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4.5.

1 Responsabilização das plataformas virtuais pelo comércio ilícito

Nos últimos anos, o comércio virtual tem se tornado cada vez mais
presente na vida das pessoas. Com isso, surgiram também os desafios
relacionados à responsabilização das plataformas virtuais pelo comércio ilícito
realizado em seus ambientes. De acordo com a legislação brasileira, as
plataformas virtuais não podem ser responsabilizadas de forma objetiva pelo
conteúdo publicado por terceiros em suas redes. No entanto, isso não significa
que as plataformas estejam isentas de qualquer tipo de responsabilidade.
É possível responsabilizar as plataformas virtuais pelo comércio ilícito
realizado em suas redes quando estas têm conhecimento prévio do conteúdo
ilícito e não o retiram do ar. Neste sentido, as plataformas virtuais podem ser
consideradas coautoras dos delitos praticados pelos usuários de suas redes.
É importante ressaltar que a retirada do conteúdo ilícito não é suficiente
para isentar as plataformas de sua responsabilidade. É necessário que estas
também implementem mecanismos para evitar a ocorrência de novos casos de
comércio ilícito em suas redes. No Brasil, o Marco Civil da Internet,
estabelecido pela Lei 12.965/2014, traz algumas disposições relacionadas à
responsabilidade das plataformas virtuais. De acordo com o artigo 19 do Marco
Civil, as plataformas não podem ser responsabilizadas por danos decorrentes
de conteúdo gerado por terceiros, exceto nos casos em que descumprem
ordem judicial específica. (ALVES e MELO, 2021)
Além disso, a responsabilidade das plataformas virtuais não se limita
apenas ao âmbito jurídico. As plataformas também têm responsabilidade social
e ética em relação ao comércio ilícito realizado em suas redes. Essas
plataformas virtuais têm o poder de influenciar os comportamentos dos
usuários e, portanto, têm o dever de contribuir para a construção de um
ambiente digital mais ético e responsável. Para isso, as plataformas devem
implementar políticas internas que promovam a transparência e a cooperação
com as autoridades no combate ao comércio ilícito. (PINTO, 2019)
Cada situação deve ser avaliada levando em consideração as
particularidades do caso e a legislação aplicável. Diante disso, pode-se concluir
que a responsabilização das plataformas virtuais pelo comércio ilícito é um
tema complexo e que exige uma análise cuidadosa. As plataformas virtuais têm
a responsabilidade de garantir um ambiente digital seguro e ético para seus
usuários e, para isso, devem implementar mecanismos eficazes de prevenção
e combate ao comércio ilícito.
As plataformas precisam estar atentas às suas obrigações legais e
éticas e tomar medidas eficazes para coibir a venda de produtos ilegais em
suas plataformas. Além disso, é preciso que os órgãos governamentais atuem
de forma mais efetiva para fiscalizar e regular o comércio virtual, garantindo a
proteção dos direitos dos consumidores e a segurança jurídica das empresas
envolvidas no setor. (ROCHA, 2020)
É possível afirmar que a responsabilização das plataformas virtuais pelo
comércio ilícito é um tema complexo e que ainda gera muitas discussões. É
necessário que haja um equilíbrio entre a liberdade de comércio e a proteção
dos direitos dos consumidores e das empresas envolvidas. A atuação dos
provedores de internet e dos órgãos governamentais é fundamental para
garantir a efetividade das medidas tomadas e a segurança jurídica das
empresas e dos consumidores no comércio virtual.

PINTO, João Matheus Alves. Responsabilidade civil das plataformas de


comércio eletrônico nos casos de infração à propriedade industrial. 2019.

ALVES, Fabrício Germano; DE MELO, Lucas Rodrigo Duarte.


Responsabilidade civil por danos morais coletivos causados pela veiculação de
publicidade enganosa nas plataformas de Marketplace. Revista Vianna
Sapiens, v. 12, n. 2, p. 22-22, 2021.

ROCHA, GUSTAVO HENRIQUE FERREIRA. O COMÉRCIO


ELETRÔNICO E A PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR: aspectos jurídicos acerca
da responsabilidade civil. 2020.

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