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O presente trabalho tem como principal objectivo fazer uma síntese dos
capítulos IV, V e VI da encíclica do Papa Francisco intitulada “Laudato Si’”. Publicada
a Maio de 2015, ela trata do cuidado com o meio ambiente e com todas as pessoas, bem
como de questões mais amplas da relação entre Deus, os seres humanos e a Terra. O
subtítulo da encíclica, “Sobre o Cuidado da Casa Comum”, reforça esses temas-chave.
O Papa Francisco escreveu sua encíclica Laudato Si’ para cada pessoa que vive
no planeta, não apenas para ler mas também para entrar em diálogo com todas as
pessoas sobre a nossa casa comum.
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Breves considerações sobre a Encíclica
Uma encíclica é uma carta pública do Papa que desenvolve a doutrina católica
sobre um tópico, muitas vezes à luz de eventos atuais. As primeiras palavras da Laudato
Si’ são italianas e traduzidas como “Louvado Sejas”. São uma citação do Cântico das
Criaturas de São Francisco de Assis, que abre a encíclica, no qual o santo louva a Deus
meditando sobre a bondade do sol, do vento, da terra, da água e de outras forças
naturais.
O “Capítulo Um: O que está acontecendo em nossa casa” resume a origem dos
problemas atuais relacionados ao meio ambiente. As questões discutidas incluem
poluição, mudanças climáticas, escassez de água, perda de biodiversidade e
desigualdade global.
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Cap. IV
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compreensão da ecologia humana. O individualismo desenfreado e a expectativa de
gratificação instantânea nos cegam para o nosso papel como receptores deste mundo de
nossos ancestrais e mordomos para as próximas gerações. Temos de garantir que
estamos a deixar um lar habitável para aqueles que vêm depois de nós.
Cap. V
“Algumas Linhas de Orientação e Acção”
Este capítulo aplica o conceito de ecologia integral à vida política. Pede acordos
internacionais para proteger o meio ambiente e ajudar os países de baixa renda, novas
políticas nacionais e locais, tomadas de decisão inclusivas e transparentes e uma
economia ordenada para o bem de todos para que, assim, que se possa acabar com
aquilo a que o Papa chama uma “espiral de autodestruição”.
Se queremos sentir o planeta com uma só pátria e a humanidade como um só
povo os países devem procurar soluções globais e não só em defesa dos próprios
interesses. A política e as empresas agem com lentidão, pondo os seus interesses
nacionais em primeiro mascarando as suas intenções em nome do bem comum. É
importante ressaltar que algumas medidas tomadas para a diminuição do efeito estufa
podem impor compromissos muito pesados aos países com menos avanços industriais,
revelando-se assim uma nova injustiça em vestes de cuidados ambientais. Por outro
lado,
estes mesmos países devem ter como prioridade a erradicação da miséria e melhorar os
problemas causados pela desigualdade social. É, também, indispensável avaliar o
exagerado nível de consumo de substâncias ilícitas pelos privilegiados dentro das suas
nações, assim como controlar a corrupção.
Estamos num cenário de enfraquecimento do poder dos Estados-nação face às
potências financeiras internacionais. Portanto, o amadurecimento das instituições
internacionais com poder sancionador é necessário.
A grandeza política é demonstrada quando, em tempos difíceis, os princípios
éticos prevalecem sobre o interesse e se actua em busca do bem comum a longo prazo.
A continuidade é indispensável, porque as políticas relacionadas com as
alterações climáticas e a protecção do ambiente não podem ser alteradas sempre que um
governo muda. É por isso que, diante da corrupção, é necessária a pressão da população
para forçar uma decisão política. Prever o impacto ambiental de qualquer projeto requer
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processos políticos transparentes e consensuais. Essa transparência é o oposto da
corrupção, que esconde o verdadeiro impacto ambiental em troca de favores.
O estudo do impacto ambiental de qualquer projeto deve ser sempre prévio ao
seu desenvolvimento. Em caso de dúvida, ele deve ser interrompido ou modificado. Isso
não implica opor-se a qualquer inovação tecnológica que melhore a qualidade de vida
de uma população. Mas deve ficar claro que a rentabilidade não pode ser o único
critério.
Pensando no bem comum, precisamos que a política e a economia atuem juntas
em favor da vida, especialmente da vida humana. A salvação dos bancos a todo custo,
fazendo com que a população pague o preço, sem que essas medidas sejam
acompanhadas por uma reforma profunda do sistema bancário, mostra o domínio
absoluto das finanças. Essa dominação levará a novas crises após uma cura longa,
dolorosa e apenas aparente.
Deve salientar-se que a proteção do ambiente não pode ser assegurada apenas
com base no cálculo financeiro.
O progresso precisa ser redefinido. Os termos médios são apenas um pequeno
atraso no colapso. O discurso do crescimento sustentável nada mais é do que marketing.
O princípio da maximização do lucro é uma distorção conceptual da economia.
Enquanto alguns buscam apenas ganhos econômicos e outros mantêm ou
aumentam o poder, o resultado são guerras ou acordos espúrios, enquanto preservar o
meio ambiente ou cuidar dos mais fracos se torna irrelevante.
A maioria dos habitantes do planeta se declara crente. É por isso que deve haver
um diálogo inter-religioso em torno do cuidado da natureza e da defesa dos pobres. Um
diálogo entre as próprias ciências também é imperativo. Finalmente, é necessário que os
próprios ecologistas deixem para trás suas diferenças ideológicas.
Cap. VI
“Educação e Espiritualidade Ecológicas”
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liberdade são aqueles que compõem a minoria que detém o poder económico e
financeiro.
Quanto mais vazio é o coração de uma pessoa, mais ela precisa de objetos para
comprar, possuir e consumir. A obsessão por um estilo de vida consumista será a fonte
de violência e destruição mútua. Especialmente se apenas alguns podem pagar.
No entanto, nem tudo está perdido. Uma mudança nos estilos de vida poderia
colocar uma pressão saudável sobre aqueles com poder político, económico e social.
Isto recorda-nos a responsabilidade dos consumidores.
Um estilo de vida alternativo pode ser desenvolvido. Estamos diante de um
desafio educacional.
Uma boa educação escolar em tenra idade lança sementes que podem produzir
efeitos ao longo da vida. Mas a importância central da família deve ser enfatizada. A
família é o lugar da formação integral.
A política e as várias associações são responsáveis pela sensibilização do
público, como também a Igreja.
O Papa Francisco fala, também, sobre a urgente necessidade de uma verdadeira
conversão ecológica, a partir da identificação de que as práticas atuais e os modelos
económicos, sociais, culturais e políticos favorecem o que é chamado de “pecado
ecológico e pecado social”, a partir do que, surge a necessidade da “conversão
ecológica”.
O cuidado com a natureza faz parte de um estilo de vida que implica a
capacidade de vivermos juntos e em comunhão. É necessário voltarmos a sentir que
precisamos uns dos outros, que temos uma responsabilidade para com os outros e o
mundo, que vale a pena sermos bons e honestos.
Uma ecologia integral é feita também de simples gestos quotidianos, pelos quais
quebramos a lógica da violência, do egoísmo e da exploração. O amor cheio de
pequenos gestos de cuidado comum, é também civil e político, manifestando-se em
todas as acções que procuram construir um mundo melhor.
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Conclusão