Você está na página 1de 21

Paula Bessa

Departamento de História, ICS, Universidade do Minho

BARROCO JOANINO
BARROCO JOANINO
•  Reinado de D. João V: 1 de Janeiro de 1707- 31 de Julho de1750
(filho de D. Maria Sofia de Neuburgo)

•  Absolutismo régio: luta pelo prestígio da realeza e da Nação

•  Neutralidade perante os diversos conflitos europeus

•  Prosperidade económica (paz, relativo desenvolvimento económico, fomento


manufactureiro entre 1720 e 1740, ouro e pedras preciosas do Brasil)

•  1708: casa com D. Maria Ana de Áustria

•  Modelo: Luís XIV de França: D. Luís da Cunha, embaixador de Portugal em França


dá muitas sugestões ao monarca, sobretudo sobre vestuário

•  Itália: centro artístico especialmente atraente na altura: o Marquês de Fontes,


embaixador em Itália, e, simultaneamente, arquitecto, terá influência decisiva no
gosto reflectido nas obras encomendadas por D. João V e estará indissociavelmente
ligado a Mafra
ENCOMENDAS DE D. JOÃO V

•  Igreja do Menino Deus, Lisboa (1711- 1737)

•  Palácio – igreja - convento de Mafra

•  Capela-mor da Sé de Évora

•  Capela de S. João Baptista para a igreja de S. Roque (feita em Roma e


transportada para Lisboa)

•  Biblioteca da Universidade de Coimbra

•  Aqueduto das Águas Livres


João Frederico Ludwig: LUDOVICE
•  19 /Março/ 1673: nasce em Honhardt, Alemanha
•  filho mais novo de Peter Ludwig e irmão de Johann Peter Ludwig que foi chanceler e
teve vários cargos universitários

•  1689: Ulm: inicia-se na arte da ourivesaria

•  Depois: Augsburgo:´técnica de fundição de metais


•  Realiza vários trabalhos de engenharia militar em várias regiões

•  1697: em Itália: casa


•  Italianisa o nome para Ludovici
•  Converte-se ao catolicismo (era luterano)
•  Roma: trabalha na fundição e cinzelagem de imagens para o altar de Santo Inácio na
igreja do Gesù
•  É este contacto com os Jesuítas que o leva a vir para Lisboa para executar o
sacrário para a igreja de Santo Antão
•  1700: Lisboa: contrato de exclusividade com os Jesuítas por 7 anos
•  1720: casa pela 2ª vez (a 1ª mulher, italiana, morrera) com Ana Maria Verney, irmã
de Luís António Verney (Verdadeiro Método de Estudar)
•  1740: cavaleiro da Ordem de Cristo
•  1750: D. José fá-lo arquitecto-mor “tanto no Reino como fora dele”
•  1752: morre
LUDOVICE

•  Palácio/Igreja/Convento de Mafra (1711- 1750s)

•  Capela-mor da Sé de Évora (1718-1746)

•  Participação na obra do Aqueduto das Águas Livres (começado em


1731)

•  Obras na igreja de S. Domingos (depois do terramoto) (começo em


1748)

•  Arquitectura da fachada da Biblioteca da Universidade de Coimbra (?)

•  Torre da Universidade de Coimbra (?)

•  Vários palacetes: Palácio Ludovice (Bairro Alto) (palácio de três


andares que espelha a fortuna do arquitecto) (1747)
MAFRA
•  Cronologia:
•  1717: começo das obras
•  1730: a igreja é benzida
•  (mão-de-obra: 15 000, 30 000, 40 000 trabalhadores)

•  Artistas envolvidos:
•  LUDOVICE (João Frederico Ludwig): artista alemão, formando-se como arquitecto
em Roma; o desenho que realiza para Mafra incorpora muitas sugestões do Marquês
de Fontes (embaixador em Itália) que manda a Ludovice desenhos de edifícios
italianos
•  Acompanhamento da obra: Ludovice, Carlo Battista Garbo, Antonio Garbo
•  Obras de artistas italianos encomendadas para Mafra:
•  Pintura para o retábulo-mor: Trevisani
•  Pinturas das capelas da nave
•  Estátuas para o vestíbulo (mais de 60): vindas de ateliers de vários artistas de Roma,
Florença, …
MAFRA
•  FUNCIONALIDADES:
Palácio + igreja + convento (a associação, em grande escala, destas três funções fizera-se
já no Escorial)

•  CARACTERÍSTICAS:
•  Influências romanas:
•  1) igreja: planta com estruturação semelhante à do Gesù
•  2) igreja ao centro do palácio (solução muito usada por Carlo Fontana em grandes
edifícios civis de Roma)
•  3)fachada com colunas, vestíbulo e frontão triangular (solução usada na fachada de S.
Pedro do Vaticano por Maderna)
•  4) torres que flanqueiam a igreja (como em Sant’Agnese de Borromini)
•  5) zimbório grandioso
•  6) materiais utilizados: mármores de gosto italianizante (mas de Pêro Pinheiro)
•  7) sala do capítulo ovóide, planta típica do barroco romano (exs.: Bernini, Borromini, …)
•  Personalidade de LUDOVICE:
•  Concepção do espaço: altura das naves e abóbadas: lembra o interior das igrejas da
zona de origem de Ludovice
•  Cúpulas em forma de bolbos dos torreões das extremidades do Palácio (ao gosto
alemão)
BRAGA
AS ENCOMENDAS DE D. RODRIGO DE MOURA TELES
(1704-1728)

•  Reedificou a capela de S. Geraldo

•  Fez de novo as 2 torres da sé

•  Chafariz dos Castelos no Largo do Paço

•  Bom Jesus do Monte (engº Manuel Pinto de Vilalobos):


obras iniciadas em 1722:
•  pórtico de entrada com as suas armas (1723);
•  1ªs 8 capelas (das quais restam 6);
•  rampas;
•  fontes;
•  Terreiro das Chagas;
•  escadório dos Cinco Sentidos;
•  igreja (depois, substituída pela actual concluída em 1811).
PORTO

•  O barroco do Porto, nesta época, será dominado por


Nicolau Nasoni
Nicolau Nasoni

•  1691: nasce em San Giovanni Val d’Arno;


•  Formação na Academia Clementina de Bolonha;
•  1716: projecto de arco triunfal para a entrada do novo arcebispo de Siena;
•  1724: em La Valleta:
•  pinta os tectos do Palácio do Grão-mestre que era, então, o português
António Manoel de Vilhena (grão-mestre de 1722 a 1736); era seu vice-
chanceler Roque de Távora, irmão de D. Jerónimo de Távora e Noronha,
deão da Sé do Porto;
•  1725: Porto (período de sede vacante):
•  começa as pinturas da capela-mor onde deixa inscrição datando as
pinturas de 1725 a 1731, dizendo-se florentino;
•  1773: morre.
Nicolau Nasoni
•  Obras na Sé:
•  Pinturas murais na Sé do Porto
•  Pinturas murais na Sé de Lamego
•  Pinturas murais na Capela da Cumieira, Lamego
•  Vários portais no claustro
•  Escadaria de acesso ao piso superior da Casa do Cabido
•  1736: Galilé

•  1731: D. Jerónimo de Távora, presidente da irmandade dos Clérigos, encarrega Nicolau Nasoni
do projecto da nova igreja
•  1732-49: construção da igreja
•  1754-63: construção da casa (serviços e hospital) (iniciada em 1754) e torre dos Clérigos
(1757-63)
•  c. 1743-48: fachada da igreja do Senhor da Boa Morte de Matosinhos (projecto de c. 1743)
•  1749: fachada da igreja da Misericórdia (1749: Misericórdia encomenda o projecto da fachada a
Nasoni e o projecto do coro e da nave ao engº Manuel Álvares)

•  Obras atribuídas:
•  Palácio de S. João Novo, Porto (c. 1727-33) (JJFerreira Alves descobriu prova documental da
sua autoria por ANTÓNIO PEREIRA, autor de retábulos da igreja do Bom Jesus da Cruz de
Barcelos)
•  Casa do Dr. Domingos Barbosa, actual Museu de Guerra Junqueiro, Porto (c. 1746)
•  Palácio Episcopal, Porto (1734: recebe 4 000 réis) (de António Pereira?)
•  Casa do Despacho da Ordem Terceira de S. Francisco, Porto
•  Palácio do Freixo (para D. Jerónimo de Távora e Noronha)
•  Solares de Fafiães, Ramalde, Bonjóia, Chantre e Santa Cruz do Bispo
•  Solar de Mateus (1739-43) (de António Pereira?)
TALHA JOANINA
(1725-50)

Cronologia:

•  1714-15: 1º retábulo com remate sem arcos concêntricos (igreja de Nossa Senhora
da Pena)
•  1725: difusão

Causas:

•  1) Conhecimento dos retábulos romanos do séc. XVII e inícios do séc. XVIII (livros
de gravuras: Luigi Passarini, 1698; Andrea Pozzo, Perspectiva at Pictorum ad
Architectorum, vol.I, 1698 e vol. II, 1700)
•  2)influência de obras e de artistas vindos de Itália (Baccareli, coches,…)
TALHA JOANINA
VIAS DE PENETRAÇÃO
1) Gravuras e livros ilustrados:
•  PASSARINI, Nuove Inventione, Roma, 1698
•  ANDREA POZZO, Perspectiva pictorum et architectorum, Roma, 1693 e 1700:
•  elementos indispensáveis à estrutura do novo tipo de retábulo:
•  motivo de fragmentos de frontão curvilíneo da maioria dos retábulos
•  gosto pela pintura de perspectiva
•  FERDINANDO GALLI DE BIBIENA, Architettura Civile, Roma, 1711:
•  motivos de molduras, portadas e outros elementos arquitectónicos
2) Profusão de esculturas importadas de Itália na 1ª ½ do reinado de D. João V:
•  3 coches alegóricos de talha dourada segundo a tradição de Crio Ferri e Andrea Corneli com
figuras humanas em disposição caprichosa de vigor barroco, oferecidos por Clemente XI:
produzem influência imediata sobre os entalhadores
•  Remessas de ourivesaria eclesiástica encomendadas em Roma para a basílica patriarcal e
outras igrejas da corte: candelabros, custódias, crucifixos, cofres, relicários: frontões com
medalhões, lamberquins, atlantes suportando peanhas e mísulas, cabeças de anjos saindo de
volutas
3) Vinda de artistas de Itália, atraídos pela riqueza da corte portuguesa:
•  Escultores: Alessandro Giusti, Giovanni Antonio Bellini (Pádua)
•  Arquitectos: João Frederico Ludovice (1700: com os Jesuítas em Sto Antão), Filippo Juvara,
Nicollo Nasoni (influência sobre a talha das igrejas do Porto)
•  Pintores: Vincenzo Baccarelli (1710): pintura ilusionista de perspectiva arquitectónica no tecto da
portaria de S. Vicente de Fora, no estilo dos Bibienas
TALHA JOANINA
Características:

•  Retábulo dramático

•  ESTRUTURA DE RETÁBULOS:
•  atlantes suportam as mísulas em que assentam as colunas
•  colunas com fustes espiralados, às vezes, mesmo, salomónicos
(com o 1º 1/3 estriado), enrolados por grinalda (muitas vezes de
rosas)
•  que suportam frontão curvilíneo interrompido
•  sobre o qual se encontram anjos adolescentes com túnicas,
sentados ou reclinados e, ao centro,
•  remate: composição curvilínea em vários planos incluindo frontão
interrompido, tendo dos lados, dois anjos adolescentes com túnica,
sentados ou reclinados e, no centro, um medalhão
•  entre o remate e a tribuna há, muitas vezes, dossel com
lamberquim e, aos lados da trinuna, enquadrando-a, cortinas
fingidas
•  MOTIVOS DECORATIVOS (diferentes dos do estilo nacional):
volutas, conchas, palmas, plumas, grinaldas de flores, baldaquinos,
sanefas, cortinas, panos (ornatos diferentes dos do estilo nacional e
iguais aos do barroco seiscentista romano)
Medalhão

Baldaquino com lamberquim


Anjo adolescente
reclinado

Santíssima Trindade
Frontão curvilíneo
interrompido

Colunas

Mísula

Atlante
Atlante
AZULEJARIA DA GRANDE PRODUÇÃO
(1725-50)
•  Cronologia: c. 1725 – c. 1750

•  Tipos:
•  1) figura avulsa
•  2) albarradas ou vasos floridos
•  3) figuras de convite
•  3) painéis historiados:
•  cenas religiosas
•  cenas profanas: cenas galantes, de caça, alegorias, etc.

•  Barras de enquadramento:
•  1) laterais: pilastras fantasiosas
•  2) superior e inferior: grinaldas, cortinas, volutas a rodear uma face humana, palmas,
medalhões flanqueados por anjos meninos ou adolescentes
Santa Cruz de Coimbra
Azulejadores do período da Grande Produção
POLICARPO DE OLIVEIRA BERNARDES

•  O pintor de azulejo de maior produção:

•  1) 1720: capela-mor da igreja da Misericórdia de Viana do Castelo

•  2) 1743: capela-mor do castelo de S. Filipe, Setúbal

•  3) nave da igreja de Nossa Senhora da Conceição, Vila Viçosa

•  4) Palacete dos Maciéis, Viana do Castelo (Museu): alegorias (África, Europa,


América)

•  5) atribuídos:
•  Corredores do Seminário de Santarém (antigo colégio dos Jesuítas)
•  Convento de S. Vicente de Fora
•  Palácio do Correio-Mor, Loures
Azulejadores do período da Grande Produção
BARTOLOMEU ANTUNES
•  1) Capelas laterais da igreja do Convento de Vilar de Frades

•  2) Capela-mor da igreja do Convento de S. Francisco

•  3) Convento da Ordem Terceira de S. Francisco, Baía

•  4) Capela de Santa Rita da igreja de S. João Novo (1744)


Azulejadores do período da Grande Produção
VALENTIM DE ALMEIDA
•  Um dos primeiros azulejadores de azulejaria joanina
•  Muito influenciado por gravuras

•  1) 1729: Claustro da Sé do Porto

•  [os painéis do claustro de cima são de VITAL RIFARTO, azulejador de Coimbra]


Azulejadores do período da Grande Produção
NICOLAU DE FREITAS
•  Genro de Bartolomeu Antunes

•  1724: Capela-mor da igreja da Ordem Terceira de S. Francisco, Braga


•  Capela-mor da igreja de Nossa Senhora da Penha de França

•  1736: Vilar de Frades

Você também pode gostar