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Curso Básico de Oratória; Noções Elementar de Homilética

Programa de Educação Teológica - IEPAS


Isaias Alves

Curso básico DE oratória


(noções elementar de homilética)
Programa de Educação Teológica
IEPAS
____________________________________

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Curso Básico de Oratória; Noções Elementar de Homilética
Programa de Educação Teológica - IEPAS
Isaias Alves

Introdução
O ato de falar é exclusivo do ser humano. Esta habilidade de comunicar-se com seus
semelhantes, de maneira absolutamente peculiar, depende da atividade cerebral. É no cérebro
que reside o centro nervoso que controla todas as funções vitais. Na parte mais central desse
órgão há estruturas que controlam a respiração e outras funções importantes.
Na parte mais externa encontram-se as estruturas que respondem pela fonação, memorização e
interpretação das palavras. É um milagre no qual não nos damos conta, a menos que paremos
para analisar. A fala se produz quase que automaticamente, embora nela estejam envolvidos
muitos músculos de controle voluntário. Por exemplo: enquanto falamos, o palato mole (a parte
posterior do céu da boca) se move aproximadamente 365 vezes por minuto. Isto sem falar nos
músculos do pescoço, da face, do tórax, da boca, os rápidos movimentos da língua, e até a
coluna, que participa deste processo em silencio. Entretanto, a fala com sua complexidade é
apenas um elemento de vasta rede que é a comunicação. Fazem parte, também, deste processo
os movimentos das mãos, dos olhos, as posições da cabeça e do tronco, a forma de caminhar.
Assim, por dizer-se que a comunicação é o conjunto de sons e movimentos do corpo com um
objetivo específico.
Comunicar é tornar um assunto comum, de compreensão geral e inequívoca. Comunica ação é
sinônimo de vida, quando esta comunicação é eficiente. Comunicação inteligente, vida
inteligente.
O isolamento é sinal de doença grave, alias uma terrível enfermidade que tem tomado conta das
pessoas nos últimos tempos. Os seres humanos foram criados para terem contato uns com os
outros e não para ficarem ou viverem no isolamento, em silêncio. É este silencio que cria
barreiras, desfaz amizades, anula conceitos, bloqueia a criatividade e faz com que as pessoas se
tornem desinteressantes.
Quando questionamos, conscientizamo-nos de que a comunicação só é possível por meio dos
órgãos e dos sentidos, em condições normais.
A visão e a audição têm um destaque muito especial, mas precisamos levar em consideração,
também, o tato, o olfato e a gustação. Quando todos os elementos estão afetados, ou parte deles,
há sinais evidentes de distúrbio nos canais da comunicação, porque alguém vai falar e não
haverá audição; alguém mostrará algo e não será percebido; alguém fará um toque e não será
sentido.
A comunicação humana não existe para ser estática, parada, perdida no tempo e no espaço, mas
para ser dinâmica criativa e ágil. Precisa, e deve ser criativa, crescente, envolvente e aperfeiçoada
a cada dia. É um processo dinâmico.
Um dos problemas mais graves no processo da comunicação é a existência de barreiras. Se viver
é relacionar-se, a comunicação é o elemento chave do viver em sociedade. Não é possível. Não é
possível a existência de relações individuais ou grupais satisfatórias se houver entre as pessoas
dificuldades de comunicação efetiva. É a comunicação que torna a relação entre pessoas
importante e valiosa.
Se há bloqueios, barreiras, obstáculos e agressões, a comunicação não pode ser satisfatória.
Quebrar barreiras. Quantas dificuldades as pessoas encontram para transpô-las! Para haver
progresso e desenvolvimento é preciso ser transparentes em nossos gestos e sentimentos, para
que as pessoas saibam como somos, a fim de que possam compreender exatamente o que
dizemos ou o que desejamos comunicar. Sem uma comunicação eficiente, quem estiver em
nossa linha de comunicação, sejam filhos, amigos, cônjuge, igreja etc., não ouvirão o que
dizemos e, sim, o que querem ou sabem que queremos dizer. Só quando comunicamos com
significados, sem imposições, é que constituímos a verdadeira relação.
Enganos sempre ocorreram na historia da civilização. Tem havido correções e isto justifica o
crescimento pleno das nações.
Entretanto, um erro que ainda tem persistido é a falácia de que quem se comunica é que impõe.
O erro está no fato de que a comunicação é um ato onde a mão dupla se estabelece

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naturalmente: a informação precisa de ir e vir. Sem este fiel da balança não se pode avaliar a
extensão da quantidade de informações, e isto acontece naturalmente.
Comunicação, diz a experiência, não é imposição: é aceitação mútua. Empatia, simpatia e
integração de idéias, comunhão de pensamentos, crescimento mútuo.

Definição de Termos e Fundamento Histórico


Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? Assim, também vós, se, com a língua, não
pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? Porque estareis como que falando ao ar. Mas
se eu ignorar o sentido da voz serei bárbaro para aquele a quem falo, e o que fala será bárbaro para mim.
[1ª Coríntios 14.8,9, 11]

O convívio social, que levou o homem a inventar a palavra e a frase, produziu também a
conversa ou conversação, isto é, a troca de palavras. Os gregos davam à conversa o nome de
homilia [de onde nos veio a palavra homilética] e os romanos a chamavam de sermonis [de onde
nos veio sermão].
A filosofia grega é tradicionalmente considerada a base do pensamento ocidental, tanto pelas
questões teóricas como pelas questões éticas que colocou. O pensamento racional surgiu dentro
do quadro histórico da constituição da polis grega. Na polis, os homens agiam dentro de
assembléias, fazendo uso das palavras para convencer e compreender uns aos outros. A palavra
valia pelo que expressava, pela sua força persuasiva, não estando mais pressa a uma “rede
simbólico-religiosa”. Foi nesse ambiente que encontramos vestígios do discurso, ou seja, a
alteração da intensidade da voz para se comunicar com um grupo de pessoas.

Não havia entre os gregos, que inventaram a retórica, e os romanos, que a aperfeiçoaram com o
nome de oratória, a aplicação da homilética à religião. Isso porque os antigos não sentiam a
necessidade de pregar a fé, de divulgar seus conceitos religiosos ou de fazer da religião uma
matéria de comunicação social.
Até mesmo os israelitas de tempos remotos, não possuíam a preocupação de comunicar a
verdade eterna de Deus a outros povos. Isto não quer dizer que não houvesse grandes
pregadores entre o povo de Deus. Embora no Antigo Testamento não houvesse nenhum tipo de
discurso formal e, certamente, nada estilizado, os discursos espirituais são abundantes.
Somente no pós-cativeiro se teve um olhar para o entendimento, clareza e exposição da fé no
Deus de Israel.

O cristianismo foi, na verdade, o primeiro a se preocupar com o estudo da comunicação da


Palavra de Deus além de suas fronteiras, e por esse motivo, com o passar do tempo, esse termo
adquiriu a significação de “’discurso religioso”. Nos primeiros séculos da Era Cristã, o termo
homilética era caracterizado como ciência que se ocupa com a pregação e, de modo particular,
com a prédica proferida no culto, no seio da comunidade reunida. Dessa forma a homilética
passou a fazer parte da teologia prática.
A homilética nasceu quando os pregadores cristãos começaram a estruturar suas mensagens,
seguindo as técnicas da retórica grega e da oratória romana. Enquanto a retórica e a oratória são
sinônimos utilizados para identificar o discurso profano, a homilética identifica o discurso sacro,
religioso, cristão.

Pregar é a tarefa principal da Igreja, e a pregação bíblica tem ocupado lugar de destaque na
igreja evangélica, uma vez que a Igreja foi organizada como instituição especial, tendo a pregação
com sua principal missão. Por essa razão, é impossível o cumprimento de tão elevada missão
sem o devido preparo.

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ORATÓRIA - A ARTE DE FALAR BEM


ARTE DA ORATÓRIA

Foi em SIRACUSA que nasceu a arte da oratória. Na antiguidade, Siracusa foi a maior e mais
importante cidade da Sicília. Entre as ruínas arquitetônicas, contam-se um teatro grego, um
anfiteatro romano, o altar-mor de HÍERON II e a cidadela do século IV a.C.

O primeiro manual sobre a retórica surgiu nesta cidade no século V antes de Cristo. Este
manual foi escrito pelos siracusanos CÓRAX e seu discípulo TÍSIAS. Corax escreveu a obra para
orientar os advogados que se propunham a defender causas de pessoas que desejavam reaver
seus bens e suas propriedades tomados pelos tiranos.

Existe uma anedota sobre o aprendizado de Tísias. A história conta que Tísias se recusou a
pagar as aulas ministradas pelo seu mestre Corax alegando que, se fora bem instruído pelo
mestre, estava apto a convencê-lo de não cobrar. Se este não ficasse convencido, era porque o
discípulo ainda não estava devidamente preparado, fato que o desobrigava de qualquer
pagamento. A civilização Grega tinha em alta consideração os homens que dominavam a arte da
oratória. Aristóteles discípulo de Platão escreveu as bases da oratória em seu famoso tratado
intitulado: A ARTE DA RETÓRICA, Aristóteles não fazia discursos, apenas escreveu sobre o
assunto.

DEMÓSTENES, este sim, ficou famoso tornando-se o mais eloqüente orador da Grécia. Superou
suas dificuldades naturais, pois era gago. Conta-se que Demóstenes corria contra o vento
recitando versos e colocava pedras na boca para aperfeiçoar sua dicção.

DEFININDO A HOMILÉTICA - A palavra “homilética” deriva do grego “homiletike”, que


significa “o ensino em tom familiar”. No grego clássico temos a palavra “homilos” – “multidão,
assembléia do povo” – e o verbo “homileo” que significa “conversar”. De “homileo” adaptou-se o
termo “homilia”. Foi a partir da raiz, “homiletike”, que passamos a entender a forma de pregação
dos apóstolos no primeiro século da Era Cristã.
De fato, não havia uma forma exata de pregação. As homilias começaram a desenvolver-se no
afã da Igreja em expandir-se. Os cultos tinham uma liturgia simples de modo a que não
perdessem a direção do Espírito Santo.
Assim a pregação era informal. Não havia templos, as reuniões aconteciam em casas de família.
As pregações eram domésticas, familiares, didáticas e expositivas. Normalmente os líderes da
Igreja liam o Antigo Testamento, especialmente os textos proféticos sobre Jesus, o Cristo. Por
causa das perseguições, as reuniões tinham de ser secretas, porque os cristãos eram acusados de
formarem grupos de sedição contra o Império Romano.
No final do terceiro século, depois de Constantino, os fiéis puderam sair dos subterrâneos de
Roma e dos lugares escondidos, e cultuar livremente a Deus. As homilias caseiras tornaram-se
públicas e, a partir de então, a simplicidade deu lugar à retórica dos gregos e romanos.
Com o crescimento do Cristianismo em todo o mundo, a pregação tornou-se o principal meio de
comunicação da Igreja.
-Com a necessidade do aprimoramento da comunicação do Evangelho, surgiu a HOMILÉTICA.

A PRÁTICA DA HOMILÉTICA - A homilética é, portanto, uma ciência que estabelece regras


básicas para a preparação de discursos. Ela aplica os princípios da oratória, da eloqüência e da
retórica para que haja, na preparação e comunicação do sermão, clareza de idéias, lógica nos
pensamentos, melhor inter-relação dos pontos expostos com o tema central e facilidade para
cronometrar o tempo do sermão.

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ELEMENTOS CHAVES DA HOMILÉTICA - Todo pregador deve ter em mente o significado e a


importância dos três elementos chaves da homilética já citados: oratória, eloqüência e retórica.
-Em resumo:
• Oratória – É a arte de falar bem em público [elegância, precisão, fluência e atrativa];
• Eloqüência – É a faculdade adquirida ou aptidão natural do homem para persuadir
[expressar-se com desenvoltura, coordenação, coerência e fluência];
• Retórica – É a arte do bem argumentar [observação, raciocínio, perspicácia].

IMPORTANTE: Por último, há três elementos importantes que devem ser claramente entendidos,
dentro da homilética: o dom natural da palavra que vem de Deus; o conhecimento, que é
adquirido pelo estudo concentrado e consciencioso da Bíblia; a habilidade, que é o
aproveitamento do dom e do conhecimento aplicados na pregação.
REVOLUÇÃO FRANCESA
A Revolução Francesa, que marca o advento do individualismo liberal, é um movimento
deflagrado e continuado pelo poder da palavra, quer falada, quer escrita. Danton, Mirabeau,
Vergniaud, Saint Juste e Robespierre abalaram um mundo, alicerçado na diferença de classes,
com o poder de seus verbos inflamados, falando ao povo: na Sala do Jogo da Péla, nas ruas de
Paris, no Clube dos Jacobinos, nas Tulhérias, etc.

TEMPOS MODERNOS
A oratória, nos tempos modernos, adaptou-se às necessidades da vida prática, deixando os
salões acadêmicos, os recintos dos parlamentos e dos pretórios, para se tornar um instrumento
de comunicabilidade entre os que fazem da palavra a base de suas atividades profissionais,
popularizando-se.
Ainda que existam uns poucos cultores da palavra pela palavra, os imperativos e as
necessidades da atualidade despojaram a oratória dos enfeites desnecessários e, se bem que
orientada pelos ideais de beleza e de perfeição não mais admite o egoísmo dos brilhos fáceis em
detrimento da melhor compreensão entre os homens, em benefício da harmonia social.

As invenções do telefone, do fonógrafo, com os pioneiros Alexander Graham Bell e Thomas Alva
Edison, deram à palavra falada um sentido universal, ainda mais acentuado com a descoberta
do rádio, do cinema falado, da televisão e, mais recentemente do computador.
Assim sendo, o aprendizado da arte e da técnica oratória, longe de se constituir em desperdício
de tempo e de energias, é um imperativo dos tempos modernos, aparando as arestas e
resolvendo os atritos oriundos dos mal-entendidos verbais.

Os grandes acontecimentos históricos e as transformações sociais decisivas tiveram sua origem


no discurso, que constitui o “motor” das ações coletivas mais memoráveis.
Assim sendo, a oratória constitui arma terrível que pode levar os homens à prática dos mais
belos feitos ou à prática das maiores infâmias, sendo, por isso, necessário fixar-lhe um limite,
consubstanciado no lema: Oratória a serviço da Verdade, da Justiça e do Bem Comum.

RETÓRICA E ORATÓRIA-Conceituação

1. Retórica – É o estudo teórico e prático das regras que desenvolvem e aperfeiçoam o talento
natural da palavra, baseando-se na observação e no raciocínio.

2. Oratória – É a arte de falar em público, de forma elegante, precisa, fluente e atrativa.

__ Evidentemente, tal conceituação tem intuito meramente pedagógico, pois o assunto é por
demais complexo, tendo sido inúmeras as definições propostas a esse respeito.

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Quanto à eloqüência: uma corrente que é um dom natural; outros preferem que seja uma arte e
uma técnica.

Uma posição intermediária é a mais compatível com a realidade, pois se existem pessoas,
naturalmente, eloqüentes, aquinhoadas por um dom natural, existem outras, a grande maioria,
que mercê de estudo, aplicação, disciplina e exercícios conseguem expressar-se em público, de
maneira satisfatória.

Resumindo: a eloqüência é, fundamentalmente, um dom natural, mas a arte de falar em público,


pode e deve ser objeto de estudo metódico e persistente.
Além da perícia no dizer, é necessário que o bom orador seja virtuoso, com sólida base moral e
dotado de integridade de caráter.

Pregar é uma Conquista


A maioria das pessoas encontra grande dificuldade para falar em publico. Algumas chegam a
sofrer por antecipação ao saberem que precisam se expor. Isso se constitui em problema
significativo quando essa pessoa depende dessa habilidade para exercer uma profissão ou
trabalhar na obra de Deus. Aqui trataremos exclusivamente dos meios para vencer o medo de
falar em publico. Para isso, discutiremos como lidar com insegurança diante de um grupo de
pessoas e daremos algumas orientações para a elaboração de um bom discurso.

O MEDO E A INSEGURANÇA DE FALAR EM PUBLICO – O medo de falar em público


corresponde a 50% de chance para o fracasso da comunicação verbal, por isso é tão importante
que ele seja controlado. Segundo estatísticas, falar em publico ocupa o topo da lista dos maiores
medos da humanidade, uma situação que impede que pessoas conquistem espaço em áreas
importantes para a sua vida. Tais estatísticas não significam que essa arte de falar bem em
público seja um obstáculo intransponível, há solução para o problema, só depende do esforço de
cada um. Para isso, não se deve acreditar nas falsas afirmações de que a oratória é um dom
natural de alguns privilegiados que já nascem preparados para a comunicação verbal. Esse
pensamento inibe a busca de aprimoramento da comunicação.

Ninguém nasce pregador. Qualquer individuo, por mais habilidade que tenha, precisa de
aperfeiçoamento.
As barreiras existem, e para uns são maiores que a de outros. Mas todas podem ser
derrubadas. A dedicação ao aprendizado da arte é que faz excelentes oradores. A humildade
precede o sucesso, e, no caso dos mensageiros de Deus, essa palavra permanece.

A insegurança em falar e publico que faz com que muitos percam a oportunidade de se tornarem
ministros na obra de Deus, é causada principalmente pela timidez e pela inibição, duas palavras
que, embora pareçam sinônimas, apresentam diferenças significativas.
A timidez caracteriza-se pela dificuldade constante de relacionamento de uma pessoa com outra,
uma condição que acarreta para essa pessoa muitos transtornos e sofrimento, pois ela duvida de
si mesma e receia ser malsucedida por acreditar em sua fraqueza ou inferioridade. Pessoas com
tais características, de modo geral, falam em baixo tom de voz; às vezes gaguejam; ficam
sozinhas com freqüência; ruborizam com facilidade; e tem dificuldade para encarar pessoas. É
aconselhável, em casos extremos, tratamento com profissional qualificado para melhorar a sua
qualidade de vida. A inibição, por sua vez, é uma reação circunstancial de insegurança, um
comportamento menos intenso que a timidez e que tende a desaparecer após um período de
ambientação.
As pessoas com tais características, em ambiente desconhecido, têm a tendência a se manterem,
num primeiro momento, afastadas do grupo, não sorriem e não conversam, porém, a partir do
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momento que se acostuma com o meio em que estão, ganham confiança e perdem a inibição.
Nestes casos, as pessoas só precisam de um pouco de tempo para se familiarizarem com o grupo
e se sentirem mais seguras.

_ O conhecimento sobre as diferenças entre o tímido e o inibido é fundamental para que as


pessoas que apresentam tais características sejam ajudadas a superarem suas dificuldades.
Esta ajuda é importante, pois já aconteceu de indivíduos rejeitarem o ministério porque
acreditavam não conseguir superar a dificuldade de falar em publico.

ORIENTAÇAO PARA O BOM DISCURSO – Na hora de discursar para uma platéia, o desespero só
faz piorar as coisas, pois leva a ocorrência de erros graves, uma vez que não há controle das
ações. Esta situação compromete a pregação e induz o pregador a cometer gafes como: tropeçar
na tribuna; dar boa noite em plena luz do dia; e, em casos mais agudos, esquecer o próprio
nome. A situação torna-se mais grave, quando esse medo tem inicio num tempo anterior ao
momento de apresentação.
É comum ao pregador experiente sentir-se um pouco inseguro diante da platéia por se preocupar
com a repercussão de seu discurso. Porém, isso não traz prejuízo a comunicação verbal, embora
seja interessante, nesses casos, que o pregador se dedique mais ao planejamento de sua fala e se
preocupe menos com o que a platéia possa dizer ou pensar; pois a preocupação exagerada pode
levar o comunicador da mensagem ao fracasso, por isso é essencial que ele siga algumas
orientações para diminuir e até eliminar suas dificuldades. São elas:

• Manter sua fé em Deus e buscar o auxilio divino na hora da transmissão da Palavra [não
deve esquecer-se de que Deus tem grande interesse de que a mensagem tenha êxito e
eficácia].
• Encarar o medo com serenidade, pois todos sentem medo.
• Controlar o nervosismo, respirando profundamente, soltando braços e pernas, e
apertando aas próprias mãos com força (sem chamar a atenção) de modo a deixar o corpo
descontraído.
• Controlar o comportamento inseguro para não deixar transparecer o nervosismo.
• Ter como maior preocupação a preparação de um bom sermão.
• Estudar a Bíblia, ler livros, revistas e jornais referentes ao tema.
• Aprender a trabalhar com a respiração para vencer o nervosismo
• Treinar bastante para ter segurança.
• Cuidar do visual, pois uma boa apresentação pessoal oferece mais segurança.
• Meditar em passagens bíblicas que encorajam (ex. Filipenses 4.13)

_ Todas essas orientações técnicas são importantes para o bom desempenho do orador, porém,
não são suficientes, pois o pregador tem uma responsabilidade enorme, pois lida diretamente
com o destino eterno das pessoas e, por isso, além de manter a disciplina e treinar sempre,
precisa primar por uma vida de oração, santificação, temor e reverencia a Deus.

TECNICAS SÃO INSTRUMENTOS AUXILIADORES – A Homilética é um meio eficaz para a


comunicação da Palavra de Deus, porque auxilia o pregador a comunicar a mensagem de modo
bem organizado e facilita o entendimento do ouvinte. Essa arte, embora seja comum no meio
eclesiástico, costuma ser rejeitada por alguns crentes, que a considera uma atividade profana.
Isto não deveria acontecer, pois, desde que bem utilizada, ela se constitui em um dinâmico meio
para a propagação do Evangelho. No entanto, salientamos que, para surtir o efeito desejado, ela
deve ser entendida como uma ferramenta que facilita a comunicação da Palavra e não como uma
arma de destruição de vocacionados; pois já ouve e há casos de irmãos com grande potencial
para pregar, e que, da maneira deles, anunciam o Evangelho, mas quando fazem um curso de
homilética e se deparam com as regras, perdem toda desenvoltura e não conseguem mais pregar

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tão bem, pois se sentem tolhidos e menos capazes. Isto ocorre, porque permitem que as técnicas
auxiliadoras transformem-se em elemento principal.
Recomendamos que as pessoas fossem elas mesmas e que não permitissem que as regras lhes
tirassem a essência, o entusiasmo e a inspiração como pregadores.
O uso da homilética existe somente para torná-las melhor, uma vez que, a partir dela, a
mensagem terá mais organização e, conseqüentemente, maior eficácia.

TECNICAS DE ORATORIA
[Discurso Público]
O primeiro passo para o desenvolvimento da oratoria é o exercicio constante da leitura de
qualquer tipo de texto. Inicialmente, deve-se dar preferencia a textos simples e de facil
compreensao; depois, com o dominio, pode-se passar para textos mais complexos. Para facilitar,
o leitor deve se familiarizar com a narrativa, através de varias leituras que o ajudará a identificar
a pontuação e a sentir a vida do texto, permitindo que se faça uma leitura teatralizada, ou seja,
emocionada. Este processo demanda tempo, dedicação, aprimoramento, persistencia e, acima de
tudo, disciplina no treinammento. Esta pratica é uma tatica que pode ser usada por qualquer
pessoa e que auxilia no aperfeiçoamento do discurso. Uma delas, para se ter exito nesta sublime
tarefa, é a leitura em voz altaa diante das pessoas. Porém, a leitura, embora pareça facil para
aqueles que já cursaram o Ensino Médio ou um Curso Superior, não é tao simples assim, pois
ler não é somente decodificar símboloss, mas é vivver a leitura e se permitir ser envolvido por
ela. Os mestres da oratoria tem o titulo de mestre porqque souberam interagir com o texto, dar
aa ele vida e, ao mesmo tempo, ser por ele vivificados.
A seguir listamos algumas açoes que auxiliam no preparo do discurso em público.

a. Corrigir possiveis deficiencias de postura e comunicação visual, pois, normalmente, as


pessoas apresentam um cacoete corporal que prejudica a comunicaçao da mensagem.
Algumas pessoas se posicinam com as pernas arqueadas, outras falam de cabeça baixa, com a
mão no bolso, não olham para o público, são desorientadas na gesticulaçao.
b. Tudo issso pode ser corrigido de forma bem simples, fazendo os necessarios exercicios de
um espelho.
c. Ler rapidaamente as frases em silencio e, em seguida, pronuncia-las em voz alta.
Neste tipo de treinamento é importante que o oraador olhe sempre para frente e que, no
momento da leitura, movimente para baixo somente os olhos. Assim, quando estiver diante doo
público, será maais simples olhar para o auditorio durante a leitura.
d. Colocar a folha ou o livro na altura superior do torax para facilitar a leitura
e. Segurar o livro ou papel, de preferencia, com uma das maos, para que a outra fique livre
para gesticular (os gestos também falam), ou coloca-los sobre uma plataforma, que pode
ser uma mesa, o pulpito ou qualquer outro movel que facilitee aa leitura, sentindo-se à
vontade para os movimentos do corpo.
f. Inpirar a cada pausa, o que é ocasionado pela pontuaçãao do texto.
Esta ação permite que o ouvinte perceba a pontuação oral; observando-se, é claro, o tempo de
duração da referida paussa, que dependerá do tipo de pontuaçãao utilizada na frase. Para a
leitura de frases mais longas, a quantidade de ar terá de ser maior. O treinamento é
importantissimo para o bom ddiscurso, pois evitará que o preletor fale de manaeira ofegante,
incomodando a plateia e tirando a sua atenção.
g. Aumentar a intensidade do tom da voz nos finais das frases para que ocorram maior
expressão e vida na leitura.
Para tanto, deve se prestar atençãao qual tipo de pontuaçãao está sendo usado, se é
interrogativa, exclamativa, finalização, sequencia ou destaque. Também é importante entender o
sentido da frase, se é de alegria ou tristeza [alguns pregadores utilizam um tom alegre em frases
que exprimem sofrimento e angustia; ou tons melancolicos para oraçoes que falam de alegria.
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h. Alternar o tom da voz, para que a leitura não se torne monotona, desestimulando o
ouvinte, pois determinados tipos de tom possuem efeito negativo na mente das pessoas,
causando irritabilidade.

_ Para que se tenha o efeito desejado, aconselho que o leitor pratique muito esse exercicio,
sempre mudando de texto assim que tiver dominado a leitura atual; também é importante saber
articular o texto, com uma estetica agradavel e que assegure a captação dos ouvintes.
Todo esse treinamento se faz necessario pra que haja mais desenvoltura no momento da
expreessão verbal, o que evita alguns constrangimentos como tremedeira, suor, garganta seca e
até mesmo ddor de barriga.

CUIDADOS COM A APRESENTAÇÃO


EM PÚBLICO
Para conquistar seus objetivos de alcançar os corações, é necessário que o orador, além das
técnicas, ao se apresentar para discursar para as pessoas, tenha os seguintes cuidados:

Controle da voz: a falta de cuidado com a modulação da voz pode fazer com que toda a
comunicação seja prejudicada. Por isso, é importante que o pregador não grite, mas também não
fale em tom muito baixo. É preciso entender que falar de maneira firme e convincente não
significa falar em alto tom de voz.
Controle do ritmo: o pregador deve controlar o ritmo de sua fala para não pronunciar as
palavras muito rapidamente e, desse modo, confundir os ouvintes, e nem lentamente, a ponto de
cansar e irritar as pessoas.
Controle emocional: o mensageiro não deve expressar-se de maneira intimidadora nem
permitir ser tomado pela emoção exagerada. Pode dar ênfase em uma ou outra frase e até em
palavras isoladas, escolhendo o momento oportuno para isso. Já houve casos de pregadores,
com a intenção de intimidar seus ouvintes, falar asperamente, bater a mão fortemente na mesa e
passar por uma situação constrangedora de ver o móvel quebrar. Essa falta de controle, como é
fácil prever, não trouxe nenhum resultado positivo.
Controle das ações: o pregador deve achar o ponto de equilíbrio de suas ações em cima do
púlpito, isto é, não deve parecer uma estatua diante da platéia e nem se movimentar
freneticamente diante dela. Os gestos devem ser comedidos, e a postura corporal cuidada,
porque um público atento sempre percebe o que está sendo dito não apenas com palavras
proferidas, mas com expressões faciais e movimentos corporais.
Segurança do discurso: o orador, para transmitir a mensagem com eficácia, deve especificar
seus objetivos e elaborar estratégias adequadas para atingi-los. Tais atitudes permitem clareza
sobre o que vai ser dito e domínio do assunto a ser transmitido.

Pontuação Oral
Um texto sem pontuação é o mesmo que um corpo sem espírito; não há vida. É ela quem vai
ajudar a dar o verdadeiro significado e o necessário sentido ao que se quer expressar, além de
determinar o ritmo e a extensão das frases na oração. Para entender melhor, basta imaginarmos
uma frase interrogativa sem o ponto de interrogação (?); ou exclamativa, sem o ponto de
exclamação (!), ou sem o ponto (.), ou sem a virgula (,); com certeza serão textos sem nexo e de
difícil compreensão. Daí a necessidade do conhecimento e da utilização adequada dos sinais
para a exatidão da expressão do pensamento daquele que fala ou escreve.
Apresentamos os principais pontos da grafia, enfatizando aqueles que são relevantes para o
desenvolvimento da expressão verbal. Salientamos que o intuito, mais do que a definição,
concentra-se na utilização deste na expressão verbal, ou seja, como s frases devem ser
pronunciadas e, principalmente, o correto uso da voz.

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Representa pausa longa que marca o fim de uma oração declarativa. Nele o som da voz
Ponto (.) deve terminar e tom mais grave no final da frase, e o ritmo sofrerá uma ligeira
desaceleração.
Vírgula (,) Marca uma pausa de pequena duração, sem marcar o final do enunciado. O som deve
ser mais agudo no final da frase, isto é, as palavras devem ser pronunciadas com
intensidade, principalmente na última silaba, e o ritmo deverá ser mantido.
Ponto e vírgula Marca uma pausa mais longa que a vírgula e menor que o ponto. É uma pausa com
(;) duração intermediária, razão da dificuldade de sistematizar seu emprego. O som deve
ser também intermediário, ficando entre o grave do ponto e o agudo da vírgula no final
da frase.
Dois pontos (:) Servem para dar inicio a uma fala ou seqüência que explica, esclarece, identifica,
desenvolve e discrimina uma idéia anterior. Marcam uma ligeira pausa, e a ultima
palavra deve ser pronunciada com intensidade.
Exclamação (!) Exprime a ação de surpresa e espanto diante de uma situação ou expressa um
sentimento mais forte em relação a alguma coisa. O som deve ser mais agudo nas
últimas palavras, a pausa deve ser breve. Deve causar certa expectação no ouvinte.

Interrogação (?) Exprime uma ação de duvida, questionamento e até surpresa. O som e a pausa são
semelhantes ao da exclamação.
Travessão (-) Indica mudança de interlocutor nos diálogos e também serve para destacar frases e
palavras na oração; neste caso, empregam-se dois travessões. Não há pausa, mais o
ritmo da leitura deve diminuir no travessão duplo que destaca as frases
Parênteses ( ) São utilizados para separar, num texto, indicações, explicações ou comentários.
Semelhante ao travessão duplo; porém, no seu interior, as pausa e ênfases devem ser
mantidas normalmente.

É importante observar o tom adequado para a ocasião e não abusar dos tons graves ou agudos
na leitura convencional. Para o desenvolvimento do discurso, a leitura deve ser realizada em voz
alta, o que exige exercícios constantes de ritmo, inflexões de voz e articulação correta.
Sugere-se que os exercícios sejam realizados diante de um espelho; ou se preferir, diante de
alguma pessoa, que poderá ser o cônjuge, um amigo ou alguém que possa apontar eventuais
defeitos de postura, voz, ritmo etc.
Para o pregador, aconselha-se a pratica com passagens bíblicas em que apareça o maior número
de sinais gráficos. Indicamos alguns textos bíblicos para treinamento: Romanos 8.31-39; 11.33-
36 e Salmos 23; 24; 46.

Homilética e Eloqüência
O Senhor Jeová me deu uma língua erudita, para que eu saiba dizer a seu tempo uma boa palavra ao que está
cansado. Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem.
[Isaías 50.4]
Todo discurso precisa, para produzir bons resultados, ser bem apresentado, levar a uma reflexão
e mover corações, porém, antes de tudo, ter um compromisso com a verdade. As técnicas são
importantes, mas devem ter um papel secundário e relação à verdade. Aqui estudaremos sobre a
eloqüência, arte de convencer por palavras, uma ferramenta eficaz para a comunicação do
Evangelho de Jesus, e a importância do magnetismo para o êxito da comunicação da mensagem.
Por ultimo, faremos um contraste entre convencer e persuadir.

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O VERDADEIRO SENTIDO DE ELOQUENCIA


..., Apolo, natural de Alexandria, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras
Atos 18.24
__________________
A palavra eloqüência, do latim “’elloquenntia”’, no âmbito da oratoria, significa ato ou efeito de
falar, de modo a dominar, por meio de palavras, o animo de quem ouve. Assim, um orador
eloqüente é aquele que deixa visível o seu entusiasmo e sua fascinação por aquilo que transmite,
conseguindo convencer porque demonstra para os outros que está convencido daquilo que crê.
Com isso, atinge a camada mais profunda de um ser, seu espírito. Com o tempo, esse sentido
original foi perdido e o termo passou a significar, pejorativamente, pessoa alegre, bem disposta e
firme em suas convicções. Pejorativamente, porque o termo era percebido como sinônimo de
pessoa sem escrúpulos, cujo único objetivo era o de domínio [vide sofistas].
Apesar do mau uso desse instrumento da oratória, isso não significa que ele não possa ser
utilizado de modo benéfico para a sociedade, pois todo discurso tem por objetivo convencer as
pessoas a se moverem na direção indicada pelo líder. O objetivo do mensageiro de Deus não é
diferente disso, uma vez que deseja, por meio de palavras inspiradas pelo Espírito Santo, que as
pessoas se convençam, sejam transformadas e aceitem a Cristo como Salvador.

A eloqüência é uma arte que trata da disposição e da elegância das palavras no discurso, a fim
de desenvolver uma simpatia entre o orador e o ouvinte e, assim, permitir o esclarecimento, a
orientação e a transformação do individuo. Por isso é importante que o orador desenvolva um
magnetismo pessoal, ou seja, consiga prender a atenção das pessoas exclusivamente nele. Isso
pode ser feito através de uma boa teatralização na tribuna, isto é, por meio de adequadas
posturas correspondentes à posição corporal e expressão facial, e ao tom de voz.
Os estilos podem variar. Alguns podem naturalmente falar mais baixo que outros ou gesticular
mais. O que não deve acontecer é a falta de controle de suas ações no momento de comunicar a
mensagem.

As palavras são sementes que, bem semeadas, retornam a quem plantou trazendo farta e alegre
colheita. Elas têm poder, têm força.
Salomão escreveu sobre a palavra dizendo: “As palavras suaves são favo de mel, doces para a
alma, e saúde para os ossos” [Provérbios 16.24]. Ela edifica, renova os ânimos, traz alivio e
consolo. Muitas vezes estamos abatidos e desanimados, mas uma palavra certa que lemos ou
ouvimos pode mudar nosso humor completamente.
Com extraordinário poder de sustentar, elevar a auto-estima e o amor próprio de uma pessoa
pode não só atingir como revelar o que há de mais profundo na alma de alguém. O apostolo
Paulo advertiu a igreja em Corinto, de que quando se expos a verdade de Deus com clareza, os
segredos do coração humano são revelados levando-os a renderem-se a Deus [1ª Coríntios
14.25].
A alma pode ser tocada e curada através da palavra. Ela é instrumento e, como tal, tanto pode
ser usada para o bem quanto para o mal. Ela tem poder de destruir, arruinar, deprimir, de
causar toda sorte de dor à alma de alguém, podendo deixar marcas profundas [Provérbios 15.1;
18.19].
Jesus nos chama a atenção para termos cuidado com cada palavra que sair de nossa boca,
porque Ele sabe a força que ela tem [Mateus 12.36,37]. Davi exorta a guardar a língua do mal e
do engano [Salmos 34.13]. Salomão diz que uma língua justa (ou do justo) é como prata
escolhida, e os lábios justos apascentam, enquanto que os sem entendimento morrem (ou mata)
– [Provérbios 10.20]. E, diz mais: há alguns cujas palavras são como pontas de espada (fere),
mas que a língua dos sábios é saúde (ou remédio) – [Provérbios 12.18]; uma língua saudável é
uma arvore de vida... [15.4]; e que morte e vida estão no poder da língua, e se vivera de sua
produção [18.21]. No Novo Testamento temos os apóstolos Pedro e Tiago exortando quanto ao
cuidado da língua [Tiago 1.26, 3.5; 1ª Pedro 3.10].

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O sermão visa o convencimento dos ouvintes, por isso está diretamente ligado a fala, as
palavras, a eloqüência.
Como é pela voz que se faz compreender, é preciso que ela seja clara e delicada. As palavras
esclarecem, orientam e movem as pessoas.

_ Registramos aqui um conselho de quem foi considerado o maior orador romano: “É preciso
evitar duas distorções: uma, dar por conhecidas as coisas desconhecidas, fazendo afirmativa
arriscada; quem quiser evitar tal defeito – e os todos devemos querer – dará a analise de cada
coisa o tempo e cuidado necessários. Outro defeito incide em colocar muito ardor e muito estudo
nas coisas obscuras, difíceis e desnecessárias. Esses dois defeitos, se evitados, só merecem
elogios pela aplicação e trabalho que dedicamos as coisas honestas e, ao mesmo tempo, uteis”
[CÍCERO, Marco Túlio. Dos deveres. São Paulo: Martin Claret, p.36].

O orador que consegue mover as pessoas, persuadindo-as a acatarem suas palavras, é


eloqüente, pois a eloqüência é a capacidade de persuadir pela palavra. Existe várias maneiras de
fazer alguém acatar uma ordem:
• Pela força moral (princípios e doutrina) – regras fundamentais;
• Pela força social (costumes, normas e leis) – o direito;
• Pela força física (braços e armas) – a guerra;
• Pela força pessoal (exemplo) – influência psicológica;
• Pela força verbal (falada ou escrita) – retórica;
• Pela força divina (atuação do Espírito Santo) – ele “convence...”

A homilética e a eloqüência fazem um par perfeito, pois para que um pregador seja eloqüente é
preciso que ele saiba se comunicar. “A eloqüência é o aferidor, a pedra de toque da Retórica. Sem
eloqüência não há Retórica, Oratória ou Homilética”.

FATORES IMPORTANTES PARA A ELOQUENCIA

A capacidade de eloqüência, parte do processo de comunicação, exige uma combinação de


diversos fatores. São eles: o preparo, o domínio do assunto, a convicção, o estilo, o conhecimento
das técnicas e a inspiração divina.

O preparo: o preparo do sermão requer além de tempo, dedicação e paciência conhecimento do


público a quem será destinado o sermão; domínio das técnicas; estudo da Palavra, observando
as regras de pontuação gráfica, para que sejam evitados erros de interpretação que se
transformam em heresias; e finalmente a comunhão com Deus, que garante a transmissão de
Sua vontade.
Domínio do assunto: uma comunicação substanciosa não acontece sem que o orador tenha
domínio do assunto a ser discutido.
Convicção: o mensageiro deve anunciar a mensagem com convicção, ou seja, com certeza de
que está falando a verdade absoluta.
Estilo próprio: atualmente, é muito comum, na área da pregação, a falta de estilo próprio.
Temos muitos cover [é termo que caracteriza a versão que uma pessoa faz de um artista].
Conhecimento das técnicas: o conhecimento e o domínio das técnicas de oratória são de
grande auxilio para a comunicação da Palavra, permitindo a exposição em ordem lógica,
facilitando a compreensão e evitando prejuízos a eficácia da pregação.
Inspiração Divina: o fator principal na vida do preletor é a unção de Deus, a qual é adquirida
através de uma vida de comunhão com Deus.

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CONVENCER & PERSUADIR

O mensageiro da Palavra de Deus que busca a unção Divina para sua vida e para o seu
ministério é comparado a um homem em chamas espirituais, ou seja, um homem que está
envolvido de tal maneira com a obra de evangelização, que sente grande fervor no seu espírito e
deseja de todas as formas levar a mensagem de salvação.
Todavia, deve-se observar que se o pregoeiro deixar de lado a dependência do Espírito e apegar-
se somente as técnicas, não irá conseguir convencer as pessoas com respeito a Cristo. Poderá
até persuadir, mas não convencer, pois a Bíblia declara que o Espírito é quem convence o
pecador da necessidade de Jesus.

Para entender melhor, esclareçamos o significado das palavras convencer e persuadir. A


princípio elas parecem ser sinônimas, mas não são na sua integralidade.
• Persuadir, do latim “persuadere”, significa aconselhar, fazer acreditar, levar a uma
opinião.
• Convencer, que contem o verbo vencer, dá à palavra a idéia de combate, luta, disputa.

O convencido foi, antes de tudo, vencido pela argumentação, pela demonstração da verdade do
nosso ponto de vista. Na persuasão, a tendência é levar o outro a tomar uma decisão sem
reflexão, que, às vezes, não trará benefícios nenhum para ele. O poder de persuasão leva um
individuo a fazer o que o outro quer e o que pode ser bom unicamente para o mandante. Já
convencer faz com que alguém seja conduzido a tomar uma decisão consciente. Nesta condição,
não há o interesse de levar vantagem sobre o outro, fazendo com que a palavra convencer tenha
o sentido de uma ação que trabalha com a verdade; e a persuasão, uma ação que, para atingir
seus objetivos, vale-se de omissões da verdade, de meias verdades ou de completas mentiras.

A Bíblia revela que o Espírito Santo é o agente da conversão, da necessidade que o homem tem
de Deus e de sua completa condição de pecador, perdido.
É importante que o mensageiro não use de artifícios para enganar o ouvinte de maneira a leva-o
a Cristo sem raciocinar sobre o que está fazendo. Muitos no afã do crescimento quantitativo da
igreja têm apresentado um Evangelho condescendente com o pecador, ou seja, que não precisa
mudar o modo de vida, basta somente aceitar Jesus para não ter mais problemas. Tais atitudes
devem ser reprovadas, por não refletirem a verdade do Evangelho.

O INTELECTO
A palavra intelecto vem do latim “intellectus”, que significa a ação de compreender,
conhecimento; “intelligo”, “intellis”, “intelexis”, “intellectum”, e “intelligere”, dão a idéia de
discernir, distinguir, entender, compreender. Do termo intelecto surge a palavra “inteligência”.
Em Psicologia, inteligência é o conjunto de aptidões em função das quais os indivíduos
aprendem mais rapidamente novas informações e se revelam mais eficientes no manejo e
aproveitamento adequado de conhecimentos já armazenados através de aprendizados anteriores.
O cultivo da mente exige tempo. O pregador deve administrá-lo de tal forma, que o peso do
conhecimento e o da vida espiritual se equilibre. A falta de novos conhecimentos torna os
sermões monótonos. Pregadores repetitivos não despertam o interesse do povo.
Forme o pregador sua biblioteca, para ter facilitados o estudo e a consulta. E quanto mais o
pregador aplicar-se ao estudo, mais se abrirá a fonte de inspiração.
Administrar o tempo implica cuidado, organização e força de vontade. Mas para bem aproveitá-lo
é necessário método na organização dos trabalhos. A falta de método tem prejudicado
seriamente o desempenho de muitos ministros da Palavra.

IMPORTANTE: Crie o hábito de anotar idéias, conceitos e experiências que poderão vir a
enriquecer os sermões. Os conhecimentos gerais darão ao pregador oportunidade de apresentar
pensamentos ricos, e interpretação equilibrada e atrativa aos sermões.
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ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

Falar é uma faculdade comum a quase todas as pessoas, mas o simples ato de falar não lhes
faculta uma comunicação verbal eficiente. Todo ato de comunicação constitui um processo que
tem por objetivo a transmissão de uma mensagem e, como todo processo, apresenta alguns
elementos fundamentais. Deve haver um objeto de comunicação (mensagem) com um conteúdo
(referente), transmitido ao receptor por um emissor, por meio de um canal, com seu próprio
código.
No processo de comunicação temos, esquematicamente:

Referente

Canal
De
Comunicação
Emissor Receptor

Mensagem

Código

Emissor ou destinador é aquele que transmite a mensagem (o pregador)


Receptor ou destinatário é aquele que recebe a mensagem (o ouvinte da Palavra de Deus)
Mensagem é tudo aquilo que o emissor transmite ao receptor; é o objeto da comunicação
Canal ou contato é o meio físico, o veiculo do qual a mensagem é levada do emissor ao
receptor.
Em geral, as mensagens circulam através de dois principais meios:

• Meios sonoros: ondas sonoras, voz, ouvido


• Meios visuais: excitação luminosa, percepção da retina
Se for transmitida através de um meio sonoro, utilizam sons, palavras, musicas. Se a
transmissão for feita por meios visuais, empregam-se as imagens ou símbolos.

Código é um conjunto de signos e suas regras de comunicação. O signo é composto de um


significante [imagem] e um significado [conceito], sendo estudado pela Semiologia. Cada tipo de
comunicação possui códigos próprios, específicos a cada situação comunicativa.
Referente é o assunto da comunicação, o conteúdo da mensagem.

Qualquer falha no sistema de comunicação impedirá a perfeita captação da mensagem. Ao


obstáculo que fecha o circuito de comunicação costuma-se denominá-lo de ruído. Este poderá
ser provocado pelo emissor, pelo receptor e pelo canal.

Exemplificando: um missionário que tem uma língua materna especifica é convidado a ministrar
a Palavra de Deus em outro país. Ocorrendo que alguns de seus ouvintes dominam
perfeitamente o seu idioma outros dominam relativamente e o restante não conhece esse idioma.
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Os que dominam plenamente [o código] compreenderão as palavras do conferencista; portanto, a


comunicação será plena. Para aqueles que conhecem relativamente o código, a comunicação
será parcial. Os que não conhecem a língua, obviamente, não participarão do processo de
comunicação. O mesmo ocorre na igreja com respeito ao tipo de português que falamos, por
exemplo. Se o português for muito complexo [como na língua jurídica], a comunicação não se
realizará, pois haverá ruído em relação ao referente, ao conteúdo ou assunto da comunicação.

NÍVEIS DE LINGUAGEM
O ser humano é dotado de vários sentidos (visão, audição, paladar, tato e olfato) que lhe permite
receber informações. Esses sentidos são os canais de entrada das informações que serão
processadas no cérebro. Daí os estudiosos do assunto dizer que o “corpo fala”, pois por meio
desses sentidos podemos expressar vários sentimentos.
Os ouvintes, como receptores do sermão, sentem a mensagem não somente pelo que escutam,
mas também pelo que vêem. Sendo assim, existe uma sincronia harmoniosa entre o que se fala e
o que se expressa com o corpo, durante a exposição do sermão.

O pregador deve ter de antemão o conhecimento de seus ouvintes, para que sua mensagem
surta o efeito desejado. Um grande pregador é aquele que sabe ser profundo sem ser confuso,
ser simples sem parecer simplista, ser acessível sem ser superficial. A capacidade de fazer com
que as Escrituras pareçam simples ao ouvido de quem tem o raciocínio simples e profundo ao
ouvido de quem tem o raciocínio exigente. Pensar como pensam os poetas, que ele saiba pensar
com exatidão como os cientistas, que ele tenha criatividade dos tribunos das oratórias, que saiba
ser sensível como os poetas, que tenha a língua inflamada como tinham os profetas, que saiba
falar ao coração do povo nas mais diferentes necessidades como fazia Jesus.
A eficiência do ato de comunicação depende, entre outros requisitos, do uso adequado do nível
de linguagem, essencial para qualquer emissor da Palavra de Deus. Vários autores
estabeleceram a classificação dos dialetos levando em conta os fatores socioculturais; dentre os
quais destaco Dino Preti [PRETI, Dino. Sociolingüística: os meios de fala: um estudo sociolingüístico na literatura
brasileira. 4.ed. São Paulo: Nacional, 1982, p.32], que apresenta o seguinte esquema:

Padrão lingüístico
Maior prestígio
Culto Falantes cultos
Sintaxe mais completa
Vocabulário mais amplo e técnico
Maior ligação co a gramática e com a língua dos escritores etc.

Dialetos sociais Comum

Sub padrão lingüístico


Menor prestígio
Falante do povo menos culto
Linguagem escrita popular
Popular Simplificação sintática
Vocabulário mais restrito
Gíria, linguagem obscena
Fora dos padrões da gramática

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_ Devemos ter em mente que o bom pregador não é o que fala bonito, com termos floreados,
cheio de adjetivos, mas que consegue fazer com que seus ouvintes entendam que os princípios
eternos das Escrituras sejam exeqüíveis nos dias de hoje, pertinente aos ouvintes.

Adentrando ao Campo Disciplinar


A NATUREZA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O que é conhecer? É uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto
conhecido. No processo de conhecimento o sujeito cognoscente se apropria, de certo modo, do
objeto conhecido.

CONHECIMENTO – Conhecimento é uma palavra maravilhosa. O conhecimento é libertador;


gera crescimento e transformação; muda a visão de mundo das pessoas; amplia horizontes;
promove a melhoria das competências humanas; traz progresso e livra da estagnação; é
dinâmico. Os de espírito humilde o veem como sinal de que quanto mais se aprende mais se
percebe que nada se conhece. Os soberbos fazem dele arma de dominação; de poder. Paulo,
cidadão romano instruído sob influência da cultura grega, disse: “Aquele que pensa saber alguma coisa,
ainda não sabe como convém saber”.
O livro de Provérbios é um dos livros que mais falam sobre a importância do conhecimento.
VEJAMOS:
1. “O coração que tem discernimento adquire conhecimento...” (Provérbios 18.15). É bom fazer distinção
entre Informação e Conhecimento. Antes da revolução gerada pela internet a informação
precisava ser buscada, procurada. Hoje, ela é despejada sobre nós. O que fazemos é tão
somente selecioná-la.

A informação é um componente do conhecimento, porém não é suficiente no que diz respeito ao


desenvolvimento pessoal. Acumular informação qualquer um pode, até os computadores fazem
isto. Conhecimento é algo que exige o exercício do raciocínio; a capacidade de fazer conexões
lógicas, que envolve interpretação dos fatos e presença das emoções. Só o ser pensante é capaz
de ações tão complexas.
O texto apresentado usa a palavra discernimento como designação necessária a quem reconhece
a importância de adquirir conhecimento. Critério, juízo e escolha são sinônimos oferecidos pelo
dicionário para esta palavra. Se considerarmos juízo e escolha, podemos inferir que a busca por
adquirir conhecimento é uma questão de bom senso e uma atitude proativa do individuo.
2. “Todo homem prudente age com base no conhecimento...” (Provérbios 13.16). De fato que o conhecimento
oferece uma base tanto para compreensão das coisas, como para a realização de tarefas e
tomadas de decisão. Tem-se no texto um adjetivo que qualifica aquele que age com base no
conhecimento: Prudente. Avisado e cauteloso são dois sinônimos oferecidos pelo dicionário para
esta palavra.
__ Nós, seres humanos, somos intuitivos. Contudo, não se podem tomar algumas decisões com
base unicamente na intuição. Não estou com isto dizendo que a intuição deva ser totalmente
desprezada; ela apenas não deve ser a base, mas um elemento agregador de dados para a base.
Somente o conhecimento é capaz de oferecer uma base segura para isso. Prudência é uma
palavra que sugere sabedoria. O conhecimento quando uma experiência gera sabedoria e esta,
com toda a certeza, promove o desenvolvimento.
3. “... quem tem conhecimento aumenta a sua força” (Provérbios 24.5). Outra maneira de escrever este
texto seria: Quem tem conhecimento derruba fortalezas. O conhecimento derruba uma das
fortalezas mais comprometedoras de nossa existência, a ignorância. Não conhecer a realidade
sobre determinadas coisas pode aprisionar a pessoa e leva-la a ser manipulada. Portanto, quem
tem conhecimento tem força para livrar-se de uma submissão néscia. A força do saber sobrepuja
a força física.

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__ Os inteligentes, os que são capazes de estabelecer estratégias, aqueles que possuem visão
sistêmica desenvolvida, os que reconhecem as diversas alternativas para solucionar um
problema, aqueles que são capazes de fazer conexões entre os fatos, estes são mais poderosos. O
conhecimento gera força, amplia a capacidade de raciocínio e, quando bem aplicado, promove o
equilíbrio entre ação e reação.

O CONHECIMENTO E SEUS NÍVEIS


CONHECENDO OS NÍVEIS - Ao tratar, por exemplo, do homem, pode-se considerá-lo em seu
aspecto externo e aparente e dizer uma série de coisas que o bom senso dita ou que a
experiência cotidiana ensinou; pode-se, também, estudá-lo com espírito mais sério, investigando
experimentalmente as relações existentes entre certos órgãos e suas funções; pode-se, ainda,
questioná-lo quanto a sua origem, sua liberdade e destino; e, finalmente, pode-se investigar o
que dele foi dito por Deus através dos profetas e de seu enviado, Jesus Cristo.

Têm-se, assim, quatro (4) espécies de considerações sobre a mesma realidade, o homem, e
conseqüentemente o pesquisador está se movendo dentro de quatro (4) níveis diferentes de
conhecimento. O mesmo pode ser feito com outros objetos de investigação.
Tem-se, então, conforme o caso:
1. O conhecimento Empírico;
2. O conhecimento Científico;
3. O conhecimento Filosófico, e finalmente;
4. O conhecimento Teológico.

1. O Conhecimento Empírico - Conhecimento empírico, também chamado vulgar, é o


conhecimento do povo, obtido ao acaso, após inúmeras tentativas. É ametódico e assistemático.
O homem comum, sem formação, tem conhecimento do mundo material exterior, onde se acha
inserido, e de certo número de homens, seus semelhantes, com os quais convive. Vê-os no
momento presente, lembra-se deles, prevê o que poderão fazer e ser no futuro. Têm consciência
de si mesmos, de suas ideias, tendências e sentimentos. Cada qual se aproveita da experiência
alheia. Pela linguagem os conhecimentos se transmitem de uma pessoa à outra, de uma geração
à outra.
Pelo conhecimento empírico, o homem simples conhece o fato e sua ordem aparente, tem
explicações concernentes às razões de ser das coisas e dos homens e tudo isso obtido pelas
experiências feitas ao acaso, sem método, e por investigações pessoais feitas ao sabor das
circunstâncias da vida; ou então haurido no saber dos outros e nas tradições da coletividade;
ou, ainda, tirado da doutrina de uma religião positiva.

2. O Conhecimento Científico - O conhecimento científico vai além do empírico: por meio dele,
além do fenômeno, conhecem-se suas causas e leis que o regem. É metódico.
“Conhecer verdadeiramente, é conhecer pelas causas”, diz Bacon [filósofo]. Assim, saber que um
corpo abandonado a si cai que a água sobe num tubo em que se fez vácuo, etc., não constitui
conhecimento científico; só o será se explicar estes fenômenos, relacionando-os com a sua causa
e com a sua lei.
“Conhecemos uma coisa de maneira absoluta”, diz Aristóteles, “quando sabemos qual é a causa
que a produz e o motivo porque não pode ser do outro modo; isto é saber por demonstração; por
isso a ciência reduz-se à demonstração”.
Daí as características do conhecimento científico:
• É certo, porque sabe explicar os motivos de sua certeza, o que não ocorre com o
empírico;
• É geral, isto é, conhece no real o que há de mais universal, válido para todos os casos
da mesma espécie. A ciência, partindo do indivíduo procura o que nele há de comum
com os demais da mesma espécie;

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• É metódico e sistemático. O sábio não ignora que os seres e os fatos estão ligados entre
si por certas relações. O seu objetivo é encontrar e reproduzir este encadeamento.
Alcança-o por meio do conhecimento das leis e princípios. Por isso, toda a ciência
constitui um sistema.
Além disso, são ainda propriedade da ciência a objetividade, desinteresse e o espírito crítico. Pode-se dizer que a ciência
é um sistema de proposições rigorosamente demonstradas, constantes, gerais, ligadas entre si pelas relações de
subordinação relativas a seres, fatos e fenômenos da experiência. É um conhecimento apoiado na demonstração e na
experimental com seus diversos processos, desenvolvidos mais adiante.

3. O Conhecimento Filosófico - O conhecimento filosófico distingue-se do científico pelo objeto de


investigação e pelo método. O objeto das ciências são os dados próximos, imediatos, perceptíveis
pelos sentidos ou por instrumentos, pois, sendo de ordem material e física, são por isso
suscetíveis de experimentação (método científico = experimental). O objeto da filosofia é
constituído de realidades imediatas, não perceptíveis pelos sentidos e por serem de ordem
suprassensível ultrapassam a experiência (método racional).
Na acepção clássica, a filosofia era considerada como a ciência das coisas por suas causas
supremas. Modernamente, prefere-se falar em filosofar. O filosofar é um interrogar, é um
contínuo questionar a si e a realidade. A filosofia não é algo feito, acabado. A filosofia é uma
busca constante do sentido, de justificação, de possibilidades, de interpretação a respeito de
tudo aquilo que envolve o homem e sobre o próprio homem em sua existência concreta.
Filosofar é interrogar. A inteligência parte da curiosidade. Esta é inata. Ela é constantemente
renovada, pois surge quando um fenômeno nos revela alguma coisa dum objeto e ao mesmo
tempo nos sugere o oculto, o mistério. Este impulsiona o homem a buscar o desvelamento do
mistério. Vê-se, assim, que a interrogação somente nasce do mistério, que é oculto enquanto
sugerido.
A tarefa fundamental da filosofia se resume na reflexão. A experiência fornece uma multidão de
impressões e opiniões. Adquirem-se conhecimentos científicos e técnicos nas mais variadas
áreas. Têm-se aspirações e preocupações as mais diversas. A filosofia procura refletir sobre este
saber interroga-se sobre ele, problematiza-o. Filosofar é interrogar principalmente pelos fatos e
problemas que cercam o homem concreto, inserido em seu contexto histórico. Este contexto
muda através dos tempos, o que explica o descolamento de temas de reflexão filosófica. É claro
que alguns temas perpassam a história, como o próprio homem: qual o sentido do homem e da
vida? Existe ou não existe o absoluto? Há liberdade? Entretanto, o campo de reflexão se ampliou
muito em nossos dias. Hoje, os filósofos, além das interrogações metafísicas tradicionais,
formulam novas questões: o homem será dominado pela técnica? A máquina substituirá o
homem? Também o homem será produzido em série, em tubos de ensaio? As conquistas espaciais
comprovam o poder ilimitado do homem? O progresso técnico é um benefício para a humanidade?
Quando chegará a vez do combate contra a fome e a miséria? O que é valor, hoje?
A filosofia procura compreender a realidade em seu contexto mais universal. Não dá soluções
definitivas para grande número de questões. Habilita, porém, o homem a fazer uso de suas
faculdades para ver melhor o sentido da vida concreta.

4. O Conhecimento Teológico - Duas são as atitudes que se podem tomar diante do mistério:
• A primeira é tentar penetrar nele com o esforço pessoal da inteligência. Mediante a
reflexão e o auxílio de instrumentos, procura-se obter o conhecimento que será
científico ou filosófico;
• A segunda atitude consistirá em aceitar explicações de alguém que já tenha
desvendado o mistério. Implicará sempre numa atitude de fé diante de um
conhecimento revelado.

Este conhecimento revelado ocorre quando houver algo oculto ou um mistério, alguém que o
manifesta e alguém que pretende conhecê-lo. Aquele que manifesta o oculto é o revelador.

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Poderá ser o próprio homem ou Deus. Aquele que recebe a manifestação terá fé humana, se o
revelador for algum e terá fé teológica, se Deus for o revelador.
A fé teológica sempre está ligada a uma pessoa que revela a Deus. Para que isto aconteça, é
necessário que tal pessoa que conhece a Deus e que vive o mistério divino o revele ao homem.
Afirmar, por exemplo, que tal pessoa é o Cristo, equivale a explicitar um conhecimento teológico.

NOTA – O conhecimento revelado, relativo a Deus, aceito pela fé teológica, constitui o conhecimento
teológico. É aquele conjunto de verdades a que os homens chegaram, não com o auxílio de sua
inteligência, mas mediante a aceitação dos dados da revelação divina. Vale-se, de modo especial, do
argumento de autoridade. São os conhecimentos adquiridos nos Livros Sagrados e aceitos racionalmente
pelos homens, depois de ter passado pela crítica histórica mais exigente. O conteúdo da revelação, feita a
crítica dos fatos aí narrados e comprovados pelos sinais que acompanham, reveste-se de autenticidade e
de verdade. Passam tais verdades a ser consideradas como fidedignas, e por isso são aceitas. Isso é feito
com base na lei suprema da inteligência: aceitar a verdade, vinda donde vier, contanto que seja
legitimamente adquirida.

COMPETENCIA; Conhecimento, Habilidade e Atitude.


Todo ser humano nasce dotado de características personalizadas. Não há fabricação em série. O
homem tem semelhante, porém iguais ou idênticos não existem (diz minha mãe: nem os dedos da mão). É
admirável pensar que os bilhões de habitantes do planeta são constituídos por pessoas únicas,
diferenciadas entre si, com características próprias que não poderão ser reproduzidas em outra
pessoa – a essa singularidade se dá o nome de INDIVIDUO. Em face disso temos que observar
que, 1) determinadas realizações um fará, por assim ter-se lhe concedido a graça e a outro não.
Todavia, 2) algumas habilidades podem ser desenvolvidas se a pessoa realizar as ações corretas.
O ser humano pode se revelar surpreendente. Basta citar como exemplo algumas pessoas com graves
deficiências físicas nos membros superiores, o que as impediria de exercitar a escrita, no entanto numa
demonstração de atitude (superação) desenvolvem novas habilidades e no lugar das mãos usam os pés para
escrever. Algo também extraordinário é o chamado estoque de conhecimento. Pode-se definir como sendo o
conjunto de informação experimentada que as pessoas acumulam ao longo de suas existências.
Independentemente do nível de escolaridade, do quociente de inteligência e outros aspectos ligados ao
desenvolvimento cognitivo articulado pelos processos pedagógicos, todo ser humano acumula conhecimentos.
Há situações, inclusive, em que toda a informação transmitida pelos livros, não são contempladas com a
solução exigida para o momento; apenas o estoque de conhecimento fará toda a diferença.

Observe a estória abaixo:


Certo homem douto precisava atravessar um rio cuja distancia de uma margem a outra era tão grande que não
podia se ver o outro lado. Pediu ajuda a um pescador e este prontamente preparou seu pequeno barco de
pesca a fim de fazer a travessia. Enquanto navegavam o homem dirigiu-se ao pescador e perguntou-lhe: - O
senhor conhece a Filosofia? Não, respondeu o homem. Justificou dizendo que passara toda a sua vida às
margens daquele rio ganhando seu sustento como pescador e não tinha tido a oportunidade de estudar. O
homem douto, então, disse-lhe: - Lamentavelmente o senhor perdeu metade de sua vida, pois a formação do
pensamento humano, da compreensão dos diversos eventos que acontecem em nosso mundo, recebeu a
influencia de grandes filósofos. Passados alguns minutos o homem voltou a indagar: E a História Universal, o
que o senhor sabe sobre ela? Novamente, aquele pescador em sua simplicidade respondeu que não tinha tido
oportunidade de frequentar um banco escolar, por isso não aprendera sobre este assunto. O homem douto
expressou-se, dizendo: - Mais uma vez lamento pelo senhor. Porque conhecer a História Universal é
imprescindível para que se possam entender as transformações pelas quais passamos e assim projetamos nosso
futuro. Infelizmente o senhor perdeu metade de sua vida. Mais alguns minutos e o homem voltou a inquirir o
pescador: - E sobre as Ciências Sociais, o que o senhor sabe? A resposta do pescador foi a mesma das vezes
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anteriores. O homem douto, após argumentar, terminou dizendo: Se o senhor não sabe nada sobre as
Ciências Sociais, então sinto dizer-lhe que perdeu metade de sua vida.
Durante a travessia as condições climáticas mudaram rapidamente e uma forte tempestade caiu sobre a região.
O pequeno barco do pescador, apesar de seus esforços, começou a afundar. Em meio aos fortes ventos e a
chuva intensa, o pescador gritou ao homem douto: - O senhor sabe nadar? Já em pânico antevendo o pior o
sábio respondeu: - Não, nunca aprendi a nadar. Neste momento o simples pescador afirmou: - Então sinto
dizer-lhe, mas o senhor irá perder a sua vida inteira.

Esta ilustração nos dá preciosas lições. O estoque de conhecimento das pessoas pode se tornar
decisivo em determinadas situações. Contudo desejo destacar no contexto desta parábola os três
elementos que compõem aquilo que classificamos de competência (conhecimento, habilidade e
atitude). O pescador, personagem didático da estória, era um homem competente. Dominava o
conhecimento de sua área de atuação, adquiriu por intermédio da vivencia as habilidades
praticas necessárias para exercer a profissão de pescador e sabia tomar as atitudes certas nos
momentos adversos. O sábio, “vilão” da estória (se é que o podemos chamar assim) também era um
homem competente, ainda que lhe faltasse a humildade, característica de pessoas com alto nível
de inteligência emocional, certamente era muito capaz naquilo que fazia. Porém, naquela
situação especifica, ele não possuía a competência necessária.
Esta ilustração nos ensina que ser competente em uma determinada área não nos torna
competente nas demais. As competências podem ser adquiridas, desenvolvidas e exercidas;
depende de nossa atitude em querer obtê-las.

NATUREZA DO CONHECIMENTO E DO METODO CIENTIFICO


CONHECER E PENSAR; Diferentes Modos de Conhecer.
O ser humano é dotado da capacidade de conhecer e de pensar.
Conhecer e pensar constitui não somente uma capacidade, como também uma necessidade para
o homem. Necessidade de sobrevivência e progresso. Dizia Bacon: conhecer é poder. Inclusive
hermeneuticamente se percebe essa gênese no homem desde a criação (Gn.1.28). Dentro dessa
perspectiva e aplicação é que devemos assimilar a declaração de Descarte: se penso logo existo, e
se existo é porque penso. O teólogo anglicano Jhon Sttot diz que Crer é também pensar. Isso
significa dizer que a fé é racional, intuitiva e também investigativa, e nunca mórbida ou estática.

O conhecimento supõe e exige três elementos, a saber:


o O Sujeito, ou seja, a consciência cognoscente (capaz de conhecer);
o O Objeto, ou aquilo a que o sujeito se dirige para conhecer e;
o A Imagem, que representa o ponto de coincidência entre o objeto e o sujeito.

A história humana é a história das lutas pelo conhecimento da natureza, para dominá-la, para
interpretá-la; de modo que cada geração foi recebendo um mundo interpretado pelas gerações
passadas.
A atual geração encontra diante de seus olhos um mundo já pensado, já interpretado e pronto
para ser usado e consumido: história interpretada, sociedade organizada, normas estabelecidas
de moral, leis de direito codificadas, religiões estruturadas, classificação e virtudes dos alimentos
especificadas para cada idade, regulamentos para dirigir, programas escolares, tudo pronto.
Então, não há mais nada a construir é somente aproveitar?
Se as gerações que nos precederam tivessem pensado assim, estaríamos sob o manto das
barbáries ou atados a grilhões medievais. A geração de hoje não pode resignar-se a um conhecer
o mundo de segunda mão; não pode julgar-se dispensada de pensar naquilo que já pensaram
por ela e definiram sem consultá-la.

Deve-se observar que o verdadeiro conhecimento é adquirido quando se atingem as razões, as


causas das coisas e não as coisas simplesmente. Conhece sem pensar, a modo das crianças, dos
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débeis e dos irracionais, quem se contenta em ver e aceitar tudo sem questionar, sem refletir,
sem alcançar os fundamentos, sem buscar razões, sem justificar sua posição.
Há uma declaração muito interessante, que concerne na compreensão do direito e da liberdade
que cada um tem de expressar sua opinião, sua critica diante de questões que se lhe apresente
do seguinte modo: “Não concordo com tudo o que dizes, mas morrerei defendo o direito de
dizeres!”.
Não se pode ter verdadeiro conhecimento sem a capacidade de pensar e de criticar. Os pais, os
professores, os ministros podem ensinar muitas coisas boas, e certamente o fazem. Isso não
significa, contudo, que toda matéria apresentada está correta e livre de observação, pelo simples
fato da fonte da informação.
O homem precisa pensar. É direito, prerrogativa e obrigação sua. E no momento em que o
homem procura ultrapassar o simples conhecer pelo empenho em pensar, não nasce a ciência, é
verdade; mas já vai despontando o elemento básico da atitude cientifica que é, antes de mais
nada, crítica e objetiva.

MÉTODO DA MORDOMIA NOS ESTUDOS.


Aprender a aprender
Mordomia do Tempo: Tempo para Estudar – o progresso é, em grande parte, uma luta contra
os ponteiros do relógio. O primeiro passo para quem quer estudar consiste em reorganizar a vida
de maneira a abrir espaço para o estudo e planejar o melhor aproveitamento possível de seu
tempo. Trata-se da necessidade sacrificial de mordomia do tempo, de se organizar no perímetro
curto e agitado de 24h diárias, onde não cabe complacência sentimental na busca de
justificativa para o não agendamento para o estudo _ é um RockBalboanismo (“não é sobre o
quanto você pode bater, mas do quanto aguenta apanhar e permanecer de pé”).
Deve-se viver consciente da brevidade da vida, e assim refletindo sobre a mordomia de nosso
tempo, estabelecer as prioridades.
A vida é breve, passamos rapidamente. A Bíblia diz que somos como um conto breve ou como
um sono pesado da noite. Portanto, essa afirmativa deve nos direcionar a um eixo contemplativo
mais consciente de como direcionarmos nossos dias, de modo que possamos não apenas ser
mais produtivo, se não felizes e realizados.
O homem nasce com a sede do infinito internalizada em seu ser, mas paradoxalmente tem que
se contentar com uma fatia de tempo. E deve viver consciente entre duas datas lacônicas, a data
do nascimento e a data da morte. Podemos perceber a efemeridade de nossa existência em
muitos dos textos bíblicos. O sábio classifica a nossa vida terrena como “fugaz existência”. E o
livro do Gênesis em sua composição cristaliza tal fato – inicia-se com a declaração de que Deus
criou tudo. Principio da existência de todas as coisas, inclusive da vida humana. E
paradoxalmente, conclui-se com a declaração acerca de José nos seguintes termos: e o
embalsamaram e o puseram num caixão no Egito. [1-50].

E é interessante observar que de uma [o nascimento] não temos consciência e da outra [a morte]
não temos presciência. E devemos então se contentar com o que chamamos de vida [entre essas
duas datas]. Vejamos uma simulação, que em tese demonstra a ordem de nossa existência:
• Gastamos os primeiros 10 anos de nossa vida sem saber direito de onde viemos
• Gastamos os outros 10 anos sem saber direito para onde vamos
• Gastamos os outros 10 sem saber direito onde estamos e o que se estamos fazendo da vida
• Gastamos os outros 10 sem saber como chegamos aonde chegamos e porque chegamos aonde chegamos
• Gastamos mais 10 anos nos preparando pelo que vem pela frente [que é barra pesada]
• Gastamos mais 10 anos agüentando as conseqüências de um monte de besteira que fizemos
• Gastamos mais 10 nos preparando para encerrar a conta [balanço contábil/auditoria]
• Gastamos os últimos 10 anos pensando como foi que tudo passou tão depressa

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A vida é rapidíssima, extremamente breve. O poeta Miguel Torga escrevia um diário, e abria-o
todos os dias com a seguinte frase: “cada dia deixamos um pedaço de nós próprios pelo caminho”.
O tempo é amante da morte e a morte é amante do tempo – eles vivem em concubinato – a morte
e o tempo, porque existem duas constantes em nossa vida com as quais ninguém deve brincar –
é o tempo implacável, tiquetaqueando, a cada minuto os segundos – 60 segundos por minuto –
3.600 segundos por hora – 86.400 segundos por dia. Cada minuto a mais de nossa vida é um
minuto a menos que temos. E a morte, essa senhora vestida de capuz roxo que sempre carrega
uma foice na mão, acompanha o tique taque do relógio – e a morte vai conjugando verbo a
medida que o relógio vai tiquetaqueando.
E todos têm um relógio, e em grande maioria, não combinam o tempo. Alguns se encontram
adiantados e em variações de minutos, de mesma sorte outros se encontram atrasados.
Sergio Brito escreveu uma música cantada pelos Titãs, que nos leva a uma reflexão de como
deveríamos nos comportar diante da vida, segundo ele deveria dar vazão ao amor, valorizar mais
as coisas simples, como por exemplo: o nascer do sol, aceitar a vida e as pessoas como elas são.
E termina a música com o refrão que diz: a vida é fugaz como um sonho ou um véu de fumaça
que de repente passa e a gente não vê.
Em face dessas conclusões, como poderemos viver mais e melhor nessa fatia de tempo?
Há uma ideia nordestina de exemplo de loucura, que é rasgar dinheiro. Diz-se: que alguém tem
certificado de loucura se rasgar dinheiro. Todavia, destacamos aqui que a loucura seria rasgar
tempo.

“Não Tive Tempo” ou “Eu não Fiz o Tempo?”.


Não dispomos de tempo para bobagens. Devemos nos atentar para o fato de que não podemos permitir a perca de tempo com
qualidade e nem tão pouco furtar outros dele. Isso diz tanto de nosso estudo devocional, como do que lemos, ouvimos e bem
como do que falamos _ (Isaías Alves; Nossa Vã Filosofia – Minha Mente Vagante).

De fato, muitas pessoas dizem: “eu não fiz isto ou aquilo porque não tive tempo”. Todavia, nem
sempre é falta de tempo. Administrar o tempo é muito importante. Em outras palavras,
precisamos fazer tempo, administrando-o de melhor maneira possível, pois já diz o proverbista:
“o tempo e a sorte (ou oportunidade) pertencem a todos” – Eclesiastes 9.13b.
Temos diante de nós, os segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos. E o que fazer
com tudo isso? Certamente precisamos administrar o tempo da melhor maneira possível! O
apostolo Paulo usa o termo remir (resgatar) para designar o modo pelo qual devemos lidar com o
tempo. Isso significa dizer fazer bom uso desse tempo que dispomos fazer um bom investimento.
Paulo ainda diz do cuidado em observar prudentemente nosso caminhar, ou seja, em sabedoria.
O tempo é algo que todos temos em quantidade igual! Portanto, planeje mais e melhor sua vida,
sobretudo a que respeita ao preparo intelectual, uma vez que é o mais negligenciado. Deve-se
fazer uso do tempo estabelecendo alvos e prioridades para que não haja desprezo por aquilo que
é essencialmente importante.
É imprescindível com respeito a esse tema do tempo em nossa mordomia alerta para os perigos e
o devido cuidado com a ociosidade.

CUIDADO COM A OCIOSIDADE [2ª Sm. 11.1,2] – a narrativa histórica informa da ocasião em
que Davi deveria estar em batalhando, guerreando contra o inimigo, pois era uma das obrigações
de um rei. No entanto, enquanto os soldados estavam na peleja, Davi ficou em Jerusalém. E
mais, neste dia especificamente, levantou-se tarde e ficou a passear no terraço da casa
palaciana.
Como já nos informara o apostolo Paulo de que toda a narrativa escriturística tem o propósito de
nos ensinar alguma lição para a vida. Nada, absolutamente nada nas Escrituras é apenas
preenchimento literário, senão estabelecimento de propósito e pedagogia à nossa formação.
O cronista nos faz observar atentamente para um detalhe que pode ter contribuído para o
fracasso de Davi – um momento de ociosidade.

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Não podemos é claro desconsiderar que nosso corpo e mente precisa de descanso. Todavia, é
preciso ter o cuidado de que nossos sentidos não estejam nos levando a um labirinto perigoso e
escorregadio. Quem sabe Davi pensou: ora estou cansado e mereço descanso. Tenho pessoas a
quem posso confiar essa tarefa e posso aproveitar um pouco, afinal de contas quantas lutas já
travei e venci. Quem sabe até mesmo para que a ocasião servisse para vê-lo como indispensável
necessário.
Não sabemos o que motivou essa não participação de Davi na batalha. Mas, a informação de sua
situação em casa nos leva a considerar que a postura, ao menos nesse dia serviu de
desestabilidade a Davi.
Faz-se necessário, nesse momento, que tenhamos muito cuidado de como estar nossa agenda
diária. Não se pode de modo nenhum desconsiderar as fragilidades de nossa natureza e nem do
contexto a nossa volta.
É possível que por alguma razão alguns tenham a necessidade de ter o seu dia privado da rotina
habitual, que seja do trabalho ou da escola – contudo deve-se ter o cuidado de que o nosso
tempo seja aproveitado com qualidade, sobretudo no que diz respeito aos nossos pensamentos e
preparo [Filipenses 4.8]

O Valor do Tempo [uma das maiores dádivas] – O TIME


86.4000 segundos/dia __ que devem ser vividos da melhor maneira possível
Qual o valor do tempo? – tudo é agora
O ontem é história
O amanhã é um mistério
O hoje é uma dádiva – por isso é presente

Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam a vida inteira, esses são os imprescindíveis.
[Bertolt Brecht – dramaturgo alemão – 1898-1956]

MÉTODO DA MORDOMIA NOS ESTUDOS.


Estudo pela Leitura Trabalhada

Importância da Leitura: Lendo o que, quem, quando e como?


Mais que freqüentar as aulas, o estudante precisa aprender a ler e ler bem. Dizem por ai, que
quem não sabe ler não saberá resumir, não saberá tomar apontamentos e, finalmente, não
saberá estudar.
Ler e ler bem são pontos fundamentais para a ampliação e desenvolvimento das orientações
adquiridas nas matérias e aplicação geral. Em um trabalho de pesquisa, além das pesquisas de
fontes e autores, é preciso ler muito e, principalmente ler bem. Diziam os antigos [“Timeo hominem
unius libri”] – Devemos temer o homem de um livro só. É necessário abeberar-se de outras
fontes mais amplas, mais especializadas sobre cada tema ou sobre cada pormenor dos
programas.
O ler bem indica aqui, também a necessária compreensão hermenêutica do que se ler. Uma
leitura atenciosa faz toda diferença.
A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo cada vez mais os
horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a
mente e alargando a consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes sob os quais o
mesmo problema pode ser considerado. Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê
memoriza elementos de um todo que não atingiu.

_ Alguém acertadamente disse que ao terminar um curso, deveríamos não só ser capazes de
repetir muitas coisas aprendidas, como também estar habilitados a desenvolver, através de

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pesquisas, temas nunca abordados em aula. Deveríamos ser uma pequena fonte, não um
pequeno depósito de conhecimentos, ou mero encanamento por onde as coisas apenas passam.

É preciso sentir atração pelo saber, e encontrar onde buscá-lo (conhece um sábio; gaste a sola de seus sapatos
na porta da casa dele – provérbio anônimo). É necessário iniciar esse trabalho com determinação e
perseverar nele; o crescimento cultural tem crises como o crescimento físico; quem não sente
apetite não deve deixar de alimentar-se; comprometeria sua saúde. Também na leitura
trabalhada deve-se ser perseverante; só esta perseverança garantirá aquela espécie de salto de
integração de dados, que se vão acumulando e associando como frutos da leitura continuada.

Aqui, faz-se necessário pontuar que é imprescindível para a devida qualidade, tanto da leitura
quanto do tempo dedicado nela, que o estudante saiba selecionar o que vai ser leitura. Deve-se
ser estritamente rigoroso nos critérios das obras pesquisadas ou mesmo o utilizado
devocionalmente. Como já acentuamos anteriormente; não se deve perder tempo. Isso faz
lembrar uma recomendação do Dr. José Faustino (docente da Faculdade Metodista de São Paulo
e diretor da Faculdade Beth Shalom), de que devemos sempre observar se em nossa estante, não
tem livros que só servem para a lareira ocupando espaço de um bom e indispensável livro. Nossa
biblioteca deve ser enxuta, contendo apenas o essencial e de valor.

A leitura deve também observar a que propósito estar servindo. Há pessoas que lêem somente
para passar o tempo. Todavia, deve-se observar que a finalidade básica da leitura cultural é a
procura, a captação, a crítica, a retenção e a interação de conhecimentos. A isso, deve-se
observar que toda literatura possui ideologia, bem como a letra de uma música, um poema e etc.
já dizia o apostolo Paulo, filosoficamente que, nenhuma das tantas vozes que se faz ouvir no
mundo é sem significação (ou influencia). Portanto nossa leitura, para que seja boa deve ser
criteriosa quanto ao propósito, digo o nosso e o da própria obra consultada.

Outro apontamento que se faz a leitura é o cuidado com o vocabulário. Muita gente lê mal
porque não tem bom vocabulário e não tem bom vocabulário porque lê mal, o que se torna um
circulo vicioso que deve converter-se em circulo virtuoso, para todos que aspiram atingir nível de
crescimento cultural. É alarmante o número de erros hermenêuticos que se faz somente por
conta de má leitura, de mau vocabulário.
O domínio do vocabulário enriquece nossa possibilidade de compreensão e concorre para
aumento da velocidade da leitura.

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APENDICES
A ESPIRITUALIDADE - Do ponto de vista da Bíblia existem três tipos de homens: o natural (I
Co 2.14), o carnal (I Co 3.1) e o espiritual (I Co 2.15). O espiritual é aquele que tem a mente de
Cristo, isto é, pensa, fala e vive como Cristo.
-Veja:
• O seu procedimento é determinado pelo Espírito;
• A sua mente está aberta para receber as impressões de Deus mediante a sua Palavra e
por outros meios;
• O seu coração é movido pelos impulsos divinos;
• Ele mantém atitude espiritual para com Deus e para com os seus semelhantes;
• O homem espiritual pensa nas coisas celestiais.

No cultivo da espiritualidade, alguns requisitos morais e espirituais devem nortear a vida do


pregador: piedade, devoção, oração, sinceridade, humildade, otimismo, etc.

1. Piedade – Esta palavra vem do latim “pietate”, e significa “amor e respeito pelas coisas
religiosas”, “consideração”, “sentimento inspirado pelos males alheios”. Não a confundamos com
alguma atitude mecânica ou estudada. O pregador sem paixão pela salvação dos perdidos
desconhece a piedade. O pregador piedoso descobre na oração e meditação a necessidade de
ajudar os caídos, fracos, desajustados e oprimidos. A piedade não admite simulações, mas
revela-se em zelo ardente pelas coisas espirituais (I Tm 4.8; Hb 12.28; II Pe 1.3, 6).
2. Devoção – É a qualidade próxima da piedade, porque tem a ver com prática e
sentimento religiosos. Conscientize-se o homem de Deus da necessidade de uma vida separada.
Tal separação, no entanto, não significa isolamento social, mas tempo dedicado ao estudo
sistemático da Palavra e à oração.
O ministério da Palavra não pode ser considerado uma profissão. O profissionalismo torna o
ministro irreverente, seco e materialista. O médico precisa acostumar-se à dor dos que sofrem,
sem comover-se. O pregador não é assim. Não pode agir por estar acostumado a cada situação
ou por conhecer bem o seu trabalho. Ele precisa ter sensibilidade espiritual. Isto é piedade!
3. Oração – No cultivo da espiritualidade, a oração é o ponto de partida, a chave mestra.
Sem depreciar a importância das organizações e métodos para se fazer a obra de Deus, a maior
necessidade da Igreja atual é a ORAÇÃO.
O Espírito Santo não se derrama através de métodos, mas por meio de pessoas ungidas. Deus
não unge planos, mas pessoas desejosas por fazer a sua vontade.
Na ministração da Palavra, o pregador é o canal da mensagem divina. O sucesso da pregação é
dividido entre o Espírito, que o inspira, e o pregador, que fala a Palavra. O sermão não é trabalho
de uma hora. É o tempo de uma vida, porque envolve experiência e conhecimento. Preparar um
sermão exige muito mais que técnicas homiléticas. Exige tempo, oração e meditação.
Para o púlpito moderno, a oração não é mais a força poderosa como o era na vida e no ministério
de Paulo. Todo pregador que não faz da oração um poderoso fator em sua vida e ministério, é
fraco como agente no trabalho de Deus; é impotente para fazer prosperar a causa divina neste
mundo.
4. Sinceridade – A palavra “sincero” tem origem numa lenda. No tempo em que o império
romano dominava o mundo, os imperadores, ao construírem cidades, mandavam enfeitá-las com
esculturas em pedra-sabão. Os escultores, às vezes, cobriam com cera pequenas falhas em suas
obras. Mas, quando o calor do sol atingia as esculturas, derretia-se a cera e as falhas apareciam.
Os imperadores, então, pediram que as esculturas fossem feitas “sem cera”. O sermão deve
refletir a verdade contida na alma do pregador.
O apóstolo Paulo exortou a Tito: “Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra
incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se
envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós” (Tt 2.7,8).
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5. Humildade – “Humildade” vem do latim “humilitate”. Aurélio a define como “virtude


que nos dá o sentimento da nossa fraqueza”. Já a palavra “humilde” significa ser singelo,
simples, modesto, respeitoso, acatador, submisso. Jamais poderá ter o pregador uma postura
arrogante ou exibicionista. Esteja ele sempre na dependência do Espírito Santo, para vencer a
tentação da fama. O sucesso é inevitável e até necessário, mas o pregador deve administrá-lo,
sem jamais esquecer que é apenas o instrumento, o canal da mensagem de Deus.
O pregador exerce domínio sobre os ouvintes. A sensação de poder é capaz de fasciná-lo, a
buscar glórias para si. Mas, em oração humilde, deve conscientizar-se que toda glória pertence
ao Senhor.
6. Otimismo – É missão do pregador transmitir confiança através da Palavra de Deus. O
pregador otimista sabe julgar as coisas, boas e más, sob uma perspectiva positiva, e é a Bíblia a
fonte desse otimismo. O pessimista, pelo contrário, nunca vê alegrias, vitórias ou soluções. Mas
o otimista transmite esperança aos que o rodeiam.
Do ponto de vista da homilética, otimista é o pregador que tem fé na mensagem que prega,
convicção no futuro, sensibilidade para com os sofrimentos humanos, e é aberto às soluções de
Deus. O pregador sem convicção torna o auditório pessimista, com tendência à incredulidade e
irresponsabilidade espiritual. O otimista transmite ânimo aos desanimados, conforto aos tristes;
inspira confiança aos pessimistas; levanta aos abatidos; e fortalece a fé dos necessitados. Jamais
se acomode o pregador às situações de derrota e fraqueza dos ouvintes, aconselhando atitudes
conformistas. Seja a sua mensagem sadia e orientadora, para inspirar, não abater; confortar,
não entristecer.

A VOZ
O PROBLEMA DA VOZ - Indiscutivelmente, a voz é o principal veículo da comunicação verbal.
A emissão da voz resulta do conjunto de sons produzidos na laringe pela vibração das cordas
vocais sob a ação do ar vindo dos pulmões.
Para que compreendamos o mecanismo fisiológico da voz precisamos saber que “a voz é o
resultado sonoro da vibração das cordas vocais sob a ação do sopro expiratório, vibração que é
aperfeiçoada na caixa de ressonância constituída pela laringe, pela boca e fossas nasais”. Esse
mecanismo possui alguns órgãos que interferem no aparelho fonador e divide-se em três partes
principais: 1)nariz e boca; 2)garganta; 3)aparelho respiratório.

• Com o nariz e a boca estão relacionados: cavidade nasal, lábios, dentes, paladar, véu do
paladar, úvula e língua;
• Com a garganta estão relacionados: a faringe, laringe (cordas vocais e os ventrículos),
traquéia (canal de ar), esôfago e epiglote;
• Com o aparelho respiratório estão relacionados: os pulmões, o diafragma e as costelas. A
respiração envolve dois movimentos: inspiração e expiração.

Geralmente, os problemas da voz resultam de deformidades e enfermidades que envolvem o


aparelho fonador. Destacam-se como deformidades físicas do aparelho fonador: lábios leporinos,
que separam o palato duro e o lábio superior da boca; falhas dentárias, tais como a falte de
dentes ou dentes salientes por defeito da arcada dentária, prejudicando a nitidez da voz;
perfuração do palato (céu da boca) que torna a voz com som extremamente nasal; problemas das
cordas vocais, por desgaste do uso da voz.
Quanto às enfermidades prejudiciais ao aparelho fonador destacam-se as doenças de respiração:
resfriados, bronquites e asma. Os problemas de garganta envolvem as amigdalites, laringites e
outros relativos.
1. Gaguez – Geralmente, a gaguez é resultado de dificuldades de ritmo do aparelho
respiratório, fobias de articulação ou problemas de ordem psicológica. A dificuldade em articular
palavras é o principal problema do gago, mas pode ser tratada com especialistas.
2. Tartareio – Implica na pronúncia incorreta das palavras. A pessoa engole sílabas e
deixa a palavra incompleta. A causa básica desse problema é a dificuldade de acompanhar a
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velocidade com que as idéias surgem. O tartareio está diretamente ligado à gaguez. A correção
desse problema começa com o domínio do sistema nervoso.
TIPOS DE VOZ (Negativas)
Especialistas em oratória apresentam alguns tipos negativos de vozes:
1. O resmungador – É aquele cuja voz parece estar enjaulada, porque a pessoa fala com
os lábios fechados ou com os dentes cerrados, dificultando a compreensão das palavras.
2. O gritador – É o oposto do resmungador. Não sabe dar volume à voz. Todo o volume é
de garganta. Por isso, o gritador está fadado a perder a voz.
3. Voz cantarolada – É aquele tipo de voz que parece música desafinada, porque o orador
a usa como se estivesse cantando – Se observa muito isso nos púlpitos, infelizmente.
4. Voz monótona – É aquela em que o orador mantém uma só tonalidade e acaba
provocando sonolência nos ouvintes.
5. Voz rouca – Não há aquela sonoridade e harmonia que a eloqüência requer. A voz
rouca não tem suavidade na sua emissão.
6. Voz fanhosa – Também chamada rinolália porque o orador fala pelo nariz.
7. Voz pigarrenta – O pregador, toda vez que precisa falar, limpa a garganta. Pode ser
tique nervoso ou resultado de algum embaraço na garganta produzido pela aderência de
mucosidades ou por outro fator.
8. Voz dupla – Ao falar o pregador emite palavras em dois tons simultâneos: grave e
agudo. Torna-se muito difícil ouvir alguém com esse tipo de voz.
9. Voz pastosa – É aquela voz arrastada, em que as palavras tornam-se incompreensíveis
para quem ouve.

A EDUCAÇÃO DA VOZ - A voz é um instrumento delicado. Os pequenos músculos das cordas


vocais se cansam quando forçados. Sendo assim, o pregador deve cultivar o uso correto da voz,
educando-a, de modo a evitar o desgaste desnecessário das cordas vocais.
-Existem pelos menos cinco qualidades a serem cultivadas na educação da voz, Veja:

1. Sonoridade – A sonoridade trata da boa voz, agradável e bonita. É a harmonização do


timbre, da altura, da intensidade e do colorido da voz. A ressonância e a combinação de tons
formam a harmonia dos elementos da voz.
-Ressonância pode ser o aumento das vibrações aéreas efetuadas pelas cordas vocais, que se
espalham através da voz do registro de cabeça, da voz do registro de peito e da voz do registro
misto.
-Voz de cabeça é aquela que emite sons agudíssimos.
-a Voz de peito é grave, com sons volumosos e profundos, com ressonância completa na caixa
torácica.
-a Voz de registro misto é a mais natural, porque fica entre as duas anteriores. O pregador deve
cultivar a pureza de tom para se evitar a aspereza da voz.
2. Timbre – É fácil identificar uma pessoa pelo timbre, pois este é a fisionomia, a
personalidade da voz. A qualidade do timbre é percebida pelo tom. Se for nasal ou gutural
percebe-se-á a distorção do timbre. É necessário cultivar a voz dando-lhe consistência e
harmonia, e esse cultivo resultará num timbre puro, com vibrações claras das cordas vocais.
3. Intensidade e altura – Intensidade é o grau de força de expiração com que o som da
fala é proferido. É o grau de força do som que produz a altura e o volume da voz. Falta
intensidade a certos pregadores porque não sabem usar os recursos da inspiração e expiração do
ar.
A altura da voz tem a ver com a onda ou vibração sonora, por isso, o exercício de intensidade
consiste em soltar a voz, emitindo uma letra, sílaba ou palavra que leve para os pulmões a maior
quantidade possível de ar. Então, diga uma vogal ou palavra numa única expiração, e só termine-
a quando não tiver quase mais ar nos pulmões.
4. Flexibilidade – É a capacidade que permite ao pregador alcançar todos os tons vocais.
Dependendo da acústica do local pode-se usar a intensidade e a altura da voz. Existe na voz
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uma escala de sons, desde os mais baixos até os mais altos, a qual pode ser usada na emissão
dos pensamentos. Essa flexibilidade permite ao orador passar ao seu auditório sentido de
tristeza ou de alegria, ou mudar de um para outro sentimento; aquele tom grave ou doce, severo
ou indulgente, de modo equilibrado. O uso da voz é também uma arte que pode e deve ser
aprimorada pelos pregadores.
5. Variedade – Uma voz boa e educada pode variar o modo de falar de acordo com o
ambiente, o local e a hora. Os especialistas apresentam, pelo menos, quatro tipos de vozes,
assim classificadas: ouro, prata, bronze e veludo.
• Voz de Ouro é aquela dos grandes oradores, capaz de contagiar um auditório e levar seus
ouvintes a grandes comoções e decisões;
• A Voz de prata, segundo os especialistas, é apropriada a temas poéticos, por causa do
som claro e agradável. Entretanto, é o tipo de voz comum;
• A Voz de bronze é volumosa e forte, normalmente utilizada em solenidades, pois tem um
tom declamatório. É ideal para discursos menores em ambientes mais fechados;
• A Voz de veludo é a que se reveste dos outros três tipos de vozes. Num discurso ou
pregação, deve ser ao mesmo tempo macia e forte, para que os pensamentos emitidos
sejam ouvidos com prazer pelos ouvintes.

COMO MELHORAR A VOZ - Para que os órgãos da fonação possam executar seus movimentos
com eficiência e rendimento é necessário considerar alguns aspectos, como respiração, dicção e
impostação da voz.
1. Respiração – Não obterá boa linguagem na fala o pregador que não souber usar a
respiração. A respiração renova o oxigênio do sangue e elimina gás carbônico, permitindo a nossa
sobrevivência. Além disso, armazena o fôlego para a correta produção da linguagem. O fôlego é
resultado da potência, força e intensidade que os pulmões proporcionam, os quais funcionam de
maneira semelhante à do fole. Por tanto, respire bem.
2. Nasalação – Talvez seja o problema mais comum aos pregadores. A fala nasalada exige
exercícios especiais de respiração nasal. O hábito de se respirar pela boca quando se está falando
é que provoca o mau funcionamento das câmaras nasais e paranasais, este a causa da
nasalação. A garganta seca e, como conseqüência, a respiração é prejudicada, e o fôlego, reduzido.
Há pelo menos dois exercícios que podem ajudar a corrigir o problema da fala nasalada.
Primeiro, fique de pé; depois, inspire a maior quantidade possível de ar para os pulmões. Em
seguida, solte o ar pelo nariz, mantendo a boca fechada. Faça isto várias vezes. Os especialistas
declaram que a respiração pela boca pode prejudicar a memória e impedir o autodomínio do
pregador. A falta de oxigênio inibe as faculdades mentais e provoca contrações faciais negativas.
3. Articulação – A articulação das palavras é também grande dificuldade para alguns
pregadores. Aqueles defeitos da voz já abordados contribuem para a má articulação das
palavras. São de vital importância os exercícios de articulação. É o que podemos denominar
ginástica da voz, que tem por objetivo corrigir a pronúncia incompleta ou incorreta das palavras.
Torna-se incompreensível a pronúncia de certas palavras por alguns pregadores. Portanto,
articular bem as palavras e pronunciá-las de modo correto, dando som distinto a cada sílaba ou
palavra, é exercício indispensável aos que exercem a arte da oratória.
-Exercícios:
• Os exercícios de articulação podem começar com a pronunciação isolada das vogais;
depois a combinação das letras: ae, ai, ao, ea, ee, ei, eo, eu, ia, ii, io, iu, etc.
• Outro exercício recomendado é reunir o maior número de palavras as quais a pessoa
tenha dificuldade de pronunciar. Faça, de preferência, esse exercício em pé, inspirando o
ar para pronunciar cada palavra com o máximo de volume, altura e intensidade.
• Um terceiro exercício é o de inspirar e soltar o ar, emitindo com toda a energia da voz, e
realizando gestos de expressão corporal, os sons: “ah! Ah!”, em dois tempos, até acabar o
ar. Inspirar outra vez e fazer um gesto de volta, emitindo: “ah! ah! ôh! ôh!.
4. Tonalidade – Exercícios de tonalidade da voz exigem, é claro, boa audição. E não
somente a tonalidade da voz, mas também aquela que se dá a uma palavra ou frase.
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Dependendo de como são, elas podem levar o auditório a interpretações variadas. O pregador
cristão deve, sem mascarar a sinceridade, desenvolver a capacidade de comunicar-se com a
tonalidade ideal.
Várias gradações de tonalidade podem ser feitas numa frase. Os exercícios devem ser
feitos, elevando-se e baixando-se a tonalidade da voz nas palavras e sílabas. Os mestres de
oratória apresentam vários tipos de tonalidades: indiferente, apática, colérica, pesarosa, feliz, etc.
5. Volume e intensidade – Para exercitar o volume e a intensidade da voz, seria ideal ir a
um campo ou praia e, sem forçar as cordas vocais, gritar o mais forte possível. No púlpito o
pregador não deve gritar, mas usar a voz com força e volume.
A potência da voz deve ser usada de acordo com as conveniências do local. A intensidade refere-
se ao grau de força da voz. O pregador deve usar o volume e a intensidade da voz com o grau de
força de expiração que vem dos pulmões e do diafragma. Portanto, é importante exercitar a
emissão vocálica, levando para os pulmões a maior quantidade possível de ar e soltar uma sílaba
ou palavra, ou mesmo uma frase numa única expiração, até que termine quase todo o ar nos
pulmões.

A EXPRESSÃO CORPORAL DO PREGADOR


No ponto “A Arte de Expressão” destacamos a voz como um dos elementos mais importantes
para o sucesso da pregação. Do mesmo modo como o pregador deve cultivar o uso correto da voz
como expressão verbal, também é da maior importância a Expressão corporal.
De certa forma, o pregador é o sermão, porque é expresso através do corpo de quem o transmite.
Tecnicamente, podemos chamar a isto “corporis”, isto é, o sermão expresso através do corpo. O
pregador é uma via de comunicação pela expressão do rosto, postura e gesticulação. Para que haja
empatia com o auditório, a expressão corporal comedida, consciente e educada do pregador
contribuirá para o sucesso da mensagem. O pregador deve cultivar bons hábitos, para que possa
corresponder ao ideal da pregação, que é comunicar a Palavra de Deus de forma persuasiva. É,
portanto, a fala do corpo. É desse modo que os ouvintes partilharão de seus sentimentos, e
comungarão com suas idéias.

A EXPRESSÃO DO ROSTO
Do ponto de vista técnico, a comunicação através da expressão do rosto deve refletir o estado de
alma do pregador. Machado de Assis dizia que “o riso interior é o mais involuntário e cruel e
também o menos arriscado que a gente pode dar às faculdades humanas. Portanto, a epiderme
do rosto varia conforme os movimentos musculares.
-Músculos e epiderme são movidos conforme a vontade de quem os está movendo. A fisionomia
expressa o estado de alma do pregador.
O pregador da Palavra de Deus não é um simples orador. Ele deve ser um profeta da parte de
Deus. Sua comunicação deve conter um senso de responsabilidade com a Palavra de Deus.
Comunicá-la, exigirá dele todos os cuidados possíveis para uma comunicação clara e
convincente.
1. Mímica – É um dos meios de expressão corporal, especialmente através do rosto,
porque envolve os olhos, ao elevar ou contrair as sobrancelhas, e os movimentos da boca, dos
lábios, da testa e das faces.
A mímica tem uma linguagem também, através das mãos, dedos, braços e cabeça. Por último,
pode ser manifesta no movimento corporal através do busto, cintura e pernas. Portanto, todos
esses elementos ou partes do corpo possuem uma linguagem sem palavras. Pela expressão
corpora, mesmo sem falar, podemos revelar nossas ações ou reações íntimas.
2. Os olhos – São as janelas do nosso interior. Por eles revelamos o que há “dentro de
nós”. Há neles grande poder de persuasão. Quando o pregador, ungido, usa os olhos para
imprimir nos ouvintes o sentimento que lhe vai na alma, o resultado pode ser muito positivo. É
importante saber olhar o auditório, sem fixar os olhos numa só direção, ou fechá-los enquanto
prega como se tivesse medo dos ouvintes. Os olhos devem acompanhar o que se fala e o efeito

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imediato nos ouvintes. O pregador pode, através dos olhos, sentir a reação do auditório, se
favorável ou negativa.

A GESTICULAÇÃO - O pregador não é máquina de falar ou robô que opera por controle
remoto. A homilética ensina como melhor usar o corpo, sem determinar uma regra para isso. Por
isso, exige-se do pregador uma postura elegante, e que sua gesticulação seja educada e
condizente com a mensagem. Gestos deseducados, grosseiros, movimentos rudes podem induzir
os ouvintes a julgamentos errados, e provocam imagens dúbias. Boas maneiras na gesticulação
podem evitar más impressões.
Evite o pregador gestos dúbios, aqueles que estabelecem interpretações erradas ou maldosas. A
linguagem do corpo de vê acrescentar algo à mensagem, e não diminuir. Cada movimento do
corpo deve ser coerente com o tom da mensagem, e colaborar como um todo na comunicação
dos pensamentos. O excesso de gesticulação distrai o auditório, desvia a atenção da mensagem
para os gestos e mímicas. O carisma de um pregador deve vir de sua personalidade, e não da
gesticulação.

VÍCIOS DE POSTURA - Os mestres da arte de falar em público costumam apresentar alguns


vícios de expressão corpora. Ora, vício pode significar defeito grave, que torna uma pessoa ou
coisa inadequada para certos fins. Na arte de falar em público, esses vícios são manifestos pelos
vários tipos de pregadores.

1. O pregador extravagante – O modo espalhafatoso de falar em público é próprio dos


artistas circenses. O pregador não deve ter uma imobilidade exagerada. Portanto, controle seus
modos.
2. O pregador imóvel – Há oradores que apresentam movimentos com a rigidez dos
autômatos. São expressões corporais bruscas, retilíneas, inesperadas, desarmoniosas, gestos
que acontecem raramente. Você não é uma estátua, nem múmia.
3. O pregador robô – Há pregadores que parecem robôs programados. Os movimentos
são mínimos e geralmente repetitivos, e o auditório é levado a crer que o pregador tem alguma
dificuldade, tique nervoso, insegurança ou mania. Seja natural.
4. O pregador complexado – A postura do pregador tem de inspirar confiança nos
ouvintes. Expressões de choro, lástima, cansaço ou abatimento físico e psicológico não devem
ser demonstrados no púlpito. O complexo de inferioridade anula a personalidade. O pregador
precisa estar sempre seguro de suas idéias. Tem de acreditar na mensagem que prega, caso
contrário, a expressão de inferioridade, principalmente a demonstrada na face e nos olhos, irá
desmoralizar a sua mensagem. Esse defeito pode ser corrigido mediante a atitude humilde de
reconhecê-lo e confessá-lo ao Senhor. Portanto, tenha calma!!!
5. O pregador com expressão orgulhosa – Para evitar esse tipo de vício, é necessário o
senso de autocrítica. O orgulho se manifesta, não só no modo de falar, mas também no
semblante e nos gestos. A maneira de olhar, o dedo em riste e outros gestos e atitudes podem
indicar a “expressão orgulhosa” – petulância, presunção, antipatia, frieza, indiferença,
neutralidade – de um orador.
-Do ponto de vista bíblico, o orgulho é abominável aos olhos de Deus (Pv 8.13).
6. O pregador “dançarino” – Há dois tipos de pregadores. Os conservadores, que
procuram pregar sempre com expressão moderada e formal; e os pentecostais, que se expressam
de modo mais liberal. Alguns pregadores exageram nos movimentos corporais, oscilam,
sacodem-se, agitam-se sem consonância com o discurso. Desse modo, ridicularizam a mensagem
e transmitem uma imagem negativa de descontrole, de pregador dançante “dançarino”. Esse
defeito tem a ver com o exagero de movimentos corporais, não com a dinâmica do pregador.
-Portanto, fique em Paz!!!
7. O pregador deseducado – É aquele que se descuida das boas maneiras no púlpito. Em
nome da informalidade alguns pregadores abusam da educação, das boas maneiras. O pregador

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deve ter um comportamento à altura de sua missão. Certo pastor afirmou que há três tipos de
pregadores:
1. Os que se relaxam;
2. Os que vão ao extremo de vaidade e;
3. Os que encaram a questão nos devidos termos.

IMPORTANTE:
Algumas atitudes devem ser evitadas: conversar assuntos alheios ao culto com os colegas de púlpito;
cruzar as pernas desajeitadamente ou ficar de pernas exageradamente abertas; limpar o nariz
escandalosamente; pentear-se enquanto no púlpito; ficar lendo revistas ou livros que nada têm a ver com o
culto; coçar-se indecorosamente.

ATENÇÃO!
I. Como evitar cordas vocais ressecadas – Certo orador disse: “Nas minhas primeiras
palestras, que duravam cerca de duas horas, havia sempre um copo com água ao meu
lado. Após as frases iniciais, sentia a garganta seca, minhas palavras perdiam fluência, eu
me sentia inseguro e a qualidade da minha exposição baixava. Para minha sorte, logo
numa das primeiras ocasiões, encontrava-se presente uma senhora idosa. Quando os
presentes se retiraram, ela ficou e me disse: ‘O tema que o senhor abordou foi muito
interessante, mas acontece que já sou muito velha para participar disso. Meu caro, o
senhor precisa prestar atenção à respiração diafragmática, ao ritmo cardíaco – acrescentou
ela”.
Sentada na última fileira, ela tinha descoberto prontamente que o orador desconhecia a técnica
da retórica ou do uso da palavra. Afinal era professora de dicção e cuidava da impostação de voz
de artistas de teatro.
-Portanto, caro pregador:

Dica: NÃO RESPIRE COM O PEITO, MAS COM O DIAFRAGMA.


Quando você respira fundo, expande-se o peito. Para o orador não é a melhor maneira de
respirar. A parte superior dos pulmões fica cheia de ar e suas palavras saem sob pressão. Para
falar direito você precisa respirar com o diafragma. Respirando fundo, o estômago deve dilatar-se
para frente. Assim o ar desce até as bases dos pulmões, sempre através do nariz e não pela boca.
Desta maneira, o ar é ao mesmo tempo aquecido e umidificado.

II. Como atingir melhor seus ouvintes – O homem é vaidoso por natureza. Seu tema
preferido é sempre ele mesmo, suas realizações, sua superioridade em relação os outros.
Assim, se você quer ser um orador bem-sucedido, coloque sempre no “centro” das suas palavras
o outro, ou os outros.

Dica: EM VEZ DO “EU, MEU, A MIM” FALE DE “VOCÊ” E DO “SEU”.


Na Grécia antiga costumava-se dizer: “Não é preciso apagar a luz do próximo para aparecer mais
iluminado”. Ao contrário, quanto mais você colocar o outro no centro das coisas, mais realizado
ele se sentirá. Isso o fará aceitar você e suas palavras.

III. Como tornar sua linguagem mais viva – Duas pessoas podem falar sobre o mesmo
assunto e haverá uma diferença como do dia para a noite entre o que dizem.
Há muitas causas que explicam isso, mas um item significativo é a variação das palavras que
empregam.
Dica: AMPLIE O SEU VOCABULÁRIO.

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Quanto mais amplo o vocabulário, mais expressiva se torna a língua. A apresentação de certas
situações e ocorrências se torna viva e plástica quando você emprega as palavras certas. Com
um vocabulário limitado tudo fica bem mais limitado.
-Como posso ampliar meu vocabulário? Com muita leitura, muitos debates e recorrendo a um
livro de sinônimos para grande variedade de situações.

BIBLIOGRAFIA
ARISTOTELES. Ética a Nicomaco. São Paulo: Martin Claret, 2002
CABRAL, Elienai. O pregador eficaz. Rio de Janeiro: CPAD, 1995
PRETI, Dino. Sociolingüística: os meios de fala: um estudo sociolingüístico na literatura
brasileira. 4 ed. São Paulo: Nacional, 1982.
SILVA, Severino Pedro da. Homilética. 15. ed.Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
GADAMER, Hans George. Verdade e método I. 7. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
LACHLER, Karl. Prega a Palavra. Edições Vida Nova. 1995.
MARINHO, Robson Moura. A Arte de Pregar: A Comunicação na Homiletica. Ed. Vida Nova,
1999.
POLITO, Reinaldo. Como Falar Corretamente e Sem Inibições. Ed. Saraiva, 2003.

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