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CONCEPÇÃO HISTÓRICA DA

HOMEOPATIA E DO
PROCESSO SAÚDE-DOENÇA

HAHNEMANN HIPÓCRATES

Prof. Idivaldo Micali - Farmacotécnica Homeopática


A descoberta da Homeopatia foi uma revolução médica, um rompimento com o
espírito de sistema e o dogmatismo que faziam da medicina do século XVIII “um teatro
de hipóteses e muitas vezes contraditórias, de explicações, de demonstrações, de
conjecturas, de dogmas e de sistemas”. -
Dr. Denis Demarque (1915-1999) – médico homeopata francês

▪ O médico alemão Samuel Hahnemann, foi o criador da Homeopatia, no ano de 1796. Essa
“revolução médica” (descrita no texto acima), vem revelar que a Homeopatia surgiu de uma
grande insatisfação pessoal e científica de Hahnemann; não concordando com hipóteses,
sofrimento dos doentes e na maioria das vezes, sofrimentos estes pagos com a morte, a
inquietude e curiosidade marcaram a vida deste sábio médico alemão.
▪ Para Samuel Hahnemann, “estudar os doentes, estudar os medicamentos, estudar como
aplicar os medicamentos aos doentes, isto é a verdadeira medicina de todos os tempos”
▪ Assim, é necessário ficar claro que a Homeopatia, desde seus primórdios, concentra-se
em duas vertentes:
- centrar-se no paciente – observando-o com profundidade e,
- procura conhecer amplamente as drogas, para serem aplicadas com seguranças a estes
pacientes.
▪ A primeira metade do século XIX foi uma decepção para os médicos e seus pacientes. Com
a moderna química surgindo, a terapêutica médica estava em um período de contestação e
descrédito. O ceticismo terapêutico era popular nos mais altos escalões da medicina; havia
um abismo entre o conhecimento científico do corpo humano e as perspectivas de tratar
suas doenças.
▪ O surgimento da Homeopatia representou uma reformulação radical no pensamento médico,
tanto no aspecto conceitual como clínico, propondo uma abordagem médica revolucionária
para a época ao considerar o doente em sua totalidade, e não apenas a superficialidade da
doença, ou ainda, os sintomas físicos aparentes. Esta modernidade na medicina, introduzida
por Hahnemann, ao ampliar a visão da doença para o doente, inserindo-o num contexto
holístico, de certa forma começa a definir um novo campo para a medicina moderna.
▪ Se é que podemos dizer “uma medicina bem feita” ou ainda, “um olhar humanitário sobre o
paciente” nesta mesma medicina, o objeto da pesquisa não é um órgão isolado, é o Homem
e, principalmente o Homem doente, considerado em sua unidade, com sua sensibilidade
e reatividade individuais.
▪ Ademais, num estudo publicado em 1805, Hahnemann escolhe como título de “Medicina da
Experimentação”. Esta experimentação nada mais é que conhecer profundamente as
drogas antes de aplicá-las nos doentes; desta forma, o método hahnemanniano – a
Homeopatia – situa-se num plano extritamente experimental.
HIPÓCRATES (468 – 377 a.C.)

▪ As primeiras tentativas de criar uma teoria racional sobre a saúde e a doença


deu-se nas escolas médicas da antiga Grécia; surgiram, por volta do século VI a. C.,
linhas básicas de uma tentativa racional, baseada em idéias reconhecidamente ocidentais,
de compreender o corpo humano e suas aflições.
▪ Hipócrates foi o maior representante do pensamento médico grego; tradicionalmente é
considerado o fundador da medicina ocidental.
▪ Estabeleceu a atividade médica apoiada no conhecimento experimental desvinculada da
religião, da magia e da superstição.
▪ O corpus hipocraticum (conjunto de obras atribuídas a Hipócrates), compartilha uma
perspectiva essencialmente racionalista, onde as doenças deviam ser interpretadas
considerando-se o quadro particular de cada individuo.
▪ “Examinar o corpo requer visão, audição, olfato, tato, paladar e raciocínio” afirmava Hipócrates.
▪ A terapêutica tinha por base a vis medicatrix naturae, ou seja, o poder curativo da natureza.
▪ Entendia a doença como a perturbação do equilíbrio, o qual mantinha o ser humano
em harmonia consigo mesmo e com o meio ambiente.
▪ Os sintomas são reações do organismo à enfermidade e o trabalho dos médicos
era ajudar as forças defensivas naturais orgânicas.
▪ A observação, com uma perspectiva do desenvolvimento de um prognóstico,
surge como a atitude básica da medicina hipocrática.
▪ O verdadeiro espírito hipocrático postula a importância da observação total do
doente, o princípio da unidade do ser vivo, a modernamente chamada integração
psiconeuro-endócrina.
“Na verdadeira medicina não se deve limitar a conhecer a natureza do corpo; deve dedicar-
se a natureza do todo, e ver, por conseguinte, como se comporta o organismo em relação ao
universo inteiro; só assim é possível perceber de maneira profunda a constituição de um
ser”, segundo Hipócrates.
▪ A concepção holística da enfermidade considera a lesão local como secundária a um
processo de desordem do equilíbrio orgânico; desse modo, há um coeficiente reacional
individual a cada doente.
▪ Hipócrates era um médico prudente e sua preocupação em não prejudicar o doente não o
levava ao ceticismo terapêutico; a observação estava em primeiro lugar. Na época, o
diagnóstico e o tratamento não eram fáceis ou indolores, e tanta ênfase em descrever para o
paciente, o que podia ser esperado deste tratamento, era um rumo prudente.
Assim, Hipócrates interrogava e observava, o cosmo, a vida, o Homem, a doença; isto tudo
para primeiro compreender e em seguida aplicar um tratamento mais adequado.
▪ A história revela que Hahnemann lera Hipócrates linha por linha e reconhecia no médico
grego o primeiro a insistir sobre a primazia da observação e da experiência em medicina.
“Nunca se esteve tão perto de descobrir a arte de curar como na época de Hipócrates;
esse observador escrupuloso procurava a natureza na natureza e assim, descrevia as
doenças com exatidão...”, afirmou Hahnemann.

►Porém, onde está o grande enigma da existência da doença e da saúde? Quais os


fatores ou forças que determinam estas situações, ou seja, porque ficamos doentes
porque curados?
▪ Em corpus hipocraticus a doença é vista como um processo da natureza, durante a qual
sinais e sintomas crusciais podem ser discernidos. Então, a doença era vista como uma
perturbação no enfermo como um todo e não como processos independentes de seus
órgãos.
▪ Para Hipócrates algo diferenciado faziam os seres crescer, movimentar, adoecer, curar,
enfim, um princípio de ação que seria responsável por “animar” o corpo.
▪ De acordo com este pensamento hipocrático, a vida é produto da alma, assim, alma e
FORÇA VITAL eram um só princípio, aquele que anima o corpo.
▪ Diante deste conceito, o corpo físico dos seres vivos é animado e dominado por um
princípio imaterial chamado força vital.
▪ Hipócrates é considerado o introdutor do pensamento de que a força vital é o princípio
capaz de dominar e explicar os fenômenos vitais e por conseguinte também a doença e a
saúde. Assim, seria a força vital o único determinante em caracterizar um ser saudável ou
Doente.
▪ O VITALISMO é a doutrina que afirma a existência de um princípio irredutível ao domínio
físico-químico para explicar os fenômenos vitais.
▪ No Vitalismo a força vital é definida como a unidade de ação que rege a vida física,
conferindo-lhe as sensações próprias da vida e da consciência.
▪ Para Hipócrates o médico deveria limitar-se a agir como servidor dessa força natural e a
encontrar mecanismos de estímulo desta poderosa capacidade de equilibrar o HOMEM em
sua plenitude, ou seja, encontrar mecanismos de equilíbrio da força vital.
▪ Assim, os níveis dinâmicos do ser humano, o físico, emocional e mental, devem ser
mantidos em equilíbrio pela força vital.
►Desta forma:
- Em toda doença, seja ela qual for, existe realmente ruptura da força vital.
- A origem primária das doenças está na perturbação da força vital.
- Portanto, as doenças são modificações danosas da força vital.
VITALISMO: é uma doutrina de defende a existência de uma condição que rege e
harmoniza o ser vivo, sendo este um fenômeno imaterial que inexiste na substância morta e
que caracteriza a vida. Esta condição (ou fenômeno imaterial) é que mantém e harmoniza os
fenômenos da vida e é de fácil observação, pois, diferencia, em sua essência as coisas
vivas das não vivas.

FORÇA VITAL: é força que anima o corpo material; tem um poder ilimitado e mantém todas
as partes do organismo em perfeita atividade harmônica, em suas sensações e funções, de
maneira que o espírito dotado de razão, que reside em nós pode livremente dispor deste
instrumento vivo e são para atender aos mais altos fins de nossa existência.
O organismo material, destituído de força vital, não é capaz de nenhuma sensação,
nenhuma atividade, nenhuma autoconservação. Assim a força vital é capaz de determinar
um estado são (saudável) e um estado mórbido (doente), oferecendo sensações e
estimulando as forças vitais.
SAMUEL HAHNEMANN E A HOMEOPATIA

▪ Christian Frederic Samuel Hahnemann (1755, Meissen/Alemanha – 1843, Paris/França)

▪ Aos 20 anos, terminou seus estudos em Meissen (Alemanha), dominando fluentemente


vários idiomas, entre eles o francês, o italiano, o inglês, o latim, o grego, o árabe e o sírio.

▪ Em 1775 foi para Leipzig/Alemanha estudar medicina; para sustentar-se financeiramente,


ministrava aulas de línguas e traduzia obras científicas.

▪ Isso facilitou para que tivesse contato com correntes filosóficas da época, como o vitalismo
e o organicismo.

▪ Para Hahnemann o princípio vital era causa e não consequência


da estrutura orgânica de cada indivíduo..portanto, defensor do vitalismo.
SAMUEL HAHNEMANN E A HOMEOPATIA

Hahnemann tornou-se um crítico da medicina da época, que basicamente fazia sangrias,


fórmulas complexas e medicamentos tóxicos para o tratamento de doenças.

Hahnemann indignava-se com estes formatos agressivos e ineficientes que a


medicina de sua época empregava.
A Homeopatia...

...apoia-se no modelo conceitual de origem vitalista.

....reconhece a interdependência entre os processos psicomentais e o corpo,


sendo que a força vital tem um papel integrador.

...concebe a doença como um processo pode ter se iniciado nos níveis emocionais e
mentais dos indivíduos susceptíveis e posteriormente se manifesta sob forma orgânica.
HOMEOPATIA

A homeopatia fundamenta-se num aforismo enunciado por Hipócrates: “a doença é produzida pelos
semelhantes e pelos semelhantes retorna a saúde”. ►Similia similibus curentur.

A norma geral da terapêutica da época de Hipócrates era a do “contrário que será curado pelo
contrário”. ►Contraria contrariis curantur.

ATENÇÃO
Para compreender melhor como a similitude entra na Homeopatia, leia a História da Homeopatia (a
experiência de Hahnemann com a China) e assista aos videos sobre história da Homeopatia, que
serão emniados via e-mail.
Organon da Arte de Curar

§ 1. A mais alta e única missão do médico é restabelecer a saúde nos doentes, que é o
que se chama CURAR.

§ 2. O ideal máximo da cura é o restabelecimento rápido, suave e duradouro da saúde, ou


remoção e aniquilamento da doença, em toda sua extensão, da maneira mais curta,
mais segura e menos nociva, agindo por princípios facilmente compreensíveis.
CONCEPÇÃO DE SAÚDE E DOENÇA

SAÚDE: é um estado individual de harmonia vital, do corpo e da alma, que possibilita ao


indivíduo a liberdade da busca de seus mais altos desígnios de vida.

DOENÇA: é uma perturbação da força vital, imaterial de atividade própria, presente em toda
parte do organismo; é a única, que inicialmente sofre a influência dinâmica hostil à vida,
desenvolvendo no organismo sensações desagradáveis e atividades irregulares.
Ou ainda, a doença é a alteração do equilíbrio vital, que é inicial na instalação do processo
patológico, que precede e possibilita o desenvolvimento da alteração orgânico-mental.
Princípios e fundamentos

Para a homeopatia, a doença é o resultado da reação insuficiente do organismo diante de


agentes mórbidos, ou seja, a força vital perde sua competência em determinar o equilíbrio,
proporcionando, obviamente, um desequilíbrio sob a forma de doença.; portanto, é
Determinante, para recuperar a saúde, estimular a reação orgânica para que esta possa
superar a força da doença.

Situa-se aqui o princípio fundamental da homeopatia: a Lei dos Semelhantes:


“Toda substância capaz de provocar no Homem SÃO um conjunto de sintomas, quando
experimentada em doses subtóxicas; ao ser utilizada em DOSES HOMEOPÁTICAS, diluídas
e dinamizadas, é capaz de eliminar estes mesmos sintomas no Homem doente”

Como droga e doença agem no mesmo sentido haverá aumento conjunto da reação
orgânica, traduzindo em melhora ou cura.
Princípios e fundamentos

E porque Hahnemann escolheu o Homem são?

Porque somente num indivíduo gozando de pleno equilíbrio de sua força vital, ou seja, com
saúde, poderia compreender o verdadeiro efeito das drogas, as quais provocavam uma
doença artificial...semelhante a que deveria ser curada num outro indivíduo doente.

Afinal de contas, não se esqueça, a Homeopatia é a ciência da experimentação.


Princípios e fundamentos

E porque Hahnemann preferiu as pequenas doses?

Porque em um indivíduo já doente as drogas não poderiam trazer mais prejuízo para sua
força vital; seria necessário estimular e não destruir...como fazia a medicina da época.
 o EQUILÍBRIO PERFEITO da força vital é.....SAÚDE.

 o DESEQULÍBRIO da força vital é.....DOENÇA.

 a AUSÊNCIA TOTAL da força vital.....MORTE


Em nossa homeopatia, a que ensinamos e praticamos, o conhecimento do Ser é
fundamental. (Leon Vannier)

Esta frase resume os trabalhos de Hipócrates e Hahnemann: para realmente curar é preciso,
antes de tudo, compreender o desequilíbrio do paciente como um todo, não o tratando por
partes, muito menos deixar de adotar detalhada observação.

Se realmente a medicina moderna ainda considera Hipócrates o “Pai da Medicina”, ela


está precisando de mais obediência e fidelidade ao legado do mestre.
(seu prof. de Homeopatia)

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