Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO
DE ABDOMINOPLASTIA1
PERFORMANCE OF R E S U M O
IN THE PRE AND não depende somente do seu planejamento cirúrgico. A preocu-
pação com os cuidados no pré e pós-operatório tem demonstrado
POST-OPERATIVE OF fator preventivo de possíveis complicações e promoção de um
ABDOMINOPLASTY resultado estético mais satisfatório. A abdominoplastia é uma
cirurgia comum entre as mulheres, e sua realização acontece nor-
malmente após perda de peso excessivo, perda da musculatura
e após a gestação.
Alexsandra Soares Bessa Franco
O estudo realizado teve como propósito analisar a atuação do
bessabrandaosophia@gmail.com
esteticista antes e após a realização da cirurgia de abdomino-
Wanessa de Oliveira Souza plastia, verificando se os métodos adotados são efetivos para o
wanessaoliveirasouza1992@gmail.com
melhor restabelecimento do paciente, e evitar possíveis inter-
corrências. Foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a te-
mática em destaque em livros e periódicos. Este artigo também
é observacional e descritivo. Caracteriza-se por um estudo de
prevalência realizado com um grupo de oito pacientes do sexo
feminino que previamente foram submetidas a uma cirurgia de
abdominoplastia, na cidade de Belo Horizonte Minas Gerais. O
instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questioná-
rio estruturado e investigativo sobre o pré e pós-operatório da
abdominoplastia. Conclusão: A estética está fundamentada em
conceitos científicos sólidos e muito tem contribuído tanto no pré
quanto no pós-operatório, prevenindo e/ou tratando as respos-
tas advindas das intervenções cirúrgicas, possibilitando ainda a
diminuição da ansiedade pós-operatória, edemas recorrentes do
trauma cirúrgico, fibroses e cicatrizes.
Palavras-chave: Abdominoplastia; Pré e pós operatório; Esteti-
cista; Eletroterapia; Drenagem linfática.
Este trabalho está licenciado sob uma Licença 1 Artigo apresentado como requisito parcial para conclusão do Curso
Creative Commons Attribution 3.0. de Bacharelado em Estética.
E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2 45
Alexsandra Soares Bessa Francoe Wanessa de Oliveira Souza
46 E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2
Atuação do esteticista no pré e pós-operatório de abdominoplastia
Referência Definição
Abdominoplastia é uma correção estética e funcional da parede
abdominal, devido alterações por flacidez muscular, emagreci-
Migotto e Simões (2013)
mentos em excesso, gestações sucessivas, diástase abdominal,
extenso depósito de tecido adiposo na parede abdominal e hérnias.
Abdominoplastia é uma cirurgia plástica do abdome rea-
lizada sob anestesia peridural com sedação, podendo ser
geral a critério da equipe cirúrgico-anestésica e normal-
Cabral (2012)
mente dura em torno de 3 a 5 horas. Caracteriza-se pela remo-
ção de gordura localizada na região inferior do abdome,
além da flacidez de pele ao redor do umbigo e estrias.
A abdominoplastia pode estar associada a uma lipoaspiração, com
Sousa (2010) a intenção de proporcionar retirada de excesso de gordura através
de finas cânulas, permitindo uma redefinição global do tronco.
A abdominoplastia consiste nos seguintes procedimentos: Uma
incisão transversa baixa; Deslocamento da pele até o processo
xifoide e rebordo costais; Tratamento de toda parede músculo-
Lange (2012) -aponeurótica; Confecção de uma nova cicatriz umbilical, cha-
mada de onfaloplastia e a retirada do excesso dermo-adiposo;
Colocação de drenos; a fixação da porção inferior do retalho e a
sutura do retalho na região supra púbica, com fio absorvível.
A abdominoplastia é indicada para pacientes com moderada ou
acentuada flacidez cutânea associada à lipodistrofia localizada
ou generalizada, com ou sem hérnias da parede abdominal, com o
objetivo de restabelecer o contorno corporal, eliminando o excesso
Borges (2006)
cutâneo e o tecido adiposo, quando possível; e corrigir a flacidez
muscular e eventuais hérnias. Está contraindicada quando houver
flacidez tecidual mínima, em pacientes com alterações pulmonares,
diabetes e grandes tabagistas por existir risco de necrose tecidual.
E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2 47
Alexsandra Soares Bessa Francoe Wanessa de Oliveira Souza
Referência Definição
Os procedimentos operatórios utilizados para modificar o contorno
e a forma do abdome incluem a abdominoplastia, ou a dermoli-
Evans (2007)
pectomia clássica; a abdominoplastia modificada ou “mini abdo-
minoplastia” e a abdominoplastia circunferencial ou em cinto.
A abdominoplastia é uma das intervenções cirúr-
Garcia & Borges (2006) gicas habitualmente realizadas, apesar da cica-
triz ser extremamente antiestética e agressiva.
As principais técnicas para abdominoplastia são: a mini abdomi-
noplastia sem descolamento do umbigo, trata somente a porção
inferior do umbigo, por isso não há necessidade de reposicioná-lo;
a mini abdominoplastia com descolamento do umbigo, suturado
2 a 3 centímetros abaixo da posição original; abdominoplastia
clássica na qual se trabalha todo o abdome anterior na qual se
Cabral (2010)
retira uma grande parte de tecido abdominal inferior e confec-
ciona-se um novo orifício para o umbigo; a abdominoplastia com
descolamentos mínimos e a lipoabdominoplastia procede-se a
lipoaspiração do retalho abdominal procurando liberá-lo da mus-
culatura sem lesão dos vasos; há tratamento dos excessos cutâ-
neos inferiores e confecção de um novo orifício umbilical.
A abdominoplastia é realizada sob anestesia peridural com seda-
ção, ou geral a critério da equipe cirúrgico-anestésica. Normalmente
dura em torno de 3 a 5 horas. Em todas as técnicas são realizados
pontos internos do retalho. Pequenas depressões podem ser per-
ceptíveis na parede abdominal e retrocedem na medida em que
o edema regride. São dados pontos internos e externos que serão
Ribeiro (2006)
retirados conforme a programação no pós-operatório. Na maio-
ria das vezes são colocados drenos que poderão ser removidos
entre 24 a 96 horas de pós-operatório, de acordo com a avaliação
médica. É realizado curativo local e utilizado modelador cirúrgico
juntamente com espuma de algodão nos primeiros 30 a 60 dias,
ou de acordo com a recomendação específica para cada caso.
Divide as deformidades abdominais em duas categorias:
alterações estéticas e funcionais. Os defeitos estéticos são
Pitanguy (2015) aqueles que modificam o contorno corporal e devem-se prin-
cipalmente à flacidez da parede abdominal, acúmulo de
gordura e enfraquecimento músculo-aponeurótico.
Baroudi, Keppke,
& Netto (2000)
A cirurgia plástica abdominal tem por finalidade a corre-
Castañares & Goe- ção das alterações da parede abdominal, desde as que afetam
thel, (2007) a cobertura tegumentar até as que afetam a estrutura mús-
Dardour & Vilair, (2008) culo-aponeurótica, procurando atingir o padrão compatível
Hakme (2003) com o que se considera “normal” para o contorno corporal.
Jaimovich (2004).
Corroborando com as ideias dos autores criando um perfil abdominal mais suave e
acima podemos definir que a abdominoplas- tonificado. O conhecimento sobre os aspec-
tias é um procedimento em que se remove o tos cirúrgicos são fundamentais para uma
excesso de gordura e de pele da região ab- boa atuação do esteticista no pré e pós-ope-
dominal e, na maioria dos casos, restaura ratórios de abdominoplastias.
os músculos enfraquecidos ou separados,
48 E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2
Atuação do esteticista no pré e pós-operatório de abdominoplastia
E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2 49
Alexsandra Soares Bessa Francoe Wanessa de Oliveira Souza
50 E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2
Atuação do esteticista no pré e pós-operatório de abdominoplastia
Com incidência próxima a 2%, hematoma é a terceira complicação local mais frequente
em abdominoplastias. O principal fator de risco para ocorrência de hematoma é alteração
pressórica intra e pós-operatória, hemostasia inadequada e coagulopatias preexistentes. Não
foi identificado aumento do risco para hematoma quando há associação com lipoaspiração.
Presença de dreno não previne formação de hematoma, porém, a mudança do débito e do
aspecto da drenagem serve para verificar ocorrência de hematoma. Muitas vezes, o hema-
toma é assintomático ou não diagnosticado, e não gera maiores consequências. Entretanto,
hematomas volumosos podem evoluir com instabilidade hemodinâmica e compressão do re-
talho descolado, o que pode propiciar necrose cutânea, e devem ser prontamente explorados
(Figura 4) (Samra et al., 2010; Hensel et al., 2001).
E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2 51
Alexsandra Soares Bessa Francoe Wanessa de Oliveira Souza
52 E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2
Atuação do esteticista no pré e pós-operatório de abdominoplastia
E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2 53
Alexsandra Soares Bessa Francoe Wanessa de Oliveira Souza
54 E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2
Atuação do esteticista no pré e pós-operatório de abdominoplastia
E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2 55
Alexsandra Soares Bessa Francoe Wanessa de Oliveira Souza
56 E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2
Atuação do esteticista no pré e pós-operatório de abdominoplastia
E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2 57
Alexsandra Soares Bessa Francoe Wanessa de Oliveira Souza
58 E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2
Atuação do esteticista no pré e pós-operatório de abdominoplastia
4.1 Análise Crítica dos Resultados eles aconselham que o paciente deve aban-
donar o hábito de fumar pelo menos dois me-
A partir do questionário enviado as en- ses antes do procedimento cirúrgico.
trevistadas de forma eletrônica, foi possível Perguntamos a respeito do consumo de
quantificar que um total de oito pacientes bebidas alcoólicas, e dentre elas, somente
do sexo feminino se dispusera a responder uma mencionou fazer uso de bebidas alcoó-
todos os questionamentos, dentre elas, duas licas duas vezes por semana, uma afirmou
com 35 anos, uma com 42 anos, duas com fazer uso de vez em quando, restando cinco
43 anos, uma com 44 anos, uma de 45 anos que afirmaram não fazer uso de álcool.
e uma de 70 anos. Quatro são caucasianas, De acordo com Heinberg, Ashton e
uma amarela, duas pardas, e uma negra. Coughlin (2012) n os últimos anos, alguns
Vieira e Netz (2012) menciona que o Brasil relatos levantaram a hipótese de que os in-
está classificado como o segundo no mundo, divíduos submetidos ao tratamento cirúrgi-
em número de cirurgias plásticas. co da obesidade poderiam estar com o ris-
Após indagar sobre o consumo do cigar- co aumentado para as complicações após a
ro, somente duas afirmaram que possuem operação.
o habito de fumar diariamente. Manassa Em nossa pesquisa todas as oito partici-
(2003) a firma que o háb ito de fumar au- pantes afirmaram ter optado pela abdomi-
menta consideravelmente o risco de infec- noplastia por vontade própria, não havendo
ções, que é explicado pela vasoconstrição prévi a indicação médi ca. Para Santos, Cân-
causada pelos componentes do cigarro alte- dido e Silva (2013), no início do século XIX,
rando a microcirculação cutânea, diminuem houve mudanças no padrão estético de bele-
a imunidade e podem causar necrose nos te- za, as pessoas procuram mais intervenções
cidos e seroma oculto. cirúrgicas por ser um método rápido, eficaz
Gempeli e Mendes (2019) e Manassa, e sem tanto esforço.
Hertl e Olbrisch (2003), ainda corroborando Vieira e Netz (2012) afirmam que a mídia
com a ideia, afirmam o tabagismo e o prin- é a responsável por propor um “padrão de
cipal fator de risco para o aparecimento de beleza”. As cirurgias plásticas, quando rea-
complicações pós operatórias o que triplica lizadas com indicações pertinentes, podem
as chances de desenvolver necrose cutânea, proporcionar transformações, ajudando as
E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2 59
Alexsandra Soares Bessa Francoe Wanessa de Oliveira Souza
pessoas a melhorarem sua autoestima e com cânulas, permitindo uma redefinição global
isso a qualidade de vida. do tronco.
Borges (2006) mencionou que a abdomino- De acordo com as entrevistadas, duas
plastia é indicada para pacientes com mode- não tiveram nenhuma recomendação médi-
rada ou acentuada flacidez cutânea associa- ca pré-operatória e seis tiveram recomenda-
da à lipodistrofia localizada ou generalizada, ções médicas pré-operatória, como perda de
com ou sem hérnias da parede abdominal, peso, exames laboratoriais, não fazer uso de
com o objetivo de restabelecer o contorno cigarro ou bebida alcoólica e jejum de 12 ho-
corporal, eliminando o excesso cutâneo e o ras antes da cirurgia. Dessas seis pacientes
tecido adiposo, quando possível; e corrigir a uma destacou a recomendação médica de fa-
flacidez muscular e eventuais hérnias. Está zer seis sessões de Drenagem linfática antes
contraindicada quando houver flacidez teci- da cirurgia.
dual mínima, em pacientes com alterações Após a realização da cirurgia de abdomi-
pulmonares, diabetes e grandes tabagistas noplastia as recomendações medicas repas-
por existir risco de necrose tecidual. sadas as pacientes foram de repouso por 30
Souza (2009) afirma que as complicações dias, uso de anti-inflamatório e medicamento
pós-operatórias poderão ser evitadas, na para alív io da dor, dormir de decúbito dorsal,
grande maioria dos casos, pela correta indi- andar ligeiramente curvada para frente por
cação da cirurgia e pelo respeito aos prin- 15 dias, uso de cintas e início da Drenagem
cípios técnicos que a norteiam, associados linfática com no mínimo quinze sessões.
também com os cuidados específicos, que De acordo com Borges (2006), após a in-
devem ser tomados tanto no pré, inter e pós- tervenção cirúrgica recomenda-se: - O uso
-operatório, tanto pelo médico quanto pela da cinta elástica no período de 45 a 60 dias;
equipe multidisciplinar que geralmente está 9 - Repouso de 24 a 48 horas, até que os dre-
acompanhando o paciente nos sejam retirados; - Andar com o tronco
No que se referem a prá tica da ativida- ligeiramente curvado; - Evitar atividades
de física, quatro afirmaram praticar três que necessitam de esforço físico. Fontoura
vezes por semana, e quatro mencionaram (2007) mencionou que estas recomendações
não realizar nenhum tipo de atividade, se são importantes para o próprio bem-estar do
enquadrando como sedentárias. A respeito indivíduo e a sua correta recuperação
do tempo decorrido desde a cirurgia, quatro No que se refere à drenagem linfáti-
mencionaram ter sido realizada a menos de ca, pode-se observar que as participantes
um ano, duas a quatro anos, uma a 12 anos e relataram:
uma a 15 anos.
A pesquisa realizada revelou que todas • uma afirmou que realizou apenas uma
foram submetidas a algum procedimento as- sessão;
sociado à abdominoplastia, sendo duas com • uma afirmou que realizou cinco sessões;
próteses mamaria e lipoaspiração e seis com • uma afirmou que realizou onze sessões;
a lipoaspiração. • uma afirmou que realizou quinze sessões;
Sousa (2010) dizem que a abdominoplas- • duas outras afirmaram que realizaram
tia pode estar associada a uma lipoaspira- vinte sessões cada;
ção, com a intenção de proporcionar retira- • uma afirmou que realizou quarenta
da de excesso de gordura através de finas sessões;
60 E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2
Atuação do esteticista no pré e pós-operatório de abdominoplastia
• dentre as oito participantes, apenas uma com uma profissional esteticista. Todas afir-
não utilizou aparelho de ultrassom, e maram que os procedimentos estéticos fo-
uma utilizou tanto ultrassom quanto a ram primordiais para o restabelecimento da
radiofrequência. rotina diária.
Novos protocolos de tratamento vêm
Ao que foi possível analisar somente sendo utilizados na tentativa de reduzir as
duas não mencionaram sofrer nenhuma in- complicações citadas anteriormente. Den-
tercorrência no pós-operatório, uma afir- tre os recursos utilizados nestes protocolos,
mou ter sofrido várias intercorrências, so- podemos citar os recursos manuais (drena-
mente não teve infecção, e as outras cinco gem linfática manual - DLM e massagem
pacientes tiveram todas as intercorrências manual), cinesioterapia, ultrassom, laser te-
mais conhecidas, como fibrose, infecção, rapêutico, os eletroterápicos como: estimu-
deiscência de pontos e seroma. Devido as lação elétrica nervosa transcutânea (TENS),
intercorrências foi necessário que 2 das 8 radiofrequência, a vacuoterapia, a criotera-
mulheres ficassem afastadas por um perío- pia, a fototerapia, a termoterapia, o uso dos
do maior que 30 dias, uma retornou ao tra- Leds, entre outros (Guirro & Guirro, 2012;
balho após quarenta e cinco dias e a última Borges, 2006; Tacani & Cervera, 2004; Agne
retornou após sessenta dias. & Jones, 2009; Prentice, 2004).
Guirro e Guirro (2012), Borges (2006), Ja- Segundo Godoy, Godoy & Godoy (2011) a
nete, Janete e Barbosa (2005) e ainda Soa- drenagem linfática manual constitui em um
res, Soares e Soares (2005) relataram como dos grandes pilares do tratamento do linfe-
complicações pós-operatórias como hema- dema e contribui para transformar a aborda-
toma, infecção, deiscência, irregularidades, gem clínica na principal forma de tratamento
depressões, aderências, edema, fibroses, ci- O ultrassom (US) na frequência de 3MHz é
catrizes mal posicionadas, cicatrizes hiper- bastante utilizado na fase inflamatória, atua
tróficas e queloideanas, equimose, necrose, estimulando o reparo tecidual sendo que seu
seroma, depressões e excessos cutâneos. São efeito benéfico tem sido demonstrado sobre
situações que podem variar de acordo com diversos tecidos destacando-se o aumento
cada cirurgia e a técnica aplicada Tais com- da angiogênese, do tecido de granulação, do
plicações poderão ser evitadas, na grande número de fibroblastos e da síntese de co-
maioria dos casos, pela correta indicação da lágeno, além da diminuição de leucócitos
cirurgia e pelo respeito aos princípios técni- e macrófagos. Existem evidências que de-
cos que a norteiam, associados também com monstram a eficácia do US nas diferentes
os cuidados específicos, que devem ser to- fases do reparo. Sua utilização no PO de ci-
mados tanto no pré, inter e pós-operatório, rurgia plástica auxilia na reabsorção de he-
tanto pelo médico quanto pela equipe mul- matomas, reduzindo as chances de formação
tidisciplinar que geralmente está acompa- fibrótica, previne a formação de cicatrizes
nhando o paciente (Souza, 2009). hipertróficas e queloides, e ainda melhora a
Os procedimentos estéticos segundo rela- nutrição celular, reduzindo o edema e a dor,
to de três das entrevistadas foram feitos por consequências da melhora da circulação
enfermeiras da equipe medico que realizou sanguínea e linfática (Silva, 2012).
a cirurgia de abdominoplastia, e as outras O US proporciona através de seus efei-
cinco realizaram os procedimentos estéticos tos térmicos e não térmicos o aumento da
E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2 61
Alexsandra Soares Bessa Francoe Wanessa de Oliveira Souza
velocidade de reparo dos tecidos e cura das um tratamento pré e pós-operatório comple-
lesões, aumento do fluxo sanguíneo, aumen- mentar (Coutinho, Dantas, & Borges, 2006).
to da extensibilidade do tecido, dissolução O pré-operatório funciona também como
dos depósitos de cálcio e redução da dor, orientação para o paciente. É o momento de
por meio da alteração da condução nervosa preparo para a cirurgia, e onde se conhece
e alterações da permeabilidade da membra- suas limitações e inicia-se o plano de tra-
na celular. Além dos benefícios já citados, a tamento pós-cirúrgico (Coutinho, 2006). O
reabsorção de hematomas estimulada pelo papel do esteticista tem início no pré-ope-
US é fundamental na primeira fase do trata- ratório, visando uma recuperação cirúrgica
mento PO evitando que fibroses se instalem mais rápida, eficiente e funcional (Macedo &
como consequência (Silva, 2012) Oliveira, 2010).
De modo geral sete pacientes afirmaram A estética apresenta importante atuação
que ficaram satisfeitas com o resultado final nas abdominoplastias. Durante a fase pré-
da abdominoplastia. -operatória, iniciamos o trabalho de dre-
nagem linfática, com o objetivo de preve-
nir episódios de linfoedema complexos no
4.2 Reflexão sobre atuação pós-operatório, comum principalmente nas
do esteticista no pré dermolipectomias totais do abdome. A ma-
e pós-operatório nipulação de tecido conjuntivo e de grande
importância, promovendo mobilidade a pele
A estética funcional é fundamentada em em seus planos mais profundos e facilitando
uma sólida base científica sendo uma forte o seu descolamento durante o ato cirúrgico.
contribuinte tanto no pré quanto no pós-ope- A região periumbilical também merece ser
ratório, prevenindo ou tratando as respostas manipulada para ativação e incremento a cir-
advindas das intervenções cirúrgicas, e ape- culação periférica, com o objetivo de preve-
sar de seu papel ter início no pré-operatório, nir possíveis fibroses (Guirro & Guirro, 2012).
sua atuação torna-se fundamental no pós-ci- Ressalte-se que o esteticista atuará, no
rúrgico (Guirro & Guirro 2012; Milani, 2006; pré-operatório, prevenindo a formação das
Coutinho, Dantas, & Borges, 2006). aderências, principal fator agravante no pós-
Embora pareça desnecessário para alguns -operatório, pois estas aderências impedem
cirurgiões, o atendimento estético antes da o fluxo normal de sangue e linfa, aumentan-
cirurgia plástica é de extrema importân- do ainda mais o quadro edematoso, retar-
cia na reabilitação do paciente operado. A dando a recuperação
presença de fibroses pós-operatórias de ci- No pós-operatório é importantíssimo
rurgias anteriores também pode interferir para o paciente que ele seja encaminhado ao
no resultado da cirurgia e devem ser prefe- tratamento na fase imediata. A formação do
rencialmente tratadas no pré-operatório. A esteticista lhe permite identificar o tipo e a
presença de alterações circulatórias como profundidade dos tecidos envolvidos, deter-
edemas, linfedemas e fibro edema gelóide minar o estágio da cicatrização e reconhecer
deve ser identificada no pré- -operatório as contraindicações ao uso das modalidades
para conscientização do paciente de que de tratamento. Além do mais, poderá prio-
nem todas as afecções estéticas serão trata- rizar os problemas, estabelecer as metas e
das com a cirurgia e de que será necessário
62 E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2
Atuação do esteticista no pré e pós-operatório de abdominoplastia
E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2 63
Alexsandra Soares Bessa Francoe Wanessa de Oliveira Souza
R E F E R Ê N C I A S
Agne, Jones Eduardo. (2009). Eu sei Dardour, J.C.,& Vilair, R.(2008). Al- Gogdoy, M.F.G.; Godoy, A.C.P., &
Eletroterapia. Palloti, 2009. ternatives to the classic abdomi- Godoy (2011). Jmp. Drenagem
Angelim, D. (2010). Radiofre- noplasty. Plast. Reconstr. Surg. linfática global: conceito. São
quência x Fibrose. Informativo 61:291. Paulo: THS.
Beauty.v.2, n.5, junho 2010. Deterling, L.C. et al. (2010). Bene- Guirro, E. & Guirro, R. (2012). Fisio-
Araújo APS & Cabral ML (2001). fícios do laser de baixa potên- terapia dermato-funcional: fun-
Fisioterapia Dermatofuncional: cia no pós cirúrgico de cirurgia damentos, recursos e patologias.
um perfil dos cursos de pós-gra- pástica. Revista Augustus. V.14, 3ª ed. São Paulo: Manole.
duação do estado do Paraná.VII n.29, p. 45-53, 2010. Hakme, F. (2003). Abdominoplasty:
Encontro Internacional de Produ- Elw ing, A.; Sanches, O. (2010). Peri and supra-umbilical lipec-
ção Científica-EPOC. Paraná. Drenagem Linfática Manual: tomy. Aesth. Plast. Surg. 7:213.
Baroudi R. J., Keppke, E. M., & To- teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Hardy, K.L., Davis K.E., Constan-
zzi Netto, F. (2000) Abdomino- Editora Senac. tine, R.S., Chen, M., Hein, R.,&
plasty. Plast. Reconstr. Surg.; Esper, M. A. L. R. (2010). Análise Jewell, J.L. (2014) The impact of
54:161. comparativa do efeito da tera- operative time on complications
Borges, F.S. (2006). Dermato-fun- pia com laser ou LED de baixa after plastic surgery: a multi-
cional: modalidades terapêuti- potência durante o movimen- variate regression analysis of
cas nas disfunções estéticas. São to ortodônico – Estudo Clínico. 1,753 cases [Internet]. Aest Surg
Paulo: Phorte. 2010. 79f. Dissertação (Mestra- J. 2014; 34:614-22.
Borges, Fabio. (2010) Modalidades do em Bioengenharia) – Insti- Heinberg LJ, Ashton K, Coughlin
terapêuticas para disfunções es- tuto de Pesquisa e Desenvolvi- J. (2012). Alcohol and bariatric
téticas. 2.ed. São Paulo: Editora mento, Universidade do Vale do surgery: review and suggested
Phorte, 2010. Paraíba. recommendations for assess-
Cardoso E (2013) Drenagem linfá- Evans, Gregory R. D. (2007). Cirur- ment and management. Surg
tica: recurso indispensável na gia plástica estética e recons- Obes Relat Dis. 2012;8(3):357-63.
estética. Personalité; 6(27): 48-9. trutora. Rio de Janeiro: Revinter, Hensel, J.M., Lehman, J.A., Prasad
Castañares S,& Goethel A.J. (2007). 2007. Tantri M., Parker, M.G., Wag-
Abdominal lipectomy: A modi- Garcia P.G., Garcia F.G., & Borges ner, D.S., Topham N. S. (2001).
fication in technique. Plast. Re- F.S. (2006) O uso da eletrolipóli- An outcomes analysis and satis-
constr. Surg. 40:378. se na correção de assimetria no faction survey of 199 consecuti-
Coutinho, M. M., Dantas, R. B., contorno corporal pós-lipoas- ve abdominoplasties [Internet].
Borges, F.S,& Silva, I.C. (2006). piração: relato de caso. Revista Ann Plast Surg. 2001; 46:357-63.
A importância da atenção fisio- Fisioterapia Ser. ano1. n. 4. out/ Jaimovich C.A. (2004). Sistemati-
terapêutica na minimização do nov/dez. zação em Abdominoplastias. In:
edema nos casos de pós-opera- Gemperli, R., & Mendes, R.R.S. Tournieux, A.A.B., Atualização
tório de abdominoplastia asso- (2019) Complicações em ab- em Cirurgia Plástica e Estética.
ciada a lipoaspiração de flancos. dominoplastia. Rev. Bras. Cir. São Paulo: Robe, 2004. p. 423.
Rev.Fisiot.Ser.;1(4): 1-8. Plást.;34(0):53-56 Janete, P.R.S; Janete M.C.V.;
Barbosa, A.L.M. (2005).
64 E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2
Atuação do esteticista no pré e pós-operatório de abdominoplastia
E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2 65
Alexsandra Soares Bessa Francoe Wanessa de Oliveira Souza
66 E S T É T I C A E M M O V I M E N T O • V.1 • N . 2 • P. 4 5 - 6 6 • J an . / J u n . 2 0 2 2