Você está na página 1de 6

CONSCIÊNCIA- cap.

Livro: Introdução à Psicologia. Atkinson e Hilgard, 2018.

Não há consenso sobre uma teoria da consciência, pelo contrário, há


quase tantas teorias da consciência quantos indivíduos que teorizam sobre o
assunto. Na ausência de uma teoria geral, nossa discussão sobre a
consciência não poderá ir muito além de introduzir alguns termos e conceitos
que proporcionarão uma perspectiva sobre o tema.

Muitos livros defendem a consciência como a percepção atual do


indivíduo em relação a estímulos externos e internos, isto é, de eventos do
ambiente e de sensações do corpo, memórias e pensamentos. Esta definição,
identifica apenas um aspecto da consciência e ignora o fato de que também
estamos conscientes quando tentamos resolver um problema ou quando
deliberadamente escolhemos uma sequência de ações em resposta às
circunstâncias e aos objetivos pessoais. Estamos conscientes não só quando
monitoramos nosso ambiente (interno e externo), mas também quando
tentamos controlar o ambiente e a nós mesmos. Em suma, a consciência
envolve 1- o acompanhamento de nós mesmos e de nosso ambiente, de modo
que percepções, memórias e pensamentos estejam representados na
consciência, e 2- o controle de nós mesmos e do ambiente, de modo que
sejamos capazes de iniciar e encerrar atividades comportamentais cognitivas,
segundo Kihlstrom, ( 2007).

Monitoramento

O processamento de informações do ambiente é a função principal dos


sistemas sensoriais do corpo. Isso leva à consciência do que está acontecendo
a nossa volta, bem como dentro do nosso próprio corpo. No entanto não seria
possível dar atenção a todos os estímulos que incidem sobre os nossos
sentidos sem sentir uma sobrecarga de informações. Portanto, nossa
consciência se concentra em alguns estímulos e ignora outros. Muitas vezes as
informações selecionadas estão relacionadas a mudanças em nosso universo
interno ou externo. Enquanto se concentra neste parágrafo, por exemplo, você
provavelmente está alheio a vários estímulos secundários. Porém, se
ocorresse uma mudança- redução das luzes, cheiro de fumaça- você
repentinamente perceberia tais estímulos.

Nossa atenção é seletiva, alguns eventos tem prioridade sobre os


outros, em termos de acesso à consciência e de início de uma ação. Eventos
que são importantes para a sobrevivência geralmente tem prioridade. Se
estamos com fome, é difícil nos concentrarmos para estudar; se sentimos uma
dor súbita, nós expulsamos da consciência todos os outros pensamentos até
fazermos algo para que a dor pare.

As outras funções da consciência são planejar, iniciar e orientar


nossas ações. Se o plano for simples e realizado com facilidade (convidar um
amigo para o almoço) ou complexo e de longa duração (se preparar para uma
carreira profissional), nossas ações devem ser orientadas e organizadas para
estar em harmonia com os acontecimentos ao nosso redor. No planejamento,
os eventos que ainda não ocorreram podem ser representados na consciência
como possibilidades futuras. Podemos vislumbrar panoramas alternativos. Nem
todas as ações são orientadas por decisões conscientes, tampouco as
soluções para todos os problemas são realizadas em um nível consciente. Um
dos princípios da psicologia moderna é o fato de que os eventos envolvem
processos mentais conscientes e inconscientes, e de que muitas decisões e
ações são realizadas inteiramente fora da consciência. E, uma vez que temos a
solução, possivelmente não seremos capazes de explicar como encontramos
essa solução. A tomada de decisões e a resolução de problemas geralmente
ocorrem em um nível inconsciente, mas isso não significa que todos esses
comportamentos ocorrem sem reflexão consciente. A consciência não só
monitora o comportamento em curso, mas também desempenha um
papel no direcionamento e no controle desse comportamento.

Não podemos nos concentrar em tudo que está acontecendo ao nosso


redor em um determinado momento, nem podemos examinar nosso estoque
inteiro de conhecimentos e memórias de eventos passados. A qualquer
momento, podemos concentrar a atenção em apenas alguns estímulos. Nós
ignoramos, selecionamos e rejeitamos o tempo todo, de modo que o conteúdo
da consciência está sempre mudando. Mesmo assim, objetos ou eventos que
não são o foco da nossa atenção também podem ter alguma influência sobre a
consciência. Ex. você está em pé em uma fila conversando com um amigo
enquanto espera, ignorando outras vozes e ruídos, quando a menção de seu
nome em outra conversa chama sua atenção. Você não se deu conta de outra
conversa até que um sinal chamou sua atenção. Algumas pesquisas indicam
que registramos e avaliamos estímulos não percebidos de forma consciente.
Consideram que estes estímulos nos influenciam de forma subconsciente ou
atuam em um nível não consciente da percepção.

Memórias pré-conscientes: indica as memórias que são acessíveis à


consciência. Muitas memórias e pensamentos que não fazem parte de sua
consciência neste momento podem ser trazidas à consciência, se necessário.

Memórias pré-conscientes incluem lembranças específicas de


acontecimentos pessoais, informações acumuladas ao longo da vida,
conhecimento dos significados de muitas palavras, disposição das ruas de uma
cidade. Também abrangem o conhecimento de algumas habilidades
aprendidas, como dirigir um carro, amarrar um tênis. Esses procedimentos
operam fora da consciência, mas quando a nossa atenção é direcionada para
eles, somos capazes de descrever as etapas envolvidas.

Automatismo e Dissociação

Uma importante função da consciência é o controle de nossas ações. No


entanto, algumas atividades são praticadas com tanta frequência que se
tornam habituais ou automáticas. Ex: dirigir um carro; andar...O fato de se
habituar às reações que inicialmente exigiam atenção consciente é
denominado automatismo. Quanto mais uma ação se torna automática, menos
controle consciente ela requer.

O psiquiatra francês Pierre Janet (1889) criou o conceito de dissociação,


no qual, em determinadas condições, alguns pensamentos e ações se
separaram ou se dissociam do restante da consciência e operam fora dela.
Quando somos confrontados com uma situação estressante, podemos removê-
la temporariamente da mente para um funcionamento eficaz; quando estamos
aborrecidos podemos nos entregar a fantasias e devaneios. Esses são
exemplos de dissociação leve. Que envolvem a dissociação de partes da
consciência. Os exemplos mais extremos de dissociação são demonstrados
pelos casos de transtornos dissociativo de identidade ou de múltiplas
personalidades.

O inconsciente

Segundo a teoria psicanalítica, alguns impulsos e lembranças


emocionalmente dolorosas não estão disponíveis na consciência porque foram
reprimidos, ou seja, desviados para o inconsciente. Os impulsos e
pensamentos inconscientes influenciam nosso comportamento, embora atinjam
a consciência

de forma indireta- por meio de sonhos, comportamentos irracionais e


lapsos verbais.
DROGAS PSICOATIVAS/SEDATIVOS/ALCOOL

Introdução à psicologia-cap. 6 Consciência

Atkinson&Hilgard

As drogas podem ser usadas para alterar o estado de consciência de


uma pessoa. Desde a antiguidade, as pessoas tem usado drogas em busca de
estímulo ou relaxamento, para conseguir dormir ou evitar o sono, para melhorar
as percepções comuns ou gerar alucinações. A palavra “droga” pode ser usada
para se referir a qualquer substância (exceto alimentos e água) que altere
quimicamente o funcionamento do organismo. O termo “drogas psicoativas” se
refere as drogas que afetam o comportamento, a consciência e/ou o humor.
Incluem não só aquelas ilegais como também álcool, calmantes, nicotina,
cafeína.

Algumas das drogas psicoativas que são frequentemente usadas e


abusadas:

Sedativos- álcool, tranquilizantes, cola, Tiner

Opiáceos (narcóticos)-ópio, heroína, morfina

Estimulantes- anfetaminas, cocaína, nicotina, cafeína.

Alucinógenos- LSD, maconha, haxixe.

Essas drogas supostamente afetam o comportamento e a consciência


porque atuam no cérebro de formas bioquímicas específicas. Ao usar
repetidamente a pessoa pode se tornar dependente de qualquer uma delas. A
dependência de drogas tem três características fundamentais: 1- tolerância-
com o uso contínuo o indivíduo precisa tomar uma dose cada vez maior da
droga para obter o mesmo efeito; 2- abstinência- se o uso da droga é
interrompido, a pessoa tem reações físicas e psicológicas desagradáveis; e 3-
uso compulsivo o indivíduo consome mais drogas do que pretendia, tenta
controlar o consumo, mas não consegue e passa boa parte do tempo tentando
obter a droga.
O grau em que a tolerância se desenvolve e a gravidade dos sintomas
de abstinência variam de uma droga para outra.

Álcool: Muitas pessoas consideram a bebida alcoólica como parte


integrante da vida social. Ela promove o convívio, alivia a tensão, libera as
inibições e, geralmente aumenta a diversão. No entanto, beber socialmente
pode criar problemas no que se refere a tempo de trabalho perdido, fraco
desempenho “na manhã seguinte” e discussões e acidentes quando se está
embriagado. No caso de gestante ingerirem bebida alcoólica durante a
gestação pode sofrer abortos repetidas vezes, gerar bebês abaixo do peso ou
nascer com a síndrome do alcoolismo fetal que é caracterizado por
retardamento mental e várias deformidades no rosto e na boca do bebê.

Você também pode gostar