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A diversão que informa ou a informação


que diverte? Notícias, lazer midiático
e entretenimento

Luís Mauro Sá Martino


Doutor em Ciências Sociais (PUC-SP)
Professor da Graduação e da Pós-graduação
em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero
E-mail: lmsamartino@gmail.com

José Augusto Mendes Lobato


Formado em Jornalismo (Universidade da Amazônia)
Resumo: O conceito de entretenimento vem sendo empre- Mestrando em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero
gado nos estudos relacionados à Comunicação ressaltando E-mail: gutomlobato@gmail.com
o elemento lúdico presente em seu discurso, sendo pensado
no âmbito da produção de notícias. Neste texto, destaca-se a
presença de informações factuais na ficção seriada televisiva.

A
Apresenta-se o entretenimento como o uso do lúdico no espa-
ço noticioso, para, em seguida, mostrar como o gênero pode
auxiliar na inserção de dados informativos em programas fic-
princípio, pensar em obter infor-
cionais, levantando a discussão de questões políticas e sociais. mação quando se assiste a uma tele-
Palavras-chave: entretenimento, informação, ficção seriada, novela, filme, série ou qualquer outro gênero
narrativa.
ficcional na televisão não parece ser muito
¿El entretenimiento que informa o la información que entre- prudente. O olhar sobre esse tipo de produ-
tiene? Noticias, entretenimiento mediático e infotenimiento ção tende, por força de tradição, a enquadrá-
Resumen: El concepto de infotenimiento se viene empleando en
los estudios de Comunicación para definir la mezcla de infor- lo como lazer ou distração, espécie fantasiosa
mación y entretenimiento, destacándose la presencia de elemen- ou imaginativa de representação da realida-
tos lúdicos en la transmisión de noticias. En este texto, se destaca
la presencia de informaciones factuales en la ficción seriada tele-
de. Informar-se, no sentido estrito, teria mais
visiva. Se presenta el infotenimiento como el uso de lo lúdico en a ver com a leitura de um jornal ou o acom-
el espacioso noticioso, para, enseguida, mostrar como el género panhamento de um noticiário telejornalísti-
puede ser la presencia de datos informativos en programas fic-
cionales, y levantar la discusión de cuestiones políticas y sociales. co; àqueles que consomem ficção, restaria o
Palabras clave: infotenimiento, entretenimiento, información, encantamento de algo inebriante propiciado
ficción seriada.
pelo lúdico midiático.
The entertainment which informs or the information that Há que se reconhecer, porém, que as possi-
amuses? News, entertainment media and amusement bilidades de representação do real no campo
Abstract: The concept of entertainment has been employed in
journalism and media studies to highlight the presence of ele-
da narrativa vão além do que o senso comum
ments of amusement, even in the news. In this paper, we would indica – e, para exemplificar isso, nenhum
like to point out the aspects of information that sometimes is produto no contexto nacional é melhor que
blended with entertainment in fictional media programs. It is
presented the aspect of entertainment as the presence of ludic a telenovela. Representações ficcionais de sua
elements in news and then shift to the second aspect, the use época, expressão e reconstrução dos fenôme-
of fiction to convey factual information and how it can raise
social and political issues to public discussion.
nos sociais, os relatos audiovisuais dos folhe-
Keywords: entertainment, information, serial fiction, narrative. tins televisivos, independentemente de sua

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perspectiva original como distração, apre- organizando a discussão a partir das aproxi-
sentam, junto àqueles que os consomem, um mações e diferenças entre o “informacional”
duplo fluxo de informações, imaginando e e o “lúdico” na produção midiática – em pri-
representando o mundo; é um tipo de nar- meiro lugar, no jornalismo e, em seguida, na
ração que possui relação direta com o real, já ficção seriada. Observam-se, nos dois casos,
que, como lembra Bulhões (2009:22) mesmo as condições de elaboração e as característi-
quando o nega ou distorce, só consegue fazê- cas do texto dito informativo em contraste
lo “por tê-lo conhecido”. Ao contrariá-lo de com o entretenimento, indicando como as
alguma maneira, “indiretamente reconhece- estruturas do informativo foram impreg-
o e acaba, por fim, reconstruindo-o ou então nadas pela lógica do lúdico midiático, cujo
reelaborando-o” (Bulhões, 2009:22). maior produto é um gênero híbrido que,
na pesquisa em comunicação, tem sido ca-
racterizado por um certo hibridismo entre
O problema das relações a informação apresentada como “séria” e o
entre informação entretenimento.
A intenção com este percurso é, enfim,
e entretenimento
mostrar a possibilidade de aplicação de tal
desafia a pensar a noção, também, à análise de discursos no
própria natureza do âmbito da ficção. Tendo em vista que, con-
jornalismo e suas forme proposto por Moore (apud Buonanno,
transformações recentes 2004:342), os consumidores da programação
televisiva podem “vagar, sem se deslocar de
sua própria casa ou de sua própria poltro-
na, entre diferentes e distantes localidades” a
Esse raciocínio leva às questões que em- partir da experiência de recepção, entende-
basam o presente texto: por que a narrativa se que é fundamental avaliar em que medida
ficcional, que “mimetiza e constantemente re- a telenovela cumpre seu papel ao enunciar
nova as imagens do cotidiano” (Hamburguer, realidades distintas àquele que a toma como
1998:467) nacional, não seria capaz de ofere- objeto de lazer – e, por que não, informação.
cer informação a seus telespectadores? O que
diferencia o discurso ficcional daquele apre- O discurso informativo, o lúdico e o
sentado diariamente como informação? Seria entretenimento
esta um gênero “mais legítimo” – ou “mais
legitimado” por conta de estratégias de cons- Folhear um jornal diário de uma grande
trução discursiva, como lembra Street (2001) cidade, seja qual for o Estado, país ou hemis-
– ou apenas diferente de narração do mundo, fério planetário, é o tipo de experiência que
de transmissão de saberes e/ou olhares? nos impõe um contato imediato com um
Nossa perspectiva é a de que, além de sem-número de informações. Textos, fotos,
apenas produzir ou “simular” efeitos de real artes, gráficos, títulos, legendas – sobre os
ao criar uma realidade de representações mais diversos temas locais, regionais, nacio-
(Lima, 1991; Borges, 2008:84), os produtos nais, globais... – “falam” ao leitor de forma
ficcionais oferecem informações e conteúdos simultânea; exigem dele, por natureza, certa
de relevância, inclusive política (Panke, 2010; capacidade de absorção e interpretação con-
Martino, 2011), em seus discursos, mesmo dizente com tal volume de conteúdos.
quando estes se apresentam como diverti- Mas apreender o turbilhão de informa-
mento descompromissado. ções da contemporaneidade não é, apenas,
Mais do que partimos à procura de res- uma questão de capacidade cognitiva; há que
postas, buscamos aprofundar tais questões, se considerar a forma com que discursos e

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sentidos são construídos nas representações de proximidade e distância mantidas com


midiáticas. Há muito – e esta reflexão levan- o factual – quanto mais próximo do factu-
tamos para, mais adiante, aplicá-la à ficção al, mais “jornalístico”, mais próximo de um
seriada brasileira –, a leitura do mundo, a “real” presumido e, portanto, digno de cré-
partir delas, depende de estruturas textuais dito (Barros Filho, 1994, 1995). A diagrama-
agradáveis, facilmente compreensíveis e, até, ção dos jornais impressos reforçava, e ainda
prazerosas (ou divertidas) de se consumir. reforça, essa clara divisão ao reservar espaços
O problema das relações entre informa- visíveis de opinião – os editoriais e colunas
ção e entretenimento desafia a pensar, por – em contraposição ao lugar dedicado às no-
outro lado, a própria natureza do jornalismo tícias e reportagens. Dessa maneira, mesmo
e suas transformações recentes. As críticas ao dentro do espaço que pretendia manter os
tratamento dado por sites, jornais e telejor- maiores vínculos com o factual, o Jornalis-
nais a determinados tipos de notícia pauta-se mo, a separação entre “informação” e “opi-
na percepção de que há, em certas coberturas, nião” era construída não apenas no texto,
um tratamento da informação que privilegia mas também na apresentação visual desses
o espetacular em detrimento do jornalístico, textos distribuídos pelas páginas.
do factóide sobre a apuração, com vistas a Essa divisão entre o informativo e o opi-
adequar a produção e divulgação de um dado nativo apresentava-se, de acordo com alguns
factual às lógicas do entretenimento. autores, como uma estratégia por excelência
Se é lícito pensar, com Cremilda Medina para separar o “fato” da “opinião”, resguar-
(1984), que a consolidação do mercado de dando para o primeiro a característica de
Comunicação leva ao desenvolvimento da relatar os acontecimentos, na reprodução do
notícia como um “produto à venda”, atual- ocorrido, em contraposição com o local de
mente parece existir uma preocupação em análise e interpretação desses fatos. A doutri-
tornar essa notícia palatável para o gosto de na da objetividade jornalística, por exemplo,
um público presumidamente interessado se ancorou largamente na delimitação des-
apenas no tratamento “light” de fatos, como ses espaços na construção de sua legitimi-
lembra Fábia Angélica Dejavite (2008). dade como modus operandi do Jornalismo:
O tratamento do fato, lembra Thompson os fatos, reservados às notícias, eram acom-
(2005), ganha os contornos e os moldes da- panhados de opiniões, mas com elas não se
dos a eventos de caráter outro que não jor- misturavam, garantindo uma aparente neu-
nalístico, permitindo uma diluição de fron- tralidade do discurso (Martino, 2010).
teiras entre a informação e o entretenimento. Fortemente baseada no ideal de transpa-
De certa maneira, este hibridismo pode rência e rigor racional que permeou o pensa-
ser inserido dentro de uma discussão mais mento moderno, a comunicação jornalística
ampla a respeito da existência de uma “in- tem como pilar de sustentação de seu discur-
formação” pura, desprovida de outro sentido so a objetividade – que, segundo Sponholz
que o de levar o relato de um fato a um des- (2009:18), pode ser entendida como “a ade-
tinatário possível – algo caro por muito tem- quação de uma representação à realidade”;
po à doutrina do Jornalismo, sobretudo no sua capacidade, enfim, de aproximar a “rea-
discurso da objetividade. A preservação da lidade midiática” produzida pelo jornalismo
“informação” foi parte integrante do cânone do mundo que a inspira. A argumentação
jornalístico durante um considerável tempo. dominante era, enfim, a de que a comuni-
Na medida em que isso subverte alguns dos cação de massa seria um instrumento para
pressupostos desse discurso, vale a pena pen- estar em sintonia com o cotidiano, crescendo
sar brevemente nessas relações. a partir de e, ao mesmo tempo, reiterando os
Tradicionalmente, os veículos de mí- ideais democráticos das sociedades moder-
dia dividiam-se de acordo com as relações nas (Benedeti, 2009).

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A perspectiva de que o mundo concreto não pelos valores-notícia consagrados den-


poderia ser transmitido “nu e cru” aos con- tro das pesquisas de newsmaking. O entrete-
sumidores de informação, porém, foi su- nimento, nesse sentido, seria convertido em
perada conforme os esforços no sentido de um “valor-notícia” fundamental, talvez entre
compreender a comunicação de massa fo- os mais importantes que definem a trans-
ram fortalecidos. A idéia de uma chamada formação de um fato em relato jornalístico
“teoria do espelho”, na qual o jornalismo se- (Aguiar, 2008). O potencial de uma notícia
ria capaz de reproduzir integralmente o real, para chamar a atenção e render uma boa
acabou cedendo espaço à visão construtivista, cobertura se sobreporia a outros critérios
que pressupõe que, assim como ocorre em talvez mais importantes e necessários para
outros discursos – como o artístico, o publi- a orientação de discussões na esfera pública.
citário, etc. – o noticioso também resulta de Isso remete, por outro lado, às possibili-
um processo intersubjetivo, em que “intera- dades de uma crítica do entretenimento com
gem fatores de natureza pessoal, social, ide- base em fatores vinculados às relações entre
ológica, histórica e do meio físico e tecnoló- mídia e política. Se, por um lado, o hibri-
gico” (Sousa, 2003:3) capazes de modificar, dismo entre informação apresentada como
em medidas variadas, o conteúdo elaborado factual e o entretenimento derruba as fron-
e produzir uma realidade à parte. teiras entre opinião, notícia e diversão, por
A crítica à objetividade da mídia, se por outro lado é possível questionar se isso não
um lado explorou largamente as contradi- coloca em um mesmo patamar mensagens
ções desse discurso da separação entre fatos e de natureza, teor e impacto diferentes – em
opiniões (Barros Filho, 1994), por outro lado termos simples, nivela a informação “séria”,
vem sendo reelaborada no sentido de estabe- vinculada a assuntos de interesse político,
lecer parâmetros para a narrativa dos fatos cultural e econômico, e a notícia “light”, que
(Sponholz, 2009) e, em particular, ainda não tem, em tese, muito menos impacto no curso
estabeleceu parâmetros para lidar com a en- dos acontecimentos públicos. Nesse sentido,
trada de um terceiro componente na forma- é necessário pontuar uma possibilidade de
ção dessa narrativa, o entretenimento. inserção dessa perspectiva híbrida no espaço
Em outras palavras, a crítica à objetivida- de discussões.
de da mídia mostrou uma proximidade entre Se, com Habermas (1992, 1997), é possí-
informação e opinião no discurso jornalístico vel pensar na deliberação existente na esfera
que parece ganhar ainda mais força quando a pública como passível de ser atingida pela
articulação ganha um novo item, o entreteni- formação de argumentos oriundos de in-
mento. Nessa trilha, a produção de discursos formações presentes na mídia, então é pos-
híbridos permite questionar em que condi- sível argumentar que o entretenimento não
ções seria possível ainda falar de um discurso deixaria de ter a prerrogativa de dotar as
informativo – em uma perspectiva crítica, é instâncias de discussão na sociedade de re-
possível considerar que a mistura de entre- cursos para essa argumentação. Como mos-
tenimento e jornalismo leva a privilegiar a tram, nos últimos anos, vários pesquisado-
informação fácil, descontextualizada, pensa- res (Street, 1986, 2001; Van Zoonen, 2005),
da, segundo Amaral (2008), para um público o entretenimento está longe de ser incapaz
segmentado e interessado apenas na dimen- de promover formas de engajamento cívico
são lúdica do produto informativo. e participação política, no sentido amplo
O entretenimento, em última análise, não da palavra, isto é, como a construção de re-
se insere na perspectiva de uma informação presentações de grupos no contexto de uma
objetiva; ao contrário, ele seria, de antemão, sociedade. Nesse sentido, não significaria
pensado como parte de um processo orien- necessariamente uma diminuição na partici-
tado por critérios de entretenimento e ficção, pação de indivíduos em problemas coletivos,

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como argumenta a tese de Putnam (2004) No âmbito deste trabalho, o exame da dis-
sobre a influência da mídia e do entreteni- tinção entre ficcional e informativo indica,
mento no declínio do engajamento cívico nos dois casos, a possibilidade do estabeleci-
dos indivíduos, mas de uma transformação mento de representações da realidade a partir
no modo como isso ocorre. dos quais é possível pensar o caráter político
É a partir desse ponto de vista que se pode e social de certos temas, unindo a lógica do
pensar no hibridismo entre informação e en- ficcional e do factual – ou da informação e do
tretenimento como um fator construtivo na espetáculo – nessa perspectiva. No caso deste
elaboração de representações na busca por trabalho, da representação de uma alteridade
voz, legitimidade e reconhecimento dentro construída no discurso ficcional.
de um espaço social mais amplo. Tanto a in-
formação factual quanto o entretenimento,
na medida em que são ambas narrativas so-
bre o mundo – e, na visão de Luiz Costa Lima A crítica à
(1981), constitutivas do mundo – não deixam objetividade da
de ser representações da realidade, consti- mídia mostra
tuídas de acordo com escolhas, critérios e ainda mais força
seleções pautadas, por sua vez, em visões de quando a articulação
mundo elaboradas social e historicamente.
ganha um novo item,
A legitimidade do produto informativo,
representado, sobretudo, pelo jornal, na ga- o entretenimento
rantia de sua representação “isenta” da reali-
dade, confrontava-se com a legitimidade da
narrativa ficcional que, por seu turno, não Tal raciocínio se encaixa em nossa refle-
teria o compromisso com o factual. No en- xão sobre a necessidade de se desenvolver
tanto, enquanto formas de narrativa, ambos um olhar crítico – porém, não necessaria-
se prestam a veicular conteúdos de caráter mente negativo ou pessimista – sobre a pos-
político-social, e, em outro sentido, ambos sibilidade de o entretenimento ter se torna-
são discursos vinculados às condições so- do indissociável dos discursos veiculados
ciais nas quais são produzidos e, se mantêm nas mídias – e, também, trazer-lhes algum
distâncias no que diz respeito à pretensão de benefício. A partir de agora, passaremos a
validade enquanto representação fidedigna concentrar nossos esforços na tentativa de
da realidade, por outro lado mantêm igual- expandir tal conceito e aplicar seu inverso –
mente intersecções na medida em que, como ou seja, a inserção da informação cultural de
discursos, são resultados de discursos ante- relevância nos produtos de entretenimento –
riores que se entrecruzam – o “mosaico de ao segmento de ficção seriada, com ênfase na
citações”, ao qual alude Kristeva (2004), não telenovela brasileira.
faz distinção necessária entre ficcional e fac-
tual na construção de narrativas. O informativo no espaço lúdico: o caso
Em termos do balanceamento entre essas da ficção seriada
duas dimensões, vale recordar que nenhuma
narrativa ficcional deixa de ter vínculos com Todo ato de narração, do diálogo presen-
o real, ao mesmo tempo em que mesmo a cial à telenovela, indica a importância da nar-
narrativa dedicada a uma representação fiel rativa na consolidação das culturas nas socie-
da realidade falhará em cumprir integral- dades. Além de servir como instrumento de
mente seu propósito diante da impossibili- perpetuação de saberes e de enriquecimento
dade ontológica de submeter o real a uma da imaginação, auxilia o ser humano a dar
narrativa. sentido ao mundo à sua volta. A dimensão

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pragmática ou utilitária (Benjamin, 1996:200) Em outro sentido, também se tem discu-


do ato de narração precede o estabelecimento tido a possibilidade de a ficção ser um espaço
de uma cultura que prioriza os relatos pro- relevante para o estabelecimento de esferas
duzidos no suporte audiovisual; cresce e se de debate e interlocução, não apenas em re-
amplifica, porém, diante das novas possibili- lação a temas culturais como, também, no
dades por ele oferecidas. Isto é de extrema im- que concerne à discussão de questões polí-
portância para compreendermos as bases da ticas, sociais ou de gênero (Marques, 2002).
dimensão informativa que se pretende iden- Conforme argumenta Porto (2002:19), ao
tificar na ficção audiovisual contemporânea. discutir a recepção da ficção e seu papel no
fornecimento de conhecimentos ao públi-
co, “devido ao seu papel de orientação e sua
popularidade, as novelas brasileiras se torna-
A informação, ram parte central do processo pelo qual ci-
assim como na dadãos comuns fazem sentido do mundo da
estrutura do relato política” (Porto, 2002:19).
jornalístico, é um Por ter acompanhado, ao longo de sua
discurso sobre consolidação no mercado nacional, a se-
qüência de transformações pelas quais o
o mundo
país passou desde a década de 1960 até a
virada do século XXI, a telenovela brasileira
sempre esteve em sintonia com o universo
sociocultural de seus espectadores. A des-
Ao delinearmos as narrativas capazes de crição do contexto de sua época e a capaci-
agregar informação enquanto divertem – a dade de “cimentar” e “colar” seus elementos
partir do uso de recursos lingüísticos e estéti- (Velho, 2002:117), funções básicas das re-
cos os mais variados –, aponta-se a telenovela presentações sociais, estão no centro destas
como o produto de ficção por excelência ca- “narrativas da nação” (Hall, 2001; Bhabha,
paz de levar tal noção à prática na TV aberta. 1998) capazes de dizer, em alguns minutos
Ao incorporar temas do cotidiano, em cons- de imagem e discurso, quem nós fomos, so-
tante passagem entre ficção e mundo real mos, seremos – ou mesmo seríamos (Mar-
(Wolton, 2006:163), as novelas têm em mãos tino, 2010; Lobato, 2011).
dois elementos de força no contexto das mí- Vale destacar, nesse sentido, uma mu-
dias: interpenetrabilidade e atualização cons- dança na valoração dos produtos de entre-
tante de seus discursos, o que lhes confere tenimento, em especial das narrativas da
um espaço à parte nos processos cognitivos teledramaturgia, que se verifica, sob várias
protagonizados pelo telespectador. modalidades, desde os 1980, quando alguns
Não à toa, há tempos a observação dos autores passaram a propor uma reavaliação
recursos, usos e apropriações dessas nar- dos produtos da chamada “Indústria Cultu-
rativas começou a conquistar espaço aca- ral” não mais em uma perspectiva de mani-
dêmico. Pesquisas no campo dos estudos pulação, mas do ponto de vista de conflitos
culturais e de recepção (Lopes et alli, 2002; e resistências na tentativa de construção de
Ferin, 2006; Costa, 2000; Jacks, 2009; Poli- hegemonias (Lins da Silva, 1980). Essa mu-
carpo, 2009) indicam que a ficção seriada dança no estatuto epistemológico do entre-
transcende o ato de entreter no horário tenimento enquanto objeto relevante de es-
nobre da TV aberta, servindo também na tudo na área de Comunicação – no sentido
reiteração de identidades, de produção e re- que Bourdieu (1997) define uma “hierarquia
produção de visões de mundo, percepções dos objetos” de estudo dentro do campo aca-
sobre si mesmo e de alteridades. dêmico, aos quais são conferidos diferentes

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graus de legitimidade – se consolidou, já nos enunciar ao máximo a complexidade das


anos 1990, com várias pesquisas no âmbito questões e elementos do mundo concreto.
da teledramaturgia, em especial das teleno- Não à toa, vários fatos e momentos mar-
velas (Baccega, 1994). cantes da história brasileira foram utilizados
Em seu trabalho sobre a presença e a po- como referência espaço-temporal nas tele-
sição da figura feminina na teledramaturgia novelas das épocas correspondentes – a ex-
brasileira, Hamburguer (1998) toma como plosão da era disco em Dancin’ Days (1978),
base a perspectiva de que a ficção amplifica as as crises políticas dos tempos de redemocra-
polêmicas e questões que dominam o debate tização em Vale tudo (1988) e Deus nos acuda
público durante seu contexto de exibição. (1992), as conquistas das mulheres em Ga-
Além da questão da posição social da briela (1975) e a lógica do mundo das cele-
mulher, outros exemplos elencados pela bridades em Top model (1989) e Celebridade
autora, como a discussão sobre corrupção (2003), por exemplo.
e adultério na telenovela O homem que deve No espectro das abordagens de temas so-
morrer (1971), e a sobre sexo antes do casa- ciais polêmicos, alguns casos mais recentes
mento em Selva de pedra (1972), apontam podem ser citados na dramaturgia da Rede
uma preocupação crescente não apenas Globo: o consumo de drogas em O clone
em “incorporar temas do âmbito público (2001) e Passione (2010), a esquizofrenia em
em suas narrativas teoricamente voltadas Caminho das Índias (2009), a Síndrome de
para o universo privado” (Hamburguer, Down em Páginas da vida (2006), a repro-
1998:469), como também, em criar novas dução assistida em Barriga de aluguel (1990),
representações para uma sociedade que a anorexia alcoólica e a deficiência física em
vivia uma época de intensas mudanças so- Viver a vida (2009), a violência doméstica e
ciais, culturais e políticas. a homossexualidade feminina em Mulheres
A telenovela se constituiu desde o início, apaixonadas (2003) e a doação de medula em
portanto, como um fórum ou espaço de dis- Laços de família (2000), entre tantos outros.
cussão em potencial, em que poderiam circu- Há, neste caráter de mediação entre o
lar assuntos os mais variados de caráter atual real e a representação, entre a atualidade e o
e/ou relevante. Assim, conforme argumenta discurso sobre ela, herança direta da estru-
Marques (2002:3) ao analisar a representa- tura de repasse de conteúdos da informação
ção da homossexualidade na ficção seriada, jornalística. Como aponta Sponholz (2009),
pouco a pouco os debates em uma esfera considerar a “realidade midiática” uma res-
deliberativa de natureza cultural passam a significação da realidade primária pressu-
se configurar como questões políticas, “fruto põe compreender que, antes de mais nada, a
das relações intersubjetivas cotidianas” e in- informação é um discurso sobre o mundo, e
timamente ligadas à ascensão dos discursos não ele próprio; assim como na estrutura do
identitários, já que “o mundo do outro que relato jornalístico, o discurso de ficção tende
aparece na tela da TV confere visibilidade ao a buscar aproximação com o real concreto,
repertório da pluralidade de estilos de vida e sendo constitutivo e interpretativo, ao invés
identidades de modo a evidenciar processos de reflexivo, de seus elementos.
de luta por reconhecimento”. Mas não é apenas devido ao interesse
Em suma: assim como no discurso infor- em incluir nas representações elementos de
mativo tradicional, são de extrema importân- atualidade que a ficção se vale deste recur-
cia na ficção televisiva a relevância social e a so. Por trás, há um interesse específico: o de
proximidade espaço-temporal dos assuntos, torná-la um lócus de acesso à identidade,
assim como a capacidade de usar os supor- ou a fragmentos/elementos desta. Confor-
tes midiáticos a seu favor para elaborar uma me alerta Hall (2001:48), as identidades
seqüência de imagens capaz de descrever ou culturais são elementos indissociáveis das

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representações, sendo formadas e transfor-


madas no interior delas. E, a nosso ver, a Considerações finais
telenovela é um dos produtos constitutivos
O percurso teórico deste texto buscou
da identidade brasileira de maior penetra-
resgatar algumas características centrais do
bilidade social nesse sentido.
entretenimento, contrapondo-as e, por fim,
Diversos estudos apontam que a relação
mesclando-as às noções do discurso infor-
entre a narração e a identidade (Bhabha,
mativo tradicional. Além disso, analisou-se
1998; Barthes, 1973, Benjamin, 1996; Barker,
a apresentação de informações próximas do
1997) transcende, e muito, o espectro do di-
que seria um discurso do factual jornalístico
vertimento e do lazer; mais que um produto
dentro do discurso da ficção televisiva.
ou discurso de identidade, a narrativa é um
É preciso ressaltar que a questão aqui le-
instrumento a partir do qual o indivíduo se
vantada não é a capacidade de a telenovela
posiciona diante do mundo e tenta compre-
ser necessariamente um produto informati-
endê-lo. vo, o que contrariaria formulações básicas do
Por sua relação com o cotidiano do país gênero, mas de ter aspectos informativos in-
e por suas matrizes históricas, nas quais “se cluídos em si: ela trabalha com informações,
resolvem e mestiçam a narrativa popular e cruzando-as com a ficção à hora de produ-
a serialidade televisiva” (Martín-Barbero, zir seus relatos. Nesse sentido, como lembra
2004:171), consideramos a telenovela capaz Bulhões (2009), opor ficção e realidade pode
de fornecer ao telespectador bases para a de- ser uma perspectiva limitadora, como o seria
finição de um “Eu” e para o estabelecimento crer que a ficção tem a obrigação natural de
de “fronteiras” simbólicas, recorrendo às pa- ser real. Como apropriadamente diz Sodré
lavras de Lotman (1998), entre este e o “Ou- (2009:167), “o texto jornalístico pode ser reto-
tro”. É, portanto, um dos produtos de ficção ricamente ficcional, mas não fictício, enquan-
constitutivos da identidade brasileira de to o literário comporta o ficcional e o fictício”.
maior relevância, por ser espaço de delimi- Ou seja: diferentemente da comunicação
tação do “Eu”; como diz Lopes, em referên- jornalística – que pode absorver um estilo e
cia à interação cultural mediada pela ficção uma estética próprios às narrativas ficcionais
(2004:15, grifo nosso), “a afirmação de uma ao informar, mas não deveria, em hipótese
identidade se fortalece e se recria na comu- alguma, “mentir” –, a ficção seriada se re-
nicação – encontro e conflito – com o outro”. serva o direito de modificar aspectos da re-
Faz parte de certa dimensão informativa alidade, e na criação poética, como lembra
da ficção a capacidade de enunciar os vá- Aristóteles, apresentar-se como verossímil – é
rios elementos que compõem uma suposta aí que podem entrar as estruturas de enun-
“identidade nacional”, servindo como ins- ciação informativa.
trumento de acesso, conhecimento e, tam- Em relação a este fenômeno, há duas vi-
bém, de reformulação desta. É inegável que sões possíveis: a primeira, positiva, é de que
este processo é problemático – sobretudo le- a representação se valha de componentes
vando em conta as várias quebras, fissuras e lúdicos para auxiliar a experiência do públi-
“contra-narrativas” identitárias, que expõem co; a segunda, é a de que o entretenimento
a fragilidade de todo trabalho de represen- seja manipulado ao ponto de torná-lo esca-
tação (Bhabha, 1998); porém, tão ingênuo pe, fuga e até distanciamento da realidade.
quanto acreditar na existência de um único É possível, como um meio termo, advogar a
“jeito de ser brasileiro” a ser representado na via de que as dimensões lúdica e informativa
ficção é acreditar que esta – ou o próprio dis- tendem a enriquecer a experiência de consu-
curso informativo tradicional – tem capaci- mo dos produtos midiáticos e enquadrar-se
dade de apresentá-lo integralmente. na primeira opção.

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No caso da telenovela brasileira, quan- ou danos à qualidade da informação, que se


do aplicados, esses recursos permitem ao pretende repassar.
espectador assistir a um produto de ficção Assim como, no sentido inverso, autores
mais rico em conteúdos, ao mesmo tempo como Brants (1998) e Dejavite (2008) já ha-
em que não o forçam a abdicar do diverti- viam apontado que um noticiário jornalís-
mento propiciado pelas tramas televisivas. tico pode ser bem mais do que a leitura de
Os exemplos de telenovelas da Rede Globo um relatório repleto de números e discursos
citados anteriormente servem para ilustrar impessoais, assistir à telenovela pode ser bem
tal possibilidade. Recorrendo às palavras mais que uma rendição ao escapismo possi-
de Vilém Flusser (2008), podemos afirmar bilitado pela mídia audiovisual. Seja qual for
que, com a telenovela, a difícil tarefa de o ponto de partida, informar-se com a diver-
“decifrar” e compreender o “mundo-texto” são ou divertir-se com a informação pode ser
– entendido como a realidade complexa e uma experiência bem mais frutífera do que
múltipla que se nos apresenta diariamente – os críticos fervorosos da contemporaneidade
pode se tornar mais simples e, inclusive, di- tentam nos fazer crer.
vertida. É isso, sem maiores conseqüências (artigo recebido ago.2011/aprovado set.2011)

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