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Vestefália
Data

O TRATADO DE VESTEFÁLIA

A conferência teve lugar entre 1643 e 1648,

Resultado da Guerra dos 30 anos (católicos e protestantes)

O conflito tinha como protagonistas (para além dos movimentos religiosos) Sacro
Império Romano Germânico, a França, a Suécia e a Espanha

motivos religiosos: Cristãos vs protestantes

motivos políticos: Desejo de por um fim ao poderio dos Habsburgos

Espanha era governada por Filipe IV

FRANÇA E SUÉCIA FORAM AS GRANDES VENCEDORAS DA CONFERÊNCIA

Carlos V:

Herdou o Sacro Império

Membro da casa dos Habsburgos que mais expandiu territorialmente o Sacro


Império

Revitalizou o conceito de monarquia universal (uma monarquia acima das


outras monarquias

Representa também o Auge do Império - que logo em seguida entra em


declínio.

Lidou com a reforma protestante, com conflitos com o Império Otomano

Declarou Lutero um fora da Lei pela Dieta de Worms (1521)

Último Imperador a receber a coroação papal (em Bolonha pelo Papa


Clemente III - 1530)

Vestefália 1
A FRANÇA

Opunha-se contra a hegemonia dos Habsburgos

Tinha abdicado do Calvinismo desde 1594

O Monarca era Luís XIII (até 1643) e depois Luís XIV - Primeiro Ministro era
Richelieu (morreu em 1642) foi substituído para Mazarino

Richilieu foi o grande arquiteto da hegemonia francesa, criador das teorias de


FRONTEIRA ESTÁVEL E ALIANÇAS CRUZADAS

Visava a fragmentação do Sacro Império (e conseguiu que houvesse Estados-


tapão que impediam o contacto direto entre a França e o Império.

LOGISTICA DAS NEGOCIAÇÕES

Osnabrück - protestantes

Münster - católicos

A França contestou a separação das deliberações em duas cidades como manobra


de desestruturação do Império

A língua oficial era o latim

Ocorreu entre 1643 e 1648, mas devia ter começado um anos antes

A Áustria atrasou a ratificação da Ata de Hamburgo

1. Planos de negociações

Império vs Suécia

Império vs França

Império vs Católicos

Relação entre os estados alemães que formavam o Império

Assiste-se a manifestação do princípio de diretorios (as grandes potências tomam


as decisões que serão também aplicadas aos outros Estados)

2. Estados participantes:

França, Suécia, Espanha, Império, Ducado de Saboia, Ducado da Toscana,


Ducado de Lorena, Baviéria, Áustria, Bispado de Osnabrück e Margrave de Bona e
Ratisbona.

Vestefália 2
Portugal fez parte através da Comitiva francesa porque a Espanha não aceitou sua
participação como um igual já que para esta, Portugal era um de seus territórios
rebeldes

O papado enviou representantes mas não participou como um Estado igual.

3. Inovações diplomáticas

Negociações multilaterais

Figura do mediador (figura neutral por natureza) ou deputações partidárias


(membros de ambas as partes tentavam uma resolução) - As decisões eram
vinculativas.

REPRESENTAÇÃO FRANCESA

A estratégia: Gizada por Richelieu mas aplicada por Mazarino

A comitiva: Primeiro Ministro, o Duque de Orléans, um experiente diplomata e um


informante.

Objetivos: Descredibilizar, fragilizar e fragmentar os três eixos sob domínio dos


Habsburgos (SEPARAR O RAMO HABSBURGO QUE CONTROLAVA O IMPÉRIO
DO QUE CONTROLAVA A ESPANHA

Em 1645 apresenta uma série de propostas às várias delegações relativas à


questão da defesa das liberdades alemães - aceitá-las fez com que fosse a França
a decidir sobre o modelo de Império (aumentou a influência da França)

Outra vitória francesa foi a ALIANÇA FORMADA ENTRE A SUÉCIA E OS


PRÍNCIPES ALEMÃES PROTESTANTES

O Império - Estava fragilizado pelas Guerras religiosas

A Espanha - Estava fragilizada pelas Revoltas em Portugal, Catalunha,


Andaluzia e Países Baixos

Itália (estava sob grande influência dos Habsburgos)

RESULTADOS

1. Geopolíticos

Fragmentação do Império

Os Países Baixos afastaram-se tanto da França quanto da Espanha

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Suécia passa a exercer influência sobre a região do Báltico (atual Estônia, Lituânia
e Letônia)

1. Políticos

Fim da ordem teocrática, surgimento de uma ORDEM LAICA - PAZ DE


AUGSBURGO (cujus regio, ejus religio)

Valorização da SOBERANIA DOS ESTADOS - O Papa perde a centralidade


política

Equilíbrio de poder (conceito de igualdade soberana que nunca foi aplicada)

fronteira estável - os vizinhos devem ser pacíficos e de preferência mais fracos

Alianças cruzadas (Richelieu) - Aliar-se a um Estado Menor, próximo de um


inimigo.

Os objetivos franceses incluíam também a neutralização da Alemanha através da


fragmentação em dezenas de mini-Estados, AFASTANDO A ÁUSTRIA E
ISOLANDO A ESPANHA.

A ESPANHA FOI O PAÍS QUE SAIU EM MAIOR DESVANTAGEM

Uma série de conflitos internos

Conflitos externos essencialmente com a França

Tratado dos Pirineu 1659: O Rei Luís XIV casou-se com a princesa do trono
Espanhol, Maria Teresa de Habsburgo (o que posteriormente lhe daria a
possibilidade de reivindicar o trono espanhol). Para além de precisar fazer
concessões territoriais à França. Imposição da hegemonia francesa.

INOVAÇÕES ALCANÇADAS ATRAVÉS DA PAZ DE VESTEFÁLIA

Soberania dos Estados

Representação diplomática permanente

Exército permanente

Aparelhos administrativos centralizados e bem desenvolvidos

Não ingerência em outros estados

PORTUGAL

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Crise na sucessão do trono Portugues após a morte de D. Sebastião (1578) e de D.
Henrique (1580)

Felipe II assume o trono português através de uma união pessoal.

D. João IV através do projeto de Restauração da Independência - 1640 (!)

Morreu em 1656, assumiu D. Luísa depois D. Afonso VI e em seguida D. Pedro

A diplomacia portuguesa tinha então a missão de fazer as cortes europeias


reconhecerem Portugal como um Estado independente e o D. Pedro como seu rei,

Para além de combater a Espanha, Portugal tinha que enviar resistência à suas
colônias, já que Angola e Brasil estavam sendo alvo de incursões Holandesas (as
questões atlânticas ganham profunda importância inclusivamente apoiadas pelas
obras do Padre António Vieira)

O Atlantismo foi um rumo claro assumido pelas relações exteriores de Portugal.

MISSÕES DIPLOMÁTICAS

Suécia - Esta até firma acordos com Portugal, o que em si acaba por ser um
reconhecimento de Portugal como um Estado soberano. Porém, não de jure, o que
significa que pode haver uma regressão a qualquer momento sem prejuízo à
Suécia. É enviada também missão à Dinamarca, mas essa pretendia ser
mediadora da Guerra pelo que não poderia interferir em questões problemáticas
com deliberantes da guerra (no caso Espanha)

Holanda - São firmados acordos com a Holanda, mas Portugal acaba por precisar
acatar a presença destas nas colônias, até a Batalha dos Guararapes em 1649
quando consegue expulsar a Holanda do Nordeste brasileiro. Posteriormente as
relações entre os Estados é cortada por iniciativa dos Países Baixos, 1654 a
questão relacionada ao Brasil se resolve com a assinatura do Armistício de Recife.
Adiante a Holanda até tenta reclamar sua presença no território brasileiro, mas a
Grã Bretanha intervém em favor de Portugal o que resolve a situação.

França

Em 1641 é assinado o Tratado de Amizade Luso-Francês (revalidado em 1655)


mas este NÃO É RATIFICADO POR MAZARINO. = PRIMEIRO
RECONHECIMENTO DO REI D. JOÃO IV

Vestefália 5
O Tratado dos Pirineus (1659) estabelecendo a paz entre França e Espanha
poderia acabar por direcionar a força espanhola para os conflitos com Portugal.

A França também se afastou de Portugal recomendado D. Afonso a abandonar


o trono.

Mazarino pretende (em favor da relação com Espanha) cortar relações com
Portugal, o Conde de Soure apresenta então 27 Razões para que tal não
ocorra, mesmo sendo convidado a se retirar da França. O Conde também
forma um partido pró-português que recebe inclusivamente apoio de Luís XIV
que após estes acontecimentos afasta Mazarino em 1660. Tal ajuda na
consolidação da posição portuguesa.

Inglaterra - Tratado de Westminster assinado por pressão de Cromwell cujo a luta


não tinha merecido o apoio português (o acordo foi desfavorável para Portugal).
Num período de grande dinamização política na Inglaterra, em 1661 é assinado um
novo acordo que favorece o comércio inglês em Portugal (essencialmente na zona
do Porto)

Santa Sé - (insucesso total) O Papado se mantinha aliado à Espanha. Só em 1670


que o Papa reconheceu D. João como rei de Portugal.

PRECEDENTES DA GUERRA DOS 30 ANOS

O Sacro Império Romano Germânico não tinha uma aparelhagem burocrática


administrativa bem desenvolvida e também não tinha um sólido exército próprio (o
exército do Imperador eram os exércitos dos senhores feudais)

Após a queda do Império Romano, com o advento do cristianismo entende-se que


os seres humanos são todos iguais perante Deus (e perante a lei). É desenvolvido
também uma dualidade entre o poder espiritual (cidade de Deus) e o poder
temporal (cidade terrena). O Papa utilizou essa dualidade como subterfúgio para
afirmar que a igreja era a cidade de Deus, e que o seu líder recebia poder
diretamente de Deus. Por outro lado, o poder político seria a cidade terrena (sendo
visto como sanção divina pelo pecado inicial). São Tomás de Aquino vai discordar
de São Agostinho (que defendia o argumento dual) e afirmará que o poder é dado
ao povo por Deus, e estes, o transferem para seus governantes, pelo que é
possível depor um líder tirano. Aquino abre a porta para a cisão entre o temporal e
o espiritual.

Vestefália 6
A influência do poder Papal ( Res Publica Christiana) no poder político nem sempre
agradava os reis europeus.

O Sacro Império Romano Germânico pretendia-se uma monarquia universal, uma


monarquia acima das outras monarquias.

Reforma Protestante

Martinho Lutero, a partir das suas 95 teses (1517) trás o princípio de contacto
direto com Deus, sem a necessidade de intermediários. Intercede também em
favor do fim das indulgências (venda da remissão dos pecados) pelo que gera
uma maior responsabilização terrena por parte dos cristãos.

Os líderes feudais decidiram patrocinar o protestantismo para gerar


instabilidade ao Papa e ao Império (visavam a limitação do poder destes). Os
líderes políticos do leste vão impor à suas populações que perfilam o
protestantismo e vão também confiscar os territórios que anteriormente
pertenciam à [prostituta da babilônia]

Em resposta, os líderes cristão vão pedir ajuda aos senhores feudais cristãos o
que vai permitir a formulação do conflito.

A ideia de monarquia universal baseada na Res Publica Christiana vê-se


impossibilitada por uma ruptura dentro da cristandade.

LIGA DE ESMALCALDA - Aliança entre príncipes protestantes, confiscaram terras


da igreja, expulsaram bispos e líderes católicos e apoiaram a propagação do
luteranismo na Alemanha.

Vão combater Carlos V em 1547 (e vão perder), ressurgem em 1552 (e vão


ganhar :))

Carlos V assina em 1555 a Paz de Augsburgo reconhecendo a possibilidade de se


professar o luteranismo nos limites do Império; Cuius Regio Eius Religio (a
permissão veio influenciada pelo poderio militar dos apoiantes de Lutero)

Carlos V retira-se do papel de Imperador em 1555. Passa o Império para o irmão


Fernando II (!) passando Nápoles, Sicília, a Coroa da Espanha e dos Países Baixos
para o filho Filipe (I de Espanha e II de Portugal)

Fernando II para além de Imperador do Sacro Império foi também reconhecido


como Rei da Boêmia

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Era extremamente católico, considerado o príncipe modelo da contra reforma,
quando assumiu o trono do Império voltou atrás com a decisão de Carlos V de
permitir a profissão do Luteranismo.

Enviou uma comitiva à Praga em 1618 para conversar com os Príncipes


protestantes, estes jogaram os emissários de Fernando II pela janela (que
caíram numa montanha de dejetos animais) = Defenestração de Praga (II)

Após a Defenestração, Frederico V (chefe da união protestante) é eleito Rei da


Boêmia no lugar de Fernando II = ESTOPIM PARA A GUERRA DOS 30 ANOS

Fases da guerra dos 30 anos: 1ª - Boêmia, 2ª- Dinamarquesa, 3ªSuéca, 4ª


Francesa.

1540/1541 - Dieta de Ratisbona (Hatsborna) - Conferência realizada em Hatsborna


que visava por meio do debate teológico restaurar a unidade religiosa entre
católicos e protestantes

O Imperador já lidava com a ameaça de guerra dos Otomanos, as negociações


com o rei francês e com a Guerra dos 30 anos em si, havia uma necessidade
de unificar a igreja para pacificar a Germânia

Legado Papal representando os cristãos e Philip Melanchton representando os


protestantes

Houve um consenso entre os quatro primeiros artigos (integridade do homem


antes da queda, livre arbítrio, sola fide e sobre o pecado original) mas cristãos
e protestantes não conseguiram acordar sobre os outros tópicos em debate, o
Imperador queria que ficasse firmado os acordos com base nos artigos iniciais
e que os restantes seriam posteriormente alvos de novos debates. Lutero por
não sentir verdade em nos emissários enviados pelo Imperador fez o seu
consentimento depender de condições que ele sabia que não seriam aceitas
pelos católicos.

Roma declarou que as questões divergentes só poderiam ser discutidas em


concílio

A falta de resolução levou até mesmo os católicos a cogitarem uma


aproximação com a França contra o Imperador.

Lutero decidiu rejeitar até mesmo os artigos que posteriormente haviam sido
alvos de acordo. Em 5 de julho os participantes rejeitaram os esforços do

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Imperador pela União. “todas as questões religiosas e eclesiásticas deveriam
ser deixadas para o Papa” (os católicos estavam mais desconfiados do Império
do que dos Protestantes)

1642 Richelieu sugere que se convocasse uma conferência para negociar a Paz, o
Imperador concorda, mas determina que as negociações vão acontecer em
cidades diferentes (para que as potências católicas e protestantes ficassem
separadas, assim não precisaria enfrentar seus adversários ao mesmo tempo)

A conferência também veio por um fim na Guerra dos 80 anos (Espanha e Países
Baixos)

A PAZ DE VESTEFÁLIA (é o resultado dos três acordos abaixo) REVER!

1. Paz de Münster

2. Tratado de Münster

3. Tratado de Osnabrück

Princípio anti hegemônico: distribuição de capacidades e poderes entre diferentes


estados; equilíbrio de poder.

Promoção da economia entre estados

1648 é considerada a gênesis das Relações Internacionais

PÓS VESTEFÁLIA

Consolidação do poder por parte de monarcas absolutistas (o que pavimenta o


caminho para o liberalismo: nexo de liagaçã

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