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Março/2010
Edição atualizada em: 24/01/2020
RESPOSTA TÉCNICA – A produção mais limpa (P+L) na construção civil
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interface entre a oferta e a demanda tecnológica. O SBRT é apoiado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE e pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação – MCTI e de seus institutos: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.
RESPOSTA TÉCNICA – A produção mais limpa (P+L) na construção civil
Solução apresentada
Conceitos e Histórico
A Produção mais limpa (P+L) insere-se na consciência mundial a partir da década de 1980
com os movimentos ambientalistas, como o famoso Greenpeace, que alertavam para a
“necessidade das grandes empresas de diminuir poluentes para evitar impactos ambientais,
reduzir os custos de produção do produto e, consequentemente, aumentar a
competitividade” (RENSI & SCHENINI, 2006c, p. 6).
O P+L, então, pode ser entendido como “o conjunto de medidas que tornam o processo
produtivo mais racional, com o uso inteligente e econômico de utilidades e matérias-primas
e principalmente com mínima ou, se possível, nenhuma geração de contaminantes”
(FURTADO, 2002, p. 33 apud RENSI & SCHENINI, 2006c, p. 6).
Para Furtado (2002 apud RENSI & SCHENINI, 2006c, p. 6), a P+L
implica em evitar (prevenir) a geração de resíduos, com profundos reflexos
no comportamento da empresa, quanto ao processo, produto, embalagens,
descarte, destinação, manejo de lixo industrial e restos de produtos,
comportamento de consumidores e política ambiental da empresa.
Metodologia da P+L
Ao analisar a Figura 1, o autor Rensi (et al., 2005) afirma que a implementação do P+L
envolve basicamente os seguintes pontos:
Após analisar a metodologia indicada para a implantação do P+L, deve-se atentar para as
estratégias e medidas do P+L. Segundo Rensi (et al., 2005, p. 6), “estas técnicas estão
agrupadas representando níveis diferenciados de eficiência de aplicação de P+L”, cuja
analise será dada a partir da Figura 2.
Figura 2. Estratégias para implementação de uma estratégia de produção mais limpa (P+L)
Fonte: CNTL (2006) apud RENSI & SCHENINI, (2006a)
Então, “a prioridade da P+L é evitar a geração de resíduos e missões (nível 1). Os resíduos
que não podem ser evitados devem, preferencialmente, ser reintegrados ao processo de
produção da empresa (nível 2). Na sua impossibilidade, medidas de reciclagem fora da
empresa podem ser utilizadas (nível 3)” (RENSI & SCHENINI, 2006a, p. 9).
Por último, no nível três, há uma “impossibilidade de executar os níveis anteriores, [logo] a
reciclagem de resíduos e emissões devem ser feitas fora da empresa (nível 3), por meio de
reciclagem externa de estruturas e materiais ou de uma reintegração ao ciclo biogênico”
(RENSI & SCHENINI, 2006b, p. 5).
Ainda segundo Schenini (et al., 2004), a média de desperdício na construção civil chega a
50% (cinquenta por cento). Segue abaixo a Tabela 1 que nos permite uma boa perspectiva
do desperdício de diversos materiais:
Schenini (et al., 2004) ainda alerta para a Resolução número 307 de 5 de julho de 2002 do
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que classifica os resíduos da construção
civil da seguinte forma:
Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plástico,
papel/papelão, metais, vidros e outros;
há muito espaço para a geração de lucros a partir do planejamento dos materiais utilizados
e do seu reaproveitamento no processo produtivo, quando isso for possível.
Pôde-se observar que a P+L tem como principal objetivo, na construção civil, a eliminação
ou a minimização de resíduos. Alexandre Feller Araújo ratifica isto ao afirmar que “a
minimização de resíduos na fonte, foco da P+L e do ecodesign, deve ser a primeira
alternativa a ser implementada no setor devido a sua ação preventiva, bem como pela
possibilidade de se reduzir custos de produção pela otimização no uso de matéria-prima e
insumos, fator determinante de competitividade no setor” (ARAUJO, 2002, p. 75-76).
Posto isto, o método de produção mais limpo representa uma saída para solucionar tal
problema. Porém, para que isto seja alcançado propõe-se um guia para as ações de
prevenção e controle da poluição. Este guia é representado pela Figura 03, que “inclui as
tecnologias de Fim de Tubo, entendendo que apesar destas não focarem na identificação da
causa do problema, conforme o conceito da Produção Mais Limpa, estas também
contribuem para a redução da poluição” (MATTOSINHO & PIONÓRIO, 2009, p. 7).
Contudo, alerta-se para o fato de que “a metodologia de P+L não recomenda a adoção de
alternativas “fim de tubo”, mas também não a descarta. O proposto pela metodologia P+L é
tentar fazer a combinação de medidas visando o abatimento da carga poluidora”
(MATTOSINHO & PIONÓRIO, 2009, p. 7).
Estudos de caso
Com relação aos exemplos de aplicação da Produção mais limpa na construção civil,
Zordan (1997 apud SCHENINI et al., 2004, p. 9) revela o caso da reciclagem de alguns
materiais. São eles:
Vantagens:
Vantagens:
Vantagens:
As autoras Liana & Tubino ([200-?]) também estudaram a aplicação do P+L na construção
civil. Ao contrário do que se pensa, este estudo mostrou que, apesar de quase não ter
havido investimento financeiro no andamento do projeto, o somatório dos ganhos das
empresas alcançou o valor aproximado de R$ 38.000,00 (trinta e oito mil reais). (LIANA &
TUBINO, [200?]).
Em suma, a partir dos ideais da P+L, é possível concluir que “apenas com a implementação
de algumas Boas Práticas, que não requerem maiores recursos, dentro do canteiro,
consegue-se obter rapidamente ganhos econômicos significativos” (LIANA & TUBINO, [200-
?], p. 6). Então, a possibilidade de se obter os ganhos ambientais, sociais e econômicos,
imprescindíveis para o projeto mundial de desenvolvimento sustentável, com um baixo custo
“parece ser uma das principais razões para se investir em PmaisL” (LIANA & TUBINO, [200-
?], p. 6).
Conclusões e recomendações
Fontes consultadas
GORON, Liana Sampaio; TUBINO, Rejane Maria Candiota. Produção mais limpa na
construção civil. Porto Alegre, [200-?]. Disponível em: <
http://www.advancesincleanerproduction.net/first/textos%20e%20arquivos/sessoes/5b/5/Lian
a%20Sampaio%20Goron%20-%20Resumo%20Exp..pdf >. Acesso em: 10 mar. 2010.
RENSI, F.; SCHENINI, P. C.; NEIS, L.; PEREIRA, M. F. Produção mais limpa: uma
aplicabilidade no processo industrial. In: ENANGRAD - Encontro Nacional dos Cursos de
Graduação em Administração, 16., 2005, Belo Horizonte. Anais do XVI ENANGRAD. Rio de
Janeiro: ANGRAD, 2005.
RENSI, Francini; SCHENINI, Pedro Carlos. Produção Mais Limpa. Revista de Ciências da
Administração (CAD/UFSC), v. 08, p. 293-315, 2006a. Santa Catarina, 2006. Disponível em:
< https://periodicos.ufsc.br/index.php/adm/article/view/1728/1450 >. Acesso em: 10 mar.
2009.
RENSI, Francini; SCHENINI, Pedro Carlos. Gestão da Produção mais limpa. In: Simpósio
de Excelência em Gestão e Tecnologia, 3., 2006, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Rio de
Janeiro: Associação Educacional Dom Bosco, 2006b. Disponível em: <
https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos06/520_GS%20-
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RENSI, Francini; SCHENINI, Pedro Carlos. Produção mais limpa: uma questão de
responsabilidade empresarial. In: Pedro Carlos Schenini; Maurício Fernandes Pereira;
Roberto Ari Guindani. (Org.). Gestão ambiental no agronegócio. 1 ed. Florianópolis:
Papalivro, 2006c, v. 1, p. 65-92.
TUBINO, Rejane Maria Candiota. SBRT - Respostas Técnicas - P+L na construção civil.
[mensagem pessoal] Mensagem recebida por < lsampaio@fieb.org.br > em 11 mar. 2010.
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