reconhecido por Reconhecido por Decreto do Conselho de Ministros n.

º 26/07, de 07 de Maio de 2007

______________________________________________________________________
CURSO SUPERIOR DE DIREITO
Exame de Recurso
Nome do Aluno:
Turma:DIR1N Ano: 1º Nº de Matricula:
Data da Prova: Nº na Pauta:
Disciplina: DIREITO CONSTITUCIONAL I

Classificação: Em números Por extenso Assinatura do Professor:

José da Cruz

1. A história constitucional angolana demonstra-nos que, até ao ano de

2010, o nosso país nunca teve uma Constituição. – Diga se esta
afirmação é verdadeira ou falsa e justifique. (2v)

R: Sendo a Constituição a emanação da vontade soberana de um povo

através da eleição do órgão constituinte com legitimidade para criar a
Constituição, é sim correcto dizer-se que a primeira e única Constituição
do Estado angolano independente é a lei fundamental de 2010. Desde a
independência até esta data, o Estado angolano sempre foi guiado por leis
constitucionais ( de 1975 e de 1992). Enquanto leis fundamentais do
Estado, foram documentos jurídicos que não obedeceram aos pressupostos
e requisitos básicos estudados na doutrina do constitucionalismo para
serem chamados de verdadeiras constituições. Tanto em 1975, como em
1992, o povo angolano nunca foi tido nem achado para legitimar o poder
político, em eleições livres, justas e democráticas, para criar a
Constituição angolana. Isto só foi possível no ano de 2008, em cujas
eleições emanou a primeira assembleia constituinte que criou a
Constituição de 2010.

2. Para termos hoje uma lei suprema que define o Estado angolano
como “Estado democrático de direito”, foi necessário passar por
quatro diferentes fases.

a) Identifique-as. (2v)
R: Período colonial, período da primeira República, período da
segunda República, período da terceira República.

b) Contextualiza cada uma. (4v)

1
Sede: Talatona, Luanda Sul, Luanda – Angola
reconhecido por Reconhecido por Decreto do Conselho de Ministros n.º 26/07, de 07 de Maio de 2007
______________________________________________________________________
R: -O período colonial vai da invasão portuguesa à independência
nacional (1975).
-A primeira República inicia com a independência política e
consequente implementação de um regime político inspirado no
socialismo marxismo-leninista, até o ano de 1991, quando inicia a
transição política do socialismo para a democracia
multipartidária.
-A segunda República é marcada com a entrada em vigor da
segunda lei constitucional angolana (1992), que culminou com a
realização das primeiras eleições presidenciais e legislativas em
Angola. Este período foi marcado ainda pelo retorno à guerra e a
vivência de um longo período de instabilidade político-social.
Destaque também para este período o fim da guerra civil no país
(2002), que permitiu o retorno da estabilidade política e
democrática, materializada com a realização das segundas
eleições presidenciais e legislativas (2008), dezasseis anos depois
da realização das primeiras eleições.
-A terceira República marca a vivência de uma nova era
constitucional, com a aprovação da primeira Constituição da
República de Angola (2010).

3. Descreva os contornos que levaram a elevação do território

angolano à categoria de Estado. (2v)
R: O território angolano assume a categoria de Estado quando, no
ano de 1971 o Estado colonialista português produz uma revisão
constitucional e em consequência é aprovada uma nova Lei Orgânica
do Ultramar Português. Nos termos desta Lei, à Angola foi atribuída
a designação de Estado de Angola. Neste mesmo documento, Angola
foi designada como uma região autónoma da República portuguesa
dotada de uma personalidade jurídica de direito público interno, com
a designação de Estado, tendo como órgãos do Poder interno o
Governo-geral de Angola, a Assembleia Legislativa angolana e a
Junta Consultiva.

2
Sede: Talatona, Luanda Sul, Luanda – Angola
reconhecido por Reconhecido por Decreto do Conselho de Ministros n.º 26/07, de 07 de Maio de 2007
______________________________________________________________________
4. Identifique os órgãos do poder político angolano decorrentes da
original lei fundamental de 1975. (2v)
R: Presidente da República, Conselho da Revolução, Governo e
Tribunais.

5. Quantas revisões sofreu a primeira “lei mãe” do Estado angolano

independente? (0.5v)
R: Sete (7).

a) Situe, em termos de datas, a primeira e a última. (1v)

R: A primeira foi a 11 de Novembro de 1976 e a última foi a 31 de
Janeiro de 1987.

6. A lei fundamental angolana de 1992 trouxe alterações profundas na

nova organização do Estado, desde a forma de governo, sistema
político, modelo económico, garantias dos cidadãos, exercício do
poder político, etc. – Disserte sobre o tema em questão, cingindo-se
aos aspectos aflorados. (6.5v)
R: O sistema constitucional democrático em Angola começou com a aprovação da Lei
constitucional de 1992, que permitiu a realização das primeiras eleições de 29 e 30 de
Setembro deste mesmo ano, permitindo que os cidadãos angolanos votassem pela
primeira vez na escolha dos seus representantes para a Assembleia Nacional e para
Presidente da República. Foi uma lei constitucional mais avançada em relação à
anterior, que começou por mudar o nome do país de República Popular de Angola para
República de Angola, adoptando os princípios de um verdadeiro Estado democrático de
direito. Destaque também para o reforço da protecção e garantia dos direitos e
liberdades fundamentais dos cidadãos, com destaque para a proibição da pena de
morte. No plano político-governativo, materializou-se a separação dos poderes entre os
órgãos de soberania, identificados como o Presidente da República, o Governo, o
Parlamento e os Tribunais e a adopção de um sistema de governo semipresidencialista,
em que o Presidente da República assumia apenas a chefia do Estado, sendo o exercício
da governação da competência de um governo colegial liderado por um Primeiro-
Ministro.
Em termos económicos, a economia centralizada foi substituída pelo modelo de
economia de mercado e o reconhecimento da propriedade privada. Destaque também
para a criação, pela primeira vez, de um Tribunal Constitucional, com o fim de exercer
as funções de garantia da constitucionalidade das leis e fiscalização da Constituição,
embora a sua implementação de facto só veio a dar-se em 2008.

3
Sede: Talatona, Luanda Sul, Luanda – Angola