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Geosul, Florianópolis, v. 35, n. 76, p. 352-376, set./dez. 2020.

http://doi.org/10.5007/2177-5230.2020v35n76p352

O COMÉRCIO ELETRÔNICO SOB A ÓTICA GEOGRÁFICA


Pedro Eduardo Ribeiro de Toledo1

Resumo: Neste artigo, o comércio eletrônico é tomado como pauta para uma
análise geográfica de sua estrutura e de diferentes aspectos. Dentre estes aspectos,
apresentaremos alguns rascunhos teóricos sobre a influência desta atividade nas
pequenas cidades. Para tanto, o texto contextualiza o surgimento dessa atividade no
contexto dos novos cenários macroeconômicos, tendo como enfoque a tecnologia
de informação e as mudanças na relação entre as empresas, ressaltando-se, assim,
a análise das recentes transformações no âmbito da realização da mercadoria,
configurada na forma do comércio, e sua logística espacial. A análise se apresenta
mediante um paralelo entre os fatores que representam a mudança no comércio e
sua relação com a indústria trazendo como pano de fundo nesta discussão uma
leitura de alguns apontamentos de economistas políticos clássicos como Karl Marx e
outros, de forma que o entendimento dessas mudanças pela ciência geográfica
tenha como ponto de apoio sua dinâmica espacial. Nesta mesma ótica, o trabalho
aponta caminhos epistemológicos para a interpretação geográfica do objeto de
estudo.
Palavras-chave: Geografia Econômica. Comércio Varejista. Tecnologia de
Informação. Comércio Eletrônico. Pequenas Cidades.

ELECTRONIC TRADE UNDER GEOGRAPHICAL OPTICS

Abstract: In this article, e-commerce is taken as a guide for geographic analysis of


its structure and different aspects. Among these aspects, we will present some
theoretical drafts on the influence of this activity in small cities. To do so, the text
contextualizes the emergence of this activity in the context of the new
macroeconomic scenarios, focusing on information technology and changes in the
relationship between companies, thus highlighting the analysis of recent
transformations in the scope of the realization of the merchandise, configured in the
form of commerce, and its space logistics. The analysis is presented by a parallel
between the factors that represent the change in the trade and its relation with the
industry, bringing as a background in this discussion a reading of some notes of
classic political economists like Karl Marx and others, so that the understanding of
these geographical science has as its point of support its spatial dynamics. In this
same perspective, the work points epistemological ways to the geographical
interpretation of the object of study.
Keywords: Economic Geography. Retail Trade. Information Technology. Electronic
Commerce. Small Cities.

EL COMERCIO ELECTRÓNICO BAJO LA ÓSTICA GEOGRÁFICA


Resumen: En este artículo, el comercio electrónico se toma como pauta para un
análisis geográfico de su estructura y de diferentes aspectos. Entre estos aspectos,
presentaremos algunos borradores teóricos sobre la influencia de esta actividad en
las pequeñas ciudades. Para ello, el texto contextualiza el surgimiento de esa

1Universidade Federal de Uberlândia - UFU, Instituto de Geografia – IGUFU – Curso de Engenharia


de Agrimensura e Cartográfica, Monte Carmelo/MG, Brasil, pertoledo@ufu.br, https://orcid.org/0000-
0002-0553-6037
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actividad en el contexto de los nuevos escenarios macroeconómicos, teniendo como


enfoque la tecnología de información y los cambios en la relación entre las
empresas, resaltando así el análisis de las recientes transformaciones en el ámbito
de la realización de la mercancía, configurada en la forma del comercio, y su
logística espacial. El análisis se presenta mediante un paralelo entre los factores que
representan el cambio en el comercio y su relación con la industria trayendo como
telón de fondo en esta discusión una lectura de algunos apuntes de economistas
políticos clásicos como Karl Marx y otros, de forma que el entendimiento de esas los
cambios por la ciencia geográfica tengan como punto de apoyo su dinámica
espacial. En esta misma óptica, el trabajo apunta caminos epistemológicos para la
interpretación geográfica del objeto de estudio.
Palabras clave: Geografía Económica. Comercio al por menor. Tecnología de la
Información. Comercio Electrónico. Pequeñas Ciudades.

Introdução
Uma retomada da história econômica brasileira nas últimas décadas permite
reconhecer um processo de mudança na estrutura comercial baseada em
transformações de ordem macroeconômicas. Tais mudanças vêm ocorrendo desde
o início do século XX, no momento em que o capital produtivo já alcançava certa
maturidade, pois vem se desenvolvendo desde o início do século XIX, e o mercado
começa a ser impulsionado tanto para a realização da mercadoria, como no
desenvolvimento de instrumentos para geração de demanda. No Brasil, houve
significativas mudanças no cenário das estruturas comerciais, devido a diminuição
dos oligopsônios nos anos 50, acompanhando uma tendência mundial.
No entanto, a busca por inovações técnicas, principalmente nas áreas de
informática e de telecomunicações, motivadas pela crise do capitalismo dos anos da
década de 1970, e marcada na história pela crise do petróleo, com consequências
nas bases produtivas de maneira em geral. Sobre estas inovações técnicas não se
podem dizer que a crise nesse modo de produzir, com destaque para o sistema
toyotista e uma organização geral da sociedade com bases no fordismo 2, tenha
levado ao seu fim. Mas podemos afirmar que tal crise, foi um dos principais pilares

2A conclusão geral a que cheguei e que, uma vez adquirida, serviu de fio condutor de meus estudos,
pode formular-se resumidamente assim: na produção social de sua existência, os homens
estabelecem relações determinadas, necessárias, independentes de sua vontade, relações de
produção que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas
materiais. O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a
base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política à qual correspondem
determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o
desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral". (MARX, Karl. Prefácio a Contribuição
à crítica da economia política. In BOTELHO, André (org) Essencial sociologia. São Paulo: Penguin
Classics/Cia. Das Letras, 2013, p. 35)
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para a aceleração do processo de desenvolvimento do setor tecnológico, sobretudo


nos Estados Unidos.
Subjacentes a esse processo havia duas vertentes centrais: investimentos na
indústria de hardware e avanços no campo da comunicação, em especial nos
recursos eletrônicos. No mesmo sentido do desenvolvimento do sistema capitalista,
a pauta para o setor comercial era a criação de meios de criação de demanda,
direcionamento e fidelização do consumo, de modo, que as grandes marcas se
tornassem mundiais e atribuíssem um status social ao indivíduo, não importando se
o consumidor estivesse localizado em uma grande, ou pequena cidade.
Tais avanços remontam ao início da Guerra Fria, isto é, a pesquisas feitas
pelo setor militar norte-americano que resultaram na criação de uma rede local de
computadores que culminou no desenvolvimento da rede mundial de computadores
— a internet.
Dito isso, este artigo objetiva analisar o cenário do comércio eletrônico no
contexto das transformações macroeconômicas. Apresentamos sua estrutura e
como a nova tecnologia de informação dinamiza a relação de comércio da
sociedade com as empresas e das empresas entre si. Essa apresentação inclui um
quadro introdutório sobre o comércio eletrônico e suas faces, assim como uma
análise do contexto teórico, de modo a estabelecer sua relação com a ciência
geográfica. Como forma de entender a abordagem que damos à referida temática,
oferecemos uma visão geral do desenvolvimento da internet em seu período de
evolução dos meios de comunicação e sua incorporação para o mundo dos
negócios.
Enquanto campo metodológico, esta pesquisa se baseia no Materialismo
Histórico e Dialético, e faz uso de uma leitura teórica sobre os conceitos que
embasam tanto a perspectiva da Economia Política e da Ciência Geográfica, além
do uso de dados secundários e primários que dão suporte aos caminhos teóricos.
Como forma de leitura geográfica dessa temática, podemos dizer que esse
processo traz uma grande dinâmica espacial através de construção e rearranjo dos
fixos e do grande volume de fluxos no entendimento de adequação produtiva e de
mercado na ordem macroeconômica — logo, no entendimento dessa dinâmica de
ordem geográfica, onde ao longo do processo de desenvolvimento e melhoria das
redes de comunicação, os pequenos municípios foram inseridos no atual cenário de
reprodução do sistema capitalista, através de suprimento da demanda de consumo
por meio do comércio eletrônico (onde as lojas físicas localizadas nestes pequenos
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municípios não conseguem suprir a demanda de consumo que cada vez mais se
apresenta como global). Assim, as tecnologias no setor de automação, que engloba
meios de comunicação, é o que dá unidade a esse processo. O espaço organizou-
se e modelou-se para dinamizar o próprio fluxo de matéria-prima, produção e
mercadorias pela matriz industrial desenvolvida, nessa nova perspectiva. A
infraestrutura presente no mesmo espaço se torna passível de revisões conceituais
sobre a materialização dos objetos e equipamentos dessa nova ordem, sendo
possível, como já ressaltado, estabelecer o papel do comércio eletrônico, enquanto
meio de reprodução do sistema capitalista, nas grandes, médias e pequenas
cidades.
Inicialmente, este artigo apresentará à relação entre a concepção do comércio
eletrônico enquanto derivado do processo de inovação das tecnologias de
computação e de comunicação, e sua relação e enquadramento dentro das
transformações econômicas de maneira em geral. A seguir, será analisado os dados
do perfil do consumidor brasileiro, de forma que possamos estabelecer relações com
o campo espacial, no prospecto das pequenas e médias cidades. Para finalizar, será
estabelecida o campo de relação da atividade do comércio eletrônico com a ciência
geográfica, de forma que possamos fechar este artigo com as considerações finais a
despeito das conclusões dos autores e o apontamento de caminhos investigativos
para a geografia com relação a esta temática.

Comércio eletrônico: nova perspectiva de negócios para a reprodução


capitalista

O comércio eletrônico como fruto do desenvolvimento dos setores de


hardware e telecomunicações se apresenta como inovação nesse processo de
expansão e diversificação dos estabelecimentos comerciais, na relação entre estes
e o setor atacadista e pelas empresas, que passam a realizar investimentos em
centros de distribuição de pequeno, médio e grande porte para cumprir seu papel
logístico. Além disso, o setor de serviços tem apresentado grandes investimentos
em portais eletrônicos para divulgação e contratação de suas atividades. Dentre os
vários segmentos desse setor, podemos dar destaque os bancos, que nos últimos
anos têm realizado grandes investimentos no processo de interação de seus clientes
com seus serviços através de websites — também denominadas portais eletrônicos
—, como apresenta o estudo de Magalhães (2007). Outra perspectiva de estudos
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sobre as influências que as tecnologias de informação (TI) geraram para o mercado


consumidor está ligada a este mercado na ótica do consumo, conforme aponta
Nakagawa (2008, p. 27-28):

Diversos modelos de negócios surgem em tempos de crise como uma


resposta às mudanças ambientais e aos desafios que a nova realidade
impõe. Muitas vezes, estes modelos são apoiados por avanços em
tecnologia e acesso crescente à informação. Vavra (1992), ao analisar um
passado não tão longínquo, lembra que, nos anos 80, a estrutura de
mercado tornou-se mais complexa, o mercado consumidor fracionou-se e
as ofertas de produtos proliferaram. Paralelamente a tecnologia
computacional experimentava melhorias em custos capacidade de
armazenamento, oferecendo subsídios para que as empresas conhecessem
melhor os seus clientes. A década de 90 assistiu, maravilhada, a uma
mudança de comportamento de mercados e dos consumidores que antes
não se imaginava. A chamada globalização rompeu fronteiras, derrubou
mitos e permitiu uma fabulosa interação cultural entre as nações. A
informação deixou de ser um recurso escasso entre os concorrentes:
capacidades de pesquisa extensivas faziam parte da estratégia da maioria
deles.

No âmbito da administração, a mudança no paradigma de produção, dentre


outras origens, tem raízes no “desenrolar” de uma mudança ocorrida no Japão após
os anos 50 que se vinculou à recuperação econômica desse país após a Segunda
Guerra Mundial. Uma mudança central ocorreu na administração da produção,
motivada, em especial, por transformações na indústria automotiva Toyota.
Conhecida como “toytismo”, tal mudança chegou ao ocidente com o nome de
produção flexível ou pós-fordismo. Na organização toyotista do processo de
trabalho, que veio historicamente substituir a organização taylorista, o processo de
administração da produção apresenta estas finalidades principais: a produção
destinada a suprir diretamente a demanda social — que, ao contrário da linha
fordista, não cria estoques; a não especialização da produção — destinada não a
um produto apenas, mas a um nicho, o que criou possibilidades para que as
empresas “encolhessem” ou ampliassem seu escopo conforme sua situação no
mercado; enfim, o conceito de just-in-time — derivação desse processo que supõe
obter mais eficiência na produção e na realização da mercadoria para a sociedade.
Esta perspectiva pode ser representada pela existência dos E-marketplaces no
âmbito virtual que agrega e consolida negócios de diversos produtores de um
mesmo escopo de produtos, e que estão espalhados por todo território nacional ou
mesmo fora do país, aonde a parte física ( Hardware e Software) está localizada nas
grandes cidades e a produção espalhada no empreendedorismo individual nas
grandes, médias e pequenas cidades.
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Nesse sentido, os investimentos no setor de tecnologia da informação


diversificaram os modos de comunicação, acelerando o acesso da sociedade a esse
campo tecnológico e ao mercado após o surgimento da internet. Esse cenário se
expandiu no Brasil a partir do segundo lustro dos anos de 1990 e avançou com
rapidez em nossa sociedade, porém encontrou dificuldades técnicas no início deste
processo, como destaca Carvalho (2006, pág. 143):

A Internet comercial no Brasil chegou ao ano de 1996 com uma infra-


estrutura insuficiente para atender à demanda dos novos provedores de
acesso comercial e, principalmente, dos seus usuários. Com a saída da
Embratel do mercado de provimento de acesso para pessoas físicas e a
RNP ainda se estruturando para permitir o acesso dos novos provedores
comerciais ao seu backbone, muitos usuários no Brasil ficaram sem ter
como se conectar à Internet. E mesmo que alguns provedores
conseguissem acesso a algum backbone Internet e a respectiva rede de
suporte para a transmissão de dados, não havia linhas telefônicas
disponíveis para atender às chamadas dos (computadores de) seus
clientes. Era comum provedores precisarem de dezenas ou mesmo
centenas de números telefônicos de uma só vez, o que fazia com que
alguns provedores colocassem até duzentos usuários na disputa por uma
mesma linha de acesso.

O Acesso à tecnologia e o desenvolvimento dos sistemas de comunicação


ainda são contestados por muitos teóricos, para os quais essa tecnologia ainda está
vinculada a grupos de média e alta renda. Mas a perspectiva, criada pelos
japoneses, de substituição precoce de tecnologias e o auxílio ao consumo em
massa, facilitados pela potente ação do capitalismo financeiro, conduzem-nos ao
entendimento de que essas tecnologias, no setor de automação e informação, vêm
se popularizando cada vez mais rapidamente e serão, num futuro próximo, bases
possíveis para retomar investimentos ligados à nova fase expansiva dos ciclos de
que fala Kondratieff.3

O comércio eletrônico encontra-se em plena fase de expansão, mas sua


realidade ainda não se apresentou com tanta veemência nos países da periferia do
sistema, graças, sobretudo, ao acesso parco da população ao computador
(perspectiva esta que inicia sua mudança através do incentivo constante do Estado
em sua política de inclusão e educação digital). Nas pequenas cidades este fator se
apresenta com maior veemência, pois estes municípios ainda encontram
dificuldades de realização de vendas e compras no âmbito do comercio eletrônico,
3
Nikolai Dimitrievich Kondratieff — Н и ко л а й Д м ит р ие в и ч К он д ра т ь е в, em alfabeto cirílico —
nasceu em Goloejevskaja, a 4 de março de 1892, e morreu em Suzdal, a 17 de setembro de 1938.
Foi um economista russo e um dos teóricos da NEP; é mais conhecido, porém, por ter sido o primeiro
a tentar provar, estatisticamente, o fenômeno das “ondas longas”, dos movimentos cíclicos (ciclo
econômico) de aproximadamente 50 anos de duração e que ficaram conhecidos na economia como
ciclos de Kondratieff.
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dado à precariedade das redes de internet, tanto por cabo, como por sistema sem
fio. Cabe lembrar que o telefone móvel demorou apenas alguns anos para se
popularizar de forma expressiva, ao contrário de alguns elementos tecnológicos
como televisor e geladeira, que demoraram mais de uma década para atingir mais
de 50 milhões de usuários. A internet, por sua vez, precisou de dois anos para
atingir essa cifra, apesar desta discrepância em termos de disposição no território
brasileiro.

Aqui, o e-business e o e-commerce são o principal foco de interesse de


pesquisa em razão de sua ligação direta com a reengenharia produtiva e articulação
espacial das empresas. A consolidação de uma grande empresa significa se
consolidar para a sociedade como um todo de sua identidade denominada “marca”:
elemento fundamental para realizar compras on-line, pois define o nível de
confiabilidade do consumidor na mercadoria oferecida. Assim, a recente
transformação no âmbito macroeconômico brasileiro no que se refere à
reestruturação empresarial apresenta um campo amplo de estudo dessa dinâmica,
entendida e desmistificada pela leitura dos campos que compreendem essa ordem
macroeconômica. O estudo dessa reestruturação empresarial e o entendimento de
sua dinâmica espacial são fundamentais para a ordem epistemológica da ciência
geográfica porque trabalha e revisa seus conceitos diretamente e em diferentes
escalas, como é o caso da análise desta atividade nas pequenas cidades. O diálogo
estabelecido por este trabalho entre a economia política e geografia torna-se
complementar a essa perspectiva. As análises e a diversidade de faces que
poderiam ser abordadas na relação do comércio eletrônico para com as pequenas
cidades seriam infinitas se fossemos aponta-las caso a caso neste estudo, que
buscou apresentar uma explanação geral sobre uma leitura possível da atividade de
comércio eletrônico para as pequenas cidades e a geografia de modo em geral.

Mas essa nova perspectiva nos remete a uma revisão conceitual da ciência
que trata da organização espacial sobre a materialização dos objetos e
equipamentos presentes no espaço na nova era digital. A escolha por este tema se
deu, principalmente, pelo desafio de trabalhar na perspectiva de uma nova forma de
negócio que nos conduz a uma espacialidade insólita pela falta de materialização de
objetos no espaço pelas empresas e a perspectiva de um consumo globalizado,
principalmente para o consumidor localizado nas pequenas cidades. Estas criam sua
estrutura com baixo estoque de capital, porém não só influenciam a dinâmica do
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comércio e a reestruturação empresarial — que engloba a produção; também


trabalham com o espaço geográfico como se este fosse um tabuleiro de xadrez onde
a organização das peças (objetos/cadeia produtiva) é a base para os movimentos
que conduzirão à vitória (fluxos/realização no mercado).

Os altos índices de crescimento dos centros urbanos, que trazem suas


intempéries, e a baixa oferta de produtos e serviços nas pequenas cidades geraram
uma demanda de facilidades e ofertas de produtos, criando espaço para o
nascimento e crescimento dos negócios realizados por meios digitais, conforme
veremos ao longo deste trabalho. Nesse sentido, as duas principais perguntas a
serem respondidas para a ciência geográfica são: o comércio eletrônico é capaz de
modificar o processo de formatação espacial já atribuído à dinâmica da velha
economia? O comércio eletrônico simplesmente eliminou algumas estruturas físicas
do comércio tradicional ou criou uma “espacialidade” paralela no mundo digital?

Assim, como um dos apontamentos na análise teórica sobre o referido


assunto, nessa transformação do paradigma comercial até então, em muitos casos a
empresa realiza a venda do produto (uma fotografia no website) sem tê-lo produzido;
fato este que exerce certa pressão do comércio sobre a indústria e cria caminhos
alternativos e virtuais no circuito do capital, à luz da teoria de Karl Marx.

Em continuidade da apresentação dos dados que demonstram o crescimento


da internet, o grande desenvolvimento do setor de comunicações através das
constantes melhorias nos sistemas já existentes e com o advento da internet que se
“populariza” em larga escala (Tabela 01) no Brasil nos anos 90 está mudando o
modo de efetivar a compra dos mais diversos produtos.

Tabela 01- Dados sobre uso da internet no Brasil: crescimento percentual (set. de 1997–
nov. 2018)
ANO DA POPULAÇÃO INTERNAUTA % DA FONTE DA PESQUISA
PESQUISA TOTAL POPULAÇÃO INTERNAUTAS
(MILHÕES)
(MILHÕES)
2018/nov. 209,0 116 56,6% IBGE
2015/set. 204,9 106,6 51,6% Banco Mundial
2011 203,4 70,18 45,7% Banco Mundial
2006/dez. 188,6 51,96 28,2% Internet WorldStats
2005/jan. 185,6 25,90 13,9% Internet WorldStats
2004/jan. 178,4 20,05 11,5% Nielsen NetRatings
2003/jan. 176,0 14,32 8,1% Nielsen NetRatings
2002/ago. 175,0 13,98 7,9% Nielsen NetRatings
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2001/set. 172,3 12,04 7,0% Nielsen NetRatings


2000/nov. 169,7 9,84 7,1% Nielsen NetRatings
1999/dez. 166,4 6,79 5,8% Computer Ind. Almanac
1998/dez. 163,2 2,35 1,4% IDC
1997/dez. 160,1 1,30 0.8% Brazilian ISC
1997/dez. 160,1 1,15 0,7% Brazilian ISC
Fonte: CÂMARA BRASILEIRA COMÉRCIO ELETRÔNICO/CBCE, 2019.

Nesse contexto, podemos considerar que a internet nasce do casamento


entre a evolução dos sistemas de comunicação e a evolução do setor de informática.
Ambos receberam investimentos maciços após a entrada no período recessivo da
economia que se iniciou com a crise do petróleo de 1973 (RANGEL, 2005). Esse
autor destaca tal evolução nos sistemas como forma de retomar o crescimento por
países do centro do sistema, sobretudo Estados Unidos, que já haviam lançado
investimentos nesse setor durante a Segunda Guerra Mundial através de empresas
como a IBM.

A entrada da IBM no mercado de computadores pessoais (PC), em 1981, foi


de grande importância para a legitimidade e a credibilidade do nascente
setor. Dois anos após o lançamento do PC, a IBM detinha 75% do mercado,
que continuava a crescer. Em 1984, havia 19 milhões de PC’s em uso nos
Estados Unidos, distribuídos em partes iguais entre lares e empresas.
Embora a IBM ultrapassasse rapidamente as vendas da Apple, esta
continuava a construir um segmento fiel e lançar inovações destinadas a
simplificar a operação do PC. (MAYO; NOHRIA, 2008, p. 20).

A tecnologia de informação possibilitou conhecer mais as tendências de


consumo da sociedade, em especial o fato de que o acesso da sociedade ao
mercado se tornou mais próximo e dinâmico. Peter Drucker (2001), analista da
administração empresarial que acumulou larga experiência trabalhando como
consultor de empresas como General Motors e outras, faz certos apontamentos
sobre o comércio eletrônico que se mostram convenientes a este estudo. Diz ele:

O comércio eletrônico é para a revolução da informação o que a ferrovia foi


para a Revolução Industrial — um avanço totalmente novo, totalmente sem
precedentes, totalmente inesperado. Fazendo uma analogia com a ferrovia
de 170 anos atrás, o comércio eletrônico está criando uma nova explosão,
mudando rapidamente a economia, a sociedade e a política. (DRUCKER,
2001, p. 92).

Com efeito, vivenciamos um segundo momento desse padrão de consumo. A


análise mercadológica já tem como preceito que a tecnologia de informação está
sendo cada vez mais difundida na sociedade, passa a explorar os métodos e a
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metodologia de venda via meio digital e a analisar o padrão de consumo dentre os


produtos oferecidos na grande rede. Para a geografia, esse ponto se torna
fundamental em sua análise espacial, pois, após anos de exploração da
espacialidade do comércio na cidade, temos a plena certeza da localização dos
pontos comerciais, mas não a do consumidor, que, graças à tecnologia, pode estar
localizado em qualquer parte do mundo. Esta lógica se complementa e se torna mais
interessante à análise pelo ponto de vista do consumidor, que mantém uma relação
mais virtual com o ponto comercial do que geográfica; ou seja, o endereço da loja
passa ser o eletrônico, e não mais o de sua representação física. Para tanto,
encontramos a relação estabelecida entre produção, distribuição, troca e consumo,
em sua análise conjuntural sobre o sistema capitalista conforme (MARX, 2003, p.
242);

A produção dá os objetos que correspondem às necessidades; a


distribuição os reparte de acordo com as leis sociais; a troca reparte de
novo o que já está distribuído segundo a necessidade individual; e,
finalmente no consumo, o produto desaparece do movimento social,
convertendo-se diretamente em objeto e servidor da necessidade individual
e satisfazendo-a com disfrute. A produção aparece assim como o ponto
inicial; o consumo como ponto final; a distribuição e a troca como o centro,
que por isso mesmo é dúplice, já que a distribuição é determinada como
emana dos indivíduos.

A compra pela internet se dá através de uma página eletrônica (website)


criada pela empresa que apresenta, através de fotografias, textos e vídeos, produtos
e informações organizados por setor. A maioria das páginas eletrônicas contém uma
ferramenta de busca de produtos que facilita e dinamiza o processo de compra.
Quando o consumidor escolhe o/s produto/s desejado/s por meio de sua seleção, a
página gera um boleto — ou links — para que ele informe seus dados do cartão
magnético, a fim de que a compra seja efetivada. Feito isso, a informação é enviada
automaticamente a uma central e, logo, ao centro de distribuição, que cuidará do
envio. Para o consumidor, essa página eletrônica pode ser acessada em qualquer
parte do globo; mas os centros de distribuição ou locais para retirada de produto
estão localizados no espaço e impõem à empresa a necessidade de entregá-los de
forma tão rápida quanto sua aquisição, para que esse instrumento de compra crie
uma gama cada vez maior de usuários.

Nessa lógica, a logística espacial para as empresas — grandes e pequenas


— torna-se determinante central de seu sucesso no mercado, tanto na captação de
matérias-primas quanto na organização da produção, no gerenciamento da
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produção e do comércio e na realização da mercadoria para a sociedade. Desse


modo, para a ciência geográfica, a análise pode ser realizada não só nos
condicionantes logísticos, formadores deste espaço, mas também nas influências
diretas na materialização de aspectos sociais e econômicos trabalhados por autores
da geografia econômica e na receptividade dessa tecnologia pelo comportamento de
consumo da sociedade, como trabalhado por autores que enfatizam mais a linha
sociológica, a exemplo de Manuel Castells (2003).

Outro fator importante nessa análise se refere à revisão de conceitos que


fundamentam a ciência geográfica, tais como espaço, tempo e territorialidade
dessas corporações.

As redes já mudaram o modo de comunicação nos Estados Unidos. Todos


os dias ocorrem milhões de negócios entre dezenas de milhares de
conexões em alta velocidade, através de computadores espalhados por
todo o mundo. Em apenas alguns segundos, transmitem-se centenas de
páginas pelos Estados Unidos. Solicitações alcançam a Inglaterra, Japão ou
Austrália com um rápido movimento de tela do computador, e respostas
chegam antes que uma chamada telefônica ou transmissão por fax seja
concluída. Os programas armazenados em mainframe na Califórnia podem
ser descarregados instantaneamente em um desktop em Nova York,
usando apenas alguns comandos simples. Pesquisadores de Universidades
e laboratórios corporativos de desenvolvimento, que nunca se encontram
pessoalmente, colaboram em base on-line para desenvolver e testar novos
produtos, economizando meses, ou mesmo anos no processo. (CRONIN,
1995, p. 1).

O número crescente de websites, fato esse que denota não somente a


democratização da tecnologia, mas também — e, sobretudo — o crescente
investimento em propaganda e negócios realizados pela via eletrônica. No entanto
— cabe frisar —, a tecnologia de informação mostrou-se, em um primeiro momento,
como novidade restrita a alguns grupos, como aconteceu também com a tecnologia
de telefonia móvel. Os grupos de alta renda e a classe média alta tornam-se, dessa
maneira, consumidores de novidades nesse ramo de novidades. Para o comércio
eletrônico, é importante ser destacado que, embora as páginas eletrônicas sejam
disponibilizadas para todo o mundo, existe o condicionante do consumo que é
limitado pela língua; nesse caso, o pós-fixo “.com.br” delimita a regionalização
brasileira das empresas no mundo virtual; esse exemplo pode ser usado para o
mundo todo. Nesse sentido, o comércio eletrônico e outras formas de uso da internet
são realizados, na maioria dos casos, de forma regional para os brasileiros, que
usam as páginas eletrônicas nacionais para compras ou lazer.
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É nesse espaço cuja lógica de construção e cujas dinâmicas se diferenciam


das do espaço geográfico tradicional que vemos margem para análises geográficas;
isto é, nessa lógica vemos um espaço para aplicar conceitos da geografia. Esse
espaço paralelo e virtual cuja existência é movida pelo e-commerce e pelo e-
business denominamos aqui de “e-espaço”. Assim, na proposta deste trabalho, o “e-
espaço” se torna uma proposta de conceito geográfico quando nos referimos à
análise das espacialidades criadas no mundo virtual. Tal perspectiva, em nossa
leitura, está focada na dinâmica econômica, mas pode ser realizada por outros
prismas.

Feita essa retomada do nascimento da internet, das raízes de sua


incorporação para finalidade econômica e de seu primeiro paralelo com a ciência
geográfica, analisaremos a seguir o comércio eletrônico em sua face teórica para
traçar novos paralelos com a geografia.

O Perfil do consumidor brasileiro e a perspectiva para as pequenas cidades.

Ao analisarmos a atividade comercial nos termos conceituais da ciência


geográfica, podemos associá-la, principalmente, ao que tange à construção do
espaço geográfico. Deste modo, como o percorrer da história econômica do século
XX, período este posterior as ideias de Karl Marx o aumento da concorrência no
setor produtivo, mas principalmente no setor comercial, conduziu as grandes
corporações a investirem em constantes estratégias de domínio de mercado, e
melhorias no setor logístico das cadeias de valor formada por diversas empresas.
No entanto, ainda dentro desta perspectiva percebe-se que o setor comercial, tanto
na relação entre empresas, ou com os consumidores, vem se destacando frente ao
setor produtivo.

Segundo dados do E-Bit, portal eletrônico do Grupo Buscapé, que avalia e


gera dados censitários de consumo e grau de satisfação dos consumidores na
internet, apesar da queda do índice da variação no aumento do consumo por meio
do comércio eletrônico pelos seguintes dados: Variação de 2012 para 2013 (28%),
2013 para 2014 (24%) e de 2014 para 2015 (15%), o comércio eletrônico mostrou
uma alta em seu faturamento: 2013 (28,8 Bilhões de reais), 2014 (35,8 Bilhões de
reais) e em 2015 (41,3 Bilhões de reais), sendo que o incremento no número de e-
consumidores ativos diminuiu significativamente nos índices de variação de 2013
para 2014, onde passamos de cerca de 31 milhões para 38 milhões, com relação à
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variação de 2014 para 2015 onde foi acrescido um pouco mais de 1 milhão de e-
consumidores, e chegamos ao número final de 39.141.590 de e-consumidores em
2015.

Outro dado importante a ser destacado nos dados da atividade de comércio


eletrônico no Brasil, é o crescente aumento do consumo realizado por meio de
equipamentos eletrônicos denominados de mobile (Tablets e Smartphones), onde
saímos de uma taxa de 0,0% em janeiro de 2010 para 9,7% em janeiro de 2015,
dado este em que podemos analisar os “gargalos” infra estruturais que ainda
ocorrem no setor privatizado do setor de telecomunicações, onde apesar do
aumento significativo do índice, o consumidor ainda encontra dificuldades de realizar
compras e consultas comparativas por meio dos mobiles nas pequenas cidades pela
falta de uma rede 3G nestes municípios, como é o caso empírico do município de
Monte Carmelo, localizado na região de planejamento do Alto Paranaíba em Minas
Gerais, que possuí em população estimada em 47.937 habitantes em 2015, segundo
dados do IBGE, e que não possuí em rede 3G em sua malha urbana por conta da
má administração das operadoras de telefonia presentes na cidade, enquanto que
no município de Romaria, localizado na mesma região de planejamento do estado,
com a população estimada em 2015 de 3.657 habitantes, segundo dados do IBGE, e
possuí uma rede 3G.

Segundo dados estatísticos da Empresa E-bit por meio do Relatório


Webshoppers sobre o panorama geral do Comércio Eletrônico em 2018:

Mesmo em um ano turbulento, com eventos como a Copa do Mundo,


eleições, alta do dólar e os impactos da Greve dos Caminhoneiros, o
comércio eletrônico brasileiro manteve a curva de crescimento em 2018 e
registrou faturamento de R$53,2 bilhões, alta nominal de 12%, comparado a
2017. Já são 58 milhões de consumidores online, ou seja, 27% da
população brasileira, o que representa um crescimento de 6% em relação
ao ano anterior. O setor é fomentado, principalmente, pelo crescimento no
número de pedidos, que, em 2018, alcançou a marca de 123 milhões, e o
ticket médio de compras foi de R$434, alta de 1%.

Outro dado a ser destacado no perfil do Comércio Eletrônico no Brasil em


2018 é o aumento no número de pedidos realizados, apesar do decréscimo da
variação nos últimos anos, conforme (Figura 01) a seguir:
365
TOLEDO

Figura 01- Brasil: Taxas de Aumento de Compras realizadas por meio do uso de
Smartphones

Fonte: E-Bit / Nielsen. 2019 – disponível em: <www.empresaebit.com.br> - acessado em


março de 2019.

Dentre as categorias mais pedidas e consumidas por meio do comércio


eletrônico em 2018, podemos destacar o aumento no volume de compras no setor
de perfumaria e cosméticos, conforme dados apresentados na (Figura 02) a seguir:

Figura 02- Brasil: Categorias mais vendidas em 2018 em volume de pedidos

Fonte: E-Bit / Nielsen. 2019 – disponível em: <www.empresaebit.com.br> - acessado em


março de 2019.

Com relação aos dados apresentados anteriormente na Figura 2, podemos


destacar o aumento na variação das categorias de consumo pela internet, uma vez
que no início da história do consumo pela internet no Brasil, os principais produtos
consumidos e negociados eram apenas livros e CD’s, pelo fato do consumidor ainda
estar experimentando e adquirindo confiança nesta nova ferramenta e
366
TOLEDO

automaticamente não produzindo um ticket alto (valor do produto) por este meio,
conforme (Figura 03) a seguir:

Figura 03- Brasil: Variação do Tíquete Médio nos últimos anos

Fonte: E-Bit / Nielsen. 2019 – disponível em: <www.empresaebit.com.br> - acessado em


março de 2019.

Hoje, com a difusão da tecnologia de comunicação, apesar dos gargalos infra


estruturais, e o barateamento dos aparelhos eletrônicos pela lógica toyotista de
envelhecimento precoce, o volume de compras pela internet aumentou, assim como
também houve um aumento relativo do ticket médio e uma abordagem maior no
escopo dos produtos adquiridos por este meio, conforme apresentado na Figura 3.

Deste modo, a pequena cidade contextualizou-se neste enredo econômico,


não apenas pela inserção de novos e-consumidores que buscam suprir suas
necessidades de consumo globalizadas, superando assim a oferta local, pela
demanda global, mas também criando a oportunidade para os pequenos e médios
negócios já presentes nestas cidades, disponibilizarem seus produtos e serviços por
meio da internet, fazendo que arranjos produtivos locais, se tornassem globais.

O crescimento dos negócios realizados pela internet criou a oportunidade de


novas economias que se agregam e dão suporte para o crescente usufruto do
comércio eletrônico nas pequenas cidades. Além de o comércio físico buscar sua
inserção no comércio por meio virtual, ainda foram criados portais eletrônicos de
vendas diretas ao consumidor4 ou os denominados marketplaces que caracterizam
enquanto portais eletrônicos que estabelecem o diálogo entre consumidores e

4
Fato este que não substituí a demanda por estruturas físicas, pois apesar da loja ser virtual, há a
necessidade da presença de depósitos e outros locais para preparar as mercadorias vendidas para
serem despachadas.
367
TOLEDO

pequenas comércios que disponibilizam seus produtos para a venda através da


internet.

O comércio eletrônico e a abordagem geográfica

As novas tecnologias de comunicação dadas pela internet, à criação do


comércio eletrônico e o crescente número de usuários vêm trazendo, para o setor
logístico das empresas, uma crescente demanda de melhorias e agilidade de seus
respectivos setores logísticos. Essa busca na excelência logística fez que o mercado
avaliasse melhor aquelas empresas que têm uma melhor conjuntura logística de
seus fornecedores e uma melhor logística para entrega e inserção de seus produtos
no mercado, e esta estrutura logística conecta as pequenas cidades aos grandes
centros urbanos. A (Figura 04) a seguir representa esse cenário criado entre o
recebimento de “insumos” para o setor produtivo — representado pela relação
comercial entre as empresas e seus fornecedores através do B2B (business-to-
business) —, a relação entre os comerciantes e o mercado consumidor através do
B2C (business-to-consumer) e a relação comercial entre pessoas físicas através do
C2C (consumer-to-consumer).

Figura 04- Logística e Tipos de comércio eletrônico

Fonte: TEZZA et al., 2008, p. 4.

O volume de movimentação de mercadorias pela internet, apesar se seus


crescentes índices, ainda representa uma pequena parcela do varejo como um todo,
no entanto, faz com que os comércios existentes, principalmente nas pequenas
368
TOLEDO

cidades, busquem acompanhar esta nova tendência de mercado. A Tecnologia de


comunicação auxiliou o contato entre consumidores e os pequenos negócios
existentes nos municípios de menor porte, seja por meio das páginas eletrônicas
que realizam concretização das vendas, ou a simples divulgação dos produtos
existentes na loja física. Esta nova perspectiva abriu campo para empresas ligadas
ao desenvolvimento de páginas (sites) e demais estruturas na internet.

Manuel Castells faz considerações importantes sobre o uso da tecnologia da


internet no setor produtivo e empresarial.

A internet está transformando a prática das empresas em relação com seus


fornecedores e compradores, em sua administração, em seu processo de
produção e em cooperação com outras firmas, em seu financiamento e na
avaliação de ações em mercados financeiros. Os usos adequados da
internet tornaram-se uma fonte decisiva da produtividade e competitividade
para negócios de todos os tipos. (CASTELLS, 2003, p. 56).

Na análise geográfica, Milton Santos faz uma explanação sobre a influência


da inovação tecnológica no espaço de maneira em geral. Segundo ele, a inovação
tecnológica criou uma série de objetos no espaço, agilizando o fluxo de mercadorias
e informações que dão base à consolidação do capitalismo; sobretudo, criou um
meio que ele denominou de técnico-científico-informacional, para o qual “O espaço
torna-se fluído, permitindo que os fatores de produção, o trabalho, os produtos, as
mercadorias, o capital passe a ter uma grande mobilidade” (SANTOS, 2005, p. 42).
Tal meio técnico-científico-informacional seria

[...] o terreno de eleição para a manifestação do capitalismo maduro, e este


também dispõe de força para criá-lo. São duas faces de uma mesma
moeda. Por isso, esse meio técnico-científico geografiza-se de forma
diferencial, isto é, de forma contínua em algumas áreas contínuas já
mencionadas, e de modo disperso no resto do país. A tendência, porém, em
todos os casos, é a conquista, relativamente rápida, de mais áreas para o
meio técnico científico, ao contrário do meio técnico, que o precedeu como
forma geográfica e difundia-se de forma relativamente lenta a certamente
mais seletiva. (SANTOS, 2005, p. 43).

Outra perspectiva a ser destacada neste contexto está na constante busca


por parte do e-consumidor por agilidade logística na concretização de sua compra.
Neste sentido, o que temos acompanhado em nossas observações sobre o
mercado, é uma busca por parte das grandes e pequenas empresas em suprirem
esta demanda, não somente pela instalação de novos Centros de Distribuição como
369
TOLEDO

acontece nas grandes empresas como o Atacadista Martins, Magazine Luíza e


outras nos setores de Atacado e Varejo, mas por conta do empreendedorismo de
pequenas empresas ligadas ao comércio eletrônico, que são o resultado de estudos
de potencialidades regionais na relação de oferta e demanda, melhores incentivos
espaciais com relação à tributação urbana e melhor atendimento logístico, tanto para
o consumidor localizado nestes pequenos municípios, como também fornecendo
insumos para os pequenos negócios presentes na cidade.

A loja ligada ao setor de vestuário nas pequenas cidades tem por


característica geral a venda por multimarcas, pois sua demanda por parte dos
consumidores locais é pequena para com cada marca ofertada pela mesma. Assim,
a presença de grandes franquias nas pequenas cidades não é uma característica
comum à mesma. Neste sentido, estas lojas multimarcas são por muitas vezes
atendidas por fornecedores diretos, ou por compras feitas pela internet.

O B2B (Business-To-Business), ramo do comércio eletrônico que caracteriza


pela relação entre empresas por meio de comercialização de produtos e insumos
para a produção, ou a relação de pequenos empreendedores de um mesmo ramo
ligados por uma franquia, como é o caso da relação de pequenos supermercadistas
ligados pela Rede Smart de Supermercados, do Grupo Martins.

No enfoque de aquisições e fusões, os grandes grupos atacadistas estão


investindo no setor varejista, a exemplo do grupo Martins, de Uberlândia (MG) que
durante 50 anos de história investiu em suas atividades atacadistas e, nos últimos 5
anos, construiu uma rede varejista com mais de 600 lojas de supermercados de
pequeno porte — a rede Smart. A atuação do grupo no setor de atacado e varejo
fornece, hoje, informação para si mesmo, graças ao pleno controle de estoque, pois
existe a tecnologia entre seus pares. Esta tecnologia de informação implantada na
rede permite com que o atacadista tenha uma maior eficiência logística e
conhecimento sobre o perfil de consumo ligado principalmente às pequenas cidades
em que a rede está presente.

Ao analisarmos o caso de grandes grupos corporativos a exemplo do Martins,


é importante estabelecer conexões com uma ideia maior. Portanto, ao analisarmos o
apontamento de CHANDLER (1988, p. 264) sobre a empresa multiunitária, podemos
enxergar os casos empresariais brasileiros, como os varejistas trabalhados antes:

A moderna empresa administra várias divisões, fábricas, minas e outros


complexos em uma ou mais atividades econômicas básicas de produção,
370
TOLEDO

distribuição, transporte e financiamentos em lugares dispersos e, não raro,


em diferentes setores industriais. Sua hierarquia gerencial exerce suas
funções primordiais mediante uma estrutura organizacional e um sistema de
controle determinados. A moderna empresa, como antes definida, surgiu e
prosperou nos setores da economia nos quais pôde coordenar as unidades
produtivas mais eficientemente do que os mecanismos de mercado,
reduzindo os custos unitários e aumentando a produtividade.

Assim, o campo de trabalho para setor o administrativo torna-se fundamental,


pois a concorrência entre os grandes grupos é um jogo de mercado que somente
pode ser vencido com bons estrategistas. A ideia de multiunitárismos de Chandler
(1988) está vinculada diretamente com o domínio de mercado através do escopo,
que somente se torna possível pela marca consolidada. Para o consumidor, a
relação estipulada entre a marca e sua qualidade correspondente é o que dá
segurança ou não na hora da compra pela internet e o que garante a qualidade de
atendimento e das mercadorias oferecidas por uma mesma rede, desde grupos com
cinco hipermercados até aqueles com mais de mil filiados, como a rede Smart.

Cabe ainda salientar que esta perspectiva ligada à moderna empresa,


concretizada tecnologicamente pelas relações dadas por meio do B2B, influenciam
as pequenas cidades por conta de fornecimento de insumos tanto na parte agrícola
como pequenas produções específicas. Ainda na perspectiva do comércio
eletrônico, ainda podemos destacar o crescente mercado gerado pelos
Marketpleces, ao exemplo da Empresa Elo7, que consiste em um portal eletrônico
que estabelece a relação comercial entre artesãos de todo o país, contando com
mais oito milhões de artesãos que fornecem seus produtos por meio deste portal, e
que teve um crescimento de 127% no ano de 2015, levando esta empresa a buscar
mercado em países da América Latina como a Argentina e o Uruguai. Umas
significativas parcelas destes artesãos residem e têm seus negócios nas pequenas
cidades.

Consideremos o paralelo que CHANDLER (1988, p. 260) traça entre o


desenvolvimento tecnológico e a mudança no quadro empresarial, em que:

[...] essas diferenças podem ser consideradas variações de um mesmo


tema. A mão visível da gerência substituiu a mão invisível das forças de
mercado onde e quando a nova tecnologia e o crescimento dos mercados
possibilitaram um volume e uma rapidez sem precedentes no fluxo de
materiais através dos processos de produção e distribuição. A moderna
empresa comercial foi, portanto, a reação institucional à rapidez do
progresso tecnológico e ao incremento da demanda do consumidor nos
Estados Unidos na segunda metade do século XIX.
371
TOLEDO

Aqui consideramos o comércio eletrônico uma inovação, sobretudo


administrativa no setor de vendas e é trabalhado segundo conceitos administrativos
como inovação na relação entre comerciante e cliente. Essa inovação pode ser vista
em duas faces: o e-commerce e o e-business.

O termo e-commerce representa o modo de compra realizado entre pessoa


física e pessoa jurídica (consumidor–loja). Nessa área do comércio eletrônico, as
lojas ou empresas que investiram na internet têm, na maioria dos casos, a divisão
entre loja “presencial” e loja “virtual”. Ambas apresentam o mesmo escopo de
produtos e serviços, mas o que destacamos aqui é que a disponibilização de
produtos pela internet cria uma gama de consumidores que pode estar localizada
em qualquer lugar do território e — por que não? — do globo. Essa possibilidade
exige das empresas uma alocação estratégica de centros de distribuição que não
mais obedecem só à lógica de localização pelas lojas presenciais. Dentre esses
setores do varejo, que disponibiliza os diversos produtos e serviços comercializados
na internet, podemos citar o exemplo do setor de lojas de departamentos (Casas
Bahia, Ponto Frio, Americanas, Magazine Luiza e outras).

A segunda face do comércio eletrônico — o e-business — caracteriza-se por


ser a realização comercial entre empresas, ou seja, entre pessoas jurídicas.
Segundo alguns autores da área de administração que tratam do assunto, a
evolução do e-commerce é o e-business. O e-business como evolução da
perspectiva comercial é à base do arranjo empresarial e de comunicação que
coordena a rede de negócios. Se considerarmos o e-business como terceira fase de
crescimento do comércio eletrônico, então podemos vê-lo da seguinte maneira:

Chamamos esta fase de e-business, e ela inclui todas as aplicações e os


processos que permitem a uma empresa realizar uma transação de
negócios. Além de englobar o comércio eletrônico, o e-business inclui
atividades de contato e de retaguarda que formam o mecanismo principal
do negócio moderno. Assim, o E-business não trata apenas de transações
de comércio eletrônico ou de compras e vendas pela internet. É uma
estratégia global de redefinição dos antigos modelos de negócios, com o
auxílio de tecnologia, para maximizar o valor do cliente e dos lucros.
(ROBISON; KALAKOTA, 2002, p. 24).

Ao mesmo tempo, ainda nessa perspectiva de locação, de controle e de


comunicação entre os fixos da rede de negócios, encontramos um cenário rico nos
estudos das dinâmicas empresariais respaldadas pela sua transformação estrutural
da economia, como salientado antes, e a plena realização de sua lógica espacial de
372
TOLEDO

dinamização da produção. No estudo dessa face do comércio eletrônico, algumas


indagações se fazem presentes: como as corporações trabalham com seu estoque,
uma vez que possuem sua rede de lojas? Como está espacializada a rede logística?
Como funciona sua rede de distribuição de produtos, visto que o consumidor está
em qualquer parte do território nacional (ou do mundo, para alguns produtos)? Quais
são as dificuldades e soluções para suprir a desigualdade quantitativa de tempo na
relação entre venda e entrega? Quais são as estratégias de marketing utilizadas por
estas empresas para o estímulo do consumo on-line? E as empresas estabelecem
apenas o contato entre consumidores, através dos leilões on-line ante essas
corporações? Por outro lado, criamos a principal indagação no que concerne à
relação entre comércio e indústria: qual face tem mais peso sobre a outra? Quem
induz quem? Qual é a complexidade existente ao longo da cadeia produtiva?

A partir dessas indagações, realizamos um diálogo entre o comércio


eletrônico (suas variadas faces) e o cenário empresarial atual na perspectiva
macroeconômica a fim de interpretar a organização espacial como objeto da
geografia.

Neste sentido, entendemos que as empresas que realizam negócios por meio
de uma página eletrônica está em todos os lugares possíveis em que o consumidor
consegue ter acesso a esta pagina eletrônica, e desta forma o alcance pode se
tornar global, se todos as barreiras de linguagem não forem consideradas, tanto por
parte do consumidor que pode estar localizado em um pequeno município, mas que
não encontra barreiras com a língua apresentada pela página eletrônica, como por
parte da empresa que hoje tem disponível diversos tradutores automáticos para sua
página eletrônica.

Assim, a presença da empresa em questão não requer estrutura física para


que a mesma possa realizar a mercadoria, e neste ponto da discussão, alguns
autores não comungam da ideia que a “presença” da empresa é apenas mensurada
apenas pelo consumo, pois apontam que a mercadoria realizada será entregue ao
consumidor por estruturas físicas existentes (que vem sendo constantemente
inovadas e com cada vez mais concorrentes). No entanto, consideramos aqui que a
mercadoria já foi realizada pelo meio eletrônico, e que a denominada entrega ao
consumidor se dará por meio de outras empresas, sejam estatais ou privadas.

Deste modo, nesta concepção, o que podemos avaliar sob a ótica da ciência
geográfica, é a “disputa” entre diferentes empresas no cenário virtual em um
373
TOLEDO

“espaço” virtual para venderem suas mercadorias à consumidores localizados em


qualquer parte do globo que tenha acesso à internet e uma mínima logística
necessária. Assim, os estudos sobre a organização dos estabelecimentos
comerciais nas pequenas cidades, por exemplo, são diretamente afetados, tendo em
vista que muitos dos pequenos estabelecimentos presentes no município em
questão, não vendem tantas mercadorias, como o volume de mercadorias que
chega diariamente pelo correio e outras empresas logísticas para um consumidor
que possuí uma “janela” muito mais ampla para o mercado brasileiro e internacional.

Considerações Finais
Nesse sentido, ao realizarmos uma pesquisa sobre o comércio eletrônico,
remetemos essa perspectiva ao entendimento das transformações do comércio de
forma a apresentar-se em diferentes faces. O consumo pela internet, para o caso
brasileiro, ainda não se tornou realidade: os dados são “tímidos”; mas encontra-se
em plena fase de expansão, como mostram os dados anteriormente apresentados.
No entanto, sua realização social, ou ao que podemos atribuir ao papel da plena
“fetichização” da mercadoria, apresenta-se de forma considerável em razão de
“marcas” já consolidadas no mercado e que subsidiam o padrão de consumo dos
produtos negociados pela internet. O exemplo mais claro dessa afirmativa está no
consumo e na certeza — atribuída pelo consenso popular — de que a compra de
produtos eletrônicos tem mais garantia quando associada a marcas como Sony,
Phillips, Panasonic e outras.

Dessa maneira, seguindo o desenvolvimento histórico do circuito do capital, o


comércio eletrônico dinamiza o principal fator na articulação do comércio com a
produção: a informação. À medida que compramos produtos pela internet, estamos
fornecendo aos agentes comerciais a informação sobre nossas preferências de
consumo através de cadastros e registros em newsletters (informativos dos websites
de compra). O banco de dados construído através desse ferramental técnico
fornece, ao comércio, meios de negociar com a produção mais precisa. Uma vez
que o circuito do capital é, de certa maneira, invertido quando compramos um
produto em websites que oferecem mercadorias — ainda não produzidas —, isso
cria certa pressão sobre a indústria; afinal, esta precisa produzir um produto já pago
e realizado, segundo a perspectiva de Karl Marx, pelo comércio através do
pagamento com cartão magnético (meio que retém a informação de consumo), de
374
TOLEDO

modo que o consumidor o receba o quanto antes graças a um trabalho logístico


seguindo a política do just-in-time, que fideliza o consumidor ao agente comercial
(website). O avanço das tecnologias de comunicação possibilitou à moderna
empresa ser mais bem caracterizada, a investir no aumento de escopo e, logo, a
conduzir um processo de crescimento horizontal, dando nova dinâmica ao dito
espaço geográfico.

Com o aumento da população brasileira (sobretudo a urbana), a cidade se


torna o grande obstáculo para a perfeição da entrega das mercadorias adquiridas
por meio do comércio eletrônico; ao mesmo tempo, suas intempéries transformaram-
se no principal motivador para que classes médias e grupos de alta renda
explorassem o comércio eletrônico em uma escala intraurbana. O consumidor em
um município pequeno busca, através das páginas eletrônicas de grandes lojas,
adquirir produtos que o comércio local não oferece, influenciando-o através da
concorrência. Os produtos comercializados nessa última perspectiva incluem: livros,
CDs, eletroeletrônicos e outros.

Esse entendimento do comércio eletrônico associado com transformações


recentes na lógica empresarial — logo, macroeconômica — e numa análise à luz da
ciência geográfica cria uma leitura das empresas e de sua organização espacial que
se insere na relação entre sociedade e natureza pela dinâmica do meio técnico-
científico-informacional, seja no espaço geográfico tradicional ou no “e-espaço”.

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TECNOLOGIA (SEGET), 5.; SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA
(SEGET), 5., Resende: Associação Educacional Dom Bosco, 2008. v. 1.

NOTAS DE AUTOR
CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA:

Pedro Eduardo Ribeiro de Toledo - Concepção. Coleta de dados, Análise de dados, Elaboração do manuscrito
e revisão da versão final do trabalho

FINANCIAMENTO
Não se aplica.

CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM


Não se aplica.

APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA


Não se aplica.

CONFLITO DE INTERESSES
Não se aplica.
376
TOLEDO

LICENÇA DE USO
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HISTÓRICO
Recebido em: 08-04-2019
Aprovado em: 28-05-2020

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