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LÍNGUA PORTUGUESA MED 9

“Eu acho que, querendo ou não, sempre vai ter um (meio


de entretenimento) mais popular, eu não acho que um
interfere na produtividade do outro, os meios e as formas
de contar história são independentes e podem se man-
ter”. Bárbara também deixa claro como reagiria caso
uma de suas obras literárias fosse adaptada para outros
meios: “Eu ia amar, mesmo que não fosse uma adapta-
FRONTEIRAS ENTRE GAMES, LIVROS E CINEMA
ção boa, ia popularizar meu trabalho; eu toparia, sim”.
ESTÃO CADA VEZ MENORES
(7) Segundo o professor do departamento de co-
municação da Universidade Católica de Brasília, Ciro
(1) Interatividade, pioneirismo e criação. Essas
Inácio Marcondes, a ideia de uma consciência “transmí-
são as palavras-chave que designam os meios do vide-
dia” não é algo novo, pelo contrário, já marca um fluxo
ogame, do livro e do cinema, e que levam à seguinte
de conhecimento da humanidade - “como desde o texto
conclusão: o entretenimento contemporâneo nunca es-
oral para os livros” -, mas, atualmente, ganha um pano-
teve em tamanha sincronia. Economicamente, são três
rama monetário: “Essa questão da intermidialização tem
plataformas com distâncias pequenas (em determinadas
se proliferado no contexto da comunicação, e essas nar-
vertentes, até opostas), e criativamente, em consonân-
rativas transmídias passam não só pelos meios que fo-
cia, a trindade do entretenimento visual caminha para
ram criados, mas, também, por redes sociais, marketing,
um mundo com fronteiras cada vez mais ínfimas.
e isso funciona, inclusive, como uma nova economia”.
(2) Recentemente, o ministro da Cultura espa-
(8) Mas, afinal, o fim das fronteiras no entreteni-
nhol, José Guirao, apresentou um dado sucinto, mas re-
mento é para o bem ou para o mal? A questão principal
verberante: em menos de cinco anos, espera-se que o
dessa discussão não tem uma solução simples: “Eu, sin-
faturamento do país europeu em videogames ultrapasse
ceramente, não consigo ter uma opinião qualitativa. É
a arrecadação do mercado literário. Atualmente, o setor
muito complexo “bater o martelo”. É um fenômeno que
editorial do país fatura cerca de 2 bilhões de euros por
já acontece, o grande desafio é você marcar cada cul-
ano, já a indústria de videogames ficou com pouco mais
tura com uma vertente, e a expectativa é isso aumentar,
de 700 milhões de euros em 2017. Por essa perspectiva,
pois as mídias já são muito manipuláveis e isso não tem
a diferença pode até parecer inalcançável, mas tudo
como mudar, é um circuito novo que já está aí”, conclui
muda se considerado que os 700 milhões de euros ti-
o acadêmico.
nham como marca, no ano anterior, “apenas” 300 mi-
lhões, ou seja, o faturamento anual do mercado de vide-
NUNES, Ronayre. Fronteiras entre games, livros e ci-
ogames mais do que dobrou nas terras do Dom Quixote.
nema estão cada vez menores.
(3) Em geral, a alta de arrecadamento da indús-
tria do videogame mundo afora não é necessariamente
1.
uma novidade. O instituto de data base Steam apontou,
Sobre as relações sintático-semânticas estabelecidas
ainda em maio do ano passado, que, em mídias digitais,
entre os períodos do texto, analise as proposições a se-
os jogos de computadores já rendiam mais do que o
guir e assinale a alternativa CORRETA.
streaming de vídeo, livros e música globalmente. E se,
na vertente econômica, os números ditam a narrativa,
I. No trecho: “E se, na vertente econômica, os números
criativamente, contudo, é mais difícil perceber na prática
ditam a narrativa, criativamente, contudo, é mais difí-
essa exclusão de fronteiras. Mas elas existem. E, para
cil perceber na prática essa exclusão de fronteiras” (3º
falar sobre isso, nada melhor do que ouvir quem trabalha
parágrafo), a conjunção em destaque expressa a ideia
todo dia nesses meios.
de contraste.
(4) Felipe Dantas é um desenvolvedor de video-
II. Em: “São enredos que funcionam não só nos filmes,
games e explica um fator chave que comunga os três
mas também em livros e videogames” (4º parágrafo),
meios de forma bem profunda: a narrativa. “Existem nar-
as conjunções coordenativas em destaque provocam
rativas muitos fortes que ultrapassam qualquer meio.
uma alternância entre o que funciona nos filmes, nos
São enredos que funcionam não só nos filmes, mas tam-
livros e nos videogames.
bém em livros e videogames. Ter essa boa narrativa é a
III.Em: “Eu ia amar, mesmo que não fosse uma adapta-
principal forma de quebrar fronteiras”, afirma ele.
ção boa, ia popularizar meu trabalho” (6º parágrafo),
(5) Bárbara Morais é uma autora brasiliense que
a conjunção subordinativa destaca uma razão pela
vê essa quebra de fronteiras de uma maneira extrema-
qual a autora Barbara Morais ficaria feliz caso uma
mente positiva: “É super interessante, eu acho que não
de suas obras literárias fosse adaptada para outros
existem mais barreiras, na verdade. Lembro que um dos
meios, caracterizando uma oração explicativa.
meus jogos favoritos tinha uma enciclopédia de perso-
IV.No trecho: “Segundo o professor do departamento de
nagens e passos, e eu parava para ficar lendo, em um
comunicação da Universidade Católica de Brasília,
jogo! Eu amava. Eu acho que está tudo integrado, as
Ciro Inácio Marcondes, a ideia de uma consciência
ideias são contadas de várias formas diferentes e cada
‘transmídia’ não é algo novo” (7º parágrafo), o termo
meio dá uma roupagem diferente para a história. Cada
sublinhado expressa uma ideia de conformidade.
uma dessas obras acaba completando a outra”.
V. No trecho: “essas narrativas transmídias passam não
(6) Mas existe o risco dos livros perderem pú-
só pelos meios que foram criados, mas também por
blico para outros meios? De acordo com a autora, não:

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redes sociais” (7º parágrafo), as conjunções coorde- Para o consumidor final, a situação é mais com-
nativas destacadas expressam a ideia de adição. plexa, já que é difícil saber se o produtor utilizou ou não
biopesticidas na sua lavoura. Então, a opção é escolher,
Estão corretas, apenas, as proposições preferencialmente, alimentos orgânicos e sempre lavar
frutas, legumes e verduras, independentemente da sua
a) II, III e V. procedência.
b) I, IV e V.
c) I, II e IV. AIRES, Luiz. Os problemas causados pelos agrotóxicos
d) I, II e III. justificam seu uso?Disponível em:
e) III, IV e V. <https://www.ecycle.com.br/component/content/arti-
cle/35-atitude/1441-os-problemas-causados-pelos-
agrotoxicos-justificam-seu-uso.html>. Acesso em: 07
maio 2019 (adaptado).
OS PROBLEMAS CAUSADOS PELOS AGROTÓXI-
COS JUSTIFICAM SEU USO? 2.
Sabemos que os elementos de coesão (dentre os quais
A saúde humana é afetada pelos agrotóxicos de estão as conjunções e as locuções conjuntivas) são res-
três maneiras: durante sua fabricação, no momento da ponsáveis por garantir a ligação harmoniosa, por exem-
aplicação e ao consumir um produto contaminado. Inde- plo, entre termos, períodos e parágrafos de um texto.
pendentemente da forma de contato, os efeitos são ex- Após analisar o conectivo grifado no trecho abaixo, as-
tremamente perigosos. sinale a opção pela qual seria CORRETO substituí-lo
Problemas neurológicos, como o Mal de Alzhei- sem que houvesse prejuízo em relação ao sentido esta-
mer, estão associados à exposição a inseticidas organo- belecido.
fosforados, assim como o desenvolvimento de trans-
torno do déficit de atenção com hiperatividade em crian- “Todos esses problemas se tornam especialmente im-
ças. portantes para o Brasil por tratarem-se de uma das prin-
A Agência de Proteção Ambiental dos EUA cipais fronteiras agrícolas do planeta. Por isso, é impor-
(EPA) afirma que o efeito do pesticida depende do prin- tante discutir alternativas saudáveis aos agrotóxicos”.
cípio ativo nele presente. Os sintomas podem variar, (7º parágrafo)
desde irritação da pele, até problemas hormonais e o de-
senvolvimento de câncer. a) Proporcionalmente
Em 2007, pesquisadores descobriram, depois b) Em seguida
de realizarem um levantamento, que a maioria dos estu- c) Entretanto
dos revela a associação entre a exposição a agrotóxicos d) Logo
e o desenvolvimento de linfoma não Hodgkin e leucemia. e) Ou seja
Para as grávidas, o risco é dobrado. Pesquisa-
dores apontam para as fortes evidências que ligam o 3.
contato com pesticidas a problemas durante a gestação, Conjunções são palavras que ligam orações indepen-
como a morte de fetos, defeitos de nascença, problemas dentes; elas podem apresentar ideias conclusivas, alter-
de desenvolvimento neurológico, diminuição do tempo nadas, explicativas, dependendo do contexto e conjun-
de gestação e pouco peso do bebê. ção utilizada. Observe a oração abaixo:
Estudos estimam que aproximadamente 25 mi-
lhões de trabalhadores agrícolas de países pobres so- Joana estudou o ano inteiro, logo foi bem nas provas
fram com algum tipo de intoxicação causada por exposi- finais.
ção a agrotóxicos. Há diversas situações comprovadas,
como o caso de duas grandes empresas multinacionais Assinale a alternativa cuja conjunção destacada apre-
que firmaram acordo – em 2013 – para indenização da senta a mesma função da conjunção destacada na ora-
ordem de R$ 200 milhões, envolvendo cerca de mil tra- ção.
balhadores contaminados por substâncias canceríge-
nas, entre 1974 e 2002, numa fábrica de pesticidas em a) Ele não respondeu às minhas cartas nem me telefo-
Paulínia, interior de São Paulo. nou.
Todos esses problemas se tornam especial- b) A mulher chamou o táxi, porém não foi ouvida.
mente importantes para o Brasil por tratarem-se de uma c) Tudo foi executado conforme planejamos.
das principais fronteiras agrícolas do planeta. Por isso, d) Você me ajudou muito; terá, pois, minha eterna grati-
é importante discutir alternativas saudáveis aos agrotó- dão.
xicos. e) Viajarei mesmo que meus pais não autorizem.
Uma das possíveis opções para a substituição
de agrotóxicos são os biopesticidas. De acordo com a
EPA, o termo se refere a produtos feitos a partir de mi-
cro-organismos, substâncias naturais ou derivados de
plantas geneticamente modificadas, que façam controle
de pestes.

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BRASI DE CIMA E BRASI DE BAXO (Fragmento) O drama penoso e triste


Da negra necissidade;
Meu compadre Zé Fulô, É uma coisa sem jeito
Meu amigo e companhêro, E o povo não tem dereito
Faz quage um ano que eu tou Nem de dizê a verdade.
Neste Rio de Janêro;
Eu saí do Cariri No Brasi de Baxo eu vejo
Maginando que isto aqui Nas ponta das pobre rua
Era uma terra de sorte, O descontente cortejo
Mas fique sabendo tu De criança quage nua.
Que a miséra aqui no Su Vai um grupo de garoto
É esta mesma do Norte. Faminto, doente e roto
Mode caçá o que comê
Tudo o que procuro acho. Onde os carro põe o lixo,
Eu pude vê neste crima, Como se eles fosse bicho
Que tem o Brasi de Baxo Sem direito de vivê.
E tem o Brasi de Cima. Estas pequenas pessoa,
Brasi de Baxo, coitado! Estes fio do abandono,
É um pobre abandonado; Que veve vagando à toa
O de Cima tem cartaz, Como objeto sem dono,
Um do ôtro é bem deferente: De manêra que horroriza,
Brasi de Cima é pra frente, Deitado pela marquiza,
Brasi de Baxo é pra trás. Dromindo aqui e aculá
No mais penoso relaxo,
Aqui no Brasil de Cima, É deste Brasi de Baxo
Não há dô nem indigença, A crasse dos Marginá.
Reina o mais soave crima
De riqueza e de opulença; Meu Brasi de Baxo, amigo,
Só se fala de progresso, Pra onde é que você vai?
Riqueza e novo processo Nesta vida do mendigo
De grandeza e produção. Que não tem mãe nem tem pai?
Porém, no Brasi de Baxo Não se afrija, nem se afobe,
Sofre a feme e sofre o macho O que com o tempo sobe,
A mais dura privação. O tempo mesmo derruba;
Tarvez ainda aconteça
Brasi de cima festeja Que o Brasi de Cima desça
Com orquestra e com banquete, E o Brasi de Baxo suba.
De uísque dréa e cerveja [...]
Não tem quem conte os rodete.
Brasi de baxo, coitado! (ASSARÉ, Patativa do. Melhores poemas. Seleção de
Vê das casa despejado Cláudio Portella. São Paulo: Global, 2006. p.329-332)
Home, menino e muié
Sem achá onde morá
Proque não pode pagá 4.
O dinhêro do alugué. No que diz respeito às conjunções coordenativas grifa-
das nos versos “[...] Porém, no Brasi de Baxo /Sofre a
No Brasi de Cima anda feme e sofre o macho [...] / Sem achá onde morá / Pro-
As trombeta em arto som que não pode pagá [...] Não se afrija, nemse afobe, [...]”,
Ispaiando as propaganda é correto afirmar que estas exercem, respectivamente,
De tudo aquilo que é bom. os seguintes valores semânticos:
No Brasi de Baxo a fome
Matrata, fere e consome a) Explicação, adversidade, explicação, adição.
Sem ninguém lhe defendê; b) Adversidade, adição, explicação, adversidade.
O desgraçado operaro c) Adição, alternância, conclusão, adição.
Ganha um pequeno salaro d) Conclusão, adição, explicação, adversidade.
Que não dá pra vivê. e) Adversidade, adição, explicação, adição.

Inquanto o Brasi de cima


Fala de transformação,
Industra, matéra-prima,
Descobertas e invenção,
No Brasi de Baxo isiste

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5. Assinale a alternativa incorreta sobre a classificação da


Assinale a opção em que o período não é construído de conjunção utilizada.
orações coordenadas.
a) “Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante a) Vou ligar para ele, logo saberei o que aconteceu.
de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num (conclusiva)
acidente doméstico, torno-me simples espectador e b) Saímos de férias em agosto e tomamos muito sol.
perco a noção do essencial”. (aditiva)
c) No final do ano ganhou um bom presente, pois tirou
b) “Não sou poeta e estou sem assunto”. notas muito boas. (conclusiva)
c) “Ao fundo do botequim, um casal de pretos acaba de d) Ora está feliz, ora não triste. (alternativa)
sentar-se numa das últimas mesas de mármore ao longo e) Estudarei a noite toda porque estou atrasado. (expli-
da parede de espelhos”. cativa)
d) “O pai se mune de uma caixa de fósforo, e espera”.
e) “A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas
mãos sôfregas e põe-se a comê-lo”.

6.
Assinale a alternativa que não apresenta uma frase co-
ordenada assindética.

a) Na festa da Natália comemos, cantamos, dançamos


a noite toda.
b) Não beba quando está comendo, ficará com dores de
estômago.
c) O funcionário não quer trabalhar, aprender, estudar.
d) Cheguei cedo, portanto terei de esperar a escola abrir.
e) Minha avó costumava fazer bolos, tortas, pudins.
10.
Os dois primeiros quadros da tirinha criam no leitor uma
I. Gosta de praia, mas também de montanha. expectativa de desfecho que não se concretiza, gerando
II. Tem fome, mas não come direito. daí o efeito de humor. Nesse contexto, a conjunção e
estabelece a relação de:
7.
a) conclusão.
Nas orações acima, as conjunções destacadas transmi- b) explicação.
tem a ideia de c) oposição.
a) I: adição; II: oposição d) consequência.
b) I: adição; II: conclusão e) alternância.
c) I: explicação; II: oposição
d) I: explicação; II: conclusão
e) I: alternância; II: oposição Mentiras fazem com que o cérebro se adapte à desones-
tidade com o tempo
8.
Faço todos os trabalhos de casa de manhã, ___ fico com Estudo diz que a reação emocional negativa de atos de-
a tarde livre. A lacuna acima não pode ser substituída sonestos diminui conforme a frequência
pela conjunção:
Os seres humanos, ou pelo menos a maioria deles, con-
a) pois tam com mecanismos biológicos que dificultam os com-
b) consequentemente portamentos desonestos. Quando mentimos, experi-
c) logo mentamos vários tipos de excitação emocional que fa-
d) assim zem com que nos sintamos mal. Essas reações podem
e) contudo ser medidas e são a base dos detectores de mentiras.
Alguns pesquisadores demonstraram até que é possível
derrubar com fármacos as barreiras fisiológicas contra a
9. transgressão. Em uma experiência com estudantes, foi
observado que quando tomavam um medicamento sim-
As conjunções coordenadas são aquelas utilizadas para paticolítico, que bloqueia os sinais associados com o
ligar as orações coordenadas e dependendo da função comportamento desonesto, tinham o dobro de probabili-
que exercem na frase podem ser: aditivas, adversativas, dade de enganar outra pessoa durante um exame do
alternativas, conclusivas e explicativas. que aqueles que tomaram placebo.
Um bom número de análises mostrou que a resposta a

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um estímulo que provoca uma emoção enfraquece com 11.


o tempo. A repulsa que pode provocar a violência ou a Os termos em destaque, nos trechos acima, estabele-
ilusão da paixão perde intensidade quando são experi- cem relação de:
mentadas muitas vezes. Um grupo de pesquisadores da
University College London comprovou que isso também a) complementação e de conclusão de raciocínio.
ocorre com as sensações associadas a burlar as normas b) continuidade e de inversão de raciocínio.
morais, um fenômeno que poderia explicar como se c) conclusão e de adição de informação.
pode chegar a cometer atos desonestos graves a partir d) complementação e de causalidade.
de outros que, a princípio, parecem irrelevantes. e) causalidade e de conclusão.
Em um artigo publicado na revista Nature, os autores co-
locaram à prova os participantes de vários experimentos
que tinham a oportunidade de mentir para obter benefí- 12.
cios pessoais à custa de outros. Os voluntários, 80 pes- Em “Não basta mandarmos que elas prestem atenção:
soas entre 18 e 65 anos, deviam estimar, junto a um isso de nada as ajuda.”, os dois-pontos podem ser subs-
companheiro que não viam, a quantidade de dinheiro tituídos, sem que haja alteração de sentido, por
contida em um recipiente. Foram apresentadas várias si-
tuações. Na primeira, os indivíduos deviam se aproximar a) não obstante.
ao máximo do valor real para que os dois se beneficias- b) contanto.
sem. Em outras fases do jogo, passar da quantia ou ficar c) quando.
aquém dela era algo que beneficiaria o participante à d) porque.
custa de seu companheiro, ou que beneficiaria o com- e) todavia.
panheiro às custas do participante ou ainda que benefi-
ciaria um dos dois sem prejuízo para o outro. Com este Para os chineses da dinastia Ming, talvez as favelas ca-
jogo, os cientistas observaram que as pequenas deso- riocas fossem lugares nobres e seguros: acreditava-se
nestidades para obter um ganho à custa do parceiro au- por lá, assim como em boa parte do Oriente, que os es-
mentavam progressivamente. píritos malévolos só viajam em linha reta. Em vielas si-
Além disso, parte dos participantes teve sua atividade nuosas, portanto, estaríamos livres de assombrações
cerebral medida através de ressonância magnética fun- malditas. Qualidades sobrenaturais não são as únicas
cional. Assim, foi observado que a resposta da amídala, razões para considerarmos as favelas um modelo ur-
uma região do cérebro na qual se processam as reações bano viável, merecedor de investimentos infraestruturais
emocionais, era mais intensa na primeira vez que os par- em escala maciça. Lugares com conhecidos e sérios
ticipantes enganavam seus companheiros. Essa reação, problemas, elas podem ser também solução para uma
no entanto, ia se atenuando nas fases posteriores do série de desafios das cidades hoje. Contanto que não
jogo, e os autores eram capazes de prever o nível de sejam encaradas com olhar pitoresco ou preconceitu-
desonestidade de um indivíduo a partir da redução da oso. As favelas são, afinal, produto direto do urbanismo
atividade na amídala na prova anterior. moderno e sua história se confunde com a formação do
“Em conjunto, nossos resultados revelam um meca- Brasil.
nismo biológico por trás da escalada de desonestidade”,
apontam os autores do estudo. “Os resultados mostram CARVALHO, B. A favela e sua hora. Piauí.
os possíveis perigos de cometer pequenos atos deso-
nestos, perigos que se observam com frequência em 13.
âmbitos que vão desde a política aos negócios ou à Os enunciados que compõem os textos encadeiam-se
força da lei”. Por fim, eles concluem que esse conheci- por meio de elementos linguísticos que contribuem para
mento sobre o funcionamento dessa ladeira escorrega- construir diferentes relações de sentido. No trecho “Em
dia da desonestidade pode ajudar a melhorar as políti- vielas sinuosas, portanto, estaríamos livres de assom-
cas para evitar a corrupção. brações malditas”, o conector “portanto” estabelece a
mesma relação semântica que ocorre em:
<http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/24/cien-
cia/1477320874_626628.html>. a) talvez as favelas cariocas fossem lugares nobres e
Acesso em: 25 out. 2016. seguros.
b) acreditava-se por lá, assim como em boa parte do Ori-
Além disso, parte dos participantes teve sua atividade ente.
cerebral medida através de ressonância magnética fun- c) elas podem ser também solução para uma série de
cional. desafios.
d) Contanto que não sejam encaradas com olhar pito-
Assim, foi observado que a resposta da amídala, uma resco ou preconceituoso.
região do cérebro na qual se processam as reações e) As favelas são, afinal, produto direto do urbanismo
emocionais, era mais intensa na primeira vez que os par- moderno.
ticipantes enganavam seus companheiros.

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Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem O Brasil será, em poucas décadas, um dos países com
horror a ser notado, quanto mais a ser notório. Se ficou maior número de idosos do mundo, e precisa correr para
notório por ser tímido, então tem que se explicar. Afinal, poder atendê-los no que eles têm de melhor e mais sau-
que retumbante timidez é essa, que atrai tanta atenção? dável: o desejo de viver com independência e autono-
Se ficou notório apesar de ser tímido, talvez estivesse mia. [...] O mantra da velhice no século XXI é “envelhe-
se enganando junto com os outros e sua timidez seja cer no lugar”, o que os americanos chamam de aging in
apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto place. O conceito que guia novas políticas e negócios
que nem ele sabe. É como no paradoxo psicanalítico, só voltados para os longevos tem como principal objetivo
alguém que se acha muito superior procura o analista fazer com que as pessoas consigam permanecer em
para tratar um complexo de inferioridade, porque só ele casa o maior tempo possível, sem que, para isso, preci-
acha que se sentir inferior é doença. sem de um familiar por perto. Não se trata de apologia
[...] da solidão, mas de encarar um dado da realidade con-
O tímido tenta se convencer de que só tem problemas temporânea: as residências não abrigam mais três gera-
com multidões, mas isto não é vantagem. Para o tímido, ções sob o mesmo teto e boa parte dos idosos de hoje
duas pessoas são uma multidão. Quando não consegue prefere, de fato, morar sozinha, mantendo-se dona do
escapar e se vê diante de uma plateia, o tímido não próprio nariz.
pensa nos membros da plateia como indivíduos. Multi-
plica-os por quatro, pois cada indivíduo tem dois olhos e Disponível em: <http://veja.abril.com.br/brasillenvelhe-
dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para receber suas cer-no-seculo-xxi/>, 18 mar. 2016. Adaptado.
gafes. Não adianta pedir para a plateia fechar os olhos,
ou tapar um olho e um ouvido para cortar o desconforto 16.
do tímido pela metade. Nada adianta. O tímido, em A conjunção em destaque na frase “Não se trata de apo-
suma, é uma pessoa convencida de que é o centro do logia da solidão, mas de encarar um dado da realidade
Universo, e que seu vexame ainda será lembrado contemporânea: ...” possui a função semântica de:
quando as estrelas virarem pó.
a) retificação.
VERISSIMO, L. F. Comédias para se ler na escola. Rio b) compensação.
de Janeiro: Objetiva, 2001. c) complementação.
d) separação.
14. e) acréscimo.
Entre as estratégias de progressão textual presentes
nesse trecho, identifica-se o emprego de elementos co-
nectores. Os elementos que evidenciam noções seme- COM O OUTRO NO CORPO, O ESPELHO PARTIDO
lhantes estão destacados em:
O que acontece com o sentimento de identidade
a) Se ficou notório por ser tímido e (...) então tem que se de uma pessoa que se depara, diante do espelho, com
explicar. um rosto que não é seu? Como é possível manter a con-
b) então tem que se explicar e quando as estrelas vira- vicção razoavelmente estável que nos acompanha pela
rem pó. vida, a respeito do nosso ser, no caso de sofrermos uma
c) ficou notório apesar de ser tímido e mas isto não é alteração radical em nossa imagem? Perguntas como
vantagem. essas provocaram intenso debate a respeito da ética
d) um estratagema para ser notado e Tão secreto que médica depois do transplante de parte da face em uma
nem ele sabe. mulher que teve o rosto desfigurado por seu cachorro
e) como no paradoxo psicanalítico e porque só ele acha. em Amiens, na França.
Nosso sentimento de permanência e unidade se
estabelece diante do espelho, a despeito de todas as
“É claro que é preciso ensinar a escrever de acordo com mudanças que o corpo sofre ao longo da vida. A criança
a ortografia oficial, mas não se pode fazer isso tentando humana, em um determinado estágio de maturação,
criar uma língua falada “artificial”. identifica-se com sua imagem no espelho. Nesse caso,
um transplante (ainda que parcial) que altera tanto os
15. traços fenotípicos quanto as marcas da história de vida
Assinale a alternativa correta. inscritas na face destruiria para sempre o sentimento de
identidade do transplantado? Talvez não. 1Ocorre que o
A palavra em destaque poderia ser substituída, sem que poder do espelho – esse de vidro e aço pendurado na
houvesse alteração de sentido, por: parede – não é tão absoluto:o espelho que importa, para
o humano, é o olhar de um outro humano. 2A cultura con-
a) senão temporânea do narcisismo*, ao remeter as pessoas a
b) assim buscar continuamente o testemunho do espelho, não
c) pois considera que 3o espelho do humano é, antes de mais
d) e nada, o olhar do semelhante.
e) todavia

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É o reconhecimento do outro que nos confirma Texto


que existimos e que somos (mais ou menos) os mesmos
ao longo da vida, na medida em que as pessoas próxi- Relato de experiência
mas continuam a nos devolver nossa “identidade”. O
rosto é a sede do olhar que reconhece e que também Meu nome é Rafael Lemos da Silva e eu estudo
busca reconhecimento. 4É que o rosto não se reduz à Relações Internacionais na Universidade Federal de
dimensão da imagem: ele é a própria presentificação de Santa Maria (UFSM). No segundo semestre de 2015, eu
um ser humano, em sua singularidade irrecusável. decidi fazer um intercâmbio acadêmico para a Universi-
5Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é dade da Flórida (UF), tendo em vista que o meu curso
a que faz apelo ao outro. 6A parte que se comunica, ex- requer uma experiência internacional. O meu intercâm-
pressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amor. bio acadêmico foi incrível, porque foi a primeira vez que
7A literatura pode nos ajudar a amenizar o eu fui para outro país. O intercâmbio possibilitou o exer-
drama da paciente francesa. O personagem Robinson cício diário do inglês e do espanhol. Por outro lado, ini-
Crusoé do livro Sexta-Feira ou os limbos do Pacífico, de cialmente eu achei difícil me adaptar à cultura estaduni-
Michel Tournier, perde a noção de sua identidade e en- dense, porque eles não gostam de contato físico e cos-
louquece, na falta do olhar de um semelhante que lhe tumam ser extremamente diretos em suas conversa-
confirme que ele é um ser humano. No início do ro- ções. Além disso, existe uma cultura favorável ao con-
mance, o náufrago solitário tenta fazer da natureza seu sumo de fast food, o que prejudicou a minha saúde. (...)
espelho. Faz do estranho, familiar, trabalhando para “ci- As minhas aulas foram sensacionais! Meus pro-
vilizar” a ilha e representando diante de si mesmo o pa- fessores eram especialistas nos assuntos tratados em
pel de senhor sem escravos, mestre sem discípulos. aula e tinham diversos livros publicados sobre os mes-
Mas depois de algum tempo o isolamento degrada sua mos, o que enriquecia a aprendizagem. A estrutura das
humanidade. aulas era completamente diferente, porque eu tinha a
8A paciente francesa, que agradeceu aos médi- mesma matéria três vezes por semana durante 50 minu-
cos a recomposição de uma face humana, ainda que tos, fazendo com que o professor sintetizasse a matéria
não seja a “sua”, vai agora depender de um esforço de e com que a disciplina cobrisse mais tópicos. As aulas
tolerância e generosidade por parte dos que lhe são pró- eram dialogadas e muitos professores atribuíam uma
ximos. Parentes e amigos terão de superar o descon- nota considerável para a participação em sala de aula.
forto de olhar para ela e não encontrar a mesma de an- Ademais, eu tinha cerca de 500 páginas em inglês para
tes. Diante de um rosto outro, deverão ainda assim con- ler todas as semanas para as minhas aulas.
firmar que ela continua sendo ela. E amar a mulher es- Um fator impressionante foi a infraestrutura da
tranha a si mesma que renasceu daquela operação. Universidade da Flórida. A universidade ocupa quase
metade da cidade de Gainesville, na Flórida. Eu morei
MARIA RITA KEHL em uma república dentro da universidade e dividia o meu
Adaptado de folha.uol.com.br, 11/12/2005. quarto com um americano. Eu geralmente passava mais
tempo na biblioteca da universidade que possuía uma
*narcisismo − amor do indivíduo por sua própria imagem infraestrutura incrível. As bibliotecas ficavam abertas 24
horas por dia para estimular o estudo por parte dos alu-
17. nos e eles tinham uma loja do Starbucks dentro da pró-
É que o rosto não se reduz à dimensão da imagem: ele pria biblioteca.
é a própria presentificação de um ser humano, em sua As universidades estadunidenses costumam in-
singularidade irrecusável. centivar atividades internas para os seus estudantes.
Em relação à declaração feita antes dos dois-pontos, o Por exemplo, durante o meu intercâmbio a Universidade
trecho sublinhado possui valor de: da Flórida promoveu cerca de cinco shows com artistas
americanos como T.I. e Andy Grammer. Além disso, a
a) condição Universidade da Flórida costumava promover palestras
b) conclusão sobre temas como a violência policial e convidava per-
c) explicação sonalidades estadunidenses influentes nessas ques-
d) comparação tões. (...)

Quando pensamos em EXPERIÊNCIAS ESTUDANTIS (Fonte: https://www.ufsm.br/oraaos-de-apoio/sai/rela-


NO EXTERIOR, automaticamente relacionamos o tema tos-de-exDeriencia-no-exterior/. Acessado em:
aos melhores aspectos positivos possíveis, como a vi- 02/09/2020)
vência na língua, na cultura, na culinária, entre outros.
Contudo, há outros aspectos relevantes – positivos e ne- Observação: por se tratar de um relato de experiência
gativos – que a atividade deseja também abordar. So- publicado no blog (ambiente informal) da Universidade
mos seres humanos em construção e interligados pela Federal de Santa Maria, o texto apresenta desvios
intensa globalização do século XXI. Assim, a escolha quanto à norma-padrão.
desse tema se dá pelo desejo de acrescentar reflexões
importantes ao cotidiano de nossos jovens estudantes.

VOLUME 02
LÍNGUA PORTUGUESA MED 9

18. a) modesto, no entanto digno.


Analise o trecho destacado do texto abaixo: b) modesto, senão digno.
c) digno, pois modesto.
"Além disso, a Universidade da Flórida costumava pro- d) modesto, apesar de digno.
mover palestras sobre temas como a violência policial e e) digno, entretanto modesto.
convidava personalidades estadunidenses influentes
nessas questões. (...)"
A última página
Dentre as alternativas abaixo, assinale a que apresenta
conectivo de igual valor semântico ao destacado no tre- Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta
cho acima. para vislumbrar o que somos e onde estamos. 1Lemos
para compreender, ou para começar a compreender.
a) Os estudos não somente instruem, mas também di- Não podemos deixar de ler. Ler, quase como respirar, é
vertem. nossa função essencial.
b) Estude agora ou perderá a oportunidade. 2Mesmo em sociedades que deixaram registros

c) Possuem grandes problemas e não reclamam. de sua passagem, a leitura precede a escrita3; o futuro
d) Dedique-se, nem que seja um pouco. escritor deve ser capaz de reconhecer e decifrar o sis-
e) Queremos ter sucesso, mas não nos dedicamos. tema de signos antes de colocá-los no papel. 4Para a
maioria das sociedades letradas – para o islã, para as
sociedades judaicas e cristãs como a minha, para os an-
Leia o trecho inicial da crônica “Os segredos do spa”, de tigos maias, para as vastas culturas budistas –, ler está
Moacyr Scliar. no princípio do contrato social; aprender a ler foi meu rito
de passagem.
Diferente de SPC, a palavra Spa não é uma si- 5Depois que aprendi a ler minhas letras, li de

gla, não se trata de nenhum Serviço-de-Proteção-a- tudo: livros, 6mas também notícias, anúncios, os títulos
Qualquer-Coisa.É o nome de uma cidade da Bélgica, fa- pequenos no verso da passagem do bonde, letras joga-
mosa, desde o século14, por suas águas minerais. Sé- das no lixo, jornais velhos apanhados sob o banco do
culo 14, sim: é muito antiga a crença do homem no poder parque, grafites, a contracapa das revistas de outros
dessas águas que brotam do seio da terra, aquecidas, passageiros no ônibus. Quando fiquei sabendo que Cer-
segundo a lenda, nas forjas do deus Vulcano. E há muito vantes, em seu apogeu à leitura, lia “até os pedaços de
tempo pessoas vão aos banhos termais, em busca de papel rasgado na rua”, entendi exatamente que impulso
tratamento para situações que vão desde as doenças de o levava a isso. Essa adoração ao livro 7(em pergami-
pele até os proverbiais males do fígado. As águas foram nho, em papel ou na tela) é um dos alicerces de uma
estudadas e classificadas: sulfurosas, bicarbonatadas, sociedade letrada.
ferruginosas. E para cada tipo de doença havia uma A experiência veio a mim primeiramente por
água específica. Tamanha demanda acabou criando meio dos livros. Mais tarde, quando me deparava com
uma verdadeira indústria: grandes estabelecimentos fo- algum acontecimento, circunstância ou algo semelhante
ram construídos para hospedar pessoas que vinham 8__________ 9sobre o qual havia lido, isso me causava

muitas vezes de longe em busca de curas para os seus o 10sentimento um tanto surpreendente, 11mas desapon-
males. Alguns desses hotéis ficaram famosos pelo luxo tador de déjà vu, 12porque imaginava que aquilo que es-
barroco; num desses, Alain Resnais filmou o famoso O tava acontecendo agora já havia me acontecido em pa-
ano passado em Marienbad, um filme cult dos anos 60, lavras, já havia sido nomeado.
no qual os longos corredores serviam de metáfora para Meus livros eram para mim transcrições ou glo-
os labirintos da paixão. Irai, aqui no Rio Grande do Sul, sas 13__________ outro Livro colossal. Miguel de Una-
sempre foi um equivalente modesto, mas digno. muno, em um soneto, 14fala do tempo, 15cuja fonte está
As pessoas melhoravam no spa. E por que não no futuro; minha vida de leitor deu-me a mesma impres-
haviam de melhorar? Comiam bem (inclusive para afas- são de nadar contra a corrente, vivendo o que já tinha
tar o espectro da tuberculose, sempre associada à ma- lido. Tal como Platão, passei do conhecimento para seu
greza), descansavam, conversavam e sobretudo relaxa- objeto. Via mais realidade na ideia do que na coisa. 16Era
vam: mergulhadas na água tépida, voltavam por algu- nos livros que eu encontrava o universo17: digerido, clas-
mas horas ao líquido amniótico onde o feto está a salvo sificado, rotulado, meditado, ainda assim formidável.
dos desgostos do amor e da fúria da inflação. E isso pre- 18A leitura deu-me uma desculpa para a privaci-

serva a reputação das termas até hoje. dade, ou talvez tenha dado um sentido à privacidade que
me foi imposta, 19uma vez que, durante a infância, de-
(A face oculta, 2001. Adaptado.) pois que voltamos para a Argentina, em 1955, vivi sepa-
rado do resto da família, cuidado por uma babá em uma
19. seção separada da casa. 20Então, meu lugar favorito de
“Irai, aqui no Rio Grande do Sul, sempre foi um equiva- leitura era o chão do meu quarto, deitado de barriga para
lente modesto, mas digno.” (1º parágrafo) baixo, pés enganchados 21sob uma cadeira. Depois,
tarde da noite, minha cama tornou-se o lugar mais se-
Mantendo aproximadamente o sentido original, o trecho guro e resguardado para ler 22__________região nebu-
sublinhado pode ser substituído por: losa entre a vigília e o sono.

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LÍNGUA PORTUGUESA MED 9

O psicólogo James 23Hillman afirma que a 24pes- 21.


soa que leu histórias ou 25para quem leram 26histórias na Assinale a alternativa incorreta referente ao texto “Poe-
infância “está em melhores condições e tem um 27prog- sia”.
nóstico melhor do que aquela 28à qual é preciso apre-
sentar as histórias. [...] Chegar cedo na vida já é uma a) “No entanto”, no terceiro verso, e “Mas”, no penúltimo
perspectiva de vida”. Para Hillman, essas primeiras lei- verso, têm sentido adversativo; reforçam a luta do po-
turas tornam-se “algo vivido e por meio 29do qual se vive, eta com as palavras.
um modo que a alma tem de se encontrar na vida”. A b) No segundo verso, “que a pena não quer escrever”, a
essas leituras, e por esse motivo, voltei repetidamente, forma verbal apropriada, para o racionalismo que o
30eainda volto. poema defende, seria “quis escrever”.
Cada livro era um mundo em si mesmo e nele c) O poema fala da própria busca da poesia. Trata-se de
eu me refugiava. 31Embora eu soubesse que era incapaz um texto metalinguístico.
de inventar histórias como as que meus autores favoritos d) Em “inunda minha vida inteira” há um exagero verbal,
escreviam, achava que minhas opiniões frequentemente que recebe o nome de hipérbole; o exagero nasce do
coincidiam com as deles e 32(para usar a frase de Mon- contentamento do eu lírico.
taigne) “Passei a seguir-lhes o rastro, murmurando: ‘Ou-
çam, ouçam’”.
Como ocorrem os eclipses solares?
Fonte: MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura.
Trad. Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das Quando a Lua passa exatamente entre a Terra
Letras, 1997, p. 20-24. (Parcial e adaptado.) e o Sol, o astro que ilumina nosso planeta some por al-
guns minutos. O espetáculo só ocorre durante a lua nova
20. e apenas nas ocasiões em que a sombra projetada pelo
Nos enunciados Lemos para compreender, ou para satélite atinge algum ponto da superfície do planeta.
começar a compreender (ref. 1) e A leitura deu-me Aliás, é o tamanho dessa sombra que vai determinar se
uma desculpa para a privacidade, ou talvez tenha o desaparecimento do astro será total, parcial ou anular.
dado um sentido à privacidade (ref. 18),o articulador Geralmente, ocorrem ao menos dois eclipses solares
ou: por ano. Um eclipse solar é uma excelente oportunidade
para estudar melhor o Sol.
a) une duas orações adversativas que estão justapostas.
b) expressa dúvida, hesitação; os fatos se realizam em Disponível em: https://mundoestranho.abril.com.br.
tempos diferentes. Acesso em: 21 ago. 2017 (adaptado).
c) marca uma ênfase em relação à primeira oração.
d) liga duas orações de sentido distinto e exerce uma 22.
função excludente. Nesse texto, a palavra “aliás” cumpre a função de:
e) expõe duas formas de dizer o mesmo; reitera o dito
na oração anterior. a) promover uma conclusão de ideias valendo-se das in-
formações da frase anterior.
b) indicar uma mudança de assunto e de foco no tema
desenvolvido.
c) conectar a informação da frase anterior com a da pos-
terior.
d) conferir um caráter mais coloquial à reportagem.
e) salientar a negação expressa na frase posterior.

O telejornalismo é um dos principais produtos televisi-


vos. Sejam as notícias boas ou ruins, ele precisa garantir
Poesia
uma experiência esteticamente agradável para o espec-
tador. Em suma, ser um “infotenimento”, para atrair pres-
Gastei a manhã inteira pensando um verso
tígio,anunciante e rentabilidade. Porém, a atmosfera pe-
que a pena não quer escrever.
sada do início do ano baixou nos telejornais: Brumadi-
No entanto ele está cá dentro
nho, jovens atletas mortos no incêndio do CT do Fla-
inquieto, vivo.
mengo, notícias diárias de feminicídios, de valentões ar-
Ele está cá dentro
mados matando em brigas de trânsito e supermercados.
e não quer sair.
Conjunções adversativas e adjuntos adverbiais já não
Mas a poesia deste momento
dão mais conta de neutralizar o tsunami de tragédias e
inunda minha vida inteira.
violência, e de amenizar as más notícias para garantir o
“infotenimento”. No jornal, é apresentada matéria sobre
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. 8.
uma mulher brutalmente espancada, internada com di-
ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 45.)
versas fraturas no rosto. Em frente ao hospital, uma re-
pórter fala: “mas a boa notícia é que ela saiu da UTI e

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não precisará mais de cirurgia reparadora na face...”. c) traz em si uma ideia de contraponto ao enlevo poético
Agora, repórteres repetem a expressão “a boa notícia é descrito no poema.
que...”, buscando alguma brecha de esperança no “outro d) expressa a ideia da finalidade primeira do poeta ena-
lado” das más notícias. morado, que é ouvir e entender estrelas.
e) estabelece a ideia de alternância, mas sem relação
(Adaptado de Wilson R. V. Ferreira, Globo adota “a boa de equivalência nos versos do texto.
notícia é que...” para tentar se salvar do baixo astral na-
cional. Disponível em https://cinegnose.
Por que os imigrantes fogem da África?
23.
Considerando a matéria apresentada no jornal, o uso da Agricultura devastada e desemprego levam caravanas a
conjunção adversativa seguido da expressão “a boa no- deixar dezenas de países
tícia é que” permite ao jornalista:
AGADEZ, Níger – É segunda-feira e isso significa dia de
a) apontar a gravidade da notícia e compensá-la. mudança em Agadez, um cruzamento ao norte do de-
b) expor a neutralidade da notícia e reforçá-la. serto do Níger e 1a principal plataforma de onde saem
c) minimizar a relevância da notícia e acentuá-la. os imigrantes da África Ocidental. Fugindo da agricultura
d) revelar a importância da notícia e enfatizá-la. devastada, superpopulação e falta de emprego, os imi-
grantes de uma dezena de países se reúnem em cara-
vanas todas as segundas-feiras à noite e iniciam uma
O soneto XIII de Via-Láctea, coleção publicada em 1888 corrida louca pelo deserto do Saara em direção à Líbia,
no livro Poesias, é o texto mais famoso da antologia, na esperança de eventualmente cruzar o Mediterrâneo
obra de estreia do poeta Olavo Bilac. O texto, cuidado- até a Europa.
samente ritmado, suas rimas e a escolha da forma fixa A montagem dessa caravana é uma cena a ser
revelam rigor formal e estilístico caros ao movimento testemunhada. Embora seja noite, ainda faz 40 graus e
parnasiano; o tema do poema, no entanto, entra em co- 2há apenas uma lua crescente para iluminar a escuridão.

lisão com o tema da literatura típica do movimento, tal Então, de repente, o deserto acorda.
como concebido no continente europeu. Usando o aplicativo de mensagens WhatsApp
de seus celulares, os traficantes locais, vinculados a re-
XIII des de contrabandistas que se estendem por toda a
África Ocidental, começam a coordenar o carregamento
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo clandestino de migrantes que estão em abrigos e porões
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, por toda a cidade. Eles vêm se reunindo há semanas,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto vindos do Senegal, Serra Leoa, Nigéria, Costa do Mar-
E abro as janelas, pálido de espanto… fim, Libéria, Chade, Guiné, Camarões, Mali e outras ci-
dades de Niger.
E conversamos toda a noite, enquanto Com 15 a 20 homens – não há mulheres –
A Via-láctea, como um pálio aberto, amontoados na parte de trás de pick-ups Toyota, seus
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, braços e pernas pendurados para fora, os veículos sur-
Inda as procuro pelo céu deserto. gem de becos e ruelas e seguem os carros que partiram
na frente para garantir que não haverá policiais, oficiais
Direis agora: "Tresloucado amigo! ou guardas de fronteiras desagradáveis à espreita que
Que conversas com elas? Que sentido ainda não foram pagos. É como assistira uma sinfonia,
Tem o que dizem, quando estão contigo?" mas ninguém tem ideia de quem é o maestro. Eventual-
mente, todos convergem para um ponto de encontro no
E eu vos direi: "Amai para entendê-las! norte da cidade, formando uma caravana gigante de 100
Pois só quem ama pode ter ouvido ou 200 veículos – a grande quantidade é necessária
Capaz de ouvir e de entender estrelas.” para afastar os bandidos do deserto.
BILAC, Olavo. Antologia:Poesias. Martin Claret, 2002. p. 3Pobre Níger. Agadez, que tem casas com pa-

37-55. Via-Láctea. Disponível em: <http://www.dominio- redes de barro ornamentadas, é um notável Patrimônio
publico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>. Acesso Mundial da Unesco, mas a cidade foi abandonada pelos
em: 19/08/2019. turistas depois que locais próximos foram atacados pelo
Boko Haram4 e outros jihadistas5. Por isso, como explica
24. um traficante, os carros e os ônibus da indústria do tu-
A palavra “pois”, usada em “Pois só quem ama pode ter rismo estão sendo reaproveitados na indústria da migra-
ouvido” (verso 13): ção. Há agora, por toda a África Ocidental, recrutadores,
ligados aos traficantes, que trabalham por conta própria
a) exprime a consequência dos hábitos cotidianos do po- e pedem às mães dos meninos US$400 ou US$500 para
eta de ouvir e entender estrelas. mandá-los procurar empregos na Líbia ou na Europa.
b) tem uma função de justificação das razões pelas Poucos conseguem, mas outros continuam chegando.
quais o poeta é capaz de ouvir e entender estrelas.

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LÍNGUA PORTUGUESA MED 9

A revolução na Síria foi provocada, em parte, A partir dos significados possíveis para o vocábulo
pela pior seca de quatro anos da história moderna do "muro", pode-se afirmar que a conjunção adversativa
país – além da superpopulação, tensões climáticas e a "mas" opõe, respectivamente, as ideias de:
internet – e o mesmo acontece com a onda de migração
dos africanos. (...) a) esperança  tristeza
–6Hoje perdemos anualmente para a desertifica- b) segregação  proteção
ção 100 mil hectares de terras aráveis. E perdemos en- c) vergonha  deslocamento
tre 60 mil e 80 mil hectares de florestas todos os anos – d) felicidade  natureza
afirma Adamou Chaifou [ministro do Meio Ambiente de
Níger].
(...) Recentemente, a União Europeia fez um A oposição passado/presente é essencial na aquisição
acordo com a Turquia para aumentar muito a ajuda da da consciência do tempo. Não é um dado natural, mas
União Europeia para que Ancara lide com os refugiados sim uma construção. Com efeito, o interesse do passado
e migrantes que chegarem ao país e restrinja seu fluxo está em esclarecer o presente. O processo da memória
para a Europa. no homem faz intervir não só na ordenação de vestígios,
– Se investíssemos uma fração dessa quantia mas também na releitura desses vestígios.
para ajudar as nações africanas a combater o desmata-
mento, melhorar a saúde e a educação e sustentar a (Jacques Le Goff)
agricultura de pequena escala, que é o meio de sustento
de 80 por cento das populações na África, elas poderiam Ainda hoje, 1permanece em mim um desejo ob-
ficar na terra. Seria muito melhor para elas e para o pla- sessivo de salvar o que acontece — 2ou deixa de acon-
neta – explicou Michele Barbut [chefe da Convenção das tecer — na inscrição ininterrupta, sob a forma de memó-
Nações Unidas para Combate à Desertificação]. ria. Aquele sonho adolescente de conservar o 3rastro de
7Todo mundo quer construir muros nos dias de todas as vozes que me atravessavam — 4ou quase atra-
hoje, afirmou ela, mas o muro de que mais precisamos vessavam —, 5o que devia ser tão precioso e único, a
é um "muro verde", de reflorestamento, que seguraria o um só tempo especular e especulativo. 6Acabei de dizer
deserto e se estenderia de Mali no oeste à Etiópia no “deixa de acontecer” e “quase atravessaram” para mar-
leste. car o fato de que o que acontece — 7em outras palavras,
– E uma ideia que os próprios africanos tiveram o acontecimento único cujo rastro gostaríamos de con-
– contou ela. E faz muito sentido. servar — é também o próprio desejo de que o que não
Porque, no final, nenhum muro vai segurar essa acontece deva acontecer.
onda de migrantes. Tudo que você vê por aqui são gritos
de que, a não ser que haja uma maneira de estabilizar a (DERRIDA, Jacques. Essa estranha instituição cha-
pequena agricultura da África, de alguma maneira ou de mada literatura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2014. p.
outra, eles vão tentar chegar à Europa. Os que não po- 46-47. Texto adaptado.)
dem, com certeza vão gravitar para um grupo extremista
que os pague. Muitos hoje sabem pelos meios de comu- Vocabulário
nicação que há uma vida melhor além-mare acreditam
que seus governos são muito frágeis para poder ajudá- Especular: 1 estudar com atenção, pesquisar, investi-
los a melhorar. gar; 2 referente a espelho, que reflete, que tem as pro-
priedades de um espelho.
(FRIEDMAN, Thomas L. Por que os imigrantes fogem Especulativo:1 relativo à especulação, que se caracte-
da África?. O Globo. Rio de Janeiro, 28 abr. 2016. Dis- riza por investigar teoricamente, que busca o conheci-
ponível em: https://oglobo.globo.com/mundo/artigo-por- mento, curioso; 2 contemplativo.
que-os-imigrantes-fogem-da-africa-19179333. Acesso
em: 8 set. 2021) 26.
Em dois momentos, o autor utiliza travessões para intro-
Vocabulário duzir “ou deixa de acontecer” (referência 2) e “ou quase
atravessaram” (referência 4). Essas expressões separa-
4Boko Haram: organização fundamentalista islâmica sur- das pelos travessões assumem, no texto, o papel de:
gida no norte da Nigéria.
5Jihadista: membro do Jihad, guerra santa muçulmana. a) limitar a reflexão do leitor.
b) indicar a opinião do senso comum.
25. c) desconstruir a tese defendida pelo autor.
Leia o fragmento a seguir, extraído do texto: d) ratificar o que foi afirmado anteriormente.
e) ampliar as possibilidades de leitura do texto.
“Todo mundo quer construir muros nos dias de hoje, afir-
mou ela, mas o muro de que mais precisamos é um
'muro verde', de reflorestamento, que seguraria o de-
serto e se estenderia de Mali no oeste à Etiópia no leste.
" (ref. 7)

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Por que as lhamas podem guardar o segredo para


combater a gripe

Cientistas americanos recrutaram uma curiosa


aliada para desenvolver tratamentos contra a gripe: a
lhama. O sangue desse animal sul-americano foi utili-
zado para produzir uma nova terapia com anticorpos que
têm o potencial de combater todos os tipos de gripe.
A gripe é uma das doenças mais hábeis na hora
de mudar de forma. Constantemente, modifica sua apa-
rência para despistar nosso sistema imunológico. Isso “As crianças precisam saber que existem limites!”
explica porque as vacinas nem sempre são efetivas e, a “Educar também é saber dizer ‘NÃO’!”
cada inverno, é necessário receber uma nova injeção
para prevenir a doença. 28.
Por isso, a ciência está à procura de uma forma Podem-se unir essas duas falas em apenas uma única
de acabar com todos os tipos de gripe, não importando frase, sem alterar o seu sentido original, por meio do se-
de qual cepa provenha ou o quanto possa sofrer muta- guinte termo:
ções. É aí que entra a lhama.
Esses animais, nativos dos Andes, têm anticor- a) se.
pos incrivelmente pequenos em comparação com os dos b) mas.
humanos. Os anticorpos são as armas do sistema imu- c) embora.
nológico, e aderem às proteínas que sobressaem na su- d) porque.
perfície dos vírus. e) quando.
Os anticorpos humanos tendem a atacar as pon-
tas dessas proteínas, __________ essa é a parte em
que o vírus da gripe muda com mais rapidez. Mas a casa-grande patriarcal não foi apenas for-
__________ os anticorpos da lhama, com seu tamanho taleza, capela, escola, oficina, santa casa, harém, con-
diminuto, conseguem atacar as partes do vírus da gripe vento de moças, hospedaria. Desempenhou outra fun-
que não sofrem mutação. ção importante na economia brasileira: foi também
Uma equipe do Instituto Scripps, nos Estados banco. Dentro das suas grossas paredes, debaixo dos
Unidos, infectou lhamas com múltiplos tipos de gripe, tijolos ou mosaicos, no chão, enterrava-se dinheiro,
para estimular um respostado seu sistema imunológico. guardavam-se joias, ouro, valores. Às vezes guarda-
Em seguida, analisou o sangue dos animais, procurando vam-se joias nas capelas, enfeitando os santos. Daí
pelos anticorpos mais potentes, que poderiam atacar Nossas Senhoras sobrecarregadas à baiana de teteias,
uma ampla variedade de vírus. balangandãs, corações, cavalinhos, cachorrinhos e cor-
Os cientistas, __________, identificaram quatro rentes de ouro. Os ladrões, naqueles tempos piedosos,
anticorpos das lhamas. Depois, começaram a desenvol- raramente ousavam entrar nas capelas e roubar os san-
ver um anticorpo sintético, que une elementos desses tos. É verdade que um roubou o esplendor e outras joias
quatro tipos. de São Benedito; mas sob o pretexto, ponderável para a
O trabalho, que foi publicado na revista científica época, de que “negro não devia ter luxo”. Com efeito,
Science, ainda está em estágios muito iniciais. A equipe chegou a proibir-se, nos tempos coloniais, o uso de “or-
de cientistas pretende realizar mais experimentos antes natos de algum luxo” pelos negros.
de fazer testes com humanos. “Ter um tratamento que Por segurança e precaução contra os corsários,
possa funcionar contra uma variedade de cepas diferen- contra os excessos demagógicos, contra as tendências
tes do vírus da gripe é algo muito desejado. É o Santo comunistas dos indígenas e dos africanos, os grandes
Graal da gripe”, afirma o professor Jonathan Ball, da Uni- proprietários, nos seus zelos exagerados de privati-
versidade de Nottingham. vismo, enterraram dentro de casa as joias e o ouro do
mesmo modo que os mortos queridos.Os dois fortes mo-
(James Gallagher, Correspondente de Saúde e Ciên- tivos das casas-grandes acabarem sempre mal-assom-
cia, BBC News. Disponível em: bradas com cadeiras de balanço se balançando sozi-
https://www.bbc.com/portuguese/geral nhas sobre tijolos soltos que de manhã ninguém encon-
tra; com barulho de pratos e copos batendo de noite nos
27. aparadores; com almas de senhores de engenho apare-
Assinale a alternativa que preenche corretamente as la- cendo aos parentes ou mesmo estranhos pedindo pa-
cunas acima, na ordem em que aparecem no texto. dres-nossos, ave-marias, gemendo lamentações, indi-
cando lugares com botijas de dinheiro. Às vezes dinheiro
a) mas – Mas – porém. dos outros, deque os senhores ilicitamente se haviam
b) por isso – Então – porém. apoderado. Dinheiro que compadres, viúvas e até escra-
c) mas – Já – então. vos lhes tinham entregue para guardar.
d) portanto – Mas – portanto.
e) por isso – Já – então.

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LÍNGUA PORTUGUESA MED 9

Sucedeu muita dessa gente ficar sem os seus tanto, parece caminhar na contramão do contemporâ-
valores e acabar na miséria devido à esperteza ou à neo. Enquanto o mundo se expande, se reproduz e ace-
morte súbita do depositário. Houve senhores sem escrú- lera, 3a literatura contrai, pedindo que paremos para um
pulos que, aceitando valores para guardar, fingiram-se mergulho “sem resultados” em nosso próprio interior.
depois de estranho se desentendidos: “Você está ma- Sim: a literatura – no sentido prático – é inútil. 4Mas ela
luco? Deu-me lá alguma cousa para guardar?” apenas parece inútil.
Muito dinheiro enterrado sumiu-se misteriosa- A literatura não serve para nada – é o que se
mente. Joaquim Nabuco, criado por sua madrinha na pensa. A indústria editorial tende a reduzi-la a um entre-
casa-grande de Maçangana, morreu sem saber que des- tenimento para a beira de piscinas e as salas de espera
tino tomara a ourama para ele reunida pela boa senhora; dos aeroportos. De outro lado, a universidade –em uma
e provavelmente enterrada em algum desvão de parede. direção oposta, mas igualmente improdutiva –trans-
[…] Em várias casas-grandes da Bahia, de Olinda, de forma a literatura em uma “especialidade”, destinada
Pernambuco se têm encontrado, em demolições ou es- apenas ao gozo dos pesquisadores e dos doutores. Vou
cavações, botijas de dinheiro. Na que foi dos Pires dizer com todas as letras: são duas formas de matá-la.
d’Ávila ou Pires de Carvalho, na Bahia, achou-se, num A primeira, por banalização. A segunda, por um esfria-
recanto de parede, “verdadeira fortuna em moedas de mento que a asfixia. Nos dois casos, a literatura perde
ouro”. Noutras casas-grandes só se têm desencavado sua potência. 5Tanto quando é vista como “distração”,
do chão ossos de escravos, justiçados pelos senhores e quanto quando é vista como “objeto de estudos”, 6a lite-
mandados enterrar no quintal, ou dentro de casa, à re- ratura perde o principal: seu poder de interrogar, interfe-
velia das autoridades. Conta-se que o visconde de Sua- rir e desestabilizar a existência. 7Contudo, desde os gre-
çuna, na sua casa-grande de Pombal, mandou enterrar gos, a literatura conserva um poder que não é de mais
no jardim mais de um negro supliciado por ordem de sua ninguém. 8Ela lança o sujeito de volta para dentro de si
justiça patriarcal. Não é de admirar. Eram senhores, os e o leva a encarar o horror, as crueldades, a imensa ins-
das casas-grandes, que mandavam matar os próprios fi- tabilidade e9o igualmente imenso vazio que carregamos
lhos. Um desses patriarcas, Pedro Vieira, já avô, por em nosso espírito. Somos seres “normais”, como nos or-
descobrir que o filho mantinha relações com a mucama gulhamos de dizer. Cultivamos nossos hábitos, manias
de sua predileção, mandou matá-lo pelo irmão mais ve- e padrões. Emprestamos um grande valor à repetição e
lho. ao Mesmo. Acreditamos que somos donos de nós mes-
mos!
(In: Silviano Santiago (coord.). Intérpretes do Brasil, Mas 10leia Dostoievski, leia Kafka, leia Pessoa,
2000.) leia Clarice – 11e você verá que rombo se abre em seu
espírito. Verá o quanto tudo isso é mentiroso. 12Vivemos
29. imersos em um grande mar que chamamos de reali-
Em “Não é de admirar. Eram senhores, os das casas- dade, mas que – a literatura desmascara isso – não
grandes, que mandavam matar os próprios filhos.” (3º passa de ilusão. A “realidade” é apenas um pacto que
parágrafo), a conjunção que poderia unir as duas frases, fazemos entre nós para suportar o “real”. A realidade é
sem alteração de sentido, é: norma, é contrato, é repetição, ela é o conhecido e o
previsível. O real, ao contrário, é instabilidade, surpresa,
a) como. desassossego. O real é o estranho.
b) mas. (...)
c) embora. A literatura não tem o poder dos mísseis, dos
d) se. exércitos e das grandes redes de informação. Seu poder
e) pois. é limitado: é subjetivo. 13Ao lançá-lo para dentro, e não
para fora, ela se infiltra, como um veneno, nas pequenas
frestas de seu espírito. Mas, 14nele instalada pelo ato da
O PODER DA LITERATURA leitura, 15que escândalos, que estragos, 16mas também
José Castello que descobertas e que surpresas ela pode deflagrar.
Não é preciso ser um especialista para ler uma
1Em um século dominado pelo virtual e pelo ins- ficção. Não é preciso ostentar títulos, apresentar currí-
tantâneo, que poder resta à literatura? Ao contrário das culos, ou credenciais. A literatura é para todos. Dizendo
imagens, que nos jogam para fora e para as superfícies, melhor: é para os corajosos ou, pelo menos,para aque-
a literatura nos joga para dentro. Ao contrário da reali- les que ainda valorizam a coragem.
dade virtual, que é compartilhada e se baseia na intera- (...)
ção, 2a literatura é um ato solitário, nos aprisiona na in-
trospecção. Ao contrário do mundo instantâneo em que http://blogs.oglobo.globo.com/jose-castello/post/o-po-
vivemos, dominado pelo “tempo real” e pela rapidez, a der-da-literatura-444909.html.
literatura é lenta, é indiferente às pressões do tempo, ig- Acesso em: 21 de fev 2017.
nora o imediato e as circunstâncias.
Vivemos em um mundo dominado pelas respos-
tas enfáticas e poderosas, enquanto a literatura se limita
a gaguejar perguntas frágeis e vagas. A literatura, por-

VOLUME 02
LÍNGUA PORTUGUESA MED 9

30. pode ficar apavorada. Quem está lá? Um ladrão ou um


Assinale a opção em que não se percebe uma ideia ad- fantasma assoviador? E o assovio tem algo de galante.
versativa. A vovó pode muito bem sair da cama, sem saber se está
acordada ou sonhando, e caminhar na direção do fiu-fiu
a) “Contudo, desde os gregos, a literatura conserva um sedutor, como se tivessem vindo buscá-la. Alguém pen-
poder que não é de mais ninguém.” (ref. 7) sou nas vovós solitárias quando inventou o assovio?
b) “Ela lança o sujeito de volta para dentro de si e o leva 7O fato é que não há mais refúgio. Nem castelos

a encarar o horror, as crueldades...” (ref. 8) anti-smartphones com um fosso em volta. Eles agora po-
c) “...que escândalos, que estragos, mas também que dem atravessar o fosso.
descobertas e que surpresas ela pode deflagrar.” (ref.
15) Jornal O Globo, 03/08/2014. Disponível em
d) “Vivemos imersos em um grande mar que chamamos <https://oglobo.globo.com/opiniao/fiu-fiu-13464128>.
de realidade, mas que – a literatura desmascara isso Último acesso em 30 de setembro de 2017.
– não passa de ilusão”. (ref. 12)
31.
Marque a alternativa que expressa relação inadequada
Fiu-fiu entre o conectivo destacado e o valor semântico que ele
denota.
Luis Fernando Veríssimo
a) “Existe coisa mais melancólica do que uma mesa de
Existe coisa mais melancólica do que uma mesa de qua- quatro pessoas, num restaurante, em que três estão
tro pessoas, num restaurante, em que três estão dedi- dedilhando seus smartphones e uma está falando so-
lhando seus smartphones e uma está falando sozinha? zinha?” (ref. 3) – comparação
b) “– Pensei que fosse uma garoupa e era um tubarão.
Lançaram agora um celular à prova d’água, que (ref. 1)” – adição
você pode usar no chuveiro. Ou em qualquer outro lugar c) “(...) o que dirá se falarem — a não ser que estejam
embaixo d’água. No mar, por exemplo. trocando mensagens silenciosas entre si, o que é
– Bem, não me espere para o jantar... ainda mais triste.” (ref. 4) – ressalva
– Onde você está? d) “Os celulares podem ser perigosos de várias manei-
– Sabe a nossa pesca submarina? ras, mesmo que não derretam o cérebro, como se an-
– O que houve? dou espalhando há algum tempo.” (ref. 5) – conces-
1– Pensei que fosse uma garoupa e era um tu- são
barão. E ele está vindo na minha direção. e) “Os celulares podem ser perigosos de várias manei-
– Você ainda está embaixo d’água?! ras, mesmo que não derretam o cérebro, como se an-
– Estou. dou espalhando há algum tempo.” (ref. 5) – conformi-
– E o seu arpão? dade
– O tubarão engoliu!
– Ligue para a Guarda Costeira!
2São cada vez mais raros os lugares em que Conjunções são palavras que ligam orações indepen-
você pode se ver livre de celulares, e agora nem as pis- dentes; elas podem apresentar ideias conclusivas, alter-
cinas estão seguras. nadas, explicativas, dependendo do contexto e conjun-
Os celulares são práticos e se tornaram indis- ção utilizada. Observe a oração abaixo:
pensáveis, eu sei, mas empobreceram a vida social.
3Existe coisa mais melancólica do que uma mesa de Joana estudou o ano inteiro, logo foi bem nas provas
quatro pessoas, num restaurante, em que três estão de- finais.
dilhando seus smartphones e uma está falando sozinha?
Ou um casal em outra mesa, os dois mergulhados nos 32.
respectivos celulares sem nem se olharem, 4o que dirá Assinale a alternativa cuja conjunção destacada apre-
se falarem – a não ser que estejam trocando mensagens senta a mesma função da conjunção destacada na ora-
silenciosas entre si, o que é ainda mais triste. ção.
5Os celulares podem ser perigosos de várias

maneiras, mesmo que não derretam o cérebro, como se a) Ele não respondeu às minhas cartas nem me telefo-
andou espalhando há algum tempo. Imagino uma velhi- nou.
nha que ganhou um celular dos netos sem que estes se b) A mulher chamou o táxi, porém não foi ouvida.
dessem ao trabalho de explicar seu funcionamento para c) Tudo foi executado conforme planejamos.
a vovó. Não contaram, por exemplo, que o celular dado d) Você me ajudou muito; terá, pois, minha eterna grati-
assobia quando recebe uma mensagem. É um assovio dão.
humano, um nítido fiu-fiu avisando que alguém ligou, e e) Viajarei mesmo que meus pais não autorizem.
que pode soar a qualquer hora do dia ou da noite. 6E
imagino a vovó, que mora sozinha, dormindo e, de re-
pente, acordando com o assovio. Um fiu-fiu no meio da
noite! A vovó, se não morrer imediatamente do coração,

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Ygor não tinha muito dinheiro pra ir à casa de 1998, e Mpule Kwelagobe, de Botswana, em 1999. Em
Marcelle, não poderia pegar duas conduções.Teria que 1986, a gaúcha Deise Nunes, que foi a primeira negra a
seguir uma longa peregrinação, afinal a S... não dispo- se eleger Miss Brasil, ficou em sexto lugar na classifica-
nibilizava ônibus praquelas bandas. ção geral. Ainda assim a estupidez humana faz com que,
[...] vez ou outra, surjam manifestações preconceituosas
Dentro do ônibus, tentava achar um lugar onde como a de um site brasileiro que, às vésperas da com-
pudesse acomodar seus pés tamanho 42 sem pisar nos petição, e se valendo do anonimato de quem o criou,
alheios. Riu indignadamente ao ver, num ponto, um emitiu opiniões do tipo "Como alguém consegue achar
abrigo com um anúncio que dizia: uma preta bonita?" Após receber o título, a mulher mais
“CIDADANIA É USAR O TRANSPORTE DE- linda do mundo - que tem o português como língua ma-
MASSA: DÊ PREFERÊNCIA AO ÔNIBUS”. terna e também fala fluentemente o inglês - disse o que
Após um enjoativo fluxo de para e anda, para e pensa de atitudes como essa e também sobre como sua
anda que durou uma hora e quinze minutos, enfim o ôni- conquista pode ajudar os necessitados de Angola e de
bus seguia sem grandes interrupções, e inclusive já se outros países.
aproximava do destino de Ygor.
COSTA, D. Disponível em: http://oglobo.globo.com.
Acesso em: 10 set 2011 (adaptado)
DENISSON, Ari. Contos Periféricos. Maceió: Imprensa
Oficial Graciliano Ramos, 2016. p.31.
35.
O uso da expressão “ainda assim” presente nesse texto
33. tem como finalidade:
No primeiro parágrafo, a última oração do primeiro perí-
odo exprime uma ideia de conclusão com relação ao ra- a) criticar o teor das informações fatuais até ali veicula-
ciocínio iniciado nas orações anteriores, podendo ser ini- das.
ciada pelo conectivo: b) questionar a validade das ideias apresentadas anteri-
ormente.
a) portanto. c) comprovar a veracidade das informações expressas
b) entretanto. anteriormente.
c) contudo. d) introduzir argumentos que reforçam o que foi dito an-
d) porque. teriormente.
e) nem. e) enfatizar o contrassenso entre o que é dito antes e o
que vem em seguida.

34.
Preços mais altos proporcionam aos agricultores incen-
Assinale a sequência de conjunções que estabelecem, tivos para produzir mais, o que torna mais fácil a tarefa
entre as orações de cada item, uma correta relação de de alimentar o mundo. Mas eles também impõem custos
sentido. aos consumidores, aumentando a pobreza e o descon-
1. Correu demais, ... caiu. tentamento.
2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
3. A matéria perece, ... a alma é imortal. 36.
4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens A 2a afirmativa introduz, em relação à 1a , noção de:
com detalhes.
5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde. a) condição.
b) temporalidade.
a) porque, todavia, portanto, logo, entretanto c) consequência.
b) por isso, porque, mas, portanto, que d) finalidade.
c) logo, porém, pois, porque, mas e) restrição.
d) porém, pois, logo, todavia, porque
e) entretanto, que, porque, pois, portanto

Miss Universo: "As pessoas racistas devem procurar


ajuda"

SÃO PAULO - Leila Lopes, de 25 anos, não é a primeira


negra a receber a faixa de Miss Universo. A primazia
coube a Janelle "Penny" Commissiong, de Trinidad e To-
bago, vencedora do concurso em 1977. Depois dela vi-
eram Chelsi Smith, dos Estados Unidos, em 1995;
Wendy Fitzwilliam, também de Trindad e Tobago, em

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37. b) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão,


No quadrinho do cartunista Quino, encontramos a con- se usado no início da frase.
junção mas, que pode ser classificada como: c) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na
abertura da frase.
a) Conjunção consecutiva. d) contém uma ideia de sequência temporal que direci-
b) Conjunção aditiva. ona a conclusão do leitor.
c) Conjunção adversativa. e) assume funções discursivas distintas nos dois contex-
d) Conjunção alternativa. tos de uso.
e) Conjunção conclusiva.

38.
Não resguardei os apontamentos obtidos em largos dias
e meses de observação: num momento de aperto fui
obrigado a atirá-los na água.
O fragmento acima poderia ser reescrito com a inser-
ção de um conectivo no início do trecho sublinhado.
Esse conectivo, que garantiria o mesmo sentido básico
do fragmento, está indicado em:

a) porque
b) embora
c) contudo
d) portanto

39.
Marcos enfrentou congestionamento no trânsito e per-
deu o início da reunião.
As duas orações do período estão unidas pela conjun-
ção “e”, que, nesse caso, além de indicar ideia de adi-
ção, também indica ideia de:

a) condição.
b) oposição.
c) consequência.
d) adversidade.
e) comparação.

Os filhos de Anna eram bons, uma coisa verdadeira e


sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si,
malcriados, instantes cada vez mais completos. A estou-
ros. O calor era forte no apartamento que estavam aos
poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que
ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia
parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte.
Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha
na mão, não outras, mas essas apenas.
LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro:
Rocco, 1998.

40.
A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no
fragmento apresentado. Observando aspectos da orga-
nização, estruturação e funcionalidade dos elementos
que articulam o texto, o conectivo mas:

a) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em


que aparece no texto.

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