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II grupo, mini- turma 2

Finarda Caetano
João Gujamo
Narciso Mandlhate
Sónia Chichongue

Congresso de Viena e o seu impacto

Licenciatura em Ensino de História

Unisave Massinga
2021
II grupo, mini- turma 2
Finarda Caetano
João Gujamo
Narciso Mandlhate
Sónia Chichongue

Congresso de Viena e o seu impacto

Docente: Dr. Sheila Macuacua

Trabalho de, História contemporânea


da Europa e América do século XIX a
XX, a ser entregue no departamento
de Ciências Sociais e Filosofia para
efeitos avaliativos.

Unisave Massinga
2021
Índice
0. Introdução ....................................................................................................................................... 4
1.Objectivos .............................................................................................................................................. 4
1.1. Gerais ................................................................................................................................................. 4
1.2. Específicos ......................................................................................................................................... 4
1.3. Metodologias...................................................................................................................................... 4
CAPÍTULO I ........................................................................................................................................... 5
2. O Império Napoleónico................................................................................................................... 5
CAPITULO II ........................................................................................................................................... 7
3. Congresso de Viena (1814-1815). ........................................................................................................ 7
O Regulamento de Viena sobre a classificação entre os agentes diplomáticos .................................... 9
3.1. Princípio de Legitimidade ................................................................................................................ 11
A declaração das potências sobre a abolição do tráfico negreiro de 8 de Fevereiro de 1815 ............. 13
3.2. Impacto do Congresso de Viena ...................................................................................................... 13
CAPITULO III ........................................................................................................................................ 14
4. Santa Aliança................................................................................................................................. 14
V. Conclusão ........................................................................................................................................... 16
VI. Bibliografia ....................................................................................................................................... 17
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0. Introdução

O presente trabalho surge no contexto da Cadeira de História Contemporânea da Europa e


América séc. XIX a XXI e tem como tema: Congresso de Viena e o seu Impacto. No que
concerne ao Congresso de Viena onde após a derrota de Napoleão em Leipzig, os representantes
dos países vencedores reuniram-se em um congresso na cidade de Viena, em Setembro de 1814,
para solucionar os problemas surgidos em consequência da Revolução Francesa.

Os principais objectivos do Congresso de Viena eram refazer o mapa político europeu visando a
uma partilha da Europa entre os Quatro Grandes (Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia) - e
restaurar o Antigo Regime, ou seja, a ordem feudal - absolutista.

1.Objectivos

1.1. Gerais
 Compreender o congresso de Viena e o seu Impacto.

1.2. Específicos
 Descrever o Período Napoleónico;
 Contextualizar o Congresso de Viena e o seu Impacto;
 Explicar a Santa Aliança.

1.3. Metodologias
Para a materialização e elaboração deste trabalho recorreu-se a vários procedimentos que
combinados permitiram a harmonização e a coerência da pesquisa, desde a selecção de obras, a
recolha de informação, artigos da internet, análise, discussão, sistematização e compilação de
assuntos no documento final.

Espera-se que o presente trabalho possa contribuir nos debates inerentes ao tema em estudo que é
congresso de Viena, e também pode vir a servir de ficha de leitura para os próximos trabalhos da
mesma linha de pesquisa.
5

CAPÍTULO I
2. O Império Napoleónico
A ascensão de Napoleão ao poder ocorreu quando os próprios membros do Directório
articularam um golpe de Estado, ocorrido no dia 18 Brumário do Ano VIII (9 de Novembro de
1799). (SCHNEEBERGER, 2006, p. 216).
Contando com a docilidade dos órgãos representativos da República Autoritária que se instalara,
o Primeiro Cônsul, em 1804, Napoleão Bonaparte se fez coroar Imperador dos Franceses com o
título de Napoleão I e instituiu o regime imperial pela Constituirão do Ano XII (1804).
(AQUINO, et all, 1987, p. 148).

O governo de Napoleão Bonaparte foi dividido em dois períodos, o Consulado (1799-1804) e o


Império Napoleónico (1804-1814). Algumas das reformas administrativas implementadas no
período napoleónico permanecem em vigor na administração francesa até os dias atuais.
(CÉSAR, et all, 2006, p. 50).

A política interna: Seu governo executou uma série de reformas que beneficiaram a burguesia
francesa. Dentre elas: fundou escolas públicas laicas de ensino básico em toda a França e, em
Paris, a escola francesa de ensino normal para preparação dos professores; criou o Código Civil
francês; tentou restabelecer a escravidão nas colónias (sofreu resistências e acabou perdendo o
Haiti) e desenvolveu políticas públicas que impulsionassem à indústria e o comércio nacional
francês. O governo de Napoleão também ratificou a redistribuição de terras promovida pela
Revolução e reformulou o sistema bancário criando uma moeda nacional, o franco, com o
objectivo de exercer maior controlo nos negócios fiscais. (Idem).

A política externa: A política externa do governo de Napoleão foi marcada pelo abandono da
diplomacia e dos acordos internacionais. Por volta de 1805, ele já tinha subjugado toda a Europa
continental, colocando reinos inteiros sob o comando de seus parentes e outros subordinados.
Entretanto, a Inglaterra com a sua poderosa marinha se apresentava como principal obstáculo às
suas pretensões. Enquanto esteve à frente do governo francês, a França participou de muitas
guerras e conflitos que resultaram na oposição das monarquias conservadoras que tornar-se-iam
unidas pela Santa Aliança. (Idem).
6

O Bloqueio Continental: Em Novembro de 1806, Napoleão decretou o Bloqueio Continental


que proibia todos os países do continente europeu de comercializar com a Grã-Bretanha,
vedando ainda aos países neutros o acesso aos portos franceses. Seu objectivo era fomentar a
indústria francesa abastecendo a Europa com seus produtos industrializados. Tal medida se
justificava pelo seu interesse de eliminar seu principal adversário (a Inglaterra) e dominar os
mercados europeus e ultramarinos. Contudo, a indústria francesa não foi capaz de suprir as
necessidades desse imenso mercado. Por outro, o comércio de cereais e outros produtos
primários (consumidos pela Inglaterra) praticado entre a coroa britânica e muitos países da
Europa continental foi interrompido pelo Bloqueio prejudicando a economia dos antigos
parceiros britânicos na Europa. Alguns países renunciaram ao Bloqueio Continental, sofrendo a
consequente invasão francesa, como nos exemplos de Portugal (invadido pelas tropas francesas
em 1807) e Rússia, invadida em 1812. (Idem).

A campanha da Rússia: Na Rússia, o exército napoleónico sofreu sérias perdas humanas e


militares, levando-o à quase total destruição devido ao contra-ataque do exército russo e ao
rigoroso inverno daquele país. Em 1814, com o objectivo de destruir o exército francês, foi
formado um grande exército europeu que acabou vencendo o exército de Napoleão e destruindo
o seu Império. (Idem).

O Governo dos Cem Dias: Com a queda de Napoleão, a dinastia dos Bourbons foi restaurada
com a coroação de Luís XVIII, irmão do rei Luís XVI, guilhotinado pela revolução. Porém,
aproveitando-se da insatisfação popular, Napoleão conseguiu retomar o poder, iniciando um
curto governo conhecido como o Governo dos Cem Dias. Após a definitiva derrota napoleónica,
na Batalha de Waterloo (1815), o rei Luís XVIII retornou ao trono. Todavia, sem base de
sustentação o retorno do Antigo Regime seria breve. (Ibid., p. 50-51).

O Tratado de Paris de 1814 apresenta alguns antecedentes do congresso de Viena

Segundo BUENO (2017, p. 623) Com a derrota das tropas napoleónicas e a restauração
borbónica, foi finalmente celebrado um tratado de paz entre as potências beligerantes. O Tratado
de Paz de Paris foi assinado, de um lado, pela França, militarmente derrotada, e, de outro, pela
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Áustria e seus principais aliados: Grã – Bretanha, Rússia e Prússia. Portugal e Suécia também
firmaram o tratado e a Espanha o assinou poucos meses após sua celebração. O Tratado de
Fontainebleau garantiu a abdicação de Napoleão. Era chegada a hora de estabelecer a paz com
uma França restaurada sob Luís XVIII e com fronteiras similares às de 1792.

O Tratado de Paris garantiu a protecção das relações comerciais e a segurança


dos nacionais franceses em território britânico de acordo com a cláusula da nação
mais favorecida (Artigo 12). Ademais, restabeleceu o direito de pesca dos
franceses na região de Terra Nova e no golfo de São Lourenço (Artigo 13). Em
matéria de direitos individuais, o Artigo 16 definiu o respeito das Altas Partes
Contratantes a todos os indivíduos, de todas as classes e condições, de não serem
perseguidos ou perturbados por suas opiniões políticas, bem como o respeito às
suas propriedades. Esse dispositivo visava impedir eventuais revanches realistas
contra partidários dos regimes anteriormente existentes, protegendo antigos
bonapartistas de perseguições na nova ordem que se instaurava. BUENO (2017,
p.649)
Finalmente, o Artigo 32 do Tratado de Paris forneceu a base legal para a celebração do
Congresso de Viena, ao estipular que, no prazo de dois meses, todas as potências que foram
engajadas de uma parte e de outra nas guerras napoleónicas, enviariam seus plenipotenciários a
Viena, para regulamentar, num congresso geral, os entendimentos que deveriam completar as
disposições do Tratado de Paris. (idem)

CAPITULO II

3. Congresso de Viena (1814-1815).


Segundo AQUINO, et all, (1987, p.151). Após a derrota de Napoleão em Leipzig, os
representantes dos países vencedores reuniram-se em um congresso na cidade de Viena, em
Setembro de 1814, para solucionar os problemas surgidos em consequência da Revolução
Francesa.
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Para CORREIA (1994, p.75) O Congresso de Viena, além de encetar uma nova
tentativa de regulação internacional, que pretendeu suplantar mais de duas décadas de
instabilidade e conflitos na Europa, deixou importantes legados para o direito internacional. Os
artigos de seu Ato Final, e seus anexos, redefiniram as fronteiras europeias, trataram da abolição
do tráfico de escravos, institucionalizaram a classificação dos agentes diplomáticos e abordaram
a livre navegação dos rios internacionais. Igualmente, conforme interpreta Pellegrino, tem início
um processo de codificação do direito internacional: resultado das disposições assumidas no
Congresso de Viena, de 1815, as nações deram curso ao compromisso de instalar, a partir de
então, um processo de codificação do direito internacional. Apesar dos entraves burocráticos, por
envolver a acomodação de interesses imediatos das partes concernidas, ainda assim foi possível
colher os primeiros resultados desse esforço, com o lançamento de um estatuto sobre a
precedência entre os agentes diplomáticos, o regime jurídico de alguns rios internacionais e a
abolição do tráfico de escravos. Com esta evolução técnica – jurídica, o direito ganhou maior
eficiência, passando a intervir em distintos segmentos das relações humanas.

Cumpre salientar que a iniciativa de convocação de grandes congressos


internacionais remonta a uma longa tradição congressual europeia, que antecede o
Congresso de Viena em vários séculos e que também o sucede. Essa tradição se
desenvolveu, desde a Idade Média, com a celebração dos concílios da igreja
católica.(idem)

A necessidade de soluções racionais e juridicamente ordenadas para dirimir conflitos levou à


frequente convocação de congressos no encerramento das principais guerras europeias, como
ocorreu com os congressos de Münster, Osnabrück, Nijmegen, Ryswijck, Utrecht, Cambrai,
Soissons e Aix–la–Chapelle e como voltaria a ocorrer no século XX.
As duas décadas de revoluções internas e guerras externas, com as consequentes injustiças e
violências praticadas, fortaleceram o desejo do restabelecimento de uma ordem jurídica
internacional. Quanto mais triunfava externamente a força sobre o direito, mais se fortalecia a
crença íntima na necessidade e dignidade do direito na vida dos povos. Era necessário
reintroduzir nas relações internacionais o espírito do direito. Dessa forma, o Congresso de Viena
encerra o conturbado período beligerante antecedente e inaugura novo sistema internacional.
(idem)
9

As negociações do congresso se iniciaram em setembro de 1814. Oficialmente, seus trabalhos


foram inaugurados em 1º de novembro de 1814, sendo seu Ato final firmado em 9 de junho de
1815.
Dentre os principais temas discutidos no Congresso de Viena, destacam – se seu
Regulamento sobre a classificação e a precedência entre os agentes
diplomáticos, a declaração sobre a abolição do tráfico de escravos e a livre
navegação dos rios internacionais.
Esse congresso contou com a participação de quase todos os Estados europeus afectados pelas
conquistas napoleónicas. Na verdade, embora se tratasse de uma assembleia internacional, as
decisões do Congresso de Viena foram tomadas pelos representantes das grandes potências, em
reuniões secretas: Destacaram-se Metternich, chanceler austríaco e inspirador do Congresso;
Talleyrand, representante francês, que agia com astúcia para diminuir as punições que
certamente a França sofreria; Castlereagh, defensor dos interesses comerciais britânicos;
Alexandre I, czar russo, ultra religioso e reaccionário, ambicioso por mais possessões territoriais;
e Frederico Guilherme III, rei da Prússia, que almejava a unificação dos Estados alemães sob sua
liderança. (Idem).

O Regulamento de Viena sobre a classificação entre os agentes diplomáticos


O desenvolvimento da diplomacia se relaciona com a actividade internacional dos
Estados que, durante séculos, representou sobretudo a consecução dos interesses nacionais,
delineada no âmbito da política externa e executada alhures mediante representações consulares
e diplomáticas. A diplomacia, desde a mais remota Antiguidade, constituiu importante
instrumento de promoção dos interesses dos Estados e se consolidou como relevante mecanismo
de solução pacífica de controvérsias nas relações internacionais. Outrossim, desempenhou
importante papel no desenvolvimento das actividades comerciais. CORREIA (1994, p.88)
Embora o carácter sagrado de embaixadores e representantes dos Estados acreditados perante
soberanos estrangeiros fosse reconhecido desde a Antiguidade, o estabelecimento de
embaixadores residentes de forma permanente é figura mais recente, surgindo entre soberanias
italianas do século XV. Os institutos da diplomacia se desenvolveram em diversas regiões e em
diferentes épocas. A partir do século XV, a necessidade de institucionalização e de uma
convivência pacífica entre os Estados italianos levou ao interessante desenvolvimento da
diplomacia. O surgimento da figura do embaixador propiciou uma relevante consolidação
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institucional e o fortalecimento do instituto obteve um papel crucial no período de relativa


estabilidade na península italiana. (idem)
Foi no Congresso de Viena a primeira tentativa codificadora no sentido de regulamentar a
complexidade das classes e dos agentes diplomáticos. O Regulamento constante no Anexo XVII
do Ato Final do Congresso de Viena, de 9 de junho de 1815, disciplinou a classe hierárquica dos
agentes diplomáticos a fim de tornar mais transparentes e céleres as negociações diplomáticas.
O Congresso de Viena inaugurou um importante Regulamento sobre a classificação dos
diplomatas, representando a primeira codificação sobre a diplomacia. O Regulamento teve o
mérito de acabar com as eternas disputas sobre a precedência dos chefes de missão, uma das
principais preocupações da diplomacia e frequente motivo de sérias desavenças entre as cortes.

As normas adotadas pelo Regulamento de Viena sobre a classificação de agentes diplomáticos


relativas à precedência chegaram aos nossos dias e se acham reproduzidas, mutatis mutandi, nos
artigos 14 e 16 da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961.
O Regulamento de Viena sobre a classificação entre os agentes diplomáticos foi firmado em 19
de março de 1815 por representantes da Áustria, Espanha, França, Grã–Bretanha, Portugal,
Prússia, Rússia e Suécia. As oito potências europeias contratantes visavam prevenir os
embaraços frequentemente apresentados entre os diferentes agentes diplomáticos, adequando
juridicamente a questão.(idem)
O direito diplomático e, mais exactamente, a questão dos privilégios e garantias dos
representantes decerto Estado junto ao governo de outro, constituíram o objecto do primeiro
tratado multilateral de que se tem notícia: o Regulamento de Viena, de 1815, que deu forma
convencional às regras até então costumeiras sobre a matéria.
A existência de um Regulamento se fazia necessária diante dos frequentes conflitos que ocorriam
quando um embaixador de um determinado Estado era recepcionado por um soberano com
preferência em relação a um embaixador de outro Estado. A ordem de precedência,
juridicamente acordada, visava padronizar o tratamento, evitando – se a ocorrência de conflitos
futuros.(idem)
Os principais objectivos do Congresso de Viena eram refazer o mapa político europeu-
visando a uma partilha da Europa entre os Quatro Grandes (Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia)
- e restaurar o Antigo Regime, ou seja, a ordem feudal - absolutista.
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Entretanto, vários obstáculos se opunham aos propósitos das potências vencedoras: a oposição da
burguesia, fortalecida com a Revolução Industrial; a difusão das ideias liberais e nacionais; as
transformações politicam, territoriais, económicas e sociais ocorridas durante a Revolução
Francesa, e as divergências entre as grandes potências. Esses obstáculos, os vencedores
acreditavam supera-los através da intervenção armada em qualquer país onde revoluções internas
viessem a afectar a segurança colectiva. Assim, as forças de conservação procuraram
restabelecer o equilíbrio europeu, isto é, a velha ordem que vigorava antes de 1789. (Idem).

Aproveitando-se das rivalidades entre as Quatro Grandes, Talleyrand, representante da França,


invocou:

3.1. Princípio de Legitimidade


A fim de que a França não fosse partilhada entre aqueles países. Segundo esse princípio, que
orientou os trabalhos do congresso, deveriam ser restauradas no poder as dinastias reinantes
antes de 1789, e cada país europeu deveria readquirir os territórios que possuía no período
anterior a Revolução Francesa. Ainda segundo o Principio de Legitimidade, qualquer alteração
dinástica ou territorial somente teria validade jurídica se tivesse o consentimento expresso do
legítimo proprietário. A França viu-se reduzida as fronteiras que possuía antes de 1792 (inicio
das guerras revolucionarias e de conquista), foi ocupada por tropas estrangeiras e teve de
entregar a sua marinha de guerra. A fórmula de Talleyrand, ainda que aceita, ficou condicionada
os interesses das grandes potências, que exigiram vantagens territoriais ou económicas - o
chamado Princípio das Compensações. (Ibid., p. 152).

Segundo Aquino et all (1987, p. 152), As decisões do Congresso de Viena estabeleceram


modificações jurídicas, políticas e territoriais, segundo o Princípio das Compensações.

A França ficou isolada, perdendo os territórios que conquistara entre 1792 e 1815, além de lhe
ser imposta pesada indemnização de guerra. A Inglaterra foi a grande beneficiada com a abolição
do tráfico de escravos e a livre navegação dos mares e rios, além de vantagens territoriais: a lha
de Malta (importante ponto estratégico no Mediterrâneo); as ex-colónias holandesas, a colónia
do Cabo (África do Sul) e a Ilha do Ceilão (próxima da Índia); e ainda a Guiana e as Ilhas Corfu,
Maurícia, Tobago, Trinidad, Heligoland e a Tasmania. (Ibid., 153).
12

A Prússia anexou parte da Polónia (a Pomerânia), e regiões do Reno, aumentando


consideravelmente o seu território. AQUINO, et all, (1987, p.154).

A Áustria coube parte da Polónia e os territórios italianos de Venezia e Lombardia, além da


tutela (direito de indicar governantes) sobre o restante dos Estados Italianos: os quatro ducados,
os estados pontifícios (governados pelo papa) e o reino de Napolês, a excepção do Piemonte,
receberam ainda a presidência da confederação Germânica (Alemanha). Além do mais,
conseguiu impedir a unificação da Itália e da Alemanha. (Idem).

A Rússia ficou com a maior parte da Polónia, readquiriu a Finlândia e recebeu a Bessarabia.
(Idem).

A Alemanha, apesar do fortalecimento da Prússia, continuou, em seu conjunto, como um país


fraco e dividido em vários Estados independentes, que formavam a Confederação Germânica,
sob a presidência da Áustria. (Idem).

A Itália ficou sob influência da Áustria, com excepção do Piemonte – que recebeu a Sardenha
dos Estados Pontifícios e de Nápoles (onde ficou no trono um Bourbon).
A Bélgica industrial foi incorporada a Holanda (como compensação pela perda das suas
colónias) formando o Reino dos Países Baixos. (Idem).

O Sistema de Congressos foi precursor no estabelecimento de mecanismos institucionais


responsáveis por regular as relações entre Estados soberanos com o objectivo da manutenção da
paz e da estabilidade internacional. Consistiu em um período no qual foi desenvolvida uma nova
forma de coexistência internacional visando moderar os conflitos armados e suprimir
movimentos revolucionários que ameaçassem o princípio da legitimidade. Embora não tenha
perdurado, marcou um passo decisivo na evolução das instituições internacionais, servindo como
precursor directo das conferências diplomáticas do fim do século XIX, da Sociedade das Nações
e das Nações Unidas, assim como de cúpulas diplomáticas contemporâneas que tratam dos mais
variados temas do sistema internacional. CORREIA (1994, p.97).
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A declaração das potências sobre a abolição do tráfico negreiro de 8 de Fevereiro de 1815


Outra questão abordada no Congresso de Viena foi a declaração das potências sobre a abolição
do tráfico negreiro de 1815. O assunto era extremamente polémico no início do século XIX e a
abolição do tráfico sofria oposição ferrenha de países como Portugal e Espanha, ainda
envolvidos com o comércio de escravos africanos para as Américas e sua utilização como mão-
de-obra em suas colónias. Por seu turno, a Grã – Bretanha, que havia abolido o tráfico de
escravos em 1807, pressionava as demais potências europeias a igualmente extingui – ló.
Desde o início do século XVI, o tráfico de escravos movimentou a economia europeia,
fornecendo milhões de seres humanos traficados à força da África para trabalhar como mão-de-
obra em colónias europeias nas Américas. Grã – Bretanha, Portugal, França e Holanda foram
extremamente actuantes no comércio atlântico de escravos africanos. (idem)
Além de sua dimensão económica, a temática também envolvia a pressão de parcela da opinião
pública britânica. Através da actuação de grupos humanitários e abolicionistas, Lorde
Castlereagh, o Duque de Wellington e outros líderes britânicos sofriam constante pressão pela
obtenção de uma abolição geral do tráfico, a ser declarada por todos os países europeus.
Após a abolição do tráfico através de uma lei interna, aprovada em 1807, a Grã–Bretanha passou
a pressionar as demais potências europeias mediante a assinatura de tratados bilaterais que
previam a abolição.(idem).

3.2. Impacto do Congresso de Viena


Segundo Aquino et all (1987, p. 154), O período que se seguiu ao Congresso de Viena marcou o
restabelecimento das monarquias absolutas e das dinastias depostas em vários Estados europeus-
como a dos Bourbon: na França (Luís XVIII), Espanha (Fernando VII) e Nápoles. Dai o nome de
Reacção Legitimista que se dá ao período 1815-1830.

O Congresso de Viena representou, assim, uma tentativa das forças de conservação de deter o
avanço do Liberalismo e do Nacionalismo dos povos (poloneses, belgas, alemães e italianos),
bem como das classes urbanas desenvolvidas com o capitalismo (burguesia e proletariado). No
entanto, tais movimentos liberais e nacionais, embora duramente reprimidos, viriam a explodir,
com grande força, em vários países europeus e mesmo fora da Europa (independência das
colónias espanholas da América). Para manutenção das resoluções do Congresso de Viena e
aplicação da política de intervenção, foi criada a Santa Aliança. (Idem).
14

CAPITULO III
4. Santa Aliança

Segundo César (2010, p. 51), A Santa Aliança foi um acordo político-militar no qual os países
envolvidos (Áustria, Prússia e Rússia) comprometam-se a se ajudarem mutuamente em todos os
casos em que as medidas do Congresso de Viena fossem ameaçadas.

Para lutar contra os movimentos liberais e nacionais, os monarcas da Rússia, Prússia e Áustria
estabeleceram, em Setembro de 1815, uma aliança em nome da religião, era uma organização
supranacional para impedir que o liberalismo pudesse novamente ser implantado em qualquer
país da Europa. Algumas tentativas de revoluções liberais democráticas foram sufocadas pela
Santa Aliança. Idealizada pelo Czar Alexandre I, da Rússia, a Santa Aliança foi o instrumento
político militar da Reacção Legitimista - a restauração do equilíbrio europeu em benefício dos
vencedores de Napoleão: é o chamado Concerto Europeu. Seu dirigente efectivo foi o chanceler
austríaco Metternich, principal defensor do Principio de intervenção: os Estados europeus tinham
o direito de intervir nos países ameaçados por revoluções, cuja propagação constituiria uma
ameaça a paz e ordem geral. AQUINO, et all, (1987, p. 154).

A saída da Inglaterra foi justificada pelo interesse da Coroa Britânica em ampliar os seus
negócios com os nascentes Estados independentes das Américas portuguesa e Espanhola.
(CÉSAR, et all, 2006, p. 51).

A Inglaterra defendeu a política de não intervenção porque, com o desenvolvimento da produção


industrial, necessitava dos mercados latino-americanos, com os quais passara a comerciar mais
intensamente desde o Bloqueio Continental; se os países da América Latina retrocedessem a
condição de colónias, esse comércio deveria obedecer aos princípios do Pacto Colonial (reserva
do mercado da colónia para a respectiva metrópole). AQUINO, et all, (1987, p. 156).

Porém, a Inglaterra, país industrial e parlamentar, se colocou radicalmente contra a intervenção


europeia na América. O seu interesse era preservar a independência das ex-colónias, já então
mercados controlados directamente por ela. Sem força naval, a Santa Aliança não teve condições
de impor sua vontade. Paralelamente, o presidente americano James Monroe se posicionou como
15

defensor natural da América, com a edição da Doutrina de Monroe, em 1823, sintetizada na frase
“América para os americanos”. Os Estados Unidos, ao garantir a independência das ex-colónias
ibéricas, tentavam reservar áreas e mercados para a sua futura influência. (SCHNEEBERGER,
2006, p. 222-223).
Além da oposição inglesa e norte-americana, a Santa Aliança declinou, e finalmente
desapareceu, em virtude da atitude da Rússia. Esse país, que exerceu um papel de política
internacional durante todo o século XIX, procurou um porto de água quente; por isso,
desenvolveu uma política expansionista nos Balcãs. Desse modo, apoiou a independência da
Grécia (revolução nacional) que se separou do Império Otomano. AQUINO, et all, (1987, p.
156).

Podemos mencionar ainda as rivalidades anglo-russas - a Rússia tentando afastar a Inglaterra da


Europa e dividir com ela as regiões extra-europeias. (Idem).

A Santa Aliança, entidade reaccionária, absolutista, era anacrónica, portanto incapaz de deter o
avanço do liberalismo, dos movimentos nacionalistas na Europa e emancipa-sionistas na
América. (SCHNEEBERGER, 2006, p. 223).
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V. Conclusão
Após a realização do trabalho o grupo concluiu que a chegada do Napoleão ao poder representou
na época uma alternativa de estabilidade ao governo que até aquele momento oscilava entre uma
ditadura popular radical e a ameaça monarquista. O governo de Napoleão Bonaparte foi dividido
em dois períodos, o Consulado (1799-1804) e o Império, até 1814. Algumas das reformas
administrativas implementadas no período napoleónico permanecem em vigor na administração
francesa até os dias actuais. Após a derrota de Napoleão em Leipzig, os representantes dos países
vencedores reuniram-se em um congresso na cidade de Viena, em Setembro de 1814, para
solucionar os problemas surgidos em consequência da Revolução Francesa, os representantes dos
países vencedores reuniram-se em um congresso na cidade de Viena, em Setembro de 1814, para
solucionar os problemas surgidos em consequência da Revolução Francesa.

Esse congresso contou com a participação de quase todos os Estados europeus afectados pelas
conquistas napoleónicas. Na verdade, embora se tratasse de uma assembleia internacional, as
decisões do Congresso de Viena foram tomadas pelos representantes das grandes potências, em
reuniões secretas. Os principais objectivos do Congresso de Viena eram refazer o mapa político
europeu visando a uma partilha da Europa entre os Quatro Grandes (Inglaterra, Rússia, Áustria e
Prússia) - e restaurar o Antigo Regime, ou seja, a ordem feudal - absolutista.

Para lutar contra os movimentos liberais e nacionais, os monarcas da Rússia, Prússia e Áustria
estabeleceram, em Setembro de 1815, uma aliança em nome da religião, era uma organização
supranacional para impedir que o liberalismo pudesse novamente ser implantado em qualquer
país da Europa.
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VI. Bibliografia
1. AQUINO, Rubin Santos Leão. História das Sociedades: das sociedades modernas as
sociedades actuais. Rio de Janeiro: ao livro Técnico, 1978.

2. CÉSAR, Aldilene Marinho. PEREIRA, Micaele de Castro Galvão. MAIA, Rodrigo Reis.
História Geral. Rio de Janeiro, 2010
3. SCHNEEBERGER, Carlos Alberto. História geral: teoria e prática. São Paulo: Rideel,
2006.
4. BUENO, Elen de P.; Freire, Marina; Oliveira; Victor A.P. As origens históricas da
diplomacia e a evolução do conceito de proteção diplomática dos nacionais. Anuario
Mexicano de Derecho Internacional, vol. XVII, 2017.
5. CORREIA, Maldonado. O Congresso de Viena: fórum da diplomacia conservadora no
refazer da carta europeia. In: Nação e Defesa,ano XIX, nº 69, janeiro–março de 1994, pp.
37–66. Lisboa: Instituto da Defesa Nacional de Portugal, 1994.

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