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QUIXADÁ
2021
PAULO HENRIQUE MAIA LAMEU
QUIXADÁ – CE
2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Ficha catalográfica elaborada pelo SIBI/IFCE, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
62 f. : il. color.
CDD
910
PAULO HENRIQUE MAIA LAMEU
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Cleidiane Cavalcante Freitas (Orientadora)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) – Campus de Quixadá
_________________________________________________________
Profa. Dra. Adele Cristina Braga Araujo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) - Campus de Quixadá
_________________________________________________________
Profa. Dra. Danielle Rodrigues da Silva
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) - Campus de Quixadá
A Deus.
A minha família, em especial minha irmã Eva
Valeria.
A minha orientadora Maria Cleidiane.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar à Deus, por toda sua força mantenedora da vida na terra, sua
misericórdia e amor que me proporcionou saúde e tantas outras bençãos que me possibilitaram
vencer os desafios e chegar ao meu objetivo.
À minha família, em especial minha querida irmã Eva Valeria por ser uma pessoa de
luz que acompanhou toda minha trajetória nos estudos e foi minha principal fonte de inspiração
e desejo de transformar minha realidade através da educação.
Ao meus pais, por sempre me ajudar da melhor forma possível para que eu pudesse
chegar até aqui, em especial minha querida mãe Francisca por ser uma mãe tão boa e carinhosa.
À minha orientadora Maria Cleidiane, por ter aceitado me orientar, por toda sua
compreensão e dedicação em seu trabalho e principalmente por incentivar e acreditar que eu
seria capaz de produzir essa monografia.
Aos Mestres, que muito contribuíram positivamente com minha formação acadêmica,
enquanto futuro professor de geografia, em especial as professoras Geyzi Castro e Danielle
Rodrigues pelos seus ensinamentos e por serem professoras de excelência.
A minha ex. professora Adele da disciplina de Política e Gestão educacional por ser um
espelho para mim enquanto profissional da educação, por me despertar interesse em pesquisar
sobre as políticas educacionais e por aceitar fazer parte da banca examinadora.
À Coordenação de Assistência Estudantil (CAE) na pessoa da Mariângela por todas as
informações prestadas que colaboraram para o desenvolvimento desse trabalho.
Aos alunos do curso que colaboraram com minha pesquisa.
Aos amigos e colegas de estudo, em especial aos que estiveram próximos a mim durante
a graduação, agradeço todo o carinho, o apoio, o acolhimento, os trabalhos em grupo, e por
todas as palavras motivadoras que fortaleceram a minha caminhada.
“Eu sou um intelectual que não tem medo de ser
amoroso. Amo as gentes e amo o mundo. E é
porque amo as pessoas e amo o mundo que eu
brigo para que a justiça social se implante antes
da caridade”.
(Paulo Freire, 1985)
RESUMO
O presente trabalho tem como tema central de estudo a permanência e êxito de discentes do
curso de licenciatura em geografia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará - Campus de Quixadá, a partir do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES).
Assim, se buscou, de forma geral, analisar os possíveis impactos do PNAES na permanência e
êxito dos discentes do curso de licenciatura em geografia no IFCE/Campus de Quixadá.
Realizou-se uma pesquisa qualitativa e estudo de campo, almejando fundamentação na
literatura e nos dados coletados, onde ficou evidenciado a importância do PNAES para os
estudantes. Os sujeitos da pesquisa foram os discentes matriculados no curso licenciatura em
geografia do IFCE-Quixadá contemplados pela assistência estudantil. Como instrumento de
pesquisa se utilizou um questionário aplicado pelo google forms para levantar a opinião dos
sujeitos sobre os benefícios fornecidos pela assistência estudantil. Os resultados do trabalho
possibilitaram a conclusão de que o PNAES, na forma de auxílios financeiros e/ou ações
desenvolvidas, contribui de forma positiva para permanência e êxito dos discentes. Percebeu-
se que os estudantes assistidos pelo PNAES tiveram suas condições de permanência ampliadas,
que possibilitou a estes um melhor acompanhamento das atividades acadêmicas.
Palavras-chave: PNAES. Assistência Estudantil. Permanência e Êxito. Licenciatura em
Geografia.
ABSTRACT
This work has as its central theme of study the permanence and success of students of the
geography degree course at the Federal Institute of Education, Science and Technology of Ceará
- Quixadá Campus, from the National Student Assistance Program (PNAES). Thus, it was
sought, in general, to analyze the possible impacts of PNAES on the permanence and success
of the students of the geography degree course at the IFCE / Quixadá Campus. A qualitative
research and field study was carried out, aiming at foundations in the literature and in the
collected data, where the importance of the PNAES for the students was evidenced. The
research subjects were the students enrolled in the geography degree course at IFCE-Quixadá
contemplated by student assistance. As a research instrument, a questionnaire applied by google
forms was used to raise the opinion of the subjects on the benefits provided by student
assistance. The results of the work made it possible to conclude that PNAES, in the form of
financial aid and / or developed actions, contributes positively to the permanence and success
of the students. It was noticed that the students assisted by PNAES had their conditions of
permanence expanded, which allowed them to better monitor academic activities.
Keywords: PNAES. Student Assistance. Permanence and Success. Degree in Geography.
LISTA DE SIGLAS
IC Iniciação Científica
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
1.1 Problematização e justificativa ...................................................................................... 13
1.2 Objetivos .......................................................................................................................... 16
1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 16
1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 16
1.3 Metodologia ..................................................................................................................... 16
2 ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO BRASIL E O PROGRAMA NACIONAL DE
ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL (PNAES): aspectos históricos e conceituais .................. 18
2.1 Políticas públicas educacionais: enfatizando a Assistência Estudantil no Brasil
.................................................................................................................................................. 18
2.2 Notas sobre o PNAES ....................................................................................................... 25
3 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA...................................................... 31
3.1 Indicações metodológicas ................................................................................................ 31
3.2 Circundando o lócus e os sujeitos ................................................................................... 33
4 ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO IFCE CAMPUS DE QUIXADÁ ........................... 39
4.1 Estrutura da Assistência Estudantil no IFCE/Campus Quixadá.................................. 39
4.2 Assistência aos estudantes de Geografia: o que dizem os sujeitos? .............................. 43
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 54
APÊNDICE A – TERMOS DE ASSENTIMENTO E CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO – TACLE .................................................................................................. 59
1 INTRODUÇÃO
1
Antes do Decreto houve a instituição da Portaria Normativa 39, de 12 de dezembro de 2007.
14
baixa renda, matriculados em cursos de graduação presencial das instituições federais de ensino
superior, viabilizando a igualdade entre os alunos e democratizando o acesso à educação.
É necessário ressaltar que na atualidade o PNAES traz uma grande contribuição para a
promoção da inclusão social através da educação, além de ser um dos seus objetivos descrito
no decreto que dispõe sobre o PNAES a redução das taxas de evasão e retenção, dessa forma,
a presente pesquisa também se torna relevante para a instituição, possibilitando compreender
como se sistematiza e funciona a Assistência Estudantil no IFCE Campus Quixadá e assim
subsidiar melhorias nas ações da própria assistência estudantil no interior do campus. Além
disso, essa pesquisa tem como público-alvo os/as estudantes comtemplados pelo PNAES
matriculados no curso de licenciatura em geografia no IFCE Campus Quixadá, o qual formará
sua primeira turma no ano de 2021, logo será importante perceber se houve impactos positivos
para a permanência e sucesso desses estudantes.
O presente trabalho foi idealizado a partir das minhas vivências durante o curso de
graduação e perspectivas acerca da Assistência Estudantil, enquanto aluno do curso de
licenciatura em geografia, IFCE - campus de Quixadá. Foi durante a monitoria voluntária de
Política e gestão educacional que despertei o interesse pelo tema escolhido, uma vez que eu era
um dos alunos da licenciatura em geografia assistido pela Assistência Estudantil do campus e
reconhecia a importância das políticas educacionais para formação dos estudantes.
Com o intuito de exercer a profissão docente, ingressei no curso aos 19 anos de idade,
ao longo dos semestres da minha formação, vi o quanto era difícil para alunos em
vulnerabilidade social permanecer e obter sucesso, visto que o curso exige dos alunos muito
esforço e dedicação, e para que esses alunos consigam se dedicar em sua formação é necessário
que a Assistência Estudantil ofereça subsídios básico como transporte, moradia e alimentação
dentre outros, para que essa permanência e o êxito se efetivem na prática.
Destaco que, como estudante do curso e beneficiário dessa política, participei durante
seis meses do auxílio formação, atuando como bolsista de extensão no Núcleo de Tecnologias
Educacionais e Educação a Distância (NTEAD) do IFCE/Campus Quixadá e também fui
contemplado pelo auxílio transporte que visa custear os gastos do aluno com transporte para
fazer os percursos casa-campus e campus-casa, essa experiência contribuiu de forma positiva,
me possibilitando maior apoio para minha permanência no curso e consequentemente maior
rendimento acadêmico, pois tive condições de comprar meu notebook, livros e outros
provimentos como alimentação, transporte, materiais de estudo e xerox.
16
Assim, o interesse de estudo pelo tema surgiu das inquietações geradas pela necessidade
de compreender como essa política assistencial estudantil funciona, se organiza e se ela
contribuiria na formação de outros estudantes, da mesma forma que contribuiu na minha, e se
esta política, impactaria positivamente para a permanência e êxito dos estudantes do curso de
licenciatura em geografia no IFCE/Campus Quixadá.
Referente ao problema da pesquisa foi levantada duas hipóteses: que o PNAES contribui
de forma positiva na formação dos estudantes do curso de licenciatura em geografia no IFCE
Campus Quixadá e que contribui para a permanência e êxito dos estudantes contemplados no
contexto do curso de licenciatura em geografia no IFCE Campus Quixadá, isso impactaria na
formação dos discentes contemplados.
1.2 Objetivos
1.3 Metodologia
abertas e fechadas enviado via Google forms. Foi utilizado, também, um diário de campo para
anotar as impressões da pesquisa. Além disso, em relação aos princípios éticos que regem a
pesquisa científica, os colaboradores/as assinaram o Termo de Assentimento e Consentimento
Livre e Esclarecido (TACLE), no qual assegura aos mesmos, o anonimato e a utilização dos
dados somente para fins de pesquisa, dentre outros termos.
O presente trabalho está organizado em quatro capítulos, são eles: Introdução, contendo
os elementos da pesquisa e demais seções; no segundo capítulo está presente os aspectos
históricos e conceituais da assistência estudantil no Brasil e o PNAES; no terceiro capítulo é
apresentado a caracterização do estudo com as indicações metodológicas e definição de lócus
e sujeitos; no quarto capítulo contextualiza-se a estrutura e organização do PNAES no Campus
de Quixadá e seu impacto na vida acadêmica dos sujeitos da pesquisa; e, por fim, as conclusões.
18
O Brasil é considerado um dos países do mundo com maior desigualdade social, pois de
acordo com o IBGE (2020) o rendimento mensal dos mais ricos corresponde a mais de 33 vezes
o recebido pela parcela mais pobre. As políticas públicas são ações governamentais primordiais
ao desenvolvimento de uma sociedade, assim nos diversos setores da sociedade contribuem
para reduzir os efeitos das desigualdades sociais enfrentadas pela população. O acesso à
educação no Brasil foi negado as pessoas mais pobres durante muito tempo, porém a aplicação
de políticas públicas educacionais efetivas foi decisiva para que essa realidade pouco a pouco
fosse transformada e o direito à educação tornar-se um direito social de todo e qualquer
brasileiro (FONAPRACE, 2012).
Essas desigualdades sociais também são notórias nas instituições de ensino superior e
um dos desdobramentos das políticas públicas que colabora para diminuir as desigualdades
educacionais é a Assistência Estudantil que sugere recursos e ações direcionadas para o
enfrentamento desses desafios e superação desses problemas, para que haja um educação
alinhada e que valorize os direitos humanos, com vista para a efetivação da cidadania e
desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos através da educação (PIRES, 2015).
As Políticas Públicas Educacionais são essenciais, principalmente no Brasil, cuja
desigualdade social é gigantesca. Então, ações afirmativas ligadas a educação que disponibiliza
19
Rua (2012) considera a política pública sendo o meio para resolução de problemas da
vida em sociedade identificadas pela atividade política que compreende um conjunto de ações
e decisões estrategicamente, que possam promover a implementação da decisão tomada para
realizar algo que venha beneficiar a população e contribuir para o bem-estar comum dos
indivíduos envolvidos.
Então, entendemos as políticas públicas como as ações praticadas pelos nossos
governantes para realizar um governo focalizado nas melhorias da vida em sociedade e soluções
de problemas, com avanços sociais em diversos setores da sociedade, como por exemplo, as
políticas públicas voltadas para educação, que tem como objetivo ajudar os que mais precisam
no seu processo educativo e na formação de indivíduos atuantes para mudanças concretas em
suas realidades.
Seguindo esse raciocínio é válido destacar duas políticas de Estado que estão
intimamente relacionadas e asseguradas na Constituição Federal de 1988 que são elas –
educação e assistência social. Logo de início, a Constituição, no artigo 6º, evidencia a educação
e a assistência social como direitos sociais que amplia a qualidade de vida das pessoas, e em
seguida destaca essas duas políticas de Estado individualmente, levando em consideração suas
especificidades. Sobre a Assistência Social, tem-se:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente
de contribuição à seguridade social.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
Para Lima e Ferreira (2016) o Brasil por mais que tenha avançado em relação a
assistência estudantil, especialmente, com a ampliação das políticas de expansão e
democratização do ensino superior, o direito à educação com igualdade das condições de seu
acesso e permanência, previsto na Constituição Federativa do Brasil (1988) e reforçado na Lei
de Diretrizes e Base da Educação – LDB, Lei n. 9.394 (1996), em sua totalidade ainda encontra
diversos desafios que dificultam que toda a demanda seja atendida de maneira satisfatória,
trazendo resultados mais evidentes para os alunos das Intuições de Ensino Superior (IES).
Pires (2015) afirma que quando a assistência estudantil é tida como uma ação da política
pública educacional que contribui positivamente no processo educativo e é operacionalizada de
forma eficaz, é considerada como um investimento necessário ao crescimento e
desenvolvimento integral do discente no que se correlaciona com todos os aspectos dele dentro
e fora da instituição de ensino. Assim, discutir sobre o papel da assistência estudantil como uma
política pública de ordem social no processo de melhoria do desempenho acadêmico dos
universitários é extremamente relevante, pois essas políticas são fundamentais para que haja
possibilidades de permanência dos alunos em suas formações.
De acordo com Vieira e Castro (2019, p.89) a Assistência Estudantil no Brasil é “[...]
considerada como ação efetivada em instituições públicas de ensino superior, amparada
legalmente ou por iniciativa da instituição, voltada a apoiar a permanência dos estudantes no
âmbito acadêmico.” Desta maneira quando é introduzida a Assistência Estudantil no ambiente
acadêmico os alunos que apresentam dificuldades durante sua formação por questões sociais
podem vir a ser assistidos pelas ações da Assistência Estudantil, como é o exemplo dos auxílios
estudantis voltados a permanência e êxito na educação superior que visam garantir educação
para todos.
É valido destacar ainda que para que a Assistência Estudantil no Brasil tenha se tornado
uma política de Estado com a sua institucionalização em 2010 que criou o PNAES, passou por
diferentes contextos sociais, econômicos e políticos que marcaram sua construção, então a
Assistência Estudantil passou por momentos cruciais para sua efetivação no Brasil e
gradativamente ganhou destaque a partir do momento que foi inserida nas legislações, fruto de
intensas e incansáveis lutas dos movimentos estudantis que buscavam por uma educação de
qualidade e igualitária.
22
A Assistência Estudantil no Brasil passou por momentos históricos importantes para sua
estruturação como política educacional
[...] o caminho percorrido pela AE no Brasil foi organizado em três fases: A primeira,
compreendida entre a década de 1920, quando é identificada na literatura menção às
primeiras ações de assistência ao estudante, até o fim do Regime Militar. A segunda
que se inicia no contexto de Redemocratização do país, a partir da década de 1980 até
o final do governo Fernando Henrique Cardoso (2003) e a terceira fase demarcada
pelo início do governo Lula (2003) [...] (VIEIRA; CASTRO, 2019, p.91).
O Brasil ainda tem muito o que avançar nas questões que respeitam a Assistência
Estudantil, para isso é necessário mais investimento nas políticas públicas voltadas para esse
setor. Para Nascimento (2019) tal investimento é primordial e de extrema necessidade para o
desenvolvimento do indivíduo e consequentemente da sociedade de uma maneira integral, esta
visão é destacada nas narrativas dos políticos que apoiam a assistência estudantil como política
educacional efetiva, e as políticas públicas devem ser encaradas pelos nossos governantes como
uma alternativa que colabora para uma mudança na realidade da educação nacional, que gera
efeitos positivos tanto no desenvolvimento da ciência brasileira e formação cidadã dos alunos,
tendo em vista que na meta 12 (sobre a taxa de matrícula na educação superior) do Plano
Nacional de Educação (Lei n. 13.005/14), em sua estratégia 12.5 diz se necessário “ampliar as
políticas de inclusão e de assistência estudantil dirigidas aos (às) estudantes de instituições
públicas[...]”.
As políticas públicas de Assistência Estudantil não devem ser vistas pelos estudantes
unicamente como um meio do governo direcionar auxílios financeiros para que os alunos
possam permanecer e conseguir sucesso em sua formação. A política deve ir muito mais além
disso. Para que possamos compreender o verdadeiro sentido da Assistência Estudantil é
importante destacar que além do apoio financeiro, entendido pelos auxílios estudantis, deve
estar presente na política ações voltadas a assistência pedagógica dos discentes,
acompanhamento psicológico e outras atividades que colaborem com a sua permanência na
universidade (NASCIMENTO, 2019).
curso dos estudantes do ensino técnico e superior, mediante serviços e/ou auxílios; V - equidade
na prestação dos serviços educacionais, visando ao acesso, a permanência e o êxito acadêmico.
públicas nos anos de 2018 ou 2019, pois muitos jovens não poderiam conseguir realizar o sonho
de cursar um ensino superior por não possuir condições mínimas de se manter em outra cidade
e/ou arcar com as despesas necessárias para sua formação (FUNCAP, 2021).
De acordo com Silva (2019, p. 14) “conhecer e avaliar a materialização das políticas de
acesso e permanência estudantil no ensino superior público para os estudantes de baixa renda é
condição indispensável para o alcance da garantia do direito à educação”. Assim, conhecer bem
os desdobramentos dessas políticas e avaliar seus impactos na vida dos alunos é uma tarefa
fundamental do serviço social das instituições de ensino superior públicas que estão diretamente
ligados na execução do serviço da assistência estudantil.
Através dos movimentos sociais ligados a educação que pressionavam por mudanças
nas condições de ensino e conquistas na educação que a política educacional passou por
relevantes transformações. Tais mudanças trouxeram as instituições de educação superior a
reponsabilidade de formar sujeitos engajados com a responsabilidade social da educação que
reconhece a educação como um caminho para a efetivação da cidadania e lutas pela ampliação
dos direitos humanos (PIRES, 2015).
Desta maneira podemos perceber a importância das políticas públicas educacionais para
o desenvolvimento integral dos alunos. A assistência estudantil é uma forte aliada para a
construção de uma educação democrática e que valoriza os estudantes que durante sua formação
passam por dificuldades reais que impedem de concluir seus cursos, então investir nessas
políticas é essencial para a concretização de políticas educacionais efetivas.
25
Com a chegada da década de 2000 a educação brasileira foi marcada pela ampliação dos
investimentos do governo nas políticas públicas de acesso ao ensino superior por intermédios
de medidas estratégicas, tanto direcionadas à esfera privada quanto na pública. Essas medidas
se reverberaram nas instituições privadas a partir do FIES e o PROUNI, já nas instituições
públicas de ensino, tais medidas se concretizaram através do REUNI em 2007, cujo objetivo
explícito era reduzir os efeitos negativos da desigualdade social por meio da ampliação do
acesso e da permanência dos jovens alunos nos cursos de graduação. Nesse mesmo viés, como
forma de atenuar a evasão e reprovação, foi criado o PNAES, programa que disponibiliza ao
seu público-alvo benefícios como o auxílio moradia, auxílio formação, auxílio alimentação,
dentre outros (BRASIL 2012).
Conforme Recktenvald, Mattei e Pereira (2018), o PNAES está em vigor desde 2008, é
entendido por um plano elaborado pelo poder governamental brasileiro que vislumbra a
consolidação da permanência e êxito de alunos oriundos de grupos sociais menos favorecidas
nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) em nível nacional, uma demanda que
emergiu no mesmo contexto da crescente oferta de vagas no sistema de ensino público superior.
Assim, vemos que as políticas públicas que garantem o acesso ao ensino superior no país
dependem do apoio da assistência estudantil – traduzida pelo PNAES como forma de assegurar
aos alunos que ingressaram em cursos de nível superior o êxito em sua formação e, amplamente,
o direito a inclusão social através da educação.
Para Tinto (1993), a evasão dos estudantes no ensino superior é motivada por um
processo multidimensional entre os discentes e a instituição que culmina na desistência de sua
formação. Fatores centrais indicados pelo autor sobre a evasão são as influências sociais e
intelectuais que prejudicam a formação do aluno. Além da falta de renda como uma variável
27
que também colabora para a evasão escolar. Temos, de acordo com os estudos de Tinto (1975,
1993), o Background familiar, atributos individuais gerais, escolaridade anterior, atributos
motivacionais e de expectativas, habilidades do ingressante ao ensino superior, seu desempenho
durante a formação e sua persistência em relações aos desafios e dificuldades encontradas.
I - moradia estudantil;
II - alimentação;
III - transporte;
IV - assistência à saúde;
V - inclusão digital;
VI - cultura;
VII - esporte;
VIII - creche;
IX - apoio pedagógico;
X – acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação.
28
No parágrafo único do Art. 4º está detalhando melhor sobre as questões que deverão ser
levadas em consideração na execução das ações desenvolvidas em cada instituição:
Embora o PNAES tenha tido algumas conquistas ao longo de sua existência, é nítido os
desafios enfrentados por essa política na educação pública brasileira. É importante destacar que
a falta de política de investimento em uma sociedade capitalista é um fator preponderante para
dificultar a formação de um aluno, pois sem os recursos mínimos que garantam a realização de
atividades básicas como o transporte, alimentação, a compra de materiais didáticos e
tecnológicos a permanência no curso se torna um grande desafio.
O Brasil ainda investe muito pouco em educação, porém O PNE (lei 13.005/2014) traz
como meta 20 ampliar o investimento público em educação pública. Alcançar o mínimo de 10%
do PIB para educação até o final da vigência do plano (2024), esses investimentos são
fundamentais para o desenvolvimento do PNAES.
Desta forma, Kowalski (2012) afirma em sua obra que com a grande expansão das
políticas educacionais que culminaram com a ampliação da rede federal de ensino e que
escancarou os problemas oriundos da falta de condições financeiras favoráveis, enfrentados
pelos alunos que conseguiam acesso à universidade. Assim o PNAES foi instituído em resposta
a essa problemática. Elevando a política de Estado com foco nos assuntos estudantis é que
presenciamos nos últimos anos um gradual processo de democratização no acesso ao ensino
superior público de qualidade, que também está atrelado às medidas estratégicas de políticas
que visam a premência e o sucesso das pessoas socialmente mais vulneráveis no Brasil.
Cada política pública assiste a um determinado grupo social delimitado pela própria
política e, a respeito do público-alvo da assistência estudantil estipulado pelo próprio PNAES
temos no artigo 4º da Portaria Normativa nº 39, de 12 de dezembro de 2007:
O uso dos recursos destinados aos PNAES será definido de acordo com a realidade de
cada IES. Para tanto, cada Coordenação de Assistência Estudantil tem autonomia de gerir os
recursos destinados ao PNAES mediante as necessidades prioritárias que os alunos demonstram
para a assistência estudantil. Os auxílios da assistência estudantil disponibilizados pelo PNAES
devem ser estabelecidos conforme a realidade de cada instituição e considerar nos critérios de
seleção o perfil socioeconômico dos estudantes, exceto a assistência pedagógica e psicológica
que devem atender todos os alunos independente de sua renda.
A partir dessa realidade, Imperatoni (2017) destaca em seu estudo sobre a trajetória da
assistência estudantil na educação superior brasileira os aspectos socioeconômicos como
elemento essencial que possibilita a permanência de aluno na universidade, sendo a assistência
estudantil uma política pública de permanência consolidada, que busca ampliar as condições
socioeconômicas do aluno com o objetivo de garantir uma formação e qualidade de vida. Dito
isso o PNAES, como política social, direciona seus esforços em ampliar a permanência por
meio de ajuda em algumas dimensões da vida do discente, sendo a principal, prevista na política
a dimensão socioeconômica.
Desde quando foi criado com a Portaria n°39, de 12 de dezembro de 2007, o PNAES teve
um crescente aumento nos investimentos financeiros para esse programa de assistência
estudantil no âmbito nacional. Na tabela 1 podemos ver os investimentos orçamentários para o
PNAES nos anos iniciais de sua implementação.
30
Tabela 1. Investimento orçamentário que o programa recebeu nos três primeiros anos de sua
criação.
O PNAES ganha destaque no cenário das políticas públicas brasileiras, tanto é que o
volume de recursos públicos destinados a esse programa educacional vem aumentando na
mesma média do que a expansão do ensino superior público federal, especialmente na parte da
sociedade reivindica e faz frentes de lutas pelos seus direitos sociais. Há também uma maior
pressão da sociedade civil por eficiência dos gastos públicos. Então, avaliar a atuação do
PNAES é primordial para que tenhamos uma boa transparência dessa política e das demais
políticas que derivam dessa, levando a um melhor aproveitamento das verbas públicas
direcionadas ao programa e, claro, obter resultados dos impactos gerados através das políticas
educacionais para a vida dos estudantes (CUNHA, 2006).
Assim, vimos que o PNAES é uma política de Estado que representa um grande avanço
para os assuntos relacionados a assistência estudantil no país. Com seus objetivos bem
definidos, a política de permanência no ensino superior é desenvolvida por meios de diversos
eixos de atuação, mas ações ou programas que surgiram para combater a desigualdade social
presente nos cursos de graduação, prevenindo as situações de retenção e evasão e tendo como
público-alvo alunos advindos da educação básica pública que possui baixa renda.
31
Para Minayo et al. (2009, p. 14) metodologia pode ser compreendida como o caminho
do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. Então, dentro da metodologia
encontramos concomitantemente o método, as técnicas utilizadas para operacionalização do
conhecimento e a criatividade do pesquisador. Os estudos podem ser de natureza qualitativa,
quantitativa ou ainda mistos. Acerca da pesquisa qualitativa a autora enfatiza que:
A abordagem qualitativa nos permite inovar para que assim seja possível explorar
bastante o tema a ser pesquisado. De acordo com Godoy (1995, p.21) a abordagem qualitativa
32
Sobre a pesquisa documental Gill (2002) afirma que essa pesquisa se diferencia da
pesquisa bibliográfica, pois, essa última se utiliza basicamente das contribuições dos vários
autores de determinado assunto, enquanto a pesquisa documental se vale de materiais que não
recebem ainda um tratamento analítico, ou ainda que podem ser reelaborados de acordo com os
objetos da pesquisa.
Quanto aos objetivos, essa pesquisa se caracteriza como explicativa, sendo realizado
primeiramente o projeto de pesquisa e as etapas necessárias para as realizações dos
procedimentos a serem feitos no lócus da pesquisa que contou com a colaboração da
Coordenação de Assistência Estudantil (CAE) do campus de Quixadá como uma coleta de
dados secundária. Então, para o desenvolvimento dessa pesquisa, de caráter qualitativo,
utilizou-se como método de coleta de dados a pesquisa de campo. Além de coletar os dados no
de forma virtual através de E-mail, telefonema e ferramentas digitais foi necessário consultar
os documentos que regem a Assistência Estudantil no campus de Quixadá e analisar os dados
disponibilizados pela Coordenação de Controle Acadêmico (CCA) e principalmente os
documentos da CAE do campus. Também se utilizou um diário de campo para anotar as
impressões e dificuldades da pesquisa.
Outro instrumento para coleta de dados utilizado foi um Questionário estruturado2, com
questões abertas e fechadas enviado via Google forms, elaborado com o intuito de obter
respostas dos estudantes. Para, GIL (1999), o questionário é definido como uma técnica de
pesquisa, no qual adota uma quantidade de questionamentos apresentados por escrito para os
2
O Questionário da pesquisa consta no Apêndice B.
33
indivíduos que participarão da pesquisa, onde seu objetivo é conhecer a opinião, expectativas,
vivências, crenças, sentimentos e/ou interesses
No entanto, é importante salientar que o contexto em que foi aplicado esse estudo foi
de pandemia por COVID-19, que impôs medidas de isolamento social. Assim, a pesquisa de
campo precisou ser realizada de forma predominantemente virtual e remota, apresentando
algumas dificuldades e limitações. Assim, os contatos virtuais realizados com os colaboradores
da pesquisa, bem como os sujeitos, foram feitos através de E-mail e WhatsApp. Em termos de
ética, o Termo de Assentimento e Consentimento Livre e Esclarecido (TACLE) foi incluído no
questionário virtual, de modo a assegurar a ciência dos participantes, gerando dados apenas
aqueles que aceitaram participar e colaborar, para que assim, todos pudessem estar cientes que
a sua identidade seria mantida em sigilo e as informações prestadas seriam utilizadas apenas
para fins científicos.
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, cuja sigla atende por
IFCE, é considerado uma autarquia federal pertencente a Rede Federal de Ensino, estando desta
maneira vinculado ao Ministério da Educação (MEC), com sede em Fortaleza. Esta instituição
educacional é dotada de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didática, pedagógica
e disciplinar (IFCE, 2019). Assim, para fins de seu surgimento a Lei n° 11.892, de 29 de
dezembro de 2008 instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica,
criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, o Instituto Federal do Ceará
que sucede o antigo Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará (CEFET-CE) e as
Escolas Agrotécnicas Federais de Crato e Iguatu, mas dá-lhe outras competências e
responsabilidades não sendo, portanto, somente mera continuidade institucional, dotada sob
nova nomenclatura.
De acordo com Máximo (2020) acerca do Estado do Ceará foi possível observar a
materialização do processo de expansão das instituições federais de ensino, visto que até o
começo do século XXI, o ensino federal fazia parte somente de sete municípios do Estado. Tal
realidade passou por uma notória transformação a partir do crescimento significativo no número
dos complexos educacionais no interior do Estado. É válido enfatizar que a criação do IFCE –
Campus de Quixadá remonta o começo do surgimento da política de expansão e interiorização
dos Institutos Federais no Ceará. Na figura 1 está destacado a abrangência geográfica que possui
o IFCE no Estado do Ceará, constituído de uma Reitoria, sediada em Fortaleza, e 32 (trinta e
dois) campi, onde pode-se ver a expansão e interiorização dessa Instituição Federal de Educação
no contexto estadual.
reprovação/retenção, mas apenas foram citadas as disciplinas com taxas mais representativas
nessa questão.
não possuía sistema informatizado, sendo dados foram colhidos manualmente. Desta forma,
nas tabelas 2 e 3 verifica-se esses dados:
Moradia 11
Transporte 8
Discentes Pais e mães 2
Óculos 4
Formação 5
Internet 4
Emergencial 51
Total geral: 85
Fonte: elaborado pelo autor a partir de informações da CAE, 2021.
Devido a Pandemia por Sars-Cov-2 (Coronavírus) e, consequentemente, a suspensão
das atividades presenciais, o Auxílio Transporte foi pago apenas nos meses de janeiro a março
de 2020. O Auxílio alimentação 2021 contemplou 34 alunos de geografia. Outro dado relevante
informado pela CAE, foi a quantidade de alunos da licenciatura em geografia do campus,
contemplados com projeto de pesquisa, ofertados pelo Auxílio Formação. Entre 2017 a 2019,
houveram: em 2017 – 02 alunos; 2018 – 04 alunos e 2019 – 02 alunos, totalizando 08 discentes
do curso de licenciatura em geografia que receberam auxílio formação para desenvolver
pesquisas de Iniciação Científica (IC) e, assim, ampliar suas formações.
39
[...] destinados aos discentes matriculados nas modalidades especificadas no art. 4º,
independente de situação socioeconômica, visando à formação integral do estudante
e ao aprimoramento de valores de cidadania, participação, coletividade e inclusão
social. (IFCE, 2016)
Equipe Serviços
Atividades do Napne.
Atendimento odontológico: orientações, obturações, encaminhamentos à serviços
Odontologia da rede pública quando necessário, aplicação de flúor e prevenção de doenças do
trato oral.
Elaboração: elaborado pelo autor, 2021.
Nesse contexto da pandemia por COVID-19, crise sanitária que afetou o país e o mundo
em 2020, estendendo-se até o momento, a Assistência Estudantil teve que adequar sua estrutura
e organização de trabalho. Assim, mudou completamente a rotina de todos os envolvidos,
adequando-se ao trabalho remoto devido a necessidade do distanciamento social. Por
consequência dessa crise, o ensino remoto emergencial foi adotado em todas as instituições do
país como uma alternativa para retomar as atividades acadêmicas.
Assim, os impactos socioambientais e educacionais decorrentes dos tempos de
pandemia afetou severamente as condições de permanência e êxito dos estudantes. Por isso a
Assistência Estudantil elaborou estratégias para combater esses efeitos negativos, concentrando
suas ações no Auxílio emergencial e Auxílio alimentação para os discentes. Para que os
estudantes em vulnerabilidade social tivessem as condições mínimas e aparatos tecnológicos
necessários ao ensino remoto a Assistência Estudantil desenvolveu ações estratégicas, tais
como a entrega de chips e tablets para os alunos e a oferta dos auxílios internet e alimentação
com o intuito de ofertar condições de permanência aos estudantes em seus cursos nesse período
pandêmico.
Aqui está presente somente as impressões dos sujeitos que concordaram em participar
da pesquisa. O questionário (Apêndice B) inicia-se com algumas perguntas que auxiliaram na
caracterização dos sujeitos da pesquisa, tais como: Qual é o seu gênero? Qual sua idade? Qual
raça/etnia você se autodeclara? Sua casa está localizada em zona urbana, zona rural,
comunidade indígena ou quilombola? Qual o seu semestre do curso?
44
A análise tem por base os dados gerados a partir do questionário com 16 perguntas que
contou com 23 discentes participantes. Visto que algumas falas se repetem, para fins de análise
e interpretação utilizou-se as colocações mais representativas sobre o tema e observou-se
também, que um/a colaborador/a que respondeu esse questionário eletrônico não foi
contemplado/a com nenhum dos benefícios que foram citados na pesquisa.
Logo após as perguntas iniciais que caracterizam os sujeitos, a sexta questão desta
análise, foi para perceber o conhecimento do aluno sobre PNAES. Perguntou-se se o discente
conhecia esse programa e 65,2% responderam que conheciam o PNAES e os outros 34,8%
responderam que não conheciam o PNAES.
Esse dado revela que a maioria dos discentes conhecem o programa, porém por mais
que se trate de uma maioria que conhece, ainda é expressivo o percentual dos discentes que
responderam que não conhecem a política, por mais que tenham recebido algum benefício
estudantil.
Com isso, acredita-se que deva haver uma maior divulgação do PNAES dentro do
campus para que toda a comunidade acadêmica possa conhecer esse programa voltado para
Assistência Estudantil tão importante e necessário para a formação dos alunos. Sobre essa
importância, Dutra e Santos (2017) são categóricos ao afirmar que a criação do PNAES
significou um grande passo no que diz respeito à afirmação da política de Assistência Estudantil
no Brasil, abrindo caminhos a uma acepção mais próxima do direito social.
Na sequência, na sétima questão, buscou-se saber quais as opções de auxílios estudantis
foram disponibilizados pelo IFCE, Campus de Quixadá, revelando-se qual apresenta maior
destaque em relação a quantidade de discentes assistidos. Os auxílios identificados foram:
45
auxílio Moradia; auxílio Transporte; auxílio Formação; auxílio discentes mães/pais; auxílio
óculos e/ou o não recebe ou recebeu nenhum desses auxílios pelo IFCE Campus Quixadá por
ter recebido outro tipo de auxílio estudantil.
Essa questão indica que 43,5% dos discentes avaliam essas políticas como “ótimo” e no
mesmo percentual avaliam como “bom”. É um número considerável e mostra a satisfação dos
alunos em relação as políticas de Assistência Estudantil da qual esses fizeram parte.
Na questão seguinte (Gráfico 6) objetivou-se compreender sob a ótica dos discentes
assistidos pelo PNAES, qual era suas percepções sobre ao(s) auxílio(s) que receberam ou
recebem. Para isso criou-se as alternativas de caixas de seleção para analisar as múltiplas
possibilidades promovidas pelos auxílios estudantis e que reverberam em uma melhor
formação para os discentes, logo contribui para o êxito, corroborando com essa informação
somente há uma igualdade de fato quando se consideram as desigualdades existentes e se
assumem estratégias para superá-las possibilitando uma formação com mais possibilidades pra
formação do estudante e promovendo as mesmas condições aos alunos de acesso ao direito de
48
permanecer por existir diferentes possibilidades. Como afirma Lopez (2005), a equidade
estrutura a ideia de igualdade, transformando a realidade social do educando.
país nos dias de hoje. Assim, muitos discentes relataram que por mais que se trate “de uma
ajuda muito grande”, “o valor deveria ser um pouco melhor”.
Como toda política pública o PNAES possui pontos a serem melhorados, pois é preciso
um constante processo de evolução desde sua criação, que consiste na sua avaliação e
reformulação. Os discentes relataram que um dos pontos negativos é a baixa quantidade de
recursos destinado ao programa. Essas colocações coadunam com as reflexões de Dutra e
Santos (2017, p.158) ao afirmarem que o principal desafio da política de Assistência Estudantil
na atualidade é a ampliação dos recursos orçamentários em correspondência com essas políticas
expansionistas do Governo Federal. Além disso, o sucateamento dos recursos destinados a
educação nos últimos anos, pode vir a comprometer o andamento do PNAES.
A questão seguinte tratava sobre a oferta, distribuição e seleção desse
programa/auxílios no IFCE campus de Quixadá. Nas respostas coletadas destaca-se três falas
mais representativas dos discentes: Discente 1. considera que seja justa; o discente 2. também
considera justa, mas faz ponderações sobre a baixa quantidade de vagas que este julga não
atender a demanda, já o discente 3. Acredita por alguns motivos muitas vezes não parece ser
justa.
Sobre o processo seletivo e distribuição dos benefícios da Assistência Estudantil cada
instituição é responsável por definir os critérios e a metodologia de seleção dos alunos que
considerar mais justa e eficaz e avaliar o PNAES nesse sentido, devendo atender
prioritariamente os alunos advindos da rede pública de educação básica que apresentem baixa
renda (BERALDO; MAURICIO; RODRIGUES, 2018).
Na sequência, foi analisada a penúltima pergunta do questionário, correspondente a
questão 16, no qual, foi indagado aos sujeitos que preencheram esse formulário se caso tenham
recebido o auxílio internet, tablet ou chip, o recebimento desses auxílios foi um fator decisivo
para que continuasse no curso nesse período de ensino remoto? Sendo necessário que o
estudante justifique a sua resposta. As três falas representativas disseram que o recebimento
desses materiais como chips e tablets foram muito importantes, muito embora uma das repostas
tenha dito que essa entrega dos materiais/auxílios não representou um fator decisivo na sua
permanência durante o ensino remoto.
“Com certeza porque eu não tinha como custear gasto internet” Discente 2
51
“Não! Mesmo sem eles eu buscaria outros caminhos para permanecer no ensino
remoto”. Discente 3
A partir dos relatos tecidos sobre essa questão, infere-se que a grande maioria dos
discentes que foram contemplados por essas ações que visam combater a evasão e a
desigualdade no ensino remoto, consideraram de sumária relevância para sua permanência e
consequentemente, o êxito. Porém na resposta do discente 3, o mesmo destaca que se não
houvesse esses auxílios o mesmo buscaria outros meios para prover suas permanências no
ensino remoto.
Segundo o Plano de Permanência e Êxito várias iniciativas de combate à evasão e
retenção foram tomadas, como é o caso da ampliação dos recursos destinados aos programas
de assistência estudantil. A relevância da assistência estudantil para vida do estudante que
necessita dela é indiscutível no que se refere a permanência e êxito, então é necessário que além
de uma adaptação desse programa com o contexto que se vivencia é necessário um olhar voltado
para a qualidade do ensino que será ofertado a esses alunos beneficiários. (IFCE, 2017)
É valido destacar que em muitas respostas os discentes relataram que com esses
materiais e os auxílios possibilitou um melhor acompanhamento das aulas remotas e atividades,
realização de leitura e um dos respondentes trata do papel que o tablet teve em sua jornada ao
afirmar: “Sim! Pois é complicado estudar apenas no celular”.
A última questão do formulário solicitava para os discentes construíssem narrativas
sobre a sua permanência e êxito no curso de licenciatura em geografia. Para isso fez-se a
seguinte pergunta: na sua opinião ser assistido pela assistência estudantil através de auxílios
ou ações possibilitou a sua permanência e êxito no curso? E no final pedia para justificar. E
as respostas foram as seguintes:
Discente 1. “Sim! Incentivos assim, gera oportunidades aos alunos e estes conseguem dar
continuidade às atividades na instituição”.
Discente 2. “Sim! Pois os auxílios me ajudaram com relação aos custos com os meus
estudos, como xerox e na compra de materiais necessários para manter os meus estudos!”
Discente 3. “Sim, com certeza. Minha família não tem condições de me manter em
Quixadá. O auxílio estudantil me possibilitou permanecer em Quixadá, me dedicar
exclusivamente aos estudos e participar de pesquisa científica, apresentando os resultados
em eventos em todo país.”
52
Discente 4. “Sim. Muitas vezes eu não tinha dinheiro para pagar o aluguel e o auxílio
permitiu minha permanência no campus. Fiquei um ano sem receber o auxílio moradia e
foi o período mais complicado financeiramente para mim, em que muitas vezes pensei em
desistir do curso ”.
Discente 5. “Sim. Por mais que o auxílio fosse um valor baixo, essa quantia possibilitou
uma dedicação exclusiva aos estudos no IFCE, e tendo uma quantia para poder comprar
livros e outros materiais que auxiliaram durante os estudos”.
Elaboração: elaborado pelo autor, fevereiro de 2021.
Foram selecionadas algumas respostas, não foram colocadas todas, pois elas sempre se
repetiam, falando que a sua oportunidade em ser um(a) discente assistido pela política de
Assistência estudantil focadas na permanência e êxito e norteada pelo PNAES possibilitou a
ampliação das suas condições de permanência no ensino superior, e conforme relatou um
discente, podemos verificar essa importância: “Por mais que não seja um valor tão alto
representa muito para minha jornada acadêmica”. A indisponibilidade de recursos financeiros
prejudica na trajetória acadêmica de estudantes de baixa renda, tal problema é gerado por meio
da carência de recursos necessários aos estudos e pela necessidade de conciliar estudos e
trabalho (VARGAS, 2008).
Assim, a Assistência Estudantil é uma política que colabora nesse sentido, ampliando
as condições e dando suporte aos estudantes para concluírem seus cursos de Graduação. É
importante destacar que é responsabilidade do Estado assegurar e fortalecer o direito ao acesso
e permanência dos alunos, porém, os estudantes enquanto categoria deverá fazer movimentos
de frente estudantil para lutar pela garantia de políticas educacionais como um direito social.
53
5 CONCLUSÃO
O ensino público superior apresenta enormes desafios para quem desenvolve e, até
mesmo, para os que usufruem dele. Neste trabalho, buscou-se fazer um estudo no campo da
Assistência Estudantil sobre PNAES que é uma política de grande importância para a educação
pública e verificar como esse programa de Estado pode contribuir na formação docente de
discentes do curso de licenciatura em geografia do IFCE campus de Quixadá.
O PNAES é considerado uma importante política promovida pelo Ministério da
Educação que visa auxiliar a permanência de jovens de baixa renda matriculados em cursos de
graduação presencial das instituições federais de ensino superior.
Através de toda pesquisa teórica e especialmente das análises feitas dos dados coletados
do questionário direcionado aos sujeitos da pesquisa, pode-se concluir que a política de
Assistência Estudantil do IFCE Campus de Quixadá possui uma grande relevância para a
permanência e êxito dos discentes de licenciatura em geografia e quando analisados as respostas
dos discentes, obtidas por meio do questionário, é possível notar a gratidão e o reconhecimento
da importância que Assistência Estudantil teve e ainda vem tendo em suas formações.
Essa pesquisa partiu das hipóteses de que o PNAES contribuiria de forma positiva na
formação e com a permanência e êxito desses discentes. Durante o trabalho verificou-se que as
hipóteses se confirmam a partir das falas dos próprios sujeitos e com a discussão que confronta
os achados da pesquisa, a fala dos sujeitos deixa claro a importância da Assistência Estudantil
para a formação, pois notou-se que os discentes assistidos pelo PNAES tiveram a possibilidade
se dedicarem mais aos estudos e participar efetivamente na graduação, podendo ampliar as
condições de permanência dos discentes em seu curso de formação.
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Brasília: MEC. Disponível em:
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&Itemid=>. (Acesso em: 07 de fevereiro de 2021).
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Disponível em:
<Mhttps://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2019/censo_
da_educacao_superior_2018-notas_estatisticas.pdf>. Acesso em: 07 jan. 2021.
BRASIL. Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE
e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 jun. 2014. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 10 abr.
2021.
55
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181, Mar. 2017. Disponível em:
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Chicago: University of Chicago Press, 1993.
TINTO, V. Dropout from higher education: a theoretical synthesis of recent research. Review
Of Educational Research. Washington, v. 45, n.1, 1975.
Declaro que concordei em participar da referida pesquisa. Em virtude disso, fico ciente
de que os resultados desse estudo serão exclusivamente utilizados para fins de pesquisa,
sendo informado de que será mantido meu anonimato e de que posso negar-me a
participar a qualquer momento, sem qualquer prejuízo.
Caro/a discente,
A presente pesquisa está sendo desenvolvida pelo estudante, Paulo Henrique Maia Lameu
(paulohenrique.ifceq@gmail.com), do curso de Licenciatura em Geografia do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), sob a orientação da professora Dra. Maria
Cleidiane Cavalcante Freitas (maria.freitas@ifce.edu.br). O estudo objetiva de forma geral
analisar os possíveis impactos do Programa Nacional de Assistência Estudantil na permanência
e êxito dos licenciandos/as do curso de geografia no IFCE/Campus Quixadá. Dessa forma,
traçou como sujeitos colaboradores alunos/as do referido curso que durante sua graduação foi
ou é beneficiário de auxílios concedidos pelo campus nos marcos da política de Assistência
Estudantil (AE). Para colaborar é preciso concordar, estar ciente dos termos e responder ao
presente questionário.
Esse questionário tem por finalidade coletar dados dos alunos assistidos pelo PNAES
(Assistência Estudantil) no IFCE - campus Quixadá do curso de Licenciatura em Geografia.
Título da pesquisa: Permanência e êxito dos discentes do curso de Licenciatura em Geografia
no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará/Quixadá: uma reflexão a partir
do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES)
QUESTIONÁRIO
Observação: * = Obrigatória
1. Gênero
Masculino
61
Feminino
Outro:_________________________
2. Idade?
___________________________________________________________________________
Branco
Negro
Pardo
Amarelo
Indígena
Zona Rural
Zona Urbana
Comunidade indígena
Comunidade quilombola
Sim
Não
Auxílio moradia
Auxílio transporte
62
Auxílio formação
Auxílio discentes mães/pais
Auxílio óculos
Não recebi nenhum desses auxílios pelo IFCE/Campus Quixadá
Auxílio emergencial
Auxílio internet
Auxílio alimentação
Entrega de chips com internet
Entrega de tablets
Não fiz parte dessas ações e não recebi nenhum desses auxílios durante o ensino
remoto
10. Como você avalia as políticas de assistência estudantil voltadas para a permanência
e êxito? *
Ótimo
Bom
Regular
Ruim
Péssimo
11. Qual a sua percepção em relação ao(s) auxílio(s) que recebe ou recebeu?
15. Caso você tenha recebido o auxílio internet, tablet ou chip, a recepção desses
auxílios foi um fator decisivo para que você continuasse no curso nesse período de ensino
remoto? Justifique a sua resposta
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
16. Na sua opinião ser assistido pela assistência estudantil através de auxílios ou ações
possibilitou a sua permanência e êxito no curso? Justifique sua resposta. *
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________