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ANTIFRÁGIL – NASSIM NICHOLAS TALEB

MARCAÇÕES E OBSERVAÇÕES – ACERVO

LIVRO 1

ENTRE DÂMOCLES E HIDRA

É lógico que o oposto exato de uma embalagem “frágil” seria um pacote no qual estivesse
escrito “por favor, manuseie mal”. Seu conteúdo não seria apenas inquebrável, mas se
beneficiaria dos impactos e de uma ampla gama de golpes. O frágil é o pacote que, na melhor
das hipóteses, sairia ileso, o robusto sairia, na melhor e na pior da hispoteses, ileso. E o oposto
de frágil, é, portanto, o que sai, na pior da hipóteses, incólume. – pag. 39

Não é por que a palavra antifragil não existia e não tinha sido denominada, que o conceito não
existia, assim como o céu azul, se não existisse a palavra “azul”, as pessoas achariam outro
jeito de transmitir essa “sensação”, assim como a recorrente referência de Homero por “mar
de vinho escuro”.

PROTOANTIFRAGILIDADE
A lenda de Mitrídates IV

Ao usar substâncias tóxicas para rituais religiosos em pouca quantidade, adquiriu resistência a
essa substância e ao tentar suicídio, falhou por ter criado um corpo capaz de suportar tal
veneno, assim como a tentativa falha do rei Nero de cometer matricídio. Agripina, mãe de
Nero, por conhecer muito bem o filho e perceber que o mesmo queria mata-la envenenada,
ela matridatizou a si mesma para que pudesse sobreviver a tentativa, e foi o que aconteceu.

“Vamos chamar de MITRIDATIZAÇÃO o resultado de uma exposição a uma pequena dose de


uma substancia que, ao longo do tempo, torna uma pessoa imune a quantidades adicionais e
maiores dessa substancia.” – pag 45

”Não é a antifragilidade, ainda é o nível mais modesto de robustez, mas estamos no caminho.
E já temos um indício de que, talvez, sermos privados do veneno nos torna frágeis, e que o
caminho para o robustecimento começa com um mínimo de danos.” – pag 46

“A HORMESE, palavra cunhada por famacologistas, descreve o momento em que uma


pequena dose de substancia nociva é na verdade benéfica ao organismo, agindo como
remédio.” – pag 46
“Em outras palavras, a hormese é a norma, e a sua ausência é o que nos prejudica.” – pag 47

“Mas a questão principal é que agora somos capazes de perceber que privar os sistemas de
ESTRESSORES, estressores vitais, não é necessariamente uma coisa boa, e pode chegar a ser
prejudicial.” – pag 47

SOBRECOMPOSIÇÃO E REAÇÃO EXAGERADA POR TODA PARTE

“David Halpern – Ele me informou – em resposta à ideia de antifragilidade – sobre um


fenômeno chamado crescimento pós-traumático, o oposto da síndrome do estresse pós-
traumático, no qual pessoas afestadas por acontecimentos passados se superam, famosa
‘formação de caráter’.” – pag 50

“COMO INOVAR? Primeiro, tente ficar em apuros.”

“A ideia permeia a literatura clássima: em Ovídio, é a dificuldade que desperta o gênio.”

“A energia em excesso liberada em uma reação exagerada aos contratempos é o que promove
a inovação!”

“Os modernos hoje tentam criar inovações a partir de situações de conforto, de segurança e
de previsibilidade, emvez de aceitar a noção de que “a necessidade é realmente a mãe da
invenção. Muitos como o grande estadista romano Catão, o Censor, viam o conforto, em quase
todas as suas formas, como um caminho para o desperdício.” – pag 51

“A SUBCOMPENSAÇÃO pela ausência de um estressor, a hormese reversa, a ausência de


desafios, degrada os melhores dos melhores. No poema de Baudelaire, “as asas gigantes do
albatroz impedem-no de andar.” – pag 52

Se você tiver algo que precisa ser feito com urgência, atribua essa tarefa a pessoa mais
ocupada, quanto mais ocupados ficam, mais ativos são em outras tarefas.
SOBRECOMPENSAÇÃO.
“O mesmo mecanismo de sobrecompensação, ou um similar, faz com que nos concentremos
melhor na presença de uma módica quantidade de RUÍDO aleatório no fundo, como se o ato
de resistir a esse ruído nos ajudasse a aprimorar nosso foco mental.” – pag 53

“Portanto, nõs não apenas somos feitos para sobrecompensar, mas, as vezes, também
PRECISAMOS do barulho.” - pag 53

Exemplo: Estudar ouvindo Lo-Fi ou música clássica.

SOBRECOMPENSAÇÃO: Ideia de que precisamos de alguma adversidade para que possamos


melhorar naquilo que estamos fazendo, sem dificuldade, não buscamos formas melhores de
fazer a atividade que nos é demandada.

Exemplo: Os profissionais de gerenciamento de riscos procuram no passado informações sobre


o chamado pior cenário possível e as utilizam para calcular os riscos futuros – esse método é
chamado de “teste do estresse”. Eles levam em conta a pior recessão histórica, a pior guerra.

Em sua maioria, é absolutamente desconcertante que as pessoas que mais nos


propiciaram benefícios não sejam as que tentaram nos ajudar (por exemplo, com
conselhos), mas sim aquelas que ativamente tentaram nos prejudicar – embora no
fim das contas tenham fracassado. – pag. 64

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O GATO E A MÁQUINA DE LAVAR ROUPA

A ousadia conjectura feita aqui é que tudo que contém vida é, até certo ponto, antifrágil (mas
não o inverso).

Geralmente o natural, o biológico, costuma ser antifrágil e frágil, dependendo da fonte (e da


gama) de variação. Um corpo humano pode se beneficiar com os estressores (para ficar mais
forte), mas só até certo ponto.

GATO = MÁQUINA DE LAVAR ROUPA?

Máquinas são prejudicadas por estressores de baixo impacto (fadiga do material), organismos
são prejudicados pela ausência de estressores de baixo impacto (hormese).
Estressores são informação!

O xis da questão dos sistemas complexos, aqueles com partes interativas, é que eles
transmitem informações para esses componentes por meio de estressores, ou graças a esses
estressores: nosso corpo obtém informações sobre o meio ambiente não através de nosso
aparato lógico, inteligência e capacidade de raciocinar, computar e calcular, mas por meio do
estressem via hormônios ou outros mensageiros que ainda não descobrimos.

Sua pele clareia no inverno e fica bronzeada no verão. (Especialmente se você tiver origens
mediterrâneas).

Além disso, os erros e suas consequências são informação: para uma criança pequena, a dor é
a única informação de gerenciamento de risco, uma vez que suas faculdades lógicas não estão
muito desenvolvidas.

Ao nosso redor há muito mais transmissores de informação do que podemos enxergar, são
chamados de opacidade casual: é difícil ver a conexão direta entre a causa e a consequência, o
que faz com que muitos métodos convencionais de analise, além da logica padrão, se tornem
inexplicáveis.

Muitos benefícios para a saúde poderiam superar a medicação para densidade óssea, mas
essas formas de terapia não beneficiariam os lucros da indústria farmacêutica.

Pag. – 68/69 (figura 2)

Dois tipos de estressores:


Longos leves sem período de recuperação.

Curtos agudos com período de recuperação.

O primeiro é danoso e o segundo é necessário.

Exemplos:

1 - A tortura da gota chinesa: uma gota de água batendo initerruptamente no mesmo ponto
da cabeça, sem nunca permitir que a pessoa se recupere.

2 – Um rápido susto com algum animal, e logo após o ter derrotado, um período se
acalmando, tomando chá e ouvindo música tranquila.
Crimes contra as crianças.

Não apenas somos avessos a estressores e não os compreendemos, como também estamos
cometendo crimes contra a vida, os seres vivos, a ciência e a sabedoria, em nome da
eliminação da volatilidade e da variação.

Se o Prozac estivesse disponível no século XIX, o “spleen” de Baudelaire, os estados de ânimo


de Edgar Allan Poe, a poesia de Sylvia Plath (esta já no século XX), os lamentos de tantos
outros poetas, tudo que tivesse alma teria sido silenciado.

Há outro perigo: além de prejudicar as crianças, estamos prejudicando a sociedade e o nosso


futuro. As medidas que visam reduzir a variabilidade e as oscilações na vida das crianças
também estão reduzindo a variabilidade e as diferenças no âmbito da nossa dita Grande
Sociedade Culturalmente Globalizada.

Temos a Ânsia Secreta Pelo Acaso, se eu pudesse prever exatamente como seria meu dia, eu
me sentiria menos vivo.

Grande parte da vida moderna é uma série de lesões por estresse crônico evitáveis.

O QUE ME MATA DEIXA OS OUTROS MAIS FORTES.

“A antifragilidade para um é a fragilidade para outro” – pag. 78

A fragilidade de alguns, surge, necessariamente da antifragilidade de outros.

É o que faz o empreendedorismo funcionar: a antifragilidade dos empreendedores individuais


e sua taxa necessariamente elevada de fracassos. Se todo empreendedor fosse bem sucedido
em seus investimentos, não teríamos espaço pra todos.

Assim, a antifragilidade se torna um pouco mais complicada, na presença de camadas e


hierarquias, um organismo natural não é uma unidade definitiva e única: compõe-se de
subunidades, e ele próprio pode ser a subunidade de algum coletivo mais amplo.
Evolução e imprevisibilidade.

As noções de mitridatização e hormese são apenas uma “proto”- antifragilidade.

Ambos são apenas formas muitos fracas de antifragilidade, que obtém ganhos limitados com a
volatilidade, a casualidade ou o dano, e que, se ultrapassam determinada dose, apresentam
certa reversão do efeito protetor ou benefício.

A hormese gosta só um pouco de desordem, ou melhor, precisa de um pouco dela. A


desordem é mais interessante na medida em que sua privação é prejudicial, algo que não
compreendemos intuitivamente. – pag. 79

Existe uma variedade diferente e mais forte que a antifragilidade, vinculada a evolução, e
que vai além da hormese – na verdade, é muito diferente da hormese: chega ser até mesmo
seu oposto.

Ela pode ser descrita como a hormese – torna-se mais forte sob os efeitos do dano – se
observarmos de fora, e não de dentro. Essa variedade de antifragilidade é evolutira e opera no
nível informacional – genes são informações. Ao contrário da hormese, a unidade não se
fortalece em resposta do estresse: ela morre. Mas realiza uma transferência de benefícios,
outras unidades sobrevivem.

Tudo que é vivo ou orgânico na natureza tem uma vida finita e mais cedo ou mais tarde acaba
morrendo – até mesmo Matusalém viveu menos de mil anos. Mas, geralmente, o organismo
morre após produzir uma prole com um código de uma forma ou de outra diferente dos
progenitores, com suas informações modificadas.

Assim, os organismos precisam morrer para que a natureza seja antifrágil.

Vamos analisar como a evolução se beneficia com a aleatoriedade e a volatilidade (em certa
dose, é claro). Quanto mais ruídos e distúrbios houver no sistema, até determinado ponto,
excetuando-se os impactos extremos que levam à extinção de uma espécie, maior o papel que
o efeito da reprodução dos mais aptos e o efeito das mutações aleatórias desempenhará na
definição das características da geração seguinte. Digamos que um organismo produz 10
descendentes. Se o ambiente for perfeitamente estável, todos os 10 serão capazes de se
reproduzir. Porém se houve instabilidade, empurrando para o lado 5 filhos dessa prole, então
aqueles a quem a evolução considerar mais aptos se reproduzirão, fazendo com que o gene
sofra alguma adaptação.

Então de certo modo, enquanto a hormese corresponde a situações em que o organismo


individual se beneficia com os danos diretos a si próprio, a evolução ocorre quando o dano faz
o organismo individual perecer e quando os benefícios são transferidos para outros, os
sobreviventes, e as gerações futuras.

A ideia de ver as coisas em relação a populações, e não a indivíduos, com benefícios para estes
decorrentes de danos aqueles.

Quem vê as coisas em relação às populações deve transcender os termos “hormese” e


“mitridatização” como caracterização da antifragilidade.

A hormese é uma metamorfose para a antifragilidade direta, quando um organismo se


beneficia diretamente com o dano: com a evolução, algo hierarquicamente superios aquele
organismo se beneficia com o dano. Visto superficialmente, parece que há hormese, mas, de
dentro, há vencedores e perdedores.

OBRIGADO, ERROS.
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