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Educação | Relatório Temático BTG Pactual Equity Research

01/02/2023
BTG Pactual Equity Research
Setor Educacional 01 de Fevereiro 2023

Muito debate, mas pouca qualidade Analistas


Samuel Alves
Analisando a qualidade acadêmica no Brasil
Brasil – Banco BTG Pactual S.A.
A educação é provavelmente o principal motor do futuro de um país.
Foi isso que nos inspirou a produzir este relatório temático, na qual
falamos sobre este tema crucial, trazendo uma análise aprofundada Carlos Sequeira, CFA
do sistema educacional brasileiro, com foco especial na qualidade Brasil – Banco BTG Pactual S.A.
acadêmica. É um relatório em seis partes: (i) Temas básicos do ciclo
educacional; (ii) avaliação de indicadores de qualidade (IDEB, ENEM, Yan Cesquim
ENADE, IGC, CPC) na educação básica e superior; (iii) metas Brasil – Banco BTG Pactual S.A.
educacionais; (iv) comparações globais (PISA, alfabetização,
matrícula, investimento); (v) análise dos gastos públicos do setor; e Pedro Lima
(vi) alguns bons exemplos e iniciativas na frente educacional. Brasil – Banco BTG Pactual S.A.

Conhecendo o setor de educação do Brasil


Um aluno leva 14 anos para concluir o ciclo obrigatório da educação Fábio Serrano
Brasil – Banco BTG Pactual S.A.
básica no Brasil. Ao contrário do jardim de infância (frequentado por
crianças de 0 a 3 anos), os programas de ensino fundamental e médio
são obrigatórios, o que significa que todos os brasileiros de 4 a 17 Marcel Zambello
anos devem estar matriculados na escola, que é fornecida Brasil – Banco BTG Pactual S.A.
principalmente (gratuita) pelo governo. 43 milhões de alunos estão
matriculados na educação básica, com o setor público respondendo
por 83% (35 milhões). O ensino de graduação não é obrigatório e
apenas 17,5% dos adultos (8,7 milhões) possuem diploma
universitário, com apenas 23% das matrículas (2 milhões) em
instituições do setor público.

Qualidade do ensino: abaixo da média e sem sinais de melhora


A qualidade do ensino deixa muito a desejar. No PISA 2018 (teste
global que mede o conhecimento de alunos de 15 anos em
matemática, ciências e leitura), o Brasil não conseguiu melhorar em
relação às edições anteriores, ainda figurando entre os piores países
(em matemática, foi o 70º lugar entre 78 países). Apesar de pequenas
melhorias no ensino fundamental pelo IDEB (indicador local de
qualidade para ensino básico) até 2019, o Brasil ainda está aquém de
suas próprias metas de educação. Em 2014, uma lei estabeleceu 20
metas para 2024, mas até agora apenas 2 foram totalmente
cumpridas (principalmente nos programas de mestrado/doutorado).
Em 2021, o IDEB piorou pela primeira vez nos anos iniciais do ensino
fundamental principalmente devido à pandemia de Covid-19.

Os padrões de qualidade do ensino médio e da graduação


também são abaixo da média
O desempenho no ENEM (prova padronizada do ensino médio para
o vestibular) também decepcionou, com a média ponderada estável
nos últimos 15 anos. Da mesma forma, o ENADE (exame que avalia
os alunos do último ano da graduação) continua estagnado, com
~30% dos cursos com notas abaixo da média. Refletindo os efeitos
colaterais do surto de Covid-19, o último ENADE (2021) não
apresentou melhorias e indicou qualidade acadêmica superior dos

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cursos presenciais versus a distância (ponto de atenção diante da forte expansão de


mercado EaD).

Muito dinheiro não foi suficiente; é hora de enfrentar o déficit de qualidade


O gasto público em educação não é baixo em ~6% do PIB, ou 14% do gasto público total,
acima de referências como EUA, Alemanha e Japão, mas não se traduziu em mais
qualidade. Sim, houve conquistas, como menor analfabetismo (6,6% contra 12% em
2000) e maior matrícula (98% para 4-17 anos), mas são muito pequenas, então é hora
de enfrentar o déficit de qualidade da educação.

Muito debate, pouca qualidade

"Um investimento em conhecimento rende os melhores juros" - Benjamin Franklin

Esta pesquisa tem um propósito diferente. Não pretendemos oferecer ideias de ações,
mas sim apresentar um relatório que esclareça um aspecto crucial para o
desenvolvimento do Brasil. O caminho para um país mais desenvolvido e com renda per
capita estruturalmente mais elevada não é nada simples, mas exige absolutamente um
foco especial no sistema educacional.

O sistema educacional brasileiro carece de qualidade. E, talvez ainda pior, não melhorou
muito na última década. Ainda está mal classificado no exame internacional PISA (onde
é um dos 15 piores países em uma lista de +70 nações), e seu desempenho no ENEM
(exame do ensino médio) mal avançou nos últimos 15 anos.

No nicho de graduação, seu desempenho no ENADE (exame que acompanha os alunos


do último ano do ensino superior) também não melhorou muito na última década. E a
pandemia só piorou tudo…

Mesmo os indicadores que melhoraram ainda estão aquém das metas pré-definidas: (i)
taxa de escolarização de 4 a 17 anos de 98% (vs. 94% há dez anos e abaixo da meta de
100%); (ii) o analfabetismo em termos percentuais de pessoas com +15 anos caiu para
6,6% (vs. 12% em 2000, mas muito pior do que a meta de zero analfabetismo para 2024);
e (iii) melhor desempenho do IDEB (indicador de qualidade da educação básica) nas
séries iniciais do ensino fundamental até 2019, embora o índice tenha piorado em 2021
devido à pandemia de Covid-19 (ver notas IDEB x metas). Em 2014, o governo criou o
Plano Nacional de Educação, com metas para desenvolver a educação. Mas, até agora,
apenas 2 de suas 20 metas foram totalmente cumpridas: qualificação de professores no
ensino superior e novos mestres/doutores.

Diante de uma situação tão desafiadora, o dinheiro é frequentemente apontado como


uma solução. Mas a realidade é que o Brasil não gasta menos com educação, que recebe
14% do gasto público total, acima de muitos países desenvolvidos. Na educação básica
(K12), com +35 milhões de alunos matriculados em escolas públicas (83% do nicho K12),
o gasto público é de 4,8% do PIB.

No segmento de graduação, cerca de 2 milhões de alunos matriculados em faculdades


públicas (22% do mercado de graduação) consomem 1,5% do PIB, mais do que os EUA,
Austrália e Alemanha.

Mas esse gasto extra em educação não se traduziu em mais aprendizado e qualidade,
levantando a questão: como o dinheiro está sendo investido? Dada a recente aprovação
do teto de gastos públicos, o debate sobre a eficiência com que os recursos públicos são
investidos ganhará força na educação.

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Questões outrora facilmente respondidas devem ser debatidas novamente. As


faculdades públicas devem cobrar mensalidades? É razoável manter ~20% dos gastos
públicos com educação na graduação? O Brasil investe demais em educação superior
enquanto investe pouco no segmento de ensino básico? Os professores têm formação
suficiente para ministrar um ensino adequado? Enquanto isso, o sistema educacional
brasileiro continua clamando por socorro. O investimento continua caindo no setor e o
debate é intenso, mas há pouca melhora na qualidade.

1. Conhecendo o universo educacional brasileiro

1.1 Educação Básica

O aluno demora 17 anos para completar o ciclo completo do ensino básico (ver tabela
abaixo), ou 14 anos para o ciclo obrigatório. O jardim de infância é a primeira etapa,
frequentado por crianças de 0 a 3 anos. A inscrição é obrigatória na fase pré-escolar (dos
4 aos 5 anos).

Então, aos 6 anos de idade, as crianças ingressam no ensino fundamental (ciclo longo
que leva pelo menos 9 anos), durante o qual fazem a prova do SAEB (Sistema de
Avaliação da Educação Básica). O Ensino Médio (última fase antes da graduação) é um
ciclo de 3 anos, com os alunos se formando por volta dos 17 anos e fazendo o vestibular.

O ano letivo começa em fevereiro e vai até novembro/dezembro, com 2 -3 semanas de


férias em julho. O método de ensino é escolhido por cada escola (ensino privado) ou pelo
governo (ensino público).

Tabela 1: Ciclo de educação básica no Brasil

Fonte: Ministro da educação e BTG Pactual.

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Existem 42,6 milhões de alunos no ensino básico (~20% da população) distribuídos pelos
segmentos público e privado (excluindo o ensino profissional, ensino básico de adultos e
ensino especial), dos quais 8% no jardim de infância, 12% no pré-escolar, 62% no ensino
fundamental e 18% no ensino médio.

Gráfico 1: Alunos da educação básica no Brasil (mn) Gráfico 2: Alunos do ensino básico

Fonte: INEP e BTG Pactual Fonte: INEP e BTG Pactual

A queda da taxa de fecundidade e a inversão da pirâmide etária fizeram com que a base
geral de alunos da educação básica diminuísse gradativamente. No segmento de ensino
básico, o segmento privado ganhou participação de forma consistente, com exceção de
2020 e 2021, quando a pandemia de COVID teve um impacto proporcionalmente maior
nas matrículas particulares.

O mercado privado de ensino básico deve continuar ganhando relevância, mas a


pandemia pressionou fortemente o setor nos últimos anos. Em 2021, o número de alunos
despencou 8% a/a (e 11% vs. 2019) para 7,3 milhões, enquanto a contribuição do
segmento privado (número de alunos privados como % de alunos do ensino básico) caiu
para 17% (vs. 19% pré-pandemia).

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Gráfico 3: Penetração do segmento privado (alunos Gráfico 4: Base de alunos do ensino básico (mm)
Privados/ total de alunos

Fonte: INEP e BTG Pactual Fonte: INEP e BTG Pactual

Gráfico 5:Base de alunos da pré-escola do segmento Gráfico 6: Alunos particulares do segmento básico
privado (mn) em 2021

Fonte: INEP e BTG Pactual Fonte: INEP e BTG Pactual

O segmento pré-escolar privado foi o mais afetado pela pandemia, perdendo +300 mil
alunos desde 2019 (-26% em dois anos). Em 2021, as pré-escolas particulares perderam
222 mil alunos (-20% a/a), e hoje os alunos da pré-escola representam 12% de todos os
alunos particulares do ensino básico.

Este cenário não vai durar muito. Durante o surto de Covid-19, o setor teve que substituir
aulas presenciais por ensino à distância. Mas os anos iniciais da educação básica são
muito mais sobre socialização do que absorção de conteúdo, por isso muitos pais
migraram seus filhos do ensino privado para o público em 2020-21.

Após a pandemia, as empresas privadas começaram a explorar melhor o ensino remoto


e as alternativas híbridas. E muitas partes interessadas agora estão pedindo uma
regulamentação mais flexível.

Na educação básica atual, apenas escolas de ensino médio podem utilizar o EAD em
programas regulares (até 20% da carga horária). Mais conteúdo online em vez de aulas
presenciais parece uma tendência mundial nas esferas da educação (desde a graduação
básica até a de alta qualificação).

Talvez alternativas digitais e híbridas possam acelerar a tendência de consolidação da


educação básica privada no Brasil. Existem mais de 40 mil escolas particulares no país,
mas as cinco principais empresas (juntos) têm apenas ~ 5% do total de alunos.

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Um dos principais diferenciais competitivos das escolas particulares de ensino


fundamental e médio é a melhor percepção de qualidade, que leva a custos de mudança
mais altos (para crianças e especialmente para pais, que geralmente acompanham o
processo educacional de perto), enquanto a elasticidade de preço diminui (ou seja,
escolas de ensino básico geralmente conseguem passar aumentos de preços acima da
inflação).

A seguir, apresentamos a evolução da base de alunos da educação no Brasil, dividida


nos seguintes subgrupos: educação infantil, pré-escola, fundamental e médio.

Gráfico 7: Base de alunos da Educação Infantil Gráfico 8: Base de alunos da pré-escola (privada +
(privada + pública) e crescimento anual pública) e crescimento anual

Fonte: INEP e BTG Pactual Fonte: INEP e BTG Pactual

Gráfico 9: Base de alunos do ensino fundamental Gráfico 10: Base de alunos do ensino médio
(privado+ particular) e crescimento anual (privado+ particular) e crescimento anual

Fonte: INEP e BTG Pactual Fonte: INEP e BTG Pactual

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O acesso deixou de ser um dos principais problemas para o sistema de educação básica.
94% das crianças de 4 a 5 anos estão matriculadas em creches ou pré-escolas, 99% das
crianças de 6 a 14 anos estão no ensino fundamental e 95% das crianças de 15 a 17
anos vão à escola (embora apenas 75% estejam realmente no ensino médio, enquanto o
restante está atrasado no ensino fundamental). Estimamos que 98% das crianças de 4 a
17 anos estejam na escola

Tabela 2: % de alunos matriculados no ensino básico por faixa etária

Fonte: IBGE, PNAD, Todos pela educação

Paralelamente, as taxas de evasão do ensino fundamental e médio também melhoraram


muito na última década. A evasão no ensino médio caiu para 5% em 2021 (vs. 11,8% em
2010), enquanto a evasão no ensino fundamental caiu para 1,2% (vs. 4,2% há dez anos).

Gráfico 11: Taxas de evasão na educação básica (%)

Fonte: INEP, BTG Pactual.

O acesso melhorou muito na última década, pois o Bolsa Família (programa de bem-estar
para famílias de baixa renda) exige que as famílias matriculem os filhos na escola para
receber de programas de transferências de renda.

O maior número de matrículas fez com que o analfabetismo caísse nos últimos anos.
Segundo a última PNAD (Pesquisa por Amostra de Domicílios), o analfabetismo é de
6,6% (% de maiores de 15 anos) contra 8,6% em 2011 e 12% em 2000.

Apesar desse progresso, ainda há muito espaço para melhorias. Em 2014, o governo
estabeleceu o Plano Nacional de Educação, com iniciativas e metas para desenvolver e
ampliar o acesso à educação. Um dos objetivos era erradicar o analfabetismo até 2024,

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o que é muito improvável, dados os níveis atuais de analfabetismo, enquanto a pandemia


cobrou seu preço em 2020-21 (não totalmente capturada pelas estatísticas mais
recentes).

Gráfico 12: Analfabetismo no Brasil (% de +15 anos) Gráfico 13: Analfabetismo por região
(% de habitantes) - 2019

Fonte: PNAD, IBGE e BTG Pactual Fonte: PNAD, IBGE e BTG Pactual

Rio e Santa Catarina têm o menor analfabetismo, com apenas 2%, e Alagoas o maior
(17%). Por região, o Nordeste tem o maior percentual (14%) e o Sul/Sudeste o menor
(3%).

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Gráfico 14: Nível de analfabetismo por estado (% da população total >15 anos)

Fonte: PNAD (2019), BTG Pactual.

1.2 Ensino Superior

Existem três tipos de qualificações que um aluno pode obter no sistema de ensino
superior brasileiro: (i) bacharelado; (ii) diplomas de licenciatura; e (iii) graus tecnológicos
(tecnólogo). Abaixo listamos algumas de suas principais características:

1. Bacharelado: 1. O curso superior mais tradicional do Brasil (64% das matrículas no


ensino superior). Em média, esses programas duram de 4 a 6 anos.

2. Diplomas de licenciatura: Esses cursos duram de 4 a 6 anos, preparando os alunos


para trabalhar como professores (19% das matrículas de graduação).

3. Tecnológicos: levam de 2 a 3 anos e são ideais para alunos que buscam ingressar no
mercado de trabalho o mais rápido possível (por exemplo, empreendedorismo, recursos
humanos, marketing digital) - 17% das matrículas de graduação.

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Gráfico 15: Tipos de graduação universitária no Brasil

Tecnológico
17%

Diplomas de
ensino
19%
Bacharelado
64%

Fonte: INEP, BTG Pactual.

Em 2021 (dados mais recentes), o Brasil tinha 8,99 milhões de alunos de graduação.
Após o enxugamento do FIES em 2014, o número de alunos em cursos de graduação
aumentou ligeiramente, impulsionado por uma melhor acessibilidade, por sua vez,
apoiado pelo crescimento dos cursos EAD (EAD).

Gráfico 16: Base de alunos de graduação no Brasil (privada + pública) (mn)


7%
6%
4% 4%
3% 3% 3,3%
2% 2%
0% 0,9%

8,60 8,70 8,99


8,05 8,29 8,45
7,83 8,03
7,04 7,31
6,74

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Base total de estudantes (milhões) Crescimento (a/a)

Fonte: INEP, BTG Pactual.

Mas no segmento público, o número de alunos de graduação mal moveu a agulha em


2020-21. A base de alunos do ensino superior privado é muito mais relevante do que a
base de alunos do público. Em 2021, 77% dos alunos de graduação estavam
matriculados em instituições privadas, enquanto o segmento privado continua superando
o segmento público.

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Gráfico 17: Mix de graduação particular x pública Gráfico 18: Admissões - privado vs. público
alunos (%) (mn alunos)
100%

80%

74% 74% 73% 74% 75% 76% 75% 75% 75% 76% 78% 77% 3,77 3,94
60% 3,63
3,45
3,11 3,23
2,92 2,99
2,75 2,74
40% 2,35
2,86 3,07 3,24 3,45
20% 2,56 2,39 2,46 2,64
2,20 2,21
26% 26% 27% 26% 25% 25% 25% 25%
1,86
24% 24% 22% 23%
0% 0,55 0,53 0,55 0,53 0,53 0,59 0,58 0,56
0,49 0,53 0,49
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Alunos de escolas particulares como % do total


Alunos de escolas públicas como % do total Público total (milhões) Partcular total (milhões)

Fonte: INEP e BTG Pactual Fonte: INEP e BTG Pactual

E o nível de escolaridade da população adulta continua muito baixo. Analisando a faixa


etária de +25 anos: (i) 6,4% não possuem graduação; (ii) 32,2% não concluíram o ensino
fundamental; (iii) 8% concluíram apenas o ensino fundamental; (iv) 4,5% não concluíram
o ensino médio; (v) 27,4% concluíram o ensino médio; (vi) 4% não concluíram o ensino
superior; e (vii) apenas 17,5% possuem nível superior.

Gráfico 19: Nível de escolaridade dos +25 anos


32%
27%

17%

6% 8%
5% 4%

Sem diploma Não concluiu fundamental Não terminou o Ensino médio Não terminou Superior
fundamental completo ensino médio concluído superior completo
Fonte: PNAD (2019), BTG Pactual

Outra tendência que está sacudindo o ensino superior é o crescimento dos cursos à
distância (EAD).

Em 2015, 1,4 milhão de alunos de graduação estavam matriculados no segmento EAD,


ou 17% do total de alunos. Mas em 2021, as universidades tiveram +3,7 milhões de
alunos EAD (41% do total) e 5,2 milhões de alunos presenciais (59% do total; ver gráfico
abaixo).

Essa tendência foi diretamente afetada pela Covid, que acelerou a mudança do
presencial para o EAD. Em 2021, a captação de EAD totalizou 2,4 milhões de alunos de
graduação no segmento privado (71% de todas as captações, um novo recorde),
superando a captação presencial. Para colocar isso em contexto, as captações do EAD
foram apenas 28% de todas as captações em 2015.

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Gráfico 20: Ingressos de graduação no segmento Gráfico 21: Ingressos de graduação no ensino
Público (mn) superior (mn)

0,59 3,45
0,58 3,24
0,55 0,55 0,56 3,07
0,53 0,53 0,53 0,53
0,49 0,49 2,86
2,56 2,64 29%
2,39 2,46
39%
2,20 2,21
49%
1,86 54%
63% 54%
78% 73% 63%
78% 72% 67% 49% 39% 73% 67%
79% 29% 72%
78% 78%
79% 71%
61%
51%
46%
33% 37%
15% 22% 22% 27% 28%
7% 9% 7% 8% 6% 11% 6% 9% 9% 21%
5%
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

EAD público (milhões) Público privado (milhões) EAD privado (milhões) Privado presencial (milhões)

Fonte: INEP e BTG Pactual Fonte: INEP e BTG Pactual

Há alguns anos, acreditávamos que demoraria muito mais para que as matrículas EAD
superassem as presenciais. Mas em 2021 o segmento EAD já ultrapassou o presencial
em captação (e deve ultrapassar em breve o presencial em número de alunos).

Gráfico 22: A exposição ao segmento EAD vem se expandindo continuamente no


mercado de graduação (público + privado)

6%
4% 7,1%
4% 3,5%
3% 3%
2% 2%
0,9%
0%

8,60 8,68 8,99


8,29 8,45
7,83 8,03 8,05
7,04 7,31
6,74 17% 19% 21% 24% 28%
17% 36% 41%
16% 16%
15%

84% 84% 83% 83% 81% 79% 76% 72%


85% 64% 59%

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Base de alunos EAD (milhões)
Total Student Base
Crescimento (a/a)
Fonte: INEP, BTG Pactual

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Gráfico 23: Base de alunos de graduação na Gráfico 24: Base de alunos de graduação em cursos
modalidade presencial (mn) EAD (mn)

5,5% 5,4% 27%


3,1% 3,9%
2,3%
-1,2% -0,4% -2,1%
-3,8% 19% 20%
-5,5% 16% 18% 17%
-9,4% 12%

7% 7%
4% 4%
6,15 6,49 6,63 6,55 6,53 6,39 6,15
5,75 5,92 5,57 5,27 3,72
3,11
2,06 2,45
1,34 1,39 1,49 1,76
0,99 1,11 1,15

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Base de alunos presencial (milhões) Crescimento (a/a) Base de alunos EAD (milhões) Crescimento (a/a)

Fonte: INEP e BTG Pactual Fonte: INEP e BTG Pactual

Olhando para o “cliente” final (ou seja, o aluno), parece claro que o avanço da graduação
é impulsionado pela empregabilidade, não pela qualidade. No Brasil, os concluintes do
ensino superior ganham, em média, ~3x mais do que os alunos que pararam de estudar
após o ensino médio, segundo a PNAD. Curiosamente, essa lacuna tem se mantido
estável nos últimos seis anos, apesar do aumento dos cursos EAD.

Gráfico 25: Rendimento médio mensal, em termos reais, por nível de escolaridade
(R$)
7.500

6.500
6.009 Superior completo
5.500

4.500

3.500

2.500 Ensino Médio completo


2.091 Fundamental completo
1.750
1.500 Sem escolaridade
1.104
500

Fonte: IBGE, PNAD e BTG Pactual

A empregabilidade também é diretamente impactada pelos níveis de escolaridade.


Conforme demonstrado no gráfico 26, as taxas de desemprego entre os egressos do
ensino fundamental e médio (10,4% e 10,6%, respectivamente, no 2T22) são bem
superiores às dos egressos do ensino superior (4,7%).

Uma pesquisa divulgada recentemente pela ABMES (Associação Brasileira das


Mantenedoras do Ensino Superior) mostra que ~70% dos alunos formados em 2020-21
conseguiram emprego um ano após a formatura, com salário médio mensal de R$ 3,8
mil. Curiosamente, também mostra que não há diferenças relevantes nos resultados para
alunos formados em EAD ou em cursos presenciais. As áreas com maiores taxas de
emprego estão relacionadas à tecnologia (70%) e saúde (69%).

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Gráfico 26: Taxa de desemprego por nível de escolaridade (%)


20

18

16

14

12
10,6 Ensino médio
10 10,4 Ensino fundamental
9,3 Desemprego Total
8 7,6 Sem escolaridade
6
4,7 Superior completo
4

Fonte: IBGE, PNAD e BTG Pactual

Segundo a ABMES, os novos funcionários com nível superior têm salário médio de R$
3,97 mil. Os profissionais com formação tecnológica reportaram uma média salarial de
R$ 3,70 mil e os profissionais com diploma de magistério reportaram o menor salário, de
R$ 2,38 mil.

Apesar das perspectivas salariais mais fracas, pedagogia é o curso de graduação mais
popular no Brasil, seguido por direito, administração, contabilidade e enfermagem. Os
cursos de pedagogia tornaram-se mais acessíveis graças à penetração adicional dos
cursos EAD.

Em 2021, o Brasil tinha 789 mil alunos de pedagogia (impressionantes 8,8% de todos os
alunos de graduação). Cerca de 70% dos alunos de pedagogia estão em cursos EAD,
contra 50% há cinco anos. Não queremos, de forma alguma, insinuar que os cursos online
não possuem sólida qualidade acadêmica (em muitos casos, até apresentam melhor
desempenho em indicadores de qualidade), mas é necessário um debate. Os professores
brasileiros são suficientemente formados por meio de métodos EAD para fornecer um
ensino adequado em aulas presenciais?

Gráfico 27: Total de alunos de graduação (mn) Gráfico 28: Alunos de graduação em Pedagogia
vs. alunos matriculados em cursos de Pedagogia (mn) (milhares) – EAD versus no presencial
9,1%
9,5% 9,4% 6,5% 6,0%
8,9% 8,8% 8,8% 4,6%
8,6% 3,5%
8,5% 8,4% 8,5% 2,3% 2,5% 2,0%
8,3% 8,3% 0,8%
8,1% 0,6% 0,1%
9,0
8,5 8,6 8,7
8,3 -3,8%
7,8 8,0 8,0
7,0 7,3
6,7
6,4 816 816
748 785
675 706
647 652
581 595 607
568
64% 68% 73%
49% 51% 52% 56% 60% 76%
48% 48% 50%

0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,7 0,7 0,7 0,7 0,8 0,8 0,8
52% 52% 50% 51% 49% 48% 44% 40% 36% 32% 27% 24%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Total Students (mn) Estudantes de Pedagogia (milhões) Penetração (%) Presencial EAD Crescimento (a/a)

Fonte: INEP e BTG Pactual Fonte: INEP e BTG Pactual

Cursos relacionados à tecnologia também floresceram nos últimos anos. Somando o


número de alunos matriculados em desenvolvimento de sistemas, ciência da
computação, engenharia da computação e engenharia de software, há 335 mil alunos em
cursos relacionados à tecnologia (crescimento anual de dois dígitos). Essa tendência

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deve continuar a acelerar, pois a demanda do mercado de trabalho por habilidades


relacionadas à tecnologia está crescendo

Gráfico 29: Alunos matriculados nos principais cursos relacionados à tecnologia


14,3%
15,0%
420 10,8%

383,0 10,0%
5,8% 5,4%
370 4,7%
3,3% 3,2% 5,0%
335,1
1,2% 0,5%
320 302,3
-1,8% -1,3% 0,0%
286,7
270,9
270 260,9 262,2 258,9
254,5 249,9 252,8 -5,0%

220 -10,0%
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Cursos de tecnologia (alunos 000s) Crescimento a/a

Fonte: INEP, BTG Pactual. Os cursos técnicos consideram desenvolvimento de sistemas, ciência da computação,
engenharia da computação e engenharia de software

Mas alguns dos cursos presenciais mais tradicionais estão perdendo relevância (por
exemplo, direito e engenharia). Os cursos de direito perderam mais de 100 mil alunos em
2018-21, enquanto os cursos de engenharia perderam mais de 200 mil alunos de 2017 a
2021. Essa é uma evidência interessante da falta de interesse em cursos presenciais, já
que todos os cursos de direito e a maioria dos cursos de engenharia são exclusivamente
presenciais.

Gráfico 30: Base de alunos dos cursos Gráfico 31: Base de alunos dos cursos
de direito (`000 alunos) de engenharia (`000)
30%
6,6% 1.350,0
5,7%
4,4% 4,9% 21,7% 25%
4,1%
1,9% 18,5%
1.150,0 16,4% 20%
879,2 15,8% 15,0%
862,3 863,1 1.031,1 1.030,2 1.013,7
853,2 2,0% 15%
1,1% 831,4 959,7 970,0
813,5 950,0 7,4% 887,1
-1,8% 10%
834,7 811,7
769,9 -3,7% 805,1
759,4 5%
737,3 750,0 721,0 -0,1%
723,6 -1,6% -0,8%
0%
695,3 700,4 608,5 -4,3%

-8,5% -8,5% -5%


-12,0% 550,0 499,9
-10%
-15,7%
350,0 -15%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Estudantes de Direito (000s) Crescimento a/a Estudantes de Engenharia Crescimento a/a

Fonte: INEP e BTG Pactual Fonte: INEP e BTG Pactual

No último ano da graduação, os alunos fazem o ENADE (Exame Nacional de


Desempenho do Estudante), o índice de qualidade fundamental usado para avaliar a
qualidade no ensino superior (por exemplo, IGC, CPC, IDD e outros). Detalhamos a
metodologia e os resultados do ENADE e o CPC (Conceito Preliminar de Curso) e por
fim, analisamos o IGC (Índice Geral de Curso).

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2. Acompanhamento dos indicadores de qualidade educacional


do Brasil
2.1 IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), criado em 2007 pelo INEP


(Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais) para medir a qualidade do aprendizado
da educação básica e estabelecer metas de melhoria, é utilizado para acompanhar o
desempenho de escolas, municípios e estados e a nota geral do Brasil.

O IDEB é calculado a partir de dois componentes: (i) nota média do exame SAEB
(Sistema de Avaliação da Educação Básica); e (ii) taxa de aprovação escolar no censo
escolar anual do INEP. As notas dos testes de língua portuguesa e matemática são
padronizadas em uma escala de 0 a 10 (usando as notas do SAEB). Essa nota é
multiplicada pela taxa de aprovação (censo escolar), que varia de 0% a 100%.

Figura 1: Metodologia de cálculo do IDEB

Fonte: IBGE, BTG Pactual

O censo escolar é um censo obrigatório para todas as escolas públicas e privadas,


enquanto o SAEB é um exame obrigatório para todos os alunos das escolas públicas.

O MEC (Ministério da Educação) estabelece uma meta para cada escola, cidade, estado
e todo o país – mas os resultados ainda estão longe do ideal. Nos últimos 14 anos (2005-
19), a maioria das metas não foi alcançada. Apenas os anos iniciais do ensino
fundamental cumpriram a maior parte das metas na última década, refletindo
principalmente a recuperação do desempenho da rede pública. Mas os anos finais do
ensino fundamental e do ensino médio ficam aquém das metas estabelecidas pelo MEC
desde 2011. Em todo o país, o último IDEB está abaixo de 5 nos anos finais do ensino
fundamental e no ensino médio.

As notas do IDEB da rede privada são superiores às da rede pública em todas as


categorias (ensino fundamental e médio), e a diferença é considerável. No entanto,
vemos uma melhoria maior da qualidade na rede pública (principalmente nos anos iniciais
do ensino fundamental).

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Observamos também que as notas do IDEB de 2021 foram afetadas negativamente pela
pandemia, pois um volume relevante de aulas foi suspenso ou migrado para o canal de
ensino a distância. Por exemplo, nos anos iniciais do ensino fundamental, os alunos da
rede pública não conseguiram atingir as metas do MEC pela primeira vez.

Tabela 3:Nota do IDEB – anos iniciais da educação Tabela 4: Objetivos do IDEB: anos iniciais da educação
básica básica

Fonte: INEP e BTG Pactual. Em azul notas que atingiram a meta Fonte: INEP e BTG Pactual

Tabela 5:Nota do IDEB – anos finais da educação Tabela 6: Objetivos do IDEB: anos finais da educação
básica básica

Fonte: INEP e BTG Pactual. Em azul notas que atingiram a meta Fonte: INEP e BTG Pactual

Tabela 7:Nota do IDEB –Ensino médio Tabela 8: Objetivos do IDEB: Ensino médio

Fonte: INEP e BTG Pactual. Em azul notas que atingiram a meta Fonte: INEP e BTG Pactual

2.2 ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio

O ENEM (Exame do Ensino Médio) foi criado em 1998 para acompanhar o desempenho
dos concluintes do ensino médio e ainda é o principal teste padronizado para ingresso
em faculdades, empréstimos estudantis e bolsas de estudo no Brasil.

O ENEM é um exame opcional, dividido em duas provas e realizadas em dias separados.


O ENEM é um exame opcional, dividido em duas provas, aplicadas em dois dias
diferentes. No primeiro dia, os alunos têm de responder a 90 perguntas sobre
línguas/ciências humanas e escrever um ensaio. No segundo dia, a prova aborda
questões de ciências naturais e matemática.

Em +20 anos, o exame ganhou muita escala, com +9 milhões de inscrições em 2014-16.
Mas desde 2017, quando o ENEM deixou de ser considerado como formatura do ensino
médio, as matrículas despencaram. Hoje, as matrículas do ENEM seguem os níveis de
2005 (veja o gráfico abaixo).

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Gráfico 32: Nº de matrículas totais e alunos que realizaram o exame (mn alunos)

Inscrições Inscrições Estudantes que


totais confirmadas fizeram a prova
Fonte: INEP, BTG Pactual

Olhando para o desempenho médio dos alunos em cada área do conhecimento nos
últimos 10 anos, não há praticamente nenhum sinal de melhora significativa na qualidade
da pós-graduação do ensino médio, apesar de uma amostra de alunos mais seletiva (já
que os candidatos atuais despencaram nos últimos 10 anos).

Gráfico 33: Enem - Nota média por área de estudo (1-1000)

Fonte: INEP, BTG Pactual

De acordo com o ranking da Evolucional (empresa que oferece soluções de dados para
escolas, com o objetivo de aumentar a eficiência do ensino e melhorar os métodos de
avaliação), das 100 melhores escolas do ENEM 2019 (último ranking disponível por
escola), apenas quatro são públicas (duas em Minas Gerais, uma em Pernambuco e uma
no Rio Grande do Sul).

Mais da metade das escolas mais bem avaliadas estão localizadas na região Sudeste (20
em São Paulo, 19 em Minas Gerais, 19 no Rio de Janeiro e 4 no Espírito Santo). Enquanto
isso, Ceará (11) e Piauí (7) se destacam no Nordeste. As duas maiores médias foram
obtidas por duas escolas cearenses, estado sede de grandes melhorias na qualidade da

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educação na última década (leia mais na parte sobre o estudo de caso do Ceará no
relatório).

Gráfico 34: Nº de escolas no ranking das 100 melhores por estado em 2019. Há
apenas quatro escolas públicas no ranking

Fonte: INEP, Evolucional e BTG Pactual

2.3 ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

O ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) avalia o desempenho dos


alunos do último ano dos cursos de graduação. Dada a complexidade do processamento
do exame nacional, o INEP separa os cursos em três ramos (um ramo por ano).

Gráfico 35: Áreas de conhecimento dos cursos avaliados em cada ramo do ENADE
• Ciências biológicas
• Ciências exatas
• Linguas
• Artes
• Processos industriais de TI

• Ciências de saúde • Ciências Humanas


• Ciências agrícolas • Ciências Sociais
• Engenharia • Administração de
• Arquitetura negócios
• Urbanismo
• Segurança e
militar
Fonte: INEP e BTG Pactual

É preciso um ciclo de 3 anos para avaliar todos os cursos. Depois de medir o


desempenho de todos os alunos, as notas são normalizadas em faixas de 1 a 5 (1 =
conceito mais baixo; 5 = instituições com melhor desempenho).

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Tabela 9: Nº de cursos por faixa do ENADE por ciclo de 3 anos


*cursos ofertados pelo ENADE 2009-2011 2012-2014 2015-2017 2018-2021
1ª Grau 698 804 940 1,034
2ª Grau 3,886 5,107 6,025 6,799
3 Grau 6,239 7,298 9,151 9,888
4ª série 3,151 3,641 4,818 4,990
5ª série 921 972 1,270 1,430
% total de ofertas 14,895 17,822 22,204 24,141
Crescimento (a/a) 19.7% 24.,6% 8.7%
t de ofertas acima do grau 3 (inclusive) 10,311 11,911 15,239 16,308
como % do total 69% 67% 69% 68%
* de ofertas nota 1+2 4,584 5,911 6,965 7,833
como % do total 31% 33% 31% 32%
* das ofertas nota 4+5 4,072 4,613 6,088 6,420
como % do total 27% 26% 27% 27%
Fonte: INEP e BTG Pactual

Desde 2009, o número de cursos com pontuação +3 se manteve estável, próximo a


68% dos cursos (ver tabela 9). 32% dos cursos pontuaram de 1 a 2 nos últimos 10
anos, abaixo da nota ideal.

Cursos de instituições públicas de ensino superior historicamente apresentam melhor


desempenho no ENADE do que instituições privadas. No segmento público, +80%
dos cursos estão acima da 3ª faixa de pontuação do ENADE, enquanto apenas 62%
nas instituições privadas ficaram acima da 3ª faixa no último triênio. A qualidade
medida pelo desempenho do ENADE é bastante estável desde 2009.

Gráfico 36: Ofertas de cursos classificadas acima da 3ª faixa (%) - público x privado

Fonte: INEP e BTG Pactual

Há alguns meses, o INEP divulgou os resultados do ENADE 2021. No ano passado, o


ENADE avaliou alunos concluintes de ciências biológicas, ciências sociais, linguística,
exatas, artes e outros. Nesta edição, 67% do total de cursos teve nota 3 ou mais, e apenas
27% tiveram nota 4 ou mais.

Mais importante ainda, o ENADE 2021 indicou qualidade acadêmica superior dos cursos
presenciais vs. EAD. Em 2021, 69% dos cursos presenciais obtiveram nota 3 ou superior
(contra apenas 52% dos cursos EAD). E 29% dos cursos presenciais pontuaram 4 ou mais
(vs. apenas 15% para EAD).

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A nosso ver, trata-se de um sinal de alerta, principalmente considerando a recente


expansão abrupta dos cursos EAD, enquanto o segmento presencial se deteriora.

Gráfico 37: Nº de cursos por faixa e segmento do ENADE (presencial e EAD)

Fonte: INEP e BTG Pactual (2021)

2.4 IGC - Índice Geral de Cursos

O IGC é a nota de cada instituição e é a média ponderada de todas as notas dos cursos
(CPCs) dos últimos 3 anos (mais bem explicado na próxima seção), somadas às notas dos
exames de graduação (Capes). Os CPCs são notas baseadas principalmente no ENADE
e nos IDDs. Além do ENADE (explorado na seção anterior), os IDDs são calculados usando
a diferença de desempenho entre o ENEM e o ENADE. A figura abaixo ajuda a entender
as diferenças entre esses indicadores de qualidade.

Figura 2: Como se chega ao IGC


Desempenho
Nota do ENADE
dos
Graduados
(Enade) Questionário do Aluno
(ENADE)

Curso
Desempenho Preliminar
(ENEM) IDD Pontuação Índice
(CPC) geral do
curso
(IGC)

Desempenho do
professor
(Censo educacional do
ensino superior)

Pós-graduação
(Capes) +
infraestrutura

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Fonte: MEC, INEP e BTG Pactual

O IGC é o principal indicador de qualidade do mercado de graduação e é utilizado pelo


Ministério da Educação como parâmetro para manutenção do funcionamento das
instituições, abertura de polos de EAD e lançamento de cursos. Mantenedores com notas
IGC mais baixas estão sujeitos a intervenção regulatória e, se continuarem apresentando
desempenhos abaixo do ideal, podem sofrer restrições regulatórias.

Nos últimos 5 anos, pouco mudou em termos de qualidade das instituições de ensino
superior, o que contrasta com o investimento no ensino superior. Proporcionalmente (gasto
público por aluno), o governo investe mais na graduação do que no ensino fundamental e
médio.

Gráfico 38: Média das faixas do IGC por categoria administrativa (por nº de
faculdades)

Fonte: INEP e BTG Pactu

2.5 CPC - Conceito Preliminar de Curso

O CPC é o conceito que avalia cada curso, de cada universidade, numa escala de 1 a 5.
Para o cálculo, são considerados: ENADE (desempenho do aluno na prova do ENADE);
IDD (indicador de diferença entre observado e esperado); nível de qualidade do corpo
docente (informações do Censo sobre percentual de mestres, doutores e regime de
trabalho) e percepção dos alunos sobre seu processo de formação (informações do
questionário do aluno do ENADE).

Podemos dividir a avaliação do curso em quatro categorias:

1. Desempenho dos alunos: Medido a partir das notas dos alunos no ENADE.
2. Valor agregado pelo curso: medido a partir dos valores do indicador de diferença entre
desempenho observado e esperado (IDD).
3. Corpo Docente: Mede a qualificação do corpo docente do curso e tem como base as
informações do Censo da Educação Superior. Avalia escolaridade dos professores,
titulação e regime de trabalho.
4. Percepção sobre as condições do processo de aprendizagem: Mensurar, por meio de
questionários, que abordem informações relacionadas à organização didático-pedagógica,
infraestrutura, instalações e possibilidades de ampliação da formação acadêmica e
profissional.

O conceito é divulgado anualmente, juntamente com os resultados do ENADE. Os cursos


avaliados com 1ª ou 2ª notas são incluídos nos cronogramas para receber visita in loco do

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Ministério da Educação, onde o curso é reavaliado, o que lhe dá a oportunidade de


alcançar melhores notas. Cursos que recebem nota 3+: são considerados 'satisfatórios'
e atendem a todos os critérios do MEC, mas também podem solicitar uma visita ao local
do MEC para receber uma reavaliação e tentar alcançar melhores notas.

Caso não optem por receber a visita, a nota será definida como definitiva. Mais importante
ainda, a nota final é utilizada como referência nos processos de regulamentação dos
cursos de graduação (abertura de vagas de medicina, autorização de novos cursos,
renovações, etc.).

No último ciclo do ENADE (2017-19), as universidades públicas voltaram a apresentar


melhores resultados de CPC do que as privadas. A maioria dos cursos de instituições
públicas teve CPC acima de 4 (53% do total), enquanto a maioria dos cursos oferecidos
em universidades privadas teve CPC de 3 (54% do total).

Gráfico 39: Notas do CPC no ciclo 2017-19

Fonte: INEP e BTG Pactual

Analisando os dados históricos do CPC, as universidades públicas apresentam resultados


melhores que as particulares ao longo de muitos anos. Em uma nota positiva, as notas
melhoraram de forma geral nos últimos 4 ciclos (2008-10; 2011-13; 2014-16; 2017-19),
embora ainda estejam em um nível apenas satisfatório.

No ciclo 2008-10, 81% dos cursos avaliados em instituições públicas foram iguais ou
superiores à 3 (ou seja, satisfatórios) contra apenas 67% dos cursos privados. Em 2017-
19, 95% dos cursos públicos foram considerados satisfatórios, enquanto 89% dos cursos
privados atingiram a nota necessária

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Gráfico 40: % de notas 3+ CPC em cursos públicos e privados

Fonte: INEP e BTG Pactual

Uma análise detalhada não traz muito ânimo. As notas do ENADE não estão evoluindo no
mesmo ritmo do CPC, o que significa que as melhorias do CPC são principalmente em
outras áreas (por exemplo, qualificação de professores), enquanto a parte mais importante
(desenvolvimento do aluno, conforme rastreado pelo ENADE) permanece em níveis ruins.

3. Metas educacionais... checks and balances

3.1 O Plano Nacional de Educação

O Plano Nacional de Educação (PNE) é uma lei em vigor desde 2014 que obriga o governo
a planejar o futuro da educação nacional, visando oferecer educação de qualidade superior
a toda a população brasileira (da educação infantil à pós-graduação).

O PNE estabeleceu 20 metas que devem ser cumpridas até 2024, abordando diferentes
questões da educação brasileira, como: analfabetismo, desempenho, absenteísmo
estudantil, investimento público, formação e remuneração de professores, penetração da
educação básica e superior, entre outros. Municípios e estados são livres para decidir
como investir e promover melhorias impactantes na educação, mas devem estar
orientados para o cumprimento das metas do PNE.

Das 20 metas do PNE, apenas 2 foram totalmente cumpridas, enquanto a pandemia


certamente deteriorou alguns indicadores. Confira abaixo os 20 temas e veja o que já foi
entregue (como aponta a ONG "Todos pela Educação").

1. Jardim da infância
OBJETIVOS ATUAL

1. Matricula de todas as crianças de 4 a 5 anos no 1. 94,1% das crianças de 4 a 5 anos estavam


jardim de infância até 2016. matriculadas no jardim de infância em 2019.
2. Atender 50% das crianças menores de 3 anos e 11 2. 37% das crianças de 0 a 3 anos estavam
meses em creches até 2024. matriculadas em creches em 2019.

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2. Educação Básica

OBJETIVOS ATUAL

1. Matricular todas as crianças de 6 a 14 anos na escola 1. 98% das crianças de 6 a 14 anos estavam
primária. matriculadas no ensino fundamental em 2020.
2. Garantir que 95% dos alunos concluam o ensino 2. Em 2020, 82,4% das crianças de 16 anos concluíram
fundamental até os 16 anos. o ensino fundamental.

3. Ensino médio
OBJETIVOS ATUAL

1. Matricula de todos os indivíduos de 15 a 17 anos no 1. 94,5% dos indivíduos de 15 a 17 anos estavam


ensino médio até 2016. matriculados no ensino médio em 2020.
2. Garantir que 85% dos alunos de 15 a 17 anos 2. 75,4% dos alunos de 15 a 17 anos concluíram o
concluam o ensino médio. ensino médio em 2020.

4. Educação especial

OBJETIVOS ATUAL

1. Matricular todas as crianças e jovens de 4 a 17 anos 1. Não há indicador para esta meta.
com deficiência, transtornos do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação, e oferecer
atendimento educacional especializado a todos esses
alunos.

5. Analfabetismo

OBJETIVOS ATUAL

1. Em 2016, 45% das crianças do 3º ano tinham


1. Todas as crianças devem ser alfabetizadas até o 3º habilidades de leitura adequadas, 66% tinham
ano do ensino fundamental até 2024. habilidades de escrita adequadas e 45,5% tinham
habilidades de matemática adequadas.

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6. Educação Integral

OBJETIVOS ATUAL

1. Oferecer educação em tempo integral (ou seja, horas


1. 29,5% das escolas públicas ofereciam educação em
diárias de estudo de sete horas ou mais) em pelo
tempo integral em 2020.
menos 50% das escolas públicas até 2024.
2. 12,9% das matrículas foram em educação em tempo
2. Garantir que pelo menos 25% dos alunos da
integral em 2020.
educação básica estejam matriculados em tempo
integral até 2024.

7. Aprendizagem adequada de acordo com a idade

OBJETIVOS ATUAL

1. Alcançar nota 5,5 no IDEB (Índice de 1. A nota do IDEB dos anos iniciais do ensino
Desenvolvimento da Educação Básica) nos anos fundamental foi de 5,9 em 2019.
iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) em
2. A nota do IDEB para os anos finais do ensino
2017.
fundamental foi de 4,9 em 2019.
2. Alcançar nota 5 no IDEB nos anos finais do ensino
3. A nota do IDEB para o ensino médio foi de 4,2 em
fundamental (6º ao 9º ano) em 2017.
2019.
3. Alcançar nota 5 no IDEB no ensino médio em 2017.

8. Idade média de aprendizado

OBJETIVOS ATUAL

1. Aumentar a média escolaridade da população de 18 a 1. Em 2020, a escolaridade média da população de 18 a


29 anos residente no campo para pelo menos 12 29 anos no interior era de 10,2 anos.
anos até 2024.
2. Em 2020, a escolaridade média da população de 18 a
2. Aumentar a escolaridade média dos jovens de 18 a 29 anos no Nordeste era de 11,1 anos.
29 anos da região de menor escolaridade do país
3. Em 2020, a escolaridade média dos 25% mais pobres
(Nordeste) para pelo menos 12 anos até 2024.
da população de 18 a 29 anos era de 10,8 anos.
3. Aumentar a escolaridade média dos 25% mais pobres
4. Em 2020, a escolaridade média da população negra
da população de 18 a 29 anos para pelo menos 12
era de 11,4 anos, e a escolaridade média da
anos até 2024.
população parda era de 11,2 anos.
4. Equalizar a escolaridade média entre negros e não
negros.

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9. Alfabetização e alfabetização funcional de jovens e adultos

OBJETIVOS ATUAL

1. Até 2015, garantir que 93,5% dos brasileiros com 1. 94,2% dos brasileiros com mais de 15 anos sabiam
mais de 15 anos sejam alfabetizados (e toda a ler e escrever em 2020.
população até 2024).
2. 29% dos brasileiros com mais de 15 anos foram
2. Reduzir para 13,5% o percentual de maiores de 15 considerados analfabetos funcionais em 2018.
anos analfabetos funcionais.

10. Educação de jovens e adultos integrada à educação profissional

OBJETIVOS ATUAL

1. Assegurar que pelo menos 25% dos alunos da 1. Em 2020, 0,5% dos alunos de jovens e adultos do
educação de jovens e adultos tenham oportunidade ensino fundamental cursavam a educação profissional
de acesso também à educação profissional integrada integrada. No ensino médio, esse número chegou a
até 2024. 3,6% no mesmo ano.

11. Educação profissional (carreira e ensino técnico)

OBJETIVOS ATUAL

1. Atingir 5,2 milhões de matrículas no ensino 1. Houve 1,9 milhão de matrículas no ensino
profissionalizante de nível médio até 2024. profissionalizante no nível médio em 2020.
2. Garantir que 50% dessas matrículas sejam na rede 2. Em 2020, 19,6% das novas matrículas foram em
pública até 2024. escolas públicas. Em 2020, 19,6% das novas
matrículas foram em escolas públicas.

12. Ensino Superior

OBJETIVOS ATUAL

1. Aumentar a porcentagem de matrículas no ensino 1. A taxa bruta de matrículas no ensino superior foi de
superior de 18 a 24 anos para 50% até 2024. 48,6% em 2020.
2. Garantir que 33% dos jovens de 18 a 24 anos estejam 2. 23,8% das pessoas de 18 a 24 anos frequentavam o
frequentando o ensino superior até 2024. ensino superior em 2020.
3. Garantir que 40% das novas matrículas no ensino 3. Não há indicador para esta meta.
superior sejam em instituições públicas até 2024.

13. Qualificação docente no ensino superior

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01/02/2023

OBJETIVOS ATUAL

1. Até 2024, garantir que pelo menos 75% dos


1. 83,4% dos professores do ensino superior tinham
professores do ensino superior tenham
mestrado ou doutorado em 2019.
mestrado/doutoramento.
2. 45,6% dos docentes do ensino superior eram
2. Até 2024, garantir que pelo menos 35% dos
doutorados em 2019.
professores do ensino superior sejam doutorados.

14. Pós-graduação

OBJETIVOS ATUAL

1. Até 2024, aumentar o número de mestres para 60 mil. 1. Foram 68,9 mil novos mestres formados em 2019.
2. Até 2024, aumentar o número de doutores para 25 2. Houve 24,3 mil novos doutorados em 2019.
mil.

15. Qualificação do professor

OBJETIVOS ATUAL

1. Até 2015, deve ser criada a Política Nacional de 1. Não há indicador para esta meta.
Formação dos Profissionais da Educação.
2. Não há indicador para esta meta.
2. Até 2024, o Governo deve garantir que todos os
professores do ensino básico tenham formação
superior na área do conhecimento que lecionam.

16. Qualificação contínua e pós-graduada de professores


OBJETIVOS ATUAL

1. Até 2024, metade dos professores da educação 1. Em 2020, 49,6% dos professores da educação básica
básica deverá ter pós-graduação. eram pós-graduados.
2. Até 2024, garantir que todos os professores da 2. Em 2020, 39,5% dos professores da educação básica
educação básica tenham acesso à formação tiveram acesso à formação continuada.
continuada em sua área de atuação.
17.Remuneração

OBJETIVOS ATUAL

1. Assegurar que pelo menos 25% dos alunos da 1. Em 2020, 0,5% dos alunos de jovens e adultos do
educação de jovens e adultos tenham oportunidade ensino fundamental cursavam a educação profissional
de acesso também à educação profissional integrada integrada. No ensino médio, esse número chegou a
até 2024. 3,6% no mesmo ano.

content.btgpactual.com 28
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01/02/2023

18. Planos de carreira docentes

OBJETIVOS ATUAL

1. Até 2016, criar planos de carreira para professores 1. Não há indicador para esta meta.
públicos de nível fundamental e superior de todas as
redes de ensino, com base no piso profissional
nacional definido na Constituição.

19. Gestão democrática

OBJETIVOS ATUAL

1. Até 2016, garantir a gestão democrática da educação 1. Não há indicador para esta meta.
(nomeação de diretores escolares com base no
mérito técnico e no desempenho e consulta pública à
comunidade escolar).

20. Gastos com educação


OBJETIVOS ATUAL

1. Aumentar os gastos públicos com educação para 7% 1. A partir de 2018, o gasto público com educação foi de
do PIB em 2019 e pelo menos 10% do PIB até 2024. 6,2% do PIB.

4. Brasil x padrões internacionais

4.1 PISA - Programa de Avaliação Internacional de Estudantes

O PISA é um teste global trienal para jovens de 15 anos, que examina o conhecimento dos
alunos em leitura, matemática, ciências e o que eles podem fazer com o que sabem. O
exame fornece a avaliação internacional mais abrangente dos resultados de aprendizagem
do aluno na educação básica. O teste indica a qualidade e os resultados de aprendizagem
em todo o mundo, ajudando educadores e formuladores de políticas a aprender com as
práticas aplicadas em outros países.

O PISA 2018 (última edição com resultados já disponíveis) marcou a sétima avaliação. O
programa foi criado em 2000 e é geralmente aplicado em 79 países de renda alta e média
(países da OCDE e do consórcio PISA). Com exames focados em matemática e
pensamento criativo, o PISA 2022 foi realizado no início deste ano com mais de 80 países,
mas os resultados ainda não estão disponíveis.

Desde o início da pesquisa, os brasileiros pontuaram bem abaixo da média da OCDE em


leitura, matemática e ciências (veja os gráficos abaixo). Dos 77 países que pontuaram em
leitura, o Brasil foi o 57º, enquanto o 70º em matemática (de 78 países) e o 66º em ciências
(78 países).

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Gráfico 41: PISA - Desempenho em leitura, matemática e ciências


Leitura Matemática Ciências

Fonte: PISA, OECD, INEP e BTG Pactual

As melhorias nas notas do Brasil (leitura, matemática e ciências) foram mais


brandas/imperceptíveis. A matemática mostrou a maior melhoria em 2003-18, embora
principalmente nos ciclos iniciais. Depois de 2009, o desempenho médio em matemática,
leitura e ciências permaneceu estável.

Gráfico 42: PISA - Desempenho por características pessoais


Brasil Média da OCDE Outras economias

Gap de gênero Gap de gênero Gap de gênero Gap


em leitura em matemática em ciência econômico-
social de leitura
Fonte: PISA, OECD, INEP e BTG Pactual

Em muitos países, como o Brasil, os padrões de qualidade estão altamente


correlacionados com a origem socioeconômica dos alunos. Os 10% dos alunos mais

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01/02/2023

favorecidos socioeconomicamente superaram seus colegas 10% mais desfavorecidos em


leitura em 141 pontos. No Brasil, os alunos socioeconomicamente favorecidos superaram
os alunos desfavorecidos em leitura em 97 pontos no PISA 2018.

Gráfico 43: Desempenho mais recente do PISA em leitura, matemática e ciências

Mediana de Mediana de Mediana de


nota em leitura nota em Participação Participação Participação
nota em
matemática das melhores das baixas das baixas
ciências
performances performances performances
em pelo menos em leitura em matemática
1 tema
Fonte: PISA, OECD, INEP e BTG Pactual

Apenas 2% dos estudantes brasileiros obtiveram os níveis mais altos de proficiência (níveis
5-6) em pelo menos uma disciplina (vs. média da OCDE de 16%), enquanto 43%
pontuaram abaixo do nível mínimo (nível 2) em todas as três disciplinas (vs. média da
OCDE de 13%).

4.2 Dados de educação da OCDE

Education at a Glance é um relatório anual da OCDE (Organização para Cooperação e


Desenvolvimento Econômico) sobre educação e habilidades, com o objetivo de analisar
dados internacionais. Permite várias comparações globais em relação às métricas
educacionais (analfabetismo, % da população com nível superior, desemprego por nível
educacional, etc.).

De acordo com esses dados, a educação brasileira está abaixo de seus pares e, portanto,
está abaixo dos padrões de qualidade dos países mais desenvolvidos.

O Brasil tem desempenho inferior aos seus principais pares em alfabetização, com 94%
(conforme pesquisa da PNAD de 2019), enquanto Rússia e Argentina têm uma taxa de
99%, China 97% e Chile e Colômbia 96%. A Índia é um outlier em 74%. Olhando para os
países mais desenvolvidos, a grande maioria está acima de 98% (ver gráfico abaixo).

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01/02/2023

Gráfico 44: Taxa de alfabetização por país em 2021 | % dos habitantes >15 anos
99% 99% 99% 99% 97% 96% 96% 96% 95% 95% 94%

74%

Russia Germany Argentina Canada China Chile Colombia Indonesia South Mexico Brazil India
Africa
Fonte: OCDE, The World in Data, Nações Unidas, PNAD 2019 (*dados do Brasil em 2019)

De acordo com a OCDE, o Brasil tem um dos menores percentuais de pessoas de 25 a 64


anos com pós-graduação (cursos de graduação), com 21%, atrás da maioria dos países
da pesquisa e de pares latino-americanos como Chile, Argentina e Colômbia (veja o gráfico
abaixo).

Gráfico 45: % da população entre 25 e 64 anos por grau de escolaridade concluído


100%
90% 21%
80%
70%
60% 38%
50%
40%
30%
20% 42%
10%
0%
Costa Rica
Bélgica

Espanha
Grécia
Polônia

Canadá

Alemanha

França
Suíça

Austrália

Chile
média da UE22

média da OCDE

Colômbia

Indonésia

México

Índia
Suécia

China
Estados Unidos

Coréia

Estônia

Portugal

Brasil

Peru
Noruega

Holanda

Itália

África do Sul
Nova Zelândia

Reino Unido

Argentina

Ensino Fundamental Ensino médio Ensino superior

Fonte: OCDE 2022

Por outro lado, o Brasil se classifica melhor do que alguns pares quando se trata de jovens
de 25 a 34 anos que concluíram o ensino médio, à frente da Turquia, Costa Rica e África
do Sul. Embora a maioria desses países tenha melhor desempenho no ensino superior,
isso pode indicar que o Brasil tem um grande gargalo entre o ensino médio e a graduação,
impedindo que o país tenha profissionais mais qualificados.

Os professores do ensino médio brasileiro também ganham menos, com um salário médio
anual de ~US$ 25 mil/ano (usando a paridade do poder de compra), metade da média da

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01/02/2023

OCDE. A alta proporção de alunos por professor e os baixos salários podem levar a um
menor engajamento, impactando os alunos.

Gráfico 46: % da população de 25 a 34 anos sem ensino médio completo


80

70

60

50

40

30

20

10

-
Costa Rica

Bélgica

França

Polônia

Canadá
Índia

México

Indonésia

Colômbia

Chile

Alemanha
China

média da OCDE

média da UE22

Austrália

Suíça

Federação Russa
Peru

Espanha

Brasil

Itália

Portugal

Suécia
África do Sul

Holanda

Estados Unidos

Coréia
Argentina

Dinamarca

Nova Zelândia

Reino Unido
Fonte: OCDE 2021

O Brasil também luta para manter os alunos no ensino médio. Há uma alta porcentagem
de jovens de 18 a 24 anos que não estudam (66%), apenas abaixo da Colômbia entre os
principais pares (veja o gráfico abaixo). O Brasil também tem uma das maiores taxas de
desemprego nessa faixa etária (veja a barra azul clara no gráfico abaixo) e uma parcela
considerável definida como inativa. Há duas questões: (i) muitos jovens não ingressam no
ensino superior; e (ii) a falta de escolaridade prejudica suas chances de inserção no
mercado de trabalho.

Gráfico 47: % da população de 18 a 24 anos que não estuda, por situação no


mercado de trabalho (2021)
80%

70%

60% 13%

50%

40% 23%

30%

20%
30%
10%

0%
média da OCDE
Costa Rica

Bélgica
Canadá

Chile
Áustria

Austrália

Suíça

França

Polônia

Grécia
Colômbia

México

média da UE22

Alemanha

Holanda
Brasil

Peru

África do Sul

Suécia

Itália

Portugal

Espanha
Nova Zelândia

Reino Unido

Estados Unidos

Argentina

Dinamarca

Empregado Inativo Desempregado

Fonte: OCDE 2022

Com 23 alunos/professor (contra a média da OCDE de 15), o Brasil tem uma das maiores
proporções no ensino médio (ensino fundamental + ensino médio). Isso não é benéfico
para o processo de aprendizagem, pois sobrecarrega os professores, enquanto os alunos
não recebem uma educação adequada, levando a um pior desempenho e maiores chances
de evasão, principalmente no sistema público.

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01/02/2023

Gráfico 48: Relação alunos/professor no ensino médio (fundamental + ensino


médio)
35,0

30,0

24,8
25,0

20,0

15,0 13,1

10,0

5,0

Fonte: OCDE.UISD, Eurostat (2021)

Gráfico 49: Salário anual dos professores do ensino médio em instituições do


setor público (equivalente em US$ 000 usando PPP)
100,0

80,0

60,0

40,0
25,7
20,0

- República Eslovaca

República Eslovaca
Lituânia
Irlanda

Costa Rica

Israel

Eslovênia
Alemanha

Áustria

Austrália

França

Grécia
Holanda

Flamengo Com. (Bélgica)

Itália

República Checa

Letônia

Hungria

Hungria
Dinamarca

Islândia

Noruega

Suécia
Finlândia

Estados Unidos

Portugal

Escócia (Reino Unido)

Estônia

Brasil
Francês Com. (Bélgica)

Nova Zelândia

Inglaterra (Reino Unido)

Fonte: OCDE (2022)

4.3 Ranking global de universidades

Como mostrado nas seções anteriores, o Brasil está muito atrás dos países da OCDE em
vários indicadores de qualidade educacional, e não é diferente quando se trata da
qualidade das universidades.

De acordo com a classificação de 2022 do The Times, os EUA, o Reino Unido e a China
lideram o número de instituições entre as 100 melhores universidades. A universidade
brasileira mais bem posicionada é a Universidade de São Paulo (USP, uma das melhores
instituições de ensino público do Brasil), entre as 201 e 250 posições (depois das 100
primeiras, o ranking é em blocos), enquanto apenas 2 estão no top 500 (USP e Unicamp,
duas instituições públicas).

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A revista The Times lança um ranking internacional anual avaliando +1,6 mil faculdades
em 99 países e territórios. Seu Higher Education World University Rankings analisa +108
milhões de citações em +14 milhões de publicações de pesquisa, além de incluir respostas
a pesquisas de 22 mil acadêmicos. Para o ranking de 2022, coletou +430 mil pontos de
dados de +2 mil instituições.

Gráfico 50: Nº de Universidades no Top 100 por país (Times Higher Education
Ranking 2022)
45
39
40
35
30
25
20
15 11
10 7 7 7 6 5 4
5 3 3 2 2 2 1 1
0

Fonte: The Times Higher Education World Ranking 2022

4.4 Classificação das Olimpíadas Internacionais de Estudantes

Considerando todas as medalhas de ouro conquistadas por país nas Olimpíadas


Internacionais de Matemática, Física e Química, o Brasil não está entre os 20 primeiros
em nenhuma dessas categorias. A China é o destaque, como o país com mais medalhas
de ouro nas três competições, enquanto Rússia, Estados Unidos e Coreia do Sul também
estão entre os países mais vitoriosos.

Gráfico 51: Top 20 países por medalhas de ouro da Olimpíada Internacional de


Matemática (1959-2019)
45
39
40
35
30
25
20
15 11
10 7 7 7 6 5 4
5 3 3 2 2 2 1 1
0

Fonte: IMO (Olimpíada Internacional de Matemática), BTG Pactual

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Gráfico 52: Top 20 países por medalhas de ouro na Olimpíada Internacional de


Física (1968-2019)

Fonte: IPhO (Olimpíada Internacional de Física), BTG Pactual

Gráfico 53: Top 20 países por medalhas de ouro na Olimpíada Internacional de


Química (1967-2019)

Fonte: IChO (Olimpíada Internacional de Química), BTG Pactual

4.4 Classificação das Olimpíadas Internacionais de Estudantes

Considerando todas as medalhas de ouro conquistadas por país nas Olimpíadas


Internacionais de Matemática, Física e Química, o Brasil não está entre os 20 primeiros
em nenhuma dessas categorias. A China é o destaque, como o país com mais medalhas
de ouro nas três competições, enquanto Rússia, Estados Unidos e Coreia do Sul também
estão entre os países mais vitoriosos.

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01/02/2023

Gráfico 54: Gasto público com educação (% do PIB) vs. pontuação média do PISA
(leitura, matemática e ciências)
Leitura Matemática Ciências

China Rússia Coréia Taiwan EUA Romênia Singapura India Hungria USSR Irâ Tailândia Vietnam Alemanha Indon
do Sul

% do gasto público em % do gasto público em % do gasto público em


educação (% do PIB) educação (% do PIB) educação (% do PIB)

Fonte: OCED, BTG Pactual

O Brasil é claramente um caso atípico na correlação entre as pontuações do PISA (2018)


e os gastos públicos com educação (ver gráficos acima). Por mais de uma década, o
governo aumentou gradativamente o investimento em educação (de 4,5 p.p. do PIB em
2005 para 6,2 p.p. em 2018; ver tabela abaixo), mas pouco mudou em termos de qualidade.
O governo investe 3,5 vezes mais na educação básica do que na superior, pois há muito
mais alunos de escolas públicas (35,3 milhões) do que alunos de educação superior
públicos (1,9 milhões).

Tabela 10: Investimento público por nível de escolaridade no Brasil (p.p. do PIB)
Ano Total Educação Básica Educação Superior
2005 4,5 3.6 0.9
2006 4.9 4,1 0.8
2007 5.1 4.2 0.9
2008 5.3 4,4 0.9
2009 5.6 4,7 0.9
2010 5.6 47 0.9
2011 5.8 4,8 1.0
2012 5.9 4,9 1.0
2013 6.0 4.9 11
2014 6.0 4.9 1.1
2015 6.2 4,9 1:3
2016 6.3 4,9 1.4
2017 6.3 4,8 1S
2018 6.2 4.,8 1.4
Objetivo da PNE em 2024 10
Fonte: INEP/MEC, BTG Pactual

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01/02/2023

E há muitos exemplos de países grandes que gastam relativamente menos com educação
e têm melhor desempenho no PISA, como: Austrália (pontuação 503 em leitura, 491 em
matemática, 503 em ciências vs. 4,0% do PIB), Canadá (520 em leitura, 512 em
matemática, 518 em ciências vs. 4,4% do PIB), Suécia (523 em leitura, 523 em
matemática, 530 em ciências vs. 4,1% do PIB) e Estados Unidos (495 em leitura, 509 em
matemática, 507 em ciência vs. 3,7% do PIB).

Quando se trata de gastos públicos por aluno, o investimento do Brasil em educação


superior é considerável. Em 2018, o governo investiu R$ 26 mil em educação
superior/aluno e apenas R$ 7 mil em educação básica/aluno (ver gráfico abaixo). Ou seja,
o Brasil investe +20% dos gastos com educação pública na graduação, o que parece
irracional já que o ensino básico tem 18x mais alunos.

Gráfico 55: Investimento público brasileiro anual por aluno em termos reais (R$)

Fonte: INEP/MEC, BTG Pactual

Tabela 11: Gasto público em educação por país e aluno em 2015 (US$, PPP
ajustado)
País Jardim de infância e fundamental Ensino Médio Educação Superior PIB per capita (2015)
Luxemburgo 20,892 19,808 48,907 110,261
Estados Unidos 11,727 13,474 30,003 58,001
Austrália 9,546 12,028 20,344 50,238
Finlândia 9,305 8,543 17,591 44,934
Reino Unido 11,63 10,798 26,32 44,126
média da OCDE. 8,631 10,196 15,656 41,905
Itália 8,426 8,969 11,257 39,927
Coreia do Sul 11,047 13,247 10,109 39,575
Portugal 7,38 9,469 11,766 31,608
Polônia 6,757 6,655 9,687 27,985
Peru 4,134 3,528 8,901 26,696
Chile* 5,064 4,909 8,406 23,350
México 2,874 4,224 8,17 19,516
Brasil 3,762 3,986 14,261 14,326
Colômbia* 3,178 2,586 6,369 14,055

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01/02/2023

Fonte: OCED, Todos pela educação

Um argumento usado para explicar a falta de qualidade do sistema educacional brasileiro


em relação a outros modelos mais bem-sucedidos é que o investimento absoluto por aluno
no Brasil é muito menor. Um olhar sobre o gasto público anual direto por aluno de escola
pública (em US$, convertido por PPC, com horas de estudo equivalentes) mostra que o
Brasil está atrás de vários outros países.

Mas esse argumento não conta a história completa. Apesar de investir menos por aluno
do que outros países (em termos absolutos), esse gasto é muito mais representativo em
relação ao PIB per capita.

Conforme a tabela 11, o Brasil investe proporcionalmente mais no ensino superior do que
nos segmentos de ensino fundamental e médio. Em outras palavras, apesar de um PIB
per capita ~3x menor, o Brasil investe praticamente a mesma quantia por aluno no
segmento superior em relação à média da OCDE. Desnecessário dizer que gastos
adicionais neste segmento não se traduzem em mais qualidade, como se reflete na falta
das faculdades públicas brasileiras entre as melhores do mundo e a ausência de
ganhadores do Prêmio Nobel.

Isso levanta o debate sobre o complicado quebra-cabeça dos gastos públicos em


educação: o Brasil investe demais em educação superior e investe pouco no segmento de
ensino básico? E as faculdades públicas devem cobrar mensalidades? As universidades
públicas cobram mensalidades em muitos países com universidades mais bem
classificadas, permitindo que os governos foquem na qualidade da base da pirâmide
educacional e, assim, invistam em uma base sólida.

Ao olhar para os gastos gerais, o Brasil é um dos países que mais investem em educação
como % dos gastos do governo. Segundo a OCDE, em 2018 (últimos dados) o Brasil
investiu 14% de seu orçamento em educação, mais que Suíça, Coreia, Estados Unidos,
Alemanha, Japão e a média da OCDE. Dos países analisados, apenas Chile, África do Sul
e Costa Rica investiram proporcionalmente mais.

Gráfico 56: Gasto público total em educação em p.p. das despesas do governo
(2018)

Fonte: OCED, BTG Pactual.

content.btgpactual.com 39
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01/02/2023

5.2 Breve descrição das fontes de financiamento

Originalmente, a Constituição estabelecia que o governo deveria destinar pelo menos 18%
da receita tributária para investimentos em educação, mas isso foi suspenso até 2036 pela
emenda relacionada ao teto de gastos. Com a aprovação do teto de gastos, o gasto federal
mínimo com educação passou a ser o valor original de 2017, atualizado anualmente pela
inflação.

O governo arrecadou R$ 749 bilhões em impostos federais em 2021 via Imposto de


Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto de Renda (IR),
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Imposto Territorial Rural (ITR).

Ao contrário do governo federal, os estados/municípios devem destinar pelo menos 25%


da receita tributária para a educação. Impostos estaduais: ICMS (imposto sobre circulação
de mercadorias e serviços), IPVA (imposto sobre veículos) e ITCMD. Impostos Municipais:
IPTU, ISS e ITBI.

O governo federal também repassa 50% dos impostos IPI, IR e ITR aos
estados/municípios, que também são utilizados na definição dos gastos mínimos com
educação dos governos subnacionais.

A contribuição salarial da educação também é somada ao orçamento público da educação,


sendo arrecadada pelas empresas (2,5% descontados da folha de pagamento) e assim
dividida: (i) 40% para o governo federal; e (ii) 60% para estados/municípios. Todo o
dinheiro é investido em educação.

Figura 3: Investimentos públicos no setor de educação do Brasil

Fonte: Instituto Unibanco, BTG Pactual.

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01/02/2023

Uma vez que as receitas fiscais são arrecadadas, o governo distribui os recursos para: (i)
universidades federais; (ii) Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica); e (iii) FNDE (Fundo de Desenvolvimento da Educação). Estados e
municípios distribuem recursos entre o Fundeb e direcionam investimentos para a rede
educação básica pública estadual/municipal redes (ver figura 3). 20% vão para o ensino
superior e 80% para o ensino básico.

O governo investiu +R$ 400 bilhões em educação em 2020, ou 6% do PIB. O gasto público
em educação é altamente sensível às receitas fiscais, de modo que mudanças estruturais
no regime tributário podem abalar o orçamento público da educação. O orçamento/gastos
com educação dos estados e municípios caiu em 2020 devido a impactos ambiciosos na
arrecadação de impostos (veja os gráficos abaixo).

Gráfico 57: Orçamento e gastos com educação Gráfico 58: Orçamento e gastos com educação dos
os estados (em R$ milhões) dos municípios (em R$ milhões)

Estudantes que
Estudantes que fizeram a prova
fizeram a prova

Orçamento de Gastos dos Orçamento de Gastos dos


educação dos estados estados em educação dos munícipios municípios em
(R$ milhões) educação (R$ milhões) (R$ milhões) educação (R$ milhões)

Fonte: Siconfi, Finbra, Todos pela Educação, BTG Fonte: Siconfi, Finbra, Todos pela Educação, BTG

Apesar das regras claras para o financiamento da educação pública, é difícil dimensionar
os gastos públicos com o setor, pois cada esfera (federal; estadual; municipal) possui
fontes de financiamento e investimentos próprios, enquanto as transferências entre as
esferas dificultam ainda mais a mensuração do gasto total.

Os gastos públicos com educação superaram R$ 400 bilhões em 2020: (i) R$ 104 bilhões
no nível federal (26% dos gastos públicos); (ii) R$ 123 bilhões nos estados (30%); (iii) R$
170 bilhões em municípios (42%); e (iv) R$ 7 bilhões em outros (2%).

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Gráfico 59: Orçamento e gastos com educação Gráfico 60: Orçamento e gastos com educação dos
dos estados (em R$ milhões) municípios (em R$ milhões)
Outros
2%

Gasto Estadual
30%
Gasto Municipal
42%

Gasto Federal
26%

Fonte: Siconfi, Finbra, Todos pela Educação, BTG Fonte: Siconfi, Finbra, Todos pela Educação, BTG

6. Bons exemplos no Brasil

6.1 Estudo de caso do estado do Ceará

Apesar da pressão para aumentar os gastos públicos com educação, as evidências


sugerem que a falta de educação de qualidade no Brasil não é apenas uma questão de
dinheiro.

O Ceará é um bom exemplo. O estado é o 5º melhor desempenho nacional no IDEB (anos


iniciais do ensino fundamental), embora seu gasto médio com educação seja inferior ao da
região Nordeste (ver tabela 12). De fato, o desempenho do Ceará mudou drasticamente
nos últimos 14 anos, superando a nota média do IDEB. Santa Catarina é também um dos
que apresentam melhor desempenho no IDEB, apesar de gastar proporcionalmente
menos que a média brasileira (ver gráficos abaixo).

Gráfico 61: IDEB anos iniciais do ensino fundamental. Ceará e Santa Catarina
estão superando a média brasileira

Fonte: INEP e BTG Pactual

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Quadro 62: IDEB anos finais do ensino fundamental Gráfico 63: IDEB no ensino médio (Ceará x Brasil)
(Ceará x Brasil)

Fonte: INEP e BTG Pactual Fonte: INEP e BTG Pactual

Tabela 62: Notas do IDEB x gastos públicos (por estado) com educação
Estado Nota do IDEB em 2021 Gasto Público (Em R$ milhões) PIB (R$ mn) Gasto/PIB (%)
Santa Catarina 6.5 3,884 323,264 1.2%
Distrito Federal 6,4 5,025 273,614 0,018
Ceará 6.3 3,443 163,575 2.1%
São Paulo 6.3 36,824 2,348,338 1.6%
Paraná 6.2 9,628 466,377 2.1%
Minas Gerais 6.1 9,950 651,873 1.5%
Espírito Santo 6.0 1,483 137,346 1.1%
Rio Grande do Sul 6.0 3,986 482,464 0.8%
Goiás 5.9 5,690 208,672 2.7%
Mato Grosso 5.8 2871 142,122 2.0%
Rio de Janeiro 5.7 6,849 779,928 0.9%
Piauí 5.6 1,688 52,781 3.2%
Alagoas 5.6 1,366 58,964 2.3%
Acre 55 1,466 15,630 9.4%
Roraima 5.5 687 14,292 4,8%
Rondônia 5.4 1,367 47,091 2.9%
Amazonas 5.4 3,482 108,181 3.2%
Paraíba 5.4 2,366 67,986 3.5%
Pernambuco 5.4 3,266 197,853 1.7%
Mato Grosso do Sul 5.4 1,889 106,943 1.8%
Tocantins 5.3 1,311 39,356 3.3%
Sergipe 5.2 1,101 44,689 2.5%
Bahia 5.2 5,685 293,241 1.9%
Pará 5.0 3,767 178,377 2.1%
Maranhão 5.0 2,813 97,340 2.9%
Rio Grande do Norte 5.0 1,515 71,337 2.1%
Amapá 49 1183 17.497 6.8%
Fonte: INEP, Siconfi, Finbra, Todos pela Educação, BTG Pactual. IDEB (anos iniciais do Ensino Fundamental) 2021

Destacamos também o exemplo marcante de Sobral (interior do Ceará), cidade com o


melhor resultado do IDEB nos anos iniciais do ensino fundamental, e a 1ª entre as com
+100 mil habitantes, embora seu gasto com educação seja relativamente limitado. Sobral
obteve 8,4 pontos no IDEB de 2019 (contra a média do Brasil de 5,7), melhorando de uma
média de 4,0 em 2005.

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Gráfico 64: Notas do IDEB de Sobral, Ceará e Brasil

Média do IDEB Sobral Ceará

Fonte: INEP, Todos pela Educação, BTG Pactual. IDEB (Anos Iniciais do Ensino Fundamental)

Gráfico 65: Desempenho IDEB (anos iniciais do ensino fundamental) x anual


investimento por aluno (2019)

Fonte: INEP, Todos pela Educação, BTG Pactual.

Na maioria das redes de ensino, os gestores escolares muitas vezes ficam restritos a
tarefas burocráticas, sem autonomia para gerir recursos financeiros ou assumir estratégias
flexíveis e decisões estratégicas.

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01/02/2023

Mas a rede municipal de Sobral subverteu essa regra e decidiu que, em vez de indicações
políticas para cargos de gestão escolar, faria um rigoroso processo seletivo, escolhendo a
pessoa mais adequada para o cargo.

Combinada com outras reformas das políticas educacionais locais (investimento em


infraestrutura escolar; aumento salarial dos professores por desempenho; ações focadas
na assiduidade aluno/professor e aproveitamento do tempo pedagógico), a decisão
melhorou a qualidade da educação na cidade.

6.2 Todos Pela Educação

Fundada em 2006, a Todos pela Educação é uma ONG com a missão de melhorar a
qualidade da educação básica no Brasil. Por não ter vínculo com partidos políticos, é uma
organização sem fins lucrativos e é mantida por doações voluntárias de pessoas físicas,
fundações, institutos e empresas (não relacionadas à educação setor).

Assim, é independente, com autonomia para questionar e contestar as políticas e práticas


educativas, ao mesmo tempo que trabalha ativamente na proposição de mudanças e na
melhoria do conhecimento do setor e do acesso a uma educação básica de qualidade.

Sua proposta de valor é baseada em cinco objetivos educacionais: (i) todos os jovens de
4 a 17 anos devem estar na escola; (ii) toda criança deve estar totalmente alfabetizada aos
8 anos de idade; (iii) todo aluno deve ter o aprendizado adequado para sua série; (iv) todos
os jovens devem ter concluído o ensino médio até 19 anos; e (v) o investimento em
educação deve ser ampliado e bem administrado. Em outras palavras, acredita que o
caminho para mudar o Brasil para melhor é garantir a igualdade de oportunidades por meio
da educação pública de qualidade para todos.

A organização certamente deixou sua marca, com +3 milhões de acessos em seu site, +17
milhões de indivíduos alcançados pela organização nas mídias sociais, menções em +4,5
mil artigos de imprensa sobre educação e a lista continua.

Principais iniciativas:

• Anuários e dados abertos sobre monitoramento da educação: a cada ano, atualiza seu
Anuário da Educação Básica (que contribuiu com os dados que coletamos e avaliamos
neste relatório), trazendo dados criteriosos contendo demografia do setor educacional,
indicadores de qualidade, escolaridade, financiamento da educação brasileira.
• Educação Que Dá Certo: Mapear, analisar e disseminar bons exemplos de políticas
educacionais. Além de análises robustas de casos positivos das redes estaduais e
municipais de ensino, elabora documentos técnicos que descrevem o que está por trás
dessas ações.
• Educação Já (Education Now): resultado de um amplo debate e estudo de políticas
educacionais, o documento oferece contribuições para a elaboração de um plano
sistêmico para as escolas de educação básica.
• Compromisso com a Educação: promovido em parceria com fundações e entidades
municipais, visa ensinar aos municípios a importância de priorizar a educação básica e
construir uma visão sistêmica e de longo prazo.

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6.3 Inteli - Instituto de Tecnologia e Liderança

Em 2019, André Esteves (chairman e sócio sênior do BTG Pactual) e Roberto Sallouti
(CEO do BTG Pactual) fundaram a Inteli, instituição de ensino superior sem fins lucrativos
focada em educação tecnológica, estruturada nos moldes do MIT. A iniciativa surgiu da
escassez de mão de obra especializada e qualificada em tecnologia, e visa formar futuros
técnicos líderes no Brasil. O Sr. Esteves doou R$ 200 milhões para a Inteli.

O modelo se destaca desde o início. Dos ~180 alunos, 28% são pretos/pardos (quando
totalmente maduros, deve ter 2 mil alunos). A Inteli também possui um dos maiores
programas de bolsas da rede superior privada do Brasil, com um fundo de bolsas de
aproximadamente R$ 40 milhões, alimentado por 23 doações de parceiros do BTG e
empresas privadas. O salário de seus professores é 3x maior, em média, do que na escola
particular, retendo e valorizando a força de trabalho dos profissionais mais competentes.

E, finalmente, nasceu com uma infraestrutura completa de 10 mil m2 em São Paulo. A


instituição oferece quatro cursos: (i) Engenharia de Computação; (ii) Engenharia de
Software; (iii) Ciência da Computação; e (iv) Sistemas de Informação. Conforme mostrado,
os cursos relacionados à tecnologia cresceram rapidamente nos últimos anos, com 335
mil alunos matriculados nesses quatro cursos.

Como a Inteli prepara seus alunos para a realidade do mercado? Durante o curso de 4
anos, os alunos trabalham em 16 projetos, cada um trazendo um desafio da vida real de
uma grande empresa, uma startup, uma ONG ou entidade de gestão pública. Em grupos,
os alunos aprendem desenvolvendo soluções colaborativas que integram habilidades de
computação, negócios e liderança. Essa iniciativa é um bom exemplo da mentalidade
filantrópica alinhada à melhoria da qualidade da educação no Brasil.

Figura 4: Campus da Inteli na cidade de São Paulo

Fonte: Inteli

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01/02/2023

6.4 UOL Edtech

Fundado em 2018, o UOL Edtech já se tornou uma grande empresa no mercado de


educação não tradicional. Atua em três nichos: (i) B2C, oferecendo cursos
profissionalizantes; (ii) educação corporativa; e (ii) OPM (gerenciamento de programas
online), onde o UOL forma parcerias com outras instituições (como FIA e PUC) em um
modelo de compartilhamento de receitas.

Os números do UOL impressionam. +4 milhões de alunos (do ensino fundamental ao


superior) utilizam o Passei Direto (plataforma B2C), sendo +2 milhões na plataforma de
educação corporativa (Learning Management System) e +100 mil alunos de pós-
graduação/MBA na divisão OPM. O UOL Edtech também atende +500 grandes empresas
e possui 67 cursos de pós-graduação/MBA.

Seu forte crescimento reflete, em parte, intensa atividade inorgânica. O UOL Edtech foi
formado como um guarda-chuva para todas as startups de educação compradas pelo UOL
em 2013-16 (incluindo Ciatech e Webaula). Em 2020, uma rodada de investimentos (não
divulgada) do Softbank e Volpe Capital impulsionou sua agenda de fusões e aquisições.
Passei Direto (ver acima), Skore e Qulture Rocks (tecnologia digital de RH e
gerenciamento de desempenho) são algumas das empresas adquiridas.

Com uma estrutura tão grande, o UOL Edtech vem mudando o cenário educacional
(principalmente o corporativo), ampliando a acessibilidade por meio de um modelo
inovador.

Figura 5: Uol Edtech

Fonte: Brazil Journal, UOL.

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6.5 Descomplica
A Descomplica é uma empresa EdTech e uma das plataformas educacionais mais
completas do país, oferecendo reforço escolar, cursinhos preparatórios para vestibulares,
educação corporativa e cursos de graduação/graduação.

Com um modelo integrado verticalmente, possui conteúdo próprio proprietário com


produção de áudio/vídeo e um sistema de gerenciamento de aprendizagem totalmente
próprio com uma plataforma digital de transmissão escalável. Em 2011, passou a funcionar
como curso preparatório para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), e agora tem
+5 milhões de alunos usando sua plataforma digital mensalmente.

A base de clientes tem abrangência nacional e está segmentada em: (i) cursos
preparatórios para vestibulares (atividade principal); (ii) ensino fundamental tardio
(aprimoramento do aprendizado); (iii) melhoria da aprendizagem no ensino pós-
secundário; (iv) cursos preparatórios para cargos públicos; (v) cursos preparatórios para
concursos públicos (como o exigido para advogados no Brasil); (vi) soluções de pós-
graduação em parceria com instituições de ensino superior credenciadas; e (vii) cursos de
nível superior, principalmente por meio de ofertas online.

Gostamos do posicionamento do Descomplica no mercado, pois oferece soluções


educacionais acessíveis (muitas ofertas abaixo de R$ 200/mês) que realmente
democratizam o acesso à educação de qualidade no Brasil.

Figura 6: Descomplica

Fonte: InfoMoney. Nota: Marco Fishben é um dos fundadores do Descomplica

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01/02/2023

Informações Importantes
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• Preços das ações refletem preços de fechamento no mercado à vista.
• Rentabilidades passadas não oferecem garantias de resultados futuros.
• Os retornos indicados como performance são baseados em valorização do capital incluindo dividendos e excluindo custos de transação da B3,
da Corretora, comissionamentos, juros cobrados sobre limites de crédito, margens etc. Ajustar o desempenho da carteira aos custos resultará
em redução dos retornos totais demonstrados.

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