A invisibilidade do negro como trabalhador na república
Após o termino da escravidão à figura do negro não desaparece em meio à sociedade. No mundo do trabalhado acaba ocorrendo um negligenciamento da cor quando aos seus trabalhadores, o texto nos trás o questionamento de onde se encontrariam os negros libertos após o ano de 1888. O autor nos trás a resposta através da afirmação que os mesmo estariam nas fabricas, junto aos demais imigrantes que aqui desembarcaram, tais como italianos, portugueses, entre outros. Em muitos momentos a cor desses indivíduos não era registrada em seus registros, de forma a dificultar a pesquisa nesses documentos. Esse registro se torna ainda maior nos séculos XIX e XX, quando nos registros a cor do trabalhador não é enfatizada. A cidade de Pelotas/ RS, no senso de 1833 a população era de 51% negra, escravizados, pobres libertos e mestiços. Foram analisados dois processos crimes da cidade de Pelotas no final do século XIX, e de como era visto esse processo do mundo do trabalho e de como os escravizados entendem a liberdade. A liberdade era vista com um olhar diferente do que encontramos atualmente em nossa sociedade. O documento nos trás o registro do que era chamado de liberdade condicional, onde os escravos por mais que livres, ainda prestariam serviços aos seus senhores por alguns anos, sendo esse acordo firmado por um contrato de prestação de serviços. Porém, com alguns dias de serviço os mesmos entram no que podemos chamar de “greve”, sendo essa atitude analisada em um contexto de emancipação, como a lei do ventre livre em 1871 e a proximidade com a abolição em 1888. Na analise desse caso não é comprovado o fato que os mesmo tenham sofrido castigo ou punição devido a suas atitudes contrarias ao acordo. Como consequência desses ocorridos, muitos charqueadores perdem muito de seus trabalhadores que acabam fugindo. Sendo os mesmo consolados com a titulação de Barões e Baronesas. Muitos desses ex-escravos, acabaram por trabalhar nas alfaiatarias e chapelarias que existiam na cidade na época. O reflexo desses acontecimentos é possível ser notado nos clubes sociais que são criados na cidade, sendo esses locais não apenas para bailantas, mas um local onde era discutido politica, raça e questões operárias. E durante o período o carnaval, os mesmos expunham esses acontecimentos como uma crítica social. Nas charqueadas era possível encontrar homens libertos exercendo funções como trabalhadores, sendo realizado o emprego dos mesmos. Havendo o indicio da troca de valores no mundo do trabalho, de forma que esses homens tinham a autonomia de escolher onde trabalhar, além de possuírem um tratamento digno. Nesse contexto, a liberdade é uma construção social por garantia de melhores autonomias dentro do cativeiro, sendo o maior desejo a alforria. A questão da cor no século XIX é muito subentendido, pois ocorre a variação em seus registros, em momentos são registrados como preto, outro momento pardo, hora como mulato. Essas questões podem ser vistas em várias fontes, depende do olhar de quem as analisa. Dessa forma, a reprodução de um discurso que condiz com o racismo ao longo dos séculos, contribui para que tal desigualdade de cor e classe. Cabe uma reparação moral a essas pessoas, que no século XXI ainda sofrem com o reflexo dos acontecimentos de séculos atrás. Questões como essas nos trazem o alerta para a criação de um estereótipo, onde o mundo industrial seria de maioria branca e de língua estrangeira, assim como em outros cargos na sociedade, tais como médicos, advogados, entre outras funções de destaque na sociedade. Ao analisarmos o trabalho informal, notamos que a maioria dos serviços é realizada por maioria negra. O mundo do trabalho teve ser visto, não apenas como aquele que existe uma maquina e quem a manuseia, mas sim como um universo muito maior, como o trabalho doméstico, das lavadeiras do São Gonçalo, entre outros. Dessa maneira, podemos concluir que o movimento dos negros pré-abolição e pós-abolição vem a trazer um reflexo no movimento operário no período da república. Sendo eles a liberdade, o direito de escolha e autonomia, como a constituição de família, ter sua própria moradia, assim como folga aos domingos.