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DIREITO CONSTITUCIONAL
• Quando a Constituição já não reflecte o projecto político pretendido surge uma nova
Constituição seja por ruptura com a anterior seja por revisão.
• ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
• OS DIREITOS FUNDAMENTAIS
• . Um dos grandes marcos a assinalar nesta primeira Constituição Portuguesa foi o
da proclamação de direitos fundamentais, na esteira da inspiração iluminista e liberal
que estimulou a Revolução de 1820.
• O conjunto de direitos, para além da sua consagração ao nível constitucional e de
um modo tipológico, tocava vários domínios, no âmbito do ideário liberal, a partir da
trilogia "liberdade, segurança e propriedade” sendo de elencar os seguintes direitos
enumerados:
• - a liberdade em geral, a segurança, a propriedade e o direito a indemnização no
caso de expropriação,
• - a proibição da prisão sem culpa formada,
• -a inviolabilidade do domicílio,
A CONSTITUIÇÃO DE 1822
• - a liberdade de expressão,
• - a liberdade de imprensa,
• - o direito de petição
• - a inviolabilidade da correspondência.
A CONSTITUIÇÃO DE 1822
• Era também possível deparar com mais alguns outros direitos fundamentais não
enumerados, ainda que do mesmo modo muito relevantes noutros lugares do texto
constitucional: o direito à cidadania e a liberdade de culto privado para
estrangeiros.
• Numa possível síntese dos grandes domínios em que estes direitos, fundamentais
inovaram em Portugal, cumpre referir estes como mais significativos:
• ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
• As Cortes
• O Rei
• Os Tribunais
A CONSTITUIÇÃO DE 1822
• O rei era ainda auxiliado pelo Conselho de Estado, órgão de natureza consultiva, e
composto por treze cidadãos, eleitos para um mandato de 4 anos.
• Ele devia ser ouvido pelo Rei «nos negócios graves, e particularmente sobre dar ou
negar a sanção das leis; declarar a guerra e a paz e fazer tratados» (art. 167.°).
Competia-lhe igualmente propor ao Rei pessoas para os lugares da magistratura e
para os bispados».
• TRIBUNAIS
• Os tribunais, de diversas instâncias, reservavam o poder judicial numa concepção
estrita da sua independência, pois que "O poder judicial pertence exclusivamente aos
juízes. Nem as Cortes nem o Rei o poderão exercitar em caso algum. Não podem
portanto avocar causas pendentes; abrir as findas; nem dispensar nas formas de
processo prescritas pela lei».
A CONSTITUIÇÃO DE 1822
• UNIÃO REAL
• Esta primeira vigência da C1822 foi muito efémera, já que logo 1823, poucos
meses depois seria revogada pela "Vilafrancada", repondo –se com D. Miguel, a
ordem institucional pré-constitucional, só vigorando de 23 setembro de 1822 a 2 de
Junho de 1823.
• É ainda de referir que este texto, em qualquer dessas duas vigência' jamais sofreria
qualquer alteração constitucional, ou mesmo qualquer aditamento.
A CARTA CONSTITUCIONAL
• Se é verdade, como se disse, que este texto constitucional era demasiado liberal
para o seu tempo, não é menos verdade que o tempo também já não era de Estado
pré-constitucional, tendo as raízes do Liberalismo, depois de feita a Revolução
Liberal, apreciavelmente frutificado.
• .Daí que tudo se conjugasse para uma solução de equilíbrio, mantendo-se uma
ordem constitucional, mas temperada de alguns excessos cometidos, na tentativa de
se fazer a "ponte" entre os legitimistas - encabeçados por D. Miguel - e os liberais -
chefiados por D. Pedro IV, entretanto imperador do Brasil.
A CARTA CONSTITUCIONAL
• Foi assim que a C1826 nasceria num especial contexto de Restauração, numa linha
compromissória, reconhecendo-se que a C1822 tinha ido longe demais,
• A outorga régia do texto constitucional e as suas três vigências
• I. O resultado foi o da outorga de um texto constitucional, por D. Pedro IV, nome de "Carta
Constitucional para o Reino de Portugal, Algarves e Domínios", em 29 de abril de 1826, no
Rio de Janeiro, com a seguinte sistematização, num total de 145 artigos.
• A Carta tinha o desejo de reafirmar o poder real por isso não só não afirma o princípio da
soberania popular como ainda concede ao rei um importante papel: o rei continua como
supremo chefe do poder executivo e também passa a ser detentor do poder moderador. O
poder moderador foi uma novidade e passava a ser o 4º poder. Este poder dava ao rei a
possibilidade de: nomear os Pares, convocar as Cortes, dissolver a Câmara dos
Deputados, nomear e demitir o Governo, suspender os magistrados, conceder amnistias e
perdões e vetar (a titulo definitivo) as resoluções das Cortes. O poder legislativo foi
entregue às Cortes, que estavam divididas em duas câmaras: a dos Deputados e a dos
Pares. O poder judicial era composto por juizes e jurados.
A CARTA CONSTITUCIONAL
• Título V — Do Rei
• Título VIII — Das disposições gerais e garantias dos direitos civis e políticos dos
cidadãos portugueses
A CARTA CONSTITUCIONAL
• Contudo, essa não foi uma vigência contínua, antes uma vigência encaixada em três
distintos períodos, em articulação com outros tantos acontecimentos político-
constitucionais:
• A terceira vigência aconteceria depois do golpe de Costa Cabral, em que poria fim à
vigência da C1838 e, no momento, restauraria a vigência da C1826, desta feita
continuamente até à implantação da República em 1910.
A CARTA CONSTITUCIONAL
• OS DIREITOS FUNDAMENTAIS
• . O Rei era titular de dois distintos poderes, o poder moderador e o poder executivo,
cabendo à dinastia da casa de Bragança:
• o poder moderador, de exercício individual, incluía a prática de atos necessários ao
equilíbrio do sistema político, como a dissolução da Cortes, a demissão dos ministros
ou o poder de veto;
• o poder executivo compreendia a prática de atos de administração, exercido pelos
seus ministros e secretários.
• Na economia dos poderes públicos, a proeminência cabia ao poder moderador, facto
que seria mesmo proclamado pelo texto constitucional: "O Poder Moderador é a
chave de toda a organização política, e compete privativamente ao Rei como Chefe
Supremo da Nação, para que incessantemente vele sobre a manutenção da
independência, equilíbrio e harmonia dos mais Poderes Políticos"
A CARTA CONSTITUCIONAL
• IV. Os tribunais exerciam o poder judicial, que "...é independente, e será composto
de Juízes, e Jurados, os quais terão lugar, assim no Cível como no Crime, nos casos
e pelo modo que os Códigos determinarem"'.
• .Fontes e projecto
• Costuma dizer-se que representa uma síntese entre os textos de 1822 e 1826. Na
realidade, está mais perto do primeiro do que do segundo, porque reafirma a
soberania nacional, restabelece o sufrágio directo e elimina o poder moderador,
embora institua uma segunda Câmara (a Câmara dos Senadores) e aumente os
poderes do Rei em relação aos atribuídos pela Constituição de 1822.
O CONSTITUCIONALISMO SETEMBRISTA E A CONSTITUIÇÃO DE 1838
• Mas esse projecto não tinha ainda condições para se impor demoradamente e, cedo,
o Decreto de 10 de Fevereiro de 1842- golpe de Estado de Costa Cabral-
restauraria a Carta Constitucional. Viria a ser a Regeneração, nove anos mais tarde,
a fazer aquilo que poderia ter sido a função histórica do setembrismo: a pacificação
da sociedade portuguesa e a conciliação dos partidos desavindos, mas numa
perspectiva agora mais próxima de 1826 do que de 1822.