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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ

IFCE CAMPUS QUIXADÁ


LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

PAULO HENRIQUE MAIA LAMEU

PERMANÊNCIA E ÊXITO DE DISCENTES DO CURSO DE LICENCIATURA EM


GEOGRAFIA DO IFCE - CAMPUS QUIXADÁ: UMA REFLEXÃO A PARTIR DO
PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL (PNAES)

QUIXADÁ
2021
PAULO HENRIQUE MAIA LAMEU

PERMANÊNCIA E ÊXITO DE DISCENTES DO CURSO DE LICENCIATURA EM


GEOGRAFIA DO IFCE - CAMPUS QUIXADÁ: UMA REFLEXÃO A PARTIR DO
PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL (PNAES)

Monografia apresentada ao curso de


licenciatura em geografia do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
(IFCE) - Campus Quixadá, como requisito
parcial para obtenção do Título de Licenciado
em Geografia.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Cleidiane


Cavalcante Freitas.

QUIXADÁ – CE
2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Instituto Federal do Ceará - IFCE

Sistema de Bibliotecas - SIBI

Ficha catalográfica elaborada pelo SIBI/IFCE, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

L228p Lameu, Paulo Henrique Maia.

Permanência e êxito de discentes do curso de Licenciatura em Geografia do IFCE -


Campus Quixadá: uma reflexão a partir do Programa Nacional de Assistência Estudantil
(PNAES) / Paulo Henrique Maia Lameu. - 2021.

62 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Instituto Federal do Ceará, Licenciatura


em Geografia, Campus Quixadá, 2021.

Orientação: Profa. Dra. Maria Cleidiane Cavalcante Freitas.

1. PNAES. 2. Assistência Estudantil. 3. Permanência e Êxito. 4. Licenciatura em


Geografia. I. Titulo.

CDD
910
PAULO HENRIQUE MAIA LAMEU

PERMANÊNCIA E ÊXITO DE DISCENTES DO CURSO DE LICENCIATURA EM


GEOGRAFIA DO IFCE - CAMPUS QUIXADÁ: UMA REFLEXÃO A PARTIR DO
PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL (PNAES)

Monografia apresentada ao curso de


licenciatura em geografia do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
(IFCE) - Campus Quixadá, como requisito
parcial para obtenção do Título de Licenciado
em Geografia.

Aprovado (a) em: __17__ / __03___ / __2021___.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Cleidiane Cavalcante Freitas (Orientadora)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) – Campus de Quixadá

_________________________________________________________
Profa. Dra. Adele Cristina Braga Araujo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) - Campus de Quixadá

_________________________________________________________
Profa. Dra. Danielle Rodrigues da Silva
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) - Campus de Quixadá
A Deus.
A minha família, em especial minha irmã Eva
Valeria.
A minha orientadora Maria Cleidiane.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar à Deus, por toda sua força mantenedora da vida na terra, sua
misericórdia e amor que me proporcionou saúde e tantas outras bençãos que me possibilitaram
vencer os desafios e chegar ao meu objetivo.
À minha família, em especial minha querida irmã Eva Valeria por ser uma pessoa de
luz que acompanhou toda minha trajetória nos estudos e foi minha principal fonte de inspiração
e desejo de transformar minha realidade através da educação.
Ao meus pais, por sempre me ajudar da melhor forma possível para que eu pudesse
chegar até aqui, em especial minha querida mãe Francisca por ser uma mãe tão boa e carinhosa.
À minha orientadora Maria Cleidiane, por ter aceitado me orientar, por toda sua
compreensão e dedicação em seu trabalho e principalmente por incentivar e acreditar que eu
seria capaz de produzir essa monografia.
Aos Mestres, que muito contribuíram positivamente com minha formação acadêmica,
enquanto futuro professor de geografia, em especial as professoras Geyzi Castro e Danielle
Rodrigues pelos seus ensinamentos e por serem professoras de excelência.
A minha ex. professora Adele da disciplina de Política e Gestão educacional por ser um
espelho para mim enquanto profissional da educação, por me despertar interesse em pesquisar
sobre as políticas educacionais e por aceitar fazer parte da banca examinadora.
À Coordenação de Assistência Estudantil (CAE) na pessoa da Mariângela por todas as
informações prestadas que colaboraram para o desenvolvimento desse trabalho.
Aos alunos do curso que colaboraram com minha pesquisa.
Aos amigos e colegas de estudo, em especial aos que estiveram próximos a mim durante
a graduação, agradeço todo o carinho, o apoio, o acolhimento, os trabalhos em grupo, e por
todas as palavras motivadoras que fortaleceram a minha caminhada.
“Eu sou um intelectual que não tem medo de ser
amoroso. Amo as gentes e amo o mundo. E é
porque amo as pessoas e amo o mundo que eu
brigo para que a justiça social se implante antes
da caridade”.
(Paulo Freire, 1985)
RESUMO

O presente trabalho tem como tema central de estudo a permanência e êxito de discentes do
curso de licenciatura em geografia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará - Campus de Quixadá, a partir do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES).
Assim, se buscou, de forma geral, analisar os possíveis impactos do PNAES na permanência e
êxito dos discentes do curso de licenciatura em geografia no IFCE/Campus de Quixadá.
Realizou-se uma pesquisa qualitativa e estudo de campo, almejando fundamentação na
literatura e nos dados coletados, onde ficou evidenciado a importância do PNAES para os
estudantes. Os sujeitos da pesquisa foram os discentes matriculados no curso licenciatura em
geografia do IFCE-Quixadá contemplados pela assistência estudantil. Como instrumento de
pesquisa se utilizou um questionário aplicado pelo google forms para levantar a opinião dos
sujeitos sobre os benefícios fornecidos pela assistência estudantil. Os resultados do trabalho
possibilitaram a conclusão de que o PNAES, na forma de auxílios financeiros e/ou ações
desenvolvidas, contribui de forma positiva para permanência e êxito dos discentes. Percebeu-
se que os estudantes assistidos pelo PNAES tiveram suas condições de permanência ampliadas,
que possibilitou a estes um melhor acompanhamento das atividades acadêmicas.
Palavras-chave: PNAES. Assistência Estudantil. Permanência e Êxito. Licenciatura em
Geografia.
ABSTRACT

This work has as its central theme of study the permanence and success of students of the
geography degree course at the Federal Institute of Education, Science and Technology of Ceará
- Quixadá Campus, from the National Student Assistance Program (PNAES). Thus, it was
sought, in general, to analyze the possible impacts of PNAES on the permanence and success
of the students of the geography degree course at the IFCE / Quixadá Campus. A qualitative
research and field study was carried out, aiming at foundations in the literature and in the
collected data, where the importance of the PNAES for the students was evidenced. The
research subjects were the students enrolled in the geography degree course at IFCE-Quixadá
contemplated by student assistance. As a research instrument, a questionnaire applied by google
forms was used to raise the opinion of the subjects on the benefits provided by student
assistance. The results of the work made it possible to conclude that PNAES, in the form of
financial aid and / or developed actions, contributes positively to the permanence and success
of the students. It was noticed that the students assisted by PNAES had their conditions of
permanence expanded, which allowed them to better monitor academic activities.
Keywords: PNAES. Student Assistance. Permanence and Success. Degree in Geography.
LISTA DE SIGLAS

CAE Coordenação de Assistência Estudantil

CCA Coordenação de Controle Acadêmico

CEFET-CE Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará

DAE Departamento de Apoio Estudantil

FIES Programa de Financiamento Estudantil

FONAPRACE Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis

FUNCAP Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e


Tecnológicas

IC Iniciação Científica

IES Instituições do Ensino Superior

IFCE Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

NTEAD Núcleo de Tecnologia Educacionais e Educação a Distância

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

PNAES Programa Nacional de Assistência Estudantil

PPC Projeto Pedagógico do Curso

PROUNI Programa Universidade para Todos

RAE Regulamento de Auxílios Estudantis do IFCE

REUNI Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das


Universidades Federais

SISAE Sistema Informatizado de Assistência Estudantil do IFCE


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
1.1 Problematização e justificativa ...................................................................................... 13
1.2 Objetivos .......................................................................................................................... 16
1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 16
1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 16
1.3 Metodologia ..................................................................................................................... 16
2 ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO BRASIL E O PROGRAMA NACIONAL DE
ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL (PNAES): aspectos históricos e conceituais .................. 18
2.1 Políticas públicas educacionais: enfatizando a Assistência Estudantil no Brasil
.................................................................................................................................................. 18
2.2 Notas sobre o PNAES ....................................................................................................... 25
3 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA...................................................... 31
3.1 Indicações metodológicas ................................................................................................ 31
3.2 Circundando o lócus e os sujeitos ................................................................................... 33
4 ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO IFCE CAMPUS DE QUIXADÁ ........................... 39
4.1 Estrutura da Assistência Estudantil no IFCE/Campus Quixadá.................................. 39
4.2 Assistência aos estudantes de Geografia: o que dizem os sujeitos? .............................. 43
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 54
APÊNDICE A – TERMOS DE ASSENTIMENTO E CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO – TACLE .................................................................................................. 59

APÊNDICE B – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ........................................ 60


13

1 INTRODUÇÃO

1.1 Problematização e justificativa


Nos últimos anos o acesso à educação superior pública no Brasil tem sido ampliado por
intermédio de algumas políticas educacionais e com o processo de interiorização dos Institutos
Federais de Educação (IFs), promovido através das ações de políticas públicas voltadas para o
atendimento do direito a uma educação para todos no país. Porém, pensar o acesso sem pensar
na permanência e no êxito dos discentes é contraditório, uma vez que, não pode apenas garantir
que as pessoas ingressem nos sistemas, mas que conseguiam permanecer e concluir sua
formação inicial com qualidade.
De uma maneira geral as instituições de ensino superior no mundo vêm passando por
um grande problema que é a evasão, além dos dados referente à retenção e reprovação de seus
estudantes, então cada vez mais a permanência e o êxito acadêmico tornam-se temas centrais
no âmbito da gestão do ensino superior.
Conforme Cavaignac e Loiola (2018) esse processo de interiorização e expansão da
educação superior, gera uma maior demanda e pressão pela existência de assistência estudantil
para que os alunos que estão ingressando no ensino superior, em especial os estudantes cotistas
que de acordo com Peixoto (2013) geralmente apresenta um baixo perfil socioeconômico,
tenham condições adequadas de permanência em seus cursos escolhidos; assim vemos que a
Assistência Estudantil é um caminho necessário e viável para o combate às desigualdades
sociais e que faz das universidades espaços públicos que colaboram com as transformações das
realidades sociais de discentes que encontra-se em formação.

A partir de 2010, presencia-se no Brasil um importante avanço na Assistência


Estudantil, quando o governo brasileiro publicou o Decreto nº 7234 no dia 19 de julho 1 ,
regulamentando o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), o qual busca
possibilitar melhores condições de permanência no ensino superior para os estudantes,
notadamente para aqueles que se encontram em vulnerabilidade social, minimizando os efeitos
da desigualdade social que se traduz em desigualdade educacional. Conforme cita Libâneo,
Oliveira e Toschi (2009) democratizar a educação no Brasil não quer dizer apenas construir
novas escolas. Apesar de ser uma ação importante, somente isso não assegura aos estudantes
meios necessários para ampliar suas condições de permanência associada ao êxito.

1
Antes do Decreto houve a instituição da Portaria Normativa 39, de 12 de dezembro de 2007.
14

A democratização da permanência dos jovens em uma formação em nível superior tem


sido prevista pelo PNAES e os recursos destinados a esse programa tem sido gerido de maneira
particular de cada instituição, de modo a atender as necessidades dos alunos assistidos pelo
programa, a partir de benefícios e ou serviços que visa o sucesso escolar.
A presente pesquisa insere-se no campo das Políticas Públicas em Educação, possuindo
como temática central de estudo a permanência e êxito de discentes do curso de licenciatura em
geografia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - Campus de
Quixadá; a partir do PNAES. O PNAES, de acordo com o decreto que o regulamenta, é
executado no âmbito do Ministério da Educação, busca ampliar as condições de permanência e
possibilitar aos estudantes na educação superior pública federal o êxito acadêmico e conclusão
do curso a partir de auxílios estudantis e/ou serviços que melhora o desempenho do aluno que
apresenta um baixo perfil socioeconômico e busca a igualdade no direito à educação, reduzindo
as condições de retenção e evasão.
No tocante ao IFCE, a política de Assistência Estudantil conforme está posto no Art. 3º;
§1º do Decreto Nº7.234, de 19 de julho de 2010, visa subsidiar condições básicas ao estudante
como moradia, alimentação, transporte, saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche e apoio
pedagógico, priorizando a formação integral de estudantes em vulnerabilidade social e
incentivando a participação democrática dos discentes no processo formativo, então de acordo
com o exposto surge a problemática da pesquisa: há contribuições positivas do PNAES para a
permanência e melhoria do desempenho acadêmico dos discentes beneficiados do curso de
licenciatura em geografia no IFCE Campus Quixadá? Essa é a indagação que norteia esse
estudo que procura entender como esse programa pode contribuir na permanência e êxito
acadêmico dos discentes do curso de licenciatura em geografia do IFCE – Campus Quixadá,
que será respondida ao longo desse trabalho com a realização da pesquisa.
Dado o reconhecimento pela Constituição Federal de 1988, artigo 205 de que “a
educação é um direito de todos e dever do Estado...”, direito este, ratificado pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9.394/96) em seu Título II – Dos Princípios e Fins
da Educação Nacional, no artigo 3º onde afirma que o ensino será ministrado em treze
princípios, sendo o primeiro deles: “I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola”, e também por buscar garantir o acesso à educação e a permanência do educando na
escola, é que esta intenção de estudo se justifica, na busca de pensar a Assistência Estudantil
como uma política pública que asseguraria o direito a educação no país. Por isso, a escolha do
PNAES, por ser uma importante política educacional que apoia a permanência de estudantes de
15

baixa renda, matriculados em cursos de graduação presencial das instituições federais de ensino
superior, viabilizando a igualdade entre os alunos e democratizando o acesso à educação.

É necessário ressaltar que na atualidade o PNAES traz uma grande contribuição para a
promoção da inclusão social através da educação, além de ser um dos seus objetivos descrito
no decreto que dispõe sobre o PNAES a redução das taxas de evasão e retenção, dessa forma,
a presente pesquisa também se torna relevante para a instituição, possibilitando compreender
como se sistematiza e funciona a Assistência Estudantil no IFCE Campus Quixadá e assim
subsidiar melhorias nas ações da própria assistência estudantil no interior do campus. Além
disso, essa pesquisa tem como público-alvo os/as estudantes comtemplados pelo PNAES
matriculados no curso de licenciatura em geografia no IFCE Campus Quixadá, o qual formará
sua primeira turma no ano de 2021, logo será importante perceber se houve impactos positivos
para a permanência e sucesso desses estudantes.

O presente trabalho foi idealizado a partir das minhas vivências durante o curso de
graduação e perspectivas acerca da Assistência Estudantil, enquanto aluno do curso de
licenciatura em geografia, IFCE - campus de Quixadá. Foi durante a monitoria voluntária de
Política e gestão educacional que despertei o interesse pelo tema escolhido, uma vez que eu era
um dos alunos da licenciatura em geografia assistido pela Assistência Estudantil do campus e
reconhecia a importância das políticas educacionais para formação dos estudantes.

Com o intuito de exercer a profissão docente, ingressei no curso aos 19 anos de idade,
ao longo dos semestres da minha formação, vi o quanto era difícil para alunos em
vulnerabilidade social permanecer e obter sucesso, visto que o curso exige dos alunos muito
esforço e dedicação, e para que esses alunos consigam se dedicar em sua formação é necessário
que a Assistência Estudantil ofereça subsídios básico como transporte, moradia e alimentação
dentre outros, para que essa permanência e o êxito se efetivem na prática.

Destaco que, como estudante do curso e beneficiário dessa política, participei durante
seis meses do auxílio formação, atuando como bolsista de extensão no Núcleo de Tecnologias
Educacionais e Educação a Distância (NTEAD) do IFCE/Campus Quixadá e também fui
contemplado pelo auxílio transporte que visa custear os gastos do aluno com transporte para
fazer os percursos casa-campus e campus-casa, essa experiência contribuiu de forma positiva,
me possibilitando maior apoio para minha permanência no curso e consequentemente maior
rendimento acadêmico, pois tive condições de comprar meu notebook, livros e outros
provimentos como alimentação, transporte, materiais de estudo e xerox.
16

Assim, o interesse de estudo pelo tema surgiu das inquietações geradas pela necessidade
de compreender como essa política assistencial estudantil funciona, se organiza e se ela
contribuiria na formação de outros estudantes, da mesma forma que contribuiu na minha, e se
esta política, impactaria positivamente para a permanência e êxito dos estudantes do curso de
licenciatura em geografia no IFCE/Campus Quixadá.

Referente ao problema da pesquisa foi levantada duas hipóteses: que o PNAES contribui
de forma positiva na formação dos estudantes do curso de licenciatura em geografia no IFCE
Campus Quixadá e que contribui para a permanência e êxito dos estudantes contemplados no
contexto do curso de licenciatura em geografia no IFCE Campus Quixadá, isso impactaria na
formação dos discentes contemplados.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar os possíveis impactos do PNAES na permanência e êxito dos discentes do


curso de Licenciatura em Geografia no IFCE/Campus de Quixadá,

1.2.2 Objetivos Específicos

• refletir sobre a política de assistência estudantil no Brasil;


• verificar a estrutura e realização da assistência estudantil no IFCE enfatizando o campus
de Quixadá; e,
• compreender de que forma o PNAES impacta na formação dos licenciados em geografia
contemplados pelo PNAES no IFCE/Campus de Quixadá.

1.3 Metodologia

A metodologia usada nesta pesquisa, foi a abordagem qualitativa, do tipo exploratória


com base em uma pesquisa de campo e documental, sendo escolhido o IFCE Campus de
Quixadá como o lócus da pesquisa e os discentes do curso de licenciatura em geografia como
sujeitos. Quanto a coleta de dados sobre as ações do PNAES no IFCE/Campus de Quixadá, se
deu mediante a realização de pesquisa de campo com levantamento de dados secundários em
colaboração da Coordenação de Assistência Estudantil (CAE). O instrumento para coleta de
dados primários, se deu por meio da realização de um questionário estruturado, com questões
17

abertas e fechadas enviado via Google forms. Foi utilizado, também, um diário de campo para
anotar as impressões da pesquisa. Além disso, em relação aos princípios éticos que regem a
pesquisa científica, os colaboradores/as assinaram o Termo de Assentimento e Consentimento
Livre e Esclarecido (TACLE), no qual assegura aos mesmos, o anonimato e a utilização dos
dados somente para fins de pesquisa, dentre outros termos.

O presente trabalho está organizado em quatro capítulos, são eles: Introdução, contendo
os elementos da pesquisa e demais seções; no segundo capítulo está presente os aspectos
históricos e conceituais da assistência estudantil no Brasil e o PNAES; no terceiro capítulo é
apresentado a caracterização do estudo com as indicações metodológicas e definição de lócus
e sujeitos; no quarto capítulo contextualiza-se a estrutura e organização do PNAES no Campus
de Quixadá e seu impacto na vida acadêmica dos sujeitos da pesquisa; e, por fim, as conclusões.
18

2 ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO BRASIL E O PROGRAMA NACIONAL DE


ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL (PNAES): aspectos históricos e conceituais

O presente capítulo aborda uma reflexão sobre a conceituação da Assistência Estudantil


no Brasil e as políticas públicas voltadas para a educação no Brasil, assim como uma breve
apresentação do Programa Nacional de Assistência Estudantil que norteia as ações da
Assistência Estudantil nas Instituições de Ensino Superior (IES) públicas no Brasil a partir de
uma contextualização dessa política em nível nacional e sua implementação no ensino superior,
destacando como esse programa surge e porque surge e qual seu público alvo, fazendo então,
um panorama geral da assistência estudantil na educação superior pública brasileira.
Desta forma, fizemos apontamentos necessários que exprimem a importância da
Assistência Estudantil para facilitar a formação do aluno, garantindo sua permanência e êxito e
mostrando a relevância do PNAES para institucionalização das políticas educacionais voltadas
a assistir os alunos socialmente vulneráveis.

2.1 Políticas públicas educacionais: enfatizando a Assistência Estudantil no Brasil

O Brasil é considerado um dos países do mundo com maior desigualdade social, pois de
acordo com o IBGE (2020) o rendimento mensal dos mais ricos corresponde a mais de 33 vezes
o recebido pela parcela mais pobre. As políticas públicas são ações governamentais primordiais
ao desenvolvimento de uma sociedade, assim nos diversos setores da sociedade contribuem
para reduzir os efeitos das desigualdades sociais enfrentadas pela população. O acesso à
educação no Brasil foi negado as pessoas mais pobres durante muito tempo, porém a aplicação
de políticas públicas educacionais efetivas foi decisiva para que essa realidade pouco a pouco
fosse transformada e o direito à educação tornar-se um direito social de todo e qualquer
brasileiro (FONAPRACE, 2012).
Essas desigualdades sociais também são notórias nas instituições de ensino superior e
um dos desdobramentos das políticas públicas que colabora para diminuir as desigualdades
educacionais é a Assistência Estudantil que sugere recursos e ações direcionadas para o
enfrentamento desses desafios e superação desses problemas, para que haja um educação
alinhada e que valorize os direitos humanos, com vista para a efetivação da cidadania e
desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos através da educação (PIRES, 2015).
As Políticas Públicas Educacionais são essenciais, principalmente no Brasil, cuja
desigualdade social é gigantesca. Então, ações afirmativas ligadas a educação que disponibiliza
19

e realoca recursos, bem como somam esforços em benefícios de estudantes pertencentes a


grupos vitimados pela exclusão social são legítimas, principalmente quando se trata de ações
que buscam garantir o acesso e a permanência de alunos ao ensino superior. De acordo com
Souza (2006, p. 26) as políticas públicas são definidas como:
O campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, ‘colocar o governo em ação’
e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor
mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente). A formulação de
políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem
seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão
resultados ou mudanças no mundo real.

Rua (2012) considera a política pública sendo o meio para resolução de problemas da
vida em sociedade identificadas pela atividade política que compreende um conjunto de ações
e decisões estrategicamente, que possam promover a implementação da decisão tomada para
realizar algo que venha beneficiar a população e contribuir para o bem-estar comum dos
indivíduos envolvidos.
Então, entendemos as políticas públicas como as ações praticadas pelos nossos
governantes para realizar um governo focalizado nas melhorias da vida em sociedade e soluções
de problemas, com avanços sociais em diversos setores da sociedade, como por exemplo, as
políticas públicas voltadas para educação, que tem como objetivo ajudar os que mais precisam
no seu processo educativo e na formação de indivíduos atuantes para mudanças concretas em
suas realidades.
Seguindo esse raciocínio é válido destacar duas políticas de Estado que estão
intimamente relacionadas e asseguradas na Constituição Federal de 1988 que são elas –
educação e assistência social. Logo de início, a Constituição, no artigo 6º, evidencia a educação
e a assistência social como direitos sociais que amplia a qualidade de vida das pessoas, e em
seguida destaca essas duas políticas de Estado individualmente, levando em consideração suas
especificidades. Sobre a Assistência Social, tem-se:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente
de contribuição à seguridade social.

Acerca da educação, temos:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola.


20

Então, podemos afirmar que o direito a educação e direito a assistência social se


relacionam e estão atrelados, sendo traduzidos na assistência estudantil como uma maneira de
minimizar as dificuldades que são apresentadas pelos discentes durante o processo formativo
em um curso de formação superior. Conforme Pires (2015, p.15) “a assistência estudantil
caracteriza-se por incentivar e promover a educação superior, ao prestar assistência a quem dela
necessitar, visando um desempenho e formação integral do estudante contemplado por suas
ações” buscando, assim, atingir o princípio previsto na Constituição Federal de 1988 que se
refere igualdade de condições de acesso, permanência e sucesso em um curso.

Para Lima e Ferreira (2016) o Brasil por mais que tenha avançado em relação a
assistência estudantil, especialmente, com a ampliação das políticas de expansão e
democratização do ensino superior, o direito à educação com igualdade das condições de seu
acesso e permanência, previsto na Constituição Federativa do Brasil (1988) e reforçado na Lei
de Diretrizes e Base da Educação – LDB, Lei n. 9.394 (1996), em sua totalidade ainda encontra
diversos desafios que dificultam que toda a demanda seja atendida de maneira satisfatória,
trazendo resultados mais evidentes para os alunos das Intuições de Ensino Superior (IES).

Desta forma, as políticas públicas educacionais no Brasil com ênfase na Assistência


Estudantil têm se mostrado como um caminho para a melhoria de condições de acesso e
permanência a um ensino superior, apesar de enfrentar desafios constantes como ocorre com
outras políticas de reparo social muitas vezes por não atender a demanda esperada não possuir
a quantidade de recurso financeiro necessário.

É importante destacar que o surgimento do Fórum Nacional de Pró-Reitores de


Assuntos Comunitários e Estudantis – FONAPRACE foi uma conquista importante para
evidenciar as discussões sobre a temática da assistência estudantil que direcionou a criação de
uma política nacional de assistência estudantil.

FONAPRACE (2012, p.63) afirma que a política de Assistência Estudantil é:

[...] um conjunto de princípios e diretrizes que norteiam a implantação de ações para


garantir o acesso, a permanência e a conclusão de curso de graduação dos estudantes
das IFES, na perspectiva de inclusão social, formação ampliada, produção de
conhecimento, melhoria do desempenho acadêmico e da qualidade de vida, agindo
preventivamente, nas situações de repetência e evasão, decorrentes da insuficiência
de condições financeiras.
21

Como afirma o FONAPRACE (2012) essa política pública é pautada na perspectiva da


inclusão social, qualificação da aprendizagem dos alunos através de condições favoráveis para
que isso possa ocorrer e consequentemente melhoria na qualidade de vida. Com isso, a
assistência estudantil é uma forte aliada dos Governos nas estratégias que visam combater às
desigualdades sociais e regionais, utilizando-se da democratização da Educação Superior com
objetivo de oportunizar os alunos socialmente vulneráveis a conclusão de um nível superior e
desta maneira reduzir as disparidades sociais que dificultam ou impossibilita a formação dos
discentes (DUTRA; SANTOS, 2017).

Pires (2015) afirma que quando a assistência estudantil é tida como uma ação da política
pública educacional que contribui positivamente no processo educativo e é operacionalizada de
forma eficaz, é considerada como um investimento necessário ao crescimento e
desenvolvimento integral do discente no que se correlaciona com todos os aspectos dele dentro
e fora da instituição de ensino. Assim, discutir sobre o papel da assistência estudantil como uma
política pública de ordem social no processo de melhoria do desempenho acadêmico dos
universitários é extremamente relevante, pois essas políticas são fundamentais para que haja
possibilidades de permanência dos alunos em suas formações.

De acordo com Vieira e Castro (2019, p.89) a Assistência Estudantil no Brasil é “[...]
considerada como ação efetivada em instituições públicas de ensino superior, amparada
legalmente ou por iniciativa da instituição, voltada a apoiar a permanência dos estudantes no
âmbito acadêmico.” Desta maneira quando é introduzida a Assistência Estudantil no ambiente
acadêmico os alunos que apresentam dificuldades durante sua formação por questões sociais
podem vir a ser assistidos pelas ações da Assistência Estudantil, como é o exemplo dos auxílios
estudantis voltados a permanência e êxito na educação superior que visam garantir educação
para todos.

É valido destacar ainda que para que a Assistência Estudantil no Brasil tenha se tornado
uma política de Estado com a sua institucionalização em 2010 que criou o PNAES, passou por
diferentes contextos sociais, econômicos e políticos que marcaram sua construção, então a
Assistência Estudantil passou por momentos cruciais para sua efetivação no Brasil e
gradativamente ganhou destaque a partir do momento que foi inserida nas legislações, fruto de
intensas e incansáveis lutas dos movimentos estudantis que buscavam por uma educação de
qualidade e igualitária.
22

A Assistência Estudantil no Brasil passou por momentos históricos importantes para sua
estruturação como política educacional

[...] o caminho percorrido pela AE no Brasil foi organizado em três fases: A primeira,
compreendida entre a década de 1920, quando é identificada na literatura menção às
primeiras ações de assistência ao estudante, até o fim do Regime Militar. A segunda
que se inicia no contexto de Redemocratização do país, a partir da década de 1980 até
o final do governo Fernando Henrique Cardoso (2003) e a terceira fase demarcada
pelo início do governo Lula (2003) [...] (VIEIRA; CASTRO, 2019, p.91).

O Brasil ainda tem muito o que avançar nas questões que respeitam a Assistência
Estudantil, para isso é necessário mais investimento nas políticas públicas voltadas para esse
setor. Para Nascimento (2019) tal investimento é primordial e de extrema necessidade para o
desenvolvimento do indivíduo e consequentemente da sociedade de uma maneira integral, esta
visão é destacada nas narrativas dos políticos que apoiam a assistência estudantil como política
educacional efetiva, e as políticas públicas devem ser encaradas pelos nossos governantes como
uma alternativa que colabora para uma mudança na realidade da educação nacional, que gera
efeitos positivos tanto no desenvolvimento da ciência brasileira e formação cidadã dos alunos,
tendo em vista que na meta 12 (sobre a taxa de matrícula na educação superior) do Plano
Nacional de Educação (Lei n. 13.005/14), em sua estratégia 12.5 diz se necessário “ampliar as
políticas de inclusão e de assistência estudantil dirigidas aos (às) estudantes de instituições
públicas[...]”.

As políticas públicas de Assistência Estudantil não devem ser vistas pelos estudantes
unicamente como um meio do governo direcionar auxílios financeiros para que os alunos
possam permanecer e conseguir sucesso em sua formação. A política deve ir muito mais além
disso. Para que possamos compreender o verdadeiro sentido da Assistência Estudantil é
importante destacar que além do apoio financeiro, entendido pelos auxílios estudantis, deve
estar presente na política ações voltadas a assistência pedagógica dos discentes,
acompanhamento psicológico e outras atividades que colaborem com a sua permanência na
universidade (NASCIMENTO, 2019).

Conforme o Regulamento da Política de Assistência Estudantil do IFCE (2015), os


princípios em que estão alicerçados a política de assistência estudantil, são: art. 2°, I - respeito
à liberdade e à dignidade humana; II - educação e assistência estudantil como um direito social
e universal; III - participação ampliada dos sujeitos nos processos de construção dos programas
e projetos institucionais; IV - valorização das condições de permanência, êxito e conclusão de
23

curso dos estudantes do ensino técnico e superior, mediante serviços e/ou auxílios; V - equidade
na prestação dos serviços educacionais, visando ao acesso, a permanência e o êxito acadêmico.

Em linhas gerais, a Assistência Estudantil é consolidada como uma política social e


educacional cujos objetivos e princípios que a fundamentam são de grande importância para a
educação pública, pois visa promover uma inclusão e formação integral dos indivíduos através
de uma educação que persegue o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e com maiores
oportunidades para nossos jovens alunos. Conforme analisa Dumaresq (2014, p.14)

A política de assistência estudantil como política social de direito, operacionalizada


no âmbito da educação, deverá contribuir para reduzir os efeitos das desigualdades
sociais, por meio da criação de mecanismos que visem não somente ao acesso e à
permanência dos alunos de baixa renda, mas também viabilizem oportunidades de
sucesso na sua trajetória acadêmica.

Políticas educacionais afirmativas como o Fundo de Financiamento ao Estudante do


Ensino Superior (FIES), o Programa Universidade para Todos (PROUNI), o Programa de
Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) e o
próprio PNAES são essenciais para o processo de democratização na educação superior que
vivencia o Brasil e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) tem se mostrado uma forma
de democratização desse acesso, tais políticas de caráter afirmativo somam esforços para
atender a classe trabalhadora que mais sofrem com os efeitos da exclusão social causada pelo
sistema econômico capitalista.

Algumas dessas políticas afirmativas da educação brasileira colaboram para que


possamos vivenciar a democratização do acesso e permanência do ensino superior no Brasil.
Para Silva (2019, p.13):

Para tanto, o Estado instrumentalizou e vem consolidando as políticas de acesso e


permanência no ensino superior, estruturadas com programas e ações de caráter
afirmativo, a exemplo da Lei nº 12.711/2012 (Lei de Cotas); do Programa Nacional
de Assistência Estudantil (PNAES) - Decreto nº 7.234/2010; e do Programa Bolsa
Permanência (PBP) - Portaria nº 389/2013. As políticas de acesso e permanência
estudantil possuem atuações distintas entre si, mas têm em comum objetivar a
democratização do ensino superior brasileiro.

Uma importante iniciativa do Governo do Estado do Ceará foi a criação do Programa


Avance – Bolsa Universitária lançado em 2017 e desenvolvido através da Fundação Cearense
de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e da Secretaria de Educação
(Seduc), e tem como objetivo para melhorar as condições de acesso à universidade de
estudantes socialmente vulneráveis que tenham estudado o ensino médio apenas em escolas
24

públicas nos anos de 2018 ou 2019, pois muitos jovens não poderiam conseguir realizar o sonho
de cursar um ensino superior por não possuir condições mínimas de se manter em outra cidade
e/ou arcar com as despesas necessárias para sua formação (FUNCAP, 2021).

De acordo com Silva (2019, p. 14) “conhecer e avaliar a materialização das políticas de
acesso e permanência estudantil no ensino superior público para os estudantes de baixa renda é
condição indispensável para o alcance da garantia do direito à educação”. Assim, conhecer bem
os desdobramentos dessas políticas e avaliar seus impactos na vida dos alunos é uma tarefa
fundamental do serviço social das instituições de ensino superior públicas que estão diretamente
ligados na execução do serviço da assistência estudantil.

Através dos movimentos sociais ligados a educação que pressionavam por mudanças
nas condições de ensino e conquistas na educação que a política educacional passou por
relevantes transformações. Tais mudanças trouxeram as instituições de educação superior a
reponsabilidade de formar sujeitos engajados com a responsabilidade social da educação que
reconhece a educação como um caminho para a efetivação da cidadania e lutas pela ampliação
dos direitos humanos (PIRES, 2015).

Com o objetivo de superar os problemas que impossibilita uma formação integral do


estudante que a assistência estudantil por meio das ações de programas e projetos disponibiliza
de recursos financeiros para investir na formação dos alunos, notadamente dos alunos que
apresenta vulnerabilidade socioeconômica para que possa reduzir os índices de reprovação e
abandono, possibilitando que o aluno supere as dificuldades e consiga concluir sua graduação
com êxito acadêmico (PIRES, 2015)

Desta maneira podemos perceber a importância das políticas públicas educacionais para
o desenvolvimento integral dos alunos. A assistência estudantil é uma forte aliada para a
construção de uma educação democrática e que valoriza os estudantes que durante sua formação
passam por dificuldades reais que impedem de concluir seus cursos, então investir nessas
políticas é essencial para a concretização de políticas educacionais efetivas.
25

2.2 Notas sobre o PNAES

Com a chegada da década de 2000 a educação brasileira foi marcada pela ampliação dos
investimentos do governo nas políticas públicas de acesso ao ensino superior por intermédios
de medidas estratégicas, tanto direcionadas à esfera privada quanto na pública. Essas medidas
se reverberaram nas instituições privadas a partir do FIES e o PROUNI, já nas instituições
públicas de ensino, tais medidas se concretizaram através do REUNI em 2007, cujo objetivo
explícito era reduzir os efeitos negativos da desigualdade social por meio da ampliação do
acesso e da permanência dos jovens alunos nos cursos de graduação. Nesse mesmo viés, como
forma de atenuar a evasão e reprovação, foi criado o PNAES, programa que disponibiliza ao
seu público-alvo benefícios como o auxílio moradia, auxílio formação, auxílio alimentação,
dentre outros (BRASIL 2012).

A permanência e o sucesso acadêmico no ensino superior são desafios enfrentados pelas


IES públicas no Brasil. Oliveira e Freitas (2017, p.2) afirmam que “as instituições de ensino
superior no mundo têm passado por problemas relacionados à evasão e à retenção de seus
discentes”. Diante dessa problemática o Ministério da Educação, aprovou a Portaria Ministerial
n°39, de 12 de dezembro de 2007, instituindo o Programa Nacional de Assistência Estudantil
(PNAES), e posteriormente, o Estado institui o Decreto n° 7.234, de 10 de julho de 2010,
considerado pelos teóricos um importante marco para Assistência Estudantil no âmbito nacional
é evidenciado a centralidade da assistência estudantil no processo de democratização das
condições de acesso e permanência dos jovens estudantes no ensino superior público federal.

A expansão do ensino superior no Brasil promovida pelas Instituições de Ensino


Superior – IES tem que ser alicerçada em critérios de qualidade e inclusão social. A
democratização da educação requer políticas que possibilitem a expansão e o acesso
em todos os níveis de ensino, porém, necessitam também de políticas que sejam
voltadas para a garantia da permanência dos estudantes. (ZAGO, 2006, p. 3)

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio


Teixeira (INEP) nas notas estatísticas do censo da educação superior realizado em 2018, o
número de matrículas na educação superior entre os anos de 2008 à 2018 cresceu notoriamente,
pressionando as IES por medidas que visem a permanência desse alunado. Essa informação fica
clara no gráfico 1 que apresenta o número de matrículas na educação superior do Brasil – 2008-
2018.
26

Gráfico 1. Número de matrículas na educação superior (graduação e sequencial) – Brasil –


2008-2018

Fonte: BRASIL, INEP, Censo da Educação Superior, 2018.

Fonte: Censo da Educação Superior 2018 (2019)

Em resposta a essa urgente demanda de atender à crescente matrícula de alunos oriundos


das camadas mais pobres, economicamente falando, matriculados no ensino superior é que o
PNAES foi instituído. O programa elaborado pelo Governo é compreendido como uma política
que fortalece a permanência dos estudantes nos seus cursos de formação superior. Contudo, é
importante ressaltar que muito além da permanência o PNAES promove uma participação
significativa na vida universitária e a conclusão, com êxito, dos alunos nos cursos de graduação.

Conforme Recktenvald, Mattei e Pereira (2018), o PNAES está em vigor desde 2008, é
entendido por um plano elaborado pelo poder governamental brasileiro que vislumbra a
consolidação da permanência e êxito de alunos oriundos de grupos sociais menos favorecidas
nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) em nível nacional, uma demanda que
emergiu no mesmo contexto da crescente oferta de vagas no sistema de ensino público superior.
Assim, vemos que as políticas públicas que garantem o acesso ao ensino superior no país
dependem do apoio da assistência estudantil – traduzida pelo PNAES como forma de assegurar
aos alunos que ingressaram em cursos de nível superior o êxito em sua formação e, amplamente,
o direito a inclusão social através da educação.

Para Tinto (1993), a evasão dos estudantes no ensino superior é motivada por um
processo multidimensional entre os discentes e a instituição que culmina na desistência de sua
formação. Fatores centrais indicados pelo autor sobre a evasão são as influências sociais e
intelectuais que prejudicam a formação do aluno. Além da falta de renda como uma variável
27

que também colabora para a evasão escolar. Temos, de acordo com os estudos de Tinto (1975,
1993), o Background familiar, atributos individuais gerais, escolaridade anterior, atributos
motivacionais e de expectativas, habilidades do ingressante ao ensino superior, seu desempenho
durante a formação e sua persistência em relações aos desafios e dificuldades encontradas.

No PNAES, conforme o Art. 1º do Decreto 7.234/2010, é o MEC (Ministério da


Educação) o órgão federativo responsável pela sua execução e tem por finalidade ampliar as
condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal. (BRASIL, 2010).

De acordo com o artigo 2º do decreto supracitado são objetivos do PNAES:

I – democratizar as condições de permanência dos jovens na educação superior


pública federal;
II - minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais na permanência e
conclusão da educação superior;
III - reduzir as taxas de retenção e evasão; e
IV - contribuir para a promoção da inclusão social pela educação. (BRASIL, 2010)

De acordo com o Art. 3º do referido decreto, o PNAES deverá ser implementado de


forma articulada com as atividades de ensino, pesquisa e extensão, visando o atendimento de
estudantes regularmente matriculados em cursos de graduação presencial das instituições
federais de ensino superior. Assim afirma, que as ações do PNAES são efetivadas pela
assistência estudantil e devem, obrigatoriamente, seguir a realidade da formação acadêmica que
se baseia nos pilares de ensino-pesquisa-extensão e com foco na permanência dos alunos em
seus cursos de formação. À medida que acessam o sistema educacional e nele permanecem, as
possibilidades de êxito se ampliam, reduzindo o risco de abandono, retenção e evasão,
oportunizando ao aluno vivências acadêmicas significativas.

Ademais, ainda sobre o Decreto de 7.234/2010 no Art. 3º § 1o as ações de assistência


estudantil do PNAES deverão ser desenvolvidas nas seguintes áreas:

I - moradia estudantil;
II - alimentação;
III - transporte;
IV - assistência à saúde;
V - inclusão digital;
VI - cultura;
VII - esporte;
VIII - creche;
IX - apoio pedagógico;
X – acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação.
28

No parágrafo único do Art. 4º está detalhando melhor sobre as questões que deverão ser
levadas em consideração na execução das ações desenvolvidas em cada instituição:

Art. 4º [...] Parágrafo único. As ações de assistência estudantil devem considerar a


necessidade de viabilizar a igualdade de oportunidades, contribuir para a melhoria do
desempenho acadêmico e agir, preventivamente, nas situações de retenção e evasão
decorrentes da insuficiência de condições financeiras.

Embora o PNAES tenha tido algumas conquistas ao longo de sua existência, é nítido os
desafios enfrentados por essa política na educação pública brasileira. É importante destacar que
a falta de política de investimento em uma sociedade capitalista é um fator preponderante para
dificultar a formação de um aluno, pois sem os recursos mínimos que garantam a realização de
atividades básicas como o transporte, alimentação, a compra de materiais didáticos e
tecnológicos a permanência no curso se torna um grande desafio.

O Brasil ainda investe muito pouco em educação, porém O PNE (lei 13.005/2014) traz
como meta 20 ampliar o investimento público em educação pública. Alcançar o mínimo de 10%
do PIB para educação até o final da vigência do plano (2024), esses investimentos são
fundamentais para o desenvolvimento do PNAES.

Desta forma, Kowalski (2012) afirma em sua obra que com a grande expansão das
políticas educacionais que culminaram com a ampliação da rede federal de ensino e que
escancarou os problemas oriundos da falta de condições financeiras favoráveis, enfrentados
pelos alunos que conseguiam acesso à universidade. Assim o PNAES foi instituído em resposta
a essa problemática. Elevando a política de Estado com foco nos assuntos estudantis é que
presenciamos nos últimos anos um gradual processo de democratização no acesso ao ensino
superior público de qualidade, que também está atrelado às medidas estratégicas de políticas
que visam a premência e o sucesso das pessoas socialmente mais vulneráveis no Brasil.

Cada política pública assiste a um determinado grupo social delimitado pela própria
política e, a respeito do público-alvo da assistência estudantil estipulado pelo próprio PNAES
temos no artigo 4º da Portaria Normativa nº 39, de 12 de dezembro de 2007:

Art. 4º As ações do PNAES atenderão a estudantes matriculados em cursos


presenciais de graduação, prioritariamente, selecionados por critérios sócio-
econômicos, sem prejuízo de demais requisitos fixados pelas instituições de educação
superior em ato próprio (PNAES, 2007)
29

O uso dos recursos destinados aos PNAES será definido de acordo com a realidade de
cada IES. Para tanto, cada Coordenação de Assistência Estudantil tem autonomia de gerir os
recursos destinados ao PNAES mediante as necessidades prioritárias que os alunos demonstram
para a assistência estudantil. Os auxílios da assistência estudantil disponibilizados pelo PNAES
devem ser estabelecidos conforme a realidade de cada instituição e considerar nos critérios de
seleção o perfil socioeconômico dos estudantes, exceto a assistência pedagógica e psicológica
que devem atender todos os alunos independente de sua renda.

A criação do Departamento da Assistência ao Estudante (DAE), que está vinculado ao


Ministério da Educação e Cultura, implantou programas de assistência aos estudantes, como
Bolsas de Trabalho e Bolsas de Estudo, por meio das quais o estudante recebia uma verba para
sua manutenção, e dentro dessa mesma lógica, porém sem a necessidade de realização de
atividades em contrapartida estão os programas de alimentação, moradia e assistência médico-
odontológica aos alunos. (IMPERATORE, 2017)

A partir dessa realidade, Imperatoni (2017) destaca em seu estudo sobre a trajetória da
assistência estudantil na educação superior brasileira os aspectos socioeconômicos como
elemento essencial que possibilita a permanência de aluno na universidade, sendo a assistência
estudantil uma política pública de permanência consolidada, que busca ampliar as condições
socioeconômicas do aluno com o objetivo de garantir uma formação e qualidade de vida. Dito
isso o PNAES, como política social, direciona seus esforços em ampliar a permanência por
meio de ajuda em algumas dimensões da vida do discente, sendo a principal, prevista na política
a dimensão socioeconômica.

A assistência estudantil é composta por uma variedade de eixos de atuação. Percebe-


se, então, que a proposta do PNAES é articular diferentes áreas e, consequentemente,
diferentes políticas sociais, visando garantir um padrão de proteção social amplo. É
interessante observar que são definidas as ações e não as formas de se executar as
ações, o que resulta na diversidade de projetos e serviços implementados em cada Ifes.
(IMPERATORI 2017, p.295)

Desde quando foi criado com a Portaria n°39, de 12 de dezembro de 2007, o PNAES teve
um crescente aumento nos investimentos financeiros para esse programa de assistência
estudantil no âmbito nacional. Na tabela 1 podemos ver os investimentos orçamentários para o
PNAES nos anos iniciais de sua implementação.
30

Tabela 1. Investimento orçamentário que o programa recebeu nos três primeiros anos de sua
criação.

Investimentos orçamentário destinados ao


PNAES (2008-2010)
2008 R$ 125,3 milhões
2009 R$ 203,8 milhões
2010 R$ 295,5 milhões

Fonte: Ministério da Educação (2021)

O PNAES ganha destaque no cenário das políticas públicas brasileiras, tanto é que o
volume de recursos públicos destinados a esse programa educacional vem aumentando na
mesma média do que a expansão do ensino superior público federal, especialmente na parte da
sociedade reivindica e faz frentes de lutas pelos seus direitos sociais. Há também uma maior
pressão da sociedade civil por eficiência dos gastos públicos. Então, avaliar a atuação do
PNAES é primordial para que tenhamos uma boa transparência dessa política e das demais
políticas que derivam dessa, levando a um melhor aproveitamento das verbas públicas
direcionadas ao programa e, claro, obter resultados dos impactos gerados através das políticas
educacionais para a vida dos estudantes (CUNHA, 2006).

Assim, vimos que o PNAES é uma política de Estado que representa um grande avanço
para os assuntos relacionados a assistência estudantil no país. Com seus objetivos bem
definidos, a política de permanência no ensino superior é desenvolvida por meios de diversos
eixos de atuação, mas ações ou programas que surgiram para combater a desigualdade social
presente nos cursos de graduação, prevenindo as situações de retenção e evasão e tendo como
público-alvo alunos advindos da educação básica pública que possui baixa renda.
31

3 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA

Neste capítulo está presente as características do campo de pesquisa, como as indicações


metodológicas tomadas neste trabalho, assim como, a caracterização do lócus de estudo e dos
sujeitos que colaboraram com a pesquisa. Inicialmente identificamos a abordagem, o tipo de
pesquisa adotada e método de análise. E por fim, definimos o lócus e os sujeitos da pesquisa.

3.1 Indicações metodológicas

Metodologicamente para realização desta pesquisa utilizou-se uma abordagem


qualitativa, que objetivou não a representatividade numérica dos dados obtidos durante a
pesquisa, mas sim se propôs a compreensão e aprofundamento de um certo grupo social sobre
um assunto específico a partir da própria voz dos sujeitos investigados, pois dada a natureza da
pesquisa, esta abordagem seria mais representativa na busca de identificar e analisar dados para
além de quantificações numéricas.

A pesquisa foi realizada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do


Ceará – Campus de Quixadá e os sujeitos participantes da pesquisa são os licenciandos em
geografia que recebem ou receberam os benefícios da Assistência Estudantil regida pelo
PNAES. Para atingirmos o objetivo desse estudo, buscamos identificar se o PNAES na forma
dos auxílios estudantis e ou ações, contribuiu ou não com a permanência e êxito dos estudantes
do curso de Licenciatura em Geografia do Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia
– Campus Quixadá, assistidos por essa política.

Para Minayo et al. (2009, p. 14) metodologia pode ser compreendida como o caminho
do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. Então, dentro da metodologia
encontramos concomitantemente o método, as técnicas utilizadas para operacionalização do
conhecimento e a criatividade do pesquisador. Os estudos podem ser de natureza qualitativa,
quantitativa ou ainda mistos. Acerca da pesquisa qualitativa a autora enfatiza que:

A pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações,


crenças, valores e atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui
como uma parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir,
mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da
realidade vivida e partilhada com seus semelhantes (MINAYO et al., 2009, p. 21).

A abordagem qualitativa nos permite inovar para que assim seja possível explorar
bastante o tema a ser pesquisado. De acordo com Godoy (1995, p.21) a abordagem qualitativa
32

oferece múltiplas possibilidades de se realizar pesquisa: a pesquisa documental, o estudo de


caso e a etnografia, dentre outras.

Esse estudo trata-se de uma pesquisa de campo realizada virtualmente no IFCE –


Campus de Quixadá que se utilizou também de elementos da pesquisa documental. Gonsalves
(2001, p.67) afirma,

A pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação


diretamente com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais
direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou
ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas [...].

Sobre a pesquisa documental Gill (2002) afirma que essa pesquisa se diferencia da
pesquisa bibliográfica, pois, essa última se utiliza basicamente das contribuições dos vários
autores de determinado assunto, enquanto a pesquisa documental se vale de materiais que não
recebem ainda um tratamento analítico, ou ainda que podem ser reelaborados de acordo com os
objetos da pesquisa.

Quanto aos objetivos, essa pesquisa se caracteriza como explicativa, sendo realizado
primeiramente o projeto de pesquisa e as etapas necessárias para as realizações dos
procedimentos a serem feitos no lócus da pesquisa que contou com a colaboração da
Coordenação de Assistência Estudantil (CAE) do campus de Quixadá como uma coleta de
dados secundária. Então, para o desenvolvimento dessa pesquisa, de caráter qualitativo,
utilizou-se como método de coleta de dados a pesquisa de campo. Além de coletar os dados no
de forma virtual através de E-mail, telefonema e ferramentas digitais foi necessário consultar
os documentos que regem a Assistência Estudantil no campus de Quixadá e analisar os dados
disponibilizados pela Coordenação de Controle Acadêmico (CCA) e principalmente os
documentos da CAE do campus. Também se utilizou um diário de campo para anotar as
impressões e dificuldades da pesquisa.

Outro instrumento para coleta de dados utilizado foi um Questionário estruturado2, com
questões abertas e fechadas enviado via Google forms, elaborado com o intuito de obter
respostas dos estudantes. Para, GIL (1999), o questionário é definido como uma técnica de
pesquisa, no qual adota uma quantidade de questionamentos apresentados por escrito para os

2
O Questionário da pesquisa consta no Apêndice B.
33

indivíduos que participarão da pesquisa, onde seu objetivo é conhecer a opinião, expectativas,
vivências, crenças, sentimentos e/ou interesses

No entanto, é importante salientar que o contexto em que foi aplicado esse estudo foi
de pandemia por COVID-19, que impôs medidas de isolamento social. Assim, a pesquisa de
campo precisou ser realizada de forma predominantemente virtual e remota, apresentando
algumas dificuldades e limitações. Assim, os contatos virtuais realizados com os colaboradores
da pesquisa, bem como os sujeitos, foram feitos através de E-mail e WhatsApp. Em termos de
ética, o Termo de Assentimento e Consentimento Livre e Esclarecido (TACLE) foi incluído no
questionário virtual, de modo a assegurar a ciência dos participantes, gerando dados apenas
aqueles que aceitaram participar e colaborar, para que assim, todos pudessem estar cientes que
a sua identidade seria mantida em sigilo e as informações prestadas seriam utilizadas apenas
para fins científicos.

3.2 Circundando o lócus e os sujeitos da pesquisa

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, cuja sigla atende por
IFCE, é considerado uma autarquia federal pertencente a Rede Federal de Ensino, estando desta
maneira vinculado ao Ministério da Educação (MEC), com sede em Fortaleza. Esta instituição
educacional é dotada de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didática, pedagógica
e disciplinar (IFCE, 2019). Assim, para fins de seu surgimento a Lei n° 11.892, de 29 de
dezembro de 2008 instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica,
criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, o Instituto Federal do Ceará
que sucede o antigo Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará (CEFET-CE) e as
Escolas Agrotécnicas Federais de Crato e Iguatu, mas dá-lhe outras competências e
responsabilidades não sendo, portanto, somente mera continuidade institucional, dotada sob
nova nomenclatura.

O IFCE promove gratuitamente uma educação profissional e tecnológica no contexto


estadual, assim tornou-se uma referência para o desenvolvimento regional, formando
profissionais qualificados para atuar nos setores produtivos da sociedade, viabilizando assim, o
crescimento socioeconômico das regiões, onde atua. Quanto aos níveis de ensino, essa
instituição oferta as modalidades presencial e a distância, ofertando variados tipos de cursos
Técnicos, de Graduação e Pós-Graduação Lato e Stricto Sensu.
34

Conforme o parágrafo 2º de seu Estatuto, o IFCE é uma instituição de educação superior,


básica e profissional, pluricurricular e multicampi, é especializada na oferta de educação
profissional e tecnológica, nas diferentes modalidades de ensino. É necessário destacar, que
além de promover um ensino de qualidade para seus alunos, a instituição também possui entre
os seus principais pilares a pesquisa, a inovação tecnológica e a extensão (IFCE, 2015).

O processo de expansão e interiorização ocorrido no IFCE nas regiões não


metropolitanas colaborou para melhorar as condições de acesso à educação superior no Estado.

De acordo com Máximo (2020) acerca do Estado do Ceará foi possível observar a
materialização do processo de expansão das instituições federais de ensino, visto que até o
começo do século XXI, o ensino federal fazia parte somente de sete municípios do Estado. Tal
realidade passou por uma notória transformação a partir do crescimento significativo no número
dos complexos educacionais no interior do Estado. É válido enfatizar que a criação do IFCE –
Campus de Quixadá remonta o começo do surgimento da política de expansão e interiorização
dos Institutos Federais no Ceará. Na figura 1 está destacado a abrangência geográfica que possui
o IFCE no Estado do Ceará, constituído de uma Reitoria, sediada em Fortaleza, e 32 (trinta e
dois) campi, onde pode-se ver a expansão e interiorização dessa Instituição Federal de Educação
no contexto estadual.

Figura 1 — Abrangência Geográfica dos campi do Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

Fonte: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (2019).


35

A pesquisa foi desenvolvida no IFCE – Campus de Quixadá, localizado no Sertão


Central cearense. A trajetória da instituição já conta com mais de uma década de história, pois
ainda no ano de 2008, por meio da Portaria n° 688, de 09 de junho de 2008, que autorizava o
seu funcionamento, ela se instalou nessa cidade-polo do Sertão Central cearense. No decorrer
desse tempo, manteve seu compromisso com a qualificação profissional dos trabalhadores, com
a inovação tecnológica, com a extensão, com a pesquisa básica e avançada, com a formação de
professores, engenheiros e técnicos e, notoriamente, com o crescimento socioeconômico da
região em que se insere (IFCE, 2019). Afim de localizar geograficamente o IFCE – Campus
Quixadá no mapa 1 a seguir observa-se a localização de campus em relação ao Estado e da sede
urbana do munícipio de Quixadá.

Mapa 1 — Localização do IFCE – Campus de Quixadá: lócus da pesquisa sobre o PNAES

Fonte: elaborado pelo autor, 2021.

O campus de Quixadá oferece os seguintes cursos em 2021: Licenciatura em Geografia,


Licenciatura em Química, Bacharelado em Engenharia Ambiental e Sanitária, Bacharelado em
Engenharia de Produção Civil, Bacharelado em Engenharia Civil, Curso Técnico Subsequente
em Química, Curso Técnico Subsequente em Meio Ambiente, Curso Técnico Subsequente em
36

Edificações, Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Edificações e Curso Técnico


Integrado ao Ensino Médio em Química.
Com a expansão dos cursos o IFCE/Campus de Quixadá, em 2016 cria o curso de
Licenciatura Plena em Geografia, na modalidade presencial, no turno noturno e para sua
fundação foi necessário elaborar o Projeto Pedagógico do Curso (PCC), em conformidade com
as diretrizes do Ministério da Educação e do Conselho Nacional de Educação. De acordo com
o PPC (2019) da licenciatura em geografia este Curso Superior possui como objetivo geral
formar em nível superior professores de Geografia para atuar na educação básica (Ensino
Fundamental II e Médio), bem como em áreas afins permitidas em legislação, a partir de
pressupostos teórico-metodológicos que possibilitem a prática reflexiva e libertadora, com
integração entre conhecimentos específicos, conhecimentos pedagógicos e prática docente
(IFCE, 2019).
Atualmente, o curso de licenciatura em geografia do IFCE, campus de Quixadá, de
acordo com informações fornecidas pela Coordenação de Controle Acadêmico (CCA), conta
com 250 alunos matriculados em 2021, sendo o número de matrículas trancadas o de 41 alunos.
Porém deve-se destacar que a CCA se encontra em processo de verificação dos alunos que
optaram por não retornar às aulas de forma remota, para lançar o trancamento do período dos
mesmos, de forma que esse número ainda não é definitivo, nem tampouco pode-se definir o
número de evadidos, uma vez que é necessário encerrar o ano de referência, nesse caso, de
2020.
Acerca dos dados relativos aos discentes que podem ser considerados como evadidos, a
CCA informa que entre os anos de 2017 a 2020 no curso de licenciatura em geografia houve
um abandono total de 53 alunos, sendo detalhado da seguinte forma: 2017 – 10 alunos; 2018 –
15 alunos; 2019 – 17 alunos e 2020 – 11 alunos. Outra situação que é caracterizada como evasão
é a dos alunos que solicitaram o cancelamento de suas matrículas, totalizando 20 cancelamentos
de matrículas entre os anos de 2016 a 2021, sendo 04 alunos em 2016, 02 alunos em 2017, 02
alunos em 2018, 09 alunos em 2019, 02 alunos em 2020 e 01 aluno em 2021.
Relativo as disciplinas do curso que apresentam número de reprovações/retenção entre
os discentes conforme mostram os dados da CCA, temos as seguintes disciplinas: biogeografia,
cartografia I e II, climatologia, ecologia, estatística aplicada, fundamentos sócio filosóficos da
educação, geologia geral, história da educação, informática aplicada ao ensino, introdução à
filosofia, introdução ao pensamento geográfico, metodologia científica e psicologia do
desenvolvimento. Sendo necessário destacar que outras disciplinas também possuem taxa de
37

reprovação/retenção, mas apenas foram citadas as disciplinas com taxas mais representativas
nessa questão.

Os discentes podem eventualmente contar com os benefícios da Assistência Estudantil


e aqueles que vislumbram concorrer a uma vaga de um auxílio estudantil devem preencher os
requisitos exigidos pela CAE. As seleções se dão através do Sistema Informatizado de
Assistência Estudantil do IFCE (SisAE). É importante destacar que a pesquisa foi direcionada
apenas para aos alunos que obtiveram algum dos auxílios ou participaram de ações da
Assistência Estudantil dentro da instituição.
Assim, os alunos do curso de licenciatura em geografia do IFCE/Campus Quixadá que
foram ou estão sendo assistidos pela Assistência Estudantil do campus são os sujeitos desta
pesquisa. Dentro do universo dessa pesquisa, 23 estudantes participaram dessa pesquisa
respondendo o Questionário com o intuito de compreender como esses alunos avaliam o
PNAES na forma da Assistência Estudantil do campus a partir de seus olhares. Por fim, destaca-
se que os sujeitos desta pesquisa se encontram ainda em processo de formação acadêmica, pois
o curso formará sua primeira turma em 2021, sendo então necessário ver se a Assistência
Estudantil do campus conseguiu atingir o objetivo de melhorar a formação desses estudantes,
proporcionando-lhes a permanência e conclusão do curso de nível superior.
Dentre as 23 respostas que se obteve com a aplicação do Questionário, pode-se afirmar
que os sujeitos que compõem essa pesquisa são em sua maioria do sexo masculino, sendo 56,5%
do sexo masculino e 43,5% do sexo feminino. Esses estudantes têm idades entre 20 a 37 anos
em que 56,5% se autodeclararam pardo, 26,1% branco e 17,4% negro e sobre a localização em
que reside esses discentes a maioria dos sujeitos responderam que vivem em área de zona
urbana, sendo 69,6% da zona urbana e 30,4% da zona rural. É importante destacar nesse
contexto que os sujeitos dessa pesquisa são em maioria de semestre mais avançados do curso,
onde observa-se uma quantidade expressiva de alunos dos semestres finais, isso se deve,
possivelmente, por esses estudantes terem um tempo de curso maior que os demais e
consequentemente tiveram mais oportunidades em participar dos benefícios ofertados pela
Assistência Estudantil do campus.
De acordo com os dados obtidos na pesquisa de campo com colaboração da CAE pôde-
se coletar dados de maneira geral dos discentes assistidos apenas nos anos de 2019 e 2020 (e
um dado referente ao auxílio alimentação de 2021), pois segundo a própria CAE alguns
números relativos aos auxílios estudantis não podem ser informados com precisão, pois a CAE
38

não possuía sistema informatizado, sendo dados foram colhidos manualmente. Desta forma,
nas tabelas 2 e 3 verifica-se esses dados:

Tabela 2 – Alunos assistidos no IFCE/Campus Quixadá (2019)

Auxílios Número de Número de alunos – Lic.


Modalidades alunos em geral em Geografia (mensal)
(mensal)
Moradia 62 01
Transporte 41 12
Formação 30 05
Mães/ Pais 06 00
Visitas e viagens técnicas
(quantidade de turmas 28 09
atendidas)
Auxílio Acadêmico 29 09
Auxílio Óculos 10 02
Total geral: 103 25
Fonte: elaborado pelo autor a partir de informações da CAE, 2021.

É possível perceber que há um número considerável de estudantes da Licenciatura em


Geografia que contaram com os programas e/ou ações da assistência estudantil em 2019. Em
relação ao ano de 2020, dado o contexto pandêmico, observa-se o aumento entre de alunos
assistidos.
Tabelas 3 – Alunos atendidos do curso de geografia com auxílios (2020)
Modalidade de Auxílios Nº de alunos

Moradia 11
Transporte 8
Discentes Pais e mães 2
Óculos 4
Formação 5
Internet 4
Emergencial 51
Total geral: 85
Fonte: elaborado pelo autor a partir de informações da CAE, 2021.
Devido a Pandemia por Sars-Cov-2 (Coronavírus) e, consequentemente, a suspensão
das atividades presenciais, o Auxílio Transporte foi pago apenas nos meses de janeiro a março
de 2020. O Auxílio alimentação 2021 contemplou 34 alunos de geografia. Outro dado relevante
informado pela CAE, foi a quantidade de alunos da licenciatura em geografia do campus,
contemplados com projeto de pesquisa, ofertados pelo Auxílio Formação. Entre 2017 a 2019,
houveram: em 2017 – 02 alunos; 2018 – 04 alunos e 2019 – 02 alunos, totalizando 08 discentes
do curso de licenciatura em geografia que receberam auxílio formação para desenvolver
pesquisas de Iniciação Científica (IC) e, assim, ampliar suas formações.
39

4 ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO IFCE CAMPUS DE QUIXADÁ

Neste capítulo será abordada a estrutura da Assistência Estudantil, enfatizando o campus


de Quixadá e os alunos do curso de licenciatura em geografia assistidos pela política, com base
nas informações prestadas pela CAE e por meio dos documentos que norteiam as ações do
PNAES no IFCE/Campus de Quixadá. E para elaborar esse capítulo, foi necessário a realização
de uma análise e discussão dos dados coletados a partir da voz dos sujeitos da pesquisa, os
estudantes. Por isso buscou-se a compreender quais são as impressões dos estudantes do curso
de licenciatura em geografia do IFCE/Campus de Quixadá sobre a Assistência Estudantil na
permanência e êxito na sua formação.

4.1 Estrutura da Assistência Estudantil no IFCE/campus Quixadá

A Assistência Estudantil está presente em todas as unidades do IFCE, distribuídas em


todas as regiões do Estado. Essa pesquisa de campo realizada no IFCE Campus de Quixadá
buscou compreender como que a Assistência Estudantil se estrutura para o atendimento dos
alunos, visto que o PNAES é uma política ampla e que dá autonomia as instituições para
planejar e executar suas ações de acordo com a realidade de cada IES.
A Política de Assistência Estudantil do IFCE está estruturada de forma a efetivar ações
previstas no Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES – Decreto 7234 de
19/07/2010) com a finalidade de ampliar as condições de permanência dos jovens na educação
superior pública federal (CAE, 2021). Em termos das ações estratégicas da Assistência
Estudantil do IFCE/Campus Quixadá é notório o objetivo do seu funcionamento com vista no
fortalecimento da articulação entre a Política de Assistência Estudantil e o Plano de
Permanência e Êxito, pois toda estrutura foi idealizada de acordo com as diretrizes do PNAES
(IFCE, 2018).
A partir deste viés, o PNAES estabelece ações que deverão ser desenvolvidas nas
seguintes áreas: moradia, transporte, atenção à saúde, creche, cultura, esporte, alimentação,
dentre outras. O Regulamento de Auxílios Estudantis do IFCE (RAE) é o principal documento
que operacionaliza a assistência estudantil no IFCE, que tem como referência o PNAES e indica
quais os auxílios que poderão ser ofertados aos estudantes do campus, como será realizada essa
oferta, quais os documentos necessários, quais critérios a serem estabelecidos pela CAE e
dentre outras providências.
40

Os objetivos e finalidades dos auxílios de acordo com o RAE são os seguintes: a)


ampliar as condições de permanência e apoio à formação acadêmica dos estudantes, visando a
reduzir os efeitos das desigualdades sociais; b) contribuir para redução da evasão; c) propiciar
a melhoria do desenvolvimento acadêmico e biopsicossocial do discente; d) colaborar para que
os discentes concluam sua formação acadêmica no tempo regular; e) proporcionar aos discentes
maior participação no mundo acadêmico, visando à sua formação integral; f) fomentar a
inclusão social pela Educação (IFCE, 2016).
Tais objetivos são efetivados por meio de ações socioeducativas e a ofertas de auxílios
estudantis para os alunos. Essas ações socioeducativas são bastante dinâmicas, podendo variar
de acordo com a realidade vivenciada por cada instituição, levando em consideração aspectos
como o período do ano, com a necessidade social do campus e da comunidade em que este
insere-se, sendo setorizadas, na forma de: Educação, Trabalho e Cidadania; Saúde;
Alimentação e Nutrição; Arte, Cultura, Desporto e Lazer; Auxílios em Forma de Pecúnia
(IFCE, 2016).
Os auxílios no contexto do campus de Quixadá estão divididos em duas modalidades:
Auxílio ao estudante em situação de vulnerabilidade social e Auxílios universais.
Os Auxílios ao Estudante em Situação de Vulnerabilidade Social serão concedidos
com o objetivo de garantir a igualdade de permanência dos estudantes considerados
vulneráveis socialmente, que se encontrem em situação de desproteção, insegurança,
riscos e instabilidade relacionadas à pobreza, ao pertencimento espacial, étnicoracial,
social e cultural impeditivas do acesso aos direitos sociais, aos serviços sociais básicos
e aos bens materiais e culturais. (IFCE, 2016).

Já os auxílios universais são aqueles,

[...] destinados aos discentes matriculados nas modalidades especificadas no art. 4º,
independente de situação socioeconômica, visando à formação integral do estudante
e ao aprimoramento de valores de cidadania, participação, coletividade e inclusão
social. (IFCE, 2016)

Sobre os auxílios ao estudante em situação de vulnerabilidade social realizados no


contexto do IFCE/Campus de Quixadá, existem:
• Auxílio Moradia: subsidia despesas com locação ou sublocação de imóveis pelo
período de 01 ano, pago em 12 parcelas mensais;
• Auxílio Transporte: subsidia despesas no trajeto residência/campus/residência, nos
dias letivos, no período de 01 ano, desde que cumpra o requisito específico;
• Auxílios Mães/pais: subsidia despesas com filho (s) de até 12 anos de idade
incompletos ou com deficiência, independentemente da idade, que estejam sob a guarda
do estudante, pelo período de 01 ano, pago em 12 parcelas mensais;
41

• Auxílio Formação: visa ampliar a formação de discentes, através da participação do


aluno em Pesquisa de Iniciação Científica (IC) ou atividades de Extensão Universitária,
tal auxílio deve acontecer da seguinte forma:
1- Elaboração de edital para a seleção de projetos enviados pelos professores, nas áreas
de pesquisa, ensino e extensão;
2- A partir dos projetos selecionados é lançado o Edital ou critérios de seleção de
alunos;
3- Cada professor (a) tem direito a um bolsista, pelo período de 1 ano, e deverá
acompanha-lo juntamente com o setor de Serviço Social.
4- Para ampliar as condições de êxito dos discentes algumas seleções não prioriza o
desempenho acadêmico do aluno, mas sim o grau de vulnerabilidade social na qual
está envolvido. Sendo necessário o acompanhamento do rendimento somente após
o processo seletivo.
• Auxílio Óculos: subsidia despesas para aquisição de óculos e/ou lentes para corrigir
distorções ópticas, respeitando-se a periodicidade mínima de 01 ano para nova
solicitação.

Sobre os Auxílios Universais desenvolvidos no IFCE/Campus de Quixadá, existe:

• Auxílio Acadêmico: subsidia despesas de alimentação, hospedagem, passagem e


inscrição para eventos externos ao Campus;
• Visitas, Aulas de campo e Viagens técnicas: subsidia a alimentação e hospedagem
durante os dias de trabalho externo à instituição.
É importante destacar que, de acordo com as informações fornecidas pela CAE, os auxílios
são ofertados por meio de Edital e todo o processo seletivo legal ocorre por meio do SISAE.
Nesse sistema, dentre as opções disponíveis, o aluno deve fazer a solicitação do auxílio desejado
e anexar toda a documentação necessária e comprobatória dos requisitos para que, assim, haja
a análise do pedido de auxílio dos alunos. Outra informação relevante é que o lanche ofertado
nos três turnos também é provido pela Assistência Estudantil do Campus.
Ratifica-se que os auxílios ofertados levam em conta a condição socioeconômica dos
discentes, porém existem auxílios que não é necessária uma avaliação da condição
socioeconômica deles para que sejam ofertados. Assim, pode-se dizer que a estrutura de
funcionamento estabelecida pela CAE apresenta uma soma de esforços dos profissionais
42

envolvidos na política de Assistência Estudantil do Campus em promover um atendimento de


qualidade aos discentes e buscar atingir os objetivos previsto pelo PNAES (Decreto 7234 de 19
de julho de 2010).
A CAE destaca que a equipe multiprofissional da Assistência Estudantil do campus deve
acompanhar os alunos que recebem auxílios. Conforme o RAE, para ser beneficiário, o
estudante precisa cumprir frequência mínima de 75% das atividades/ações, estar regularmente
matriculado no mínimo em 12 créditos e não ter mais de duas reprovações por disciplina no
semestre. Para que o Assistente Social consiga acompanhar o discente nesses pontos
supracitados, o acadêmico precisa ser atualizado com frequência e as notas das avaliações
lançadas, pois se torna impossível controlar frequência e notas de mais de 100 alunos sem esses
dados. Se necessário, a CAE solicita a presença do discente para conversar e encaminhá-lo ao
Setor Pedagógico do Campus para verificar possíveis dificuldades no processo de aprendizado
do mesmo.
Sobre os profissionais envolvidos tem-se uma equipe multiprofissional que vai desde os
profissionais do serviço social aos profissionais da saúde e abrange alunos, professores,
comunidade e servidores do IFCE para tornar o campus mais participativo e democrático.
É valido destacar que os profissionais que compõem a CAE também estão presentes no
Núcleo de Apoio à Pessoa com Necessidades Educacionais Específicas (NAPNE), no Núcleo
de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) e no Coletivo Feminista As Sertanistas, todos
do campus de Quixadá. No quadro 1 podemos observar a equipe multiprofissional do Campus
e os serviços desempenhados por esta equipe segundo informa a CAE.

Quadro 1 – Função da Equipe multiprofissional da CAE no IFCE/ Campus de Quixadá

Equipe Serviços

Acolhida de novos alunos (planejamento, organização e execução); Publicação de


Serviço Editais de Auxílios; seleção, entrevistas, visitas domiciliares; Acompanhamento de
Social alunos beneficiados com auxílios (semestral);
Atividades do NEABI e NAPNE; Coletivo feminista “As Sertanistas”.
Acolhida de novos alunos (planejamento, organização e execução);
Aconselhamento Psicológico;
Psicologia Curso de Orientação Profissional;
Curso de Oratória;
Atividades do Neabi e Napne;

Acolhida de novos alunos;


Campanhas: vacinação, doação de Sangue (Parceria com o HEMOCE); “Outubro
Enfermeiro Rosa”, “Novembro Azul” etc.;
Prevenção de doenças (IST ’s/AIDS); atendimento ambulatorial, orientações
sobre a saúde do aluno;
43

Atividades do Napne.
Atendimento odontológico: orientações, obturações, encaminhamentos à serviços
Odontologia da rede pública quando necessário, aplicação de flúor e prevenção de doenças do
trato oral.
Elaboração: elaborado pelo autor, 2021.

Nesse contexto da pandemia por COVID-19, crise sanitária que afetou o país e o mundo
em 2020, estendendo-se até o momento, a Assistência Estudantil teve que adequar sua estrutura
e organização de trabalho. Assim, mudou completamente a rotina de todos os envolvidos,
adequando-se ao trabalho remoto devido a necessidade do distanciamento social. Por
consequência dessa crise, o ensino remoto emergencial foi adotado em todas as instituições do
país como uma alternativa para retomar as atividades acadêmicas.
Assim, os impactos socioambientais e educacionais decorrentes dos tempos de
pandemia afetou severamente as condições de permanência e êxito dos estudantes. Por isso a
Assistência Estudantil elaborou estratégias para combater esses efeitos negativos, concentrando
suas ações no Auxílio emergencial e Auxílio alimentação para os discentes. Para que os
estudantes em vulnerabilidade social tivessem as condições mínimas e aparatos tecnológicos
necessários ao ensino remoto a Assistência Estudantil desenvolveu ações estratégicas, tais
como a entrega de chips e tablets para os alunos e a oferta dos auxílios internet e alimentação
com o intuito de ofertar condições de permanência aos estudantes em seus cursos nesse período
pandêmico.

4.2 Assistência aos estudantes de Geografia: o que dizem os sujeitos?

Como foi citado anteriormente, a pesquisa foi desenvolvida de modo virtual em


decorrência do momento pandêmico, então foi disponibilizado o link do questionário via
WhatsApp para os discentes do curso de licenciatura em geografia que durante o processo de
graduação foram ou são beneficiários de auxílios e ou ações concedidas pelo campus nos
marcos da política de Assistência Estudantil.

Aqui está presente somente as impressões dos sujeitos que concordaram em participar
da pesquisa. O questionário (Apêndice B) inicia-se com algumas perguntas que auxiliaram na
caracterização dos sujeitos da pesquisa, tais como: Qual é o seu gênero? Qual sua idade? Qual
raça/etnia você se autodeclara? Sua casa está localizada em zona urbana, zona rural,
comunidade indígena ou quilombola? Qual o seu semestre do curso?
44

A análise tem por base os dados gerados a partir do questionário com 16 perguntas que
contou com 23 discentes participantes. Visto que algumas falas se repetem, para fins de análise
e interpretação utilizou-se as colocações mais representativas sobre o tema e observou-se
também, que um/a colaborador/a que respondeu esse questionário eletrônico não foi
contemplado/a com nenhum dos benefícios que foram citados na pesquisa.

Logo após as perguntas iniciais que caracterizam os sujeitos, a sexta questão desta
análise, foi para perceber o conhecimento do aluno sobre PNAES. Perguntou-se se o discente
conhecia esse programa e 65,2% responderam que conheciam o PNAES e os outros 34,8%
responderam que não conheciam o PNAES.

Gráfico 2 – Percentual de discentes que dizem conhecer ou não o PNAES.

Esse dado revela que a maioria dos discentes conhecem o programa, porém por mais
que se trate de uma maioria que conhece, ainda é expressivo o percentual dos discentes que
responderam que não conhecem a política, por mais que tenham recebido algum benefício
estudantil.
Com isso, acredita-se que deva haver uma maior divulgação do PNAES dentro do
campus para que toda a comunidade acadêmica possa conhecer esse programa voltado para
Assistência Estudantil tão importante e necessário para a formação dos alunos. Sobre essa
importância, Dutra e Santos (2017) são categóricos ao afirmar que a criação do PNAES
significou um grande passo no que diz respeito à afirmação da política de Assistência Estudantil
no Brasil, abrindo caminhos a uma acepção mais próxima do direito social.
Na sequência, na sétima questão, buscou-se saber quais as opções de auxílios estudantis
foram disponibilizados pelo IFCE, Campus de Quixadá, revelando-se qual apresenta maior
destaque em relação a quantidade de discentes assistidos. Os auxílios identificados foram:
45

auxílio Moradia; auxílio Transporte; auxílio Formação; auxílio discentes mães/pais; auxílio
óculos e/ou o não recebe ou recebeu nenhum desses auxílios pelo IFCE Campus Quixadá por
ter recebido outro tipo de auxílio estudantil.

Gráfico 3 – Percentual de alunos contemplados por tipo de auxílio estudantil.

De acordo com as informações do gráfico 2 percebe-se que há uma quantidade mais


expressiva de discentes contemplados nos auxílios moradia e transporte ambos com 26,1 %,
logo atrás temos o auxílio óculos e transporte com 17,4% e por último o auxílio discente
mães/pais que não houve percentual, pois nenhum dos sujeitos da pesquisa teve acesso a este
auxílio. É importante destacar que a alternativa presente nessa questão que diz que “não recebe
nenhum desses auxílios pelo IFCE/Campus Quixadá” apresenta-se com 39,1%. Tem-se como
hipótese para esse percentual que esses discentes foram contemplados com outras ações como
é o caso dos auxílios universais da Assistência Estudantil do campus, onde, na tabela 3, observa-
se o aumento quantitativo de discentes assistidos no ano que se iniciou a pandemia no Brasil.
A oitava questão indagava ao discente: “Dentre as ações desenvolvidas durante o
ensino remoto pela Assistência Estudantil para combater os impactos negativos causados pela
pandemia por Covid-19, qual ou quais você foi contemplado(a) nesse período?”(Gráfico 4)
Com essa questão buscou-se identificar qual das ações ou auxílios estudantis desenvolvidos
pelo instituto durante o ensino remoto que mais contemplou os discentes, visto que esse
momento foi um grande desafio para todos e contou com o apoio do PNAES para elaborar
benefícios estratégico aos discentes socioeconomicamente afetados pela pandemia.
46

Gráfico 4 – Percentual de alunos contemplados por tipo de ação/auxílio estudantil


durante o ensino remoto.

Destaca-se que o auxílio-emergencial foi o benefício direcionado aos discentes


diretamente atingidos com as consequências socioeconômicas, com maior abrangência durante
a pandemia COVID-19¸ representado pelo percentual de 38,1%. Logo em seguida vem as ações
desenvolvidas para possibilitar condições de acesso ao ensino remoto como a entrega de chips
com internet e tabletes representados respectivamente pelos percentuais de 23,8% e 33,8% que
se mostra o valor considerável. E, por último, e não menos importante, evidencia-se o auxílio
alimentação com 9,5% e o auxílio internet que serviram para reduzir as desigualdades na
permanência entre os alunos e atenuar o agravamento das condições de vulnerabilidade
existentes antes da pandemia do COVID-19.
Verifica-se também nessa questão que 08 alunos entre os 21 que responderam, expresso
no gráfico por 38,1% da população da pesquisa, disseram que não fizeram parte dessas ações e
não receberam nenhum dos auxílios ofertados durante o ensino remoto.
A Assistência Estudantil como campo da Assistência Social e na forma de auxílios
universitários é um direito do estudante e um forte aliado em sua formação. De acordo com
Costa (2009) a forma como a educação é colocada, se reconhece a relevância dessa ferramenta
como uns dos elementos responsáveis para a construção de uma sociedade livre e justa.
Em seguida, questionou-se aos sujeitos por quanto tempo estes foram assistidos pelos
auxílios fornecidos pelo campus. Os dados coletados mostram que 02 discentes foram assistidos
por aproximadamente 04 anos, que compreende, em tese, todo o período da formação; em
sequência, outros 02 discentes responderam que foram assistidos pelos auxílios no período de
47

03 anos e mais 02 discentes no período de 02 anos o que representa um período “satisfatório”


para contribuir com a permanecia e êxito desse discente; outros 03 discentes responderam que
foram assistidos no período médio de 01 ano e os demais responderam que receberam apenas
por alguns meses ou que ainda não foram repassado os valores. Também verificou-se que
houveram discentes que alegaram não ter recebido nenhum auxílio durante sua formação.
A décima questão, perguntava como que o discente avaliava as políticas de Assistência
Estudantil voltadas para a permanência e êxito, tendo como indicadores qualitativos as opções:
ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo, como podemos observar no Gráfico 5

Gráfico 5 – Percentual de avaliação dos discentes sobre as políticas voltadas para


permanência e êxito.

Essa questão indica que 43,5% dos discentes avaliam essas políticas como “ótimo” e no
mesmo percentual avaliam como “bom”. É um número considerável e mostra a satisfação dos
alunos em relação as políticas de Assistência Estudantil da qual esses fizeram parte.
Na questão seguinte (Gráfico 6) objetivou-se compreender sob a ótica dos discentes
assistidos pelo PNAES, qual era suas percepções sobre ao(s) auxílio(s) que receberam ou
recebem. Para isso criou-se as alternativas de caixas de seleção para analisar as múltiplas
possibilidades promovidas pelos auxílios estudantis e que reverberam em uma melhor
formação para os discentes, logo contribui para o êxito, corroborando com essa informação
somente há uma igualdade de fato quando se consideram as desigualdades existentes e se
assumem estratégias para superá-las possibilitando uma formação com mais possibilidades pra
formação do estudante e promovendo as mesmas condições aos alunos de acesso ao direito de
48

permanecer por existir diferentes possibilidades. Como afirma Lopez (2005), a equidade
estrutura a ideia de igualdade, transformando a realidade social do educando.

Gráfico 6 – Possibilidades promovidas pelos auxílios à formação dos discentes.

Dentre as múltiplas possiblidades, tais como: dedicação exclusiva aos estudos,


possibilidade de não trabalhar, de participar de grupos de estudos, de participação em
programas de docência, em atividades extracurriculares e em pesquisa de iniciação científica.
A grande maioria marcou a opção que diz que o(s) auxílio(s) lhes possibilitou uma dedicação
exclusiva aos estudos, expresso pelo percentual 72,2%. Em percentuais menos expressivos ver-
se as outras possibilidades que contribui na formação dos discentes.
Tratando-se das questões da décima segunda e décima terceira, podemos fazer
contrapontos de acordo com a opinião dos sujeitos, pois procurou-se entender quais as
fragilidades e potencialidades da Assistência Estudantil/PNAES conforme a percepção dos
discentes contemplados, que estão expressas no quadro 2.
49

Quadro 2 – Pontos positivos e negativos da Assistência Estudantil-PNAES.

Pontos positivos da Assistência Pontos negativos da Assistência


Categoria Estudantil-PNAES Estudantil-PNAES
“Permanência dos estudantes no “A assistência estudantil é muito boa,
Discentes curso”. porém infelizmente não abrange a
todos os alunos que necessitam”.
Discentes “Possibilidade dos estudantes se “Tem um aspecto, que considero
dedicarem mais aos estudos”. desagradável, que você pode lutar por
essa causa, que é em relação a não
flexibilização para alunos que erra na
entrega ou com ausência de
documentos nas inscrições dos auxílios
estudantis [...]”.
Discentes “Possibilita a participação e
interação dos alunos em atividades
extracurriculares além de dar um “O valor do auxílio poderia ser maior”.
incentivo durante sua formação
docente”.
Discentes. “Eles dão suporte para que nós que “Pouquíssimos recursos para a
somos de outros municípios Assistência... durante este período de
possamos ter uma garantia de que pandemia houve uma liberação maior
sairemos de nossas casas e de aporte financeiro devido a relocação
arcaremos com o aluguel em do dinheiro para não ser desperdiçado
Quixadá, visto que os preços são e aumentado, no entanto, durante o
bem altos”. “período comum” de aula é notório que
há um baixo investimento de recursos
financeiros na Assistência estudantil.
[...]”.
Discentes. “Apoio aos estudantes com pouca “A questão da quantidade de vagas,
condição financeiras”. ainda pode melhorar um pouco mais”.
Elaboração: elaborado pelo autor, 2021.

O PNAES na forma dos auxílios estudantis apresenta pontos negativos e pontos


positivos como dizem os sujeitos pesquisados e tomando como ponto de partida suas vozes,
acredita-se que o PNAES possa contribuir positivamente na sua permanência, ampliando as
condições de uma formação melhor com a possibilidade do estudante poder participar de mais
atividades extracurriculares e, claro, dando-lhes apoio financeiro durante a formação docente.
Contudo, em contraponto aos pontos positivos, relata-se também os pontos negativos.
O que mais se destaca é o fato de os auxílios não conseguirem atender todos os discentes que
necessitam, além disso a burocracia e, por vezes, inflexibilidade no processo seletivo também
podem ser um obstáculo ao acesso. O baixo investimento nessa política, reverbera na baixa
quantidade de vagas e no valor dos auxílios, que está aquém da realidade socioeconômica do
50

país nos dias de hoje. Assim, muitos discentes relataram que por mais que se trate “de uma
ajuda muito grande”, “o valor deveria ser um pouco melhor”.
Como toda política pública o PNAES possui pontos a serem melhorados, pois é preciso
um constante processo de evolução desde sua criação, que consiste na sua avaliação e
reformulação. Os discentes relataram que um dos pontos negativos é a baixa quantidade de
recursos destinado ao programa. Essas colocações coadunam com as reflexões de Dutra e
Santos (2017, p.158) ao afirmarem que o principal desafio da política de Assistência Estudantil
na atualidade é a ampliação dos recursos orçamentários em correspondência com essas políticas
expansionistas do Governo Federal. Além disso, o sucateamento dos recursos destinados a
educação nos últimos anos, pode vir a comprometer o andamento do PNAES.
A questão seguinte tratava sobre a oferta, distribuição e seleção desse
programa/auxílios no IFCE campus de Quixadá. Nas respostas coletadas destaca-se três falas
mais representativas dos discentes: Discente 1. considera que seja justa; o discente 2. também
considera justa, mas faz ponderações sobre a baixa quantidade de vagas que este julga não
atender a demanda, já o discente 3. Acredita por alguns motivos muitas vezes não parece ser
justa.
Sobre o processo seletivo e distribuição dos benefícios da Assistência Estudantil cada
instituição é responsável por definir os critérios e a metodologia de seleção dos alunos que
considerar mais justa e eficaz e avaliar o PNAES nesse sentido, devendo atender
prioritariamente os alunos advindos da rede pública de educação básica que apresentem baixa
renda (BERALDO; MAURICIO; RODRIGUES, 2018).
Na sequência, foi analisada a penúltima pergunta do questionário, correspondente a
questão 16, no qual, foi indagado aos sujeitos que preencheram esse formulário se caso tenham
recebido o auxílio internet, tablet ou chip, o recebimento desses auxílios foi um fator decisivo
para que continuasse no curso nesse período de ensino remoto? Sendo necessário que o
estudante justifique a sua resposta. As três falas representativas disseram que o recebimento
desses materiais como chips e tablets foram muito importantes, muito embora uma das repostas
tenha dito que essa entrega dos materiais/auxílios não representou um fator decisivo na sua
permanência durante o ensino remoto.

“Totalmente, tive problemas com dispositivos no início do ensino remoto. E sem


bolsa também”. (Discente 1)

“Com certeza porque eu não tinha como custear gasto internet” Discente 2
51

“Não! Mesmo sem eles eu buscaria outros caminhos para permanecer no ensino
remoto”. Discente 3

A partir dos relatos tecidos sobre essa questão, infere-se que a grande maioria dos
discentes que foram contemplados por essas ações que visam combater a evasão e a
desigualdade no ensino remoto, consideraram de sumária relevância para sua permanência e
consequentemente, o êxito. Porém na resposta do discente 3, o mesmo destaca que se não
houvesse esses auxílios o mesmo buscaria outros meios para prover suas permanências no
ensino remoto.
Segundo o Plano de Permanência e Êxito várias iniciativas de combate à evasão e
retenção foram tomadas, como é o caso da ampliação dos recursos destinados aos programas
de assistência estudantil. A relevância da assistência estudantil para vida do estudante que
necessita dela é indiscutível no que se refere a permanência e êxito, então é necessário que além
de uma adaptação desse programa com o contexto que se vivencia é necessário um olhar voltado
para a qualidade do ensino que será ofertado a esses alunos beneficiários. (IFCE, 2017)
É valido destacar que em muitas respostas os discentes relataram que com esses
materiais e os auxílios possibilitou um melhor acompanhamento das aulas remotas e atividades,
realização de leitura e um dos respondentes trata do papel que o tablet teve em sua jornada ao
afirmar: “Sim! Pois é complicado estudar apenas no celular”.
A última questão do formulário solicitava para os discentes construíssem narrativas
sobre a sua permanência e êxito no curso de licenciatura em geografia. Para isso fez-se a
seguinte pergunta: na sua opinião ser assistido pela assistência estudantil através de auxílios
ou ações possibilitou a sua permanência e êxito no curso? E no final pedia para justificar. E
as respostas foram as seguintes:

Quadro 3 – Apontamentos dos discentes.

Discente 1. “Sim! Incentivos assim, gera oportunidades aos alunos e estes conseguem dar
continuidade às atividades na instituição”.
Discente 2. “Sim! Pois os auxílios me ajudaram com relação aos custos com os meus
estudos, como xerox e na compra de materiais necessários para manter os meus estudos!”
Discente 3. “Sim, com certeza. Minha família não tem condições de me manter em
Quixadá. O auxílio estudantil me possibilitou permanecer em Quixadá, me dedicar
exclusivamente aos estudos e participar de pesquisa científica, apresentando os resultados
em eventos em todo país.”
52

Discente 4. “Sim. Muitas vezes eu não tinha dinheiro para pagar o aluguel e o auxílio
permitiu minha permanência no campus. Fiquei um ano sem receber o auxílio moradia e
foi o período mais complicado financeiramente para mim, em que muitas vezes pensei em
desistir do curso ”.
Discente 5. “Sim. Por mais que o auxílio fosse um valor baixo, essa quantia possibilitou
uma dedicação exclusiva aos estudos no IFCE, e tendo uma quantia para poder comprar
livros e outros materiais que auxiliaram durante os estudos”.
Elaboração: elaborado pelo autor, fevereiro de 2021.

Foram selecionadas algumas respostas, não foram colocadas todas, pois elas sempre se
repetiam, falando que a sua oportunidade em ser um(a) discente assistido pela política de
Assistência estudantil focadas na permanência e êxito e norteada pelo PNAES possibilitou a
ampliação das suas condições de permanência no ensino superior, e conforme relatou um
discente, podemos verificar essa importância: “Por mais que não seja um valor tão alto
representa muito para minha jornada acadêmica”. A indisponibilidade de recursos financeiros
prejudica na trajetória acadêmica de estudantes de baixa renda, tal problema é gerado por meio
da carência de recursos necessários aos estudos e pela necessidade de conciliar estudos e
trabalho (VARGAS, 2008).
Assim, a Assistência Estudantil é uma política que colabora nesse sentido, ampliando
as condições e dando suporte aos estudantes para concluírem seus cursos de Graduação. É
importante destacar que é responsabilidade do Estado assegurar e fortalecer o direito ao acesso
e permanência dos alunos, porém, os estudantes enquanto categoria deverá fazer movimentos
de frente estudantil para lutar pela garantia de políticas educacionais como um direito social.
53

5 CONCLUSÃO

O ensino público superior apresenta enormes desafios para quem desenvolve e, até
mesmo, para os que usufruem dele. Neste trabalho, buscou-se fazer um estudo no campo da
Assistência Estudantil sobre PNAES que é uma política de grande importância para a educação
pública e verificar como esse programa de Estado pode contribuir na formação docente de
discentes do curso de licenciatura em geografia do IFCE campus de Quixadá.
O PNAES é considerado uma importante política promovida pelo Ministério da
Educação que visa auxiliar a permanência de jovens de baixa renda matriculados em cursos de
graduação presencial das instituições federais de ensino superior.
Através de toda pesquisa teórica e especialmente das análises feitas dos dados coletados
do questionário direcionado aos sujeitos da pesquisa, pode-se concluir que a política de
Assistência Estudantil do IFCE Campus de Quixadá possui uma grande relevância para a
permanência e êxito dos discentes de licenciatura em geografia e quando analisados as respostas
dos discentes, obtidas por meio do questionário, é possível notar a gratidão e o reconhecimento
da importância que Assistência Estudantil teve e ainda vem tendo em suas formações.

Essa pesquisa partiu das hipóteses de que o PNAES contribuiria de forma positiva na
formação e com a permanência e êxito desses discentes. Durante o trabalho verificou-se que as
hipóteses se confirmam a partir das falas dos próprios sujeitos e com a discussão que confronta
os achados da pesquisa, a fala dos sujeitos deixa claro a importância da Assistência Estudantil
para a formação, pois notou-se que os discentes assistidos pelo PNAES tiveram a possibilidade
se dedicarem mais aos estudos e participar efetivamente na graduação, podendo ampliar as
condições de permanência dos discentes em seu curso de formação.

Percebe-se, assim, que os auxílios estudantis ofertados pelo campus trazem


contribuições significativas para a vida dos discentes, sendo de extrema importância para a
permanência no ensino superior. Toda a pesquisa mostrou tal importância, mas embora o
PNAES tenha suas limitações como não conseguir assistir a todos que necessitam de política,
é notório os esforços da Assistência Estudantil no Brasil, assim como no IFCE/campus de
Quixadá em particular, para democratizar a educação. Porém a falta de investimentos do
Governo nessa área dificulta esse processo, afetando diretamente a formação dos estudantes
que se encontram em processo formativo e a educação pública como um todo.
54

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59

APÊNDICE A – TERMOS DE ASSENTIMENTO E CONSENTIMENTO LIVRE E


ESCLARECIDO - TACLE

TERMO DE ASSENTIMENTO E CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Ressaltamos a importância de sua colaboração e asseguramos que os referidos dados são de


utilidade científica e, portanto, resguarda o anonimato dos sujeitos, não coletamos e-mail e nem
solicitamos identificação dos/as colaboradores/as. Além disso, o pesquisador se compromete a
não emitir qualquer juízo de valor e manter os dados em sigilo, de forma a resguardar a
integridade de seus colaboradores/as. Para colaborar, é preciso estar ciente e consentir a
utilização dos dados coletados, para tanto, em caso de concordar, é necessário assinar o Termo
de Assentimento e Consentimento Livre e Esclarecido disposto no próximo item. Vale lembrar
que a qualquer momento os sujeitos podem desistir de sua colaboração da pesquisa, para isso,
basta entrar em contato conosco.

Declaro que concordei em participar da referida pesquisa. Em virtude disso, fico ciente
de que os resultados desse estudo serão exclusivamente utilizados para fins de pesquisa,
sendo informado de que será mantido meu anonimato e de que posso negar-me a
participar a qualquer momento, sem qualquer prejuízo.

Concordo com os termos acima e participarei da pesquisa.


Não poderei colaborar com a pesquisa.
60

APENDICE B – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Pesquisa de TCC sobre a Permanência e êxito de discentes da licenciatura em Geografia


do IFCE/Quixadá

Caro/a discente,

A presente pesquisa está sendo desenvolvida pelo estudante, Paulo Henrique Maia Lameu
(paulohenrique.ifceq@gmail.com), do curso de Licenciatura em Geografia do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), sob a orientação da professora Dra. Maria
Cleidiane Cavalcante Freitas (maria.freitas@ifce.edu.br). O estudo objetiva de forma geral
analisar os possíveis impactos do Programa Nacional de Assistência Estudantil na permanência
e êxito dos licenciandos/as do curso de geografia no IFCE/Campus Quixadá. Dessa forma,
traçou como sujeitos colaboradores alunos/as do referido curso que durante sua graduação foi
ou é beneficiário de auxílios concedidos pelo campus nos marcos da política de Assistência
Estudantil (AE). Para colaborar é preciso concordar, estar ciente dos termos e responder ao
presente questionário.
Esse questionário tem por finalidade coletar dados dos alunos assistidos pelo PNAES
(Assistência Estudantil) no IFCE - campus Quixadá do curso de Licenciatura em Geografia.
Título da pesquisa: Permanência e êxito dos discentes do curso de Licenciatura em Geografia
no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará/Quixadá: uma reflexão a partir
do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES)

Pesquisador (a): Paulo Henrique Maia Lameu: (paulohenrique.ifceq@gmail.com)


Orientadora: Maria Cleidiane Cavalcante Freitas: (maria.freitas@ifce.edu.br)
Instituição de Ensino Superior: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
- IFCE campus Quixadá.

QUESTIONÁRIO
Observação: * = Obrigatória

1. Gênero

Masculino
61

Feminino
Outro:_________________________

2. Idade?
___________________________________________________________________________

3. Qual raça/etnia você se autodeclara? *

Branco
Negro
Pardo
Amarelo
Indígena

4. Sua casa está localizada em?

Zona Rural
Zona Urbana
Comunidade indígena
Comunidade quilombola

5. Qual semestre você está cursando? *


___________________________________________________________________________

6. Você conhece o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES)? *

Sim
Não

7. Dentre os auxílios estudantis disponibilizados pelo IFCE Campus Quixadá, qual


ou quais você foi contemplado(a) durante sua formação?

Auxílio moradia
Auxílio transporte
62

Auxílio formação
Auxílio discentes mães/pais
Auxílio óculos
Não recebi nenhum desses auxílios pelo IFCE/Campus Quixadá

8. Dentre as ações desenvolvidas durante o ensino remoto pela Assistência Estudantil


para combater os impactos negativos causados pela pandemia por Covid-19, qual ou quais
você foi contemplado(a) nesse período?

Auxílio emergencial
Auxílio internet
Auxílio alimentação
Entrega de chips com internet
Entrega de tablets
Não fiz parte dessas ações e não recebi nenhum desses auxílios durante o ensino
remoto

9. Por quanto tempo você recebeu auxílio estudantil do IFCE? *


___________________________________________________________________________

10. Como você avalia as políticas de assistência estudantil voltadas para a permanência
e êxito? *

Ótimo
Bom
Regular
Ruim
Péssimo

11. Qual a sua percepção em relação ao(s) auxílio(s) que recebe ou recebeu?

Possibilitou me dedicar exclusivamente aos estudos


Possibilitou não trabalhar
Possibilitou participar de grupos de estudos
63

Possibilitou a participação em programas de docência


Possibilitou minha participação em atividades extracurriculares
Possibilitou a participação em pesquisa de iniciação científica

12. Em sua opinião qual ou quais o(s) ponto(s) positivo(s) da Assistência


Estudantil/PNAES no IFCE/Quixadá?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

13. Em sua opinião qual ou quais o(s) ponto(s) negativo(s) da Assistência


Estudantil/PNAES no IFCE/Quixadá?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

14. Como você analisa a oferta, distribuição e seleção desses programas/auxílios no


IFCE/Quixadá? (Ex. acredita que a forma de seleção é justa ou não; se atende a demanda
esperada etc.).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

15. Caso você tenha recebido o auxílio internet, tablet ou chip, a recepção desses
auxílios foi um fator decisivo para que você continuasse no curso nesse período de ensino
remoto? Justifique a sua resposta
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

16. Na sua opinião ser assistido pela assistência estudantil através de auxílios ou ações
possibilitou a sua permanência e êxito no curso? Justifique sua resposta. *
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

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