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MA327: Álgebra Linear - Prova 1 - GABARITO

Aplicada em: 15/09/2022


Turmas 19h-21h

Questão 1. [1,5 pontos] Considere o subespaço vetorial de M2×2 (R)


  
a b
U= | a−b−c=0 ,
c d

e as seguintes bases de U :
           
1 1 1 0 0 0 1 0 0 −1 0 0
B= , , eD= , ,
0 0 1 0 0 1 1 0 1 0 0 1

Escreva a matriz mudança da base [I]B


D.

Estamos querendo encontrar a matriz mudança da base B para D, [I]B D ∈ M t.q. [v]D D [v]B .
= [I]B
Para isto, vamos determinar combinações lineares dos vetores da base B em relação à D.

        
 a1 = 1
1 1 1 0 0 −1 0 0 − b1 = 1

• = a1 + b1 + c1 ⇒
0 0 1 0 1 0 0 1 a + b1 = 0
 1


c1 = 0
  
 a1 = 1   1
1 1
⇒ b1 = −1 . Portanto, =  −1 ;
0 0 D
c1 = 0 0


        
 a2 = 1
1 0 1 0 0 −1 0 0 − b2 = 0

• = a2 + b2 + c2 ⇒
1 0 1 0 1 0 0 1 a + b2 = 1
 2


c2 = 0
  
 a2 = 1   1
1 0
⇒ b2 = 0 . Portanto, = 0 ;

1 0 D
c2 = 0 0


        
 a3 = 0
0 0 1 0 0 −1 0 0 − b3 = 0

• = a3 + b3 + c3 ⇒
0 1 1 0 1 0 0 1 a + b1 = 0
 3


c3 = 1
  
 a1 = 0   0
0 0
⇒ b1 = 0 . Portanto, =  0 .
0 1 D
c1 = 1 1

Tendo os vetores de B escritos como combinações lineares dos vetores de D, concluímos que a matriz
mudança de base será
 
1 1 0
[I]B  −1 0 0 .
D =
0 0 1

Questão 2. 1. [1 ponto] Seja T : R2 → P2 (R) a transformação linear que verifica:

T (1, 0) = 1 + x, T (0, 1) = 1 + x2 .

1
Encontre a expressão explícita T (x, y) para todo (x, y) ∈ R2 .

2. [2 pontos] Seja T : R3 → R2 definida por

T (x, y, z) = (x − y, 2z − x)

Determine ker(t) e Im(t).

1. Se T é linear, então, por definição, ela satisfaz as propriedades (i) T (a + b) = T (a) + T (b) e (ii)
T (γa) = γ T (a). Logo,

T (α, β) = T (α(1, 0) + β(0, 1)) = α · T (1, 0) + β · T (0, 1) = α(1 + x) + β(1 + x2 ) ∴


T (α, β) = (α + β) + αx + βx2 .

2. O núcleo de T é dado por ker(T ) = {v ∈ R3 ; T (v) = (0, 0)}, i.e.,



x − y = 0
.
−x + 2z = 0

Por escalonamento temos que


     
1 −1 0 0 L2 +L1 →L2 1 −1 0 0 −L2 →L2 1 −1 0 0 L1 +L2 →L1
∼ ∼ ∼
−1 0 2 0 0 −1 2 0 0 1 −2 0

    x = 2γ
1 0 −2 0 x − 2z = 0
⇒ ⇒ y = 2γ
0 1 −2 0 y − 2z = 0
z = γ

Segue, pois, que as soluções são da forma γ(2, 2, 1), γ ∈ R. Consequentemente,

ker(T ) = [(2, 2, 1)] = {(2γ, 2γ, γ); γ ∈ R}.

A imagem de T , Im(T ) = {w ∈ R2 ; ∃ v ∈ R3 t.q. T (v) = w}, pode ser definida através


de seus geradores. Eles podem ser obtidos, por exemplo, aplicando os vetores da base canônica do
R3 em T :

[T (1, 0, 0), T (0, 1, 0), T (0, 0, 1)] = [(1, −1), (−1, 0), (0, 2)].

Então, Im(T ) = [(1, −1), (−1, 0), (0, 2)]. Se quisessemos, poderíamos aperfeiçoar nossos geradores,
já que os vetores encontrados são linearmente dependentes:

(0, 2) = −2 · (1, −1) − 2 · (−1, 0).

Note que {(1, −1), (−1, 0)} forma uma base para o R2 . Logo,

Im(T ) = [(1, −1), (−1, 0), (0, 2)] = [(1, −1), (−1, 0)] = [(1, 0), (0, 1)] = R2 .

Questão 3. Considere o conjunto S ⊂ M3×3 , definido como


     
 0 1 0 0 0 1 0 0 0 
S=  −1 0 0 ,
  0 0 0 , 0 0 1 
0 0 0 −1 0 0 0 −1 0
 

2
1. [1,5 pontos] Mostre que o espaço gerado pelo conjunto S é subespaço das matrizes antissimétricas
3 × 3 e que S é de fato uma base do espaço.
2. [1 ponto] Mostre que se T : R3 → M3×3 (R) é uma transformação linear que verifica [S] ⊂ Im(T )
então T é injetora.

1. Seja o espaço V gerado pelo conjunto S, V = [S]. Seus vetores são, pois, combinações lineares
dos elementos em S.
     
0 1 0 0 0 1 0 0 0
v ∈ V ⇒ v = a  −1 0 0  + b  0 0 0  + c  0 0 1 
0 0 0 −1 0 0 0 −1 0
 
0 a b
∴ v =  −a 0 c  , a, b, c ∈ R
−b −c 0

Esta é a forma de um vetor qualquer de V . Podemos observar que ele satisfaz a definição de matriz
antissimétrica:
 t  
0 a b 0 −a −b
v t =  −a 0 c  =  a 0 −c  = −v ∴ v t = −v .
−b −c 0 b c 0

Agora, dado A uma matriz antissimétrica, encontremos a, b, c ∈ R tais que


   
0 a1,2 a1,3 0 a b
A =  −a1,2 0 a2,3  =  −a 0 c 
−a1,3 −a2,3 0 −b −c 0

De onde segue que a = a1,2 , b = a1,3 e c = a2,3 . Portanto, V é subespaço das matrizes antissimétri-
cas 3 × 3 e S gera tal subespaço.
Vamos mostrar que os elementos de S são linearmente independentes.
       
0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 a b
a  −1 0 0  + b  0 0 0  + c  0 0 1  =  −a 0 c  = 0
0 0 0 −1 0 0 0 −1 0 −b −c 0


 a = 0

 b = 0 
 a = 0


−a = 0

⇒ ⇒ b = 0
c = 0
c = 0

 
−b = 0




−c = 0

Sendo a única solução possível a trivial (a = b = c = 0), S é linearmente independente. Conse-


quentemente, S é base do subespaço das matrizes antissimétricas 3 × 3.

2. Dada uma transformação linear T : V → W , é correto que

dim ker(T ) + dim Im(T ) = dim V .

Seja a T : R3 → M3×3 (R). Temos que dim R3 = 3. Além disso, como [S] ⊂ Im(T ), então a
dimensão de Im(T ) tem que ser, pelo menos, igual à de [S]. Como há três vetores compondo a base
S, segue que dim Im(T ) ≥ dim [S] = 3. Então,

3
dim ker(T ) + dim Im(T ) = dim R3 ⇒ dim Im(T ) = dim R3 − dim ker(T ), dim Im(T ) ≥ 3
| {zR} − dim ker(T ) ≥ 3
⇒ dim 3

=3
⇒ dim ker(T ) ≤ 0

Todavia, por definição, dim ker(T ) ≥ 0. Segue, então, que ker(T ) = 0 e, dessa forma, a transfor-
mação linear T : R3 → M3×3 (R) é injetora.

Questão 4. Considere o subconjunto U de matrizes em M2×2 (R) definido como


  
a b
U= | a, b, c ∈ R .
c a

1. [1 ponto] Prove que U é subespaço vetorial de M2×2 (R),


2. [2 pontos] Considere, ainda, o subespaço vetorial W de M2×2 (R) dado por
  
0 u
W = | u, v, w ∈ R
−u v

Encontre os subespaços U ∩ W e U + W . A soma é direta? Justifique sua resposta.

1. Por teorema, U será subespaço vetorial de


 M2×2 (R)  se for não
 vazio,  for fechado pela adição
a1 b1 a2 b2
e pela multiplicação por escalar. Sendo M1 = , M2 = ∈ U e γ ∈ R escalar,
c1 a1 c2 a2
temos o que segue.
 
0 0
• Claramente U é não vazio, pois a matriz nula pertence a U ;
0 0
     
a1 b1 a2 b2 a1 + a2 b1 + b2
• M1 + M 2 = + = . Segue que a1 + a2 , b1 + b2 ,
c1 a1 c2 a2 c1 + c2 a1 + a2
c1 + c2 ∈ R. Além disso, m11 = m22 = a1 + a2 . Infere-se que M1 + M2 ∈ U ;
   
a1 b1 γa1 γb1
• γM1 = γ = . Segue que γa1 , γb1 , γc1 ∈ R. Além disso, m11 = m22 =
c1 a1 γc1 γa1
γa1 . Infere-se que γM1 ∈ U .

Então, U é subespaço de M2×2 (R).

     
1 0 0 1 0 0
2. Nota-se, inicialmente, que uma possível base para U é , , , e
0 1 0 0 1 0
   
0 1 0 0
uma possível base para W é , . Seja U ∩ W = {v ∈ M2×2 (R) | v ∈ U e
−1 0 0 1
v ∈ W }. Como este v pertence a ambos subespaços vetoriais, ele pode ser escrito como combinação
linear dos elementos das bases de ambos os subespaços no sentido que
         
1 0 0 1 0 0 0 1 0 0
α1 + β1 + δ1 = v = α2 + β2 .
0 1 0 0 1 0 −1 0 0 1

Chegamos então na seguinte relação entre α1 , β1 , δ1 , α2 e β2 :



  α1 = 0
α1 = 0 α1 = 0 

 β1 = λ

 
 

β 1 = α2 β1 − α2 = 0
 
⇒ ⇒ δ1 = −λ , λ ∈ R
δ1 = −α2 δ 1 + α2 = 0
α = λ
  
 2
  
α1 = β 2 α1 − β2 = 0
  

β2 = 0

4
Então, os vetores v ∈ U ∩ W são da forma
       
1 0 0 1 0 0 0 1
v=0 +λ −λ =λ ,
0 1 0 0 1 0 −1 0
 
0 1
i.e., U ∩ W = .
−1 0
Agora, seja U + W = {v ∈ M2×2 (R) | v = u + w, u ∈ U e w ∈ W }. Pelas combinações lineares
descritas anteriormente, se v ∈ U + W , então
         
1 0 0 1 0 0 0 1 0 0
v = α1 + β1 + δ1 + α2 + β2 .
0 1 0 0 1 0 −1 0 0 1
         
1 0 0 1 0 0 0 1 0 0
i.e., temos que U + W = , , , , .
0 1 0 0 1 0 −1 0 0 1

Podemos representar U + W dessa forma ou aperfeiçoar, já que o conjunto de vetores indicado é


linearmente dependente:
     
0 1 0 1 0 0
= − .
−1 0 0 0 1 0

Assim,
         
1 0 0 1 0 0 0 1 0 0
U +W = , , , ,
0 1 0 0 1 0 −1 0 0 1
        .
1 0 0 1 0 0 0 0
= , , ,
0 1 0 0 1 0 0 1

Como claramente os vetores acima são linearmente independente segue que eles formam uma base para
U + W . Logo, dim(U + W ) = 4 = dim(M2×2 (R)). De onde segue que U + W = M2×2 (R). Outra
maneira de encontrar U + W seria notar que dim(U ∩ W ) = 1 e portanto

dim(U + W ) = dim(U ) + dim(W ) − dim(U ∩ W ) = 3 + 2 − 1 = 4 = dim(M2×2 (R)).


   
0 1 0 0
Para concluir, devemos observar que U ∩ W = ̸= , então a soma não é
−1 0 0 0
direta.

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