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RESPOSTA TÉCNICA – A produção mais limpa (P+L) na construção civil

A produção mais limpa


(P+L) na construção civil
Informa sobre quais são os vetores de aplicação da
produção mais limpa (P+L) no setor de construção
civil.

Instituto Euvaldo Lodi – IEL

Março/2010
Edição atualizada em: 24/01/2020
RESPOSTA TÉCNICA – A produção mais limpa (P+L) na construção civil

Resposta Técnica SEPÚLVEDA, Leonardo Sampaio


A produção mais limpa (P+L) na construção civil
Instituto Euvaldo Lodi – IEL
17/3/2010
Informa sobre quais são os vetores de aplicação da produção
mais limpa (P+L) no setor de construção civil.
Demanda Gostaria de saber sobre as possíveis aplicações da
produção mais limpa (P+L) na construção civil.
Assunto Serviços de engenharia
Palavras-chave Desenvolvimento sustentável; MDL; mecanismo de
desenvolvimento limpo; meio ambiente; preservação ambiental;
produção mais limpa

Atualização Em: 24/01/2020 Por: Ana Thaís da Silveira Nogueira

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RESPOSTA TÉCNICA – A produção mais limpa (P+L) na construção civil

Solução apresentada

Conceitos e Histórico

Até a década de 1950, a natureza era explorada, compreendida e catalogada baseado


numa racionalidade espúria: acreditava-se que ela estaria à serviço da humanidade.
Contudo, as últimas décadas serviram para mostrar que a utilização dos recursos naturais
possui limites tangíveis. Assim, a atividade industrial, sempre crescente, mostrou que tais
limites existem tanto no âmbito da extração de matéria quanto no que se refere aos resíduos
advindos da mesma atividade industrial e que ficam à cargo da natureza degradá-los.
(SCHENINI et al., 2004; RENSI et al., 2005).

Com a confirmação científica de tais limites da natureza e a disseminação de uma cultura


social pró ecologia, principalmente a partir da década de 1970, ocorre o nascimento de
conceitos como: Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Social e, o que aqui deve
ser melhor elucidado, Produção mais limpa (P+L).

O Desenvolvimento Sustentável (DS) pode ser entendido como o modelo de produção em


que se considera o “desenvolvimento econômico lado a lado com a conservação dos
recursos naturais, dos ecossistemas e com uma melhoria na qualidade de vida das
pessoas” (FLORES, 1995, p. 69 apud RENSI et al., 2005, p. 3). O relatório Our Common
Future (Nosso Futuro Comum), da Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento
das Nações Unidas, também ajuda a definir este conceito ao afirmar que é
“desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer as
possibilidades de as gerações futuras atenderem às suas próprias” (CMMAD, 1988, p. 46
apud RENSI et al., 2005, p. 3). Com relação à Responsabilidade Social Empresarial (RSE)
percebe-se que, ao se agregar o social ao empresarial, fica mais complexo para a empresa
perseguir o seu maior objetivo, o lucro. A dificuldade fica patente quando se observa a
inclusão de novas variáveis no processo de produção, na redução de custos, na utilização
de matérias-primas, etc.

Neste contexto, cabe às empresas a implementação de estratégias e diferenciais


competitivos que perpassam pela redução dos “custos com a eliminação de desperdícios,
reciclagem de insumos, bem como a adoção de tecnologias limpas, porém não podem
esquecer que a responsabilidade de preservação deve partir da consciência interna da
empresa e não da obrigação de cumprir leis” (RENSI & SCHENINI, 2006a, p. 22). Logo, a
RSE reside não somente no respeito às leis, mas sim no algo mais que a empresa deve dar
à sociedade em que está inserida.

A Produção mais limpa (P+L) insere-se na consciência mundial a partir da década de 1980
com os movimentos ambientalistas, como o famoso Greenpeace, que alertavam para a
“necessidade das grandes empresas de diminuir poluentes para evitar impactos ambientais,
reduzir os custos de produção do produto e, consequentemente, aumentar a
competitividade” (RENSI & SCHENINI, 2006c, p. 6).

O P+L, então, pode ser entendido como “o conjunto de medidas que tornam o processo
produtivo mais racional, com o uso inteligente e econômico de utilidades e matérias-primas
e principalmente com mínima ou, se possível, nenhuma geração de contaminantes”
(FURTADO, 2002, p. 33 apud RENSI & SCHENINI, 2006c, p. 6).

Para Furtado (2002 apud RENSI & SCHENINI, 2006c, p. 6), a P+L
implica em evitar (prevenir) a geração de resíduos, com profundos reflexos
no comportamento da empresa, quanto ao processo, produto, embalagens,
descarte, destinação, manejo de lixo industrial e restos de produtos,
comportamento de consumidores e política ambiental da empresa.

Já para o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), do SENAI,


a Produção mais limpa significa a aplicação contínua de uma estratégia
econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a
fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia,
através da não-geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados

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em um processo produtivo. (CNTL, 2006b, p. 1 apud RENSI & SCHENINI,


2006b, p. 5).

Metodologia da P+L

Segundo a professora Rejane Maria Tubino, do Laboratório de Estudos Ambientais para


Metalurgia (UFRGS), há 18 tarefas que devem ser seguidas quando da implementação de
uma estratégia de P+L. São elas:

 Tarefa 01 Comprometimento da direção da empresa;


 Tarefa 02 Sensibilização dos funcionários;
 Tarefa 03 Formação do ECOTIME;
 Tarefa 04 Apresentação da metodologia;
 Tarefa 05 Pré-avaliação;
 Tarefa 06 Elaboração dos fluxogramas;
 Tarefa 07 Tabelas quantitativas;
 Tarefa 08 Definição de indicadores;
 Tarefa 09 Avaliação dos dados coletados;
 Tarefa 10 Barreiras;
 Tarefa 11 Seleção do foco de avaliação e priorização;
 Tarefa 12 Balanços de massa e de energia;
 Tarefa 13 Avaliação das causas de geração dos resíduos;
 Tarefa 14 Geração das opções de PmaisL;
 Tarefa 15 Avaliação técnica, ambiental e econômica;
 Tarefa 16 Seleção da opção;
 Tarefa 17 Implementação;
 Tarefa 18 Plano de monitoramento e continuidade. (Informação via e-mail em
11/03/2010).

Outra metodologia apresentada para implantação do P+L nasce na UNIDO (Organização


das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial) e na UNEP (Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente). Segundo Rensi (et al., 2005, p. 5), ela foi “desenvolvida
cientificamente embasada no estado-da-arte do conhecimento europeu sobre gestão de
resíduos e desperdícios energéticos e materiais”. Logo, partindo-se deste referencial teórico-
científico, sugere-se os passos que compõem o seguinte quadro:

Figura 1. Fluxograma de Implantação de produção mais limpa – Metodologia UNIDO/UNEP


Fonte: CNTL (2000ª, p. 96) apud RENSI (et. al., 2005, p. 5)

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Ao analisar a Figura 1, o autor Rensi (et al., 2005) afirma que a implementação do P+L
envolve basicamente os seguintes pontos:

 Realização de processo de sensibilização dos funcionários por meio da


apresentação das vantagens de implantar P+L na empresa;
 Elaboração de inventário ambiental que funciona como um raio X da empresa
apresentando os principais problemas;
 Construção do fluxograma do processo produtivo e análise dos inputs (entradas:
matérias-primas/insumos) e outputs (saídas: produtos, resíduos sólidos, líquidos e
emissões atmosféricas).

A partir do momento em que a empresa possua um método de produção dentro das


características do P+L, ela deve entender que este novo paradigma industrial “torna o
processo produtivo mais eficiente no emprego de matérias-primas e insumos, gerando mais
produtos e menos resíduos, trazendo benefícios tecnológicos, ambientais, econômicos e
outros, contribuindo para a sustentabilidade e o aumento de competitividade” (RENSI et al.,
2005, p. 5).

Após analisar a metodologia indicada para a implantação do P+L, deve-se atentar para as
estratégias e medidas do P+L. Segundo Rensi (et al., 2005, p. 6), “estas técnicas estão
agrupadas representando níveis diferenciados de eficiência de aplicação de P+L”, cuja
analise será dada a partir da Figura 2.

Figura 2. Estratégias para implementação de uma estratégia de produção mais limpa (P+L)
Fonte: CNTL (2006) apud RENSI & SCHENINI, (2006a)

Então, “a prioridade da P+L é evitar a geração de resíduos e missões (nível 1). Os resíduos
que não podem ser evitados devem, preferencialmente, ser reintegrados ao processo de
produção da empresa (nível 2). Na sua impossibilidade, medidas de reciclagem fora da
empresa podem ser utilizadas (nível 3)” (RENSI & SCHENINI, 2006a, p. 9).

A responsabilidade do primeiro comporta as “medidas para resolver o problema na sua fonte


geradora e podem consistir em modificações tanto no próprio produto, como no processo de
produção e/ou substituição de matérias primas/insumos tóxicos” (COELHO, 2004 apud
RENSI & SCHENINI, 2006b, p. 5).

Já no segundo nível, há uma ênfase em utilizar “a reciclagem interna, ou seja, os resíduos


podem ser reintegrados ao processo de produção da empresa. Isso pode ocorrer dentro do
próprio processo original de produção, em outro processo, ou por meio da recuperação
parcial de uma substância residual” (COELHO, 2004 apud RENSI & SCHENINI, 2006b, p.
5).

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Por último, no nível três, há uma “impossibilidade de executar os níveis anteriores, [logo] a
reciclagem de resíduos e emissões devem ser feitas fora da empresa (nível 3), por meio de
reciclagem externa de estruturas e materiais ou de uma reintegração ao ciclo biogênico”
(RENSI & SCHENINI, 2006b, p. 5).

O desperdício na construção civil

O setor de construção civil é marcado por um índice excessivamente alto de desperdício.


Contudo, o desperdício pode também ser entendido como ineficiência econômica no âmbito
da utilização dos insumos no processo produtivo. As causas desta ineficiência são: falhas
ou omissões na elaboração dos projetos e na sua execução, má qualidade dos materiais,
acondicionamento impróprio dos materiais, má qualificação da mão de obra, falta de
equipamentos e uso de técnicas adequadas da construção, falta de planejamento na
montagem dos canteiros de obra, falta de acompanhamento técnico na produção e ausência
de uma cultura de reaproveitamento e reciclagem dos materiais (SCHENINI, et al., 2004, p.
4).

Ainda segundo Schenini (et al., 2004), a média de desperdício na construção civil chega a
50% (cinquenta por cento). Segue abaixo a Tabela 1 que nos permite uma boa perspectiva
do desperdício de diversos materiais:

Tabela 1. Perda de materiais


Materiais Agopyan et al. Pinto Soilbelman Skoyles
Areia 76 39 46 12
Cimento 95 33 84 12
Pedra 75
Cal 97
Concreto 9 1 13 6
Aço 10 26 19 4
Blocos/Tijolos 17 27 13 13
Argamassa 18 91 87 12
Fonte: (AGOPYAN et. al., 1998) apud (SCHENINI et. al., 2004)

Schenini (et al., 2004) ainda alerta para a Resolução número 307 de 5 de julho de 2002 do
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que classifica os resíduos da construção
civil da seguinte forma:

Classe A - São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis com agregados, tais como:

 De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de


infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplenagem;
 De construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e
concreto;
 De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meio-fio, etc.) produzidas nos canteiros de obra.

Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plástico,
papel/papelão, metais, vidros e outros;

Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou


aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/ recuperação, tais como
os produtos oriundos do gesso;

Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como:


tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições,
reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros. Logo, percebe-
se que há muito desperdício neste setor. Contudo, alerta-se que, onde há muito desperdício,

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há muito espaço para a geração de lucros a partir do planejamento dos materiais utilizados
e do seu reaproveitamento no processo produtivo, quando isso for possível.

A aplicação da Produção mais limpa na construção civil

Pôde-se observar que a P+L tem como principal objetivo, na construção civil, a eliminação
ou a minimização de resíduos. Alexandre Feller Araújo ratifica isto ao afirmar que “a
minimização de resíduos na fonte, foco da P+L e do ecodesign, deve ser a primeira
alternativa a ser implementada no setor devido a sua ação preventiva, bem como pela
possibilidade de se reduzir custos de produção pela otimização no uso de matéria-prima e
insumos, fator determinante de competitividade no setor” (ARAUJO, 2002, p. 75-76).

Com a aprovação da proposta de resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente


(CONAMA) para reutilização e reciclagem dos resíduos sólidos da construção civil ocorreu
uma alteração na postura das empresas. Antes, “bastava remover os resíduos para um
depósito público ou privado, com pequeno controle do conteúdo destas cargas de entulho.
[Agora,] sob a resolução, haverá um controle mais rígido, gerando custos associados a cada
tipo de entulho, os quais excedem o do simples transporte (“bota-fora”)” (MATTOSINHO &
PIONÓRIO, 2009, p. 6).

Esta resolução é extremamente importante porque ela internaliza na empresa a


responsabilidade sob os resíduos e “porque estabelece diretrizes, critérios e procedimentos
para o gerenciamento dos RCD, além de definir termos correlatos ao assunto” (Marcondes &
Cardoso, 2005 apud MATTOSINHO & PIONÓRIO, 2009, p. 6).

Então, conclui-se que “o setor de construção civil deve incorporar as reivindicações de


pesquisadores e profissionais, de agências governamentais e não governamentais
ambientalistas, que passam a reclamar da necessidade de reorientação dos processos de
produção” (Furtado, 2005 apud MATTOSINHO & PIONÓRIO, 2009, p. 6).

Posto isto, o método de produção mais limpo representa uma saída para solucionar tal
problema. Porém, para que isto seja alcançado propõe-se um guia para as ações de
prevenção e controle da poluição. Este guia é representado pela Figura 03, que “inclui as
tecnologias de Fim de Tubo, entendendo que apesar destas não focarem na identificação da
causa do problema, conforme o conceito da Produção Mais Limpa, estas também
contribuem para a redução da poluição” (MATTOSINHO & PIONÓRIO, 2009, p. 7).

Contudo, alerta-se para o fato de que “a metodologia de P+L não recomenda a adoção de
alternativas “fim de tubo”, mas também não a descarta. O proposto pela metodologia P+L é
tentar fazer a combinação de medidas visando o abatimento da carga poluidora”
(MATTOSINHO & PIONÓRIO, 2009, p. 7).

Portanto, a utilização do guia (Figura 3) tem o intuito de gerar “a minimização de resíduos na


fonte, foco da P+L deve ser a primeira alternativa a ser implementada no setor devido a sua
ação preventiva, bem como pela possibilidade de se reduzir custos de produção pela
otimização no uso de matéria prima e insumos, fator determinante de competitividade no
setor” (MATTOSINHO & PIONÓRIO, 2009, p. 7).

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Figura 3. Fluxograma mestre das ações para prevenção e controle da poluição


Fonte: (MATTOSINHO & PINÓRIO, 2009)

Estudos de caso

Com relação aos exemplos de aplicação da Produção mais limpa na construção civil,
Zordan (1997 apud SCHENINI et al., 2004, p. 9) revela o caso da reciclagem de alguns
materiais. São eles:

A) Utilização em pavimentação – a forma mais simples de reciclagem do entulho é a sua


utilização em pavimentação (base, sub-base ou revestimento primário) na forma de brita
corrida ou ainda em mistura de resíduos com solo.

Vantagens:

 É a forma de reciclagem que exige menor utilização de tecnologia ou que implica em


menor custo no processo;
 Permite a utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos,
argamassas, materiais cerâmicos, areias, pedras etc.), sem a necessidade de
separação de nenhum deles;
 Economia de energia no processo de moagem do entulho (em relação a sua
utilização em argamassa), uma vez que, usando-o no concreto, parte do material
permanece com granulometria graúda;
 Possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido, como o
proveniente de demolições e de pequenas obras que não suportam o investimento
em equipamentos de moagem/ trituração;
 Maior eficiência do resíduo quando adicionado aos solos saprolíticos em relação a
mesma adição feita com brita.

Utilização como agregado para o concreto – o entulho processado pelas usinas de


reciclagem pode ser utilizado como agregado para o concreto não estrutural, a partir da
substituição dos agregados convencionais (brita e areia).

Vantagens:

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 Utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos, argamassas,


materiais cerâmicos, areias, pedras etc.), sem a necessidade de separação de
nenhum deles;
 Economia de energia no processo de moagem do entulho (em relação a sua
utilização em argamassa), uma vez que, usando-o no concreto, parte do material
permanece com granulometria graúda;
 Possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido, como o
proveniente de demolições e de pequenas obras que não suportam o investimento
em equipamentos de moagem/ trituração;
 Possibilidade de melhorias no desempenho do concreto em relação aos agregados
convencionais, quando se utiliza de baixo consumo de cimento.

Utilização como agregado para a confecção de argamassa – Ao ser processado por


equipamentos denominados argamasseiras, que moem o entulho na própria obra, em
granulometria semelhante à da areia, pode ser utilizado como agregado para a argamassa
de assentamento e revestimento.

Vantagens:

 Utilização do resíduo no local gerador, o que elimina custos com transporte;


 Efeito pozolâmico apresentado pelo entulho moído;
 Redução no consumo do cimento e da cal;
 Ganho na resistência à compressão das argamassas.

Outros usos – utilização de concreto reciclado com agregado; cascalhamento de estradas;


preenchimento de vazios em construções; preenchimento de valas de instalações e reforço
de aterros.

As autoras Liana & Tubino ([200-?]) também estudaram a aplicação do P+L na construção
civil. Ao contrário do que se pensa, este estudo mostrou que, apesar de quase não ter
havido investimento financeiro no andamento do projeto, o somatório dos ganhos das
empresas alcançou o valor aproximado de R$ 38.000,00 (trinta e oito mil reais). (LIANA &
TUBINO, [200?]).

Em suma, a partir dos ideais da P+L, é possível concluir que “apenas com a implementação
de algumas Boas Práticas, que não requerem maiores recursos, dentro do canteiro,
consegue-se obter rapidamente ganhos econômicos significativos” (LIANA & TUBINO, [200-
?], p. 6). Então, a possibilidade de se obter os ganhos ambientais, sociais e econômicos,
imprescindíveis para o projeto mundial de desenvolvimento sustentável, com um baixo custo
“parece ser uma das principais razões para se investir em PmaisL” (LIANA & TUBINO, [200-
?], p. 6).

Conclusões e recomendações

Para informações complementares, recomenda-se a consulta as Respostas Técnicas do


SBRT sobre produção mais limpa na construção civil. Para visualizar os arquivos citados,
acesse o site: <www.respostatecnica.org.br> e realize a busca utilizando as palavras-chave:
“mecanismo de desenvolvimento limpo”, “preservação ambiental” “produção mais
limpa”.

Recomenda-se que o cliente busque informações complementares através de todos os sites


citados nessa resposta técnica. É importante, se possível, contar com o apoio de um
profissional especialista na área, para elaboração de um projeto adequado às condições
desejadas.

Fontes consultadas

ARAUJO, Alexandre Feller. A aplicação da metodologia de produção mais limpa:


estudo em uma empresa do setor de Construção Civil. Florianópolis, 2002. 120 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em

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RESPOSTA TÉCNICA – A produção mais limpa (P+L) na construção civil

Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.


Disponível em: <
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/84192/190428.pdf?sequence=1
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GORON, Liana Sampaio; TUBINO, Rejane Maria Candiota. Produção mais limpa na
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MATTOSINHO, C.; PIONÓRIO, P. Aplicação da Produção Mais Limpa na Construção


Civil: Uma Proposta de Minimização de Resíduos na Fonte. In: International Workshop
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TUBINO, Rejane Maria Candiota. SBRT - Respostas Técnicas - P+L na construção civil.
[mensagem pessoal] Mensagem recebida por < lsampaio@fieb.org.br > em 11 mar. 2010.

Identificação do Especialista

Rejane Maria Candiota Tubino – Professora, pesquisadora nas áreas de Gestão da


Qualidade e Ambiental e Resíduos Sólidos. (Universidade Federal do Rio Grande do Sul -
UFGRS)
Telefone: (51) 3308-9966 / 7104

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