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Capítulo
Introdução
Parte I
Capítulos 1, 2, 3 e 4
2 Introdução
Nesse sentido, com base num amplo banco de dados (em especial sobre shopping
centers membros da Abrasce — Associação Brasileira de Shopping Centers), em levanta-
mentos de campo e numa abrangente pesquisa bibliográfica, procura-se não só sistematizar
o conhecimento sobre esse assunto, como também propor procedimentos, modelos e pa-
râmetros para análise dos impactos que os mesmos produzem no sistema viário, relativa-
mente à realidade das cidades brasileiras e ao comportamento da demanda de viagens aos
seus PGTs. Espera-se, com isso, prestar contribuição aos órgãos públicos, aos empreende-
dores, às empresas de consultoria e aos planejadores de transportes do País, fornecendo
uma importante ferramenta de análise e previsão das interferências causadas pelos PGTs
no meio urbano.
que os templos eram construídos para morada dos deuses e não para aglutinar fiéis. Os
helenos foram conhecidos pelo seu refinamento artístico, buscando impressionar mais pela
emoção estética que pela majestade e poder. Como reflexo da democracia desenvolvida nas
cidades-Estado da Grécia, os elementos urbanísticos dominantes eram aqueles destinados
ao desfrute geral, como praças, mercados, teatros, estádios, edifícios da administração pú-
blica. Assim, não aparece nas cidades gregas, dada sua constituição política, nenhum palácio
esplendoroso que represente o poder ou a autoridade de um chefe (Goitia, 1995).
Mas o caso grego é uma exceção. De uma forma geral, a regra tem sido, na trajetória
da civilização, a presença de construções monumentais e grandiosas.
Ao longo dos séculos — com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia — a popu-
lação e seus empreendedores cada vez mais tornaram-se preparados para implementar re-
alizações mais vultosas, de maior porte. No final do século XIX, a Torre Eiffel, monumento
metálico, alcançava a altura dos 320 metros, com a base variando de 76 a 124,9 metros
(Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998). Já no século XX, chegou-se à construção
do Empire State Building (Nova York, EUA, 381 metros de altura), do World Trade Center
(Nova York, EUA, 417 metros de altura), das Torres Petronas (Kuala Lumpur, Malásia,
452 metros de altura), da Sears Tower (Chicago, EUA, 527 metros de altura), da Torre
de Ostankino (Moscou, Rússia, 540 metros de altura) e da CN Tower (Toronto, Canadá,
553 metros de altura). Nos próximos 15 anos, está prevista a construção da Bionic Tower
(Xangai, China), com 1.127 metros de altura, com moradias para 100.000 pessoas, além
de abrigar hotéis, cinemas, escolas, restaurantes e parques (Época, maio de 2001). Mesmo
no Brasil, há prédios muito altos, como o Banespa, em São Paulo, com 161 metros de al-
tura (Época, setembro de 2001), e o projeto Maharishi São Paulo Tower, previsto para ter
uma altura de 510 metros e uma base de 400 metros, abrigando os 25.000 veículos que
deverão por ali trafegar diariamente (Projeto Design, 1999).
Essas construções — muitas vezes fascinantes e desafiadoras, além de atrair para si
uma enorme atenção, favorável ou desfavoravelmente — têm normalmente como caracte-
rística concentrar, em espaços restritos, um grande contingente de atividades, produzindo
viagens que refletem numa escala significativa necessidades de infra-estrutura viária e sis-
temas de transportes.
Com o processo de urbanização ocorrido ao longo dos tempos e o conseqüente aden-
samento de atividades, por um lado, e incremento da taxa de propriedade e do uso dos
veículos motorizados, por outro, tornaram-se cada vez mais explícitas as limitações e a
escassez do espaço nas cidades, o que potencializa, em decorrência, possíveis impactos de
instalações de maior porte nas infra-estruturas disponíveis, particularmente a viária e a de
transportes.
No século passado, nos anos 70, o Institute of Transportation Engineers (ITE) dos
Estados Unidos iniciou um programa para coletar as características da geração de viagens
para variados usos do solo, a partir da literatura pública, de estudos não publicados e da
análise do impacto do tráfego. A acumulação desse banco de dados durante anos tem pro-
duzido a publicação do ITE Trip Generation. Durante as últimas décadas, essa publicação
Estudos de impactos ambientais e licenciamento 5
tem sido atualizada algumas vezes, mais recentemente em outubro de 1997, para incluir
mais usos do solo e aperfeiçoar a análise dos resultados. Outras iniciativas tiveram o mes-
mo propósito de avaliar e tratar os impactos gerados por PGTs, e em todo o mundo uma
preocupação similar vem ocorrendo.
Nesse contexto, os estudos de PGTs vêm sendo inseridos num processo mais abran-
gente de avaliação de impactos ambientais, e o licenciamento para a implantação desses
empreendimentos tem-se apoiado em instrumentos legais, com vistas a garantir um desen-
volvimento sustentável.
prevenir ou minorar impactos adversos, nem mesmo foram usadas na tomada de decisão
ou na implementação dos projetos. O regulamento pioneiro para uso da AIA, em nosso país,
é encontrado na legislação do Estado do Rio de Janeiro, a qual já previa desde 1977, no
âmbito do Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras – SLAP, a apresentação de
Relatório de Influência no Meio Ambiente – RIMA, mais tarde consagrado como Relatório
de Impacto Ambiental. Outros estados brasileiros criaram sistemas semelhantes. Entre-
tanto, como não havia, à época, legislação federal a esse respeito, a implementação desse
preceito foi bastante precária.
Gusmão (2001) também lembra que a avaliação de impacto foi mencionada em 1980,
na legislação federal que dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial
nas áreas críticas de poluição (Lei n.º 6.803/80, em seu artigo 10.º, parágrafo 3.º). Entre-
tanto, apenas em 1981, a Avaliação de Impacto Ambiental foi introduzida formalmente
na legislação federal, como um dos instrumentos relacionados na Lei n.º 6.938/81, que
estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente, ao lado de outros instrumentos, como o
SLAP – que passou a ser obrigatório em todo o país – do zoneamento ambiental, do estabe-
lecimento de padrões de qualidade, entre outros. Mais tarde, o Decreto n.º 88.351/83, de
1/6/1983, ao regulamentar a Lei, vinculou a AIA aos sistemas de licenciamento, e reservou
ao Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente a responsabilidade de fixar os critérios
básicos segundo os quais seria exigido o EIA (estudo de impacto ambiental) para fins de
licenciamento. Assim, somente a partir de 1986, com a Deliberação n.º 001 do Conama, de
23/1/1986, regulamentando a sua aplicação, é que o processo de AIA passou a ser efetiva-
mente implementado no Brasil. Foram então estabelecidos as diretrizes e os procedimentos
para orientar as equipes dos setores governamentais responsáveis pela sua implementação,
quanto às responsabilidades dos diversos participantes do processo, às diretrizes para ela-
boração dos estudos e à responsabilidade pelos custos do processo.
O SLAP constitui-se num conjunto de leis, normas técnicas e administrativas que con-
figuram as obrigações e responsabilidades do poder público e dos empresários, com vistas
à autorização para implantar, ampliar ou iniciar a operação de qualquer empreendimento
potencial ou efetivamente capaz de causar alterações no meio ambiente. Do mesmo modo
que o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental e a avaliação de impacto am-
biental, o licenciamento ambiental é um instrumento de caráter preventivo, criado para a
execução dos objetivos da política nacional do meio ambiente, em especial o de harmonizar
o desenvolvimento econômico e social com a proteção do meio ambiente. Assim, propicia
a ação articulada do Estado e da iniciativa privada no combate à poluição, promovendo
a implantação do desenvolvimento sustentável. Estão sujeitos ao licenciamento todos os
empreendimentos capazes de modificar o meio ambiente, isto é, aqueles que, potencial ou
efetivamente, afetem a qualidade ambiental, causem qualquer forma de poluição ou utili-
zem recursos ambientais.
A Resolução Conama n.º 001/86 estabeleceu ainda, em caráter exemplificativo, a re-
lação de atividades e projetos que deveriam ser submetidos à AIA, bem como o conteúdo
mínimo do EIA, deixando aos órgãos estaduais de meio ambiente, à Sema (hoje Ibama) e
aos municípios, responsáveis pela execução da política ambiental, a responsabilidade de
Estudos de impactos ambientais e licenciamento 7
aos shopping centers e alguns temas relacionados aos supermercados brasileiros, não só
pelo potencial deles em produzir alterações sobre o ambiente, como pela intensificação de
implementações desse tipo de empreendimento.
O conjunto completo do trabalho consta de 11 capítulos, descritos sucintamente a se-
guir. O capítulo 1 refere-se à introdução e à importância do tema em questão. O capítulo 2
trata da caracterização de PGT, apresentando as conceituações principais sobre o assunto.
O capítulo 3 estuda o fator localização do PGT, com critérios e procedimentos de escolha
do local de implantação, bem como descrição de modelos de produção de viagens disponí-
veis para diversos usos de solo, enfatizando a prática dos EUA. O capítulo 4, que encerra
a primeira parte da publicação, fornece as principais etapas de diferentes metodologias de
avaliação de impactos de PGTs no sistema viário.
O capítulo 5, já na segunda parte do livro, estuda especialmente os shopping centers
e os supermercados, apresentando sua classificação e sua evolução em países como EUA,
Espanha e Brasil. O capítulo 6 refere-se ao traçado da área de influência de shopping cen-
ters e a conseqüente delimitação da rede de trabalho. O capítulo 7 dedica-se ao estudo
da geração de viagens aos shopping centers e aos supermercados, apresentando taxas de
viagens e modelos elaborados por diferentes países, como EUA, Espanha e Brasil. O capí-
tulo 8 contempla os modelos e os estudos sobre a etapa de escolha modal, desenvolvidos
para shopping centers e supermercados. Também são mostrados estudos sobre o valor do
tempo de viagens para compras, por meio de técnicas de preferência revelada e preferência
declarada. No capítulo 9, apresentam-se métodos para o dimensionamento do estaciona-
mento de shopping centers e supermercados. No capítulo 10, apresentam-se os estudos
de modelos de distribuição e alocação de tráfego para shopping centers. O capítulo 11 é
dedicado às conclusões e às recomendações.
Além disto, três anexos são contemplados. No Anexo A apresenta-se o cadastro de 235
publicações sobre temas de interesse. O Anexo B contém alguns dos questionários e tabelas
usados na pesquisa e o Anexo C desenvolve um estudo de caso.
Bibliografia
ABRASCE - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SHOPPING CENTERS. Disponível em:
<http://www.abrasce.com.br>. Acesso em: 28/11/2002.
BRASILEIRO, L. A. Modelo de simulação de estacionamento em shopping centers. In: CONGRESSO
DA ANTP, 12., 1999, Olinda.
COMPANHIA DE ENGENHARIA DE TRÁFEGO - CET-SP. Pólos geradores de tráfego, Boletim Técnico
n. 32, São Paulo, 1983.
CONCEIÇÃO, I. Shopping Center: desenvolvimento, localização e impacto no sistema viário. 1984.
Tese (Mestrado) — Programa de Engenharia de Transportes, COPPE/Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
12 Introdução