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PROVA 3 ANO

1) O monstrengo que está no fim do mar


Na noite de breu ergue-se a voar,
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse,
"Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?
E o homem do leme disse tremendo,
"El-Rei D.João Segundo".
(Fernando Pessoa. POEMAS ESCOLHIDOS. Ed. O Globo, 1997, p.150)

A epopéia marítima portuguesa, descrita pelo poeta, foi revestida de ousadias e destemores,
no entanto, ela só foi possível porque Portugal, antes de outros países europeus, reuniu as
necessárias condições para a conquista dos mares. Cite e explique duas precondições que
possibilitaram o pioneirismo português no processo de expansão marítima.

2) Observe a figura e leia o texto

Chantada a Cruz, com as Armas e a divisa de Vossa Alteza, que primeiramente lhe pregaram,
armaram altar ao pé dela. Ali disse missa o padre Frei Henrique (...). Ali estiveram conosco
(...) cinqüenta ou sessenta deles, assentados todos de joelhos, assim como nós. (...) [Na terra],
até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal (...)
Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve
ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
(Pero Vaz de Caminha. Carta do Achamento do Brasil, 10.05.1500.)
A respeito da tela e do texto, é correto afirmar que
a) demonstram a submissão da monarquia portuguesa à contra-reforma católica.
b) expressam o encantamento dos europeus com a exuberância natural da terra.
c) atestam, como documentos históricos, o caráter conflituoso dos primeiros contatos entre
brancos e índios.
d) representam o índio sem idealização, reservandolhe lugar de destaque no quadro, o que era
pouco comum.
e) apresentam uma leitura do passado na qual os portugueses figuram como portadores da
civilização—-

3) Enquanto os portugueses escutavam a missa com muito "prazer e devoção", a praia


encheu-se de nativos. Eles sentavam-se lá surpresos com a complexidade do ritual que
observavam ao longe. Quando D. Henrique acabou a pregação, os indígenas se ergueram e
começaram a soprar conchas e buzinas, saltando e dançando (...)
Náufragos Degredados e Traficantes (Eduardo Bueno)
Este contato amistoso entre brancos e índios preservado:
a) pela Igreja, que sempre respeitou a cultura indígena no decurso da catequese.
b) até o início da colonização quando o índio, vitimado por doenças, escravidão e extermínio,
passou a ser descrito como sendo selvagem, indolente e canibal. —--
c) pelos colonos que escravizaram somente o africano na atividade produtiva de exportação.
d) em todos os períodos da História Colonial Brasileira, passando a figura do índio para o
imaginário social como "o bom selvagem e forte colaborador da colonização".
e) sobretudo pelo governo colonial, que tomou várias medidas para impedir o genocídio e a
escravidão.

4) No Brasil, costumam dizer que para os escravos são necessários três PPP, a saber, pau, pão
e pano. E, posto que comecem mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera
a Deus que tão abundante fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o castigo.
(André João Antonil, Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas, 1711)
a) Qual a crítica ao sistema escravista feita pelo autor do trecho apresentado?
b) Indique dois motivos que explicam a introdução da escravidão negra na porção americana
do Império português.

5) A identidade negra não surge da tomada de consciência de uma diferença de pigmentação


ou de uma diferença biológica entre populações negras e brancas e(ou) negras e amarelas. Ela
resulta de um longo processo histórico que começa com o descobrimento, no século XV, do
continente africano e de seus habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse
que abriu o caminho às relações mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão
e, enfim, à colonização do continente africano e de seus povos.
K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade negra no Brasil. In:
Diversidade na educação: reflexões e experiências. Brasília: SEMTEC/MEC, 2003, p. 37.

Com relação ao assunto tratado no texto acima, é correto afirmar que


a) a colonização da África pelos europeus foi simultânea ao descobrimento desse continente.
b) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses a desenvolverem esse
continente.
c) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da escravidão no Brasil.
d) a exploração da África decorreu do movimento de expansão européia do início da Idade
Moderna. —-
e) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre esse continente e a Europa.

6) Não é minha intenção que não haja escravos... nós só queremos os lícitos, e defendemos
(proibimos) os ilícitos.
Essa posição do jesuíta Antônio Vieira, na segunda metade do século XVII,
a) aceita a escravidão negra mas condena a indígena.-----------
b) admite a escravidão apenas em caso de guerra justa.
c) apóia a proibição da escravidão aos que se convertem ao cristianismo.
d) restringe a escravidão ao trabalho estritamente necessário.
e) conserva o mesmo ponto de vista tradicional sobre a escravidão em geral.
7) Em Roma antiga, e no Brasil colonial e monárquico, os escravos eram numerosos e
empregados nas mais diversas atividades. Compare a escravidão nessas duas sociedades,
mostrando suas semelhanças e diferenças.

8) “Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na


técnica de exploração econômica, híbrida de índio – e mais tarde de negro – na composição.
Sociedade que se desenvolveria defendida menos pela consciência de raça, do que pelo
exclusivismo religioso desdobrado em sistema de profilaxia social e política. Menos pela
ação oficial do que pelo braço e pela espada do particular. Mas tudo isso subordinado ao
espírito político e de realismo econômico e jurídico que aqui, como em Portugal, foi desde o
primeiro século elemento decisivo de formação nacional; sendo que entre nós através das
grandes famílias proprietárias e autônomas; senhores de engenho com altar e capelão dentro
de casa e índios de arco e flecha ou negros armados de arcabuzes às suas ordens”.
De acordo com a abordagem de Gilberto Freyre sobre a formação da sociedade brasileira, é
correto afirmar que
a) a colonização na América tropical era obra, sobretudo, da iniciativa particular.-----
b) o caráter da colonização portuguesa no Brasil era exclusivamente mercantil.
c) a constituição da população brasileira esteve isenta de mestiçagem racial e cultural.
d) a Metrópole ditava as regras e governava as terras brasileiras com punhos de ferro
e) os engenhos constituíam um sistema econômico e político, mas sem implicações sociais.

9) “Não, é nossa terra, a terra do índio. Isso que a gente quer mostrar pro Brasil: gostamos
muito do Brasil, amamos o Brasil, valorizamos as coisas do Brasil porque o adubo do Brasil
são os corpos dos nossos antepassados e todo o patrimônio ecológico que existe por aqui foi
protegido pelos povos indígenas. Quando Cabral chegou, a gente o recebeu com sinceridade,
com a verdade, e o pessoal achou que a gente era inocente demais e aí fomos traídos: aquilo
que era nosso, que a gente queria repartir, passou a ser objeto de ambição. Do ponto de vista
do colonizador, era tomar para dominar a terra, dominar nossa cultura, anulando a gente
como civilização.”
(Revista “Caros Amigos”, ano 4, n. 37, abril/2000, p. 36)
A respeito do início da colonização, período abordado pelo texto, pode-se afirmar que a
primeira forma de exploração econômica exercida pelos colonizadores e a dominação cultural
e religiosa difundida pelo território brasileiro são, respectivamente:
a) a plantation no Nordeste e as bandeiras realizadas pelos paulistas.
b) a extração das "drogas do sertão" e a implantação das missões.
c) o escambo de pau-brasil e a catequização empreendida pela Companhia de Jesus.-----
d) a mineração no Sudeste e a imposição da "língua geral" em toda a Colônia.
e) o cultivo da cana-de-açúcar e a "domesticação" dos índios por meio da agricultura.

10) O Brasil foi dividido em quinze quinhões, por uma série de linhas paralelas ao equador
que iam do litoral ao meridiano de Tordesilhas, sendo os quinhões entregues (…) [a] um
grupo diversificado, no qual havia gente da pequena nobreza, burocratas e comerciantes,
tendo em comum suas ligações com a Coroa.
(B. Fausto, História do Brasil.)
No texto, o historiador refere-se às
A) câmaras setoriais.
B) sesmarias.
C) colônias de povoamento.
D) capitanias hereditárias.
E) controladorias.

11) Em 1694, tropas comandadas pelo paulista Domingos Jorge Velho destruíram o quilombo
de Palmares, que havia se formado desde o início do século XVII. Poucos sobreviveram ao
ataque final, refugiando-se nas matas da Serra da Barriga sob a liderança de Zumbi, morto em
20 de novembro de 1695, depois de resistir por quase dois anos.
a) O que foi o quilombo de Palmares?
b) Explique por que o dia da morte de Zumbi é considerado o "dia nacional da consciência
negra".

12) O açúcar e suas técnicas de produção foram levados a Europa pelos árabes no século
Vlll, durante a ldade Media, mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos Xl e Xlll)
que a sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado do Oriente Médio e
produzido em pequena escala no sul da ltália, mas continuou a ser um produto de luxo,
extremamente caro, chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras.
CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996.

Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o produto escolhido por
Portugal para dar início a colonização brasileira, em virtude de
a) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso.
b) os árabes serem aliados históricos dos portugueses.
c) a mão de obra necessaria para o cultivo ser insuficiente.
d) as feitorias africanas facilitarem a comercialização desse produto.
e) os nativos da America dominarem uma tecnica de cultivo semelhante

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