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Volume 5 – Edição 2 - 2021

XVIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS


DA UNAERP - CAMPUS GUARUJÁ

Fisioterapia tardia em pacientes mastectomizadas: uma revisão de literatura

Ana Carvalho Paschoal¹; Alan Carlos Brisola Barbosa²

¹ Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Guarujá, São Paulo, Brasil. Discente.


ana.paschoal@sou.unaerp.edu.br
² Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Guarujá, São Paulo, Brasil. Docente.
acbarbosa@unaerp.br
Sessão: Saúde
Formato: Revisões Bibliográficas

RESUMO
Introdução: O câncer de mama é a neoplasia mais recorrente em mulheres, e seu
tratamento depende do desenvolvimento da doença. O tratamento cirúrgico utilizando
a técnica de mastectomia consiste na retirada do tecido mamário. No pós-operatório
é comum que ocorram complicações como diminuição da amplitude de movimento,
diminuição de força, linfedema, dor, e alterações cicatriciais. A fisioterapia no pós-
operatório busca evitar complicações, ou em casos tardios, recuperar a função.
Objetivo: analisar os efeitos da fisioterapia tardia em mulheres mastectomizadas,
bem como comparar os resultados da fisioterapia com início precoce e tardio.
Referencial teórico: A mastectmomia radical pode ser do tipo clássica, modificada
de Madden ou Patey. A fisioterapia tem início no pré-operatório até o pós-operatório,
e deve ser feita avaliação precisa de cada caso. Materiais e Método: Foi realizada
uma pesquisa bibliográfica por meio de banco de dados eletrônicos SCIELO, LILACS
e Google Acadêmico, publicados nos últimos 10 anos. Resultados: Foram incluídos
na pesquisa 5 artigos que atenderam ao critério de inclusão, os artigos analisados
apresentam estudos de caso e estudos randomizados com pacientes
mastectomizadas em pós-operatório tardio. Discussão: As técnicas usadas pelos
autores, sendo elas drenagem linfática manual, hidroterapia ou cinesioterapia foram
eficazes para tratar as complicações e alterações musculosesqueléticas das
pacientes mastectomizadas. Considerações finais: A fisioterapia quando iniciada de
forma tardia tem eficácia na diminuição das complicações e restauração da função,
no entanto a fisioterapia iniciada de forma precoce é mais indicada pois consegue
prevenir tais complicações.
Palavras-chave: Câncer de mama; Fisioterapia; Mastectomia.
Área de conhecimento: Saúde

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Tipo de trabalho: Revisão Bibliográfica


ABSTRACTO
Introducción: El cáncer de mama es la neoplasia más recurrente en la mujer y su
tratamiento depende del desarrollo de la enfermedad. El tratamiento quirúrgico
mediante la técnica de mastectomía consiste en extirpar el tejido mamario. En el
período posoperatorio, ocurren complicaciones como disminución del rango de
movimiento, disminución de la fuerza, linfedema, dolor y cambios en la cicatrización.
La fisioterapia postoperatoria busca evitar complicaciones o, en casos tardíos,
recuperar la función. Objetivo: analizar los efectos de la fisioterapia tardía en mujeres
con mastectomías, así como comparar los resultados de la fisioterapia de inicio
temprano y tardío. Marco teórico: La mastectomía radical puede ser de tipo clásico,
modificada de Madden o Patey. La fisioterapia comienza desde el período
preoperatorio hasta el postoperatorio, debiendo realizarse una valoración precisa en
cada caso. Materiales y Método: Se realizó una búsqueda bibliográfica utilizando las
bases de datos SCIELO, LILACS y Academic Google, publicadas en los últimos 10
años. Resultados: Se incluyeron en la investigación cinco artículos que cumplieron
con los criterios de inclusión, los artículos analizaron los estudios de casos actuales y
los estudios aleatorizados con pacientes sometidas a mastectomía en el
postoperatorio tardío. Discusión: Las técnicas empleadas por los autores, como el
drenaje linfático manual, la hidroterapia o la kinesioterapia, resultaron eficaces en el
tratamiento de complicaciones y alteraciones musculoesqueléticas en pacientes
mastectomizadas. Consideraciones finales: La fisioterapia, cuando se inició
recientemente, es eficaz para reducir las complicaciones y restaurar la función; sin
embargo, la fisioterapia iniciada temprano está más indicada porque puede prevenir
tales complicaciones.
Palabras llave: cáncer de mama; Fisioterapia; Mastectomía.
Área de conocimiento: Salud
Tipo de trabajo: Revisión de literatura
ABSTRACT
Introduction: Breast cancer is the most recurrent cancer in women, and its treatment
depends on the development of the disease. Surgical treatment using the mastectomy
technique consists of removing the breast tissue. In the postoperative period,
complications such as decreased range of motion, decreased strength, lymphedema,
pain, and scarring changes occur. Postoperative physiotherapy seeks to avoid
complications, or in late cases, to recover function. Objective: to analyze the effects
of late physiotherapy in women with mastectomies, as well as to compare the results
of physiotherapy with early and late onset. Theoretical framework: Radical
mastectomy can be of the classical type, modified from Madden or Patey.
Physiotherapy starts from the preoperative to the postoperative period, and an
accurate assessment must be made in each case. Materials and Method: A
bibliographic search was carried out using SCIELO, LILACS and Academic Google
databases, published in the last 10 years. Results: Five articles that met the inclusion
criteria were included in the research. The articles analyzed present case studies and
randomized studies with patients submitted to mastectomy in the late postoperative
period. Discussion: The techniques used by the authors, such as manual lymphatic
drainage, hydrotherapy or kinesiotherapy, were effective to treat complications and

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musculoskeletal changes in mastectomized patients. Final considerations: Physical


therapy when started lately is effective in reducing complications and restoring
function, however physical therapy started early is more indicated because it can
prevent such complications.
Key-words: Breast cancer; Physiotherapy; Mastectomy.
Area of knowledge: Health
Type of work: Literature Review

1 INTRODUÇÃO

O câncer de mama é a neoplasia mais recorrente em mulheres, segundo o Inca


– Instituto Nacional de Câncer, no ano de 2020 o câncer de mama foi a principal
neoplasia em mulheres com cerca de 66.280 novos casos, 29,7% de todos os casos
em mulheres. No ano de 2019, o câncer de mama foi responsável por 16,4% dos
óbitos por neoplasia em mulheres (INCA,2021).
Para que o melhor tratamento seja escolhido é necessário saber sobre o
desenvolvimento da doença. Existem três tipos de tratamento que podem ser
escolhidos, o tratamento sistêmico que consiste em quimioterapia, hormonioterapia e
terapia alvo molecular ou local; O tratamento cirúrgico conservador ou radical; e o
tratamento radioterápico (NCCN, 2018). É importante que o início do tratamento seja
o mais precoce possível após o diagnóstico.
Quando a escolha for por tratamento cirúrgico, pode ser conservador que remove
apenas uma parte da mama ou radical quando a mama inteira é retirada (INCA, 2019).
A mastectomia consiste no tratamento cirúrgico do câncer de mama, onde ocorre a
retirada do tecido mamário. Existe ainda a mastectomia preventiva onde a retirada da
mama é uma forma de prevenção do câncer (GODOY, 2016).
As complicações do pós-operatório podem ser divididas em três fases, imediata
quando as complicações surgem em até 24 horas da cirurgia, mediata acontece em
até 7 dias e tardia se dá após a retirada do dreno, dos pontos e da alta hospitalar
(MARQUES 2011).
Entre as complicações imediatas, destacam-se hemorragias e infecções, e
também diminuição de força do complexo do ombro e diminuição da amplitude de
movimento (MARQUES, 2011). A dor é comum no pós-operatório por ser um
procedimento invasivo com mudanças musculoesqueléticas, e se torna o principal
fator limitante de amplitude de movimento e força muscular. (BREGAGNOL, 2010).

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Nas complicações tardias encontram-se as alterações de veias e artéria axilar com


maior complexidade. Outras alterações encontradas tardiamente são capsulite
adesiva de ombro e linfedema (SOUZA, 2016).
A intervenção fisioterapêutica no pré-operatório identifica as possíveis
complicações e as alterações já existentes. No pós-operatório imediato, preconiza-se
a prevenção ou minimização de dor, edemas e alterações respiratórias, posturais e
funcionais (INSTITUTO NACIONAL DO CANCER, 2004). A eficácia da fisioterapia
pode ser avaliada pelo grau de independência alcançado, alivio da dor e redução do
uso de analgésicos e aumento da mobilidade de membros superiores (FARIA, 2010).
Uma vez que o tratamento precoce pós mastectomia é preconizado, os trabalhos
que abordam o tratamento fisioterapêutico tardio em pacientes mastectomizadas são
escassos na literatura. Não são achados estudos organizados sobre a melhor técnica
para o tratamento das complicações já instaladas e como a fisioterapia tem eficácia
na diminuição das limitações de movimento e outras complicações.
O presente estudo busca avaliar os efeitos da fisioterapia tardia em pacientes
mastectomizadas, visto que são escassos na literatura trabalhos que abordam esse
tema. Esse estudo se torna importante pois busca enfatizar a importância da procura
ao profissional de fisioterapia mesmo em fase tardia de pós-operatório de
mastectomia, promovendo melhor qualidade de vida e minimizando de complicações
decorrentes do tratamento cirúrgico.

2 OBJETIVOS

O Objetivo geral do trabalho é analisar os efeitos da fisioterapia tardia em


mulheres mastectomizadas.
Os objetivos específicos verificar os efeitos da fisioterapia em complicações já
instaladas; comparar os resultados da fisioterapia tardia com a fisioterapia imediata.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo consiste em revisão de literatura sobre a fisioterapia tardia


em pacientes mastectomizadas. Os artigos para compor esta revisão foram
selecionados nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO),
Google Acadêmico e Literatura Latino-Americana e Caribe em Ciências da Saúde

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(LILACS). Para a procura dos artigos foram usados os seguintes descritores:


mastectomia, câncer de mama, fisioterapia tardia.
Os artigos selecionados seguiram os seguintes critérios de inclusão: ser escrito
em português; tratar-se de artigo com intervenção fisioterapêutica tardia; serem
publicados nos últimos 10 anos. Para a exclusão dos artigos foram seguidos os
seguintes critérios: ser uma revisão de literatura. Com base nesses critérios foram
selecionados 5 artigos, que constituem o presente estudo.
3.1. Fluxograma da estratégia de busca e inclusão dos artigos

Foram selecionados 23 artigos, sendo 16 através do Google Acadêmico, 3


através do SCIELO, e 4 através do LILACS. Durante a leitura, 8 artigos foram
excluídos da pesquisa por não corresponderem ao tema do estudo; 1 artigo excluído
por não atender ao idioma pesquisado. Após a exclusão, 14 artigos passaram por
leitura do resumo, onde 5 artigos excluídos por não corresponder aos anos solicitados
na pesquisa e 4 artigos foram excluídos por não apresentar o texto completo. Apenas
5 artigos lidos na integras atenderam aos critérios de inclusão e foram caracterizados
como objeto de estudos da presente pesquisa.
Fluxograma 1. Fluxograma de seleção dos artigos estudados.

4 DESENVOLVIMENTO

4.1 REFERENCIAL TEÓRICO

A mastectomia é um tipo de tratamento cirúrgico para o câncer de mama, que


consiste na retirada da mama, e a escolha do tipo de mastectomia depende de fatores
como o tipo e as condições do tumor. Após a cirurgia, existe ainda a possibilidade de

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reconstrução mamária podendo ser através de implantes, extensores teciduais ou


retalhos musculoscutâneos (PONTES, 2013).
A mastectomia radical clássica, também chamada de método Halsted foi
desenvolvida pelo médico-cirurgião Halsted no final do século XIX. A mastectomia
radical é um procedimento invasivo e agressivo que consiste na retirada da mama que
foi atingida pelo câncer (BOFF, 1999). A mastectomia radical modificada é uma
técnica cirúrgica que remove a glândula mamaria, o mamilo, a aureola, os gânglios
linfáticos e a pele de acordo com a localização do tumor (HABER,2000). A
mastectomia radical modificada tipo Patey, retira a glândula mamária e realiza o
esvaziamento dos linfonodos da axila, preservando o músculo peitoral maior; e a do
tipo Madden retira a glândula mamaria com esvaziamento dos linfonodos axilares,
porem os músculos peitoral menor e maior são preservados. (FRANCO, 1997).
A intervenção fisioterapêutica deve ser iniciada precocemente, no entanto é
frequente que as mesmas sejam encaminhadas para a fisioterapia tardiamente,
diminuindo a probabilidade de recuperação total (BATISTON, 2005). A fisioterapia
pode ser iniciada no pré-operatório e ter continuidade no pós-operatório com o objetivo
de retornar às atividades com menor limitação, utilizando-se da técnica de
cinesioterapia, que atua na recuperação funcional do membro, e previne linfedema,
encurtamento muscular, alterações posturais, aderências e retrações (NAVA, 2016).
O profissional fisioterapeuta também auxilia no tratamento por meio de orientações,
como quanto ao posicionamento do membro, maneira correta de realizar as
atividades, e a promoção de saúde (FABRO, 2016).
O fisioterapeuta deve realizar uma avaliação precisa e complexa de cada caso,
avaliando itens como grau de força muscular, grau de amplitude de movimento,
alterações posturais, linfedemas, e a qualidade da cicatriz. Quanto ao tratamento, o
profissional alinha a sua conduta com as expectativas do paciente e inicia o mais
precoce possível, podendo assim conquistar melhores resultados (ZAMBORSKY,
2019).
4.2 RESULTADOS
No estudo de Amorim (2011), realizado com uma paciente do sexo feminino, 45
anos, submetida a mastectomia radical modificado tipo de Madden no hemotórax
direito no ano de 2004, a paciente apresentava linfedema, após 10 sessões de
fisioterapia com drenagem linfática manual, observou-se diminuição significativa.

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A tabela 1 mostra os artigos selecionados composta por nome do artigo, ano, autor, objetivo da pesquisa, materiais e métodos e
conclusão.
Tabela 1. Caracterização dos artigos selecionados.
Nome do Artigo Ano Autor Objetivo Materiais e métodos Conclusão
Intervenção 2013 Cecconello; Demonstrar a importância da Indivíduo, do sexo feminino, 52 anos, A fisioterapia tem eficácia
fisioterapêutica em uma Sebben; intervenção fisioterapêutica para mastectomia radical direita, com no tratamento de
paciente com Russi. prevenção, minimização e linfadenectomia axilar há 2 anos. complicações pós-
mastectomia radical tratamento dos efeitos Complicações de linfedema, dor e cirúrgicas de mastectomia
direita no pós-operatório complicações advindos do diminuição amplitude de movimento radical. A intervenção tem
tardio: estudo de caso. tratamento cirúrgico do câncer da do ombro direito. Aplicadas técnicas importância tanto no
mama. de drenagem linfática manual e tratamento como na
cinesioterapia. prevenção de
complicações.
O papel da drenagem 2011 Amorim; O objetivo deste trabalho foi Estudou-se uma paciente submetida A intervenção
linfática na melhora da Mejia; analisar se a intervenção à mastectomia radical modificada a fisioterapêutica tem
qualidade de vida e na fisioterapêutica escolhida direita, com linfedema grau I, em influência direta na redução
redução de linfedema apresentou uma redução braço, antebraço e mão. Foi aplicada de linfedema e na
em mulheres significativa no edema uma ficha de avaliação e perimetria. qualidade de vida.
mastectomizada em melhorando a qualidade de vida.
pós-operatório tardio.
Fisioterapia aquática 2013 Gimenez; Verificar a efetividade da Amostra com 15 paciente A fisioterapia aquática e
e de solo em grupo na Tacani; fisioterapia aquática e de solo na submetidas a mastectomia unilateral de solo mostraram-se
postura de mulheres Junior; postura de mulheres ou bilateral, total ou parcial, eficientes para a postura
mastectomizadas. Campos; mastectomizadas. distribuídos em 2 grupos. Grupo corporal de mulheres
Batista. controle realizou fisioterapia em solo e mastectomizadas.
grupo experimental realizou
fisioterapia aquática. Para avaliação
utilizou-se Software de Avaliação
Postural (SAPO) pré e pós
intervenção.

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Tabela 1 continuação. Caracterização dos selecionados


Nome do artigo Ano Autores Objetivo Materiais e métodos Resultado
Início precoce versus 2019 Rizzi; Avaliar o impacto da liberação Ensaio clinico randomizado com 60 Protocolo pós-operatório
tardio de movimentação Haddad; de exercícios em amplitude livre mulheres avaliadas no pré-operatório com liberação de amplitude
livre de membros Nazário; de membros superiores, 15 ou 30 e 07, 15, 30, 60 e 90 dias após a de movimento de ombro
superiores no pós- Elias; dias após a cirurgia, na amplitude cirurgia. Exercício limitados a 90º de livre após 15 dias da
operatório de Faccina. de movimento (ADM) de ombro, amplitude de movimento de ombro, no cirurgia é seguro e benéfico
mastectomia e dor e função de membros dia seguinte à cirurgia. Após 15 dias para recuperação cinético-
reconstrução imediata superiores; na incidência de dividiu-se em 2 grupos, um grupo com funcional e controle álgico
com material deiscência, seroma, infecção e amplitude livre até o limite da dor e das pacientes em pós-
aloplástico: impacto na necrose, e na necessidade de grupo de amplitude limitada até 90° até operatório de mastectomia
recuperação cinético- reoperações de pacientes pós- 30 dias. e reconstrução imediata
funcional e nas mastectomia e reconstrução com material aloplástico.
complicações imediata com material
cicatriciais. aloplástico.

Início precoce versus 2019 Rizzi; Avaliar amplitude de Foram incluídas 60 mulheres, O protocolo de exercícios
tardio de movimentação Haddad; movimento, dor e função de avaliadas no pré-operatório e 07, 15, de amplitude livre a partir
livre de membros Nazário; membros superiores; incidência 30, 60 e 90 dias após a cirurgia. de 15 dias da cirurgia não
superiores no pós- Elias; de deiscência, seroma, infecção Iiniciaram protocolo de exercícios em teve impacto na amplitude
operatório de cirurgia Faccina. e necrose; e ocorrência de casa, limitados a 90 graus. Após 15 de movimento e na dor das
conservadora para reoperações em mulheres no dias foram divididas em dois grupos, pacientes, com efeito
câncer de mama com pós-operatório de cirurgia um com liberação de amplitude benéfico apenas na análise
técnica oncoplástica: oncoplástica para câncer de articular de ombro no limite da dor; intragrupos de função de
impacto na recuperação mama, que realizaram protocolo outro com manutenção de restrição de membros superiores, e
cinéticofuncional e nas de exercícios pós operatórios movimentos de ombro a 90º até 30 mostrou-se seguro em
complicações com amplitude articular de ombro dias da cirurgia, após foram liberadas relação às complicações
cicatriciais. limitada por 15 ou 30 dias em amplitude livre. cicatriciais.

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Cecconello (2013), apresentou um estudo de caso, com paciente do sexo


feminino, 52 anos, com mastectomia radical direita e remoção de 19 linfonodos, há
dois anos. Apresentava linfedema, dor do ombro direito grau 06 e diminuição de
amplitude de movimento do ombro direito. O tratamento consistiu em 7 sessões de
fisioterapia com drenagem linfática manual, mobilização escapular, exercícios de
amplitude de movimento e fortalecimento de punho, antebraço, cotovelo e ombro com
bastões, alteres pequenos, e exercícios com respiração diafragmática.
Como resultados da intervenção feita por Cecconello (2013), a força de membro
superior direito permaneceu 3, com leve aumento não significativo, porém a paciente
relatou melhor resistência e força de ambos os membros. A dinamometria não
apresentou alterações pré e pós intervenção. Com relação ao linfedema, houve
redução em todo membro superior direito, principalmente na região proximal. Houve
ganho de amplitude de movimento, concluindo que a fisioterapia apresenta eficácia
na prevenção e no tratamento de complicações.
O estudo de Gimenez (2013), utilizou a fisioterapia aquática como tratamento
para alterações posturais decorrentes da mastectomia. O estudo contou com a
participação de 15 mulheres entre 50 e 75 anos, submetidas a mastectomia radical e
mastectomia parcial, com tempo de pós-operatório de 1 mês a 2 anos. As participantes
apresentavam limitação de amplitude de movimento do ombro e cicatriz cirúrgica em
fase de remodelamento. As participantes do estudo apresentavam alterações no
alinhamento horizontal da pélvis, o ângulo do tornozelo e alinhamento vertical do
corpo. Em gravidade, apresentavam assimetria do plano frontal, centro de gravidade
relativo à posição dos maléolos e assimetria no plano sagital.
O grupo experimental realizou aquecimento com marcha e movimentos livres de
membros superiores, Bad Ragaz, fortalecimento ativo de membros superiores,
pompage global, alongamento passivo, e método autorrelaxante Ai-Chi. O grupo
controle realizou aquecimento com caminhada, alongamento passivo, pompage
global, exercício de fortalecimento e relaxamento e massagem. Ambos os grupos
receberam orientação quanto ao cuidado com a pele e autodrenagem. Após o
tratamento, os grupos apresentaram melhora da postura, deslocando o centro de
gravidade para posterior, normalizando a distribuição de peso e melhorando a força
muscular, corrigindo a postura antálgica e reduzindo a dor e os espasmos musculares.

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O estudo de Rizzi (2019), analisou o início precoce versus tardio de


movimentação livre no pós-operatório de mastectomia e reconstrução imediata com
material aloplástico. O programa incluiu 62 pacientes que fariam mastectomia e
reconstrução mamária, onde passaram por avaliação fisioterapêutica no pré-
operatório e pós-operatório de 07, 15, 30, 60 e 90 dias. Durantes todas as avaliações
formam mensurados valores de amplitude de movimento do ombro com goniômetro e
dor com escala visual analógica (EVA), além de no 30º e 90º pós-operatório
responderem o questionário DASH (Disabilities of the arm, shoulder and hand).
A fisioterapia foi iniciada no pós-operatório imediato com exercícios orientados
verbalmente para casa. Os exercícios até o 7º pós-operatório consistiam em
alongamentos de cervical lateral bilateralmente e posterior e de peitoral, e exercícios
ativos livres pendulares, circulares de ombro, elevação do membro até 90º com dedos
entrelaçados. No 15º pós-operatório as pacientes foram randomizadas em dois
grupos, um Grupo Experimental (GE) e um Grupo Controle (GC) e foram adicionados
mais dois exercícios a lista, para o grupo experimental com amplitude livre foram
adicionados exercícios de elevação do ombro elevação anterior na parede e elevação
lateral na parede com amplitude livre e no grupo controle com restrição de 90º do
movimento até o 30º pós-operatório, quando foi liberado amplitude livre. O estudo
detectou diferença de amplitude de movimento entre os grupos e diferença
significativa na função de membros superior, com valores maiores no grupo com
amplitude limitada.
O estudo de Rizzi (2019) consistiu em um ensaio clinico randomizado não cego
com 60 participantes com câncer de mama (in situ ou invasivo) e programação de
cirurgia conservadora associada à técnica oncoplástica e simetrização contralateral.
Foram mensurados dor com a escala analógica visual, amplitude de movimento com
goniômetro, no 30º e 90º pós-operatório foi avaliada a funcionalidade dos membros
superiores com questionário DASH (Disabilities of the arm, shoulder and hand).
O protocolo de exercícios teve início no dia seguinte a cirurgia e consistia em
alongamento lateral bilateralmente e posterior da cervical, alongamento de peitoral,
exercícios pendulares e circulares do ombro e elevação do braço até 90º, para serem
realizados 3 vezes ao dia. No 15º pós-operatório as pacientes foram divididas em dois
grupos, um grupo com amplitude de movimento livre (GALiv) e outro grupo com
amplitude e movimento limitada (GALim) a 90º até o 30º pós-operatório, após esse

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período foram adicionados dois exercícios de flexão do ombro e abdução do ombro,


sustentando por 10 segundo. No grupo de amplitude de movimento livre as pacientes
realizavam os exercícios com amplitude máxima, e no grupo de amplitude de
movimento limitada as pacientes realizavam os exercícios até 90º graus durante os
30 primeiros dias, depois realizavam sem limitação de amplitude.
Não houve diferença a longo prazo entre os grupos em relação a amplitude de
movimento. Houve alteração no nível de dor, mas sem diferenças entre os grupos. Em
relação a funcionalidade do membro superior, não houve diferença significativa entre
os grupos, no entanto ao avaliar isoladamente, o grupo de amplitude de movimento
limitada apresentou escore significativamente maior no 30º pós-operatório ao
comparar com o pré-operatório.

4.3 DISCUSSÃO

A presente revisão de literatura teve como objetivo analisar a eficácia da


fisioterapia tardia em pacientes mastectomizadas, assim como comparar os efeitos da
fisioterapia no pós-operatório imediato e tardio.
Observou-se em todos os estudos selecionados que houve alteração no grau de
amplitude de movimento do ombro após a cirurgia (CECCONELLO, 2013; AMORIM,
2013; GIMENEZ, 2013; RIZZI, 2019). No estudo de Cecconello (2013) e Amorim
(2013) a paciente apresentou linfedema no membro superior ipsilateral à cirurgia.
Gimenez (2013) apresentou resultados referentes a alteração postural em mulheres
mastectomizadas. Por fim os estudos de Rizzi (2019) compararam os resultados de
exercícios de amplitude livre em diferentes fases do pós-operatório.
A técnica de drenagem linfática manual utiliza diferenciais pressóricos para
drenar a linfa seguindo o sentido do fluxo (GODOY e GODOY, 2020), essa técnica
utilizada nos estudos de Cecconello (2013) e Amorim (2013) resultou em diminuição
do linfedema, assim como o estudo de Marques (2015) que conclui que a drenagem
linfática manual é um método eficaz para diminuição de linfedema pós mastectomia,
sendo mais eficaz quando associada com outras técnicas fisioterapêuticas.
No estudo de Gimenez (2013) o grupo experimental apresentou melhora em
relação a postura ântero-posterior devido ao ambiente aquático estimular os sistemas
que controlam o equilíbrio, já o grupo controle apresentou melhora da postura látero-
lateral devido ao aumento da descarga de peso no solo. O programa utilizou a técnica

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de Bad Ragaz que segundo Biasoli (2006), é constituída por movimentos em planos
anatômico e diagonais, com o terapeuta oferecendo resistência e estabilização, com
objetivo de reduzir do tônus muscular, estabilizar o tronco, fortalecer a musculatura e
melhorar amplitude de movimento.
O achado mais incidente nos estudos analisados foi a diminuição da amplitude
de movimento do ombro homolateral à cirurgia de mastectomia. A limitação da
amplitude de movimento é causada por alterações estruturais do ombro devido ao
tratamento cirúrgico (CAMARGO, MARX, 2000). A cinesioterapia tem o objetivo de
reabilitar e reequilibrar as forças mecânicas do nosso corpo, melhorando o movimento
e a qualidade de vida (GIMARÃES, 2003). As técnicas de cinesioterapia empregadas
nos estudos de Cecconello (2013) e Rizzi (2019) e no grupo controle de Gimenez
(2013) resultaram em aumento de amplitude de movimento e força muscular, assim
como o estudo de Jerônimo et. Al. (2013) que obteve como resultado de um programa
de cinesioterapia aumento da amplitude de movimento, e ganho de força significativo.
Rizzi (2019) realizou dois estudos sobre o início de movimentação livre dos
membros superiores. No estudo onde as pacientes fizeram a reconstrução com
material aloplástico, concluiu-se que as pacientes que iniciaram a movimentação livre
já no 15º pós-operatório tiveram menos comprometimento da função e uma
recuperação mais rápida em relação aquelas que realizaram os exercícios com
amplitude limitada. O estudo onde as pacientes realizaram cirurgia conservadora com
técnica oncoplástica, as pacientes com amplitude limitada apresentaram piora da
função do membro superior em relação ao período pré-operatório.
Os resultados dos estudos de Rizzi (2019) corroboram com os resultados de
Estevão (2018) onde concluiu-se que as pacientes que iniciam os exercícios de forma
tardia estão propensas a causar malefícios quanto a mobilidade e funcionalidade do
membro homolateral a cirurgia, uma vez que a iniciação precoce dos exercícios não
causa complicações.
Nos resultados obtidos a partir do estudo de Gouveia (2008) demonstram que
mulheres submetidas a mastectomia com pós-operatório tardio apresentam
complicações relacionadas a amplitude de movimento da articulação do ombro
quando comparados com o membro contralateral, assim como déficit de força
muscular. Sendo assim é preconizado que a intervenção fisioterapêutica tenha início
no pós-operatório imediato.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fisioterapia iniciada no pós-operatório imediato previne complicações e


restaura de forma relativamente rápida a função do membro. No entanto, a fisioterapia
tardia é eficaz na recuperação das complicações já instaladas, como linfedema,
limitação de amplitude de movimento, diminuição de força muscular e alterações
posturais. Sendo assim, é ideal começar a fisioterapia no pós-operatório imediato de
mastectomia, independentemente do tipo de cirurgia para evitar as complicações,
porem podem ser recuperadas quando já instaladas através da fisioterapia com
técnicas como cinesioterapia, hidroterapia e drenagem linfática manual.

6 REFERÊNCIAS

BATISTON, Adriane Pires; SANTIAGO, Silvia Maria. Fisioterapia e


complicações físico-funcionais após tratamento cirúrgico do câncer de
mama. Fisioterapia e pesquisa, [S. l.] v. 12, n. 3, p. 30-35, 2005.
BIASOLI, Maria Cristina; MACHADO, Christiane Márcia Cassiano. Hidroterapia:
aplicabilidades clínicas. Rev Bras Med, São Paulo, v. 63, n. 5, p. 225-37, 2006.
BOFF, Ricardo Antônio. Repercussões psicossociais associadas à
terapêutica cirúrgica de mulheres com câncer de mama. 1999.
BREGAGNOL, Rafael Klegues; DIAS, Alexandre Simões. Alterações funcionais
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brasileira de cancerologia, [S. l.], v. 56, n. 1, p. 25-33, 2010.
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