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Química Analítica II

Volumetria de Neutralização

Professor(a): Luis Fernando L. Souto


Disciplina: Química Analítica II
Curso: Técnico em Química Turma: 3° Ano Matutino e Vespertino

1. INTRODUÇÃO

Análise volumétrica refere-se a todo procedimento no qual o volume de um


reagente necessário para reagir com um constituinte em análise é medido.

Condições para reações volumétricas:

a) deve ocorrer uma reação simples, que possa ser expressa por uma equação
química;

b) A substância a ser determinada deverá reagir completamente com o reagente


adicionado em proporções estequiométricas;

c) A reação deve ser praticamente instantânea ou proceder com grande velocidade


para que o equilíbrio seja imediatamente estabelecido a cada adição do titulante;

d) Deve haver a alteração de alguma propriedade física ou química (pH,


temperatura, condutividade) da solução no ponto de equivalência;

e) Deve haver um indicador que provoque mudanças de propriedades físicas (cor ou


formação de precipitado) que definam nitidamente o ponto final da titulação.

2. Titulação

A titulação é uma técnica utilizada em análises volumétricas para a verificação


da concentração das soluções preparadas em laboratório.
Existem diferentes classificações para a titulação, de acordo com o tipo de
reação química envolvida:

1. Titulação ácido-base (a mais utilizada em laboratório);


2. Titulação de oxirredução (ou redox);
3. Titulação complexométrica;
4. Titulação de precipitação.

Em uma titulação, pequenos volumes da solução de reagente “titulante” são


adicionados ao constituinte “titulado” até sua reação ficar completa. Da quantidade de
titulante requerida, podemos calcular a quantidade de constituinte em análise que estará
presente. O titulante normalmente é liberado de uma bureta, como mostra a figura, ao lado
está uma lista das vidrarias mais comuns utilizadas em titulações.
Vidrarias e materiais utilizados
em titulações.
Bureta
Pipeta volumétrica
Erlenmeyer de
Proveta de
Funil de vidro
Suporte universal e garras
Pêra de sucção ou pipetador pi-
pump

Figura 1: Titulação de HCl com NaOH. Fonte: https://www.santillana.pt/

O ponto de equivalência em qualquer titulação é o ponto onde a quantidade de


solução titulante adicionada é quimicamente igual a quantidade de substância a ser titulada.
Na prática, nós determinamos o ponto onde o indicador sofre mudança de coloração que é
chamado ponto final da titulação.

A validade de um resultado analítico depende do conhecimento da quantidade de um


dos reagentes usados. A concentração do titulante é conhecida se o titulante foi preparado
pela dissolução de uma quantidade pesada de reagente puro em um volume conhecido de
solução.

Nesse caso, chamamos o reagente de padrão primário, porque ele é puro o suficiente
para ser pesado e usado diretamente. Um padrão primário deverá ser 99,9% puro, ou
mais. Não deverá se decompor sob estocagem normal e deverá ser estável quando secado
por aquecimento ou vácuo, porque a secagem é necessária para remover traços de água
adsorvida da atmosfera.

Em muitos casos, o titulante não é disponível como um padrão primário. Em


seu lugar, usa-se uma solução contendo aproximadamente a concentração desejada
para titular um determinado peso de padrão primário. Por esse procedimento,
chamados de padronização, determinam a concentração do titulante para análise.
Dizemos então que o titulante é uma solução padrão (padrão secundário).

2.1 Titulação Ácido-Base

A Titulação ácido-base é uma das técnicas mais comuns para a análise quantitativa
de diversos componentes. Ela consiste em usar uma reação imediata da qual a
estequiometria é conhecida para se conhecer a quantidade de uma substância. Como
exemplo podemos citar a reação de neutralização de entre HCl e NaOH.

HCl (aq) + NaOH (aq) NaCl (aq) + H2O (l)


O ponto final é identificado através do uso de um indicador ácido-base.

2.1.1 Indicadores Ácido-Base

Indicadores ácido-base: Os indicadores ácido-base são substâncias de


caráter fracamente ácido ou básico que sofrem mudanças visíveis (mudança de cor)
devido às variações de [H+ ] nas proximidades do ponto de equivalência. O ponto
em que ocorre esta mudança de cor denomina-se ponto final da titulação.

Assim podemos dizer que um indicador ácido-base é uma substância que


apresenta uma variação de cor dentro de uma região determinada de pH, conhecida
como zona de viragem ou zona de transição.

O ponto final não coincide necessariamente com o ponto de equivalência. A


diferença entre estes dois pontos constituem o erro da titulação. Esse erro é tanto
menor quanto mais o ponto final se aproxima do ponto de equivalência.

A proximidade entre o ponto final e o ponto de equivalência depende do


indicador utilizado. Por esta razão é de grande importância para precisão do método
titulométrico a escolha conveniente do indicador. A escolha adequada do indicador é
feita através das curvas de titulação.

Abaixo estão representados vários indicadores ácido-base e as respectivas


faixas.

Região de
Indicador Cor em pH transição Cor em pH
baixo (pH alto
aproximado)
Violeta de metila Amarelo 0.0-1.6 Azul-violeta
Azul de timol Vermelho 1.2-2.8 Amarelo
Amarelo de metila Vermelho 2.9-4.0 Amarelo
Azul de bromofenol Amarelo 3.0-4.6 Violeta
Laranja de metila Vermelho 3.1-4.4 Amarelo
Verde de bromocresol Amarelo 3.8-5.4 Azul
Vermelho de metila Vermelho 4.2-6.3 Amarelo
Púrpura de
Amarelo 5.2-6.8 Violeta
bromocresol
Azul de bromotimol Amarelo 6.0-7.6 Azul
Vermelho de fenol Amarelo 6.6-8.0 Vermelho
Azul de timol Amarelo 8.0-9.6 Azul
Fenolftaleína Incolor 8.2-10.0 Rosa
Timolftaleína Incolor 9.4-10.6 Azul

Curva de Titulação

Existem outros tipos de indicadores, além dos indicadores ácido-base, como por exemplo o
amido (forma com o iodo um adsorvato de cor azul) e indicadores de oxidação-redução
(substâncias que mudam de cor em função do potencial de oxidação do meio) e pH em qu Se
uma titulação ácido-base for realizada para além do ponto de equivalência, é possível obter um gráfico
da variação do pH de determinada solução (inicialmente apenas titulado) em função do volume de
titulante gasto nessa titulação.
Graficamente, o ponto de equivalência é o ponto de inversão de curva de titulação (ver Figura 1).

Figura 1 - Ponto de equivalência.

O pH do ponto de equivalência depende das forças relativas do ácido e da base envolvidos na titulação


(ver Figura 2 a Figura 9).
[Figuras adaptadas a partir da simulação Acid-base Indicators Simulation]

 
Figura 2 – Titulação de um ácido forte com uma base forte. O ponto de equivalência é igual a 7 (25
°C).

Figura 3 – Titulação de um ácido forte com uma base fraca. O ponto de equivalência é menor que 7.
Figura 4 – Titulação de um ácido fraco com uma base fraca. O ponto de equivalência é igual a 7 (25

°C). Figura 5 –
Titulação de um ácido fraco com uma base forte. O ponto de equivalência é maior que 7 (25 °C).
Figura 6 – Titulação
de uma base forte com um ácido forte. O ponto de equivalência é igual a 7 (25 °C).

Figura 7 – Titulação de uma base forte com um ácido fraco. O ponto de equivalência é maior que 7
(25 °C).
Figura 8 – Titulação de uma base fraca com um ácido fraco. O ponto de equivalência é igual a 7 (25

°C).
Figura 9 – Titulação de uma base fraca com um ácido forte. O ponto de equivalência é menor que 7
(25 °C).

 Prever a curva de titulação, ou prever o mais corretamente o pHpH do ponto de equivalência, é


fundamental para escolher o indicador ácido-base a usar na titulação para determinar o ponto final da
titulação.

REFERÊNCIAS

1. BRAIBANTE, M. Q. Analítica Quantitativa Experimental: Análise Volumétrica-


Volumetria de Neutralização. UFMS, 2013. Disponível em: http://w3.ufsm.br/laequi/wp-
content/uploads/2012/07/Trabalho-final.pdf. Acesso em: 10 fev. 2020.
2. GOMES, S. I. A; MATIAS, T. B.; GIUSTI, DURLI; SANTOS, V. M. S. Volumetria de
Neutralização - Abordagens Teórico-Experimentais. São Carlos: Pedro & João Editores,
2018. 163p.

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