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MODELO DE PREVISÃO PARA O FLUXO DE DESEMBARQUE DE PASSAGEIROS NO TERMINAL

RODOVIÁRIO DE BELÉM

Edson Marcos Leal Soares Ramos(*)


Silvia dos Santos de Almeida(**)
Dennison Célio de Oliveira Carvalho(***)

RESUMO

Apresenta um modelo de previsão para o Fluxo de Desembarque de Passageiros no Terminal


Rodoviário de Belém, para tanto se utilizou a técnica estatística de Análise de Séries Temporais. Três
tipos de modelos são mostrados: de decomposição aditivo; de alisamento exponencial sazonal de
Holt-Winters aditivo e multiplicativo, por terem apresentado os menores erros de previsão, dentre os
diversos testados. O modelo de decomposição aditivo, mostrou um erro percentual médio de previsão
de cerca de 16%, considera-se este erro muito alto. O modelo exponencial de Holt Winters aditivo,
obteve um erro menor (1,27%). Porém, o modelo que apresentou o menor erro percentual médio de
previsão, foi o exponencial de Holt-Winters multiplicativo, com um erro de previsão de 0,12%.

Palavras-chave: Fluxo de passageiros. Método Exponencial de Winter. Método de decomposição.

A MODEL OF PREDICTION FOR THE FLOW OF LANDING PASSENGERS AT BELÉM’S BUS


STATION

ABSTRACT

The objective of this work is to present a forecasting model for Flow Landing of Passengers in
the Road Terminal of Belém, for this a it was used the statistics technique of Analise of Secular Series.
Three types of models are shown: the additive model of decomposition, additive and multiplicative of
Holt-Winters seazonal exponential smoothing model, which must have presented the smallest forecast
errors, amongst the diverse tested models. The additive decomposition model, presented an forecasating
mean percentage error of 16%, considers this very high error. The additive Holt-Winters exponential
model, got a smaller error (1,27%). However the model that presented the smallest forecasting mean
percentage error, was multiplicative Holt-Winters Exponential, with an error of 0,12% forecasting.

Keywords: Flow of Passengers. Exponential Winter Model. Method of Decomposition.

(*)
Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Professor Adjunto da
Universidade Federal do Pará (UFPA). E-mail: edson@ufpa.br
(**)
Doutora em Engenharia de Produção pela UFSC, Professora Adjunto da UFPA. E-mail: salmeida@ufpa.br
(***)
Mestrando em Matemática Aplicada e Estatística pela UFPA, concentração-estatística.
E-mail: dennison.carvalho@gmail.com

Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, jul./dez. 2006. 181


1 INTRODUÇÃO

Em 1924, foi criada a União Internacional Algumas definições, mais tradicionais,


de Organizações Oficiais para a Propaganda incluem somente viagens de férias e de outras
Turística, cujo primeiro Congresso realizou-se na motivações como, por exemplo: estudos,
cidade de Haya, em 1925. Cinqüenta anos mais eventos, esportes, saúde, religião, compras,
tarde, ela deu origem a Organização Mundial de visitas de amigos e parentes etc. Algumas
Turismo (OMT). incluem, outras não, as viagens de negócios
como turismo. Mas, qualquer que seja o
No Brasil, o marco inicial da atividade motivo da viagem, sob os aspectos
turística, nos moldes do século presente, aconteceu econômicos, é importante ressaltar que o
em 1922 motivado pelas festas do Centenário da indivíduo ao viajar, para um país ou região
Independência. Surgiram, assim, os primeiros não venha exercer, nessa localidade, uma
hotéis no Rio de Janeiro e a criação da Sociedade ocupação renumerada.
Brasileira de Turismo, posteriormente chamada de
Touring Club do Brasil. Pouco tempo depois, o O turismo pode ser considerado, de forma
desenvolvimento do turismo foi ampliado para o ampla, como:
Estado de São Paulo pelos atrativos dos centros
terminais e para o Rio Grande do Sul pela 9 movimento temporário de pessoas para locais
proximidade da fronteira com o Uruguai. de destinos externos aos seus lugares de
trabalho e moradia;
Hoje, as viagens turísticas ocupam lugar
de destaque nas relações econômicas, sociais e 9 atividades exercidas durante a permanência
políticas das sociedades. Podem manifestar-se de desses viajantes nos locais de destino.
forma distinta quanto às motivações, aos meios
de transportes, aos períodos de duração, aos As viagens turísticas são de suma
meios de hospedagem, aos tamanhos dos grupos, importância para o desenvolvimento da
as categorias da viagem etc. O turismo, sendo economia de qualquer Estado. A instituição
caracterizado por um tipo de serviço à disposição de transporte do Estado do Pará que apresenta
dos homens da sociedade industrial moderna, o maior fluxo de passageiros é o terminal
passou a integrar a vida de todas as nações e a rodoviário. O conjunto de dados, objeto de
contribuir de maneira significativa em todos os estudo neste trabalho, é denominado de Fluxo
setores, tornando-se imprescindível para as de Passageiros o qual mostra de modo
atividades econômicas do século XX (LAGE; simplificado, o movimento de desembarque
MILONE, 1996). de passageiros no terminal rodoviário de
Belém, no período de janeiro de 1999 a
Para muitos especialistas, turismo são dezembro de 2003. Neste contexto, o objetivo
viagens para regiões que distam mais de 50 é testar um modelo de previsão de séries
milhas dos locais de residência. Outros, ao temporais que melhor se ajuste aos dados da
conceituar turismo, exigem que os viajantes série em estudo e, principalmente, que
permaneçam mais de 24 horas nos locais apresente os menores Erros Percentuais
visitados (REJOWSKI, 2000). Médios de Previsão (EPM).

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2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE SÉRIES TEMPORAIS

Uma série temporal é um conjunto de ser um vetor Z(t), de ordem r x 1 onde, por sua
informações feitas seqüencialmente ao logo do vez, t é um vetor p x 1. Por exemplo:
tempo. A característica mais importante, deste
tipo de dados, é que as observações vizinhas são Z (t ) = Z 1 (t ), Z 2 (t ), Z 3 (t ) (2.1)
dependentes e fica-se interessado em analisar e
modelar esta dependência. Enquanto em modelos Onde três componentes denotam,
de regressão, por exemplo, a ordem das respectivamente, a altura, a temperatura e a
observações é irrelevante para a análise de séries pressão de um ponto do oceano e t = (tempo,
temporais a ordem dos dados é crucial. Referindo- latitude, longitude ). Diz-se que a série é
se ao parâmetro t como sendo o tempo, a série multivariada (r = 3) e multidimensional (p = 3).
Z(t) poderá ser função de algum outro parâmetro De um modo geral, pode-se considerar que uma
físico, como espaço ou volume. Morettin e Toloi série temporal é qualquer conjunto de
(2004) afirmam que, uma série temporal, pode observações ordenadas no tempo.

2.1 OBJETIVOS DA ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS

Segundo Morettin e Toloi (2004), obtida 9 Descrever apenas o comportamento da série;


uma série temporal Z(t1),...,Z(tn), observada nos neste caso, a construção do gráfico, a
instantes t1,...,tn, podemos estar interessados verificação da existência de tendências, ciclos
em: e variações sazonais, a construção de
histogramas e diagramas de dispersão etc.
9 Investigar o mecanismo gerador da série podem ser ferramentas úteis;
temporal;
9 Procurar periodicidades relevantes nos dados;
9 Fazer previsões de valores futuros da série; neste caso, a análise espectral mencionada
estas podem ser a curto prazo, como por anteriormente, pode ser de grande utilidade.
exemplo, para séries de vendas, produção ou
estoque, ou a longo prazo, como por exemplo, Neste trabalho, o maior objetivo é testar
para séries populacionais, de produtividade um modelo de Séries Temporais para fazer
etc; previsões a curto prazo.

2.2 ALGUNS MODELOS PARA SÉRIES TEMPORAIS

Morettin e Toloi (2004) afirmam que os fórmulas que serão mostradas a partir daqui,
modelos utilizados para descrever séries foram retiradas do trabalho desses autores.
temporais são processos estocásticos, isto é,
processos cuja evolução no tempo é gerada e Seja T um conjunto arbitrário. Um processo
controlada por leis probabilísticas. Todas as estocástico é uma família Z = {X(t), t Î T}, tal que,
para cada t Î T; Z(t) é uma variável aleatória.
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Sendo uma possibilidade de escrever uma Onde f(t) é chamado sinal e at o ruído
série temporal observada na forma (MORETTIN; TOLOI, 2004).

Z t = f (t ) + a t , t = 1,..., N , (2.2)

2.2.1 Método da Decomposição

Para Morettin e Toloi (2004), dada uma Sendo que αj são as constantes sazonais
série temporal Zt, t = 1,...,N, um modelo de (médias mensais) e Djt são variáveis periódicas,
decomposição consiste em escrever Zt como uma neste caso dados por:
soma de três componentes não-observáveis,
⎧1, se o período t corresponde ao mês j , j = 1,...,12;

Z t = Tt + S t + a t , (2.3) D jt = ⎨− 1, se o período t corresponde ao mês 12;
(2.6)
⎪0, caso contrário.

Onde S t, corresponde á componente
sazonal para o período t; Tt é a componente de Assim, o modelo de decomposição aditivo
tendência no período t; a t é a componente pode ser escrito da seguinte forma:
aleatória, de média zero e variância constante m 12

sa2. Zt = ∑ β j t j + ∑ α j D jt + at .
j =0 j =1
(2.7)

Sendo que: O objetivo desses procedimentos de


m decomposição da série, consiste em remover cada
Tt = ∑β
j =0
jt
j
, (2.4) uma das componentes, permitindo que o
comportamento da série temporal seja melhor
Onde j é o grau do polinômio e compreendido e, conseqüentemente,
12 prognosticar valores futuros mais apropriados
St = ∑α
j =0
j D jt , (2.5) (MAKRIDAKIS; WHEELWRIGTH,1985).

2.2.2 Alisamento Exponencial Sazonal de Holt-Winters (HW)

Para Morettin e Toloi (2004) existem dois em três equações com constantes de suavização
tipos de procedimentos cuja utilização depende das diferentes, associadas a cada uma das componentes
características da série considerada e são baseados do padrão da série: nível, tendência e sazonalidade.

2.2.2.1 Série Sazonal Multiplicativa

Dada uma série temporal qualquer com Z t = µ t Ft + Tt + a t , t = 1,..., N . (2.8)


período s, o método de HW considera o fator As três equações de suavização são dadas por:
sazonal como sendo multiplicativo e as outras
componentes do modelo permanecem aditiva, ⎛Z ⎞
Fˆt = D⎜⎜ t ⎟ + (1 − D) Fˆt − s , 0 < D < 1, t = s + 1,..., N ,
⎟ (2.9)
isto é, ⎝ Zt ⎠

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⎛ Z ⎞ respectivamente; A,C e D são as constantes de
Z t = A⎜ t ⎟ + (1 − A)( Zˆ t −1 + Tˆt −1 ), 0 < A < 1, t = s + 1,..., N ,
(2.10)
⎜ Fˆ ⎟ suavização. Segundo Morettin e Toloi (2004), a
⎝ t −s ⎠
determinação destas constantes é realizada de modo
Tˆt = C ( Z t − Z t −1 ) + (1 − C )Tˆt −1 , 0 < C < 1, t = s + 1,..., N . (2.11) a tornar mínima a soma dos quadrados dos erros de
ajustamento. Neste trabalho, estas constantes
Estas equações representam estimativas do deverão ser escolhidas de modo a minimizar os Erros
fator sazonal, do nível e da tendência, Percentuais Médios de previsão (EPM).

2.2.2.2 Série Sazonal Aditiva

O procedimento anterior pode ser Fˆt = D ( Z t − Z t ) + (1 − D ) Fˆt − s , 0 < D < 1, (2.13)


modificado para tratar com situações onde o fator
sazonal é aditivo: Z t = A( Z t − Fˆt − s ) + (1 − A)( Z t −1 + Tˆt −1 ), 0 < A < 1, (2.14)

Z t = µ t + Tt + Ft + a t , (2.12) Tˆt = C ( Z t − Z t −1 ) + (1 − C )Tˆt −1 , 0 < C < 1. (2.15)

As estimativas do fator sazonal, nível e Onde A , C e D são as constantes de


tendência da série aditiva (2.12) são dadas por: suavização, respectivamente.

2.2.3 Previsões do Modelo de Holt-Winters (HW)

2.2.3.1 Modelo Multiplicativo

Zˆ t (h) = ( Z t + hTˆt ) Fˆt + h − s , h = 1,2,..., s, (2.16) E a nova previsão para a observação Zt+h
será:
Zˆ t (h) = ( Z t + hTˆt ) Fˆt + h − 2 s , h = s + 1,...,2s. (2.17)
Zˆ t +1 (h − 1) = ( Z t +1 + (h − 1)Tˆt +1 ) Fˆt +1+ h − s , h = 1,2,..., s + 1, (2.21)
Para fazer novas previsões quando se tem
uma nova observação Z t +1 , utilizam-se as
seguintes equações: Zˆ t +1 (h − 1) = ( Z t +1 + (h − 1)Tˆt +1 ) Fˆt +1+ h − 2 s , h = s + 2,...,2s + 1, (2.22)

⎛Z ⎞ Os valores iniciais das equações de


Fˆt +1 = D⎜⎜ t +1 ⎟⎟ + (1 − D ) Fˆt +1− s , (2.18) recorrência são calculados por meio das seguintes
⎝ Z t +1 ⎠
fórmulas:
Zj
⎛ Z ⎞ Fˆ j = , j = 1,2,..., s,
= A⎜ t +1 ⎟ + (1 − A)( Zˆ t + Tˆt ), ⎛1⎞
s


Z t +1 (2.19)
⎜ Fˆ ⎟ ⎜ ⎟ Zk (2.23)
⎝ t +1− s ⎠ ⎝ s ⎠ k =1

Tˆt +1 = C ( Z t +1 − Z t ) + (1 − C )Tˆt . (2.20)


s

∑Z
1
Zs = ˆ = 0.
k ; Ts (2.24)
s k =1

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2.2.3.2 Modelo Aditivo

Zˆ t (h) = Z t + hTˆt + Fˆt + h − s , h = 1,2,..., s, (2.25) Z t +1 = A( Z t +1 − Fˆt +1− s ) + (1 − A)( Zˆ t + Tˆt ), (2.28)

Zˆ t ( h) = Z t + hTˆt + Fˆt + h − 2 s , h = s + 1,...,2 s. (2.26) Tˆt +1 = C ( Z t +1 − Z t ) + (1 − C )Tˆt . (2.29)

Para fazer novas previsões quando se tem E a nova previsão para a observação Zt+h
uma nova observação Z t+1 , utilizam-se as será:
seguintes equações:
Zˆ t +1 (h − 1) = ( Z t +1 + (h − 1)Tˆt +1 ) Fˆt +1+ h − s , h = 1,2,..., s + 1, (2.30)
Fˆt +1 = D ( Z t +1 − Z t −1 ) + (1 − D ) Fˆt +1− s , (2.27)
Zˆ t +1 (h − 1) = ( Z t +1 + (h − 1)Tˆt +1 ) Fˆt +1+ h − 2 s , h = s + 2,...,2s + 1, (2.31)

3 APLICAÇÃO

As informações a respeito da série temporal 2003. O gráfico 1 mostra o comportamento da


estudada neste trabalho foram obtidas série Fluxo de Passageiros, no período de janeiro
diretamente na Companhia Paraense de Turismo de 1999 a dezembro de 2003, onde se observa
(PARATUR). Os dados contidos nesta série dizem uma periodicidade de 12 meses. Pode-se verificar,
respeito ao número de passageiros que ainda, que a série tem uma breve tendência
desembarcaram no Terminal Rodoviário de Belém, negativa e sazonalidade. Os dados estão
no período de janeiro de 1999 a dezembro de distribuídos em milhares de pessoas, mensalmente.

Gráfico 1 - Fluxo de desembarque de passageiros no Terminal Rodoviário de Belém (1999-2003).


Fonte: PARATUR, 2005.

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3.1 ANÁLISE DESCRITIVA

A Tabela 1 mostra as estatísticas dos dados de desembarque de passageiros no Terminal


permitindo, assim, uma visão geral do Rodoviário de Belém é de aproximadamente
comportamento descritivo da série em estudo. No 103.063. O maior fluxo de passageiros registrado
período estudado, pode-se observar que a média foi de 167.263 e o menor 75.950 passageiros.

Tabela 1 - Estatísticas descritivas da Série Fluxo de Desembarque de Passageiros no Terminal Rodoviário de


Belém (1999-2003).

Estatísticas
Estatísticas Valores
Valores

Média 103.062,981

Mínimo 75.950

Máximo 167.263

Fonte: elaborada a partir dos dados da PARATUR.

A Tabela 2 mostra o fluxo médio anual de o maior fluxo foi no ano de 1999, com 118.453
passageiros no Terminal Rodoviário de Belém, no passageiros em média.
período de janeiro de 1999 a junho de 2003, onde

Tabela 2 - Fluxo médio anual da Série Fluxo de Desembarque de Passageiros no Terminal Rodoviário de Belém
(1999-2003).

Ano
Ano Média
Média

1999 118.453,08

2000 106.769,83

2001 96.002,17

2002 91.979,33

2003 105.466,92

Fonte: elaborada a partir de dados da PARATUR.

O Gráfico 2 mostra o fluxo médio de Observa-se que nos anos de 2000, 2001 e 2002,
desembarque de passageiros no Terminal houve uma queda no fluxo e somente no ano de
Rodoviário de Belém, no período 1999 a 2003. 2003 é que voltou a aumentar.

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180000

Quantidade de Passageiros 160000

140000

120000

100000

80000

60000

40000
1999 2000 2001 2002 2003

Ano

Gráfico 2 - Fluxo médio anual da série fluxo de desembarque de passageiros no Terminal Rodoviário de Belém
(1999-2003).
Fonte: elaborada a partir de dados da PARATUR.

3.2 MODELOS E PREVISÃO

Nesta seção será apresentada a Winters. Com o modelo de decomposição poder-


modelagem da série fluxo de passageiros no se-á verificar o comportamento da série sem
Terminal Rodoviário de Belém. Existem vários suas componentes, já os modelos de HW, serão
tipos de modelos de previsão de séries utilizados com o objetivo de fazer previsões, pois
temporais, tais como: modelos de suavização estes são adequados para séries que
exponencial, de decomposição, auto-regressivos apresentam características como tendência e
e de médias móveis (ARMA), auto-regressivos sazonalidade. Além da facilidade no
integrados de médias móveis (ARIMA) dentre entendimento, aplicação e, principalmente, por
outros. Neste trabalho serão apresentados, apresentarem boas previsões veja Morettin e
apenas, os modelos de decomposição e de Holt- Toloi (2004).

3.2.1 Modelo de Decomposição

O objetivo principal de decompor a série é O Gráfico 3 apresenta o comportamento


observar o comportamento sem as componentes da série após a aplicação do método de
tendência e sazonalidade. Como foi visto, decomposição. No primeiro gráfico à esquerda,
anteriormente, a série em estudo apresenta mostram-se os dados originais da série. No
sazonalidade e uma breve tendência. Na segundo (dados sem tendência), pode-se observar
decomposição, a série será modelada sem estas que a série passou a ser estacionária sem a
componentes, com o intuito de se observar o componente tendência. No terceiro gráfico (dados
comportamento da mesma sem estes fatores. sazonais ajustados), a série apresenta um

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comportamento bem diferente dos dados apresenta um comportamento bastante irregular
originais, com a tendência bem mais aparente. sem a componente tendência e com a
No último gráfico, observa-se que a série sazonalidade ajustada.

Gráfico 3 - Gráficos da Decomposição da Série Fluxo de Desembarque de Passageiros no Terminal Rodoviário


de Belém (1999-2003).

O Gráfico 4 apresenta o comportamento tendência da série, onde se verifica que os dados


da série com base no modelo estimado de do modelo de decomposição não ficaram bem
decomposição (com uma variação em torno da ajustados à série original.
linha de tendência da série) e dos valores de

Gráfico 4 - Gráfico da Série Ajustada por Decomposição e a Linha de Tendência (Modelo Aditivo) da Série Fluxo
de Desembarque de Passageiros no Terminal Rodoviário de Belém (1999-2003).
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A Tabela 3 mostra os valores de previsão sendo que aj são as constantes sazonais
da série Fluxo de Passageiros, a partir do modelo (médias mensais), conforme a Tabela 4 e Djt são
de decomposição aditivo para seis meses. Observa- variáveis periódicas, dados pela Equação 2.6 de
se que o da previsão (EPM) é grande (16,33%), onde encontram-se os valores de previsão para
conseqüentemente, este modelo não será usado. os meses de julho de 2003 a dezembro de 2003
conforme a Tabela 3.
A partir da Equação 2.3 encontra-se:
12
Z t = 118076 − 545,919t + ∑ α j + D jt + erro, (3.1)
j =1

Tabela 3 - Valores observados e esperados do Modelo de Decomposição da Série Fluxo de Desembarque de


Passageiros no Terminal Rodoviário de Belém (1999-2003).

Fonte: dados da pesquisa.

A Tabela 4 apresenta os valores dos índices encontra-se no 7º período, ou seja, no mês de


de sazonalidade da série Fluxo de Passageiros, julho, existe um aumento no fluxo de passageiros
onde se pode observar que o maior índice do Terminal Rodoviário de Belém.

Tabela 4 - Modelo de Decomposição - Índices de Sazonalidade.

Fonte: dados da pesquisa.

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3.2.2 Alisamento Exponencial de Holt-Winters (Modelo Aditivo)

Como o método de alisamento da suavização exponencial sazonal de Holt-


exponencial é considerado um procedimento Winters (HW). Antes do modelo do gráfico 5,
automático de previsão, não se faz necessária a foram testados outros modelos exponenciais
aplicação de nenhuma estratégia de modelagem, sazonais, como o alisamento simples e duplo.
a menos que se deseje verificar a existência de Além dos modelos “ HW ” com diferentes
tendências ou sazonalidades. Sendo constantes de alisamento. Mostram-se aqui,
característica do modelo, a grande dificuldade somente os modelos que apresentaram os
em se determinar os valores apropriados das melhores resultados.
constantes de alisamento.
Observa-se, a partir do Gráfico 5, que o
No modelo aditivo, considera-se o fator método de HW ajustou-se bem aos dados da série
sazonal aditivo, onde: alfa, gama e delta são as em estudo. Antes do modelo de HW aditivo, foram
constantes de alisamento. O Gráfico 5 mostra a testados os alisamentos simples e duplo, porém
modelagem da série Fluxo de Passageiros a partir os erros das estimativas apresentaram-se altos.

Gráfico 5 - Modelo Exponencial de Winter Aditivo da Série Fluxo de Desembarque de Passageiros no Terminal
Rodoviário de Belém (1999-2003).
Fonte: dados da pesquisa.

Observa-se na Tabela 5, os valores das chegar a estes valores que se apresentaram com
constantes de alisamento do modelo de HW os menores Erros Percentuais Médios de
aditivo. Foram testadas várias constantes até Previsão (EPM).

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Tabela 5 - Constantes de Alisamento do Modelo de Winters Aditivo da Série Fluxo de Desembarque de
Passageiros no Terminal Rodoviário de Belém (1999-2003).

Fonte: dados da pesquisa.

O modelo de Holt Winters Aditivo é dado Verificam-se por meio da Tabela 6 os valores
pela Equação 2.12. Sendo que as estimativas das previsões obtidos a partir da Equação 2.12
destes fatores são dadas por: para a série Fluxo de Passageiros. Observe que,
este modelo apresenta melhores previsões que
aquelas obtidas pela Equação 2.3. O erro
percentual médio das previsões (EPM) foi (1,27
⎛Z ⎞
Fˆt = 0,002⎜⎜ t ⎟⎟ + (0,998) Fˆt − s , t = s + 1,..., N ; (3.2) %), ou seja, menor que o do modelo 2.3. Isto
⎝ Zt ⎠
implica que, utilizando-se o valor máximo da série
(167.263) e tirando este percentual (1,27 %), tem-
⎛ Z ⎞ se um erro de 2.124 pessoas para mais ou para
Z t = 0,46265⎜ t ⎟ + (0,53735)( Zˆ t −1 + Tˆt −1 ), t = s + 1,..., N ; (3.3)
⎜ Fˆ ⎟
⎝ t −s ⎠ menos. Considerando que este erro, ainda, seja
muito grande, mostra-se a seguir o mesmo método
Tˆt = 0,00735( Z t − Z t −1 ) + (0,99265)Tˆt −1 , t = s + 1,..., N ; (3.4) de “HW”, porém, para o modelo multiplicativo.

Tabela 6 - Previsão da Série Fluxo de Desembarque de Passageiros no Terminal Rodoviário de Belém (1999-
2003) a partir do Modelo de Holt-Winters Aditivo.

Fonte: dados da pesquisa.

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3.2.3 Alisamento Exponencial de Holt-Winters (Modelo Multiplicativo)

O modelo multiplicativo de “HW” considera multiplicativo, com os valores observados,


o fator sazonal como sendo multiplicativo, ajustados e estimados. As constantes de alisamento
enquanto que a tendência permanece aditiva. O utilizadas neste modelo são as mesmas do modelo
Gráfico 6 apresenta o comportamento da série em aditivo, sendo que, os erros percentuais médios das
função do modelo exponencial de “HW” previsões foram bem menores.

Gráfico 6 - Modelo Exponencial de Holt-Winter Multiplicativo da Série Fluxo de Desembarque de Passageiros


no Terminal Rodoviário de Belém (1999-2003).
Fonte: dados da pesquisa.

O modelo de Holt-Winters Multiplicativo Tˆt = 0,00735( Z t − Z t −1 ) + (0,99265)Tˆt −1 , t = s + 1,..., N ; (3.7)


é apresentado pela Equação 2.8. Sendo que as
estimativas destes fatores são dadas por: A Tabela 7 mostra os mesmos valores das
constantes de alisamento do modelo de HW
⎛Z ⎞ (3.5)
Fˆt = 0,002⎜⎜ t ⎟⎟ + (0,998) Fˆt − s , t = s + 1,..., N ; aditivo. Sendo que no modelo multiplicativo, estas
⎝ Zt ⎠
constantes forneceram melhores resultados de
⎛ Z
Z t = 0,46265⎜ t

⎟ + (0,53735)(Zˆ t −1 + Tˆt −1 ), t = s + 1,..., N ;
(3.6) previsão para a série.
⎜ Fˆ ⎟
⎝ t −s ⎠

Tabela 7 - Constantes de Alisamento do Modelo de Winters Multiplicativo.


A (nível): 0,46265
C (tendência): 0,00735
D (sanzonal): 0,002
Fonte: dados da pesquisa.

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Observa-se na Tabela 8, os valores previstos percentual médio das previsões (0,12 %) menor que
a partir da Equação 2.8 da série Fluxo de dos modelos anteriores. Isto é, 0,12 % de 167.263,
Passageiros, obtidos a partir do método de que é o valor máximo da série, aproximadamente
alisamento exponencial de HW multiplicativo. 200, ou seja, um erro de previsão de ± 200
Utilizando-se as mesmas constantes de alisamento passageiros desembarcados no Terminal Rodoviário
do modelo aditivo de HW obtêm-se melhores de Belém. Este foi o menor erro de previsão de todos
previsões para a série estudada e com um erro os modelos testados neste trabalho.

Tabela 8 - Previsão da Série Fluxo de Passageiros a partir do Modelo de Holt-Winters Multiplicativo.

Fonte: dados da pesquisa.

4 COMPARAÇÃO E ESCOLHA DO MÉTODO DE PREVISÃO

A comparação e escolha do melhor método Pode-se observar na Tabela 9 os valores das


de previsão, discutidos nesta seção, são feitas a medidas de acurácia dos modelos. Baseando-se
partir das medidas de acurácia, denominadas de no MAPE, pode-se perceber um “empate” entre
erro percentual absoluto médio (MAPE), desvio os modelos de HW aditivo e HW multiplicativo,
padrão médio (MSD), desvio absoluto médio com um MAPE de 5%. Por este motivo, optou-se
(MAD) e, também, a partir do erro percentual pela escolha do melhor modelo a partir dos valores
médio de previsão (EPM). do Erro Percentual Médio de Previsão.

Tabela 9 - Medidas de Acurácia dos Modelos.

Fonte: dados da pesquisa.

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Tem-se na Tabela 10, os valores das previsões exponencial sazonal de Holt-Winters multiplicativo,
dos modelos desenvolvidos neste trabalho. que apresentou um EPM de 0,12%, o menor erro
Observa-se que o modelo de alisamento encontrado dentre todos os modelos testados.

Tabela 10 - Valores das Previsões dos Modelos de Decomposição Aditivo, Holt-Winters Aditivo e Multiplicativo,
Ajustados para a Série Fluxo de Desembarque de Passageiros no Terminal Rodoviário de Belém
(1999-2003).

Fonte: dados da pesquisa.

5 CONCLUSÃO

O objetivo do trabalho foi testar um modelo de previsão para o fluxo do


modelo de previsão para a série Fluxo de desembarque de passageiros, estas instituições
Passageiros no Terminal Rodoviário de Belém, poderão investir no turismo com certa
utilizando-se da técnica denominada de análise segurança, sabendo-se qual a previsão para o
de séries temporais. Existem vários modelos de movimento do desembarque de passageiros nos
previsão para séries temporais, os modelos aqui meses de maior interesse. Neste trabalho,
testados, são indicados para séries que mostrou-se as etapas para se chegar a um
apresentam tendência e sazonalidade. modelo que melhor se ajustasse aos dados em
estudo, através da análise das medidas de
Com as previsões, obtidas a partir dos acurácia e, principalmente, dos erros percentuais
modelos testados, espera-se que as instituições médios (EPM) das previsões para os seis meses
turísticas do Estado do Pará possam ter uma seguintes. A partir do EPM, verificou-se que o
noção de como será o comportamento do fluxo melhor modelo para fazer as previsões é o
de passageiros no Terminal Rodoviário de Belém. modelo de alisamento exponencial sazonal,
Já que este, entre o aeroporto e o porto, é o que método de Holt-Winters multiplicativo, com um
apresenta maior movimento. Tendo em mãos um EPM de 0,12 % para mais ou para menos.

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REFERÊNCIAS

LAGE, Beatriz Helena G.; MILONE, Paulo César. Economia do turismo. 2 ed. São Paulo: Papires, 1996.

MAKRIDAKIS, Spyros; WHEELWRIGHT, Steven C. Forecasting methods for management. 4. ed. New
York: John Wiley; Sons Inc, 1985.

MORETTIN, Pedro A.; TOLOI, Clélia M. Séries temporais. 2 ed. São Paulo: Atual, 2004.

REJOWSKI, Mirian. Turismo e pesquisa científica: pensamento internacional x situação brasileira. 4. ed.
Campinas: Papirus, 2000. 167 p.

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