidencie as
indeléveis marcas do tempo, tentando assim iludir aquilo que é inexorável e até hoje
invencível. Cresce o número de pessoas que não querem ser vistas com um determinado
invólcro exterior, reflexo do tempo, mas com um outro, mesmo que o interior seja
completamente diferente.Querem ser vistas sem o tempo, cristalizadas num momento
efémero, mas socialmente confortável, ou seja, querem permanecer jovens.O corpo associado
a estas idades é aquele onde tudo parece ser harmonia,onde a beleza se irradia com mais
evidência,onde se atinge melhor a ilusão da ideia de perfeicção humana. É ainda o corpo com
que muitos de nós gostariamos de perpetuar para a eternidade. Para que tal aconteça, é
necessário construir uma imagem esteticamente agradável, valendo tudo, mesmo o desporto,
assumindo esse um importante papel para a consecução deste processo de simulação.
Um profissional de educação física atua com pessoas que vivem num local bem preciso e num
tempo definido com rigor.O nosso tempo é este, que se rege por valores estabelecidos pelo
que a ação deste profissinal terá que se desenrolar no contexto aqui exposto.A estética é um
valor a que se dá uma importância muito grande, pelo que é intolerável que não se a considere
com o devido respeito.A estetização da sociedade é uma evidência que muitas vezes
,erradamente, é confundida com narcisismo.O culto do corpo quando, não uma obsessão,deve
ser respeitado e o desporto tem conseguido com equilíbrio assegurar a cada um a real
possibilidade de viver este valor.
Em primeiro lugar, impõe-se afirmar que a ida do desporto para praia deveu-se à necessidade
deste encontrar-se com as pessoas e não de ficar à espera que estas se deslocassem para os
seus locais tradicionais de prática .Em segundo lugar, na praia há toda uma exaltação do corpo
humano que assim foi aproveitada pelo desporto para chegar a núcleos mais vastos da
população.Em terceiro lugar, importa afirmar que em certa medida o modelo do desporto na
praia passou a ser hegemónico, uma vez que o desporto que ocorre nos espaços clássicos
incorporou alguns dos seus aspectos mais característicos, como foi o caso da indumentária dos
praticantes.A estética não pode ser considerada como um valor subalterno ou de menor
dignidade, mas como uma experiência do belo e do bom.Aliás, estética e ética não se anulam
mutuamente.Por tudo isso e muito mais, não é justo criticar a dimensão estética do
desporto.A estética é um tema ético de desporto.
No mundo do desporto, a dança dos milhões é uma constante e cada vez mais assustadora.São
jogadores que se dizem apaixonados pelo desporto, mas procuram mudar de clube para
ganharem mais uns milhares de Dólares, Libras ou Euros; são clubes que apesar de se sentirem
em crise, prometem fortunas para fortificarem as suas equipas; são treinadores a quem
oferecem salários que parecem do outro mundo e que nos deixam perplexos quando
tentamos compreender a sociedade em que vivemos.
Todos os clubes precisam de muito mais dinheiro e assim alguns aceitam sacrificar a lógica
desportiva à lógica económica. Uma série de acontecimentos vinculados ao desporto e que se
relacionam com a componente comercial, fazem-nos reconhecer que o império do dinheiro
no universo desportivo tem trazido muitos malefícios a este fenómeno humano
verdadeiramente maravilhoso que é o desporto. Todos sabemos que a entrada em circulação
dos milhões no mundo do desporto é uma consequência inevitável da integração deste
fenómeno na sociedade de alta concorrência em que vivemos. Os casos portugueses até são
insignificantes, diante de outros de que nos fala a imprensa e que nos deixam estupefactos.
Alguns sociólogos que se dedicam ao estudo dos fenómenos desportivos e os problemas que
lhe enfermam actualmente, nomeadamente no tocante a violência, pensam que a
comercialização galopante representa, neste campo, um perigo muito grave. Lamenta por
exemplo, o facto de o futebol se estar-se a transformar em refém da comercialização.
Chegaremos a ver os jogos de futebol inteiramente vendidos a uma firma publicitária que
escolherá pessoalmente o seu público? ”Nesse dia, afirma M. Tasso, o futebol perdeu a sua
alma.Perdeu todo o sumo do que fez o seu sucesso:a sua popularidade natural.”Fala-se muito
na religiosidade do desporto em geral e do futebol em particular. No seu funcionamento, o
futebol tem muitas coisas que o tornam semelhante a uma religião popular. Ora, nos
fenómenos religiosos, o dinheiro aparece como um verdadeiro adversário. JÁ LEMOS NO
EVANGELHO : ”NINGUÉM PODE SERVIR A DOIS SENHORES…NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO
DINHEIRO”
O desporto tem como fundador e destinador a sociedade lúdica.Esta tem como adversário a
sociedade económica.A primeira conduzirá o desporto na sua marcha vitoriosa através da
história.A segunda, verdadeiro anticristo do desporto, se conquistasse completamente o poder
,conduzirá o desporto à sua morte. Nós esperamos que o seu triunfo seja relativo e passageiro
e que a sociedade lúdica salvará o desporto.
2-Promover a saúde.
7-ajudar a promover o desporto e estilos de vida sãos através dos meios de comunicação.
Num mundo concorrencial ,quando o poder político se retira,como actor da cena desportiva
,os clubes sentem-se pressionados ,contra vontade ,a adoptar tecnologias empresariais de
gestão par competir por receitas escassas e por um público saturado de ofertas de consumo.
Muitos clubes viram-se forçados a mudanças dolorosas, porque se viram impotentes para
responder ao novo mundo.Em alguns casos, as transformações demográficas
urbanas(desertificação dos centros ,baixa natalidade)levaram associações tradicionais a
morte.Neste cenário, que futuro para o associativismo?Regresso às origens, fuga para
frente,adaptação criativa à mudança?Fácil de enunciar, difícil de por em prática.A riqueza
social do associativismo desportivo é incalculável .Ignorá-lo é tão irresponsável como acreditar
que tudo vai ficar sempre na mesma.
Em Portugal, o desporto tem sido sujeito a um capitalismo selvagem que lhe extrai os
benefícios sem proveito para o desenvolvimento do seu mercado em sentido lato.É esse o caso
do estádio nacional e das infraestruturas desportivas os quais correspondem ,respectivamente
ao património e a investimentos públicos elevados e que são colocados no exterior dos
mercados desportivos.
A SOCIABILIDADE NO ESPECTÁCULO
DESPORTIVO:DIRIGENTES,TÉCNICOS,ATLETAS,ESPECTADORES:MOTIVAÇÕES,COMPORTAME
NTOS,INTERACÇÕES,FORMAS DE REPRESENTAÇÃO.
Acertando o passo com o mundo, o desporto assumiu a fisionomia da sociedade actual:é mais
mercantil,mais individualizado. A prática desportiva representa menos uma procura de
movimento, de sociabilidades ou de exploração dos limites do corpo,para se transformar em
bem procurado e oferecido sob forma de serviço.Os cidadãos procuram o clube para usufruir
de uma prestação social(embora, curiosamente, sem as mesmas exigências de qualidade que
teriam em qualquer outro serviço público), com um preço estabelecido. Para o associativismo
são mutações de monta. Os clubes, arreigados a identidades construidas ao longo de décadas
,lidam dificilmente com a eclosão de novos públicos, com necessidde de responder a
motivações e afectividades que escapam ao modelo do sócio dedicado e do amor a camisola,
com a consequente dificuldade de atrair novos quadros e renovar dirigentes.
O desporto como fenómeno social que é, compõe um sistema desportivo,que apresenta uma
estrutura.Um sistema desportivo é um conjunto de indivíduos e grupos que interagem entre si
,compartilhando um mesmo objectivo:a promoção do desporto.Isto pode abranger o campo
de jogo, a vida associativa ,as àreas profissionais desportivas, e as escolas. Existindo uma
organização desportiva ,podemos contemplar os seguintes grupos:
É verdade que o desporto nos dias que correm , move muitos interesses ,particularmente os
de carácter económico-financeiro e como tal a pressão que é exercida sobre os seus agentes é
muito grande, o que muitas vezes faz com que os mesmos nem sempre tenham a
tranquilidade e o descernimento necessários nos momentos de decisão.
Giovanni Pico della Mirandola,nessa fantástica obra intitulada Discurso sobre a dignidade
humana ,escrita há mais de 500 anos,dizia que as bestas no momento que nascem ,trazem
consigo do ventre materno(…)tudo aquilo que depois terão,enquanto que o homem se poderá
degenerar até aos seres que são bestas ou regenerar-se até realidades superiores de
espiritualidade divina.Tem liberdade para tal,basta decidir.Assim,liberdade é um termo
ambivalente.A fronteira entre o bem e o mal é uma simples escolha.À verdade contrapõe-se a
instrumentalização do ser humano,a verdade contrapõe-se a ilusão,a justiça contrapõe-se a
servidão.O desportista enfrenta o mesmo dilema de liberdade.Pode atuar na retidão ou,ao
invés ,na falsidade.Para tal basta decidir.
Que não tenham ilusões aqueles que pensam que a liberdade,a autêntica liberdade,se
encontra no progresso tecnológico.Este progresso pode ajudar o homem a viver melhor mas
não é claro que se torne mais livre.A técnica não é o garante da felicidade nem,tão -pouco ,o
garante da máxima amplitude da vida.Também a limita,tornando impotente o homem quando
não consegue aplica-la.Vivemos num mundo que prefere a suma tecnológica á suma
teológica.Vivemos num mundo que prefere a coisa extensa ao homem.Vivemos num mundo
que prefere a matéria ao espírito.Vivemos num mundo onde a pessoa humana é um simples
instrumento e não algo de sublime.Vivemos num mundo sem encanto ,sem esperança,um
mundo desumanizado ,um mundo onde para que uma minoria tudo tenha,milhões de pessoas
vivem sob o anátema da exclusão.
Acreditamos que é redundante aludir ao desporto após o que atrás expusemos.A dignidade da
pessoa humana terá de ser considerada em todas as situações da vida ,sendo que a atividade
desportiva é apenas mais uma por onde este conceito se expressa.Com base numa definição
de “KANT”,podemos aplicá-la à prática desportiva e à relação entre os seus atores de acordo
com a qual, “desporto sem dignidade pode ser tudo menos desporto”.
Além da casa - onde vivemos, comemos e nos relacionamos com a família – e da rua- onde
trabalhamos e ganhamos nosso suustento- existe outro espaço, o outro mundo, que é
demarcado por igrejas, capelas, terreiros, centros espíritas, sinagogas,cemitérios e tudo que
sinaliza para um universo habitado por mortos, fantasmas, almas, santos, deuses e Deus.
A sociologia explica que essa necessidade se falar com Deus e com todas as outras entidades
se justifica á medida que a religião ,num certo sentido, oferece respostas a questionamentos
que rigorosamento não podem ser respondidos pela ciência ou pela tecnologia.Além disso ,a
religião ajuda a destacar e a gravar momentos da vida de todos nós, como nascimentos
,carismas,casamentos, batismos, comunhões e funerais.Portanto, o aval divino ou sobrenatural
,por meio de seus ritos especiais, legitima todos os momentos de uma passagem na esfera da
existência dos homens.
Por exemplo no Brasil, apesar de ter surgido com características profanas ,ao longo do tempo
foi se ritualizando através da existência de profundas paixões, em que muitas coisas entram
em jogo ,e a deusa fortuna tem presença determinante.
A imprensa desportiva frequentemente vincula o sagrado ao futebol, como se este fosse uma
religião popular transitando pela sociedade moderna nos moldes das grandes religiões com
vocação universal.
Ora ,como exemplo, nenhum brasileiro consegue ser nada ,no futebol ou fora dele, sem a sua
medalhinha no pescoço, sem os seus santos, as suas promessas e, em uma frase, sem o seu
Deus pessoal e intransferível.
Com a dificuldade existente na obtenção de bibliografia credível para abordar o tema proposto
,sugerimos que os estudantes tenham contacto com informação que aborda de forma geral a
questão e partir de tal poderem extrapolar para a especificidade do desporto.
A expressão” projeção” veio a ser confundida com “identificação projetiva”. A distinção entre
os dois termos é com frequência um grande mistério para muitos que abordam o tópico pela
primeira vez.A verdade é que, historicamente,ambas as expressões foram usadas por maneiras
que parcialmente se sobrepõem para abranger fenómenos que não são totalmente
distinguidos.
DESPORTO E COMUNICAÇÃO
Em 1896,os jogos olímpicos foram comentados por rádio e informados via jornais. Os arquivos
mostram que uma dezena de jornalistas foram creditados para os jogos em Atenas. De facto
,alguns competidores lá estavam porque haviam lido algo sobre o iminente acontecimento na
imprensa e tomaram a própria iniciativa para lá estarem presentes.Em Berlim, em 1936, 25
salas foram equipadas com circuito fechado de televisão e foi possível ver os jogos na televisão
por toda a Alemanha. Cerca de 160.000 pessoas viram diariamente as transmissões á partir
das quatro sedes olímpicas.
Actualmente ,a tecnologia faz com que seja possível que todo o mundo veja todos grandes
eventos desportivos como jogos olímpicos e campeonatos do mundo e oiça os seus
comentários.Quase todo o mundo tem acesso ao rádio que é o meio de comunicação mais
rápido.Por outro lado é por demais conhecido o papel cada vez mais activo da televisão nos
desportos mais mediáticos e de maneira particular na economia do desporto.
ELEMENTOS DUMA LINGUAGEM DESPORTIVA:INFORMAÇÃO DESPORTIVA:OS MEIOS E AS
MENSAGENS
A imprensa desportiva parte dos rituais festivos do desporto para permitir ao leitor sair dele
próprio e viver o desporto como uma celebração da vida e mesmo como uma participação
autêntica no jogo cósmico que as competições desportivas ritualizam.De qualquer forma ,a
natureza da linguagem desportiva é simbólica e a sua depenência do mundo dos mitos parece
evidente.Não é pois de estranhar as suas afinidades religiosas ,dadas as relações profundas do
mito com o sagrado.Considerando a estrutura global do fenómeno desportivo e todos estes
elementos que encontramos no seu funcionamento actual,pensamos ser legítimo afirmar que
estamos diante de um sistema mítico completo ,cujo significado antropológico nunca é
demasiado enaltecer.
Uma mensagem sublimar é muitas vezes usada para transmitir algo de maneira não tão
directa.Por exemplo , colocar um recorte de jornal no balneáreo ,onde os adversários falam
mal da equipa,aí pode-se perceber a mensagem que se quer passar por detrás desta atitude.
A linguagem desportiva tem evoluido também com a evolução dos meios tecnológicos .Com as
novas tecnologias ,houve uma queda na venda dos jornais.
Normalmente ,os clubes pequenos ,mesmo ao nível de jornais só têm espaço nas chamadas
notícias breves ,o grandes espaços é para os clubes de maior dimensão ,pois estes é que são as
marcas que vendem mais.
A relação com acomunicação social pode ser unidirecional ou bidirecional.Isto ,implica que o
clube pode ir ao encontro da imprensa para divulgar algo que lhe interesse, ou a imprensa ir
ao encontro do clube para ter acesso á notícia.
A integração massiva de fotografias e titulos ruidosos é uma das características actuais mais
salientes na imprensa ,bem como a tendência de deslocação de uma linguagem
literária/corrente para formas de linguagem mais populares/correntes.Este processo não é
indiferente às transformações que têm marcado o jornalismo desportivo e o impacto que seu
trabalho tem junto das audiências.
A formação de uma cultura desportiva condicente com os valores defendidos pelo desporto
,implica uma constante e permanente educação dos seus intervenientes para a busca de tal
desiderato.Um dos elementos que pode contribuir para tal é a comunicação social
,principalmente pelo seu poder mobilizador e de influenciar atitudes e comportamentos.
A influência que os meios de comunicação exercem sobre o desporto é algo muito importante
;ela pode até mudar o rumo dos acontecimentos.Faz-se necessário ,portanto que os dirigentes
encarregados de manipular tais meios tenham uma preparação bastante correcta no aspecto
técnico e,principalmente ,no moral.
Os meios de comunicação mantêm uma estreita ligação com o desporto e contribuem para o
estabelecimento de uma cultura desportiva e a formação de opiniões.Neste particular
podemos destacar alguns programas de incentivo a generalização da prática desportiva e do
exercício físico.A veiculação de tal campanha pela televisão alcançou enorme audiência e
considerável repercussão.Ainda hoje assistimos a população caminhando ,correndo
,pedalando,tudo por influência de “slogans” que incentivam as pessoas a exercitarem-se.
Por outro lado , as aulas de ginástica na televisão e na rádio ganharam um novo impulso.
No que diz respeito aos actores do desporto e o caráter simbólico que adquirem em função do
seu êxito desportivo ,faremos referência ao universo do futebol .Os futebolistas são
geralmente de origem modesta,Pelé,Maradona,Eusébio e muitos outros são o exemplo vivo
desta realidade.O futebol permitiu-lhes um tal sucesso que eles se tornaram verdadeiros
ídolos de seus povos.Este esteriótipo da infância pobre e da elevação através do próprio
esforço reactualiza um dos mitos mais profundos da biografias heróicas.Na literatura
desportiva está tão enraizada que chega a dominá-la.No desporto, os atletas estão integrados
num processo de heroicização particular.A imprensa fala deles com uma linguagem religiosa
como se fossem deuses.Os ídolos do futebol ,por exemplo ,são muitas vezes,objecto de
verdadeiro culto.
Considerando a origem dos jogadores de futebol e da maioria dos atletas ,podemos afirmar
que o desporto é a epopeia do homem ordinário,permitindo o êxito por mérito pessoal.O
desporto fornece-nos assim um modelo de organização de uma sociedade feita estritamente
por meios justos e aceites por todos.Além disso ,as vedetas desportivas são ,para os seus
admiradores ,não somente modelos a imitar ,mas constituem também meios a realizar,por
procuração,sonhos impossíveis de concretizar de outra maneira.
Herdeiro do antigo fenómeno lúdico,o desporto moderno apresenta-se como um sistema
mítico completo e coerente,como um mecanismo poderoso de reprodução dos mitos arcaicos
no seio da sociedade actual,o que prova ,aliàs ,que o mito jamais abandonará o homem e
que,felizmente,o homem dos nossos dias ainda não perdeu a capacidade de mitizar.
Pelos rituais que celebra,pelos temas arcaicos que actualiza ,pelos símbolos cosmológicos que
utiliza,pelas estruturas espaço-temporais em que funciona,pelos modelos heróicos a que dá
origem,o desporto moderno de competição é uma arqueologia de mitos e um poderoso
mecanismo de reprodução de arquétipos primordiais no seio da nossa sociedade industrial.É
precisamente pelos ritos que se actualizam os mitos.E no desporto moderno encontramos
rituais que actualizam os combates primordiais entre ordem e o caos,entre luz e trevas,entre
deuses bons e deuses maus ,entre antepassados humanos fundadores da sociedade dos
homens e da sua história e transformados em semideuses ou heróis legendários.
Mas, afinal ,o que são os mitos de que estamos a falar a propósito do desporto? No fundo ,os
mitos são narrações tradicionais ou sistemas de comportamento heróicos relacionados com
acontecimentos sucedidos na origem dos tempos e destinados a fundar a acção ritual dos
homens hoje e de maneira geral a instituir todas as formas de acção do pensamento pelas
quais o homem se compreende a si próprio no seu contexto existencialA função fundamental
do mito é assim propor aos homens de todas as épocas formas de pensamento e modelos de
comportamento .Através da actualização dos mitos,o homem torna-se, de alguma
maneira,contemporâneo das origens,revive os acontecimentos primordiais,imita o que os
deuses e os heróis míticos fizeram e,dada a ligação do mito ao sagrado ,o homem descobre
também o fundo religioso da sua existência.É finalmente o mito,através do qual o homem
pode reviver e realizar os acontecimentos fundadores da sociedade humana e da própria
história do universo,que vem dar sentido e justificar o comportamento actual do homem.Esta
função dos mitos é de natureza ontológica.Realiza-se ao nível do ser .O homem apenas é
autêntico quando imita os deuses e os seus antepassados heróicos e quando reactualiza ,na
sua vida,os modelos de acção propostos pelos mitos.Como diz Mircea Eliade,só nos tornamos
homens verdadeiros,conformando-nos com os ensinamentos dos mitos e imitando os
deuses.Este autor pensa mesmo que o homem moderno,que se quer deliberadamente apenas
como profano,assume uma existência trágica e a sua vida é desprovida de significação.
A INFORMAÇÃO DESPORTIVA COMO AGENTE DE ESTABILIZAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE
COMPORTAMENTOS SÓCIO DESPORTIVOS
Os direitos televesivos tornaram-se numa das principais fontes de rendimento dos clubes de
futebol profissional.Em Portugal ,a diminuição da presença de adeptos nos estádios aumentou
a dependência do futebol profissional em relação ás receitas provenientess dos direitos
televisivos.Noutros países ,como a Inglaterra ou a Alemanha,cujos campeonatos nacionais de
futebol apresentam estádios lotados praticamente todos os fins-de -semana, a situação de
dependência económica dos clubes relativamente às receitas provenientes dos meios de
comunicação social não é ,todavia,muito menos acentuada.
Sem a acção da imprensa, o futebol não se teria destacado entre os outros desportos,ainda
remetidos aos terrenos do mundano e do disciplinar.Foi por intermédio de um conjunto de
periódicos que o futebol começou a conquistar o seu lugar central nas culturas populares.
Tal como sucedeu com a rádio , a reacção inicial dos clubes perante o fenómeno televisivo foi
de alguma desconfiança e receio.Às resistências iniciais ,contudo ,seguiram-se aberturas
consecutivas ao espaço televesivo.Primeiro,a televisão acercou-se do futebol pelos
acontecimentos excepcionais; mundiais, competições continentais e jogos olímpicos.Depois
seguiram-se os resumos dos jogos e, gradualmente ,a transmissão de um número cada vez
maior de encontros.Ao contrário de todos os outros meios de comunicação,que apenas tinham
a capacidade de actuar indirectamente sobre os rendimentos dos clubes,a televisão intervém
de forma directa nas suas economias, influenciando decisivamente a estruturação das
competições.Esta intervenção foi-se tornando cada vez mais determinante para a
sobrevivência das principais competições internacionais.À medida que os mercados de
transmissão foram sendo liberalizados ,a percentagem de receitas provenientes da compra dos
direitos de transmissão transformou-se num bem orçamental precioso.Em pouco menos de
quatro décadas a relação da modalidade com a televisão alterou-se de forma significativa.
Cada meio de comunicação social influenciou o modo como os adeptos observam e sentem o
jogo ,tanto pelos conteúdos e pelos seus critérios de selecção do real ,como pelos mecanismos
formais que utilizaram para transmitir a informação.A imprensa ,durante grande parte do
século passado ,afirmou-se pela sua capacidade analítica e apetência para discutir as questões
estruturais que se impunham a cada momento.A rádio instituiu os relatos que se tornaram
num dos marcos incontornáveis das culturas populares na segunda metade do século XX.Com
os seus ritmos e expressões típicas ,a rádio colaborou no desenvolvimento de novas formas de
ver o jogo,formas essencialmente emotivas.A televisão revolucionou as audiências dos jogos e
os ritmos de produção dos outros meios de comunicação social,fragmentando a relação dos
adeptos com o futebol,levando ao extremo algumas características que já se anteviam nos
relatos da rádio.
Hoje,os jogos para muitos adeptos deixaram de significar a viagem até ao estádio e a difusão
constante de fraternais saudações aos seus consócios.As barraquinhas dos cachecóis e as
bandeiras que inundam de cor as principais artérias que dão acesso ao recinto de jogo;os
candongueiros e as senhoras que tentam forçosamente colar um autocolante no peito dos
viandantes;os vendedores ambulantes nas bancadas ;o ambiente colectivo e festivo dos
estádios é substituido ,para a maior parte dos adeptos, pela pacatez do lar.
Jorge Bento, refere-se á ética como uma categoria fundamental a considerar pelas actividades
físico-motoras.A aquisição dos valores do fair-play, do respeito, da consideração e da
tolerância,assim como de atitudes de integração e convivialidade são fundamentais.No
panorama internacional, autores como Fernadez-Balboa, Sage,Tinning, dentre outros,apontam
como relevante a dimensão ética nos diferentes cenários das actividades físicas e desportivas
nos tempos actuais.Nesta sub-categoria corpo/ética podemos perspectivar aspectos de
natureza individual e social, mas onde a aceitação, a cooperação, o respeito,a
responsabilidade,a equidade e a justiça social estarão sempre presentes.
Desde as primeiras manifestações desportivas ,por altura dos jogos olímpicos da Grécia antiga
,que se espera dos atletas um comportamento digno,revelador de espírito desportivo entre
outros aspectos, reconhecendo a superioridade de um adversário perante a derrota.
Durante a idade média, os torneios de cavaleiros eram regidos por um código baseado na
lealdade e na honestidade dos participantes.Mais perto no tempo, no último século ,a
Inglaterra, defendia uma prática desportiva de raíz aristocrática, mas assente no cavalheirismo
e fair-play, isto é, nas regras escritas e não escritas.
O francês ,barão Pierre de Coubartin,pai dos jogos olímpicos modernos preocupou-se sempre
em associar ao ideal olímpico ,a honra e a lealdade, o respeito pelos outros e por si
próprio.Enfim, uma série de comportamentos habitualmente associados ao espírito
desportivo.Nesta perspectiva , o conselho internacional para esducação física e desporto em
França,publicava, em 1964, um manifesto sobre o desporto, afirmando que o espírito
desportivo constitui a essência de todos os desportos tanto a nível profissional como a nível
amador.No mesmo ano é fundado o comité internacional para o fair –play, organismo votado
à promoção do espírito desportivo por todo o mundo.Todos os anos, o comité atribui prémios
a atletas que se distinguem no domínio do fair-play.
O comité olímpico angolano em 1994 também instituiu o prémio nacional de fair-play a que
deu o nome de “prémio nacional de fair –play Demóstenes de Almeida”.Esta denominação
perpetua o nome da grande figura do desporto angolano que foi ,Demóstenes De Almeida
Clington,notabilizado sobretudo como técnico de atletismo.Nesta actividade ,Demóstenes de
Almeida ,além das grandes performances atléticas que conseguia dar aos seus atletas,também
lhes incutia o espírito desportivo ,sendo ele próprio um exemplo a seguir de conduta tanto
ética tanto no plano desportivo como no plano social.
4-Desejo de igualdade
5-Ser digno
Ainda percorre no espírito de muita gente a ideia que a ética e a moral são assuntos da
religião e que a ciência, tal como agora a consideramos,refutou a própria religião.A ética
,embora possa repousar numa ideia religiosa, há muito que se estendeu aos mais variados
campos da actividade humana, pelo que não é de todo despiciendo uma abordagem do
desporto pelo lado ético.
A ética é um importante valor dos nossos tempos ,como aliás nos é apontado por inúmeros
autores.É a ética da política ou dos negócios, é a ética do ambiente – ecologia –ou aética
profissional.É ética de tudo e até mesmo do desporto.Mas , a ética é uma palavra esquiva de
definições.Alguns falam de uma ética natural, como se houvesse no homem uma capacidade
inata de distinguir o bem e o mal.Outros procuram na norma jurídica o fundamento da ética
social,o que para nós se afigura numa clara inversão das coisas.Por exemplo o recém publicado
código brasileiro de justiça desportiva:comentários e legislação,aparece o subtítulo a
expressão em defesa da ética e da qualidade do desporto.Sem dúvida que a legislação poderá
ser o garante de uma ética, como puderá ser a perpetuação da não ética, dado que nem tudo
que é legal, isto é,que se encontra plasmado na lei, é aceitável nos planos ético ou
moral.Outros, ainda percebem a ética e a moral como sinónimos, não admitindo a
possibilidade de poderem ser conceitos complementares mas com algum grau de
independência.
Retomando a relação entre ética e moral, talvez seja útil relembrar Platão quando ,de alguma
forma, nos ensina a distiguir aquilo que faz parte do plano do ideal, a ética ,e aquilo que cada
momento pode ser realizado pelo homem concreto e historicamente situado ,a moral.Assim,
ética é algo que se situa no campo do ideal,enquanto que moral poderá ser aquilo que se situa
no campo do possível.A aspiração do homem deve ser no sentido ascendente ,isto é,no
caminho da ética, embora sabendo que esse valor não é alcançavel.No fim de contas o homem
deverá recusar a simples moral para tentar encontrar-se com a ética, ou seja ,com os valores
ideais.Tarefa ciclótica, sem dúvida, mas que deverá regular o nosso pensamento e a nossa
acção.
DESVIOS DE CONDUTA DESPORTIVA:DOPING,VIOLÊNCIA,CORRUPÇÃO
O doping é apresentado como sendo o maior flagelo do desporto no nosso tempo.Por vezes
cria-se a ideia de que todos os atletas estão dopados e que a excelência desportiva só é
conseguida à custa de drogas.Outros pensam que os treinadores não passam de
intermediários de drogas e que os atletas só o são porque as consomem .Enfim,é retirada toda
beleza ao desporto,criando-se a ideia que os atletas são vilões e o desporto uma verdadeira
máfia, ao nível daquela imortalizada por Marlo Brando no filme”o padrinho”.Se doping é uma
atitude que poderemos considerar como inadequada em relação aos elevados valores éticos
do desporto,também a nossa indiferença a estes ataques não é uma atitude que se
recomende.Um profissional de educação física comprometido com a sua profissão não pode
contribuir para continuação desta falácia.
As drogas que existem no desporto são sempre de última geração não estando ao alcance de
qualquer um o seu fabrico,manipulação e ocultação.É por isso que os países tecnologicamente
mais evoluidos também estão mais habilitados a escapar do contolo existente, e a
responsabilidade recai unicamente em pessoas que muitas vezes nem sequer têm noção
daquilo que lhes é aplicado.Por vezes confunde-se o estatuto de vítima com o de “réu”.Se o
rendimento desportivo se mercantilizou,também as grandes industriais farmacêuticas vivem
de produtos que nem sempre são lícitos no campo do desporto.
Ninguém ,seja de que país pertença, está imune às sanções desportivas.Pode ser cidadão do
país mais poderoso do planeta que as sanções aplicam-se da mesma forma, tal como temos
assistido nos últimos tempos com, por exemplo,elementos da seleção de atletismo dos
EUA.Que outra actividade humana conseguiria ter força moral para proceder desta
forma?Arriscamos a seguinte resposta: nenhuma!Para isto basta pensar, por exemplo,no
protocolo de Quioto, em que o país atrás mencionado,simplesmente afirma que o não vai
cumprir e ninguém poderá assumir uma atitude semelhante.Seria de imediato irradiado da
prática desportiva.Por isso é que nas actividades desportivas o doping,a violência e a fraude
são facilmente detetáveis ,pois o desporto, ao cantar a moral, torna visíveis os
comportamentos -poucos –que lhe são estranhos. Esta é a grande força do desporto .A droga
é condenada pela sociedade mas o doping é mais condenado pelo desporto.Como evidência
do exposto vemos que se discute com bastante mais facilidade o uso em liberdade de drogas
na sociedade do que a utilização do doping no desporto.Nunca como agora houve tanta
liberdade para o consumo de drogas nem,qual paradoxo,tanta repressão contra o uso de
doping no desporto.Que lição de moral dá o desporto ao mundo.
Na visão platónica ,a moral no desporto parece assim estar mais próxima do ideal ético do que
a moral da sociedade.Parece que esta é mais um subproduto do desporto e não a moral
desportiva consequência de uma moral globalizante.
Field e muitas outras desordens fora daqueles espaços geográficos,mostram-nos que a velha
Europa,berço da civilização ocidental, não está de modo algum livre das violências colectivas e
assassinas.
Quando ouvimos falar sobre ética no desporto é vulgar ouvir libelos acusatórios a todos
aqueles que, por algumas vezes ou em determinadas situações, provocaram atos conotados
com a violência.Faz-se crer que a violência é algo que tem que estar totalmente afastado da
prática desportiva, como se na condição humana ela não existisse.É na plena consciência que a
violência –em qualquer uma das suas manifestações –faz parte da história da humanidade que
não nos move nenhum complexo abordar o desporto como uma manifestação pensada de
violência.A bibliografia aborda o desporto na perspectiva da violência, quer aquela que
acontece no recinto desportivo, como no estádio de futebol, quer a outra que se desenrola em
seu redor, seja nas bancadas ou mesmo nas ruas.
Também não será por acaso que um conhecido e respeitado técnico britânico de
futebol,Bobby Robson, fala da importância que o” instinct Killer “tem para uma equipa.Refere-
se ,obviamente, ao futebol ,á procura da vitória,ao não perdoar um golo,a não brincar durante
o jogo.Por outro, por exemplo no Brasil e em Portugal, há uma identificação dos espectadores
a seres mitológicos ou a animais existentes,como” à raposa “(Cruzeiro Desporto Clube), ao
“urubu”(Flamengo),ao “dragão”(Futebol Clube do Porto) ou a “àguia”(Sport Lisboa e
Benfica)Note-se uma clara identificação dos grupos a animais poderosos ou possíveis.Nota-se
uma clara identificação essa consciente da importância que tem a força de um símbolo.Uma
equipa que se reveja numa pomba evidenciaria, talvez, um grande espírito desportivo ético,de
paz mas afastado da luta, da vitória.
Pensar num homem sem violência e,como consequência num desporto sem algum grau de
violência mítico-ritual do desporto, como aquela que acontece a volta do desporto.Esta última
terá eventualmente outras causas, outros autores e outra lógica.É outra violência que não se
fundamenta nesta visão mítico-ritual do desporto.Se o pensamento mítico,qual linguagem
religiosa,poderá estar imbuída de uma mensagem verdadeiramente ética,já a violência
gratuita que se desenrola em torno do desporto, não poderá ser aceite ,muito menos
estimulada ou confundida com os nobres valores que enformam uma das mais extraordinárias
atividades humanas.
Por outro lado é importante não confundir problemas intríncicos do desporto com problemas
que surgem no desporto.Por exemplo ,a violência que por vezes ocorre no futebol raramente é
violência desportiva.É outra violência que se manifesta nos locais desportivos, mas que nada
se relacionam com o desporto.É lá que acontece mas,não é de lá.
Os comportamentos sócio desportivos desviados podem ter diferentes causas ,dentre elas
estão também as de natureza social.
-meio integrador/nivelador
Face a situações sentidas como uma frustração à possibilidae de esticar os limites socialmente
tolerados dos comportamentos agressivos ,ao espectáculo da própria violência nos campos ou
nas bancadas ,a multidão desportiva reage pela violência ,a coberto do anonimato individual e
a pressão de uma multidão onde o sentimento de comunhão é fortíssima ,correspode esta
reacção pela espécie de resposta aos diferentes estímulos e pelas formas de violência
assumidas ,a diferentes tipos de público violentos.
Um dos maiores perigos para os jovens de hoje é que estão expostos a um número imenso de
possibilidades de diversão que antes não existiam.Nunca antes ,também haviamos encontrado
tantas vidas destruídas.À primeira vista tudo parece bom,sem problemas.Todas as diversões
parecem puras e sem maldade ,mas o perigo aparece quando elas começam a dominar.Muitas
coisas aprisionam a mente dos jovens e impedem o seu desenvolvimento espiritual.
Uma instituição de dimensão supranacional que deve ser referenciada ,pelo seu papel na
arbitragem de situaçõpes de conflito no campo do desporto é o tribunal arbitral do
desporto(TAD).O TAD,é uma instituição independente de qualquer organizaçção desportiva
,que proporciona serviços para facilitar acordos em disputas relacionadas com o desporto, com
a arbitragem ou mediação por meio de normas de procedimento adaptadas as necessidades
concretas do mundo do desporto.O TAD foi criado em 1984 e se situa sob autoridade
administrativa e financeira do conselho internacional de arbitrgem do desporto(CIAD).O TAD
tem mais de 150 juízes provenientes 55 países, eleitos pelos seus conhecimentos
especializados sobre leis ligadas ao desporto.Anualmente o TAD recebe mais de 50 casos.
A sede do TAD, está situada em Lausane na Suiça,e tem 2 escritórios descentralizados , sedo
um em Sidney na Austrália e outro em Nova Yorque nos Estados unidos.
Pela sua importância na dinâmica desportiva actual, não deixa de ser relevante evocar a
existência em Àfrica, de somente dois laboratórios de combate ao doping que se localizam
na África do sul e na Tunísia.
Bibliografia consultada:
O jogo visto pelas ciências sociais(josé Neves);À volta do estádio(António Costa);Em defesa
do desporto(Jorge Bento e José Constantino)
https://www.aepombal.eda.pt/sem-categoria/o-papel-do-desporto-na-sociedade.Nuno
Martinho- O papel do desporto na sociedade
Visto em 01-05-023