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1° Edição
Edições LEGEP/UFPE
2024
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Edições LEGEP/UFPE
Laboratório de Ensino de Geografia e Profissionalização Docente - LEGEP
Centro de Filosofia e Ciências Humanas - CFCH
Av. Prof. Moraes Rego, 1235 - 6º Andar, Sala 621/Cidade Universitária, Recife - PE
CEP: 50670-901 | Fone PABX: (81) 2126.8277
Site: www.ufpe.br/legep
Design: Lucas Antônio Viana Botêlho, Ronaldo Antônio Ramos Filho e Matheus Rivail Alves
de Araújo Pereira
Idioma: Português
Revisão: Comissão Editorial
Todo conteúdo apresentado nos textos presentes nesta obra é de inteira responsabilidade de
seus respectivos autores.
Comissão Editorial
Francisco Kennedy Silva dos Santos – UFPE
Priscylla Karoline de Menezes - UFPE
Alexandre Peixoto Faria Nogueira - UFMA
Juliana Nobrega de Almeida - UEPB
Laecio da Cunha Oliveira – UERN
Lucas Antônio Viana Bôtelho - UFPE
Mateus Ferreira dos Santos – UFPE
ISBN: 978-65-00-90733-9
Acesso: www.ufpe.br/legep/publicacoes
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APRESENTAÇÃO
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SUMÁRIO
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ENSINO DE TEMÁTICAS FÍSICO-NATURAIS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA):
ANÁLISE DO ORGANIZADOR CURRICULAR DE GEOGRAFIA DO ENSINO FUNDAMENTAL
PARA EJA DO ESTADO DE PERNAMBUCO ............................................................... 229
A FORMAÇÃO DOCENTE, O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA E O PROGRAMA
RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA ................................................................................... 239
APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL II: ............................... 252
AS PERSPECTIVAS TEÓRICAS DE PRÁTICAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS ........................ 252
CONSIDERAÇÕES ACERCA DO SURGIMENTO DO PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA A
PARTIR DA FRAGMENTAÇÃO DO PIBID .................................................................. 264
A ATUAÇÃO DOCENTE E O TRABALHO DO COORDENADOR DE ÁREA NA ESCOLA CIDADÃ
INTEGRAL ......................................................................................................... 277
FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DOCENTE, ESTÁGIO SUPERVISIONADO E PANDEMIA
COVID-19 .......................................................................................................... 288
O PAPEL DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR SUPERVISOR
ACADÊMICO ...................................................................................................... 300
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE NA FORMAÇÃO INICIAL E O ESTÁGIO
SUPERVISIONADO DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA: UMA INCITAÇÃO PERANTE O
DINÂMICO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO ........................................................... 312
DIDÁTICA DA GEOGRAFIA HUMANÍSTICA-CULTURAL NO BRASIL: SENTIDOS, ELEMENTOS
E LINGUAGEM .................................................................................................... 323
EXPERIÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO LABORATÓRIO E OFICINA DE GEOGRAFIA DA PARAÍBA
........................................................................................................................ 338
TERRITORIALIZAÇÃO E USO DOS SABERES GEOGRÁFICOS NO LIVRO DIDÁTICO DE
CIÊNCIAS HUMANAS DO NOVO ENSINO MÉDIO ...................................................... 346
UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO NA ECI MONTE CARMELO ATRAVÉS DO PROGRAMA
RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA ................................................................................... 358
O ENSINO DE GEOGRAFIA ATRAVÉS DE JOGOS E BRINCADEIRAS NO ÂMBITO DO ENSINO
FUNDAMENTAL II NA ESCOLA PÚBLICA ................................................................. 373
A FOTOGRAFIA COMO RECURSO DIDÁTICO NÃO CONVENCIONAL NO LIVRO DIDÁTICO
DE GEOGRAFIA: ANÁLISE DE CONTEÚDO SOBRE O CONCEITO DE PAISAGEM ............. 383
AULA DE CAMPO COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA NO ENSINO DE GEOGRAFIA ............................................................ 395
JOGO DIDÁTICO PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA: TABULEIRO DAS REGIÕES BRASILEIRAS
........................................................................................................................ 406
ABORDAGENS DA GEOGRAFIA CULTURAL NO ESTADO DE ALAGOAS ........................ 416
"HARMONIZANDO O CONHECIMENTO: EXPLORANDO A INTERAÇÃO ENTRE A
GEOGRAFIA E A LINGUAGEM MUSICAL NO PROCESSO DE ENSINO" ........................... 428
OS CONCEITOS DE PAISAGEM E LUGAR NO ENSINO DE GEOGRAFIA: FERRAMENTAS
METODOLÓGICAS OU MEROS CONCEITOS? ........................................................... 438
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A IMPORTÂNCIA DIDÁTICO-METODOLÓGICA DA AULA DE CAMPO PARA A FORMAÇÃO DE
PROFESSORES NO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA DA UFPE ...................... 449
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O USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS PARA O ENSINO DOS CONCEITOS GEOGRÁFICOS
LUGAR E PAISAGEM NO ENSINO MÉDIO ................................................................. 656
EDUTAN: EDUCAÇÃO TANGÍVEL PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA EM ESCOLAS PÚBLICA
........................................................................................................................ 666
RECURSOS DIDÁTICOS TÁTEIS: O ENSINO DE GEOGRAFIA PARA ALUNOS COM
DEFICIÊNCIA VISUAL ATRAVÉS DA CARTOGRAFIA TÁTIL .......................................... 679
GAMIFICAÇÃO NO ENSINO DE GEOGRAFIA: LEITURAS GEOGRÁFICAS DO FILME O AUTO
DA COMPADECIDA ............................................................................................. 690
CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA COM RELAÇÃO AO USO DE
TECNOLOGIAS ................................................................................................... 703
A UTILIZAÇÃO DE JOGOS DIGITAIS NO ENSINO DE GEOGRAFIA COMO FERRAMENTA
METODOLÓGICA PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM ........................................ 716
ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DOS FILMES: A GEOGRAFIA NORDESTINA PRESENTE
NA OBRA DE KLEBER MENDONÇA FILHO ............................................................... 729
O USO DA ICONOGRAFIA COMO RECURSO FACILITADOR NO ENSINO DA GEOGRAFIA:
UMA EXPERIÊNCIA COM O SEXTO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL ......................... 741
O ENSINO DE GEOGRAFIA NO FUNDAMENTAL II: IMPACTOS DAS AULAS REMOTAS NO
PERÍODO DA PANDEMIA PARA ALUNOS DO 6º ANO DE UMA ESCOLA MUNICIPAL EM
DELMIRO GOUVEIA - AL ...................................................................................... 754
AULA DE CAMPO PARA A APROXIMAÇÃO DOS ALUNOS AOS CONCEITOS DE PAISAGEM E
LUGAR .............................................................................................................. 766
A CARTOGRAFIA NO DESENVOLVIMENTO DO RACIOCÍNIO GEOGRÁFICO: TECNOLOGIAS
E O ENSINO DE GEOGRAFIA ................................................................................. 779
DESBRAVANDO PANDORA: COMO GAMIFICAR TEMÁTICAS AMBIENTAIS ATRAVÉS DA
NARRATIVA DO FILME AVATAR .............................................................................. 790
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EDUCAÇÃO DO CAMPO, ENSINO DE GEOGRAFIA E O JOGO DE TABULEIRO GEOMANDALA
COMO FERRAMENTA: A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EEM FRANCISCO ARAÚJO BARROS
(ITAREMA/CE) ................................................................................................... 876
O CINEMA NO ENSINO DA GEOGRAFIA: O FILME ESTRELAS ALÉM DO TEMPO COMO
RECURSO DIDÁTICO PARA REFLETIR E DEBATER SOBRE O MOVIMENTO NEGRO ........ 888
METODOLOGIAS E PRÁTICAS NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO PARA RELAÇÕES ÉTNICOS-
RACIAIS EM GEOGRAFIA ...................................................................................... 897
O ESTADO DA ARTE: LEVANTAMENTO SOBRE AS ESCOLAS INDÍGENAS NO ESTADO DE
ALAGOAS .......................................................................................................... 921
O ENSINO DE GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA JENIPAPO-KANINDÉ,
AQUIRAZ-CE: VIVÊNCIAS COM A EXTENSÃO NA PANDEMIA...................................... 931
COMPLEXO EÓLICO: A FALSA CERTEZA DE ENERGIA LIMPA E O RACISMO AMBIENTAL NO
MUNICÍPIO DE CAETÉS ........................................................................................ 941
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GT 1. CURRÍCULO, DIDÁTICA E
FORMAÇÃO DOCENTE EM
GEOGRAFIA
A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE
GEOGRAFIA E PEDAGOGIA DA UEPB – CAMPUS III - GUARABIRA - PB:
UM RELATO DE VIVÊNCIA E EXPERIÊNCIA
INTRODUÇÃO
Deste modo, o presente trabalho traz como objetivo relatar as experiências vivenciadas
no projeto de extensão Espaços de Experiências do Humaniza Bosque Carlos Belarmino -
HBCB, procurando trazer as percepções dos monitores e dos estudantes sobre as práticas
compartilhadas e socializadas no curso de extensão desenvolvido através do projeto. A fim de
comprovar o quanto a extensão universitária desenvolvida foi importante para a formação de
professores de Geografia e Pedagogia mais capacitados, qualificados e reflexivos de suas ações
pedagógicas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como mostra a figura acima, 89% dos extensionistas eram discentes do curso de
Geografia, enquanto 11 % eram estudantes do curso de Pedagogia. Posto isso, é importante
ressaltar que apesar do curso ter sido aberto para a participação de estudantes de todos os cursos
de licenciatura da UEPB – Campus III, o público-alvo maior, era exatamente os estudantes de
Geografia, para os quais as práticas foram voltadas. Porém, a participação de educandos de
Pedagogia foi relevante para a aprendizagem deles, como também para deixar claro o quanto a
ciência geográfica é significante para outras áreas acadêmicas.
Além disso, é importante destacar que a procura para a elaboração de aulas mais
atrativas e dinâmicas, não é algo fácil. Visto que é necessário esforço, organização e
planejamento. Entretanto, a atualidade exige que os professores busquem inovar e diversificar
suas práticas pedagógicas para tornar as aulas mais significativas para com seus estudantes.
Essa é uma temática geográfica muito importante, dado que é preciso que todos
aprendam desde crianças a se localizar no espaço, se utilizando dos pontos de referências
existentes dentro dos ambientes. Assim, para essa atividade foi desenvolvida uma atividade
dinâmica fora da sala de aula. Em que, usou-se como recursos para realizá-la um esquema feito
pelo Word, em que foram distribuídos pontos distintos e impressos em uma folha de ofício.
Cada ponto estava sinalizado por uma garrafa Pet, que era identificada por uma numeração e
um número que era referente a uma pergunta aleatória (de Geografia), que havia sido enviada
no grupo do Whatsaap da extensão, uma atividade bem dinâmica e diferente do tradicional.
Essa foi uma atividade feita em um espaço pequeno, um caminho ao lado do HBCB,
mas fora da sala de aula. Em que, foi utilizado o Word, papel impresso, o celular e garrafas.
Além disso, é uma prática que pode ser repensada para ser utilizada dentro dos mais diferentes
espaços, assim como para alcançar outros resultados. Uma atividade lúdica, dinâmica e
econômica. Que chama a atenção dos estudantes, mas que requer planejamento e organização
por parte do docente.
Dessa maneira, concordamos com Francischett (2002) quando alega que é essencial que
o educando saiba se localizar no espaço onde vive e compreenda que isso “não” é por acaso. Já
que, as representações cartográficas permitem o discernimento de como os ambientes estão
organizados e distribuídos.
Para a construção do mapa foi usada uma imagem do Google Earth da UEPB/CH (fig.
6), que foi salva e colocada no Power Point para fazer a distribuição dos pontos de referências
nas diferentes áreas da universidade, em que a finalidade era fazer os estudantes da extensão,
em grupos de três, conseguirem encontrar as etiquetas com os números, que se referiam a um
número de uma pergunta de Geografia que os estudantes precisavam encontrar, olhar no
Whatsaap e responder, assim como na atividade anterior.
Figura 6 - Imagem área da UEPB/CH Campus III e como os pontos estavam distribuídos de
maneira distinta
Baseado nessa prática, foi possível trabalhar além da localização, orientação no espaço
geográfico e o raciocínio dos graduandos, a agilidade deles. Consequentemente, podendo ser
observado os discentes que tinham mais dificuldades em relação a leitura de mapas de
orientação. No qual (PASSINI, 1994 p. 11) alega que:
A possibilidade de ler mapas de forma adequada é de grande importância para se
educar o aluno e as pessoas em geral para a autonomia. A capacidade de visualização
da organização espacial é importante como conhecimento para uma participação
responsável, consciente e possibilidade de propor mudanças alternativas.
Assim, trabalhar a cartografia desta maneira foi muito interessante para incentivar os
estudantes a dialogarem e interagirem uns com os outros, como mostra as figuras 7 e 8. Tendo
assim, uma aprendizagem mais colaborativa e significativa para com eles, com mais
dinamicidade para um assunto tão fundamental da Geografia e que todos devem aprender e
compreendê-lo.
O meio ambiente é uma temática muito discutida desde muito tempo e, por causa disso
foi pauta abordada na extensão. O espaço é dotado de coisas, objetos, pessoas e de problemas,
os quais são ocasionados das mais diferentes maneiras, em boa parte, provocados por nós
mesmos, seres humanos.
Em razão disso, esse encontro de extensão foi voltado para este tema. Em que, na teoria
na sala de aula se buscou provocar os extensionistas com distintas imagens sobre os diversos
problemas ambientais que existem pelo mundo, a partir de imagens fotográficas espalhadas por
toda sala de aula (fig.9). Assim, foi discutido e dialogado formas de abordar o assunto de
maneira mais significativa para que eles pudessem levar para seus educandos. Então, diante as
imagens postas, se levou os graduandos a refletirem o “PORQUÊ” essas coisas acontecem. O
que esses empecilhos provocam? O que poderia ser feito para evitar tais problemas ambientais?
Qual seria uma possível solução? Ou seja, buscou-se instigar os estudantes a raciocinarem e
refletirem acerca de todos esses questionamentos acerca do meio ambiente.
Além disso, sabendo o quão importante é este tema, foi realizada uma atividade prática
que envolveu a percepção, a visão e a compreensão dos estudantes. No qual, houve a utilização
das tecnologias como um recurso (o celular). Em que, de acordo com Silva e Morais (2014)
entre as diferentes razões para buscar fazer o uso das tecnologias no processo de ensino e
aprendizagem, se pode enfatizar tornar as aulas mais atrativas e interativas entre os estudantes
e estimular novas experiências que favoreçam e ajudem na construção de uma “aprendizagem
colaborativa”.
Logo, para a ação de extensão, os alunos foram divididos em grupos, no qual cada um
deles ficou responsável por encontrar dentro dos espaços da universidade um problema
ambiental que fosse visível (fig. 10 e 11) e, em seguida gravar um vídeo de no máximo 2
minutos, procurando responder, o porquê aquilo era um problema? Por que foi ocasionado?
Quais as consequências? E qual seria uma possível solução? Assim, trazendo uma ferramenta
tecnológica que está presente no cotidiano dos estudantes para o ensino e a aprendizagem deles
e, consequentemente, dando um maior significado para o assunto. Como também tornando o
ensino mais lúdico, dinâmico e prazeroso.
Figuras 10 e 11 - Estudantes procurando um problema ambiental dentro da UEPB.
Por isso, é importante que as pessoas saibam sobre como se localizar no espaço
utilizando o próprio corpo. No qual, é necessário ter noção e discernimento para conhecer as
direções corretas dos pontos cardeais. Assim sendo relevante trabalhar a espacialidade, em que
segundo SIMIELLI (2007, p. 92):
O conceito de orientação espacial deve, antes de qualquer coisa, ser trabalhado pelas
noções de lateralidade e referências. Muitas vezes, o problema do aluno não está na
orientação espacial e sim nas noções que antecedem esse conceito, ou seja, nas noções
de lateralidade e referências. Outro problema que o aluno enfrenta no aprendizado
dessas noções é que o professor trabalha muitas vezes, logo no início, no espaço
bidimensional, quando na realidade esse item deveria ser trabalhado no espaço
tridimensional, e somente após o aluno ter efetivo domínio das referências e de
lateralidade.
Por conseguinte, identificar os lados do corpo para compreender a posição das rosas do
vento é necessário e de grande importância. Em razão disso, destacamos a relevância dos
professores trabalharem maneiras mais dinâmicas, prazerosas e interessantes com seus
estudantes de forma a incentivarem eles a desenvolverem tais habilidades.
Por isso, a técnica socializada foi uma atividade através de uma tabela desenhada no
chão com giz (fig.12 e 13) na quadra da universidade, aproveitando a luz solar do dia, uma
maneira divertida e dinâmica de compartilhar sobre possibilidades de se trabalhar com tal tema.
Fazendo os extensionistas pensarem e refletirem como poderiam aplicar a temática dentro de
suas realidades, usando os espaços da escola para ensinar de forma dinâmica como seus
estudantes podem se orientar pelo sol, como foi feito na ação proposta.
Além disso, se fez a utilização de uma bússola para verificar as direções dos pontos
cardeais no momento de desenhar a tabela. Porém, durante a atividade, apenas o sol foi usado
para alcançarmos o nosso objetivo.
A atividade era baseada na utilização dos pontos cardeais dentro dos quadrados, a partir
da luz do sol. No qual, cada quadrado da ponta era uma saída em que os estudantes precisavam
trabalhar e pensarem em dupla para fazerem o percurso que os levassem até a saída sem errar
as direções (fig.14).
Uma ação fácil inicialmente, mas que era necessários o raciocínio e o entendimento do
assunto, assim como saber usar o corpo na direção correta. Desta maneira, concluímos o quanto
esta atividade foi interessante e importante para a formação dos professores e futuros docentes
participantes, dado que esse tipo de exercício faz os estudantes abrirem a mente para as
possibilidades existentes e que podem ser pensadas, construídas e reinventadas.
Por isso, se buscou identificar, discutir e refletir acerca dos elementos que formam uma
bacia hidrográfica. No qual, na teoria os coordenadores buscaram explicar sobre os
constituintes, utilizando distintos recursos como mapas, maquetes e o Datashow (fig. 15 e 16).
Já para a prática, foi usado um espaço livre do campus III, para que os extensionistas pudessem
construir através de delimitações feitas por eles mesmos uma bacia hidrográfica, marcando cada
elemento a partir do entendimento deles.
Figura 15 e 16 – Recursos didáticos utilizados na teoria sobre as bacias
hidrográficas.
Dessa forma, foi analisado onde poderia ser cada elemento da bacia, em que os
estudantes da extensão demarcaram com cal os percursos a serem percorridos e as
possibilidades de colocar cada constituinte no local mais adequado (fig.17). Portanto, fazendo
relação da teoria com a prática e dando maior significado para o assunto, que muitas vezes é
apenas repassado nas escolas de maneira teórica.
• Participante 23: “A extensão superou minhas expectativas, pois durante os três anos e
meio (3,5) de curso, não havia ainda participado de tal que fizesse uma abordagem tão
significativa e construtiva para a minha formação”.
Logo, conforme os comentários podemos concluir que as ações foram de grande valia
para a aprendizagem dos futuros docentes, em que conseguiu-se atingir os objetivos e alcançar
as expectativas dos alunos, tanto de Geografia, como os de Pedagogia. Além do mais, para os
monitores, a participação em cada etapa deu maior significado para suas formações como
futuros professores, no qual puderam aprender, organizar, planejar e participar de cada etapa da
realização do curso, o qual foi muito valioso para a construção de seus saberes e capacitação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseado em todo o exposto, podemos constatar o quanto este projeto de extensão foi
importante para a formação de professores de Geografia e Pedagogia mais preparados,
capacitados e reflexivos de suas ações metodológicas. No qual, a partir do curso tiveram suas
visões ampliadas para o mundo de possibilidades que podem ser pensadas, criadas e inovadas
para fazer um ensino e aprendizagem mais significativos para com seus estudantes.
Além disso, a utilização dos espaços livres, além da sala de aula e o uso de diferentes
recursos – materiais – didáticos, fizeram todo diferencial no curso proposto e,
consequentemente, na capacitação e qualificação desses futuros professores. Os quais puderam
participar de atividades lúdicas, dinâmicas, interessantes e prazerosas que contribuíram para a
formulação de suas práxis, assim como na maneira de aplicá-las futuramente.
REFERÊNCIAS
BOTELHO, R. G. Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações (org.). Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, p.269-300, 2015.
SILVA, Edina Guardevi Marques; MORAES, Dirce Aparecida Foletto de. O uso pedagógico
das TDIc no processo de ensino e Aprendizagem: caminhos, limites e possibilidades. In: os
desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor– PDE. Versão Online
ISBN 978– 85– 8015– 080– 3Cadernos PDE, v. 1, Paraná, 2014.
INTRODUÇÃO
Constataram-se prejuízos para os docentes, como lecionar uma disciplina sem formação,
diminuição da carga horária de Geografia no Ensino Médio, a carga horária do professor com
periodicidade diversificada, igual ou superior a de Geografia. Igualmente, em relação ao
estudante por nem sempre desenvolver a autonomia do mesmo, pois que não se critica a
realidade em que estes vivem. Para os discentes, as disciplinas nem sempre apresentam sentido,
presencia-se a falta desmotivação, além da carga horária excessiva que sobrecarrega educandos
e professores.
Com esse modelo, a educação sofre com a desvalorização da carreira docente, das
disciplinas criadas por esse modelo que se sobrepõem as disciplinas cursadas na Universidade,
cobrança de metas, estímulo à competição entre a equipe, orientações sem embasamento legal,
um processo formativo (será?) e de controle da rotina escolar e um distanciamento das bases
sociais, valorizando as leis de mercado. Assim, não é valorização da formação para a vida, mas
para o mercado de trabalho, a serviço do capital.
Refletindo sobre os princípios neoliberais instituídos na educação e os prejuízos
decorrentes, questionamos qual o sentido da educação, como instrumento de promover nos
humanos e transformando-os em depósitos? Como define Freire (2018, p. 82),
O conceito do termo currículo tem base em teorias que se moldaram para acompanhar
as perspectivas e os anseios de cada época. O termo ‘currículo’ deriva do latim curriculum, cujo
significado remete ao percurso da vida. Na Idade Média, o currículo era um conjunto de
conhecimentos classificados entre duas vertentes, as quais, conforme Sacristán (2013), é o
equivalente às disciplinas instrumentais, orientadas para amplificação do conhecimento e, as
disciplinas práticas, orientadas para a construção pragmática do indivíduo.
Silva (2005) discorre sobre o conceito de currículo por meio de teorias, denominando-
as teorias do currículo, que exemplificam os aspectos construtivos, pois, segundo o autor (ib.
id.) é das teorias que a percepção da realidade apresenta os pontos positivos e, a as falhas que,
talvez sem elas, não seriam possíveis. A primeira teoria tem fundamentos sobre o estudo
propriamente dito, e é chamada de teoria tradicional, que parte da premissa do que deve ser
ensinado, quais fontes de conhecimentos, quais habilidades práticas, qual saber para a vida
social.
A Avaliação Semanal - AVS é uma disciplina criada para aplicar as avaliações das
disciplinas da Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Possui dia, horário, calendário e
estrutura da prova engessados. Ocorre na terça, para o Ensino Fundamental, na 5ª aula e, o no
Ensino Médio, nas 4ª e 5ª aulas; calendário das provas das disciplinas distribuídas em nove
semanas, com a avaliação com questões de múltipla escolha, com cinco alternativas, cada
questão.
O Estudo orientado é uma metodologia de êxito da parte diversificada das ECI, ofertado
de 6º a 3º Anos. Inicialmente, o objetivo era ensinar técnicas de estudo para os estudantes, no
processo de desenvolvimento da disciplina. O objetivo passou a ser de disponibilizar tempo
para os estudantes realizarem suas atividades e estudos orientados por um professor, o que ainda
provoca incertezas sobre o objetivo da disciplina. Utiliza-se o mesmo material para os Anos
Finais do Ensino Fundamental (6º à 9º Anos), divididos em quatro temas, com no mínimo
quatro aulas em cada. No Ensino Médio, para cada ano, utiliza-se um caderno, dividido em
cinco aulas de aprofundamento e, cinco aulas de técnicas de estudo. O horário da disciplina
antecede a Avaliação Semanal - AVS. Sobre as práticas, destacamos a elaboração de um
cronograma de estudos nos horários vagos, lembrando que, a carga horária de aulas é de 7h e
30 min diárias para os estudantes.
A mentoria tem como objetivo ensinar os estudantes a planejarem suas ações, para a
criação de um clube é necessário o preenchimento de um plano de ação e sua atualização
bimestralmente, sua estrutura discorre sobre presidente, secretário, padrinho/madrinha, missão,
visão, valores e ações. Também ocorre a Mentoria para o planejamento do acolhimento diário
e para o Planejar, Executar, Ajustar e Avaliar - PDCA as ações desenvolvidas.
Dentre as temáticas ressaltamos a liderança de turma, por meio de eleição cada turma
da Escola elege o seu representante, o líder passa por formação, posse e, semanalmente,
participa de reuniões com a gestão. O clube de protagonismo é outro espaço protagonista, ocorre
um feirão para toda a escola, mas a sua adesão é opcional, pois o seu desenvolvimento ocorre
nos horários de intervalo. O Acolhimento diário é uma prática educativa que antecede o início
das aulas, tendo como objetivo acolher os estudantes. Como o protagonismo é uma premissa da
escola e, temáticas como liderança de turma, clube de protagonismo e acolhimento inicial fazem
parte dos espaços protagonistas da Escola. Essas temáticas são trabalhadas na disciplina de
Protagonismo Juvenil.
Assim está posto o currículo dessa escola de ECI, cuja estrutura está diretamente
orientada por uma macroestrutura política, tendo em vista as orientações dos Organismos
Multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Instituto Internacional da
Unesco para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (Iesalc), a Organização das
Nações Unidas para educação, ciência e cultura (Unesco), a Organização para a Cooperação e
o Desenvolvimento Econômico (OECD), o Banco Internacional para Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD), conhecido como Banco Mundial (BM), a Organização Mundial da
Saúde (OMS), o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização dos Estados Ibero
Americanos (OEI), a Organização Mundial do Comércio (OMC), a União Europeia, estes que
exigem as prioridades e ações a serem desenvolvidas no âmbito da educação, com vistas ao
planejamentos dos interesses neoliberais na micro e na macro escala, ou seja, do local, ao
global.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CARVALHO, A.M.P de. Critérios estruturantes para o ensino de ciências. Ensino de Ciências-
unindo a pesquisa e a prática, 2004.
GUEDES, Maria Luiza. Monitoria uma questão curricular e pedagógica. Série Acadêmica,
Campinas: Puccamp, v. 9, p. 3-30, 1998.
INTRODUÇÃO
O esvaziamento dos cursos de Licenciatura. A falta de professores nas escolas regulares
de ensino básico. A inadequação do corpo docente. A precarização e desvalorização do
trabalho docente. A falta de incentivo à formação continuada. Os constantes desmontes sofridos
pela educação. O aumento do número de escolas com o Ideb baixo. E o abandono da profissão
logo nos primeiros anos de contato com a sala de aula. Esses são alguns dos desafios que
orbitam em torno da profissão docente, no Brasil.
Em vista disso, muitos estudos acadêmicos e políticas educacionais têm sido pensadas
e desenvolvidas em direção a melhora da qualidade da formação docente oferecida nos cursos
de licenciatura. Uma delas foi o próprio PIBID, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
à Docência, criado com o objetivo de valorizar o magistério e aproximar a universidade das
escolas de ensino regular, melhorando a qualidade do ensino.
O programa “rompe” o muro universidade-escola associando professores já atuantes
(supervisores) com professores em processo de formação (Pibidianos). Afirmamos
isto, porque, no processo, os professores supervisores reativam seu vínculo com a universidade,
passando a ter acesso a literaturas e metodologias de ensino e aprendizagem atualizadas, obtidas
por meio do contato com os Pibidianos. O que os incentiva a reintegrar-se no ambiente
acadêmico e se qualificarem profissionalmente. Já os Pibidianos, ganham experiência ao serem
inseridos no seu futuro ambiente de trabalho, acompanhando o professor supervisor e podendo
unir o conhecimento teórico, obtido nas aulas da universidade, com o prático, vivenciado
durante o tempo em que estão dentro da escola de ensino básico.
Nessa linha de pensamento, concordamos com a premissa de que, reconhecer as
estruturas da escola e perceber a rotina escolar são ações que devem ser realizadas antes mesmo
de o professor, ou no nosso caso, o programa PIBID, iniciar suas atividades na instituição, com
vista a garantir que as práticas pedagógicas pensadas dialoguem com a realidade do ambiente e
com as demandas da comunidade escola.
Sendo assim, o presente trabalho tem o objetivo geral de trazer reflexões teóricas acerca
do PIBID, seu contexto de criação, assim como os impactos e desafios que o cercam. Além de
descrever de forma detalhada a importância e o como se deu o processo de construção do
diagnóstico da estrutura física, pedagógica e funcional da ECI Félix Araújo, localizada no
município de Campina Grande-PB. Esta, é a instituição na qual o núcleo PIBID, do curso de
Licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus sede,
estará desenvolvendo suas atividades entre novembro de 2022 e abril de 2024.
PROCESSOS METODOLÓGICOS
No dia 03 de novembro de 2022 ocorreu a primeira reunião do núcleo PIBID do curso
de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Campina Grande(UFCG), campus
sede. Ela reuniu um total de doze pessoas, o professor coordenador do subprojeto, a professora
supervisora e dez alunos do curso de Geografia, sendo oito deles bolsistas e dois voluntários. A
partir dessa roda de conversa, os participantes puderam se conhecer, entender o que é o PIBID,
sua importância e quais seriam as metas e objetivos do subprojeto supracitado.
Neste contexto, iniciamos nossas atividades com a leitura e posterior debate de dois
livros relativos à temática do surgimento do PIBID, suas contribuições e desafios. literaturas
estas que utilizamos para a elaboração do arcabouço teórico do presente trabalho, foram eles: o
capítulo três do livro “Políticas Educacionais e Ensino de Geografia: Sentidos de currículo,
práticas e formação docente” de Straforini (2021) e o capítulo onze do livro “Nos Caminhos da
Educação Geográfica” de Barros e Aragão (2021). Posteriormente, no dia 01 de dezembro de
2022, juntamente com os demais participantes do PIBID, fomos visitar a Escola Cidadã Integral
Félix Araújo, localizada no município de Campina Grande-PB.
Por meio dessa visitação tivemos a oportunidade de produzir registros fotográficos e
realizar uma observação direta da estrutura física da escola, conhecendo algumas das suas salas
de aula, laboratório de informática, laboratório de ciências, biblioteca, quadra de esportes, áreas
destinadas ao lazer, auditório escolar e entre outras. Isso foi fundamental para que pudéssemos
imaginar como ela funciona internamente e como é o cotidiano dos alunos, professores e demais
funcionários, bem como reconhecer suas deficiências e potencialidades.
Em segundo lugar, para produzir o diagnóstico escolar, também consultamos o Plano
Político Pedagógico da ECI Félix Araújo, podendo ser compreendido, nas palavras de
Vasconcellos (1995, p.143), como:
um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do
cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica
e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita
ressignificar a ação de todos os agentes da instituição.
Este documento deve ser produzido e vivenciado de maneira coletiva, buscando atender
as necessidades de toda a unidade escolar, o que engloba alunos, professores, direção, equipe
escolar e também a comunidade externa. Consequentemente, é indispensável que seja flexível
às mudanças para que possa progredir e defina bem os objetivos e compromissos da instituição,
estabelecendo qual é o tipo de cidadão que está querendo formar e norteando as ações de cada
um dos seus componentes ao longo do ano letivo.
A terceira etapa da pesquisa se deu no dia 14 de dezembro de 2022, quando fizemos
uma reunião, via a plataforma Google Meet, com a professora Supervisora do subprojeto
PIBID, no intuito de aclarar dúvidas que tínhamos sobre o funcionamento da escola, uma vez
que nossas atividade se iniciaram já no final do ano letivo e tivemos pouco contato a instituição
de ensino. Esse momento foi muito importante, pois refletimos mais profundamente sobre a
infraestrutura da escola, organização da gestão, condições do trabalho docente, cotidiano dos
alunos, administração de recursos e entre outros aspectos.
Ressaltamos que todas as informações obtidas através da observação direta do colégio;
dos registros fotográficos produzidos durante a visita; da consulta do Projeto Político-
pedagógico (PPP) da ECI Félix Araújo e da reunião com a professora supervisora do nosso
núcleo PIBID, foram analisadas e compõem parte dos resultados da presente pesquisa.
ARCABOUÇO TEÓRICO
Todavia, para além disso, o PIBID visa, de acordo com a Portaria nº 096 da Capes, em
seu Art. 4° (CAPES, 2013):
Neste sentido, quando se pensa nos motivos de a carreira docente não ser vista como
atrativa ou como uma opção para muitos dos jovens e haver tanta evasão de estudantes nos
cursos superiores de licenciatura, podemos destacar que isso se deve, sobretudo, às condições
laborais na qual estamos inseridos. Uma vez que, devido a desvalorização salarial, proveniente
da precarização do trabalho docente, muitos professores, para dispor de uma vida digna,
trabalham em mais de uma escola, enfrentando longas jornadas de trabalho e não possuindo
tempo para investir em sua formação continuada. Isto os impede de aprimorar-se e ascender
profissionalmente, levando-os, muitas vezes, a abandonar a carreira. Nessa linha de
pensamento, Freitas (2021, p.96) acrescenta que:
Esse diagnóstico nada mais é do que uma pesquisa que tem o objetivo de reunir
informações diversas sobre a instituição. Ela engloba aspectos que vão desde a sua
identificação, localização, estrutura funcional, infraestrutura, recursos didáticos disponíveis,
informatização e condições materiais, até a composição e manutenção do espaço físico. Todos
estes aspectos influenciam de forma direta ou indireta no processo de ensino e aprendizagem,
então, conhecer os desafios que o ambiente pode conter, assim como também suas
potencialidades de trabalho podem garantir uma maior eficácia na hora de pensar, planejar e
executar ações pedagógicas, tanto por parte dos supervisores quanto dos alunos Pibidianos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após visitar a ECI -Escola Cidadã Integral- Félix Araújo, localizada no município de
Campina Grande-PB e consultarmos o seu Projeto Político-Pedagógico(PPP), nos reunimos
com a supervisora do nosso núcleo PIBID de Geografia, a professora Anizabel Costa Duarte do
Rego. A partir disso, em conjunto, aclaramos nossas dúvidas e pudemos conversar e produzir
um diagnóstico do espaço físico, estrutural e funcional da ECI Félix Araújo.
Destacamos que na sua elaboração estabelecemos uma ponte entre os dados obtidos na
pesquisa e nossas próprias análises calcadas no que temos lido e visto sobre o tema da
implantação das Escolas Cidadãs Integrais, ECI 's. Assim, objetivando uma maior
contextualização apontamos que seguimos o seguinte roteiro de análise: identificação da escola;
estrutura funcional; infraestrutura; recursos didáticos presentes e disponíveis; aspectos do
ambiente e funcionamento escolar; condições de informatização; condições materiais,
manutenção da escola e, ainda, gerenciamento financeiro.
Neste sentido, mais precisamente localizada na R. Severino Pimentel, no bairro da
Liberdade em Campina Grande - PB, a ECI Félix Araújo é uma escola estadual que possui o
ensino fundamental ( a 2° fase do 7° ao 9° ano) e médio ( do 1° ao 3° ano), qual durante o ano
letivo de 2022 contou com um contingente de 427 alunos matriculados. A respeito do seu
horário de funcionamento, este se dá de forma integral, ou seja, inicia-se todos os dias (de
segunda a sexta), às 7:00 horas da manhã e se encerra às 17:00 horas da tarde.
O que compreendemos que se configura como um modelo um tanto excludente, uma
vez que jovens que trabalham ou possuem algum outro tipo de responsabilidade durante o dia,
estão impossibilitados de frequentá-la, tendo assim, o seu direito à educação negado. Essa
exclusão se torna ainda mais evidente quando levamos em consideração que nessa escola não
há a opção de ingresso na modalidade EJA (Ensino para Jovens e Adultos) no período noturno.
Em relação a composição do corpo docente, a escola tem hoje 24 professores em sala
de aula; 07 professores readaptados (docentes que sofreram algum tipo de redução da sua
capacidade de trabalho por questões relacionadas a saúde e precisou ser realocado para outra
função); 03 professores de licença para tratamento de saúde e mais 03 compondo a gestão.
Dessa forma, a equipe possui um total de 59 colaboradores, sendo que, desse total, 09 são
funcionários em atividade e mais 13 contratados pela Empresa Alerta para serviços como
segurança, manutenção, supervisão etc.
E, trazendo para o contexto da Geografia, enfatizamos que existe na escola dois
docentes em atuação, sendo uma especialista em educação e outro em educação ambiental.
Portanto, um dos pontos positivos desta ECI, é que dispõe de muitos funcionários, bem
qualificados, para atender às necessidades da instituição, esta que possui muitas infraestruturas
e uma extensão territorial de tamanho bastante considerável como destacamos mais adiante.
No que se refere aos aspectos mais documentais e burocráticos, além do Plano de Ação,
a escola possui o Projeto Político Pedagógico (PPP), características já contidas nas escolas
convencionais. Nos modelos ECI, ECIT ou ECITE é adicionado alguns cargos ou substituídos
alguns termos à equipe de colaboradores como: gestora geral (diretora); presidente do conselho
escolar; coordenador administrativo-financeiro; coordenador pedagógico; psicólogo;
supervisor escolar e orientador escolar. Salientamos que, a ECI Félix Araújo possui
colaboradores que assumem cada um destes cargos, exceto o de psicólogo educacional.
Essa é, inclusive, uma característica quase que inerente ao modelo. Raras são as
instituições que dispõem de serviços de apoio psicológico destinado à comunidade escolar,
apesar de no plano de implantação das Escolas Cidadãs Integrais (ECI 's) constar que deve
existir uma AEE, sala de Atendimento Educacional Especializado. O que termina, na maioria
das vezes, sobrecarregando os professores, pois em disciplinas como a de “Projeto de Vida”
eles têm que se aproximar dos alunos, auxiliar e aconselhar. A maioria dos estudantes encara
esse momento como uma oportunidade de conversar e expor seus problemas/demandas.
Todavia, grande parte dos docentes não possuem preparo ou formação específica para lidar com
isso e acabam levando estas questões para si, comprometendo sua própria saúde mental.
A ECI Félix Araújo é proporcionalmente grande, é murada e abrange um quarteirão da
rua na qual está localizada. Sua fachada é bastante chamativa, possui cerâmica na frente e está
pintada com as cores do modelo ECI. Aparentando, no geral, bom estado de conservação e,
com certeza, chamando a atenção das pessoas que por ali passam, incluindo pais que buscam
uma escola para matricular seu(a) filho(a). Para fins ilustrativos, trazemos a seguir uma foto da
frente da escola (Figura 1).
Figura 2: Pibidianos visitando a biblioteca, laboratório de ciências e uma das áreas de lazer
da ECI Félix Araújo.
Fonte: Autor.
Focalizando nossas análises nas características que interferem de forma mais direta no
trabalho docente, qualidade das aulas e na aprendizagem dos alunos, fizemos também a
identificação dos recursos didáticos presentes e possíveis de serem utilizados na escola, bem
como as condições das salas de aula. Temos, então, 03 computadores; internet; máquina de
xerox; tv; projetor de slides; som; jogos educativos e kits didáticos que visam a permanência
do aluno na escola e a motivação no processo de aprendizagem.
As salas de aula dispõem de cadeiras e birôs em quantidade, materiais de expediente
como papel, grampo, apagador, clip, pincel atômico, giz e armários individualizados para
professores. Existe também, boas condições de iluminação, acústica, ventilação natural nas
salas de aula e os banheiros e bebedouros se encontram em situação regular. Desse modo,
percebemos e elucidamos a ECI como um espaço complexo, mas de múltiplas possibilidades,
onde nós, Pibidianos, juntamente com a professora supervisora, poderemos desenvolver
práticas pedagógicas diversificadas, dada a amplitude de recursos que a ECI nos possibilita.
Todavia, não podemos deixar de citar que sim, a escola está precisando de manutenção
de acordo com o estado geral das janelas, portas, paredes, pisos e telhados, que estão em
situação entre regular e ruim. Essa necessidade torna-se ainda mais perceptível quando
reparamos nas diversas infiltrações ao longo dos corredores, mato crescendo no piso próximo
ao ginásio e computadores do laboratório de informática sem condições de serem utilizados,
como pode ser observado na figura 3.
Fonte: Autor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARROS, Josias Silvano de; ARAGÃO, Wellington Alves. Nos Caminhos da Educação
Geográfica. 1.ed. Goiânia: C&A Alfa Comunicação, 2021.
CAPES. Portaria nº 096, de 18 de Julho de 2013. Disponível em: https://www.in.gov.br/
materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/30798135/do1- 2013-07-23
-portaria-n-96-de-18-de-julho-de-2013-30798127. Acesso em: 10 de Janeiro de 2022.
SOARES, Joceline Maria da Costa et al. Diagnóstico da realidade escolar como instrumento
norteador de ações do programa institucional de bolsa de iniciação à docência (Pibid).
Itinerarius Reflectionis, v. 12, n. 1, 2016.
STRAFORINI, Rafael et al. Políticas Educacionais e Ensino de Geografia: Sentidos de
currículo, práticas e formação docente. Paco e Littera, 2021.
INTRODUÇÃO
No processo de formação inicial em quaisquer que seja a licenciatura, é de fundamental
importância, para construção do saber profissional, que o aluno desfrute de experiências que
irão proporcionar a ele vivências na docência e no espaço escolar. Partindo desta premissa, no
ano de 2007, foi criado pelo Ministério da Educação o Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência (PIBID) que possui a finalidade de antecipar o contato dos futuros
professores com a sala de aula; melhorar a qualidade da educação nas escolas públicas de ensino
básico, e promover a valorização do magistério.
De acordo com os requisitos presentes no edital de seleção dos Pibidianos, para poder
ingressar no programa o estudante deve ter cursado menos de 60% (sessenta por cento) dos
créditos totais do respectivo curso de licenciatura. Então, podemos considerar que o PIBID,
muitas vezes, promove o contato desses estudantes com o ambiente escolar antes mesmo do
que a própria disciplina de estágio. E isso é algo extremamente positivo, uma vez que quanto
mais cedo ocorrer essa imersão, mais cedo o indivíduo saberá se de fato é essa a carreira que
ele quer seguir, caso afirmativo ele vai abraçá-la e caso negativo, deixá-la. Ferreira e Reali
(2005 apud PESSOA, 2017, p.72) acrescentam que:
Estes alunos, auxiliados por um professor mais experiente, no caso o supervisor, vão
entender que a sala de aula é um lugar de muitos desafios, mas que eles são solucionáveis. Este
supervisor, é justamente um professor da rede de educação básica que deve conduzir esses
Pibidianos para o seu futuro ambiente de trabalho, inserindo-os na cultura e no ambiente
escolar, auxiliando-os na apreensão dos conhecimentos práticos da profissão professor, bem
como no processo de construção de sua identidade profissional. Desse modo, é inegável a
importância deste supervisor durante a formação inicial docente.
No entanto, contraditoriamente, existem poucas pesquisas que versam sobre o papel dos
supervisores do PIBID e a influência do programa no seu desenvolvimento profissional. Diante
deste cenário, fomos incentivados a pesquisar e buscar respostas para as seguintes inquietações:
a participação dos supervisores no PIBID lhes traz alguma contribuição, seja no âmbito
acadêmico, profissional ou ainda pessoal? Será que eles se percebem como co-formadores dos
seus Pibidianos ? Qual será a visão que eles passam a ter da profissão após vivenciarem o
programa? Existe um perfil para ser professor supervisor do PIBID? Estes são apenas alguns
dos questionamentos que o presente trabalho pretende desvendar.
PROCESSOS METODOLÓGICOS
Analisar as possibilidades e limitações do PIBID para o contexto profissional dos
supervisores demandou de nós, pesquisadores, um exercício de escuta ativa e de permanente
busca, não por “dar voz”, mas sim, por elucidar as vozes desses docentes. Nesta construção de
sentido, tentamos entender nosso objeto de estudo a partir dos diversos olhares, vivências e
memórias incrustadas nos relatos dos próprios sujeitos que experienciaram o programa. Logo,
esta investigação se valeu uma abordagem de natureza qualitativa, pois houve uma:
Tomando por base este excerto, depreendemos que o professor supervisor do PIBID
entra nessa categoria de professor formador e, portanto, precisa dispor de características
pessoais e profissionais para executar este papel. Nas palavras de Marcelo (2010, p.40 apud
CALIL, 2014, P.10) eles precisam dispor de “[...]empatia, facilidade de comunicação,
paciência, diplomacia, flexibilidade, sensibilidade, (...) experiência demonstrada em suas
classes, habilidades na gestão da classe, disciplina e comunicação com os companheiros e certa
iniciativa para planejar e organizar”.
Além disso, acreditamos ser indispensável que este “mentor” veja sua relação com esses
Pibidianos a partir de uma ótica horizontal, no sentido de que não se estabeleça uma relação
hierarquizada pelo fato de eles já dispor de alguns anos de experiência na profissão, mas sim
que esteja aberto(a) a ensinar, aprender, construir saberes coletivos e quiçá, rever concepções
que já tinham incrustadas na sua prática como verdades absolutas. É sobre ter o olhar sensível
para reconhecer suas próprias limitações e potencialidades, assim como a desses futuros
professores, de modo a auxiliá-los no processo identitário de ser, se perceber e se constituir
professor. Como bem explica Nóvoa (2000):
Sendo assim, a relação supervisor-pibidiano envolve aspectos que vão para além do
acompanhamento técnico e do apoio didático-pedagógico, haja vista que questões humanas e
as afetividades de cada sujeito permeiam essas relações. Por fim, enfatizamos que o supervisor,
ao ingressar no programa, (re)insere-se no ambiente acadêmico, passa a ter acesso a debates,
grupos de estudo, eventos e literaturas que versam sobre as inquietações atuais da educação, do
processo de ensino-aprendizagem e da própria formação de professores. O que concebemos
como algo significativo, pois instiga esses profissionais a teorizar sua prática, formar-se
continuamente e abrir-se para outras possibilidades na profissão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para iniciar o momento de exposição dos resultados oriundos do presente processo
investigatório, trazemos a seguir um gráfico (figura 1) produzido a partir do questionário escrito
respondido pelos colaboradores da pesquisa no momento anterior à entrevista. Esse
questionário reuniu perguntas que orbitam em torno do perfil profissional dos professores
supervisores e, em relação à ferramenta que utilizamos para elaborá-lo, esta foi o Google Sheets,
uma plataforma digital que permite criar planilhas e, a partir delas, gerar gráficos.
Figura 1: Gráfico sobre o perfil profissional dos professores supervisores do PIBID.
A partir do gráfico da figura 1, podemos observar que a faixa etária desses profissionais
é bastante variada, o professor mais jovem possui 35 (trinta e cinco) anos e, em contrapartida,
os mais velhos 53 (cinquenta e três) e 63 (sessenta e três) anos. Assim, podemos estabelecer
que a média ficou em torno dos 46,6 anos de idade. Logo, tem-se que, no caso da nossa amostra,
são professores que circulam entre a idade adulta e a meia-idade. Além disso, quando se pensa
em tempo de magistério, na época em que eles foram supervisores, o P2 tinha apenas 3 (três) e
o restante entre 7 (sete) e 20 (vinte anos). Portanto, temos que em média os supervisores que
atuaram no PIBID de Geografia da UFCG campus Campina Grande tinha cerca de 13,6 anos
de experiência.
No que tange o perfil acadêmico desses profissionais, pudemos coletar informações
sobre as formações específicas que eles possuem e disciplinas que lecionam enquanto estavam
no programa como supervisores e as organizamos no quadro 1.
É possível perceber a partir dos relatos, que a profissão do professor é baseada na busca
por formas mais eficientes de levar e construir o conhecimento com os estudantes na sala de
aula. É um (re)inventar-se constante e o PIBID aparece justamente como este espaço, onde
supervisores e Pibidianos se unem, compartilham experiências, saberes e fazeres tendo como
alvo o aprendizado do aluno. A segunda pergunta foi sobre as capacidades ou habilidades que
estes docentes conseguiram adquirir durante sua participação no programa. Algumas das
respostas foram:
(...)Melhorar metodologias, pensar material, não ficar sempre na mesma (P.2).
(...) Como a gente estava na pandemia, o trabalho com os Pibidianos foi bom
na questão de conhecer novas tecnologias (P4).
Percebemos nas respostas que existem muitas falas sobre desenvolver novas
metodologias de ensino, criatividade e até o processo de escuta para com os alunos. Mas algo
curioso, e que foi perceptível no período de isolamento social devido a pandemia da Covid-19,
foi como os professores tiveram que reformular seu método de ensino para algo totalmente
novo e diferente. Isso é destacado na fala do P4 ao informar da necessidade de conhecer novas
tecnologias, isso se deu devido ao ensino remoto implantado na época em que os professores
passaram a usar ferramentas como Google Meet, Microsoft Teams, Google Classroom, entre
outros que serviram de auxílio para que eles pudessem ministrar suas aulas.
Reconhecemos que toda experiência vivida dentro e fora do âmbito escolar, seja através
de uma especialização, mestrado ou até mesmo de projetos como o PIBID, trazem crescimento
profissional e/ou pessoal e ao indivíduo. Com isso em mente, lhes questionamos a respeito da
sua visão da profissão (professor) após o programa. Como respostas temos que:
Ser professor é um desafio todos os dias, e eu sempre falo que o aluno do Pibid
é um aluno diferenciado, porque, assim, tive minha primeira graduação em
Geografia, e quando eu fui estagiar eu caí de paraquedas. Então eu não sabia
ser professor, depois eu fui aluno do Pibid em ciências sociais, já tive outra
experiência, tendo a chance de viver o dia a dia de uma escola e entender a
realidade, e a gente não sabe tudo e tá tudo bem,(...) Hoje sou um professor
totalmente diferente (P2).
Nestes relatos, podemos perceber que o programa incentiva a busca por uma
reestruturação nas metodologias de ensino ao qual esses supervisores estavam adaptados.
Reconhecemos a importância e responsabilidade que a profissão de professor carrega e como
formadores de cidadãos ponderamos que não podemos ser monótonos, mas sim instigados
perante ao nosso papel, para que dentro do âmbito escolar provoquem mudanças, sejam de
comportamentos, mentalidades, ideologias ou até de perspectivas de vida que quizá perpassam
as barreiras da escola.
Assim sendo, é nítido que o PIBID se diferencia de outros programas pela sua
capacidade de transformar não somente os professores supervisores e alunos bolsistas, mas as
escolas que o recebem. Nota-se o impacto social do programa, pois, ao ser questionado sobre
se a se a presença do PIBID onde trabalhava trouxe alguma mudança na escola o P5 argumentou
que sim e nos descreveu sua experiência:
Sim! Como exemplo, tivemos um trabalho sobre a água, (...) foi no tempo do
racionamento e eu falei com os meninos “vamos fazer alguma coisa sobre o
racionamento de água?” e eles toparam na hora. A gente desenvolveu um
trabalho lindo dentro da escola e fora da escola. Nós fomos para a rua distribuir
panfletos, a TV veio e assim, conscientizou muita gente (P5).
A partir dessa fala, entendemos que o PIBID possui um caráter tanto integrador, por
envolver o trabalho coletivo de sujeitos de diferentes instituições (escola e academia), como
extensionista, por conseguir levar, por meio de ações, os conhecimentos produzidos dentro da
escola e da universidade para a sociedade. O P4, apontou ainda que na escola o PIBID gera um
empoderamento do alunado, os estudantes, ao escutarem as experiências de alunos
universitários que muitas vezes saíram da mesma realidade, eles se identificam, percebem a
universidade como um caminho possível, um lugar no qual eles também podem chegar.
Além de observações positivas acerca da presença do PIBID na escola, também tivemos
a oportunidade de ouvir a um professor falando sobre as mudanças bruscas que ocorreram
quando a escola deixou de ter o programa. Reiteramos que não estamos expondo este relato
para incutir generalizações, mas sim expor e contrapor ideias divergentes que em futuros
estudos poderão ser mais aprofundadas. Assim, o P2 nos contou que:
(...) Durante esse período (de presença do PIBID) a escola teve o terceiro maior
Ideb da Paraíba, e isso foi uma evolução muito grande, porque escola ela é;
gestão, professor e os educandos. É uma equipe, e quando há uma harmonia
nisso as coisas andam. (...) Quando eu saí de lá, em 2018, nosso Ideb baixou
muito, a direção mudou, muitos professores saíram e também o Pibid deixou de
acontecer (P2).
Aparentemente, quando existe essa abertura da escola para com o programa e para com
a universidade, toda a comunidade escolar ganha e é instigada a momentos de reflexão, que
mobilizam ações e, posteriormente, mudanças. Pensamos que isto se dá de forma ainda mais
forte nos professores supervisores, já que eles mantêm um contato mais próximo com a equipe
de Pibidianos, formando-os e se formando junto, a medida em que confirmam, põem em xeque
ou até mesmo mudam seus modos de ser e fazer a profissão em sala de aula.
Partindo dessas premissas, os questionamos se a participação no PIBID os fez
rever/refletir seus conhecimentos e práticas pedagógicas e os respondentes apontaram que:
A presença daquele aluno que tá aprendendo com a gente nos motiva a mostrar
um pouco mais do que a gente sabe(...), E, na prática pedagógica, com certeza
teve! No trato com os alunos, (...), na observação das avaliações, das atividades,
da empatia e na formação mesmo! De ler mais, pesquisar mais (P4).
Sim, foi através daqui, da implantação do PIBID na nossa escola que eu senti a
necessidade de fazer a minha pós (P5).
(...) Ele (o PIBID) aproxima o professor que muitas vezes está lá na escola e
perde esse contato com a academia, (...) eles começaram a produzir, (...)a
participar de eventos, e isso é bom porque os aproxima (P2).
(...) Foi através do Pibid que eu quis fazer a minha pós (P5).
Desta forma, fica explícito o quanto é benéfica a aproximação da escola com a academia
e como uma pode contribuir com a outra, ambas se constituindo como espaços formativos para
os docentes formados e em processo de formação. Como bem explica o P1, é indispensável que
a universidade envie os licenciandos para conhecer por si mesmos o seu futuro ambiente de
trabalho. E, acrescentamos ainda que ela esteja aberta a ouvir os feedbacks desses estudantes,
dos supervisores e da escola, reconhecendo as demandas e habilidades que o profissional que
nela atua necessita e, a partir disso, adequar ou reformular a proposta pedagógica do curso
superior que os formará, tendo como objetivo diminuir cada vez mais o choque de realidade
que se sente nos anos iniciais de ingresso na profissão.
Cabe destacar que nem tudo são flores, isso quer dizer que o programa também pode ter
pontos que precisam melhorar ou que não funcionam tão bem. Sendo assim, procuramos obter
a visão desses professores supervisores sobre o que eles viam no programa como limitações
para o seu desenvolvimento profissional.
(...) Tem uma parte muito teórica, sabe?(...) O pessoal vinha muito preocupado
em fazer a tarefa pra prestar conta ao professor coordenador. Além da
infraestrutura da escola (P1).
(...) Um ponto negativo na minha época é que a gente passou por turbulências
em relação a continuidade do programa, houve alguns cortes do governo
federal na época e a gente se sentiu ameaçado (P2)
Na época existia muito incentivo pra gente participar dos congressos de fazer
publicações. As publicações eram feitas junto aos Pibidianos sobre aquelas
estratégias que a gente estava desenvolvendo. (P3)
Sim, o maior exemplo que eu posso dar foi a minha motivação para buscar o
mestrado, que eu sempre quis, mas, quando a gente começa a trabalhar é muita
coisa. A gente(...) vai deixando a formação pra depois. (...) Eu tinha muitos
projetos aplicados em sala e nunca publicava e quando eu comecei a ver as
publicações no PIBID eu disse “olha, quanta coisa eu tenho que eu nunca
compartilhei com o público”. E comecei a publicar. (P4)
Esclarecemos, a partir das falas acima, que sim, o PIBID se constitui como um espaço
de apoio, incentivo e empoderamento para esses profissionais que, devido às complexas
condições de trabalho acabam se limitando e deixando de se formar continuamente, muitas
vezes até parando na graduação e se fechando para outras possibilidades dentro da profissão.
Outra curiosidade que sentimos foi se esses supervisores de fato se percebiam como co-
formadores dos Pibidianos e qual era a visão que eles tinham sobre o papel que estavam
desempenhando. Neste sentido, os professores P2 e P3 relataram o seguinte:
Com base no exposto, nota-se que os supervisores se veem como co-formadores dos
Pibidianos e, conscientes disso, buscam inseri-los não apenas na sala de aula, mas em outros
espaços e contextos que também fazem parte da dinâmica escolar e da nossa profissão.
Ademais, uma das professoras (P4), também apontou que a relação com os Pibidianos se dava
de um modo mais eficiente do que com os alunos de estágio, pois no programa há um
acompanhamento mais intenso desses alunos. Para finalizar, queríamos entender se existe ou
não um perfil para ser professor supervisor do PIBID. Os P2 e P3 argumentam que:
Tem que ser uma pessoa comunicativa, dinâmica, que esteja aberta a dialogar
com as pessoas, porque trabalhar em equipe é difícil, (...) saber lidar com
pessoas, resolver conflitos, isso é muito importante. (P2).
Foi unânime a ideia de que sim, existe um perfil para ser supervisor do PIBID, dentre
as principais colocações dos respondentes, destacam-se empatia, habilidade para se comunicar,
dialogar, trabalhar em equipe, mediar conflitos, não ter medo de errar, de ser observado, estar
aberto a aprender, rever concepções, pesquisar e se atualizar. Então, eles nos confirmaram a
premissa de que não é qualquer pessoa que pode ou deve ser supervisor, pois este profissional
tem que ter o olhar sensível, ver sua relação com os demais componentes do programa de forma
horizontalizada, observando as inseguranças, medos e demandas desses pibidianos de forma a
ajudá-los a constituir sua identidade docente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das leituras e do processo de entrevistar professores que atuaram
como supervisores em subprojetos do curso de Licenciatura em Geografia da UFCG, campus
sede, pudemos refletir sobre o papel destes docentes no PIBID, bem como as potencialidades e
limitações do programa para o seu desenvolvimento profissional. De um modo geral temos que
esses supervisores ingressam no programa com o intuito de se atualizar, conhecer novas
metodologias, e poder trocar saberes com profissionais que ainda estão se formando. Contudo,
com as vivências no programa, acabam revendo sua prática e desenvolvendo outras habilidades,
como a criatividade, liderança, empatia, gestão de grupo, e trabalho coletivo.
Além disso, o PIBID os (re)integra ao espaço universitário e acadêmico, quando direta
ou indiretamente os estimula a participar de eventos, congressos e seminários, assim como
também escrever e publicar trabalhos acadêmicos. O maior reflexo disso, no caso da nossa
amostra, foi que dois dos nossos colaboradores relataram que a partir da participação no
programa sentiram a necessidade de buscar e realizar alguma pós-graduação.
Contudo, apesar de não ter sido o foco desta pesquisa, pensamos que não ficou evidente
o quê e como o professor supervisor deve desempenhar o seu trabalho, pois aparentemente não
existe uma padronização nas ações que eles relataram ter desenvolvido. Isso nos leva a
problematizar se eles recebem algum treinamento ou são apenas “jogados” para ocupar esse
papel de formar outros indivíduos. Nos editais de seleção de supervisor e no próprio site da
CAPES quase nada é mencionado, logo isso pode ser alvo de estudos futuros.
REFERÊNCIAS
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no contexto atual das reformas e das mudanças no mundo contemporâneo. Revista
brasileira de estudos pedagógicos, v. 91, n. 227, p. 122-143, 2010.
CALIL, Ana Maria Gimenes Corrêa. O desenvolvimento profissional dos professores
supervisores do PIBID. Revista Cocar, v. 8, n. 15, p. 08-15, 2014.
GALIZA, Lucas dos Santos; SILVA, José Gilberto; SILVA, Mara Aparecida Alves. As
contribuições do PIBID para a formação continuada dos professores da Educação
Básica: algumas reflexões dos professores supervisores. Kiri-Kerê-Pesquisa em Ensino, v. 1,
n. 5, 2020.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São
Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1986. 99 p.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia
Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 311 p.
PESSOA, Rodrigo Bezerra et al. Professores de geografia em início de carreira: olhares
sobre a formação acadêmica e o exercício profissional. 2017.
SANTOS, Maria Adriana Borges dos; FERREIRA, Heraldo Simões; SIMÕES, Luiza Lúlia
Feitosa. Saberes da docência aprendidos no PIBID: um estudo de caso com professores
supervisores de educação física. Educação & Formação, v. 1, n. 2, p. 104-120, 2016.
FORMAÇÃO DOCENTE EM GEOGRAFIA: EXPERIÊNCIAS DO PIBID NO
INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ - CAMPUS FORTALEZA
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Nos dias atuais a fotografia está cada vez mais inserida no cotidiano das pessoas,
visando que na Era Digital onde tudo é instagramável, fazendo com que ocorra uma interação
do mundo inteiro em poucos segundos, as fotografias mostram de forma direta momentos de
felicidade, curiosidades e momentos históricos da humanidade. Então o Ensino de Geografia
na perspectiva fotográfica vem para expor as transformações do espaço geográfico, para melhor
compreensão do estudante, correlacionando a teoria e a imagem (Barbosa, 2020).
Dessa forma, o objetivo do trabalho é dialogar acerca da formação docente inicial em
Geografia através do PIBID, tendo como enfoque a experiência obtida com a Oficina FotoGeo.
De forma a atingir o objetivo, a metodologia está pautada na pesquisa bibliográfica, com a
temática de fotografia e o ensino de geografia, tendo como algumas das referências, Silva
(2017) e Barbosa (2020) e na aplicação da oficina.
A aplicação da Oficina foi na turma do Primeiro Período em Informática - (P1), então a
FotoGeo evidencia as transformações do espaço cearense a partir das fotografias que tragam
algum sentimento de pertencimento para o estudante. A metodologia utilizada na oficina, foi
constituída por partes, primeiramente compreendendo as fotografias levadas pelos estudantes e
com elas um pequeno relato da escolha da fotografia. O segundo momento foi marcado pelo
debate acerca de como as fotografias se inserem dentro do contexto das dinâmicas da cidade de
Fortaleza e da Região Metropolitana. No momento final da oficina foi pedido a criação da
árvore genealógica dos estudantes, para a compreensão de como o espaço geográfico é amplo
e entender as dinâmicas populacionais que ocorrem dentro do território cearense.
Dessa forma, a partir do entendimento trazido pelo geógrafo Milton Santos, trazendo
para a análise do ensino de Geografia, Cavalcanti (2013) acredita que o conceito de paisagem
possui importância para a formação dos raciocínios geográficos, já que o conceito aparece
enquanto uma primeira análise a partir da relação com o conceito de lugar. “É pela paisagem,
vista em seus determinantes e em suas dimensões, que se vivencia empiricamente um primeiro
nível de identificação com o lugar” (idem, 2013, p. 100).
Freisleben e Kaercher (2016, p. 115) destacam acerca do uso da fotografia no ensino de
Geografia:
É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que
se pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e inexato, pois se conforma com a
aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não
permite a formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além das
percepções objetivas.
Entender como os estudantes conhecem o território cearense a partir da fotografia,
levantou a reflexão de que o conhecimento que o (a) estudante tinha do espaço geográfico
cearense era apenas o que o (a) estudante, escutava ou era repassado para ele. Sendo assim,
aquele local possui um ponto de referência, a partir disso o (a) estudante consegue relacionar a
foto com a experiência do mesmo diante daquele lugar. Então foi comentado pelos (as)
estudantes que os bairros da cidade de Fortaleza são perigosos, sendo exposto que em
determinado território é dominado por grupos criminosos, evidenciando que o (a) estudante não
frequentaria o bairro por motivos de segurança.
Ao total, os (às) estudantes tinham um conhecimento do local abordado e também das
fotografias dos outros colegas, porém apenas um conhecimento raso, repassado e não
conhecimento histórico e geográfico do lugar. Haviam estudantes que não tinham nenhum tipo
de conhecimento sobre a origem dos bairros, dos municípios que compõem o estado do Ceará,
evidenciando mais uma vez a falta de conhecimento histórico e geográfico do território
cearense.
Durante a aplicação Oficina FotoGeo (Figura 2) os (as) estudantes que não tinham
conhecimento da localidade da fotografia, pesquisavam na Internet para poder conhecer sobre
o lugar e assim contribuir com informações sobre a formação histórica do lugar abordado.
Ao analisarmos a árvore genealógica dessa estudante, podemos observar que não se tem
conhecimento da origem da família paterna, portanto a estudante colocou apenas um “(?)”. Já
em relação a sua família materna, é possível perceber que já tem a ciência que seus avós vêm
do interior do Ceará, porém de forma vaga. Tal fato nos leva a pensar nas seguintes hipóteses:
ela não possui o conhecimento do bairro ou cidade ou ela acha que o interior é apenas uma
única conjuntura, sendo assim não sabe diferenciar cidades do interior cearense.
Figura 4: Árvore Genealógica do Estudante do Primeiro Período
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O PIBID é uma experiência fundamental para a carreira docente, para que desde o início
da graduação exista uma relação direta com a sala de aula. Na medida em que ocorre esse
contato na educação básica, o professor ou o licenciado (a) tende a ter um olhar para as
metodologias ativas que podem ser usadas no ambiente escolar. Além dessa interação, é normal
que o discente tenha interesse em integrar-se em laboratórios e grupos de pesquisa, então o
PIBID possibilita que ao decorrer das ministrações de aulas e da produção de projetos, o
pibidiano (a) tenha aproximação com as diversas áreas da geografia.
Fazer com que o (a) estudante entenda seu território, tendo em vista o seu sentimento de
pertencimento vai para além da sala de aula. A Oficina FotoGeo ressalta a importância do
conhecimento do território e onde se vive, para que o (a) estudante conheça, inicialmente, o seu
lugar e assim se sinta parte dele. Com a inserção da fotografia na sala de aula referente ao lugar
dos (as) estudantes observa-se, que ocorre uma maior segurança ao falar do seu bairro.
A construção da oficina contribuiu para que ocorresse o amadurecimento dos pibidianos
(as) envolvidos no projeto, possibilitando relacionar a teoria estudada na graduação com a
prática, a partir da inserção em sala de aula.
É notável que a fotografia como metodologia de ensino é compreendida pelos
estudantes e como chama a atenção para que eles possam entender os processos geográficos do
espaço geográfico, além de evidenciar como a geografia é universal e interdisciplinar.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Fonte: Autor,2022.
A escola dispõe para a comunidade uma infraestrutura com 9 salas de aula que vão dos
anos finais 6 º ano ao 9º ano, laboratório de informática, sala de diretoria, cozinha, quadra
polidesportiva coberta e banheiros com acessibilidade, atualmente a escola no turno da manhã
atende a 350 estudantes e no turno da tarde a 200 estudantes com faixa etária de 10 a 17 anos.
A figura 2 destaca algumas estruturas da escola, como o Auditório (A) o qual foi
utilizado para encontros como reuniões de conscientização, orientação de como a escola está
apoiando todo nesse momento, o público destinado foi a população escolar, bem como pais,
aluno e professores, a Quadra (B) da escola por ser um espaços aberto e ventilado foi utilizada
no período de pandemia para entrega de cesta básica e as Salas de Aulas (C) vem passando por
transformações sendo adaptadas para um possível retorno, mas com muito cuidado e
segurança.
Figura 2: Infraestrutura da escola: Auditórios, Quadra Esportiva e Sala de Aula
Fonte: Autor,2022.
O momento pandêmico trouxe muitos aprendizados e um desses foi trabalhar com mais
intensidade com as metodologias ativas para a Geografia escolar foi o momento de destacar as
possibilidades das práticas metodológicas através dos recursos tecnológicos que ela dispõe. Nas
aulas de Geografia durante as aulas remotas, foram disponibilizadas para os alunos jogos
interativos como Batalha Naval no wordwal lna figura 4, com o objetivo de transformar
informações abstratas existentes nos conteúdos sobre coordenadas geográficas, onde o
estudante identificava a localização dos objetos a partir dos pares de coordenadas latitude e
longitude. Além de motivar, o jogo envolve os alunos criando uma atmosfera de competição
inspirando o estudante a aprender e realizar as tarefas. Para Lima, (2021). A gamificação do
período de pandemia do COVID-19, incentivou a participação efetiva dos estudantes que
participavam das aulas síncronas, possibilitando a compreensão dos conteúdos e motivando os
alunos, para que muitos voltassem as aulas síncronas.
Fonte: Autor,2022.
Os mapas mentais, observados na figura 5 também se fizeram presentes nas nossas aulas
síncronas, pois eles ajudaram na estruturação das informações, auxiliaram a compreensão,
síntese e na memorização dos assuntos. De acordo com Pereira Filho et al., (2018) a utilização
dos mapas mentais serve de instrumento de percepção, para que o estudante possa navegar pelo
espaço geográfico e suas transformações.
Fonte: Autor,2022.
AVALIAÇÕES EM TEMPOS DE PANDEMIA
Fonte: Autor,2022.
Na Tabela 1, observa-se o número de aluno evadidos, ou seja, alunos que estavam
matriculados e não compareciam nas aulas remotas, segundo os profissionais que faziam as
buscas ativas desses alunos, muitos estavam morando com parentes em sítios e não tinham
condições de pegar o material disponibilizado pela escola e não tinham acesso à internet para
participar das atividades remotas, muitos haviam perdidos seus pais em decorrência do vírus e
tiveram que morar em lugares longínquos.
A escola lançou a proposta para que os professores tentassem instigar aos alunos a fazer
trabalhos, que seriam divulgados em uma live (transmissão contínua feita em tempo real à
gravação) da escola, por ocasião estávamos no mês de outubro de 2021e a proposta para a
disciplina de Geografia foi a identificação dos personagens de acordo com o conteúdo sobre a
Região Nordeste, onde os alunos adequaram as lendas folclóricas com personagens e culturas
do Nordeste, o desafio foi lançando e os alunos foram muito criativos ao apresentarem os
trabalhos sobre seus personagens do Folclore Brasileiro figura 6 dos alunos das turmas dos 6º
A/B/C e 7º A e B.
Fonte: Auntor,2021.
Fonte: Autor,2022.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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n. 3, p. 348-365, 2020.
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Disponível em: https://observatorio.movimentopelabase.org.br/novidades-no-observatorio-
novas-funcionalidades-e-
conteudos/?gclid=Cj0KCQjw166aBhDEARIsAMEyZh6RCNSfNhDanfsQSVDbZgkTykEjT
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p.622.Anais...Presidente Prudente – SP. 2015. Disponível em:
http://www.enanpege.ggf.br/2015/anais/arquivos/23/622.pdf. Acesso em: 22/02/2022.
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LIMA, J. A. P. Relatos de experiências o jogo, a gamificação e o lúdico no ensino de geografia
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O ENSINO DE CARTOGRAFIA E A FORMAÇÃO DOCENTE: UM ESTUDO
NO INSTITUTO DE GEOGRAFIA, DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
(IGDEMA)
Kinsey Pinto
orcid.org/0009-0002-5528-3530
Universidade Federal de Alagoas
kinsey.pinto@igdema.ufal.br
INTRODUÇÃO
Por um longo período o ensino de Geografia era voltado principalmente para a descrição
e enumeração de fatores sociais e naturais. Essa concepção de ensino da Geografia ainda está
muito presente nas instituições de educação básica e superior, geralmente envolve um conteúdo
distanciado da realidade do aluno, que não lhe permite compreender e conhecer o espaço em
que vive nas suas múltiplas relações (GEBRAN, 2003).
[...] pensar a geografia como uma disciplina que ensina a memorizar informações
soltas é uma ideia equivocada. Por isso construir a ideia de espaço na sua dimensão
cultural, econômica, ambiental e social é um grande desafio da geografia, e da
geografia escolar. Mais, ainda, pensar que os fenômenos geográficos podem ser
analisados articuladamente e em diferentes escalas, o que significa analisá-los
conceitualmente, em função de diversas práticas e das representações sociais.
(CASTELLAR, 2019, p. 211)
Ensinar e aprender Geografia exige que se tenha uma compreensão do espaço vivido.
Para isso, é necessário ter acesso ao conhecimento científico, é preciso raciocínio e
entendimento espacial para de fato entender a ciência que estuda as relações do mundo. As
aulas de Geografia muitas vezes levam o aluno aos seguintes questionamentos: “Por que eu
estudo Geografia? Qual a importância que essa disciplina tem na minha vida?”.
Nesse contexto, a cartografia escolar é uma opção metodológica, o que implica utilizá-
la em todos os conteúdos da Geografia, quando identifica e conhece não apenas a
localização dos países, mas entende as relações entre países, os conflitos e a ocupação
do espaço, a partir da interpretação e leitura de códigos específicos da cartografia
(CASTELLAR, 2019, p. 45).
A atividade cartográfica já era conhecida na pré-história, antes da invenção da escrita,
quando o homem utilizava desenhos de várias formas e em diferentes lugares para marcar suas
histórias, ela foi fundamental para a evolução das técnicas. Assim, teve início símbolos gráficos
que contribuíram e ainda hoje contribuem para o conhecimento e a representação do espaço
geográfico, sendo uma importante ferramenta usada pelo homem para conhecer e organizar
suas ocupações (BAGGIO e CAMPOS, 2017).
Diante disso, é possível afirmar que os desafios são diversos e alguns deles nortearam a
presente pesquisa, este trabalho objetivou investigar como os discentes de Geografia
Licenciatura do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente (IGDema) da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL) estão sendo preparados para trabalhar com
Cartografia na profissão docente, bem como, apontar sugestões partindo da visão dos
graduandos.
METODOLOGIA
As etapas da pesquisa foram as seguintes: levantamento bibliográfico, elaboração das
perguntas, envio do questionário e análise das respostas dos estudantes de licenciatura do
IGDema (figura 01). Inicialmente foi feito um levantamento bibliográfico, com o intuito de
aprimorar a temática trabalhada. Segundo Pizzani et al. (2012, p. 56) “[...] a pesquisa
bibliográfica assume importância fundamental, impulsionando o aprendizado, o
amadurecimento, os avanços e as novas descobertas nas diferentes áreas do conhecimento”.
Figura 01: Diagrama metodológico
A primeira dificuldade da citação anterior foi uma das maiores na pesquisa, apenas uma
pessoa respondeu não ter dificuldade em aprender Cartografia na graduação, outro dado
intrigante é que 81,1 % dos graduandos responderam “não” quando perguntados se: “as
disciplinas de Cartografia cursadas no IGDema, lhe deram base teórica para ensinar na
educação básica futuramente?”
De acordo com as justificativas das respostas da pergunta acima (figura 03), os
graduandos defendem que não houve uma base cartográfica significativa na graduação, 36
licenciandos responderam não estarem satisfeitos com o conhecimento cartográfico construído
ao longo do curso de Geografia no IGDema. Quase todos os licenciandos apontaram aspectos
negativos em relação as aulas que envolvem Cartografia na graduação, com maior destaque
para: escassez de recursos didáticos atuais, aulas superficiais e falta de um direcionamento
específico para a licenciatura.
Figura 03: Respostas sobre o desenvolvimento do ensino cartográfico na graduação de Geografia do IGDema.
Resposta A cartografia no instituto se apresentou de forma bem deficitária. Existe escassez
1 de recursos tecnológicos, e outras ferramentas mais tradicionais da cartografia
também não foram utilizadas, dessa forma não houve aprofundamento do
conhecimento.
Resposta Disciplinas de tempo curto, pouca aula prática e aulas de caráter acadêmico e de
3 pesquisa, nada voltada para questões didáticas, especificando o cotidiano do
professor no Ensino Básico.
Resposta Acredito que faltou uma certa especificidade em relação a licenciatura, no quesito
5 de cartografia escolar.
Resposta Hoje (já na fase final do curso e lidando mais de perto com aulas presenciais e
10 remotas para as séries iniciais) percebi que que as disciplinas de cartografia na
universidade, no curso de licenciatura em específico, deveriam ser ministradas
de forma direcionadas, acompanhadas da didática e procedimentos
metodológicos para o ensino tanto nas séries de anos iniciais quando nos anos
finais da educação básica, para assim realizarmos assimilação de forma
direcionada a aplicabilidade da cartografia.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2023
Os estudos sobre o processo de aprendizagem das noções básicas em Cartografia com
os alunos da graduação trazem alguns questionamentos e desafios, como: “quais ações podem
mudar a realidade atual em relação ao ensino cartográfico que está sendo desenvolvido com os
alunos de graduação? Como tentar resolver as dificuldades?”. De acordo com Castellar (2017,
p. 228) “a resposta pode estar nas práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula.”
Em relação aos aspectos que podem ser melhorados no ensino de Cartografia na
graduação, os estudantes descreveram algumas sugestões, as mais recorrentes foram: mais aulas
práticas e didáticas, especificação da Cartografia para a licenciatura, conhecimentos práticos de
SIGs, novas metodologias nas aulas de cartografia, recursos didáticos tecnológicos, um
laboratório com materiais atuais e maior carga horária.
Prolongar a carga horária pode não ser a medida mais viável a ser tomada na situação
descrita pelos estudantes, visto que o aumento da carga horária por si só não garante a resolução
dos desafios citados pelos estudantes, é mais relevante para o desenvolvimento do aluno que o
docente tenha mais preocupação com a forma como se trabalha e não com a quantidade de carga
horária. Em relação as outras sugestões, elas podem ser adotadas e de fato contribuir numa
melhoria de aprendizagem.
A forma como trabalhamos e construímos o conhecimento com os alunos de nível
fundamental, médio e/ou superior é o cerne de uma educação mais democrática e comprometida
na luta contra a repetência e a exclusão social. O professor de Geografia, na construção do
conhecimento cartográfico, deve estabelecer tais conhecimentos de maneira a levar os sujeitos
a serem questionadores para que no movimento não linear, esses mesmos educadores passem a
ser inovadores (KAERCHER, 1996; CASTROGIOVANNI, 2020; SILVA, 2020).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho desenvolvido buscou analisar a importância da Cartografia nas aulas de
Geografia, bem como o seu papel na formação docente, analisando a situação de aprendizagem
e a compreensão que os estudantes de graduação do IGDema têm em relação à Cartografia.
Discutir este tema se faz pertinente, pois para se pensar como a Cartografia é e será trabalhada
nas salas de aula da educação básica, primeiro se faz necessário entender como o futuro
professor está sendo preparado em sua graduação.
Ora, se o professor não construiu conhecimento sobre Cartografia em sua graduação,
como este pode elaborar atividades e desenvolver o raciocínio geográfico de seus alunos da
educação básica? A insegurança criada pela carência na formação docente gera dificuldades ao
professor, com relação à possibilidade de ser questionado por seus alunos e não saber lidar com
suas dúvidas. Isto por sua vez pode gerar um desprovimento de aprendizado de Cartografia e
Geografia no ensino básico.
Reafirmamos a importância da Cartografia nas aulas de Geografia em todos os níveis
de ensino, seja ele fundamental, médio ou superior. E propomos a reflexão a respeito de como
a Cartografia será trabalhada nas salas de aula da educação básica. De que forma o professor
universitário está se auto avaliando em relação a sua metodologia desenvolvida nas aulas de
Geografia para futuros docentes? Como elaborar atividades para os alunos da educação básica
se o próprio docente está inseguro diante da possibilidade de ser questionado por eles e não
saber lidar com as dúvidas?
As respostas para essas perguntas não são simples e exige uma continuidade e
aprofundamento de novas pesquisas. Não há verdades absolutas e imutáveis, mas existe a
possibilidade de mudar uma parte da realidade do ensino cartográfico do IGDema a partir das
sugestões dos próprios estudantes do curso. Para isso, é relevante que os professores de
graduação, educação básica e futuros professores adotem uma postura mais construtivista e
trabalhem com novas formas de aprendizagem.
REFERÊNCIAS
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interpretações estatísticas I. Natal, RN : EDUFRN, 2008, p. 1-20.
CASTELLAR, S. M. V. (2017). Cartografia escolar e o pensamento espacial fortalecendo o
conhecimento geográfico. Revista Brasileira De Educação Em Geografia, Campinas, v. 7, n.
13, p. 207-232, jan./jun., 2017.
CASTELLAR, S. M. V. A psicologia genética e a aprendizagem no ensino de geografia. In:
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CASTELLAR, S. M. V.; DE PAULA, I. O papel do pensamento espacial na construção do
raciocínio geográfico. Revista Brasileira de Educação em Geografia, Campinas, v. 10, n. 19,
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CASTROGIOVANNI, A. C.; SILVA, P. R. F. A. A construção do conhecimento
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GEBRAN, R. A. A geografia no ensino fundamental-trajetória histórica e proposições
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA, DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE. Curso de
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA, DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE.
Licenciatura em geografia: projeto político-pedagógico. Maceió: Universidade Federal de
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA, DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE. Projeto
político-pedagógico do curso de licenciatura em geografia. Maceió: Universidade Federal
de Alagoas. 2011. 91 p.
LIMA, M. S. B; MOREIRA, E. V. A Pesquisa Qualitativa em Geografia. Caderno Prudentino
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KAERCHER, N. A. A geografia é o nosso dia-a-dia. Associação Brasileira de Geógrafos.
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ROCHA, F. M. S.; BERNADINO, V. M. P. A contribuição das novas tecnologias e suas
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SAMPAIO, A. C. F.; SAMPAIO, A. Á. M.; MENEZES, P. M. L. O ensino de cartografia no
curso de licenciatura em geografia: uma discussão para a formação do professor. Caminhos de
Geografia, Uberlândia v. 06, n. 16, p. 14–22, out. 2005.
FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: EXPERIÊNCIAS
COLABORATIVAS NA GEOGRAFIA ESCOLAR ATRAVÉS DA MEDIAÇÃO
DIDÁTICA
Eliane Souza da Silva
orcid.org/0000-0003-0468-0157
Escola Municipal Rosa Figueiredo de Lima
eliane.souza@academico.ufpb.br
INTRODUÇÃO
Diversas vezes saímos dos muros da escola para observarmos nas ruas da cidade de
Cabedelo os conteúdos da Geografia Escolar trabalhados em sala de aula. A partir dessas
experiências pude perceber como o potencial geográfico da cidade de Cabedelo e sua relação
com os conteúdos trabalhados na escola poderiam contribuir na aprendizagem e na vida
cotidiana dos alunos.
Nessa pesquisa, enfatizamos a mediação didática como o fenômeno que influencia nos
processos mentais dos alunos, dos professores e da pesquisadora. A ideia é que todos os
indivíduos envolvidos compartilhem o conhecimento e sejam agentes mediadores.
Dessa forma, a proposta em discussão se direciona para uma tese que se refere que a
medida que o professor tende a compreender e estudar melhor o lugar de vivência do aluno, ele
ressignifica sua prática e, consequentemente, o ensino pode apresentar concepções mais
próximas e mais significativas para os discentes. Sendo assim, a formação continuada de
professores possibilita aproximar os conteúdos da Geografia Escolar com a realidade do aluno.
Embora exista um consenso nas pesquisas e no processo de formação docente em
Geografia acerca da relevância do conceito de lugar, os docentes apresentam dificuldades em
problematizá-lo e contextualizá-lo com as experiências cotidianas dos seus alunos. Assim,
percebemos a necessidade da formação continuada que valorize o lugar de vivência do aluno e
que possibilite a contextualização dos conteúdos da Geografia Escolar com essa realidade.
Assim, temos como locais de pesquisa três escolas municipais da cidade de Cabedelo
que possuem o 6º ano do Ensino Fundamental. Destacamos que decidimos criar nomes fictícios
para as escolas envolvidas dando a cada unidade escolar o nome dos bairros em que se
encontram localizadas, sendo elas chamadas na pesquisa de: Escola Centro, Escola Monte
Castelo e Escola Renascer. A escolha dessas escolas obedeceu aos critérios, principalmente, de
localização geográfica, selecionando-se escolas de bairros distintos (centrais e de periferia), que
possuíam em seu entorno elementos marcantes da Geografia (naturais e culturais).
A seleção da turma do 6º ano se deu pelo fato dos conteúdos que são trabalhados nesse
ano, que de forma geral buscam preparar os alunos para se localizarem no mundo, compreender
o local onde vivem e as relações entre natureza e sociedade.
Dessa forma, foram realizadas observações das aulas dos professores selecionados que
atuavam nas turmas dos 6º anos do EF. Os sujeitos da pesquisa foram observados com o
objetivo de identificarmos como os conteúdos de Geografia eram abordados e se os professores
faziam relação do currículo escolar com a realidade do lugar. Também buscamos compreender
sua forma de pensar a própria prática, na expectativa de interpretar suas ações no ambiente
escolar, como resultado de uma realidade vivida e partilhada com seus pares.
Assim, para cada local de pesquisa, pensamos nos elementos da Geografia que estavam
presentes no bairro em que as escolas estavam inseridas. Dessa forma, planejamos cada ação
didática colaborativa.
Figura 02: Ações didáticas colaborativas desenvolvidas nas três escolas da pesquisa.
Assim, acreditamos que cada ação contribuiu para essa formação, levando os
professores a conhecer um pouco mais do lugar de vivência de seus alunos e assim mediar o
ensino a partir de uma aprendizagem significativa e contextualizada. Dessa forma, percebemos
que os professores colaboradores passaram a fazer, com mais frequência, relação com o lugar
por meio das experiências vivenciadas durante o desenvolvimento da pesquisa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados obtidos por meio dos instrumentos utilizados nesta pesquisa,
verificamos que atingimos os objetivos propostos e conseguimos contribuir com a formação
continuada dos professores de Geografia, sujeitos colaboradores da investigação, utilizando-se
do conceito de lugar na mediação do ensino-aprendizagem.
O resultado das entrevistas também foi significativo, pois por meio da reflexão e das
palavras dos professores colaboradores verificamos que a nossa parceria trouxe resultados
positivos para todos os envolvidos.
Ressaltamos, ainda, que o ato de fazer pesquisa na escola é um grande desafio, pois
encontramos professores saturados de participarem de pesquisas que fazem o diagnóstico da
realidade, “apontam os erros” e, quando muito, dizem o que precisa mudar, deixando os
professores com instruções a serem seguidas, sem a devida capacitação para fazê-lo. Isso tem
fechado as portas de várias escolas. Todavia, percebemos que a pesquisa colaborativa tem se
configurado como significativa para esse contexto, por apresentar relevância na busca de
mudanças da realidade dos professores. No entanto, os desafios enfrentados ainda são grandes.
Ademais, este trabalho traz uma contribuição significativa para a linha de pesquisa -
Educação Geográfica do PPGG/UFPB e seus pesquisadores e para o Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação Geográfica, colaborando para novas discussões neste campo de
pesquisa.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Para refletir sobre a formação de professores de Geografia, o presente ensaio utiliza-se
de alguns contextos e consensos definitivos. Sua exemplificação compreenderá delineamentos
descritivos e sequências procedimentais.
Tendo isto em vista, pretendemos contribuir para o campo de estudos “formação docente
em Geografia”, inserindo-o, desta maneira, no projeto Educação Geográfica do Agir
Comunicativo, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Espaço, Ensino e Geografia da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
Para tal finalidade, o objetivo da presente reflexão é definir, a partir do pensamento de
Jürgen Habermas, como os mundos formais – mundos objetivo, social/intersubjetivo e subjetivo
e mundo simbólico –, podem estruturar a aprendizagem na formação docente em Geografia.
METODOLOGIA
A seleção dos achados decorreu em dois critérios: publicação dos trabalhos no período
2001-2022, além da ênfase sobre formação docente e mundo nos resumos e palavras-chave dos
achados. Partindo disto, procedemos com a leitura integral dos textos e de seus componentes
acerca do objeto deste artigo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O mundo social seria o conjunto de normas e regras nas quais os indivíduos coabitam
racionalmente. Ele é estabelecido por ações linguísticas de caráter regulatório, alusivo às
especificidades dos grupos e instituições sociais. Sua subsistência depende da contínua correção
ou reconhecimento intersubjetivo das regras de comportamento social. Ou seja, expressado,
pelas palavras de Habermas (2012, p.172): “nesse caso, os envolvidos podem esperar uns dos
outros que cada um deles, em situações correspondentes, oriente seu agir segundo valores
preceituados de maneira normativa para todos os atingidos”.
Consoante a eles, forma-se o mundo da vida como o horizonte e lugar geográfico que
as pessoas compartilham intersubjetivamente na condição de falantes e ouvinte (HABERMAS,
2012). Lá, os participantes dos processos de comunicação conduzem diálogos acerca de
conflitos de ordem moral e linguística, interpretações cooperativas sobre os mundos públicos e
particulares, certezas imediatas e incontestáveis para, a posteriori, materializar interações
igualitárias entre proponentes e destinatários das argumentações e discursos.
Tendo isto em vista, ele tem como componentes estruturais a cultura - saberes e
conhecimentos culturalmente válidos que, em sua unidade, transformam-se em conjunto de
interpretações e observações objetivas e subjetivas sobre algo, alguém ou um fenômeno no
mundo. Isso é decorrente de processos dialógicos de entendimento, consenso ou situações de
fala de natureza comum e normativa. Sociedade – responderia as normas, ordens e regras do
viver igualitário entre grupos de pertencimento identitário e interesse político, ético e cultural.
Neste componente, a solidariedade prisma pela cooperação e interatividade apreciada pelo que
é esperado, corrigido ou reforçado através dos agentes das normas sociais. Personalidade –
mobilização de práticas, competências e habilidades que o sujeito, qualificado para se
comunicar e agir mediante o que fala, tem para afirmar sua identidade. Nele, as ações de fala
são utilizadas para configurar perspectivas de autenticidade ou identificação pessoal e
interpessoal do próprio indivíduo.
Desta forma, verifica-se em Carneiro (2022) que o mundo da vida responde ao espaço
geográfico. O mundo objetivo seria a passagem. O mundo social é o espaço público-
comunicativo, enquanto que o mundo subjetivo apresenta o lugar como meio geográfico de
origem e manutenção.
Para cada referente, exige-se uma tarefa formativa, seja ela para constituir, criar, acessar
ou socializar práticas, saberes e normas relativas ao ensino-aprendizagem geográfico enquanto
ciência escolar. Deste modo, o propósito a seguir é organizar reflexões acerca desta concepção
para a formação dos professores de Geografia.
Nos debates do autor, compreendemos que a cultura expressa uma unidade de sinais e
significados próprios ao espaço na sua configuração como passagem, com duração, limites e
ações mediadas por objetos e ações linguísticas. A sociedade implica a espacialização pública
e comunicativa dos direitos ao uso político e deliberativo do território, isto é, a utilização dos
espaços de socialidade através de ordens reguladas pelo consenso orientando a liberdade e
reciprocidade entre pessoas. Na personalidade, infere-se como os indivíduos expressam, no
espaço, sua identidade pessoal e autêntica a partir de outras identificações normativas ou
instituídas pelos âmbitos privados e públicos. Em outras palavras, a construção do que Carneiro
(2020) denomina de eu-espacial.
Como regras de ação para a oferta de fala, cada pressuposto elencado por Gonçalves
atinge um objeto e objetivo de aprendizagem geográfica. Assim sendo, os referentes de mundo,
ao problematizarem as aprendizagens geográficas para a formação docente, constituem-se
como variações espaciais da pessoa a que se refere e da rede de simetrias e assimetrias que
configuram a relação professor-aprendiz docente-ciência geográfica.
Na presente proposta, formar pessoas para ensinar Geografia exige propostas que
contemplem referenciais claros sobre o que seria uma formação geográfica plena, quais
conteúdos cognitivos e éticos devem ser difundidos e, em específico, distinguir e complementar
dialeticamente os mundos formais e simbólicos que podem provir do ato de aprender a ser
docente.
Na sociedade, a socialização normativa e expressiva deve ser promovida pelo viés das
normas, como por processos de evolução da convivência interna/externa e reflexiva dos
docentes e discentes. Na personalidade, decorrem aprendizagens para a atualização de práticas
e competências inerentes ao raciocínio geográfico e deliberativo da pessoa. Isto é, a expansão
linguística e intersubjetiva de consciências espaciais, emancipações em relação às razões
instrumentais e técnicas do ensino geográfico, ou, por outro ângulo, alcances efetivos e
imediatos aos objetos e objetivos da aprendizagem docente
Para tanto, a aposta final é uma pergunta e possível resposta: como formar professores
de Geografia que sejam competentes comunicativamente e intersubjetivamente? Para formar
docentes com esta referida finalidade, deve-se considerar fatores que sejam provenientes tanto
da leitura pragmática dos mundos formais, quanto da constituição racional e corporificada do
mundo da vida partilhado pelos docentes-formadores e docentes-aprendizes.
Por fim, a presente reflexão propõe que a construção de outros caminhos para a
investigação no campo “formação de professores de Geografia”, seja idealizado a partir da
filosofia da linguagem de Jürgen Habermas e seus pressupostos racionais e pragmáticos a
respeito da construção moderna e libertária da sociedade humana.
REFERÊNCIAS
ARAGÃO, Lúcia Maria de Carvalho. Razão comunicativa e teoria social crítica em Jürgen
Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
_________. Teoria do agir comunicativo vol 02: sobre a crítica da razão instrumental.
Tradução de Flávio Beno Siebeneichler. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012b.
LIMA, Joyce de Sena; CARNEIRO, Rosalvo Nobre. Colonialismo do saber e suas implicações
para a aplicação da lei nº 10.639/2003 nas escolas públicas. Contexto & Educação, n.108,
p.42-56, 2019.
OLIVEIRA, Adil Antônio Alves de. A competência comunicativa como um telos para o agir
pedagógico. 2003. 90f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.
PINENT, Carlos Eduardo da Cunha. Sobre os mundos de Habermas e sua ação comunicativa.
Revista da ADPPUCRS, n. 05, p.49-56, 2004.
SIECZKOWSKI, João Batista Cichero. O pluralismo da tese dos três mundos de Popper e a
crítica de Habermas. Princípios, v.13, n. 19-20, p. 31-55, 2006.
‘ACERTE O ALVO!’: ENSINANDO COORDENADAS GEOGRÁFICAS PELO
JOGO BATALHA NAVAL
INTRODUÇÃO
Este desafio posto leva diversos docentes a reverem as suas práticas de ensino,
especialmente pela centralidade que se impunha de trabalhar fatos e informações distantes da
realidade vivida dos alunos. Nesse ponto se faz necessário para a formação cidadã que os
conceitos científicos sejam formados a partir de trabalhar os conteúdos e temáticas se baseando
pela realidade vivida pelos sujeitos (CAVALCANTI, 2013). No entanto, ainda é um desafio
alcançar a curiosidade e interesse para os alunos conseguirem serem atraídos para a
compreensão e importância de pensar cientificamente esse tema. Ciência parece algo abstrato
e sem ligação prática com a vida cotidiana. Não é importante se não muda nossas estruturas
sociais.
Isso piora com temas que alunos tenham traumas, como é o caso da Cartografia. Nos
é colocado pelo currículo prescrito a necessidade no Ensino Médio de saber coordenadas
geográficas, mas qual a relevância de aprender isso? Essa informação contribuirá em algo da
nossa vida ou só usará para memorizar no uso de uma prova, sem ligação com a realidade?
(SEEMANN, 2013). Coordenadas e mapas não são temas superficiais para somente saber fazer
contas, memorizar fatos distantes da nossa vida, tratar unicamente da localização e muito menos
ilustrar o livro didático ou as salas de aula. Mapas são linguagens que comunicam a geografia
do fenômeno, contribuindo para realizar não apenas descrições, mas análises e sínteses das
significações sociais, políticas e econômicas no espaço (FONSECA, 2004).
Por esse sentido, as situações reais devem ser estimuladas para constituir o raciocínio
geográfico. Esse raciocínio pode partir de simulações feitas com o uso de práticas educativas
lúdicas e recreativas, como o uso de jogos. A utilização do jogo como um instrumento
facilitador na aprendizagem é um desses recursos, tendo em vista que, os jogos são capazes de
desenvolver a criatividade, a capacidade de manejar situações, além de desenvolver habilidades
para resolução de diferentes tipos de problemas, como nos afirma Lara (2005).
Assim, ao mediar aulas a partir da ludicidade dos jogos, percebemos o quão são
eficazes são ao promover a participação ativa dos estudantes no processo de aprendizagem,
valorizando sua participação, desenvolvimento da autoconfiança, o questionamento e a
comparação de pontos de vista. (SILVA, KODAMA, 2004). Cabe aqui salientar que, as
atividades com jogos devem ser previamente planejadas e com objetivos bem definidos,
levando em consideração diversos aspectos, tais como: análise do ambiente, quantidade de
alunos, entre outros pertinentes ao cotidiano escolar (PASSINI, 2010).
Dito isto, o presente trabalho tem como intuito trazer os resultados parciais do módulo
II do subprojeto de Geografia da Residência Pedagógica da Universidade Regional do Cariri,
que teve como foco o ensino de Cartografia nas aulas de Geografia no 1º ano do Ensino Médio.
Em particular, aqui se salientou o uso pedagógico do jogo Batalha Naval como ferramenta
metodológica para facilitar o processo de ensino e aprendizagem do conteúdo cartográfico
referente às coordenadas geográficas para estudantes da Escola de Ensino Médio em Tempo
Integral Dona Maria Amélia Bezerra, situada no município de Juazeiro do Norte - CE.
METODOLOGIA
Essa atividade foi dividida em três etapas, inicialmente, foi feito um diagnóstico do
que a turma entendia sobre o conteúdo referente aos conceitos cartográficos, onde, em um
primeiro momento, a partir de um diálogo do qual os alunos lançavam suas indagações,
percebemos os pontos que necessitavam ser trabalhados com um maior aprofundamento a partir
de uma aula expositiva e análise do conteúdo do livro didático.
A primeira etapa se deu a partir de uma aula expositiva, para que os alunos
conseguissem compreender conceitos básicos como a definição de Latitude e Longitude, a
definição e a diferença entre Trópicos e Meridianos, enfatizando a importância de tais
elementos para a compreensão dos fenômenos físicos, naturais e antropológicos nas dinâmicas
que regem as interações humano-natureza e humano-humano.
Em um segundo momento, foi apresentado o jogo batalha naval, como funciona, quais
são as regras e como ele foi adaptado e modificado para se trabalhar coordenadas geográficas.
Nesse momento, dividimos a turma em 4 grupos de 5 alunos (Figura 1) e explicamos para as
equipes como seria aplicada a dinâmica e qual seria seu objetivo. Partindo desta uma breve
explicação, seguimos com as orientações sobre a disposição das embarcações no tabuleiro
(Figura 2) e as regras gerais que teriam que ser seguidas ao decorrer da atividade, como veremos
a seguir.
Figura 01: Divisão das Equipes. Figura 02: Preenchimento dos Tabuleiros.
Fonte: O autor.
Fonte: autor
Fonte 4: Mapa dos hemisférios
Fonte: Google.imagens
REGRAS DO JOGO:
1º. Cada equipe distribui suas armas pelo tabuleiro. Isso é feito marcando-se no seu mapa os
quadradinhos referentes às suas armas.
2º. Não é permitido que 2 armas se toquem.
3º. A equipe não deve revelar ao oponente as localizações de suas embarcações.
4º. Os equipamentos navais devem ser posicionados nos oceanos. Nos continentes e onde
terra e mar se limitam, não podem ser colocados equipamentos navais.
5º. Para controle, a coordenada deve ser marcada no mapa tanto pela equipe que lança os
ataques, quanto pela equipe adversaria.
6º. Após cada tiro, o oponente deverá avisar se houver alguma embarcação atingida, e, nesse
caso, qual embarcação foi atingida. Se ela for afundada, esse fato também deverá ser informado.
7º. Uma embarcação é afundada quando todos os quadrados que formam essa embarcação
forem atingidos.
8º. Após 3 tiros e as respostas do opoente, a vez passa para a outra equipe.
Pensando no desenvolvimento cognitivo dos alunos assim como, pensando em instigar
suas habilidades de raciocínio logico, associação e assimilação, colocando em prática o uso das
coordenadas geográficas, dividimos o mapa mundi em dois tabuleiros (Figuras 5 e 6) onde cada
um correspondia a um hemisfério (Ocidental e Oriental) e simulamos uma guerra naval entre
Ocidente e Oriente. Para isso, cada Tropico e Meridiano foi transformado em colunas orientais
e verticais, fazendo com que a interseção entre uma coluna e outra preenchesse um único
quadrado, correspondendo à uma única coordenada.
Figura 5: Hemisfério Ocidental Figura 6: Hemisfério oriental
Fonte: google.imagens
Após a separação das equipes, iniciamos a atividade com uma pequena competição
entre Equipes do Oriente contra Equipes do Ocidente, que se deu simultaneamente entre as
quatro equipes. Munidos das regras, as equipes também contavam com um arbitro (Residente)
que monitorava a disputa entre cada dupla de equipes, tirando dúvidas e auxiliando caso
houvesse qualquer infração por parte de alguma equipe (Figura 9).
Fonte: O autor
Com o auxílio dessa atividade foi possível fazer com que os alunos compreendessem
de forma mais pratica todos os conteúdos trabalhados anteriormente, contribuindo para que os
alunos assimilassem totalmente o assunto e suas funcionalidades. A partir do desenvolvimento
dessa atividade foi possível trabalhar diversos conceitos da geografia como coloca Rupel:
Dessa forma, além de seu papel prático dentro do conteúdo proposto, ela também
ajudou a fixar outros assuntos vistos em outros momentos. Ao término da atividade percebemos
a aceitação dos alunos em relação à proposta do trabalho, além de um entendimento
significativo sobre os conceitos trabalhados que foi verificado por meio de perguntas feitas à
classe.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ato de ensinar geografia demanda estudo e compreensão de que estamos formando
cidadãos que precisam compreender o mundo e, as relações que o cercam a fim de entender
todo o processo social em que está inserido. Para que sejam críticos e desenvolvam seu papel
de argente transformador no contexto social em que estão inseridos.
Dito isso, o uso de atividades práticas e lúdicas ajuda no desenvolvimento do processo
de ensino e aprendizagem, facilitando o aluno no processo de apreensão de determinados
conteúdos, e o professor como educador precisa recorrer a metodologias alternativas que
possam suprir as dificuldades na aprendizagem que por vezes é observada a penas pela ótica do
ensino tradicional. Nesse sentido o uso de jogos didáticos, ou jogos adaptados para ensinar
determinados conteúdos, auxiliam no processo de ensino aprendizagem e de certa forma
aproxima aí dá mais o professor do aluno. Sendo assim, esse trabalho buscou aplicar uma
metodologia utilizando o jogo batalha naval como base para compreensão de coordenadas
geográficas.
REFERÊNCIAS
SILVA, Aparecida Francisco da; KODAMA, Helia Matiko Yano. Jogos no Ensino da
Matemática. In: II Bienal da Sociedade Brasileira de Matemática, 2004, Salvador. Jogos no
Ensino da Matemática, 2004. v. unico.
FATORES DESESTIMULADORES PARA CONTINUAÇÃO NO PROGRAMA
DO RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA A PARTIR DA PERCEPÇÃO DE
RESIDENTES
INTRODUÇÃO
Dessa maneira, entende-se que o PRP é uma das principais formas que os licenciandos
possuem de atrelar os conhecimentos teóricos com os práticos, visto que é insuficiente para um
professor ter o conhecimento dos conteúdos, das teorias, técnicas e metodologias (Andrade,
2005), pois estes representam apenas uma parte da complexidade que é o processo de ensino e
aprendizagem.
Além do mais, essa articulação é imprescindível para que os futuros docentes possam
ter uma formação mais completa e de maior qualidade, com subsídios suficientes para a criação
da identidade profissional, a partir da inserção no cotidiano das escolas, dos alunos, dos
professores que já estão atuando, da parte administrativa da instituição escolar e, sobretudo, a
sala de aula. Nesse ínterim, Barreiro e Gebran (2006, p. 22) afirmam acerca da articulação entre
a teoria e prática como sendo relacionada a um processo inerente à “qualidade da formação
inicial e continuada do professor, como sujeito autônomo na construção de sua
profissionalização docente, porque lhe permite uma permanente investigação e a busca de
respostas aos fenômenos e às contradições vivenciadas”.
Assim, objetiva-se através da pesquisa resultante neste trabalho entender como esse
Programa está sendo concebido, na prática, pelos próprios Residentes, já que do ponto de vista
das literaturas e, das análises documentais, muito se reverbera positivamente, mas será que não
existem diversas problemáticas na execução prática deste Programa? Quais os pontos de vista
acerca das experiências vividas pelos Residentes? Quais são os fatores desestimulantes para
continuar no PRP? Quais são as visões dos Residentes em relação ao Programa e a sua formação
e atuação futura? Essas perguntas são indispensáveis para melhor execução dessa política de
formação acadêmica docente.
Em vista disso, essas perguntas sulearão toda a nossa reflexão, dando voz aos Residentes
que desempenham um importante papel nas escolas em que desenvolvem suas atividades de
ensino, pesquisa e extensão, em que quase sempre, acabam sendo pesquisadores da(s)
realidade(s), mas não pesquisados no contexto de sua prática pedagógica.
Em virtude disso, parte-se da hipótese de que as pesquisas não focalizam nesses sujeitos,
em outras palavras, não se discute a realidade dos Residentes, sendo essa coleta impreterível
para que melhorias possam vir a ocorrer nesse âmbito, além da possibilidade de exprimir as
suas angústias, frustações, (des)motivações, realizações, inquietações e etc., podendo ser
finalmente, divulgadas para toda a comunidade acadêmica e escolar, possibilitando a
publicação desses fatos.
Diante de todo o exposto, considera-se que a pesquisa é bastante oportuna por tratar de
um assunto pouco estudado e debatido, mas de grande importância como este. Será de muita
valia as informações coletadas para melhorias no andamento do Programa (PRP), fornecendo
subsídios para reflexões acerca das problemáticas, além de contribuir para que novas pesquisas
possam vir a serem realizadas nessa esfera.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos e divulgados neste trabalho são frutos da pesquisa feita com os
Residentes. As respostas e discussões aqui apresentadas para melhor elucidar o tema, se
dividem em três eixos: o primeiro, o Programa Residência Pedagógica e a formação acadêmica
docente; o segundo, os significados da Residência Pedagógica na formação em licenciatura; e,
o terceiro, os fatores desestimuladores de permanência no PRP.
No caso do PRP, participam apenas àqueles discentes que já estejam com mais de 50%
do curso integralizado, significando assim, que esse público muito provavelmente, a depender
das caraterísticas de cada Projeto Pedagógico de Curso (PPC), já esteja na fase do Estágio
Docente. Isso quer dizer que, consequentemente, será possível atrelar os dois momentos, além
de haver um incremento de renda para os estudantes, significando muitas vezes, a garantia de
permanência do estudante na Universidade.
Mas para além da parte econômica, que é muito importante, a participação no Programa
representa também uma oportunidade única de extensão e ensino, possibilitando a execução de
pesquisas, inserção nas escolas e desenvolvimento de diversos projetos, seja na escola ou, na
universidade, perpassando uma grande dificuldade histórica que a Universidade brasileira
possui no tocante à pesquisa, visto que:
[...] deparamo-nos com um estilo considerado por Demo (2004) como precário e
insatisfatório, com uma visão fragmentada de ensino e pesquisa expressa na estrutura
das propostas curriculares, nos pressupostos teórico-metodológicos, o que parece
revelar a lacuna entre teoria e prática que está entre um dos maiores problemas e
desafios da formação profissional (Freiberger e Berbel, 2012, p. 5).
A partir desses trechos, percebe-se o quão importante está sendo essa experiência para
diferentes sujeitos, com diversas peculiaridades, em distintas experiências de licenciaturas na
UFCG, mas existem alguns pontos em comum nas respostas, principalmente sobre a exaltação
de conhecer a realidade em que esses futuros profissionais estarão inseridos, sendo esse
momento, basilar para eles.
Portanto, a partir da análise da Figura 03, há uma comprovação do que foi discutido
anteriormente sobre a importância da existência de uma Bolsa de estudos para fomentar a
formação dos estudantes, assim é possível a permanência deles no curso e, no desenvolvimento
da prática pedagógica, visto que essa alternativa se destacou no meio das demais opções
contidas no questionário.
Figura 04: você considera que alguma vez o PRP dificultou sua vida acadêmica?
Além disso, visto que o PRP representa um momento decisivo, foi questionado sobre a
desmotivação para continuar ou ingressar futuramente na docência. Mais de 68% (54)
afirmaram que não houve interferência e que continuam motivados, 17% (14) disseram que
sim, houve interferência negativa e, que se sentem desmotivados e, tinha ainda uma terceira
opção para marcação, esse terceiro grupo afirmou que não possui certeza sobre esse assunto,
representando cerca de 13% (11). Algumas justificativas para essa desmotivação foram as
seguintes:
- A sala de aula, alunado tem mudado constantemente, refletindo nossa sociedade
atual. Desmotivador e cansativo, estimular o aluno dia a dia, sem contrapartida deles.
- Os problemas de infraestrutura com os quais eu me deparei durante a minha
experiência me desmotivaram. Além disso, também temos um problema com o
nivelamento da turma em geral, visto a base fraca que eles tiveram durante o período
da pandemia.
- Em muitas situações práticas pude perceber o quão difícil e desafiador é a carreira
docente, o que acaba, de certa forma, causando um desânimo.
Esses discursos nos ajudam entender que há alguns fatores que cooperam para o
desestímulo na docência, contribuindo para que discussões sejam feitas e soluções sejam
propostas, dentre os motivadores que foram elencados, destacam-se o desinteresse dos alunos
pelos conteúdos, as infraestruturas das escolas, defasagem de conteúdo (reflexo do período
pandêmico), além do próprio ‘choque’ de realidade ao estabelecer contato com a sala de aula.
É necessário salientar que apesar dessas dificuldades que foram descritas, mais de 97% (77
respostas) dos pesquisados consideram a experiência maravilhosa, ótima ou regular.
• O programa tem muitas falhas, a começar pelo próprio edital que deixa diversos pontos em aberto, levando a diferentes
interpretações equivocadas. Deveria ficar claro pelo programa a quantidade de horas de cada atividade que deve ser
cumprida pelo bolsista/voluntário, como regências, observações, planejamentos e etc. Não ter uma carga horária
universal para todos, faz com que uns sempre tenham sobrecarga de trabalho comparado a outros.
• A produção de trabalhos de pesquisa têm se mostrado a mais desafiadora por conta do tempo que estes demandam.
• Triste por não conseguir focar 100% no PRP, mas com a certeza de que a sala de aula é o que quero pra minha vida e
isso faz com que eu me motive a não desistir.
• O PRP ajuda bastante na nossa formação enquanto professores pesquisadores, porém existe uma sobrecarga que afeta
muito o desenvolvimento das atividades tanto no próprio programa como na graduação, sendo assim, faz-se necessário
revisar a carga horária exigida e as atividades propostas pelo(a) supervisor(a).
• Que sejam ofertadas cada vez mais vagas, para que possa atingir um número maior de discentes. É uma oportunidade
ímpar de participar do programa.
• Gostaria que o governo do Estado agilizasse na reconstrução da escola Dom Moisés Coelho, pois muitos alunos e alunas
estão sendo prejudicados pela falta do ensino presencial, tendo que revezar as salas de aulas semanalmente…
• No momento o que me angústia é a responsabilidade, embora eu me esforce para realizar boas aulas e atender outras
demandas do Programa, termino me cobrando sempre mais, o que de certo modo não é saudável.
• Anseio pelo resultado final da experiência no programa e dá uma angústia ao ver o mercado de trabalho e a falta de
ensino da minha área nas escolas
• O PRP vem me ajudando muito ter uma experiência boa dentro da sala de aula, saber lidar com as inúmeras situações.
Creio que este programa é muito significativo para a formação docente.
• Acredito que o programa poderia melhorar no quesito das formações. A meu ver as formações deveriam tratar de
assuntos presenciados na realidade escolar
• Ansiedade, medo, a falta de apoio em relação a determinados assuntos na qual você não tem facilidade. Falta de preparo,
insegurança…
• Tenho problemas pessoais, isso às vezes atrapalha demais na minha vida acadêmica. Porém, acredito que juntamente
com a equipe que está trabalhando estamos fazendo um excelente trabalho.
• Apenas anseio que o programa seja visto e analisado como uma contribuição para a formação docente, nele obtemos
bem mais experiências e conhecimentos, que no estágio, por ter uma carga horária menor e mais restrições. Deve haver
uma atenção para esse maravilhoso programa, aumentar a vagas para que outros tenham a oportunidade, e trabalhar para
que não seja esquecido na disciplina, sempre estimular os discentes a realização do PRP.
• Disciplina e respeito
• Falta de suporte pela instituição superior, transporte adequado, e material para desenvolver atividades.
• O Programa Residência Pedagógica, no meu ponto de vista, é importante e contribui positivamente para a formação
docente. Desse modo, acredito que deve ser revisto a questão da carga horária e imposição de atividades que devemos
participar. Muitos alunos, possuem atividades externas, projetos, trabalho e a demanda de cobranças acaba de certo
modo, interferindo no desenvolvimento de tais atividades. Acredito que seja importante o aluno ter a oportunidade de
participar de outras atividades que não remetem apenas à residência.
• Penso e espero que o programa siga atuando e dando oportunidade aos licenciandos inexperientes para que possamos
construir uma educação mais sólida.
• O PRP é um programa incrível, uma experiência única para os licenciados. No entanto devemos atentar a nossas
condições psicológicas em momentos de muita sobrecarga da vida acadêmica, afinal a saúde mental deve vir acima de
tudo.
• As escolas têm poucas estruturas para as artes, como uma sala adequada, instrumentos e recursos como data shows etc.
• Acredito que a oportunidade de participarmos da residência mais perto de onde moramos nos proporciona uma
experiência mais proveitosa!
• No meu caso é só a questão de locomoção de ir e vir da escola que fica numa região considerada perigosa e sendo que
atuo no EJA no turno da noite
• Acredito que a universidade deva abraçar o programa de residência pedagógica, estou há quase um mês tentando um
transporte para levar os alunos da escola que participo à uma atividade dentro da universidade, junto com um aulão
organizado pelos próprios residentes e até agora o setor de transporte não liberou. Uma completa irresponsabilidade.
Talvez o fator que mais desmotiva
• O que mais tem me entristecido ao longo da experiência no Programa é observar o descaso com o qual a própria
Educação e o ensino são tratados no nosso país. Imagino que a falta de motivação dos estudantes seja um reflexo da
defasagem geral à qual estão submetidos, não julgo como se fosse só falta de desejo da parte deles.
• Penso que o Programa deveria oferecer mais vagas para que, mais estudantes de cursos de licenciatura possam ter acesso
ao mesmo.
• A escola é um espaço de todos, porém cada vez mais buscam tomar para si a escola, com isso professores e gestores
enxergam no residente estagiário um intruso dentro da instituição, o ambiente nem sempre é acolhedor e isso causa
muito desânimo no dia a dia. Além disso, se dedicar a estar na escola vários dias da semana além de várias reuniões
acaba por tornar exaustivo a conciliação com as demais atividades da graduação que são tão importantes quanto o
programa. É necessário sabedoria para administrar essas adversidades e buscar tirar o melhor de um programa que tem
muitas qualidades.
• Meu medo é perder a bolsa e junto ter perdido essa experiência incrível. Sei que não posso deixar passar, é o meu futuro.
• Meu anseio é que depois da residência pedagógica e também ter concluído o curso não haver oportunidades de trabalho
dignas, como concursos públicos, e ter que mudar de profissão por falta de um mercado de trabalho com remuneração
justa.
• Considero a realidade escolar na atualidade, a mais difícil que já vivemos. Um grande retrocesso na educação no Brasil
que com passos mais curtos chegou aos dias atuais. É desmotivar construir uma aula, e os alunos simplesmente não
estão "nem aí". Parece não haver consequências ou disciplina (advindas de casa). Contudo, não penso em desistir da
profissão de professor.
• No caso da PRP de música e a diminuição da carga horária para aula de artes que para nós é a única forma que
encontramos para prática da música nas escolas que eu alguém muito importante para todos os seres humanos.
• Fico muito feliz por todo apoio recebido dentro do PRP. Sem o meu orientador Dr. João Walter e minha preceptora
Livia Lopes e também junto da escola a qual eu desempenho o meu estágio eu não conseguiria. Só tenho gratidão a
todos.
• Acredito que a questão da empatia em pensar no outro é algo ainda que precisa ser melhorado. Principalmente quando
se pensa em residentes que estão atuando pela primeira vez nas escolas e que estão em um processo de adaptação de
uma realidade diferente do que está posto nas teorias. Um bom acolhimento é necessário.
• O programa em si ajuda bastante na nossa formação enquanto professor, mas a realidade encontrada na escola dificulta
nossa motivação, pois são alunos em 8 ano sem saber interpretar textos e questões, alunos do 6 e 7 ano sem saber ler e
quando chegam no final do ano passam de ano letivo. Então, esses fatores vão desestimulando, na medida em que
observamos que a educação é falha.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das reflexões tecidas, com base nos referenciais teóricos analisados,
documentos norteadores do Residência Pedagógica e, da pesquisa de campo é inquestionável a
importância que o PRP possui para a formação dos Residentes. Apesar de todas as dificuldades
que possam vir a surgir no decorrer da execução do Programa, os próprios participantes
reconhecem que é indispensável a existência dessa política de fomento à formação docente.
Os fatos que são geradores de desestímulo acabam sendo sucumbidos, mas não
invisíveis, pelos pontos positivos presentes no PRP. Existem dificuldades, porém, é parte do
processo de crescimento e amadurecimento profissional, mas que não podem deixar de serem
falados e divulgados para que haja melhorias e avanços, para formação de professores, melhor
qualificação e ciência dos desafios que enfrentarão na docência.
Igualmente, é necessário lutarmos por melhorias dentro das escolas, aumento do número
de bolsas, de processos formativos contínuos, pois conforme Freire (1992, p. 110) “É preciso
ter esperança, mas esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do
verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera”.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
A promoção da educação se constitui como o marco responsável pela formação
humana. É pela educação que nos tornamos humano e, por ela somos continuamente formados,
com vistas à pretensão de nos tornarmos cidadãos plenos, capazes de luta permanente contra do
Estado, no sentido de exigir o cumprimento e, o reconhecimento dos direitos humanos a todos
os sujeitos, em condições de igualdade, em seu mais profundo reconhecimento das diferenças
(SANTOS: 1996).
Na atualidade, constitui-se um desafio à formação humana e cidadã, especialmente se
considerarmos a educação escolar, tendo em vista que a escola possui forma, processos e função
próprios, mas, em torno dele há uma estrutura que pode modificar a forma de realizar os
processos educativos, sobretudo se consideramos os liames do neoliberalismo, a atuação dos
organismos multilaterais como o Banco Mundial (BM), Organização Internacional do
Comércio (OIC), Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização das Nações Unidas
(ONU), a Organização das Nações Unidas para educação, ciência e cultura (Unesco), dentre
outros (SAVIANI: 2008; SGUISSARDI: 2000; ANDREOLI: 2002). Além disso, as grandes
transformações ocorridas na década de 1990, como as influências desses organismos
multilaterais na educação brasileira, no período 2003-2010. Destacamos como autores, Saviani
(2008), Libâneo (2012); Sguissardi (2000); Ferreira (2009); Andreoli (2002).
Embora haja uma estrutura que influencia diretamente nos processos, a escola, que tem
sua própria autonomia, está também, subordinada aos ditames externos desses organismos
multilaterais e, das decisões numa escala maior que influenciam diretamente nos processos e,
nos resultados do trabalho pedagógico e organizacional escolar.
Dentre as transformações na educação podemos afirmar inferências nas políticas e
programas de formação de professores, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o Novo
Ensino Médio (NEM) e, a Base Nacional Comum (BNC) da Formação de Professores, estes
que vem causando muitas discussões nos espaços de debate e que demonstram resistências das
escolas, universidades, instituições e entidades representativas desses espaços.
Dentre os Programas na formação de professores destacamos neste artigo o objetivo
de apresentar o Programa Residência Pedagógica (RP), Subprojeto Geografia, da Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG), campus Campina Grande, Paraíba (PB) e sua ação no
âmbito de duas Escolas Estaduais Cidadãs Integrais, da cidade de Campina Grande – PB. A
intenção do RP se dá no sentido de promover no ensino de Geografia, a iniciação à docência,
valorizando a aproximação entre a escola e universidade, bem como ressignificar o ensino de
Geografia e a educação geográfica, a partir da valorização da identidade, dos direitos humanos
e, do local dos sujeitos.
Referimo-nos neste trabalho ao Edital vigente, nº 24/2022 (CAPES: 2022), do
Programa Residência Pedagógica, Subprojeto Geografia, compreendido entre os meses de
novembro de 2022 a abril de 2024. A equipe é composta por uma Docente Orientadora, 16
Residentes, sendo 15 bolsistas e um voluntário, três Preceptores, equipe esta dividida em duas
escolas públicas da cidade de Campina Grande, Paraíba (PB).
A metodologia envolve pesquisa bibliográfica, de campo e documental, a partir do
Edital do Programa e documentos da Educação Brasileira, listados anteriormente. Realizamos
Pesquisa-Ação, a partir de atividades de ensino, pesquisa e extensão, aplicação de questionários
diagnose com os Residentes e Preceptores, tendo a Docente Orientadora, autora neste artigo o
direito a se posicionar. Utilizamos também, anotações em caderneta de campo.
O artigo apresenta, além da introdução e considerações, três subitens: 1- A formação
de professores a partir do Programa Residência Pedagógica; 2- O Ensino Integral e as Escolas
Cidadãs Integrais; 3- O Subprojeto Geografia e as ações em andamento. Nossa pesquisa se
refere ao período dos seis primeiros meses do PRP nas duas escolas de atuação e tem
demonstrado a importância da atuação conjunta entre Docente Orientadora, docentes
Preceptores, Licenciandos Residentes e, discentes da escola. As práticas e suas respectivas
reflexões demonstram a necessidade de se ampliar o debate em torno da formação do professor
pesquisador, assim como do aprofundamento da relação universidade escola.
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES A PARTIR DO PROGRAMA RESIDÊNCIA
PEDAGÓGICA
A educação brasileira, assim como os demais direitos é amparada por políticas públicas.
No caso da educação, as políticas são ancoradas em prerrogativas, geralmente associadas aos
organismos multilaterais. O intuito de universalização da educação, a promoção de uma
educação de qualidade para todos, tem se constituído o lema de sucessivos governos, nas
últimas décadas.
Mas, entre o direito estendido a todos e, o acesso e a permanência com sucesso, há uma
distância considerável, pois a estrutura que caracteriza o País revela profundas desigualdades
sociais, econômicas e étnico-raciais, as quais geram discrepâncias entre os distintos
seguimentos da população brasileira, especialmente se considerarmos a classe trabalhadora.
Tais desigualdades se agravam na medida em que a educação se torna um direito negado, pois
há a necessidade de se educar em direitos humanos, pois este modo de educar inclui a concepção
política, para além dos valores (CANDAU & SACAVINO: 2013; DIAS, ZENAIDE &
FERREIRA: 2016).
Embora seja um dever do Estado e da família, a educação é um direito inacessível a
considerável parcela da população, o que traz repercussões sociais, culturais, econômicas e
políticas, pois que a alienação dos sujeitos serve aos interesses das classes dominantes e aos
interesses do modo capitalista de produção, trazendo riscos ao projeto de democracia do País.
Segundo Freire (2000, p. 67) “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda”.
Portanto, a educação é um direito humano e determinante para a condição de
cumprimento de outros direitos, sendo imprescindível a ação do Estado em prol da população,
com o poder de garantir esses direitos por meio de políticas e programas de valorização humana
e cidadã.
No tocante à escola e a educação, destacamos a necessidade de um projeto de escola
capaz de compreender as realidades dos sujeitos, bem como de valorização de distintos saberes,
que se aprendem dentro e fora da escola. Da igual maneira, a valorização da formação
profissional docente e, dos planos de cargos, carreira e salários dos professores enquanto
componentes do magistério.
Enquanto resultados de lutas e conquistas no âmbito da educação e, da formação de
professores, citamos Programas vinculados à Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de
Nível Superior (CAPES), cujo registro se dá nas últimas duas décadas, como o Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica1(PIBID), no ano de 2007, o Programa
Residência Pedagógica, no ano de 2016, o Programa Nacional de Formação de Professores da
Educação Básica (PARFOR), o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária
(PRONERA), no âmbito da Educação do Campo, tendo todos estes, o intuito de fortalecimento
das identidades e, a valorização do magistério e, da formação acadêmica e continuada de
professores. Tais programas têm contribuído para o fortalecimento das licenciaturas,
especialmente por se constituir como politicas de fortalecimento do acesso e permanência no
Ensino Superior.
Neste artigo, nos debruçamos sobre as ações do Programa Residência Pedagógica
(RP), este que contém um quadro de recursos humanos necessários ao seu funcionamento, quais
seja: Residente (bolsista ou voluntário), Preceptor (bolsista ou voluntário, Professor da
Educação Básica), Docente Orientador e Coordenador Institucional (ambos, Professores do
Magistério Superior em Licenciatura). São 18 meses de atuação segundo o Edital nº 24/2022
(CAPES: 2022), período este dividido em três módulos, num total de 400 horas, sendo 60 horas
de formação, incluindo reuniões, colóquios, minicursos, oficinas e seminários; 100 horas
dedicadas à regência; e, 220 horas dedicadas à vivência no espaço escolar com atividades de
ambientação e atividades em geral e de planejamento na escola; 20 horas para o relatório final
40 horas dedicadas às resultados que devem ser socializados na equipe e, nas instituições
envolvidas.
Explicada a estrutura do Programa, passamos a caracterização dos sujeitos
participantes do Projeto, e, por conseguinte, desta pesquisa, sendo 16 Residentes, dos quais, 11
são masculinos e cinco, femininos; e estado civil com um casado e 15 solteiros. Quanto à faixa
etária há um Residente com 18 anos e 15 Residentes com mais de 20 anos, sendo um Residente
casado e 15, solteiros. Dois Residentes residem no campo e, 14 residem na cidade. Quanto à
origem de formação no Ensino Fundamental, 14 Residentes são oriundos do ensino público, e
dois Residentes, do ensino privado. No Ensino Médio, 13 são oriundos da escola pública, dois
Residentes, do ensino privado e um Residente, de outra modalidade de escola.
Do total de Residentes, 25% participam de algum projeto, além do Programa
Residência Pedagógica (RP). Quanto à renda familiar (Salário Mínimo – S.M.) dos Residentes,
destacamos 13 Residentes que possuem renda até dois S.M., o que representa um índice
considerável para demonstrar a necessidade de políticas públicas votadas ao acesso,
permanência e sucesso no Ensino Superior (SAVIANI: 2008; SGUISSARDI: 2000). Assim, a
renda apresenta-se da seguinte forma:
Figura 1 : Renda Familiar (Salário Mínimo – S.M.) dos Residentes
Fonte: Pesquisa Direta desenvolvida com 16 Residentes. Google Forms. Julho, (RP: 2023: p. 5)
Fonte: Pesquisa Direta desenvolvida com 16 Residentes. Google Forms. Julho, (RP: 2023: p. 5)
Quanto ao espaço de atuação na Educação Básica por parte dos Residentes junto aos
Preceptores, temos a seguinte situação:
Figura 3: Turmas de Atuação dos Residentes
Fonte: Pesquisa Direta desenvolvida com 16 Residentes. Google Forms. Julho, (RP: 2023: p. 4)
Fonte: Pesquisa Direta desenvolvida com 16 Residentes. Google Forms. Julho, (RP: 2023: p. 7)
Segundo Freire (2002, p. 14) ““não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem
ensino””. Assim, a ação é exercida mediante a observação e análise da experiência vivenciada
pelo docente e, igualmente ocorrendo com os Residentes, na aprendizagem da docência, ambos
percebendo no exercício da docência por meio do ensino e da pesquisa, a formação de
competências discutidas por Perrenoud (2000, p. 14), quais seja:
1. Organizar e animar situações de aprendizagem;
2. Gerir a progressão da aprendizagem;
3. Conceber e fazer evoluir dispositivos de diferenciação;
4. Envolver os alunos em sua aprendizagem e seu trabalho;
5. Trabalhar em equipe;
6. Participar da gestão da escola;
7. Informar e envolver os pais;
8. Servir-se das novas tecnologias;
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;
10. Gerir sua própria formação contínua.
A escola é uma forma que comporta uma função, a de educar e nos tornar humanos,
mediante processos que sofrem influências das estruturas escalares (SANTOS: 1996). As
escolas ditas como ‘regulares’, funcionam em apenas um turno, sendo os demais momentos o
educando se dirige ao espaço familiar e, demais espaços societários. Para os Preceptores P1, P2
e P3 (RP: 2023, p. 23), a escola significa:
O homem, para fazer-se histórico, produz cultura. A cultura deve ser entendida aqui
como uma produção humana, como tudo aquilo que o homem produz para além da
natureza, portanto, no domínio da liberdade, e não da necessidade. Pois bem, sabemos
que, a cada geração, não precisamos ficar produzindo tudo de novo, pois o homem se
apropria de toda cultura produzida em outros momentos históricos, e assim ele se faz
histórico. Enfim, a essa apropriação da cultura, chamamos de educação, agora em um
sentido mais amplo, muito mais rigoroso, muito mais complexo. Agora sim, podemos
falar educação integral. (PARO, 2009, p. 17)
Na Educação integral está a proposta do ensino integral, o qual, segundo o R4, R5 e
R6 (RP: 2023, p.78) é:
Ensino integral é uma modalidade ofertada de ensino que consiste o dia todo.
Trata-se de um ensino com jornada ampliada para dois turnos que visa desenvolver os
alunos em todas as suas dimensões formativas.
O ensino integral, em teoria, não se pauta apenas na questão do tempo que se passa
dentro da escola, mas quando o modelo trabalha as mais diversas esferas dos sujeitos
que a frequentam.
Nesse modelo, o tempo de permanência dos alunos na escola é ampliado, permitindo
a realização de atividades extracurriculares, projetos interdisciplinares e
aprofundamento em conteúdos específicos. Mas pode ser problemático se sufocar o
aluno com muitas atividades.
Entre perceber a escola como gaiola ou com asas que libertam, discute-se as questões
relacionadas ao ensino voltado para a liberdade ou a alienação dos sujeitos, por exemplo, ou
mesmo pela carga horária extensiva e a desconexão entre o currículo e a realidade, bem como
a usurpação do tempo majoritário do dia dos educandos colocando-os reclusos em ambientes
de salas de aulas. Assim, os Residentes R7, R8 e R9 (2023, p. 23), explicam essa analogia das
seguintes formas:
Eu percebo como asas. Muitas vezes alunos e professores ficam presos dentro dessas
escolas, sem ter a possibilidade de aprender sobre o mundo. A exaustão toma conta e
isso gera em pouca produtividade e rendimento em alguns momentos.
Identifico como asas, pois diante de alguns desafios com os alunos os professores
sempre dão um jeito de ensino de uma maneira mais fácil para a compreensão de todos
Acho que nem prende nem o liberta, acredito que tenha um pouco dos dois.
Percebo como uma gaiola. Educar é libertar e não é o que acontece nesse tipo de
modelo. Os alunos passam o dia confinados, saem de lá hiper cansados e sem nenhuma
disposição, sequer para ler mais algo em casa.
Além de os Residentes enaltecerem características do modelo ECI, os Preceptores P1,
P2 e P3 (2023), analisaram acerca da condição de compatibilidade entre a ECI implantada e a
ECI realizável. Desse modo, afirmam:
Em boa parte sim, mas outra, deixar a desejar O Modelo Integral e a estrutura escolar
é inadequado para o Ensino Integral, tanto para os alunos que infelizmente não têm
acesso a atividades lúdicas, música, dança, teatro, entre outros, bem como, de espaço
e tempo para desenvolvimento dos Clubes.
Os estudantes sentem falta também de momentos de lazer na escola, estrutura para
descansar no horário dos intervalos e após o almoço. Na perspectiva do Educador,
jornada de trabalho exaustiva que não dispõe de folga semanal para realizar suas
atividades pessoais ou mesmo para descansar, falta de equipamentos e tempo para
planejamento das aulas, entre outros.
Não é adequada. Nove aulas de cinquenta minutos em cinco dias da semana não
promovem educação integral, e sim, o cansaço e a falta de estímulo.
sabemos todos que é impossível definir o “bom professor”, a não ser através dessas
listas intermináveis de “competências”, cuja simples enumeração se torna
insuportável. Mas é possível, talvez, esboçar alguns apontamentos simples, sugerindo
disposições que caracterizam o trabalho docente nas sociedades contemporâneas.
Nos cursos de licenciaturas o educando tem as experiências com a escola a partir das
disciplinas de estágios, as quais dispõem de curto prazo de duração, assim como apresentam
distintas formas de organização da ação nos ambientes escolar e acadêmico. O exercício da
formação de professores traz como desafio o conhecimento do espaço escolar em sua
integralidade, e nesta, o ato de envolver o educando da escola em sua abordagem didática de
conteúdos. Conforme Freire (1996, p. 96),
o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do
movimento de seu pensamento. Sua aula é, assim, um desafio, e não uma “cantiga de
ninar”. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e
vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.
Mas, entre ser bom professor e, a realidade material e simbólica existente nas escolas,
há um vácuo que remete à estrutura que influencia as políticas educacionais, impactando
diretamente no cotidiano escolar e, nas condições reais em que vivem e atuam os professores e
demais sujeitos da escola.
Temos como desafios refletir acerca das novas reestruturações do currículo escolar
nacional pautado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), temáticas essas que despontam
nas pesquisas científicas, pois enfocam a padronização de conteúdos, homogeneíza o currículo,
invisibiliza as diferenças, culturas e saberes intra e inter-regionais, exclui, portanto, não
responde a proposta de educar em e para os direitos humanos (SOUZA: 2018).
Assim, a formação de professores envolve teoria, prática, o conhecimento sobre a
escola em sua integralidade, o entendimento da estrutura das políticas públicas que influenciam
no quefazer cotidiano da educação e da escola, a organização do trabalho pedagógico, a didática
e as metodologias, entre outros, os quais são refletidos a partir dos cursos de licenciaturas e,
inúmeros estudos têm demonstrado a importância de programas como o Residência Pedagógica,
proporciona aos Residentes o exercício da ação com criticidade e reflexão.
A ação do Residente conta com a participação assistiva do Preceptor que o auxilia na
ação docente orientada, oportunidade em que o primeiro exercita o ato de ensinar conhecendo
quem são os sujeitos da sala de aula, e a partir desse conhecimento a definição de quais
conteúdos e metodologias são necessárias à aprendizagem dos educandos.
A opção por participar do Programa exige um esforço maior no cotidiano dos
licenciandos, tendo em vista que além da vida pessoal, de atividades de trabalho, das atividades
de ensino no Curso, há ainda o desenvolvimento das ações como cumprimento das metas do
RP. Desse modo, continuamente repensam e avaliam fatores que podem influenciá-los de
distintos modos. Em entrevista junto aos Residentes R1 e R2, respectivamente, destacaram as
principais vantagens do Programa, (RP: 2023: p. 5):
Não sei se seria desvantagem, mas se a pessoa realmente estiver só interesse na bolsa,
acaba perdendo tempo em ter que passar o dia na universidade e chegar tarde em casa,
pra ainda estudar pra aula da universidade no dia anterior, tem a questão de transporte,
gastos com alimentação, material, condução, entre outras;
REFERÊNCIAS
ANDREOLI, Antônio Inácio. As políticas educacionais no contexto do neoliberalismo. Revista
Espaço Acadêmico. Maringá, n. 13, 2002. Disponível em: http://www.espacoacade-
mico.com.br/013/13andrioli.htm. Acesso em: 20/08 de 2023.
CANDAU, Vera Maria Ferrão; SACAVINO, Susana Beatriz. Educação em direitos humanos
e formação de educadores. Educação (Porto Alegre, impresso), v. 36, n. 1, p. 59-66, jan./abr.
2013. file:///C:/Users/COMPUTER/Downloads/admin,+Educ+36-1+-+07+-
+final+1%20(5).pdf. Acesso em 23 de agosto de 2023.
______. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 7ª ed. São Paulo:
Paz e Terra, 1996; 2002.
SANTOS, Milton. As cidadanias mutiladas. In: LERNER, Julio (Org.). O preconceito. São
Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1996.
INTRODUÇÃO
As atividades aqui apresentadas são desenvolvidas nas duas turmas de 1º Ano e uma
turma do 2° ano B, da ECI Monte Carmelo. Para tais atividades foram desenvolvidos os
planejamentos necessários ao desenvolvimento da aprendizagem, pois anterior a estes ficou
perceptível em sala de aula, algumas dificuldades apresentadas pelos estudantes acerca da
elaboração de apresentações, sendo assim, foram pensadas aulas interativas no sentido de ajudá-
los no esclarecimento de possíveis dúvidas, auxiliando e mediando na aprendizagem e prática
de elaborar apresentações pela plataforma "Google Apresentações".
As temáticas trabalhadas em salas de aulas foram as seguintes: 1- ‘Tipos de Relevo’,
para a qual a turma foi dividida em quatro grupos de três a quatro pessoas, os quais ficaram
responsáveis por segmentos do referido conteúdo, quais seja: depressões geográficas, planícies,
planaltos e montanhas. Foram elaboradas as apresentações e desenvolvidos os seminários dos
conteúdos elaborados sobre a temática, com o intuito de aprendizagem; 2- Revoluções
Industriais (para duas turmas), com atividades desenvolvidas individual ou coletivamente.
Realizada no dia 16 de maio de 2023, a aula interativa se sucedeu a partir de uma breve
introdução às funcionalidades da plataforma "Google Apresentações" e uma breve checagem
das habilidades de digitação no teclado dos estudantes, sendo identificadas diversas
dificuldades por parte deles, mas, que somente adivinham da falta de prática. Durante e ao
concluir as aulas no dia 23 de maio de 2023, foram perceptíveis o desenvolvimento e adaptação
da maioria dos estudantes às tecnologias trabalhadas em sala de aula, os quais melhoraram
consideravelmente a digitação e organização do conteúdo em si, sendo uma experiência
bastante agregadora, tanto para mim, quanto para os estudantes.
A presente aula interativa com a turma que fiquei responsável aconteceu em uma terça-
feira do dia 16 de maio de 2023, sendo composta por estudantes do 1° ano A. Sendo realizada
na sala de informática com acesso à vários computadores para auxiliar na atividade, foi
planejado de início me apresentar e conhecer a turma, pois se tratava da minha primeira
interação com a presente turma. Após me apresentar e conhecer melhor os estudantes, foram
efetivados diálogos acerca de seus conhecimentos prévios diante a temática de 'Tipos de Relevo'
e sobre o que entendem diante da Geografia em si, se gostam ou não da disciplina, e quais
assuntos da geografia chamam a atenção deles ou alguma temática que já foi trabalhada ao
decorrer do ano. Foram identificados por parte deles que a maioria, senão todos, não são tão
participativos mediante as aulas de geografia, havendo assim, dificuldade em assimilar tais
conteúdos que já são trabalhados tanto no ensino fundamental.
Contudo, a partir das carências identificadas em relação ao conhecimento da presente
temática, a aula foi direcionada a sanar suas dúvidas, os direcionando aos seus respectivos temas
da maneira mais coesa e esclarecedora possível. Ao meu ver, a turma era relativamente pequena,
sendo composta por em torno de 12 alunos, sendo assim, não foram encontradas dificuldades
de minha parte no tocante de os acompanhar em seus desenvolvimentos na elaboração de
apresentações, pois se tratando de uma turma menor, facilita ir em cada grupo separadamente e
auxiliar e esclarecer quaisquer dúvidas que eventualmente surgiam.
A sala de informática foi escolhida para utilização de computadores e, a partir destes,
a percepção da forma como os estudantes lidam com esse recurso, bem como o conhecimento
da construção de slides para apresentações dos seminários.
Cada grupo tinha uma autodenominação, sendo o grupo 1, ‘Os Incríveis’ e, o segundo
grupo intitulado ‘Os Moleques’. Ao final da dinâmica, o grupo denominado de ‘Os Incríveis’
acertou mais perguntas, o que se procurou demonstrar que não se tratava de competição, mas
de aprendizagem, e para tanto, procuramos valorizar a participação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
LACOSTE, Yves. A geografia, isso serve, em primeiro lugar, para fazer guerra. Tradução
Maria Cecília França – Campinas, SP: Papirus, 1988.
LIBÂNEO, J. C. et al. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez,
2009.
INTRODUÇÃO
A disciplina de Estágio Supervisionado é uma das exigências das Instituições de Ensino
Superior - IES. A apresentação da proposta do estágio e das atividades a serem realizadas
também são obrigatórias no curso de licenciatura em Geografia da Universidade Federal de
Campina Grande, campus Campina Grande. As dinâmicas do estágio se desenvolveram de
forma didática e objetiva, evidenciando problemas e desafios que provavelmente viriam a
encontrar, ver e sentir. Logo, o contato estava exclusivamente presente nas obras literárias
trabalhadas durante o dito componente curricular, além do decorrer do curso com outras
disciplinas de cunho pedagógico, ou seja, voltadas à Educação Geográfica.
Após os debates dos textos literários, a professora permitiu a atuação dos estagiários nas
escolas. Além disso, algumas propostas foram firmadas, ainda em sala de aula, para se ter uma
formação mais consolidada. Desse modo, é solicitado aos estagiários o registro das atividades
por meio de fotografias, descrições textuais e a necessidade de criar e aplicar uma oficina (em
turmas de ensino fundamental II ou ensino médio). Notoriamente, tivemos a autonomia para
realizar essas ações no intervalo de tempo estipulado pela disciplina de estágio.
O ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Portanto, tais etapas permitem a consolidação de uma formação mais segura ao vincular
um tempo maior de experiência, e contato com o cotidiano da profissão docente. Mais
precisamente, pode-se dizer que o estágio é
A equipe que compõe a ECI Félix Araújo busca idealizar uma proposta educacional
com qualidade e comprometimento, dentro dos princípios éticos legais e humanos, no exercício
de aprimoramento na informação e formação dos discentes, incluindo o desenvolvimento da
autonomia intelectual e a disseminação de valores e atitudes como perspectiva de favorecer o
trabalho para o viver de cada um. A instituição de ensino valoriza o respeito e a criatividade,
tendo como base uma educação que une conhecimentos a genuínos valores humanos, para uma
convivência integrada entre comunidade e escola.
A Escola Cidadã Integral Félix Araújo oferece uma boa estrutura física escolar para os
estudantes e seus funcionários, priorizando obrigatoriamente, espaços e serviços básicos para
um bom funcionamento do ensino e atividades adjacentes. O quadro abaixo (Figura 01)
representa alguns dos principais espaços e suas quantidades.
Sendo assim, os alunos realizam as atividades físicas em uma área livre ao lado da
Biblioteca (sem cobertura). Tal situação limita a possibilidade de realizar eventos como Jogos
Escolares, Interclasses, Quadrilhas Juninas, Reuniões ou Confraternizações. Como a escola não
oferece refeitório, os alunos almoçam no pátio, onde está disposto mesas e cadeiras. As áreas
de sol (arborizadas) não contém grande quantidade de vegetação que resulte em um bom
conforto térmico para as pessoas. Do mesmo modo, as salas de aula contém ventiladores,
embora não sejam suficientes. Visto que, as salas são grandes e precisam de ar-condicionados
para conseguir gerar um ambiente agradável e adequado para as atividades escolares.
Ainda sobre o contexto da pandemia, a ECI Félix Araújo prosseguiu com as atividades
remotas, com vias de manter a responsabilidade do trabalho pedagógico, a fim de priorizar
ações mitigadoras contra as dificuldades de aprendizagem encontradas e potencializadas
durante o novo modelo de ensino. Desse modo, a escola denota que:
Ainda enfrentando a pandemia do Novo Coronavírus, todo o trabalho estruturado para
o corrente ano continuou enfatizando o modelo do Ensino Remoto. Assim, o
planejamento escolar, as avaliações diagnósticas, as reuniões de fluxo, as reuniões
gerais, ciclos formativos, formação continuada permaneceram sendo feitas pela
Internet através da ferramenta Google Meet e Google Classroom. (ARAÚJO, 2022,
p.13-14).
Nesse sentido, para o ano letivo de 2021, foi apresentado ao corpo docente um
diagnóstico sobre o desempenho da escola, referente ao ano anterior (2020). Portanto,
destacaram-se pontos positivos, como por exemplo, a rápida adaptação e aceitação da
comunidade escolar e da equipe docente às ferramentas e modelos de ensino remoto, assim
como os pontos negativos: desmotivação dos alunos quanto à expectativa sobre os recursos da
escola, elevadas taxas de fracasso escolar, reprovação, fragilidade em relação à premissa da
corresponsabilidade, infrequência e baixa participação dos alunos que possuem acesso aos
recursos digitais para o ensino remoto, entre outros (ECI, 2022).
METODOLOGIA
Em suma, por se tratar de uma pesquisa, espera-se que esse conteúdo consiga alcançar
outros autores, servindo como referencial teórico para outros trabalhos de cunho acadêmico.
Visto que, o estágio supervisionado é um momento importante para o desenvolvimento da
pesquisa, da observação e da relação teoria e prática tão necessária para a formação de
professores.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
[...] suspendendo das aulas presenciais em todo o Estado da Paraíba e após o Decreto
Estadual nº 40.122, de 13 de março de 2020, que estabelece Situação de Emergência
no Estado da Paraíba diante do contexto de determinação de Emergência em Saúde
Pública de Interesse Nacional, pelo Ministério da Saúde e a declaração da condição
de pandemia de infecção humana pelo Coronavírus, o Regime Especial de Ensino
Remoto tem vigorado por todo o período em que as aulas presenciais estejam
suspensas, sendo previsto o retorno a partir do dia 07 de outubro para as turmas de
Ensino Fundamental e do dia 21 de outubro do corrente ano para as turmas de Ensino
Médio. (ARAÚJO, 2022, p. 26).
Com o intuito de auxiliar o processo de ensino e aprendizagem, durante o período de
ensino remoto, a SEECT disponibilizou a plataforma online "Para Educa”. Entretanto, outros
recursos foram disponibilizados: o Google Meets para as aulas ministradas de modo online;
atividade impressa para os alunos sem acesso à internet; o Google Classroom para postagem de
atividades, vídeo-aulas (com uma série de conteúdos) e as redes sociais para apoio à interação
com os alunos.
Por outro lado, o ensino remoto foi uma realidade vivenciada pela educação durante o
período que compreende a pandemia da Covid-19. Como apresentado anteriormente, a
Secretaria de Estado de Educação e da Ciência e Tecnologia (SEECT), teve a responsabilidade
de normatizar as regras para a implantação do Regime Especial de Ensino Remoto e
disponibilizar recursos com o objetivo de auxiliar no processo de ensino-aprendizagem
Após o intervalo, o segundo momento ficou fragilizado, pois os alunos voltaram mais
agitados e dispersos. Contudo, os alunos realizaram a atividade. Em sala de aula, foi decidido
que os estudantes poderiam realizar a atividade em grupo. No segundo momento, faltou
organização da turma e vários alunos estavam utilizando os celulares, até mesmo durante a
atividade. Ao final, foi distribuído um questionário às duas turmas para que os discentes
descrevessem o que tinham aprendido, sugestões, reclamações, a qualidade da oficina, etc.
Na turma do 2º ano B, quando perguntados sobre o que você aprendeu com a oficina?
Os estudantes afirmaram que a xenofobia deveria ser combatida, ressaltaram o entendimento
sobre conceitos como: xenofobia, segregação socioespacial, favelização e urbanização.
Segunda pergunta: como você avalia a oficina? 9 alunos responderam como ótima, 9
alunos como boa e 1 aluno regular, totalizando 19 respostas. O gráfico abaixo em formato de
pizza (Figura 03) representa a porcentagem das respostas obtidas por meio do questionário de
avaliação: ótima (47,4%) na cor azul, boa (47,4%) na cor vermelha e regular (5,3%) na cor
amarela.
Quinta pergunta: Este espaço é livre para elogios, sugestões de como posso melhorar,
reclamações de algo que não gostou ou o que você gostaria de aprender. A maioria dos
estudantes se sentiram satisfeitos com a oficina, embora tenha sentido a ausência de atividades
mais práticas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Escola - EEEFM Félix Araújo - Campina Grande - PB. Escol.as, 2021. Disponível em:
https://www.escol.as/85187-felix-araujo. Acesso em: 16 de junho de 2023.
INTRODUÇÃO
A Geografia atualmente é conhecida como uma ciência importante para a formação de
cidadãos conscientes, críticos e capazes de transformar a realidade do espaço em que vivem. A
tradição da Geografia Escolar se junta à perspectiva acadêmico/científica e promove
contribuições significativas na produção e sistematização de conhecimento. Dessa forma, este
trabalho pretende analisar a produção acadêmica desenvolvida no curso de licenciatura em
Geografia, da Universidade Federal de Campina Grande - UFCG, campus Campina Grande.
Com início das atividades no ano de 2009, o curso tem uma história recente, mas já
relevante, na formação de professores de Geografia no interior da Paraíba e de outros estados
do Nordeste. Um dos fatores preponderantes para a formação do curso, especificamente para a
formação de professores de Geografia, seria a necessidade de superar a carência de modo
quantitativo e qualitativo de docentes de parte do semiárido nordestino, considerando
especialmente a região polarizada pela cidade de Campina Grande.
Desse modo, o presente trabalho tem como objetivo analisar a distribuição temática dos
TCCs, do curso de licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Campina Grande –
UFCG. De forma específica, pretende-se identificar as subáreas dos TCCs da área de Educação
Geográfica e apresentar as diferenças quantitativas da produção acadêmica dos TCCs de acordo
com as áreas do curso.
Tal aspecto também reflete uma preocupação com o papel do professor, no qual apoia-
se nas discussões sobre a profissionalização docente. Portanto, o curso de Geografia é pautado
em princípios ativos de análise socioespacial, que compete na formação de profissionais
docentes capazes de desenvolver um trabalho de forma coletiva, colaborativa e crítica
relacionados à educação e outros segmentos (UFCG, 2018, p.5), buscando a formação de
indivíduos responsáveis e comprometidos com a profissão docente e sua ação.
Alguns cursos defendem que o trabalho final seja introduzido no início da formação dos
estudantes das instituições de ensino superior. Silva e Oliveira (2019) afirma que por meio do
Trabalho de Conclusão de Curso, os graduandos devem ser estimulados a pesquisar desde o
início da sua formação para se tornarem futuros pesquisadores. Outra alternativa semelhante
propõe que o TCC seja: “(...) introduzido no início do Curso, por meio da Iniciação Científica.
Assim, a pesquisa será uma trajetória na vida do acadêmico e não um trabalho final”. (SILVA,
et al., 2017, p.138). Portanto, tal ideia defendida pelos autores tem o objetivo de incentivar os
estudantes a pesquisarem já nos primeiros anos do curso.
Em contrapartida, a introdução dessa ferramenta no início dos cursos deve ser utilizada
de forma organizada, assim como Chisini et al. (2017, p.13) sugere que a realização do TCC
possua uma orientação por um período maior durante a graduação. Além disso, a utilização do
TCC também deve ser:
Ainda assim, cabe ressaltar que, por meio do TCC é possível criar uma identidade única
para o curso, bem como proporcionar visibilidade à instituição. “Trata-se de uma atividade
indispensável à integralização do Curso, utilizada como indicador na avaliação da qualidade
institucional e, ainda, enquanto contribuição social”. (SILVA, et al., 2017, p.134). Ao
considerar a importância da reflexão sobre o percurso em construção do curso de licenciatura
que atuamos, acreditamos que o levantamento e análise da produção dos TCCs possam ser
instrumentos que contribuam para o fortalecimento de potencialidades e indiquem possíveis e
novos caminhos para a produção acadêmica em nossa realidade.
METODOLOGIA
O presente artigo teve por objetivo realizar uma análise dos Trabalhos de Conclusão de
Curso (TCC), definindo um recorte temporal das produções acadêmicas no período
correspondente aos anos de 2013-2021. A pesquisa consistiu na construção do embasamento
teórico-metodológico, a partir da realização de pesquisa bibliográfica materializada, permitindo
o acesso a importantes reflexões teóricas.
Como pode ser observado acima, a modalidade de monografia se destaca por ter o maior
número de trabalhos produzidos no curso, obtendo 136 trabalhos. Em seguida, com a
modalidade artigo, com uma quantidade de 89 produções. Na modalidade recursos didáticos
foram contabilizados apenas 4 trabalhos, totalizando ao final 229 TCCs desenvolvidos. Essa
diferença significativa chama a atenção especialmente quando é considerada a natureza do
curso de licenciatura. A modalidade com menor produção é exatamente aquela em que há um
diálogo direto com o mundo do trabalho docente. Obviamente, os artigos e as monografias
também são desenvolvidos em diálogo com os espaços de atuação do docente.
Além disso, cabe considerar que apenas em dois anos a modalidade monografias não
foi predominante dentre os TCCs produzidos. Em 2018 e 2019, a modalidade artigo científico
teve o maior número entre as modalidades, em todos os outros anos da análise a predominância
foi de monografias. A modalidade recurso didático, por outro lado, não foi encontrada na
maioria dos anos analisados, somente nos anos de 2014, 2015 e 2021.
Após essa análise quantitativa inicial, realizamos o aprofundamento qualitativo sobre a
produção acadêmica dos discentes do curso. Considerando o exposto no Projeto Pedagógico do
Curso, foi possível organizar o quadro (Figura 03) que apresenta a distribuição das disciplinas
que compõem o curso de acordo com 5 núcleos específicos do saber geográfico e de formação
docente: Núcleo Específico de Educação Geográfica e Estágios, Núcleo Específico de
Geografia Humana e Regional, Núcleo Específico de Geografia Física e Ambiental, Núcleo
Específico de Epistemologia e Metodologia e Núcleo Específico de Representação do Espaço.
Vale ressaltar que somente o último núcleo não foi utilizado na realização dessa pesquisa,
embora estando presente em alguns trabalhos que foram identificados.
Acima podemos observar essa distribuição dos componentes curriculares que teve como
base os núcleos específicos de cada área para a diferenciação de cada componente, com o intuito
de elaborar os demais quadros.
Desse modo, essa distribuição teve trabalhos acadêmicos focados para a área da
Geografia Física, Geografia Humana e Produção de Recursos Didáticos que estão incluídos na
modalidade estabelecida pela Universidade. Assim sendo, realizou-se a classificação dos
trabalhos a partir das suas especificidades. Vale apontar que muitos temas trabalhados pelos
estudantes são resultados de projetos de pesquisas, projetos de extensão, Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), bem como os Estágios Supervisionados.
Tendo obtido os resultados acima, partimos para uma análise de classificação dos
trabalhos acadêmicos em que dividiu-se em quatro áreas, ou seja, estes domínios compreendem
a Geografia Humana, Geografia Física, Educação Geográfica e Interdisciplinar.
Com relação aos trabalhos produzidos pelos estudantes voltados a área da Educação
Geográfica, esta classificação foi bastante enfatizada, pois buscou-se compreender a seguinte
prerrogativa: por que no curso de licenciatura em Geografia existe uma escassez no número de
materiais voltados para a área da Educação Geográfica? Este questionamento permaneceu nas
discussões realizadas pelo grupo, pois ao longo da pesquisa percebeu que esta área possui um
grande potencial para pesquisas na Educação Geográfica.
Figura 04: Classificação das produções científicas acadêmicas do curso de Geografia com
recorte de 2013-2021
Figura 05 - Divisão das produções acadêmicas por áreas temáticas da Educação Geográfica
O quadro acima (Figura 05) está relacionado aos Núcleos Específicos na área de
Educação Geográfica, e que de certa forma tiveram relevância para a pesquisa. Dessa forma, os
trabalhos que destacaram-se ao longo dos anos foram utilizados para a idealização da Figura 06
em que consistiu na quantificação dos trabalhos que tiveram dada evidência. Portanto, foi
identificado as temáticas abordadas na área da Educação Geográfica.
Figura 06 - Quantificação das temáticas de Educação Geográfica
Vale salientar que estes trabalhos buscam compreender a profissão docente, nesse caso,
a formação do professor de geografia frente às várias facetas encontradas na profissão. Entre os
trabalhos que foram destacados, é possível perceber o exercício da reflexão sobre a prática
docente, tendo em vista a formação dos futuros professores. Destacamos assim, a importância
do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) ao exercer papel essencial
na formação docente, contribuindo de modo significativo para o desenvolvimento da pesquisa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
SCARINCI, Dimitri Andrey; SILVA, Jardel Correia da; CARVALHO, Lílian Amaral de.
Produção científica do ensino de Geografia no Brasil pela análise dos periódicos. Revista
Educação Pública, v. 21, nº 32, 24 de agosto de 2021. Disponível em:
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/32/producao-cientifica-do-ensino-de-
geografia-no-brasil-pela-analise-dos-periodicos.
SILVA, Sônia Rosa da. OLIVEIRA, Ivanilton José de. ANÁLISE DA PRODUÇÃO
CIENTÍFICA DOS FORMANDOS EM GEOGRAFIA – LICENCIATURA DO
INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOAMBIENTAIS DA UFG ENTRE 2014 E 2018.
Instituto de Estudos Socioambientais, Universidade Federal de Goiás. Goiás, p.39. 2019.
SILVA et. al. Análise dos trabalhos de conclusão de curso da graduação em enfermagem
da UNIMONTES. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 11, p. 43-133, 2009. Goiânia-GO.
v. 11, n. 1, 2017. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fen/article/view/46897.
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CALLAI, H.C. Estudar o Lugar para compreender o Mundo. In: CASTROGIOVANNI, A.C.;
CALLAI. H.C.; KAERCHER, N.A. (orgs.). Ensino de Geografia: práticas e textualizações no
cotidiano. Porto Alegre: Editora Mediação, 2006.
SANTOS, Milton. O cidadão mutilado. In: SILVA, Elisiane; NEVES, Gervásio; MARTINS,
Liana. Milton Santos: O espaço da cidadania e outras reflexões. Porto Alegre: Fundação
Ulysses Guimarães, 2011. (p. 94-108) Disponível
em: https://professor.ufrgs.br/dagnino/files/santos_milton_espaco_da_cidadania_2011.pdf.
INTRODUÇÃO
Eu disse que segundo o meu pensamento e
crença tudo era um caos, isto é, terra, ar,
água e fogo juntos, e de todo aquele volume
em movimento se formou uma massa, do
mesmo modo como o queijo é feito de leite, e
do qual surgem os vermes, e esses foram os
anjos.
Carlo Ginzburg (2006, p. 36-37).
Nesse sentido, este texto aporta a ideia de que os saberes dos professores de Geografia
em início de carreira se constituem como uma combinação de referências formativas que
circulam por, entre e através de diferentes situações e modos de aprendizagens. Portanto, um
escrito que tem como objetivo colocar em evidência o conceito de saber geo(gio)circular, um
saber que emerge das narrativas de vida-formação-profissão e dos fazeres dos professores de
Geografia em início de carreira no magistério da educação básica pública. Desde já, destaco
que os modos possíveis de ensinar, de aprender e de conceber a Geografia estão
consubstanciados com uma multiplicidade de referenciais que atravessam a formação
acadêmica em licenciatura: contemplam histórias de vida, diferentes experiências de formação,
prática de ensino, cultura, currículo, cotidiano e cultura digital.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No tocante aos conhecimentos obtidos por meio das ciências da educação e da didática,
o processo de profissionalização docente também ganha destaque na composição do repertório
geográfico-pedagógico dos professores de Geografia em início de carreira. Com base em
Tardif; Lessard; Lahaye (1991), interpretei que existe, por parte dos professores deste estudo,
certa rejeição à formação acadêmica e à reavaliação utilitária (seleção do que é ou não pertinente
para si) da formação didática e pedagógica da licenciatura. Para alguns, o sucesso profissional
tem uma carga subjetiva (depende de si); para outros, os julgamentos são matizados, à medida
que a formação inicial ajuda na produção dos saberes, mas não pode dar conta de todo repertório
formativo docente.
Os saberes obtidos durante a formação acadêmica e adquiridos a partir de outras
experiências formativas, como a própria aprendizagem emergida do contexto geográfico em
que a vida acontece, e as situações provenientes das relações de trabalho não docente, desvelam-
se nos saberes e fazeres em Educação Geográfica em forma de devir: formação acadêmica em
Geografia, realidade geográfica local e vivência social tecidas à composição do repertório
geográfico-formativo. Afinal, “somos povoados por múltiplas vozes; vozes dos outros, que nos
constituem, vozes dos múltiplos papéis sociais que desempenhamos, vozes da história que
ecoam em nós e nos significam” (FONTANA, 2010, p. 66). Por conta da necessidade de
composição e de firmamento da identidade profissional, ao narrarem sobre os seus percursos
de vida-formação, os professores acabaram por problematizar e por refletir sobre o modelo de
formação inicial experimentado, num movimento de autoformação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ciência geográfica estudada academicamente, com o seu conhecimento estruturado,
suas categorias, seus temas, seus conceitos, suas metodologias e seus métodos, é a que
regulariza e legitima as especificidades da profissão professor de Geografia. Por meio dela, o
docente vai abrindo os caminhos para os seus fazeres pedagógicos, refletindo, reorganizando,
reconstruindo e rearranjando os conteúdos geográficos escolares para serem mobilizados em
sala de aula. Por isso, faz-se necessária uma sólida formação disciplinar e pedagógica, assentada
na conveniência de que não basta saber Geografia, é necessário saber ensiná-la, ter uma
formação profissional consistente e constante.
Por outro lado, o estudo aporta a ideia de que o fazer docente em Geografia passa a
circular entre os diferentes referenciais formativos herdeiros e incorporados ao longo da via e a
eleger o referente que é tomado como pertinente ao momento da prática de ensino. As heranças
às quais me refiro são de modos de fazer em sala de aula com centralidade no ensino e no saber
do professor, cujo foco didático-pedagógico se dá na exposição do conteúdo, e as atividades
avaliativas se ancoram na descrição conceitual dos fenômenos geográficos abordados. As
rupturas e as descontinuidades se referem às resistências frente aos processos que têm na cultura
geográfica escolar práticas pedagógicas dissociadas do cotidiano dos alunos, em que a
criatividade, a contextualização e o uso de diferentes linguagens não são considerados na
Educação Geográfica.
REFERÊNCIAS
CALVINO, Ítalo. Palomar. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. [1 ed. Palomar, 1983].
Tradução: Ivo Barroso.
CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano: artes de fazer. 22 ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber às práticas educativas. 1. ed. São Paulo:
Cortez, 2013.
DELORY-MOMBERGER, Christine. Biografia e Educação: figuras do indivíduo-projeto.
Tradução e revisão científica de Maria da Conceição Passeggi, João Gomes da Silva Neto,
Luis Passeggi. 2 ed. Natal/RN: EDUFRN, 2014.
FONTANA, Roseli A. Como nos tornamos professoras? 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica
editora, 2010.
HELLER, Agnes. O cotidinao e a história. 11 ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2016.
NÓVOA, António. Firmar a posição como professor, afirmar a profissão docente. Cadernos
de Pesquisa, v.47, n. 166, p.1106-1133, out./dez. 2017.
________, António. Os professores e as suas histórias de vida. In: NÓVOA, António. (Org.).
Vidas de Professores. 2 ed. Porto – Portugal: Porto editora, 2013, p. 11-30.
TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente: elementos para uma teoria da
docência como profissão de interações humanas. Petrópolis: Vozes, 9. ed., 2014.
ENSINO DE TEMÁTICAS FÍSICO-NATURAIS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS (EJA): ANÁLISE DO ORGANIZADOR CURRICULAR DE
GEOGRAFIA DO ENSINO FUNDAMENTAL PARA EJA DO ESTADO DE
PERNAMBUCO
INTRODUÇÃO
O presente artigo trata das temáticas físico-naturais na proposta de organizador
curricular de Geografia para a Educação de Jovens e Adultos – EJA, nos módulos V e VI, do
segundo seguimento no Estado de Pernambuco. A análise deste documento resulta de
inquietações sobre o lugar dedicado às temáticas físico-naturais nos currículos de Geografia na
EJA, considerando os objetivos propostos para a Geografia Escolar no Ensino Fundamental e
as interações entre os conteúdos curriculares e, a realidade socioeconômica dos educandos que
constituem a EJA.
Para Pires et al (2008, p.03) “Os cursos destinados à EJA devem oferecer a quem os
procura a possibilidade de desenvolver as competências necessárias para a aprendizagem dos
conteúdos escolares, bem como a possibilidade de aumentar a consciência em relação ao estar
no mundo.”, tal concepção também deve ser levada em consideração no trabalho de conteúdos
ligados às temáticas física-naturais presentes nos currículos da EJA.
É importante destacar alguns fatores que são relevantes ao estudo na EJA, no que diz
respeito à dinâmica da natureza e sua realidade local e global. A preocupação com a evasão
escolar, e o possível desinteresse dos educandos, são temas constantes nas diversas discursões
sobre a EJA, estes aspectos podem ser influenciados pela falta de conexão entre a realidade dos
sujeitos e o conteúdo curricular proposto.
A análise de conteúdos curriculares, por si só já se constitui tarefa complexa e urgente,
tornando-se mais fundamental ainda quando direcionada para temáticas físico-naturais de
Geografia na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Destarte, objetivamos identificar
de que forma as temáticas físico-naturais estão presentes na proposta de organizador curricular
de Geografia do Estado de Pernambuco para a Educação de Jovens e Adultos – EJA no segundo
seguimento, a partir da análise dos documentos destinados aos Módulos V e VI (equivalentes a
turmas de sexto e sétimo anos do ensino fundamental regular). A pesquisa dedica-se a analisar
o currículo oficial, não considerando o currículo oculto, aquele que é praticado nas aulas de
Geografia em turmas de EJA no Estado de Pernambuco.
REFERÊNCIAS
JULIÃO, Elionaldo Fernandes; BEIRAL, Hellen Jannisy Vieira; FERRARI, Gláucia Maria. As
políticas de Educação de Jovens e Adultos na atualidade como desdobramento da
constituição e da LDB. Poiésis-Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação, v. 11,
n. 19, p. 40-57, 2017.
PIRES, C. M. C., Condeixa, M. C., de Nóbrega, M. J. M., & de Mello, P. E. D. (2008, August).
Por uma proposta curricular para o 2º segmento na EJA. In Simpósio (Vol. 20).
SILVA, Karla Pereira da. Metodologia da Pesquisa Científica. Recife, 2007. (Apostila).
SILVA, Sérgio Henrique Pinto. Geografia Física e Geografia Humana: uma dicotomia a ser
superada?. Outros Tempos: Pesquisa em Foco-História. V. 4, n. 4, p. 40-49 2007.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Apoiados em autores como Santos (1995; 2012) e Freire (2005) para estudo do espaço
escolar, Callai (2001) e Freire (2005) sobre a importância da leitura de mundo na realidade dos
sujeitos da escola; Cavalcanti (2001) que trata da importância da Geografia Escolar e da
formação docente na construção de conhecimentos.
Assim, desenvolvemos a pesquisa resultante neste trabalho durante o primeiro
semestre de 2023 e, a metodologia se deu por meio de levantamento bibliográfico, documental
para releitura dos projetos educacionais brasileiros mais recentes, além de relatos de estagiários
do curso e, de questionário diagnose desenvolvido com os Residentes do Curso (2023), por
meio do Google Forms. Também nos apropriamos de nossas experiências de estágio
supervisionados realizadas no período anterior ao ingresso no Residência Pedagógica.
Figuras 01 a 04: Atividades desenvolvidas na sala de aula nas ações do Estágio Curricular
Supervisionado em Geografia
Figura 05: Aula prática sobre agentes externos do relevo terrestre com a turma do 1º Ano A,
ECI Álvaro Gaudêncio
Fonte: Marcelino: 2023.
As aulas práticas com alunos do 1º Ano do Ensino Médio sobre agentes externos que
modelam o relevo são de estrema importância para o entendimento dos processos geológicos
que moldam nossa paisagem. Ao utilizar materiais recicláveis para simular a erosão provocada
pela chuva, em diferentes tipos de solos e, na ausência de cobertura vegetal, essas aulas práticas
tornam-se ainda mais impactantes e educativas.
O desenvolvimento desta aula tinha como objetivos: a- Compreensão dos agentes
externos que atuam no modelamento do relevo, com foco na erosão causada pela chuva; b-
Identificar os tipos de solo e sua influência na erosão; c- Reconhecimento da importância da
cobertura vegetal na proteção do solo contra a erosão. A sequência didática envolveu os
seguintes passos:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CALLAI, H. C. A Geografia e a escola: muda a geografia Muda o ensino? Terra Livre. São
Paulo, n.16, p 135-152, 1º semestre: 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005, 42.ª Ed.
PIAGET, Jean. A Construção do Real na Criança. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro:
Zahar, 1970. 360p.
INTRODUÇÃO
É fato que a educação vem sofrendo influências e modificações ao longo da história. A
sociedade moderna, com todos os seus avanços tecnológicos e adversidades, tem imposto
inúmeros desafios para a educação. Nesse contexto, o docente não é visto apenas como um
transmissor de conteúdo específico, mas um mediador do processo de ensino-aprendizagem, e
se depara com o desafio de buscar meios para despertar a sede pelo conhecimento, bem como
a percepção crítica dos alunos frente à realidade.
Sob esta ótica, este estudo propõe uma reflexão acerca da didática da geografia no
ensino fundamental II, de forma a explorar as perspectivas teóricas que embasam as técnicas
hoje utilizadas pelos educadores. A partir destas perspectivas, será possível compreender as
práticas didático-pedagógicas e sua eficácia no ensino da disciplina, a saber quais são mais
propícias para uso do professor, bem como seus principais desafios. Para tal, têm-se como
problemática norteadora desta pesquisa a seguinte pergunta: Em que medida a evolução das
práticas didático-pedagógicas contribui para uma melhor compreensão dos conteúdos
geográficos?
De acordo com a problemática desta pesquisa, definiu-se como seu objetivo geral:
Analisar a evolução das práticas didático-pedagógicas no ensino de geografia, bem como seus
objetivos específicos são: I analisar as práticas pedagógicas utilizadas para a melhoria do ensino
de Geografia, II analisar a contribuição dos objetivos pedagógicos como instrumentos de função
aos conteúdos e III apresentar os principais desafios do professor de geografia na atualidade.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste estudo foi pesquisa bibliográfica,
identificando as pesquisas já realizadas e os resultados obtidos por esses pesquisadores. Para
tal, foi realizado levantamento de produção acadêmica em livros, artigos científicos e sites, para
obtenção e aperfeiçoamento de conhecimento teórico, tendo como tema as faces da Geografia
ao longo de uma cronologia histórica. Pesquisou-se sobre as faces da geografia ao longo de uma
cronologia histórica, a evolução das práticas didático-pedagógicas e os desafios atuais da
educação, com o intuito de relacionar estes temas e associá-los à situação problema encontrada,
de forma a buscar métodos viáveis de solucioná-la. O recorte da pesquisa são as práticas
adotadas no ensino fundamental II, de forma a propiciar uma reflexão quanto às práticas mais
adequadas para proporcionar um processo de ensino e aprendizagem significativo e lúdico.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O presente estudo teve como objetivo principal analisar a evolução das práticas didático-
pedagógicas no ensino de geografia, para tal, torna-se pertinente avaliar os estudos já realizados
acerca do tema o ensino lúdico da geografia, a fim de elaborar um estudo sobre as atividades
didáticas que auxiliam o educador na contextualização da disciplina, bem como na facilitação
do processo de ensino e aprendizagem.
Para tal, serão aqui destacados dois estudos científicos acerca da ludicidade da geografia
cujos resultados proporcionam melhorias para o ensino e aprendizagem em geografia. Teixeira
e Melo (2017) realizaram um estudo no 8º ano do ensino fundamental II de uma escola pública
de Campina Grande-PB, onde, com base em análises das respostas dos discentes a um
questionário aplicado, foi possível realizar um levantamento de informações que possibilitaram
uma reflexão acerca da necessidade de abordagens metodológicas lúdicas no ensino da
geografia.
Pinheiro, Santos e Ribeiro Filho (2013) realizaram uma pesquisa com alunos dos 6º e
7º anos do ensino fundamental da cidade de Teresina-PI, onde buscaram identificar a concepção
dos docentes sobre o lúdico, bem como realizar um levantamento das atividades por eles
realizadas para dinamizar o aprendizado da geografia. “Assim, foi demonstrado, pelos
professores, de forma unânime, que o lúdico, é compreendido como algo de grande importância
na infância e nas primeiras séries do ensino fundamental. ” (PINHEIRO, SANTOS e RIBEIRO
FILHO, 2013, p.37).
Tais constatações refletem nas hipóteses iniciais deste estudo que entende que o aluno
é um ser social e crítico e possui uma percepção sobre as disciplinas que lhe são lecionadas em
sala de aula, considerando a geografia uma matéria repetitiva através da metodologia do
professor, que muitas vezes não a transmite de forma lúdica.
Teixeira e Melo (2017), através da proposta da ludicidade, promoveram o jogo da
memória com material confeccionado para trabalhar aspectos demográficos, já para tratar de
características sociais, físicas, econômicos e culturais de determinada região, desenvolveram
apresentações em seminários por parte de grupos divididos da turma, onde os alunos foram
estimulados a realizarem pesquisas sobre os conteúdos, incentivando a curiosidade dos
discentes pelo conteúdo.
[...] com a finalidade de inserir os alunos como agentes transformantes do seu espaço
possibilitando-os a capacidade cognitiva de enxergar e perceber que estão inclusos no
contexto da América Latina, desta forma, passando de uma escala mais ampla para a
regional, e consequentemente local, a proposta dessa atividade lúdica foi justamente
fazê-los analisar os problemas perceptíveis pela urbanização excludente devido a
migração do campo para a cidade, tendo em vista que os mesmos estão inclusos numa
realidade onde a carência de políticas e serviços públicos são frequentes, [...] foi
pedido um texto que fosse discutido os problemas vivenciados no bairro onde os
alunos moram, e posteriormente desenhassem para que fosse possível visualiza-los.
(TEIXEIRA E MELO, 2017, p. 09)
Esta atividade proporcionou aos discentes uma ampla percepção do espaço geográfico
em que estão situados, bem como levou-os a uma reflexão crítica sobre os contextos sociais
existentes neste espaço geográfico. É perceptível a promoção da interação e da maior
participação dos alunos nas atividades lúdicas propostas. Com elas, o ensino da geografia passa,
na percepção dos mesmos, a se tornar algo empolgante e inovador, diferente da rotina a que
estão constantemente submetidos.
Para Pinheiro, Santos e Ribeiro Filho (2013, p. 36): “Diversos conteúdos de Geografia
podem ser debatidos através de filmes e documentários, proporcionando condições para uma
reflexão crítica dos acontecimentos.” Os autores citam obras cinematográficas que auxiliam os
alunos na compreensão do contexto social de fenômenos como a revolução industrial, a segunda
guerra mundial e o nazismo, por exemplo.
Quadro 1: Apresentação sistêmica dos temas trabalhados nos artigos científicos demonstrados neste
estudo
Objetivo do Analisar e propor reflexões com base nas Análise acerca da contribuição
estudo práticas desenvolvidas em uma turma do 8° ano do do lúdico no processo de ensino e
Ensino Fundamental II em uma escola estadual aprendizagem de Geografia nas turmas
localizada na cidade de Campina Grande-PB. de 6º e 7º anos do ensino fundamental II
em Teresina-PI.
O projeto desenvolvido proporcionou O olhar do aluno revela a
significativas contribuições para o ensino e identificação de um professor de
Resultados aprendizagem da Geografia, além de ampliar a Geografia que não proporciona situações
obtidos ressignificação de metodologias para a prática de onde os discentes possam participar de
ensino, prosperando a capacidade cognitiva. forma criativa.
Mediante os resultados obtidos nos estudos aqui demonstrados, ficou perceptível que a
ludicidade é “um mecanismo de grande relevância para um maior envolvimento com a
disciplina de Geografia”, visto que o baixo rendimento na disciplina muitas vezes pode ser
atribuído à escassez de métodos diferentes de aprendizagem, reconhecendo-se portanto, que as
práticas didático-pedagógicas lúdicas podem auxiliar, “desse modo, à construção dos conceitos
geográficos que se fazem importantes e necessários para a formação de cidadãos críticos e
conscientes frente à realidade vivida” ((PINHEIRO, SANTOS e RIBEIRO FILHO, 2013,
p.41).
A autora ainda destaca que o construto formado pela escola e pela geografia escolar
precisa se comprometer em formar indivíduos com capacidade pensante, com o intuito de
estimular o raciocínio científico, para que assim possam assumir atitudes étnico valorativas
dirigidas a valores humanos fundamentais como a justiça, a solidariedade, o reconhecimento da
diferença, o respeito à vida, ao ambiente, aos lugares e a cidade.
Portanto, o papel fundamental do docente na geografia escolar atual é a instrução de
alunos através de uma educação inclusiva, pautada no diálogo e na busca pelas melhores
metodologias de ensino. No tocante ao ensino fundamental, os PCNs (1998) explicitam que se
torna importante considerar as categorias da disciplina mais adequadas para os alunos em
relação a esta etapa da escolaridade e às capacidades que se espera que eles desenvolvam.
Para com Buitoni (2010), nos PCNs da 5ª a 8ª séries (atual fundamental II) do ensino
fundamental, o objetivo da geografia é averiguar as relações entre o processo histórico na
consolidação das sociedades humanas e o funcionamento da natureza através da leitura dos
conceitos fundamentais da Geografia. Conforme esses parâmetros, as práticas envolvem
procedimentos de problematização, observação, registro, descrição, documentação,
representação e pesquisa dos fenômenos sociais, culturais ou naturais que compõem a paisagem
e o espaço geográfico, através da busca e formulação de hipóteses e explicações das relações,
permanências e transformações que aí se encontram em interação.
Neste sentido, o ensino da geografia se torna um desafio, ao passo que leva o professor
a buscar metodologias que visem facilitar a compreensão do aluno e a aplicação do conteúdo
didático em seu contexto. Para promover uma maior desenvoltura do aluno no processo de
ensino e aprendizagem, o ensino lúdico, que está sendo cada vez mais utilizado em práticas
pedagógicas, é uma ótima ferramenta, pois se torna um instrumento para reinserir o gozo e o
prazer nas aulas de Geografia Escolar (SILVA, BERTAZZO; 2013).
Diversos autores argumentam que novas metodologias de ensino devem ampliar o
conhecimento geográfico do aluno. Para Friedmann (2006, p.37), é necessário “definir os
espaços físicos onde estas atividades se desenvolverão: dentro da sala de aula, no pátio ou em
outros locais. Os objetos, brinquedos ou outros materiais também devem ser providenciados. ”
Kimura (2008) argumenta que o recurso mais utilizado nas salas de aula ainda é o livro
didático. Ele acaba sendo frequentemente o único referencial para o trabalho do professor. Esta
importante ferramenta auxilia o professor na organização dos conteúdos a serem trabalhados,
entretanto, compreende-se que apenas a sua utilização, sem a inserção de ferramentas lúdicas
na didática tornam o aprendizado um tanto limitado. Friedmann (2006) defende que:
[...] jogos de simulação são para a Geografia, e as ciências sociais em geral, como as
experiências de laboratório para as ciências experimentais. O Geógrafo não consegue
reproduzir no laboratório os fatos e fenômenos que estuda, reproduz recorrendo à
simulação e ao jogo. Isto permite abordar com simplicidade certos temas de caráter
complexo [...] sendo adequadas ao processo de ensino aprendizagem [...]. (JIMÉNEZ
E GAITE, 1995, p. 83).
Sendo assim, Passini (2007), argumenta que:
Os jogos podem ser adaptados para explicação de conceitos trabalhados, como reforço
ou como avaliação. Por exemplo: é possível construir um dominó com combinação
de explicitação de noções com o respectivo vocabulário; no “supertrunfo”, além da
forma sugerida pelo produtor, podemos desafiar os alunos a formar grupos como
regiões de língua, grupos de países exportadores e/ou importadores de determinados
produtos, índices de IDH etc. (PASSINI, 2007, p. 120).
Jogos como o “Batalha Naval” também podem ser aliados, visto que “como expressão
do potencial pedagógico contido nos jogos, este jogo é um ótimo recurso para auxiliar no
entendimento dos alunos com vistas ao conteúdo de coordenadas geográficas. ” (PRINHEIRO,
SANTOS e RIBEIRO FILHO, 2013).
Os autores ainda defendem que a quadra esportiva da escola pode auxiliar o professor
na associação de conteúdo, através da promoção de jogos de perguntas e respostas, gincanas e
atividades que podem ser grandes aliadas no processo de ensino e aprendizagem e tornar a
geografia uma disciplina divertida.
No entanto, o professor ainda enfrenta diversos desafios na interação dos alunos com
certa variedade de recursos e materiais didáticos, especialmente no tocante à escassez de
material didático disponibilizado nas escolas.
Muitos alunos não têm condições financeiras para adquirir livros, revistas, jornais,
etc., e, as bibliotecas das escolas, muitas vezes, não atendem às demandas, com um
acervo robusto e diversificado. Esta é a realidade da maioria das escolas, muito
embora o Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação –FNDE –tenha feito
grandes esforços, criando coleções preciosas sobre o Brasil, a fim de equipar as
escolas com livros clássicos de literatura e obras especializadas das diferentes
disciplinas. (SILVA e BERTAZZO, 2013, p.348)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nossa sociedade atual demonstra que antigos métodos de ensino contribuem para a
formação de pessoas incapazes de situar-se no espaço tempo, ou de compreender conceitos
facilmente utilizados na vida cotidiana. Diante tantos avanços e mudanças constantes em nossa
sociedade, nada mais justo que a educação e à docência geográfica acompanhem tais avanços
e dinamizem suas práticas para promover uma aprendizagem de qualidade
Conclui-se que a mesma deve colaborar com a visão do professor quanto às perspectivas
didático-pedagógicas mais coerentes com a necessidade educacional, no tocante a proporcionar
maior aproveitamento dos conteúdos abordados, propondo maior aproveitamento possível do
processo de ensino e aprendizagem.
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Geografia. 3. ed. Brasília: 1998.
DUARTE, N. Por que é necessária uma análise crítica marxista do construtivismo? In:
LOMBARDI, José Claudinei; SAVIANI, Dermeval (Org.) Marxismo e Educação: debates
contemporâneos. Campinas: Autores Associados, 2005.
JIMENEZ, A.; GAITE, M. J., ensinar geografia: Da teoria à prática. Colección Espacios y
Sociedades, n. 3, Madri: Editorial Síntesis, S.A., 1995.
LACOSTE, Y. A geografia, isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. 15ª
Edição. Campinas, Papirus: 1988.
INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa realizada pelo Programa Residência
Pedagógica (PRP), do curso de Licenciatura em Geografia, vinculado à Unidade Acadêmica de
Geografia (UAG), do Centro de Humanidades (CH), da Universidade Federal de Campina
Grande (UFCG). Como Residentes, somamos esforços para entender o programa e suas
adversidades. Dessa maneira, conhecer os princípios para sua criação é de fundamental
importância, principalmente ao notarmos que já existia um programa semelhante para formação
docente acadêmica, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Deste
modo, visamos realizar uma análise das justificativas do advento do PRP, além de refletir sobre
a importância no processo de ensinar e aprender a Geografia Escolar.
Esse texto refere-se aos resultados e discussões sobre o PRP, sendo apresentados da
seguinte forma: 1º, a análise sobre a criação do Programa Residência Pedagógica; 2º, as
diferenciações e semelhanças entre os dois programas e, 3º, a perspectiva dos Residentes diante
do Programa. A justificativa para que a organização fosse dessa maneira, é que se acredita que
nessa ordem há uma melhor elucidação dos objetivos que foram propostos inicialmente neste
artigo, pois parte-se inicialmente de uma análise dos pressupostos históricos, em seguida é
evidenciado o que se tem em comum (ou não) entre os dois, e por fim, é trazido resultados de
uma experiência vivenciada na prática.
METODOLOGIA
O presente trabalho é resultado de uma pesquisa bibliográfica, que foi enriquecida pela
análise documental, mas que para além disso, foi proposto que também fosse inserida uma
reflexão sobre a possibilidade de trazer à realidade e, a perspectiva dos Residentes de Geografia
sobre a temática. Para a obtenção das reflexões dos Residentes do Subprojeto Geografia, nos
utilizamos do Questionário Diagnose Inicial, realizado no mês de agosto de 2023. Estas etapas,
no entanto, foram precedidas de importantes movimentos de consolidação do conhecimento,
através de revisão bibliográfica e debates entre residentes.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Além disso, no objetivo quatro se discute sobre a adequação dos currículos das
universidades para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o que até hoje é fruto de
diversas discussões e questionamentos sobre a sua intencionalidade, visto que essa
universalização curricular representa um engessamento dos currículos próprios de cada
instituição, não considerando as singularidades que cada uma possui. Todo esse processo advém
de um discurso de que a escola vivencia uma grande crise e, que são necessárias grandes
mudanças. Sobre isso, Maués (2014, p. 38-39) afirma que:
Essa escola passou a ser criticada e responsabilizada pelo insucesso escolar, pelo
despreparo dos alunos ao término dos estudos, pela desvinculação dos conteúdos
ensinados em relação às novas demandas oriundas do mundo do trabalho assentado
no paradigma informacional. Da mesma forma, os professores passaram a sofrer
profundas críticas, e a ser, de certo modo, responsabilizados por esse “fracasso”
escolar. A formação desses profissionais passou a ser vista como muito “teórica”,
desvinculada de uma prática efetiva e afastada das demandas das escolas e da
sociedade.
Portanto, essa relação com a BNCC apontada no próprio texto da CAPES é fruto de um
processo neoliberal, que visa à formação para o mercado, flexibilização do controle estatal, a
individualização do fazer pedagógico, além do acirramento de disputas entre as instituições
(Leher e Motta, 2012), ou seja, esse último objetivo têm uma intencionalidade e, não podemos
deixar de enfatizar, ou acreditar que não tem objetivos por trás disso.
Ademais, o surgimento do PRP foi polêmico, na medida em que a proposta inicial era
de que este deveria substituir o PIBID, mas, além disso, o próprio diretor da CAPES na época,
Carlos Lenuzza, em um discurso proferido no estado de São Paulo, apontava que o PRP não
deveria ser restrito às bolsas. Assim, apesar de não ter sido anunciado cortes, houve uma
abertura para que discentes pudessem desenvolver as suas atividades sem ser minimamente
remunerados, o que tornaria impossível para muitos Residentes, isso se considerarmos a
realidade dos Residentes da Universidade Federal de Campina Grande, cujos estudantes,
igualmente àqueles que são “Residentes”, tem sua origem de domicílio em municípios distintos
e, por vezes, distantes do local onde se situa a IE onde estudam.
Em meio a toda essa polêmica surgiu uma série de movimentos espalhados por todo o
País, onde dividia-nos foram às ruas pela permanência e o fortalecimento do PIBID e, contra o
surgimento do PRP da forma como fora proposto e, com a precarização como se apresentou o
projeto inicial, precariedades estas, ainda vigentes na atualidade. Assim, uniram-se professores
da Educação Básica, Escolas, Professores do Ensino Superior e discentes bolsistas de diversos
cursos, além da sociedade civil organizada e dos seguimentos políticos apoiadores da educação
pública e da formação de professores (Figuras 01 e 02).
Figura 01 - Estudantes se mobilizam contra o fim do PIBID
Desse modo, o surgimento do Programa, aqui analisado foi bastante criticado e alvo de
diversas manifestações contrárias inicialmente, mas que ao decorrer dos anos foram cessadas,
visto que houve a sua criação, mas não tivemos a exclusão do PIBID, como propunha os
interesses neoliberais contidos nas propostas governamentais, conforme se intencionou
inicialmente. Atualmente, os dois programas estão funcionando, mas com algumas
diferenciações bem importantes que serão apresentadas mais adiante.
Figura: 03: Motivações/oportunidades para participação das Escolas e Supervisores Bolsistas no PIBID
1 Maior aumento do IDEB em algumas escolas.
2 Diminuição da repetência e desistência de educandos.
3 Elevação da autoestima de educandos e educadores.
4 Reestruturação de espaços da escola antes subutilizados a exemplo de pátios, labora-
tórios, salas de aula, bibliotecas, dentre outros.
5 Ressignificação das práticas docentes para supervisores e outros professores da escola.
6 Aproximação dos educandos do universo da academia pelas interações entre bolsistas do
PIBID e educandos da escola.
7 Incentivo aos docentes ao ingresso na pós-graduação, participação de eventos acadêmico-
científicos, dentre outros.
8 Incentivo aos educandos concluintes da Educação Básica ao ingresso na graduação.
9 Oferta da bolsa para supervisores como incentivo à participação no Programa.
10 Ressignificação das práticas dos discentes e do espaço escolar como lugar de
oportunidades.
11 Maior qualificação curricular para supervisores bolsistas.
12 Oportunidade de melhor qualificar o planejamento escolar.
13 Maximização da qualidade na relação escola-universidade.
14 Ampliação das atividades de ensino, pesquisa e extensão universitárias na escola.
Fonte: Di Lorenzo (2017) In: DI LORENZO & LUCENA NETO (2019, p. 48).
Ademais, nos dizeres do autor, a técnica não aparece isolada, mas em sistemas técnicos,
os quais correspondem a vários conjuntos de técnicas hegemônicas num dado momento. Assim
sendo, as diferentes técnicas e objetos distinguem os períodos históricos vivenciados. Para
além, o trabalho e as técnicas de cada época caracterizam seu tempo e seu espaço (Boas, 2017).
Aos nos referirmos ao PRP, associamos este Programa ao pensamento de Santos (1996),
pois sendo o Residência Pedagógica, um espaço formativo de aprendizagem, constitui-se como
terceiro espaço de aprendizagem docente, ou seja, um espaço formativo de professores. O
espaço é para a Geografia, um conceito fundamental, que pode ser vinculado à educação
geográfica e ao ensino de Geografia, como mostra Cavalcanti (2012, p. 45):
No entanto, apesar da extensa jornada de trabalho dos Residentes e dos docentes nestas
escolas, o Residência e o PIBID atuam como uma forma de auxiliar, aprimorar, valorizar e
reconhecer a importância da formação de professores. Afirmam os Residentes que ocorreram
muitas transformações em suas trajetórias desde o ingresso no Programa, e sua estadia em uma
ECI. De acordo com o Questionário Diagnose desenvolvido junto aos 16 Residentes (2023, p.
5), 87,5% afirmaram que o programa é importante para a formação docente e, a unanimidade,
consideram o RP como um programa “importante para a formação docente, mencionaram a
existência da concessão de bolsa, a contribuição para a melhoria do ensino público e, a formação
melhor qualificada”. Igualmente, mencionaram que ocorreram transformações positivas no
ingresso no RP e na ECI (2023, p. 82), quais sejam:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, o PRP, assim como o PIBID é um programa que visa atuar na formação de
docentes na Graduação, os quais fortalecem a formação no âmbito das licenciaturas, mas
também na Educação Básica, além de possibilitar a oferta de bolsa, indispensável ao
funcionamento/execução dos Programas, bem como se constitui como mecanismo de
permanência no Ensino Superior.
No tocante ao Residência, do qual fazemos parte, constatamos a formação vivenciada
como uma atividade extremamente árdua, prática e cansativa, porém se constitui como uma
escolha no momento em que se decide ingressar no Programa em uma possibilidade de
transformar a formação qualitativamente, pois é uma oportunidade ímpar para quem tem o
interesse de conhecer a realidade de perto e atuar profissionalmente na docência.
REFERÊNCIAS
GARCIA, Carlos Marcelo. Formação de Professores. Para uma mudança educativa. Porto:
Porto Editora, 1999.
LEHER. Roberto; MOTTA, Vânia Cardoso da. Políticas educacionais neoliberais e educação
do campo. In: CALDART, Roseli, ALENTEJANO, Paulo; FRIGOTTO, Gaudêncio (Orgs).
Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde
Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012.
NÓVOA; Antonio; HUBERMAN, Michael; GOODSON, Ivor F. et. all. Organizador: Antonio
Novoa. Tradutores: Maria dos Anjos Caseiro e Manuel Figueiredo Ferreira. Vidas de
Professores. Coleção Ciências da Educação - Vol. 4. 2ª Ed. 2000.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo, Hucitec:
1996.
SANTOS, Milton. Espaço e Método. 5a. ed. São Paulo: Edusp, 2014.
INTRODUÇÃO
Desde o começo da República, como sociedade, procuramos os meios para alcançar uma
educação baseada em princípios democráticos, com perspectiva emancipatória, pensamento
crítico e liberdade de escolha profissional. Houve décadas de progressos e fracassos na
sociedade democrática e, portanto, na educação. Os avanços mais significativos ocorreram
recentemente, com a Constituição Cidadã de 1988 (Brasil, 1988), criando um marco decisivo
na garantia dos direitos legais de setores e grupos perante a sociedade.
No âmbito da legislação educacional brasileira, procuramos compreender como se deu
o processo de implantação do ensino em tempo integral, nas escolas da região Nordeste,
destacando quantitativamente as ofertas educacionais. Em especial, destacamos o Estado da
Paraíba onde a o projeto de ECI caminha rapidamente.
A implementação do Programa de Educação Integral na Paraíba, desde 2016, considerou
o Ensino Médio Estadual em tempo integral, como principal política educacional. Embora o
tema seja ‘escola em tempo integral’ o estudo e reflexão não é algo novo, já que a história da
educação brasileira é marcada pelo esforço de pessoas ou grupos que tentaram melhorar a
‘qualidade da educação’ nas escolas públicas brasileiras, para tanto, implantam sucessivos
modelos educacionais.
Ao longo dos anos, a educação em tempo integral tornou-se um tema caloroso nos
debates educacionais. A promulgação da Lei nº 13.005 de 2014 (Brasil, 2014), aprovou o 5º
Plano Nacional de Educação (PNE), identificando a educação integral como meta da Educação
Básica e, considerando-a uma das suas metas até 2024. Segundo o PNE (Brasil: 2014, [s.d.]) o
propósito é: “oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas,
de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da Educação Básica”.
Uma das principais características do Programa de Educação Integral é a ênfase na
construção e no desenvolvimento de um projeto de vida do estudante, que deve ser o eixo em
torno do qual a escola organiza suas atividades, por meio da articulação interdisciplinar e
multidisciplinar dos componentes curriculares do programa da Base Nacional Comum
Curricular com Base Diversificada.
A utilização de um modelo pedagógico articulado com um modelo de gestão permite
um melhor planejamento, desenvolvimento e acompanhamento das ações pedagógicas de
maneira estruturada. As práticas pedagógicas dos componentes da Base Diversificada
específicos como: projeto de vida, pré-médio, pós-médio, eletiva,
tutoria, nivelamento, protagonismo juvenil com clubes juvenis e líderes de turma, orientação
de estudos e práticas experimentais (GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA, 2021).
A educação em tempo integral deve ter em conta um projeto educativo que visa à
ampliação das atividades desenvolvidas durante o tempo escolar, e não apenas a extensão do
tempo escolar como único parâmetro, indo assim ao encontro da teoria da hipótese de um
sistema de formação global e integrado.
Em 2018, as escolas que aplicaram o projeto de Escola Cidadã Integral foram
selecionadas com base no critério de estar localizada nas áreas de maior vulnerabilidade social,
tanto na região de Campina Grande, quanto em todo o Estado da Paraíba, conforme mapa da
Violência da Secretaria de Segurança Pública. A ECI Monte Carmelo, inserida no bairro do
Pedregal, na cidade de Campina Grande foi uma das escolas escolhidas para adentrar nesse
projeto da Secretaria de Estado da Educação da Paraíba.
As escolas que compõem o Programa de Educação Integral na Paraíba atendem aos
estudantes durante os cinco dias da semana em tempo integral. Quanto à jornada escolar, as
instituições de ensino integral na Paraíba funcionam em dois turnos, das 7h30 às 17h00, sendo
uma hora e vinte minutos para o almoço e, dois intervalos de vinte minutos para o lanche da
manhã e tarde, perfazendo a duração diária do período letivo em 9 horas e 30 minutos, diárias.
Dentre as ações desenvolvidas na ECI destacamos o programa Residência Pedagógica,
Subprojeto Geografia, onde se desenvolvem ações de incentivo à formação acadêmica docente,
oportunidade em que se aprende sobre a disciplina a qual se reporta o Programa, assim como
se entende o significado de educação e de escola, sendo a ECI uma das possibilidades de
promoção da formação acadêmica docente, no momento em que o Residente atua junto ao
Preceptor junto aos discentes da escola.
O caminho pelo qual se percorre no âmbito das experiências educativas nos serve para
a construção da identidade docente. As experiências vivenciadas nos trouxeram até o presente
momento, uma gama de diversidades que permitiu construir um futuro promissor e, a cada ciclo,
foi importante para renovar a nossa aprendizagem diária. São tantas mudanças e transformações
e isso nos faz pretender chegar cada vez mais longe, ao longo do percurso da docência. As
situações novas não se consolidam como obstáculos, mas nos fortalecem cada vez mais, e
proporcionam a persistir na utopia.
Situando os autores deste trabalho, no caso específico do primeiro autor, sua origem na
pequena cidade de Boa Vista – Paraíba onde cursou o Ensino Fundamental e Médio, até a
condução à profissionalização docente, como estudante de escola pública durante toda a
trajetória de vida escolar. Ao término dos estudos tentou o vestibular na Universidade Estadual
da Paraíba (UEPB), sem lograr êxito, o que o fez seguir para uma universidade particular, a
Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA) para cursar a tão sonhada formação em
Geografia e assumir uma sala de aula em uma escola pública.
Em 2008, começou a estagiar na sua cidade de origem, onde também estudou por um
período, na Escola Estadual Teodósio de Oliveira Lêdo, ao passo em que, simultaneamente
substituiu uma professora que estava saindo da escola para outra cidade, assumindo assim, duas
turmas dos 1º Anos do Ensino Médio, nas quais já atuava como estagiário. Assim iniciou a sua
carreira docente. Em agosto 2009, assinou o contrato com o Estado e ficou durante nove anos,
até 2018, assumindo uma Escola Cidadã Integral (ECI), na cidade de Campina Grande –
Paraíba, onde estou até o presente momento, atuando como docente e Coordenador de Área de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas desta unidade de ensino.
Nesse mesmo ano foi aberto um edital público para o Programa Residência Pedagógica,
surgindo assim, uma nova articulação entre a teoria e a prática social da profissão docente, onde
iniciei a atuação na condição de voluntário de novembro de 2023 a março de 2024, e
posteriormente à condição de bolsista, a partir de abril de 2023, com atividades desenvolvidas
na Escola Cidadã Integral Monte Carmelo, a qual foi contemplada com o Programa.
Compreendeu assim, como oportunidade que surgiu na escola e que seria importante participar
como Preceptor.
A prática atual no PRP demonstra que existem distanciamentos entre o discurso
acadêmico e, as atividades desenvolvidas nas escolas, o que constitui obstáculos a serem
vencidos pelos Residentes ao chegar à escola e na organização do trabalho pedagógico dos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental. O PRP promove um período de adaptação entre o
cotidiano formativo e à aprendizagem do licenciando para ampliar seus conhecimentos sobre
as atividades administrativas escolares, tornando-se um contexto histórico, assim como para os
Preceptores compreender a gestão do Programa e perceber as contribuições que este possibilita
na formação continuada docente, na Educação Básica. O PRP é assim, um espaço de exercício
da práxis, esta que segundo Libâneo (2008, p. 28), consiste na “formação profissional do
professor implica, pois, uma contínua interpretação entre teoria e prática, a teoria vinculada aos
problemas reais postos pela experiência prática e a ação prática orientada teoricamente”.
A chegada dos Residentes no ambiente escolar proporcionou uma experiência mais
completa, um repensar sobre os conteúdos e seus significados na vida dos discentes da escola,
pois permitiu uma experiência reflexiva de construção e (re)construção da perspectiva de visão,
proporcionada aos estudantes e a comunidade escolar. Além disso, exige reflexão acerca da
atuação como docente, pois traz novos olhares de como vemos a educação atualmente.
Como Preceptor-docente da escola, atua-se diretamente com o Residente, quando este
adentra o espaço escolar e, na sala de aula inicia suas primeiras experiências docentes, assim
como nos demais espaços da escola em aspectos relacionados ao seu espaço de trabalho para
conviver com a comunidade escolar, que por vezes mudam seus hábitos e passam a fazer parte
dele.
O contato inicial entre Preceptor e o Residente torna-se mais dinâmico no trabalho em
sala de aula e pela contribuição do desenvolvimento colaborativo. Essa aproximação e interação
criou-se uma inclusão de novos conhecimentos, cujo objetivo é colaborar com aprendizagem
dos estudantes, a fim de minimizar as dificuldades encontradas em sala de aula.
A presença do Programa Residência Pedagógica (PRP) revitaliza o espaço escolar na
medida em que integra universidade e escola, em tempo maior, isso se considerar o tempo de
vigência dos estágios (Pimenta, 2006; Imbernón, 2010)). Com objetivos definidos de inserir os
Residentes, diretamente na docência, o PRP une com funções definidas o Preceptor, Docente
Orientador, Residentes e discentes da escola, para além dos demais sujeitos que compõem o
espaço escolar (Placco, 1994).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A estadia do PRP na escola tem modificado o cotidiano escolar, seja com a presença de
Preceptores, Residentes e Docente Orientador, mas também pela transformação e realização de
práticas pedagógicas, as quais nem sempre se dão no cotidiano escolar, pois há sobrecargas para
os docentes e os estudantes no modelo ECI. Assim, espera-se e promove-se ações que possam
trazer maior interatividade, atratividade para que os educandos se sintam motivados à
participação nas atividades de aprendizagens.
A existência do Professor Preceptor e Coordenador de Área surge como uma figura com
dupla função, o que é bastante relevante no auxílio do trabalho da Coordenação
Pedagógica, podendo ir mais além. A modalidade de Ensino Médio em Tempo
Pedagógica, conforme estabelecido em meta do PNE, por ter ampliação de carga horária na
permanência dos discentes na escola, dentre as atribuições dos Coordenadores de Área, tanto
por estarem atuando em sala quanto por se relacionarem mais diretamente com os colegas
docentes e com os Residentes, no desenvolvimento de projetos de aprendizagens e divisão de
experiências e atividades que complementam o quefazer educacional.
Nesse sentido, os esforços realizados na pesquisa resultante neste trabalho buscaram
ajustar o nosso olhar para o objetivo de identificar a analisar as atribuições, os desafios e as
conquistas dos docentes Coordenadores de Área na produção do conhecimento por ocasião do
exercício em Escola de Ensino Integral do Estado da Paraíba, assim como pela participação
como Preceptor no PRP.
A utilização de um modelo pedagógico articulado com um modelo de gestão permite
um melhor planejamento, desenvolvimento e acompanhamento das ações pedagógicas de
maneira estruturada. As práticas pedagógicas como tutoria, nivelamento, protagonismo juvenil
com clubes juvenis e líderes de turma, os componentes curriculares específicos como
orientação de estudos e práticas experimentais, além da jornada integral, combinados entre si
têm refletido um efeito positivo na aprendizagem dos estudantes nas disciplinas da base
nacional comum e nos índices das unidades escolares, a exemplo do Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (IDEB) e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) (Brasil,
2018).
Após exposto, percebe-se que a existência do Professor Coordenador de Área, surge
como uma função bastante relevante no auxílio do trabalho da Coordenação
Pedagógica, podendo ir mais além. A modalidade de Ensino Médio em Tempo
Integral, estabelecido em meta do PNE, ampliou a carga horária na permanência dos docentes
e discentes na escola, apresenta as atribuições dos Coordenadores de Área, estando e atuando
em sala e se relacionando mais diretamente com os colegas docentes no desenvolvimento de
projetos e divisão de experiências.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Relatório
SAEB (ANEB e ANRESC) 2005-2015: panorama da década. Brasília: INEP, 2018.
Disponível em:
https://download.inep.gov.br/educacao_basica/saeb/2018/documentos/livro_saeb_2005_2015
_completo.pdf. Acesso em: 15 nov. 2021.
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria do Socorro Lucena. Estágio e docência: diferentes
concepções. Revista Poiesis. V. 3, n. 4, pp.5-24, 2006.
INTRODUÇÃO
Em janeiro de 2020, as autoridades chinesas comunicam a identificação de uma nova
variação do coronavírus, denominada SARS-CoV-2 que vinha se alastrando desde 2019 na
cidade de Wuhan na República Popular da China. O vírus é a causa da doença do COVID-19,
que pode trazer sintomas como fadiga, perda de olfato e paladar, perda de memória, dificuldades
respiratórias, dentre outros. Além dos vários sintomas da COVID-19, o vírus pode levar ao
óbito, foi o caso de mais de 650 mil pessoas no Brasil.
Dessa forma, foi necessária uma adaptação das metodologias de ensino e das práticas
docentes, utilizando plataformas, sites e aplicativos para manter o contato com os alunos e dar
continuidade às aulas. Entretanto, em meio a pandemia e a falta de acesso à aparelhos
tecnológicos e internet, como podemos garantir uma educação de qualidade e inclusiva? É fato
que, as desigualdades sociais no Brasil sempre foram evidentes, porém a pandemia do COVID-
19 trouxe à tona as fragilidades as quais a população está submetida. No caso da formação
inicial de professores, como construir a identidade docente e os saberes do profissional longe
da sala de aula convencional?
Além das perguntas feitas aos estagiários, também foram elaboradas 16 perguntas a
professora supervisora de alguns alunos do Estágio III e 13 perguntas para o coordenador do
Núcleo de Estágio Supervisionado do Sertão Alagoano (NESSA).
Como a presente pesquisa foi elaborada em meio a pandemia e pela distância física com
os participantes, tanto as entrevistas com a professora supervisora e com o coordenador do
NESSA, quanto os formulários aplicados aos estagiários foram realizados de maneira virtual,
através da plataforma do Google Meet, do Whatsapp e Google Formulário. Também utilizamos
do anonimato para resguardar os sujeitos da pesquisa, sendo identificados apenas por
codinomes: estagiário, professora, docente e coordenador.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com José Filho (2006, p. 64 apud PIANA, 2009, p. 167) “o ato de pesquisar
traz em si a necessidade do diálogo com a realidade a qual se pretende investigar e com o
diferente, um diálogo dotado de crítica, canalizador de momentos criativos”. É nesse mesmo
sentido que foi realizada a pesquisa intitulada “Formação Docente, Estágio Supervisionado e
pandemia do COVID-19”, tendo em vista que temos aqui a pretensão de analisar a formação
do profissional docente desde a sua formação inicial na universidade, bem como a constituição
desse profissional a partir do exercício da profissão, no contexto em que analisamos o Estágio
Supervisionado como momento de pesquisa, de experimentação e de vivência da prática
docente e do ambiente escolar, levando em consideração o momento da pandemia do COVID-
19, medos e angústias de estagiários e professores da rede pública de ensino.
O distanciamento social fez com que as lojas, as igrejas e as escolas, por exemplo,
precisassem cessar com suas atividades presenciais para seguir os protocolos de segurança
sanitárias. Desse modo, no contexto educacional, concordamos com Santana Filho (2020, p.5)
ao afirmar que:
A docência e a educação escolar estão abaladas. A pandemia, ao nos isolar uns dos
outros, estudantes, professores, pedagogos, gestores públicos e privados, abala a
dinâmica da escola: seu sentido baseado na convivência e compartilhamento de ideias
e saberes, na transmissão de conteúdos consolidados e conduzida por práticas
seculares encontra-se revirado. Que fazer?
O distanciamento social, no contexto das escolas, limitou as interações entre professor-
aluno, professor-professor e aluno-aluno, além da própria interação com o ambiente escolar,
contatos estes que são essenciais para a realização de um processo de ensino-aprendizagem de
qualidade. A necessidade do distanciamento imediato e sem nenhuma preparação dos
profissionais e da instituição para uma intervenção educacional na vida dos alunos de maneira
remota trouxe prejuízos à aprendizagem dos mesmos.
Não houve um preparo para as aulas remotas/online, isso impediu que nós
docentes que não possuímos intimidade com aparelhos tecnológicos
pudéssemos ministrar as aulas da melhor forma possível a fim de garantir o
aprendizado pleno dos alunos, devido a isso, minhas aulas se restringiram ao
Whatsapp e Google Meet. – Professora Supervisora.
A falta de preparo dos docentes para o uso de tecnologias e plataformas de ensino antes
do início das aulas remotas dificultou o trabalho docente, sendo necessário um gasto extra de
tempo para aprender o manuseio dessas tecnologias sozinhos, ao mesmo tempo em que tinham
que planejar suas aulas para plataformas virtuais sem nenhum preparo prévio.
Sobre isso, Santana Filho (2021) afirma que a transmutação do planejamento original
para atividades remotas atende a um imediatismo que parece desconsiderar a crise sanitária de
fato, tendo como objetivo primordial manter o ativismo didático e sob pouca orientação para se
pensar uma ação pedagógica cujos conteúdos estariam centrados em uma educação integradora.
Pensar uma educação integradora, emancipatória, democrática e de qualidade é o cerne da
questão. Contudo, o objetivo dos órgãos de gestão pedagógica pareceu centrado na continuação
das atividades escolares sem se preocupar em como isso poderia ser realizado. Corroborando
com esse argumento, Macedo (2021, p. 267-268) afirma que, ao findar o ano de 2020,
“nenhuma política pública federal de garantia à conectividade e à educação remota para
estudantes do ensino público tinha sido aprovada no país”.
Quanto à frequência, a professora entrevistada afirma que a maioria dos alunos não
compareciam as aulas e os que entravam nas salas online, via Google Meet, não participavam,
desse modo, sentia-se preocupada com o aprendizado e a situação psicológica, financeira e
familiar dos mesmos, pois estes eram os principais motivos das faltas, além do desinteresse e
desmotivação. Para a docente essa situação era horrível, pois falava sozinha, com pouco ou
nenhum retorno dos alunos. Essa situação incomodava com maior intensidade a professora ao
se recordar que os alunos eram participativos durante as aulas presenciais.
Nesse sentido, coube também aos profissionais da educação encontrar caminhos para
que os alunos que não tem acesso à internet e/ou aparelhos tecnológicos fossem incluídos.
Assim, Macedo (2021) afirma:
A professora supervisora aponta que um dos meios encontrados foi o envio de apostilas
com conteúdos e atividades que deveriam ser estudados pelos alunos em casa e depois
devolvidos para a correção. As atividades ficavam disponíveis na escola, onde os alunos ou
responsáveis deviam buscar. Essa foi uma das saídas encontradas para tentar manter a conexão
com os alunos que não possuíam acesso a aparelhos tecnológicos e internet.
Quanto aos deveres, a professora afirma: “A maioria dos alunos não realizavam as
atividades e avaliações solicitadas para fixação dos conteúdos e acompanhamento do
aprendizado, entretanto, havia uma orientação para que todos fossem aprovados”. A
orientação mencionada pela docente trata-se do Parecer CNE/CP Nº 11/2020 que afirma:
Desse modo, os professores foram sendo sobrecarregados de funções que não lhes
cabiam, como a necessidade de utilizar seus próprios recursos para ministrar suas aulas de casa,
necessitando de um ambiente adequado, boa rede de internet, habilidade com tecnologias e
aparelhos digitais, além de desenvolver novas metodologias de ensino que se adequem ao
ambiente virtual e remoto. Essas novas atribuições sobrecarregaram os profissionais educadores
que não têm facilidade em aprender os recursos que as plataformas digitais podem oferecer,
assim exigindo um esforço para se adaptar, aprender e utilizar recursos tecnológicos em suas
aulas que passam a ser remotas.
Dessa forma, podemos entender que a pandemia não gerou apenas problemas no setor
sanitário, social e econômico, ela revelou as fragilidades educacionais no Brasil, reflexos do
quadro de desigualdade social do país, também evidenciou a necessidade de preparação dos
docentes para o uso das tecnologias e a importância de pensar uma educação inclusiva para
crianças, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade socioeconômica; além de reconhecer
a figura do professor como essencial para esse processo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estágio supervisionado é um componente curricular de suma importância a formação
docente, tendo em vista o seu caráter prático que, articulado a teoria, promove a formação de
um profissional capacitado para o mercado de trabalho e para enfrentar os desafios da profissão,
pois o estágio proporciona ao licenciando a vivência no ambiente escolar, construindo sua
identidade docente e adquirindo os saberes docentes inerentes à docência, ao passo que também
proporciona a oportunidade de reflexão sobre a profissão de professor.
REFERÊNCIAS
SANTOS, Maria Francineila Pinheiro dos. O estágio enquanto espaço de pesquisa: caminhos
a percorrer na formação docente em Geografia. Porto Alegre, 2012. 130 fl. Tese (Doutorado) –
Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2012.
INTRODUÇÃO
A construção do ser professor perpassa por múltiplos processos inconclusos, porém
constantes e intensos, que refletem diretamente nas relações cotidianas, através de dimensões
sociais, culturais, econômicas e políticas que influenciam diretamente na formação da
identidade docente. Esses processos são consolidados nas múltiplas experiências do professor
durante sua prática docente, constantemente se (re)fazendo. Contudo, torna-se ainda mais
complexo quando pensamos a formação continuada para professores que atuam no ensino
superior, nos cursos de licenciatura, que tem como desafio formar professores.
Associado a isso, destacamos também como variável importante nessa conjuntura, o
desafio de professores supervisores acadêmicos, que atuam nos componentes de estágio
supervisionado obrigatório, nos cursos de licenciatura. Além da responsabilidade de conduzir
o processo formativo de estudantes em suas primeiras experiências com a prática docente em
ambientes escolares, também é um elo importante entre universidade e escola e na
ressignificação de saberes, através da necessidade de sensibilização quanto aos desafios
constantes que costumam surgir durante o exercício de supervisão.
Diante do exposto, o presente trabalho procura discutir o papel do estágio
supervisionado obrigatório na formação continuada de professores supervisores acadêmicos.
Essa discussão surge a partir da experiência enquanto supervisora acadêmica desde 2021 do
estágio supervisionado obrigatório do curso de Geografia da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte – UERN, campus avançado de Assú. A supervisão de estágio corresponde ao
ensino fundamental anos finais e ensino médio. Todas as escolas campo estão localizadas na
cidade de Assú, conforme orientação do regimento de estágio da instituição de ensino superior.
Durante todo o processo vivenciado enquanto professora supervisora acadêmica, o
exercício de supervisionar estudantes estagiários nas escolas, o planejamento de estratégias
formativas, as discussões teórico-metodológicas nos encontros teóricos e as múltiplas decisões
a serem tomadas a partir de cada realidade apresentada, tendo em vista as muitas adversidades
e especificidades que costumam surgir durante a supervisão, teve/tem papel muito importante
na prática docente e no estágio enquanto campo de pesquisa na formação docente.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Outro elemento apontado pela autora diz que todo o processo de formação continuada
tem que possuir enquanto referência central o saber docente, através do seu reconhecimento e
valorização. Ressalta que os saberes da experiência, núcleo central do saber docente, se fundam
no trabalho cotidiano e no conhecimento de seu meio. “É através desses saberes que os
professores julgam a formação que adquiriram, a pertinência ou o realismo dos planos e das
reformas que lhe são propostas e concebem os modelos de excelência profissional”.
(CANDAU, 1997, p. 59-60).
Sobre saberes docentes, Farias (et al, 2011) apresenta um quadro síntese a partir das
ideias de autores que desenvolveram diferentes categorizações dos saberes docentes e que
consideramos pertinente destacar:
Autores Tipologias
Tardif, Lessard e Saberes da formação profissional; saberes disciplinares; saberes
Lahayse (1991) curriculares; saberes da experiência.
Gauthier (1998) Saberes disciplinares; saberes curriculares; saberes das ciências da
educação; saberes da tradição pedagógica; saberes experienciais;
saberes da ação pedagógica.
Shulman (1986) Conhecimento do conteúdo da matéria ensinada; conhecimento
pedagógico da matéria; conhecimento curricular.
Saviani (1996) Saber atitudinal; saber crítico-contextual; saber específico; saber
pedagógico; saber didático curricular.
Pimenta (1999) Saberes do conhecimento; saberes pedagógicos; saberes da experiência
Como último elemento apontado por Candau, destaque para o ciclo de vida dos
professores, onde as necessidades, os problemas, as buscas dos professores são diferentes,
porém muitas estratégias de formação continuada não consideram essa questão. Candau (1997)
esclarece que os critérios e características costumam ser os mesmos para o professor iniciante,
o professor que já possui estabilidade profissional, aos profissionais incertos da profissão
escolhida e ao professor que já está próximo da aposentadoria.
Nesse sentido, a autora citada reforça que a formação continuada não deve ser concebida
enquanto um acúmulo de atividades desenvolvidas, mas um trabalho de reflexão crítica sobre
as práticas ressignificadas de forma permanente através da identidade pessoal e profissional
integrada. Uma perspectiva de repensar constantemente os moldes da formação docente.
Nessa dimensão, o professor exerce um papel muito importante na construção de
conhecimento, necessitando se apropriar dessa identidade pautada num conhecimento
pedagógico político. Para Melo (2018) a concretização do processo de ensino aprendizagem
representa a essência do trabalho docente, materializada pela aula. A aula é processo e produto
dessa concretização.
Pensar a profissionalização docente consiste em entender a sua dinamicidade e
exigências que costumam se ampliar conforme o seu patamar profissional. Relaciona-se com
os sentidos, projetos, aspirações à profissão docente. A profissionalização segue ainda critérios
relacionados as seguintes dimensões: “estruturais, que estão ligadas aos processos de formação,
certificação; à dimensão pessoal (envolvimento, compromisso, autonomia), assim como às
questões sociais, relacionadas ao reconhecimento social da profissão e remuneração” (MELO,
2018, p. 63)
No tocante a essa profissionalização docente relacionada com a docência universitária,
é importante mencionar que a universidade, com destaque aqui para a universidade pública, tem
como compromisso primordial o desenvolvimento da pessoa humana. Seguindo esse raciocínio,
vale ressaltar os desafios e dificuldades do exercício da docência universitária. Para Melo
(2018) isso se dá devido as exigências de domínio de diferentes saberes, tendo em vista que sua
formação não contempla aspectos vinculados as discussões teórico-metodológicas dos
conteúdos. Correspondendo a essa questão, a autora relata que:
[...] Se, por um lado, a formação de grande parte dos docentes universitários não
contempla questões relacionadas ao exercício da profissão docente, por outro, será
fundamental criar nas universidades espaços para discussão e reflexão a respeito da
docência e dos desafios enfrentados no exercício dessa profissão. [...] O trabalho de
ensinar requer uma escolarização, mais ou menos longa, pautada na construção de
conhecimentos teóricos e práticos a respeito do ofício de ensinar, no sentido de
preparar o professor para sua atuação profissional. No entanto, os conhecimentos
teóricos, apesar de importantes, não são suficientes para o exercício do magistério,
que requer constante aprendizado teórico-prático na gestão da profissão, no sentido
de o professor familiarizar-se com seu ambiente de trabalho, com os desafios postos
pela prática, com os percalços e com as possibilidades no exercício da docência
universitária (MELO, 2018, p. 103-104)
REFERÊNCIAS
FARIAS, Isabel Maria Sabino de [et al]. Didática e docência: aprendendo a profissão. 3ª ed.
Brasília: líber livro, 2011
CANDAU, Vera Maria. Magistério: construção cotidiana. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
NÓVOA, Antonio. Firmar a posição como professor, afirmar a profissão docente. Cadernos
de Pesquisa, v. 47, n 166, out/dez, 2017
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. 6ª ed. São
Paulo: Cortez Editora, 2010.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 23ª ed. São Paulo:
Cortez, 2007.
INTRODUÇÃO
A identidade não é um dado imutável. Nem externo, que possa ser adquirido. Mas é
um processo de construção do sujeito historicamente situado. A profissão de
professor, como as demais, emerge em dado contexto e momento históricos, como
resposta a necessidades que estão postas pelas sociedades, adquirindo estatuto de
legalidade.
Corroborando a este pensar sobre os elementos que constituem e dão corpo àidentidade
docente, Vallerius (2017, p. 18) discutirá que a formação de professores não ocorre apenas à
etapa acadêmica de graduação no que diz respeito a todos os componentes curriculares de
formação inicial, etc., mas sim, como esses sujeitos sendo, literalmente, “produtos vivos de
nossas experimentações, ações, reações e escolhas diversas e que trazemos no âmago de nossa
gênese: lembranças, frustrações, posições”.
Isto é, a condição do ser professor, assim como um imã com seu campo magnético, atrai
para si várias forças não apenas acadêmicas, como já viso, mas também, históricas e sociais
com suas propriedades e cargas elétricas possibilitando que, neste contexto, a formação do
professor seja um campo vetorial direcionado à construção da identidade e prática docente. Por
isso, Pimenta (1999) auxilia neste pensar ao chegar à conclusão que o professor é ator e autor
das suas atividades cotidianas que entre a teoria e prática vai consolidando-se e situando-se.
Ainda tempo como um acréscimo a esse comentário:
Dentro desse processo da identidade docente, saberes de suma importância ainda são
atribuídos e construídos, sendo eles os conhecimentos, o saber-fazer, as competências e
habilidades (TARDIF, 2014), os quais serão mobilizados nesta profissão possuindo relação
direta com todo o contexto do profissional docente, de sua trajetória e de sua condição tanto
para com a escola, como para a sociedade.
Esse saber neste contexto não é algo meramente subjetivo que fica nas entrelinhas, mas
sim, um saber que está direcionado à própria pessoa e identidade docente deste indivíduo, assim
como, a suas vivências e experiências refletidas nas suas relações pessoais e profissionais. Não
obstante, é certo que o estudo acerca da identidade docente tem se expandido cada vez mais.
Isso se dá, pois a identidade docente certamente é uma categoria que dá abertura para o
entendimento de várias posturas e comportamentos que o professor assume, além desta refletir
também na profissão e profissionalização docente
Vallerius (2017, p.78) considera o estágio “como um espaço que privilegia e propicia a
conexão entre os ambientes universitários e escolares além de contribuir para que o discente
tenha uma percepção mais factível de uma futura realidade profissional”. Partindo disso e de
uma perspectiva semelhante, conforme Lima (2021), atenta-se que a formação docente inicial
serve como espaços de saber e de construção de saberes profissionais, hábitus profissionais e
identidade profissional. E ainda acrescentado Lima (2021, p.158):
Ainda em tempo, na vivência do estágio podemos observar que esse permite uma
reflexão sobre a práxis pedagógica, neste mesmo processo abarca-se também a realidade do
discente praticando as teorias estudadas e trabalhadas ao longo curso. Ao ver isso, Borssoi
(2008, p. 9), diz que:
METODOLOGIA
A metodologia é uma etapa crucial para o desenvolvimento de qualquer pesquisa que
seja, uma vez que por meio dela os objetivos e hipóteses levantadas serão observadas e
analisados a fim de traçar uma melhor rota para chegar-se a uma conclusão viável e confiável.
Segundo Faoro (2000, p. 74):
Dizer da metodologia de uma pesquisa implica deixar claro como, através de que
sequência de passos, com o auxílio de que instrumentos, junto a que população, onde
e quando pretendemos alcançar os objetivos estabelecidos e obter respostas válidas
para a pergunta que nós fazemos ou o problema que nos inquieta, tentando chegar o
mais próximo possível da realidade investigada.
[...] as mais recentes obras científicas disponíveis que tratem do assunto ou que deem
embasamento teórico e metodológico para o desenvolvimento do projeto de pesquisa.
É aqui também que são explicitados os principais conceitos e termos técnicos a serem
utilizados na pesquisa. A revisão da literatura demonstra que o pesquisador está
atualizado nas últimas discussões no campo de conhecimento em investigação. Além
de artigos em periódicos nacionais e internacionais e livros já publicados, as
monografias, dissertações e teses constituem excelentes fontes de consulta.
A revisão está solidada em autores que indagam reflexões sobre o objeto de estudo:
identidade docente; formação inicial de professores; construção identitária; dentre outras
discussões; além dos aportes legislativos. Fundamentando-se em Andrade, Resende (2010); Lei
de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (1996); Libâneo (2005); Lima (2021); Martins
(2015); Nóvoa (2007); Obara, Broietti, Passos (2017); Pimenta (1999, 2002); Pimenta e
Anastasiou (2002); Tardif (2014); Vallerius (2017); dentre outros.
No que concerne ao levantamento documental, este se adotou como uma forma de tornar
a pesquisa mais robusta e informativa, visando evidenciar o papel e a relação das disciplinas de
Estágio Supervisionado no percurso formativo identitário dos professores de Geografia.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Não obstante, pontua-se que o Estágio Supervisionado atua justamente como um
momento de possibilidades de diálogo, de trocas, de partilha de experiência e de saberes, o qual
proporciona reflexões que moldam as variadas dimensões que se acoplam na composição da
identidade docente.
A construção da identidade docente, por vez, é uma categoria a qual tem seu campo
bastante minado, haja vista que configura e molda o futuro profissional docente. Perante isso,
alguns pontos foram encontrados quanto à importância e significado do processo de construção
da identidade docente na formação inicial e o Estágio Supervisionado:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por vez, nota-se que a construção da identidade docente vai caracterizar-se como um
espaço de desafios, embates e fomenta uma condição de reflexão-ação, o qual é um processo
de construção social, complexo e dinâmico. Isto é, a construção da identidade docente o Estágio
Supervisionado na formação inicial, estão intrinsicamente ligados, uma vez que se encontram
elementos imprescindíveis na constituição do sujeito docente.
Porém, faz-se válido observar que a construção da identidade docente em si não finaliza
na graduação, nem tampouco nos cursos lato sensu ou stricto sensu, é um desenvolvimento
constante o qual elenca em si ao longo do tempo várias e novas roupagens e concepções.
Podemos dizer, de certa forma, que o Estágio Supervisionado é o ponta pé inicial de uma longa
jornada de transformação, aprendizados, re(significados), saberes e experiências que são
colecionados e amadurecidos a partir da prática profissional.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Rosana Cássia Rodrigues; RESENDE, Marilene Ribeiro. Aspectos legais do
estágio na formação de professores: uma retrospectiva histórica. In: Educação em Perspectiva,
Viçosa, v. 1, n.2, p. 230-252, jul./dez. 2010.
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BRASIL. Parecer CFE n.° 292/62, de 14 de novembro de 1962. Fixa matérias de formação
pedagógica. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12636&Itemid=86
. Acesso em: 02 julho 2023.
LIMA, Janiara Almeida Pinheiro. Formação inicial do(a) professor(a) de geografia nas
instituições públicas no Recife: desafios curriculares e da prática docente. 2021. Dissertação
(Mestrado em Geografia) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2021. Disponível em:
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/41066. Acesso em: 01 setembro 2023.
MARTINS, Rosa Elisabete Militz W.; TONINI, Ivaine Maria. A importância do estágio
supervisionado em Geografia na construção do saber/fazer docente. Geografia, Ensino &
Pesquisa , Vol. 20, n.3, p. 98-106, 2016.
OBARA, Cássia Emi; BROIETTI, Fabiele Cristiane Dias; PASSOS, Marinez Meneghello.
Contribuições do PIBID para a construção da identidade docente do professor de Química.
Ciênc. Educ., Bauru, v. 23, n. 4, p. 979-994, 2017.
SANTOS, Maria Francineila dos. O estágio enquanto espaço de pesquisa: caminhos a percorrer
na formação docente em Geografia. 2012. 151 f. Tese (Doutorado em Geografia). Instituto de
Geociências da UFRGS. Porto Alegre, 2012.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 17. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
DIDÁTICA DA GEOGRAFIA HUMANÍSTICA-CULTURAL NO BRASIL:
SENTIDOS, ELEMENTOS E LINGUAGEM
INTRODUÇÃO
Quadro 1 – proposta de periodização da educação geográfica e da geografia escolar brasileira após 1970
Além da dimensão sintática da linguagem, isto é, a relação dos sinais linguísticos entre
si, no sentido de que um sinal remete a outro, e da dimensão semântica da linguagem,
isto é, a relação dos sinais linguísticos com o significado, no sentido de que um sinal
remete a algo, passa-se a teorizar a dimensão pragmática da linguagem, isto é, a
relação dos sinais com os sujeitos, e sobretudo, com o uso que os falantes fazem deles.
Esta última dimensão refere-se, portanto, à função comunicativa da linguagem e não
apenas à função representativa como é teorizada em abordagens semânticas
(SANTOS, 2007, p. 51).
Unwin (1992) interpretou a Geografia Humanista como ciência histórico-hermenêutica
a partir da crítica ao positivismo lógico, à introdução geográfica no mundo subjetivo e à
abordagem compreensiva. Esclarece-se, com Habermas (1987), que as ciências se dividem em
empírico-analíticas, histórico-hermenêuticas e críticas, e a elas se associam respectivos
interesses técnicos, práticos e emancipatórios.
Cabe lembrar que as discussões sobre Didática da Geografia datam da primeira metade
do século XX, atreladas ao movimento do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, do qual
o professor Carlos Delgado de Carvalho foi signatário (cf. AZEVEDO, 2010). Em 1954, foi
criada, na Universidade de São Paulo, na Faculdade de Filosofia e Letras, a primeira disciplina
de Didática Especial de Geografia, sob a condução da professora Amélia Americano
Domingues de Castro, a qual desenvolveu estudos relativos à Escola Nova e ao construtivismo
de Jean Piaget (MELLO, 2022a), sendo, ainda hoje, pouco notada na produção sobre o tema
(MELLO, 2022b).
Passado o tempo, porém, essa Didática não logrou sucesso nas práticas dos professores
nas escolas públicas. Para mais, ainda hoje raramente se constata um professor construtivista,
malgrado o uso generalizado, na prática comunicativa cotidiana, de terminologias e conceitos
associados, tais como “construção do conhecimento”, “mediação”, “aluno como sujeito”.
Destaca-se, ainda, que se excluíram estudos os quais, sob a rubrica de Didática, em nossa
interpretação, tratam-se, na realidade, de abordagens metodológicas, tais como: atividades
didáticas, estratégias didáticas, estratégias didáticas inovadoras, práticas didáticas, proposta
didática, possibilidades didáticas. Esse uso indevido, frouxo, de Didática tem contribuído, agora
e antes, para confusões conceituais entre a teoria do ensino e a prática de ensino, ou entre aquela
e o ensino, como se uma se resumisse à outra.
Por sua vez, optou-se por abranger estudos que, não tendo a Didática como foco, tratam
de seu objeto, o ensino e a aprendizagem (BONETE, DALVANI e JÚNIOR, 2014; CORREIA,
2009; LOPES, 2010; SOARES, MONTALVÃO, SILVA, 2020; SUESS, 2016; SUESS, LEITE,
2017), da geografia escolar, ou de reflexões em torno de alguma temática associada à Didática
(ANDREIS, 2019; DAVIM; MARANDOLA JÚNIOR, 2016; MARANDOLA JÚNIOR;
TAKEDA, 2004; SOUZA, 2011; SUESS, LEITE, 2018), buscando entrever uma “Didática” da
Geografia Humanística-Cultural no Brasil. Diz-se desse modo para assinalar que nos
concentramos na consideração de esforços nacionais de desenvolvimento das perspectivas
didáticas, evitando-se, por hora, a consideração de outras realidades nacionais.
Para situar a discussão, aceita-se que dois rumos marcam a Didática geral na primeira
metade do século XXI. De um lado, propõe-se a redução de sua carga horária em disciplinas de
variados cursos, notadamente na Pedagogia (GATTI; NUNES, 2009); de outro, a dispersão e
diversificação de seus enfoques, temas e problemas (CANDAU, 2009). Os manuais de Didática
são documentos que conseguem sintetizar o alcance e a expansão temática.
Nos textos que abordam a temática, não se discutem os sentidos da Didática. Em seu
lugar, observa-se um uso impreciso e fragmentado associado a outros termos, por exemplo, a
práticas didáticas e a estratégias didáticas. Logo, as discussões no âmbito da educação
geográfica não acompanharam o movimento de renovação cultural da Didática no campo da
Pedagogia no Brasil, especialmente naquilo que Candau e Leite (2009) têm chamado de
Didática Multicultural. Dentre os poucos estudos encontrados, mencionamos o de Suess (2018),
o qual tem como subtítulo novos percursos para o ensinar-aprender. Logo, aquilo que constitui
o núcleo duro da Didática não a menciona, portanto, não propõe uma compreensão do que esta
poderia ser numa perspectiva cultural.
Admite-se um impulso dado pelos PCN de Geografia. Todavia, passadas mais de duas
décadas, esse tempo ainda não foi suficiente para a elaboração de uma teoria do ensino e da
aprendizagem geográfica em termos humanistas e culturais. Muito disso se deve, também, aos
equívocos de assimilação automática entre ensino e Didática, transfigurando-se aquele nesta,
ou esta naquele. Desse modo, ainda que a Didática seja a teoria do ensino, é premente
reconhecer que implica num ensino mediado linguisticamente entre professores e discentes, e
orientado para a finalidade instrumental ou comunicativa da aprendizagem, amparada na
escolha entre alternativas metodológicas e no uso de recursos didáticos associados aos
conteúdos, e, por fim, carente de avaliação do processo pedagógico.
Assim, para esse entendimento, Habermas (2022) conta com os aspectos do entender-se
com outra pessoa sobre algo no mundo ao modo de um tríplice significado de uma expressão
linguística, a qual se divide em: o que se entende com ela, o que se diz nela e o modo como ela
é utilizada no ato de fala. Nessa última parte, conta-se, portanto, a função informativa,
representativa ou de intercompreensão mútua. Além disso, conta a orientação da fala para a
influenciação ou para a busca compartilhada do entendimento. Além da linguagem verbal, há
outras linguagens, e todas elas podem e devem ser desenvolvidas na escola.
Com base nisso, uma Didática para a Geografia Humanística-Cultural pode contar com
as funções dos atos de fala mediante a consideração de como essas ações podem ser medidas
em contextos da vida cotidiana. Para Habermas (2002), a função de representação mede-se pela
condição de verdade; a função de interação, pela condição de autorização; e a função de
expressão, pela condição de sinceridade. Medir significa, de outro modo, que, ao estabelecerem
interações de fala, tanto os falantes quanto os ouvintes podem aduzir pretensões de validade e
apresentar razões.
Por conseguinte, as ações de fala podem ser criticadas sob três aspectos: como
inverídicas em relação a uma asserção; como incorretas em relação a um contexto normativo
ou de legitimidade das normas; e como não sinceras em relação a intenções (HABERMAS,
2002). Ao centralizar-se na função expressiva da linguagem, a Didática da Geografia
Humanística-Cultural pode tornar-se reducionista. Carneiro (2022) propõe, diante disso, que
três modos de ação linguística conformariam três tipos de Didática em uso sistemático pelos
professores de Geografia, focadas em ensinar-aprender verdades, justiça e sinceridade.
CONCLUSÕES
O estudo objetivou conhecer os sentidos, os elementos constituintes e o lugar que ocupa
a linguagem na Didática da Geografia Humanística-Cultural. Viu-se que esta não se encontra
ainda constituída, sendo carente, portanto, de aprofundamentos. A sua consolidação como
campo discursivo comparativamente à Didática da Geografia Crítica requer considerações
sobre o que significa Didática, a sua aproximação com a Didática Geral Multicultural, a
descrição de seus elementos, além de atenção ao tema da linguagem comunicativa entre as
pessoas.
Por sua vez, com suporte nos dados levantados, conclui-se que a referência a Edmund
Husserl, a Lev Vygotsky ou a Paulo Freire não significa necessariamente a demonstração de
que a interação humana mediada pela fala é central no processo pedagógico. Pelo contrário. Os
dados indicam que há ausências ou negações de uma dimensão eminentemente humana da vida:
a comunicação entre as pessoas. A linguagem imagética, por seu turno, em diferentes meios, é
privilegiada. Pode-se concluir, com isso, que a função de entendimento própria da fala, verbal
ou não verbal, entre as pessoas é preterida a outras formas de linguagem.
REFERÊNCIAS
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educadores 1959. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.
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Grupo de Trabalho: GT04 – Didática. Reunião: 23ª Reunião Anual da Anped. Disponível em:
https://www.anped.org.br/biblioteca/item/questao-didatica-e-perspectiva-multicultural-uma-
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geografia no Brasil? um olhar sobre elementos da pesquisa e do lugar que ela ocupa nesse
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Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/26066. Acesso em: 8 set.
2023.
Raissa de Araújo
Universidade Federal da Paraíba
issa_araujo@live.com
INTRODUÇÃO
No presente relato iremos apresentar as experiências pedagógicas vivenciadas ao longo
de seis meses de projeto no qual utilizamos o laboratório como instrumento de diálogo e de
aprendizagem.
O Laboratório e Oficina de Geografia da Paraíba (LOGEPA) foi fundado em 1997 pela
professora Dra. Emília Moreira fica localizado no Departamento de Geociências (DEGEO) no
Centro de Ciências Exatas da Natureza (CCEN) e tem como principal objetivo a inserção da
comunidade externa ao Campus I, onde está situado em João Pessoa - PB, trazendo ao público
uma visão de ensino em Geografia para além da sala de aula.
Quando falamos do ensino em Geografia, precisa-se entender da necessidade de
materiais que favoreçam os métodos de ensino, pois não se compreende Geografia somente de
forma teórica e com memorização, é preciso desenvolver materiais que sejam de fácil
compreensão para os alunos. É nesse sentido que a LOGEPA desempenha um papel que é de
suma importância para a vida dos acadêmicos e para professores e alunos de ensino básico.
Ao longo de sua existência, o LOGEPA se destaca pela forma na qual desempenha as
práticas no ensino geográfico, com isso podemos observar diversos resultados positivos, sendo
maias um potencializador das práticas educativas que resultam em benefícios para a formação
de futuros professores de Geografia, além de desempenhar um papel muito importante sobre o
ensino de Geografia da Paraíba.
Quando se é desenvolvida práticas educativas de forma geral, isso ajuda a fortalecer
ainda mais o conhecimento dos discentes, enriquecendo os mesmos na formação acadêmica.
Dessa forma, entendemos a necessidade de manter um laboratório como o LOGEPA.
Para Freire (1996, p. 26) afirma que é importante viver essa autenticidade exigida pela
prática de ensinar-aprender, pois assim podemos participar de uma experiência de amplitude
significativa. Nesse sentido, entendemos que essas práticas desenvolvidas no laboratório são de
grande importância para nós, futuros educadores.
Portanto se compreende que o ensino em geografia não somente parte de um
conhecimento teórico, mas também quando observamos o espaço a nossa volta e conseguimos
entender sua concretude com mais clareza, e é com essa ideia que o laboratório se torna
importante para nós discentes, pois lá podemos contextualizar e expor fatos históricos, culturais
e físicos referentes ao nosso Estado e outras localidades do país, tornando assim mais fácil a
compreensão do conteúdo que queremos repassar.
METODOLOGIA
Para a realização das visitas é necessário que haja um agendamento prévio, onde as
pessoas e instituições interessadas possam preencher um formulário disponível no perfil do
laboratório via Instagram (@logepaufpb) onde solicitamos as seguintes informações: nome da
pessoa interessada, instituição, e-mail e o número do telefone (WhatsApp). Durante o processo
de agendamento até a confirmação da visita, é realizada uma investigação para saber qual é a
intenção do grupo, faixa etária dos visitantes e quais são os aspectos que eles preferem que
sejam abordados com maior atenção durante a visita. Esse processo é essencial para que
possamos entender as necessidades do público que participam das oficinas ministradas
Após a confirmação da visita, é escalado o time de colaboradores que irão receber os
visitantes, atualmente o LOGEPA conta com uma equipe de 26 pessoas, sendo um
Coordenador, um bolsista, dois voluntários cadastrados, quinze residentes e sete voluntários
não cadastrados. O laboratório hoje possui uma parceria com o Programa de residência
pedagógica RP, iniciado em 2017, onde criamos um vínculo extremamente vantajoso entre os
dois projetos. Os bolsistas da RP auxiliam na elaboração de materiais didáticos junto a equipe
do laboratório, trazendo consigo as experiências obtidas em sala de aula e transformando o
discurso dependendo do ambiente em que estão atuando, como por exemplo, as escolas de
educação básica. As trocas de experiências são, também, um dos pontos fortes desta parceria,
pois em conjunto realizamos quinzenalmente reuniões de formação e discussão a respeito dos
temas da educação Geográfica, como registramos na imagem 1.
1.ROTEIRO DA VISITA
Ao chegar na UFPB, ainda no estacionamento do CCEN, o grupo é recebido por alguns
dos colaboradores do laboratório e dependendo do número de visitantes eles são divididos em
dois grupos, um vai seguir para o LOGEPA e o outro para outros laboratórios parceiros como
o Mini Museu de Paleontologia, localizado no mesmo departamento do LOGEPA, ou a Casa
da Ciência, ligada ao departamento de Departamento de Biologia. Essa divisão é bastante
benéfica a todos os envolvidos, pois a interação entre estes espaços aumenta a dinâmica da
vivência na universidade em relação aos visitantes que embora possuam focos distintos,
conseguem encontrar uma ligação, o compartilhamento de informações.
O laboratório tem a capacidade de receber confortavelmente um contingente de 30
pessoas e na grande maioria das vezes esse número é superior, por isso essas parcerias são tão
importantes para que todos consigam aproveitar ao máximo a visita. A visita se desenvolve
num formato de carrossel, passando por todos os cenários do laboratório, que primeiro se inicia
na maquete da Paraíba, uma representação fiel do estado, onde estão caracterizados os aspectos
físicos do relevo, bacias hidrográficas, cidades e suas formas de desenvolvimento econômico
numa escala de 1:100.000 construída pela Professora Dra. Vanda Regis em 1997. Em seguida,
fizemos uma “ponte” entre o Município de Sousa e seus Icnofósseis, fazendo uma ligação direta
com os fósseis presentes no laboratório e destacando a sequência que será trabalhada no Museu
de Paleontologia. O próximo espaço é a exposição de alguns fragmentos de rochas, neste
momento destacamos como são formadas, quais sua característica e as relacionamos com os
diversos cenários econômicos, sociais e ambientais, fazendo uma ligação entre as regiões
destacadas na maquete, e como sua exploração está ligada ao trabalho análogo a escravidão que
estas regiões infelizmente apresentam, como por exemplo, a extração da turmalina paraíba
retiradas de cidades como Santa Luzia, São Mamede, Tenório e Várzea. E os impactos dessa
atividade. Também destacamos e apresentamos alguns equipamentos utilizados na climatologia
como, Pluviógrafo, Provetas Pluviométricas, Psicrômetro, Heliógrafo, Barógrafo,
Termohigrógrafo. Além de uma sequência histórica e cultural do povoamento da Paraíba e suas
lutas agrárias, exemplificando a força do homem e da mulher do campo, como a forte história
de luta da sindicalista Margarida Maria Alves assassinada em 1993 com um tiro no rosto, na
cidade de Alagoa Grande, por defender a reforma agrária na Paraíba.
A visita se encerra em uma discussão sobre a formação do espaço geográfico brasileiro
e seus reflexos na agricultura do país, trazendo a discussão sobre o sistema de produção
capitalista, e como esse sistema é fundamental na manutenção da desigualdade escandalosa da
distribuição da terra, na concentração de riquezas e na exploração do trabalhador rural.
RELATOS E DISCUSSÕES
O LOGEPA desempenha um papel essencial na experiência acadêmica dos estudantes
de Geografia da UFPB, estimulando o desenvolvimento de habilidades de ensino e aprofundado
o conhecimento geográfico sobre a Paraíba durante o período de graduação, estimulando a
prática docente e a melhor formação profissional.
Além disso, o trabalho realizado no laboratório não se limita apenas aos graduandos da
geografia, mas também desperta interesse entre o público externo, predominantemente
composto por universitários de diversos cursos, como é o caso do curso de pedagogia e Turismo,
além de estudantes de outras instituições de ensino. Nesse contexto, oferecemos uma
abordagem mais estruturada e aprofundada sobre a Geografia do estado da Paraíba. Vale
ressaltar que as visitas ao LOGEPA não se restringem aos estudantes de ensino superior;
também recebemos visitas de escolas de ensino fundamental e médio. Nosso público
diversificado abrange tanto alunos de escolas públicas quanto de escolas privadas. De acordo
com os dados obtidos a partir do relatório enviado a Pró-reitoria de Extensão da UFPB –
PROEX entre os anos de 2022 e 2023 recebemos um total de 361 alunos, onde observamos que,
260 alunos são estudantes universitários e 51 são provenientes de escolas públicas, enquanto
50 são de escolas privadas. É notável que a maior concentração de visitantes seja composta por
estudantes da graduação como apresentado na imagem 2, pois alguns professores utilizam o
espaço para ministrarem aulas específicas.
Esses dados evidenciam a importância fundamental do LOGEPA para a nossa
universidade, uma vez que o laboratório desempenha um papel crucial na disseminação do
conhecimento geográfico paraibano para a comunidade em geral. O laboratório serve como
uma ponte que conecta o curso de geografia ao público externo, promovendo um ensino mais
eficaz e abrangente sobre a geografia do nosso estado.
Fonte: Os autores
No início a sala onde acontecia a recepção dos visitantes era bastante diferente da que
se encontra atualmente, após algumas mudanças hoje se encontra totalmente modificada, como
vemos na Imagem 1. O LOGEPA é um espaço de experimentação pedagógica, para os alunos
da graduação em geografia, principalmente os licenciandos que podem colocar em prática os
conhecimentos adquiridos ao longo dos semestres. A interdisciplinaridade é um aspecto
fundamental do laboratório que abriga não somente os alunos da licenciatura em geografia, mas
também alunos do bacharel em geografia, pedagogia, ecologia e Pós-Graduação. Logo o
LOGEPA amplia ainda mais o espaço para as mais diversas áreas do conhecimento,
enriquecendo o processo de ensino e aprendizagem. Na Imagem 3 apresentamos um exemplo
de visitação de um grupo de estudantes Do Instituto educacional recanto do aprender. Santa
Rita/PB.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Projetos como o LOGEPA, RP e o Programa de Iniciação à Docência (PIBID), são
fundamentais na graduação, ampliando as possibilidades e vivências que a universidade sozinha
não conseguiria desenvolver. Evidenciando a necessidade de políticas públicas, para que
comentários como "universidades públicas não formam bons professores", não sejam validados.
Conforme Assis (2023.), examinando as Diretrizes Curriculares Nacionais 2019, “se atentarmos
para o conteúdo desses documentos oficiais é possível identificar a intenção de responsabilizar
só a universidade, notadamente a pública, pelo insucesso dos professores nas escolas” (pag.
28).
O LOGEPA desempenha um papel crucial na promoção de um ensino de geografia mais
prático e interativo. Suas parcerias, diversidade de público e ênfase na formação profissional o
tornam um ativo valioso para a comunidade acadêmica e para o ensino da geografia no estado
da Paraíba. O LOGEPA exemplifica como um laboratório de geografia pode ser uma ferramenta
eficaz na disseminação do conhecimento geográfico e na formação de futuros educadores. Sua
abordagem prática e interativa proporciona uma visão mais rica do espaço geográfico da região,
enriquecendo a experiência de aprendizado. Portanto, é essencial reconhecer o impacto positivo
do LOGEPA e seu papel na promoção de uma educação de qualidade.
REFERÊNCIAS
ASSIS, L. F. Formação de professores de geografia e políticas educacionais: Duas décadas de
mudanças e desafios (2002-2022). Goiânia: C&A Alfa Comunicação, 2023.
INTRODUÇÃO
O livro didático é um dos recursos mais requeridos na cultura escolar, principalmente
no que se refere a sua importância como um guia norteador para as práticas docentes do
professor, sendo relevante na construção de planos de aulas, sequências didáticas e atividades
complementares requeridas pelo professor. Além disso, o livro didático também é um recurso
de suma importância para o aluno, na qual pode ser um dos únicos materiais científicos e
educacional que o aluno possui em sua residência, sendo importante a sua manutenção.
Nesse sentido, o livro didático se torna um mecanismo de grande valia tanto para o
professor que o utiliza como norteador de suas práticas, quanto para o aluno que tem a
possibilidade de ter em sua casa um material tão importante que é o livro didático. Ademais, o
livro didático é um material que diante de sua ressonância em toda a educação básica do Brasil,
é um instrumento que reflete intencionalidades políticas refletidas diretamente nos conteúdos
que são escolhidos e abordados em cada área do conhecimento.
O contexto por trás da implementação do novo ensino médio voltado para a aglutinação
de conteúdos, se dá pela premissa da interdisciplinaridade, ou seja, através da interação entre
os conteúdos. Porém, os livros didáticos do novo ensino médio não pregam por essa conjunção
entre os conteúdos, onde no próprio manual do professor essa premissa não é instigada a
interdisciplinaridade tanto entre as disciplinas, quanto para os professores, que muitas das vezes
o livro didático não explicita de maneira adequada a importância da interdisciplinaridade. Além
disso, a possível percepção de uma estagnação dos índices de desempenho dos estudantes surge
como princípio para essa mudança, onde a junção das áreas em um único material didático
aparece como meio de resolução para essa problemática.
Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo central analisar o livro didático do
novo ensino médio de uma escola pública estadual da cidade de Cajazeiras/PB, mediante a ação
dos integrantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Para isso,
exploramos as problemáticas relacionadas a aglutinação dos conteúdos disciplinares em uma
grande área do conhecimento, com ênfase na análise do comportamento dos saberes geográficos
no contexto desse novo ensino médio. Além disso, iremos realizar uma entrevista semi-
estruturada com a professora de geografia da escola-campo, visando compreender como se dá
o uso dos conteúdos geográficos após a implementação do novo ensino médio.
METODOLOGIA
O livro utilizado enquanto manual, ou seja, enquanto recurso didático que apresenta
o conteúdo e a forma das práticas de ensino, é compatível com o ensino tradicional de
Geografia. Nesse paradigma o professor repassa para os alunos o conteúdo tal como
elaborado no manual didático. (AZAMBUJA, 2017, p. 62)
Ainda no contexto das funcionalidades do Livro Didático, Castellar (2017) nos revela
que “(...) a função do livro didático é muito mais ampla do que aquela a que estamos
acostumados a observar nas salas de aula: a leitura e/ou a cópia sem questionamentos e
discussões das temáticas propostas nele” (Castellar, 2017, p.135). Além disso, Castellar (2017)
também nos coaduna ao pensarmos que o LD deveria ser um ponto de apoio ou um guia
norteador para que o professor pudesse, a partir dele, ampliar os conteúdos, adicionando outros
textos e atividades, e não sendo um único recurso empregado em sala.
O livro didático, na qual é um dos recursos mais requeridos nas salas de aula da educação
básica foi transformado a partir da implementação do Novo Ensino Médio 2017, que impôs
uma inflexão na configuração disciplinar dos conteúdos abordados nos livros didáticos,
passando a apresentar e representar, por meio da mudança das diretrizes, nas coleções
aprovadas pelo PNLD com a prerrogativa da interdisciplinaridade que aglutinaram os
conteúdos de diversas disciplinas diferentes, tais como: geografia, história, sociologia e
filosofia, sob o rótulo do que se denominou de Ciências Humanas e Sociais.
Diante desta perspectiva, os livros didáticos foram utilizados como um dos mecanismos
de governamento para inviabilizar disciplinas de cunho crítico e social, dando ênfase a
conteúdos pragmáticos, generalistas e sem contextualização com a realidade socioespacial dos
estudantes. Oliveira (2019, p. 44), analisando o exercício da função do livro didático na
sociedade como um todo e como este pode exercer poder sobre as pessoas, destaca que:
Nesta concepção, o livro didático possui características que são refletidas diretamente
na subjetividade do aluno através das relações de poder cada vez mais assimétricas no atual
contexto neoliberal. Porém, muitas vezes para o aluno, o LD é um dos únicos recursos que
possui em sua residência e com isso o livro provoca tremores na abstração de toda uma
população que está no guarda-chuvas deste artefato cultural, como nos afirma Oliveira (2017).
Oliveira (2019) salienta que o PNLD, enquanto um dos principais dispositivos para a
implementação dos interesses neoliberais, é uma região enunciativa de saberes geográficos, e
que refletem as intenções que estão presentes nos interstícios do neoliberalismo atual, que
prevê uma educação voltada para o mercado de trabalho e que desregulam a visão crítica e
cidadã através do ataque a subjetividade do aluno.
Diante do exposto, identificamos que o Novo Ensino Médio propõe uma política
educacional voltada para o tecnicismo, ou seja, através de conteúdos pragmáticos, acríticos e
sem contextualização com as vivências dos alunos, refletindo diretamente no ser e no crescer
do jovem adolescente da educação básica. A partir disso, iremos salientar o como esses
conteúdos foram desregulamentados no contexto da disciplina de Geografia por meio da análise
do livro didático do Novo Ensino Médio.
ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO DA ESCOLA DOM MOISÉS COELHO
O livro didático utilizado na Escola Dom Moisés Coelho é uma das seis edições
escolhidas e aprovadas em 2020 pelo Programa Nacional do Livro Didático do Ensino Médio
(PNLEM), implantado em 2004 pela Resolução nº 38 do FNDE, que foram implementados nas
escolas estaduais de toda a educação básica. A edição escolhida e utilizada na escola é a coleção
de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (CHSA), que contemplam as disciplinas de
Geografia, História, Sociologia e Filosofia, coadunadas em uma única área do conhecimento,
na qual vale destacar que antes da concepção do novo ensino médio, essas disciplinas escolares
tinham uma autonomia em relação ao material didático, onde cada uma dessas possuíam um
livro didático próprio. Nesse contexto, Oliveira (2019, p. 93) salienta que “(...) o livro didático
contemporâneo fragmentou os conteúdos e as abordagens didáticas correspondentes e
multiplicou-se enquanto produto comercializável.”
Figura 2: Capa da edição do Livro Didático utilizado na escola Dom Moisés Coelho.
Neste viés, a caatinga, enquanto um domínio na qual o aluno está inserido, e unicamente
brasileiro, é retratado de maneira a invisibilizar os impactos ambientais causados pelo homem.
Isso reflete diretamente na subjetividade do aluno, que a partir da leitura do livro didático, ele
concebe esse domínio de forma unilateral, sem correlacionar com a ação antropogênica. Além
disso, o domínio da caatinga é abordado de forma muito ampla, corroborando com o
tradicionalismo do ensino de geografia, onde são abordados apenas conceitos em um único
parágrafo (8 linhas) para todo o tema.
Figura 5: Volume 4 do livro didático da escola Dom Moisés Coelho
Outro objeto utilizado para a análise do livro didático da escola Dom Moisés Coelho,
foi o guia do livro didático, na qual Oliveira e Giordani (2019) destacam que “(...) é um artefato
educativo voltado para instruir professores em atuação nas escolas públicas de todo o Brasil, na
escolha de obras didáticas de poderão ser adquiridas e utilizadas para ensinar e aprender
geografia”. (Oliveira e Giordani, 2019, p. 28). Este guia é analisado pelos professores servindo
como uma resenha analítica dos principais aspectos do livro didático. O guia do livro didático,
possui quatro blocos analíticos. O primeiro bloco é uma visão geral dos conteúdos, o segundo
bloco é uma descrição da obra, o terceiro é a análise da proposta pedagógica e o quarto e último
é as possibilidades de usos na sala de aula.
Nesta perspectiva, por meio da análise do volume 4 do livro didático da escola Dom
Moisés Coelho e do guia do livro didático, podemos inferir que na teoria a interdisciplinaridade
é bem explícita nos documentos regulatórios, no entanto na prática podemos perceber que essa
conexão entre os saberes das ciências humanas e sociais aplicadas não existe de forma explícita.
Para mais, o livro didático possui poucas variações nas tipologias imagéticas para além da
utilização de mapas temáticos rasos e generalistas na qual observamos ao longo da análise.
Na elaboração dos planos de ensino e planos de aula, sempre utilizo o livro didático
adotado pelo estabelecimento de ensino e utilizo outros exemplares de outras editoras,
pesquisas em sites educativos que são de fundamental importância no processo de
ensino-aprendizagem. (Professora Supervisora)
Outro ponto que visamos analisar durante a entrevista com a professora supervisora,
está relacionado com a sua percepção acerca das mudanças e transformações mais visíveis no
livro didático utilizados antes e depois da reforma. A partir desse questionamento sobre as
mudanças mais perceptíveis no livro didático do ensino médio depois da reforma a professora
supervisora salientou que:
As principais mudanças ocorridas nos livros didáticos do novo ensino médio tornaram
os livros bastante resumidos e generalizados. Os livros do ensino médio antes da
reforma do novo ensino médio eram completos. (Professora supervisora)
Nesse sentido, podemos inferir que as principais mudanças que ocorreram nos livros
didáticos a partir da reforma do novo ensino médio está diretamente relacionado com a
aglutinação das disciplinas em grandes áreas do conhecimento, tornando os saberes geográficos
que antes da reforma, eram mais completos e aprofundados e que após a reforma do ensino
médio, os livros didáticos se tornaram generalistas e superficialidades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É inegável a importância do livro didático como um artefato cultural que faz parte do
contexto escolar, sendo uma ferramenta de grande relevância tanto para o aluno, quanto para o
professor no seu planejamento escolar, porém, o livro didático reverbera intencionalidades que
afetam diretamente na subjetividade dos sujeitos. Diante da reforma do novo ensino médio,
essas intencionalidades se tornaram mais nítidas, a partir da prerrogativa da
“interdisciplinaridade” e da “democratização”, contudo, o que vimos ao longo desta pesquisa
foi e continua sendo uma tentativa de precarização do ensino público gratuito.
No que cerne a geografia, o novo ensino médio reduziu a carga horária e afetou
diretamente a carreira docente dos professores de geografia que tiveram que se virar com outras
disciplinas eletivas, como o projeto de vida. Além disso, o novo ensino médio superficializa os
saberes geográficos a partir da aglutinação de disciplinas escolares, acarretando uma disciplina
que perde o seu sentido primordial na qual é desvendar as máscaras sociais, como salienta Ruy
Moreira (1978).
Por fim, a partir do exposto não podemos deixar de salientar o nosso posicionamento
diante das nítidas mudanças neoliberais que afetaram diretamente o livro didático, na qual
consideramos um recurso de grande importância no contexto escolar e que foi impactado por
políticas que visam conduzir as condutas e as subjetividades dos sujeitos que utilizam do
mesmo. Assim, salientamos que é necessário a revogação do novo ensino médio em virtude de
suas diversas problemáticas, desde a diminuição da carga horária de disciplinas importantes e
que instigam o senso crítico até políticas de precarização da escola pública.
REFERÊNCIAS
CASTELLAR, Sônia. O uso de diferentes linguagens em sala de aula. Ensino de geografia.
São Paulo: Cengage Learning, 2011.
: TONINI, Ivaine e outros (orgs). Geografia e livro didático para tecer leituras do mundo
[e-book] / Organizadores: Ivaine Maria Tonini et al. - São Lourenço: Oikos, 2018.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A presente pesquisa possui caráter bibliográfico, baseando-se no levantamento de
pesquisas anteriores sobre o objeto de estudo. Além disso, a mesma tem como base observações
realizadas na ECI Monte Carmelo, que está situada na avenida Prof. Carlos Francisco Medeiros
de Almeida, na cidade de Campina Grande - Paraíba, especificamente, no Bairro da Bela Vista.
A escola em questão, atualmente, recebe 11 alunos do Curso de Licenciatura em Geografia,
pela Universidade Federal de Campina Grande (Campus sede) através do Programa Residência
Pedagógica. A experiência foi desenvolvida, exclusivamente, com alunos da turma do 9° Ano
“A”, mas nos utilizamos de resultados de pesquisa entre a equipe dos 16 Residentes e de três
Preceptores de duas escolas, por meio de dois questionários Diagnose Inicial no Google Forms,
realizados no mês de agosto de 2023. Propomos atividades que foram aplicadas com os
Residentes do Subprojeto, Preceptora junto aos discentes, na disciplina de Geografia.
Nos últimos anos, as ECI têm se expandido de maneira significativa pelo Estado da
Paraíba. Dos 223 municípios paraibanos, atualmente, cerca de 153 municípios possuem pelo
menos uma instituição de ensino adepta ao modelo (EMI, 2023, online). Porém, é importante
frisar que apesar do Estado ter atingido a meta estabelecida pelo PNE, coexistem diversas
problemáticas, quanto à infraestrutura das escolas, evasão escolar, frequência reduzida por parte
dos alunos, que interferem negativamente no cotidiano da escola, assim como, o processo de
aprendizagem dos alunos.
Girotto e Cássio (2018, p. 06), ao relatarem as experiências no estado de São Paulo,
acerca da educação integral, tornam em vulgar que ““a adesão ao ETI não significou melhoria
da infraestrutura e das condições de trabalho nas referidas escolas. Muitas, inclusive, não
contavam com o funcionamento de equipamentos como laboratórios e bibliotecas "". O estado
da Paraíba possui uma realidade semelhante. É comum, nos depararmos com tais problemas
nas escolas estaduais, que na maioria das vezes não possui uma infraestrutura adequada para se
adequar e que suporte o modelo de modo correto. Desse modo, ainda, de acordo com os
mesmos, torna-se importante
[...] um debate mais amplo sobre o financiamento da educação integral, uma vez que
apenas a ampliação da jornada, sem mudanças significativas das múltiplas variáveis
que incidem no processo de ensino-aprendizagem, não se tem demonstrado suficiente
para a garantia da qualidade na educação pública (GIROTTO; CÁSSIO, 2018, p. 07).
Portanto, pensar em educação integral não remete apenas para alterar a jornada de tempo
em que os alunos e professores permanecem dentro do ambiente escolar. É necessário um
investimento efetivo, para uma formação ampliada e significativa para o aluno, fornecendo uma
educação integral de qualidade (BORGES; RIBEIRO; RICHTER, 2018). Nesse viés, a
ampliação da jornada, não torna o processo de aprendizagem superior, como a proposta objetiva
(BARÃO; JACOMELI; SARTORI, 2018).
Além de uma infraestrutura adequada para atender os discentes, é importante
pensarmos acerca do professor. Deparamo-nos atualmente, com um transicional na educação
do nosso País e, a ampliação de uma formação docente que paute na Educação Integral, torna-
se necessária, pois, o professor se depara com uma realidade nova, imposta pelo modelo ECI,
realidade esta, que ainda é recente e embora discutida nas instituições de Ensino Superior,
requerem uma escala mais ampla de debate e de envolvimento interinstitucionais,
especificamente se tratarmos das licenciaturas.
Para que de fato a educação integral consiga dar os resultados esperados se faz
necessário primeiramente oferecer formação continuada para os professores e demais
profissionais da educação integral. Acredita-se que a formação inicial e continuada
dos professores e funcionários da educação integral deve ser discutida nas Faculdades
de Educação e dos cursos de Licenciatura, nos cursos de Pós-Graduação Lato e Stricto
Senso nos cursos de nível médio. Estamos passando por um período de transição que
se tivermos uma política bem estruturada com ações sistemáticas de financiamento e
com as devidas adequações escolares estaremos caminhando para a universalização
da educação integral. (CAVALCANTE, 2013, p. 6).
RP 1- Ensino integral é uma modalidade ofertada de ensino que consiste o dia todo.
Não necessariamente vai ser de aulas, mas tem outros recursos e maneiras de os
estudantes aprenderem.
RP 2- Ainda não li completamente, mas entendo que pela manhã são ensinados as
matérias de costume e na parte da tarde são ensinados matérias que integram o
aprendizado.
RP 3- É um modelo que visa formar mãos de obras baratas, se apoiando em valores
neoliberais, tentando universalizar a educação, esquecendo a cultura de cada lugar, de
cada escola.
RP 4- Ele é controverso, eu particularmente não concordo, por mais que reconheça a
sua importância, na nossa realidade ele apenas mascara muito o sucateamento do
ensino.
RP 5- Que os alunos permaneçam na escola por um período maior do que o
tradicional, geralmente durante toda a jornada diária ou em período estendido além
das aulas regulares. O objetivo desse tipo de ensino é proporcionar aos alunos uma
formação mais completa, que desenvolva,
não apenas o conhecimento acadêmico, mas também habilidades técnicas, sócio
emocionais, culturais, esportivas e criativas.
RP 6- Trata-se de um ensino com jornada ampliada para dois turnos que visa
desenvolver os alunos em todas as suas dimensões formativas.
RP 7- O ensino integral, em teoria, não se pauta apenas na questão do tempo que se
passa dentro da escola, mas quando o modelo trabalha as mais diversas esferas dos
sujeitos que a frequentam.
RP 8- Nesse modelo, o tempo de permanência dos alunos na escola é ampliado,
permitindo a realização de atividades extracurriculares, projetos interdisciplinares e
aprofundamento em conteúdos específicos. Mas pode ser problemático se sufocar o
aluno com muitas atividades.
RP 9- A partir dos meus breves conhecimentos sobre o ensino integral, teoricamente
a proposta parece ser bem interessante, a ideia é expandir a experiência proposta pelo
ensino médio para os alunos. Porém, na prática devido às problemáticas existentes, a
meu ver, acaba caminhando em outro sentido. Acredito que deve ser reavaliado a
partir da visão de quem está intimamente ligado ao ensino nesse âmbito. Como
vivenciei essa experiência do ensino integral no IF, tenho propriedade para comentar
que realmente é bem exaustivo, os alunos ficam sobrecarregados, não dá tempo de se
apropriar das disciplinas, porque quando chegamos em casa após o dia exaustivo, só
queremos dormir. E isso porque o IF não adota a ideia de aulas todos os dias da semana
integralmente, imagine vivenciar isso durante toda a semana, 10 aulas por dia…
A partir do entendimento acerca da ECI e do ensino integral, bem como das experiências
dos Residentes na ECI, perguntou-se sobre suas expectativas em relação ao futuro docente e
em qual modelo de escola gostaria de atuar. Assim, os residentes afirmaram que 75% preferem
atuar em escola regular, 12,5% em ECI e, 12.5% em outra modalidade de escola.
Quanto a ECI, justificaram que a mesma “Nas ECI muitos professores vivem em
situações de precarização e a rotina de trabalho é exaustiva” (RP1: 2023, p. 79); enquanto o
RP2 (2023, p. 79) afirma: “ As duas opções, mas creio que a Escola cidadã integral é mais
cansativo tanto para os professores quanto para os alunos. A escola integral exige muito além
de nossa formação ECI no geral, considero como desgastante tanto para mim quanto para os
que a compõem "". O RP16 (2023, p. 79), afirmou que a opção por escola regular se justifica
porque “na minha experiência como aluno nas escolas regulares e agora como professor em
formação há mais tempo para aplicar projetos e tempo de conviver em outros espaços".
RP1- Com a experiência atual das escolas brasileiras me estimula a pensar como posso
melhorar nas minhas aulas, tornando-as mais atrativas.
RP2- A realidade é outra, então você precisa sempre está se reinventando, buscando
novas metodologias.
RP3- Estar na escola toda semana nos faz pensar nela e em seu entorno, nos faz mais
críticos.
RP4- A realidade é bem diferente da teoria. Totalmente. Hoje consigo observar
questões Pedagógicas de uma outra perspectiva.
RP5- A cada atividade desempenhada dentro do programa se faz necessária à reflexão
de melhorias na qualidade da educação e no trabalho que nós oferecemos à
comunidade escolar.
RP6- A Residência Pedagógica tem como objetivo principal promover a integração
entre teoria e prática, possibilitando aos estudantes uma experiência real de sala de
aula e estimulando a reflexão sobre a prática docente. Através dessa vivência, eu tenho
a oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos na formação acadêmica,
enfrentar desafios reais da sala de aula e desenvolver habilidades pedagógicas. Essa
reflexão é realizada em conjunto com os professores supervisores e orientadores, que
auxiliam os residentes a aprofundar sua compreensão sobre a prática docente e a
desenvolver estratégias de ensino mais eficientes.
RP7-Sem dúvidas tem demonstrado um pouco da realidade vivenciada nas escolas do
nosso país, apesar de ser uma experiência local, acho que repercute sobre o quanto as
escolas possuem sistemas e vivências específicas.
RP8- Após as aulas eu fico pensando como posso fazer de uma maneira diferente, e
como posso inovar na prática pedagógica. Entender melhor a realidade escolar, para
além do que eu supunha.
RP9- O que não falta são reflexões a partir do que se é vivenciado no cotidiano escolar.
RP10- Desde que iniciei a residência, (ainda estou no início) a cada aula que participo
faço reflexões de como poderia melhorar a aula.
RP11- O programa exige que os estudantes realizem encontros para reflexão e
discussão das práticas pedagógicas, o que contribui para a construção de uma postura
crítica e reflexiva em relação à educação. Esse espaço de reflexão permite analisar as
próprias práticas e identificar possíveis ajustes e melhorias, promovendo sua formação
como professor.
RP12- Ao aplicar nossas ações no RP nós achamos importante avaliar o que fazemos
Entender a sala me deixa menos nervoso.
Desse modo, aulas mais dinâmicas, atividades que aguçam e estimulem a criatividade e
desenvolvimento da capacidade cognitiva do aluno, são imprescindíveis para o processo de
aprendizagem. Diante disso, as atividades que serão expostas foram pensadas com esse objetivo
e podem ser adaptadas a uma diversidade de conteúdos da Geografia Escolar, a exemplo do que
se segue.
BINGO SOBRE O CONTEÚDO ‘URBANIZAÇÃO’
Para o desenvolvimento da referida proposta de atividade associada ao jogo ‘Bingo’,
inicialmente, pensamos em como deveríamos adaptar o referido jogo que trabalha,
especificamente, com números ao conteúdo Urbanização. Ao invés de números propomos
trabalhar a ideia de ‘palavras chaves’ sobre o conteúdo e ‘frases e/ou afirmações’ relacionadas
ao conteúdo.
Em cada cartela elaborada (Figura 01), existiam palavras-chave diversas que estavam
intimamente relacionadas ao conteúdo que foi exposto em sala de aula.
Distintamente do jogo da memória habitual que consiste em peças de jogos iguais, que
devem ser memorizadas para formar seus respectivos pares. Na proposta desenvolvida, a
alteração realizada consiste na substituição de uma das imagens do ‘par’, pelo conceito
trabalhado em sala de aula acerca da fonte de energia.
Na prática, o jogo seguiu o padrão estabelecido, com dois jogadores. Os alunos
deveriam associar as imagens sobre as fontes de energias diversas com seus respectivos nomes
e conceitos. Como recurso, foi utilizado folha de papel A4, para impressão, e tesouras para
cortar os pares correspondentes ao jogo.
Figura 02, 03, 04: Jogo da memória sobre Fontes de Energia
Uma plataforma bastante dinâmica e interativa, que pode ser utilizada e facilmente
aplicada para alguns conteúdos da Geografia Escolar e demais ciências é a “Globo da Terra
Antiga” (Figura 05). Além de fornecer um banco de dados riquíssimo sobre os dinossauros, é
possível visualizarmos as modificações que ocorreram na superfície terrestre através do tempo
geológico, como a localização dos continentes, por exemplo.
A plataforma demonstra, de modo ilustrativo, toda a evolução do Planeta e,
especificamente, o processo de separação dos continentes até a configuração que conhecemos
atualmente. Desse modo, a plataforma foi utilizada com o referente intuito, foi exposta aos
alunos e os mesmos puderam ter esse contato e compreender como ocorreu o processo de
formação dos continentes, os continentes que existem, a aparição das espécies e entre outras
informações.
Como auxílio para o desenvolvimento da proposta, foi utilizado como ferramenta o site
suportegeografico.com, que disponibiliza um mapa referente a divisão da Europa em suas
respectivas regiões. O mapa disponibilizado possui um QR code, e ao apontar a câmera o aluno
é direcionado para o mapa já colorido no qual apresenta a divisão trabalhada. Como recurso,
disponibilizamos lápis de colorir e deixamos um momento ‘aberto’ para o aluno usar sua
criatividade através da pintura do mapa, lhes direcionando caso existissem dúvidas.
CONSIDERAÇÕES
O sistema de ensino empregado nas ECI demonstra que tanto discentes como os
docentes se sentem exaustos diante da sobrecarga de horas e atividades vivenciadas na escola
cotidianamente. Alunos e professores devem permanecer na escola durante uma carga horária
excessiva e isso acarreta em um desgaste físico e mental. Isso demonstra a necessidade de
intensificar o uso de práticas educativas mais didáticas e correlacionadas as histórias de vida
dos sujeitos da escola que venham a estimulá-los a terem interesse e curiosidade em participar
ativamente durante as aulas, tendo em vista, a visível desmotivação dos mesmos identificada
após o período pandêmico.
Quanto às propostas de atividades apresentadas, além de evidenciarem formas diversas
para o ensino torna-se mais atrativo, foram utilizados recursos simples e acessíveis para o
desenvolvimento das mesmas. Além do mais, as propostas expostas podem ser facilmente
adaptadas a demais conteúdos da Geografia Escolar, assim como, em outras áreas do
conhecimento.
REFERÊNCIAS
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
O ENSINO DE GEOGRAFIA ATRAVÉS DE JOGOS E BRINCADEIRAS NO
ÂMBITO DO ENSINO FUNDAMENTAL II NA ESCOLA PÚBLICA
INTRODUÇÃO
No cenário atual em que se encontra a educação pública brasileira, despertar o interesse
dos discentes para o objeto do conhecimento ofertado em sala de aula, tem sido desafiador pois
os mesmos estão mais interessados no uso dos recursos tecnológicos. Nessa perspectiva,
Guimarães; Silva; Roque (2022) abordam sobre o uso integrado das tecnologias e seus
benefícios na educação afirmando:
O uso das tecnologias integradas no âmbito educacional está desenvolvendo cada vez
mais, os benefícios são inúmeros, o ensino torna-se mais atrativo e interessante para
o aluno que por sua vez permite a construção de uma rede de conhecimento, gerando
aprendizagem significativa e produtiva. Os educadores precisam estarem constante
formação, o uso das tecnologias como recurso metodológico aproxima alunos e
professores, além de ser útil na exploração dos conteúdos de forma mais interativa. O
aluno passa de mero receptor, para sujeito ativo, favorecendo um ambiente
democrático, sendo estratégias motivadoras e eficientes. O aluno por sua vez, ao
torna-se mais responsável pela construção do seu aprendizado, tende a participar mais,
expressar maior iniciativa, dividir o que sabe, apresentar maior interesse, esforço de
aprendizado e concentra-se melhor nas atividades realizadas (GUIMARÃES; SILVA;
ROQUE, 2022, p. 2).
Quanto aos estudantes da escola pública, nem todos possuem um smartphone e quando
possuem não tem acesso à internet. Fato evidenciado e comprovado durante a pandemia da
COVID-19, onde a maioria não tinha os equipamentos necessários para acompanhar as
estratégias de ensino adotadas através das plataformas on-line.
Desse modo, faz-se necessário buscar metodologias de ensino que estejam de acordo
com a realidade das instituições escolares, com o propósito de despertar o interesse nos
discentes para o processo de ensino-aprendizagem de forma significativa, ou seja, que saia um
pouco da rotina de aula expositiva dialogada.
Ao utilizar os jogos como recurso didático, Almeida et al. (2021) ressaltam que não
devem ser vistos apenas com atividade de entretenimento, mas como atividade que facilite a
aprendizagem e desenvolvam as habilidades do educando. Também é importante mencionar
que o termo jogos pode ser substituído por gamificação, considerada uma metodologia de
ensino inovadora.
METODOLOGIA
A partir das observações realizadas durante o 1° semestre de 2022, foram detectadas
dificuldades de aprendizagem e falta de interesse em realizar as atividades diárias em sala de
aula, como também as que eram direcionadas para casa. A partir desta problemática, que surgiu
a iniciativa de motivar os estudantes a buscarem mais conhecimento e dessa forma contribuir
com o processo de ensino de Geografia.
Portanto, o trabalho desenvolvido utilizou-se do método estudo de caso, que tem caráter
pluralístico, e podem ter três propósitos: exploratório, descritivo e/ou explanatório (YIN, 2001).
Neste caso, consiste em uma pesquisa descritiva, que conforme Gil (2002), “têm o objetivo
primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou, então o
estabelecimento de relações entre variáveis”.
Figura 01:Recursos didáticos produzidos pelo docente: Jogo da velha, Roda Roda Geográfico e Bingo
Geográfico (1, 2 e 3)
Figura 02: Aula de campo realizada com turmas do 9° ano na Trilha Ecológica do Complexo Solar Luzia 2 e 3
- Várzea/PB e no Parque Eólico Canoas - Santa Luzia/PB (4 e 5)
Essa regra foi utilizada nos dois jogos, sendo que no jogo da velha eles teriam que estar
atentos as cores das perguntas, caso contrário poderiam perder. O jogo da velha tinha perguntas
para três rodadas. A roleta geográfica (adaptado a roleta do roda roda Jequiti) foi explicado
todas as regras, deixando claro que caso o colega girasse a roleta e passasse a vez ou perdesse
tudo não seria admitido xingamento, pois faz parte dessa modalidade de jogo e que no final
todos sairiam ganhando pois o objetivo principal ara aprendizagem.
Os jogos foram aplicados em sala de aula com alguns cuidados para que seu uso fosse
eficaz no processo de ensino e aprendizagem, considerando o objeto do conhecimento
(conteúdo), o objetivo e a metodologia, que sempre indicava a forma de aplicação, os materiais
necessários e as regras do jogo.
As maquetes fazem parte dos recursos didáticos produzidos pelos discentes para
apresentação dos seminários, além de facilitar a apresentação do tema da aula, estimula a
percepção espacial. Para Gomes; Silva; Oliveira (2020) “em um ambiente de ensino, as
maquetes permitem a exploração de vários conteúdos em uma só reprodução, possibilitando ao
educando análise e síntese”.
A aula de campo é considerada uma metodologia ativa que deve fazer parte do processo
de ensino e aprendizagem. No entanto, assim como as demais metodologias de ensino, esta
deve ser planejada levando em consideração o objeto do conhecimento (conteúdo) que está
sendo trabalhado em sala de aula, caso contrário deixa de ser aula e torna-se um passeio sem
objetivo.
Para Silva (2023) as atividades lúdicas quando organizadas de forma coerente com os
conteúdos ministrados em sala de aula apresentam resultados satisfatórios, porque os alunos já
têm noção sobre o tema, desse modo, irão associar teoria à prática. Aprender se divertindo e
interagindo com os colegas torna a aprendizagem mais agradável, desse modo, os jogos podem
ser considerados um recurso a mais nas aulas de Geografia (SANTOS, 2019).
Desse modo, o bingo geográfico é uma metodologia que vale a pena aplicar, além de ter
sido bem aceita pelos discentes pode-se ser utilizada para verificação da aprendizagem. De
acordo com Luciana e Antunes (2015) “o bingo tem como objetivo estimular a atenção e
concentração dos alunos, desenvolver o raciocínio lógico, além de reforçar a compreensão do
conteúdo/assunto desenvolvido em sala de aula”.
A aula de campo de acordo com Rosa e Paula (2020) é uma metodologia de ensino que
permite explorar múltiplas possiblidades de aprendizagem. Conforme os estudantes é
considerada a mais desejada, o fato de tirá-lo de sala de aula, desperta vários sentimentos,
inclusive ansiedade, no entanto, é uma atividade prazerosa, pois coloca o estudante em contato
direto com o objeto do conhecimento (conteúdo) estudado na teoria.
Para Santos (2023), “os recursos de ensino, incluindo-se a música, se fazem necessários
como ferramentas capazes de despertar nos jovens a motivação no aprender, bem como na
participação das atividades desenvolvidas na sala de aula”.
CONCLUSÕES
A partir das estratégias metodológicas adotadas foi possível despertar o interesse e a
aprendizagem do estudante pelo componente curricular de Geografia, uma vez que esta sempre
foi considerada chata e enfadonha. Apesar das dificuldades para a confecção, elaboração ou
adequação de jogos nas escolas públicas, é possível desenvolver metodologias ativas de
aprendizagem, não para substituir as práticas pedagógicas tradicionais, mas para sair da rotina
de aulas expositivas com uso exclusivo do livro didático e da lousa.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, F. S.; OLIVEIRA, P. B.; REIS, D. A. A importância dos jogos didáticos no
processo de ensino aprendizagem: Revisão integrativa. Research, Society and Development.
v. 10(4), p. 1-9, 2021.
Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC. 2018. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 10 jul. 2023.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GOMES, D. S. Geografia e Música: o diálogo local/global nos movimentos mangue Beat e Hip
Hop, uma possibilidade em sala de aula. Rev.Elet. Educação Geográfica em Foco. Ano 6,
nº.12, novembro de 2022.
MASSI, Maria Lúcia Gili. Criação de objetos de aprendizagem gamificadas para uso em sala
de treinamento. Revista científica Hermes. n.17, p. 18-35, 2017. Disponível em: <
http://www.fipen.edu.br/hermes1/index.php/hermes1 /article/ view/304>. Acesso em: 13 j
ul. 2023.
SILVA, E. D.; JESUS, Z. S.; LEITE, W. F. O uso de jogos educacionais e atividades lúdicas,
através de caça-palavras para alunos em processo de alfabetização. I Simpósio Internacional
e IV Nacional de Tecnologias na Educação. UFMA, São Luiz, 2019.
YIN, R. K. Estudo de Caso, planejamento e métodos. 2.ed. São Paulo: Bookman, 2001.
https://www.totvs.com/blog/instituicao-de-ensino/metodologias-ativas-de-aprendizagem/
Acesso em: 07/07/2023.
A FOTOGRAFIA COMO RECURSO DIDÁTICO NÃO CONVENCIONAL NO
LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA: ANÁLISE DE CONTEÚDO SOBRE O
CONCEITO DE PAISAGEM
INTRODUÇÃO
O ensino de geografia escolar, dentro do contexto atual - este que envolve os avanços
técnicos-científicos-informacionais -, requer dos docentes novas abordagens que ultrapassem
as concepções de ensino pautadas em práticas tradicionais que não possibilitam aos estudantes
uma percepção de como a ciência geográfica faz parte de seu cotidiano e o exercício do olhar
crítico e reflexivo sobre a sociedade e o meio ao seu entorno.
Sob essa perspectiva, as concepções de ensino que buscam colocar o educando no centro
da aprendizagem e lhes oferecer a possibilidade de serem sujeitos autônomos dentro do
processo de construção do conhecimento ampliam a visão de mundo do aluno, valorizam as
suas vivências e permitem a mobilização das habilidades socioemocionais e educacionais, que
são as novas exigências da atualidade.
A utilização de recursos considerados mais tradicionais perpassa por esse movimento
de mudanças, que, a exemplo do Livro Didático (LD), ao ser utilizado de forma adequada,
considerando suas potencialidades, pode ser fundamental, nesse caso, a partir do uso dos
recursos que as obras dispõem, tais como as fotografias impressas nos livros.
Ao enfatizar o conceito de paisagem, as fotografias que estão dispostas no LD, como
um exemplo do uso de recursos didáticos não convencionais, podem ser exploradas pelo
professor de Geografia para abordar os conteúdos estudados por tal componente curricular, a
fim de oportunizar um processo de ensino-aprendizagem que mobilize e possibilite o
desenvolvimento das habilidades pelos educandos, evidenciando, também, a relevância do uso
das fotografias no ensino de Geografia escolar.
Dessa maneira, o presente trabalho objetiva analisar a representação fotográfica da
paisagem e as funcionalidades da fotografia enquanto recurso didático não convencional
inserido no Livro Didático. De modo específico, pretende-se identificar as fotografias de acordo
suas funcionalidades através de um levantamento quantitativo e revelar as possibilidades de sua
utilização no LD de Geografia, valorizando a paisagem a partir de planos fotográficos, com o
intuito de viabilizar a análise da concentração de seus elementos
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Fonte: Vesentini e Vlach, 2018a; 2018b; 2018c; 2018d. Elaboração: Ádila Eloisa Penha Lima, 2023.
Figura 3: Sequência didática voltada para o ensino de Geografia escolar do 6º Ano do Ensino Fundamental,
Anos Finais, apoiada na fotografia como recurso didático não convencional
Fonte: Base Nacional Comum Curricular (BNCC), 2018. Elaboração: Autoras, 2023.
As fotografias interpretativas, quando sujeitas à AC, mostraram-se suficientes para as
atividades sugeridas pelo LD. Desse modo, os diversos elementos contidos no recurso
supracitado fundamentam as questões interpretativas das atividades, ou seja, a fotografia não
cumpre a mera função de acessório. Em seguida, a Figura 4 elucida uma fotografia do capítulo
“Economia e disparidades socioterritoriais”, do livro didático Teláris Geografia 7º Ano.
Figura 4: A fotografia categorizada como interpretativa no Livro Didático - 7º Ano do Ensino Fundamental,
Anos Finais, da Coleção Didática Teláris Geografia (triênio 2021-2023)
Figura 5: Análise dos planos fotográficos a partir de Livro Didático de Geografia do 7º Ano do Ensino
Fundamental, Anos Finais, da Coleção Didática Teláris (triênio 2021-2023)
Para ser realizada, a análise dos planos fotográficos requer uma adaptação do recurso,
destacando os conjuntos de elementos mediante os seus posicionamentos, bem como uma
sequência que pode ser enumerada para um entendimento exitoso. Portanto, sugere-se a
utilização de aplicativos como o Paint, o Canva e outros que permitam ao docente e aos alunos
o isolamento dos planos nas imagens.
Como sugestão de análise da fotografia a partir dos planos fotográficos, a Figura 6
compreende uma sequência didática baseada nas questões da atividade proposta pelo LD.
Figura 6: Sequência didática voltada para o Livro Didático de Geografia do 7º Ano do Ensino Fundamental,
Anos Finais, apoiada na análise dos planos da fotografia como recurso didático não convencional
Fonte: Base Nacional Comum Curricular (BNCC), 2018. Elaboração: Autoras, 2023.
Figura 7: Análise dos planos fotográficos a partir de Livro Didático de Geografia do 9º Ano do Ensino
Fundamental, Anos Finais, da Coleção Didática Teláris (triênio 2021-2023)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução: Luís Antero Reta e Augusto Pinheiro.
São Paulo: Edições 70, 2011. 225 p.
SILVA, Josélia Saraiva e. Recursos didáticos não convencionais no ensino de Geografia. In:
SILVA, Josélia Saraiva e; VIANA, Bartira Araújo da Silva (org.). Construindo ferramentas
para o ensino de Geografia. 2. ed. Parnaíba: Acadêmica Editorial, 2022. Cap. 2. p. 16-24.
Disponível em: https://publicacoes.even3.com.br/book/construindo-ferramentas-para-o-
ensino-degeografia-554425. Acesso em: 31 jan. 2023.
VESENTINI, José William; VLACH, Vânia. Teláris Geografia, 6° Ano: ensino fundamental,
anos finais. 3. ed. São Paulo: Ática, 2018a. 248 p.
VESENTINI, José William; VLACH, Vânia. Teláris Geografia, 8° Ano: ensino fundamental,
anos finais. 3. ed. São Paulo: Ática, 2018c. 272 p.
VESENTINI, José William; VLACH, Vânia. Teláris Geografia, 9° Ano: ensino fundamental,
anos finais. 3. ed. São Paulo: Ática, 2018d. 272 p.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A pesquisa também ocorreu mediante aula de campo (Marcos, 1984) para estudo do
meio, no qual entramos em contato direto com a realidade da comunidade, considerando a
problemática enfrentada pelos seus sujeitos, isto é, a poluição dos espaços da comunidade
causada pelo descarte de resíduos domésticos descartados em locais inapropriados, e, por meio
das aulas e atividades desenvolvidas, buscamos trabalhar a problemática como tema gerador
para a Educação Ambiental e, a sustentabilidade. Através de tal abordagem, foi possível,
também, promover aos alunos a apropriação dos métodos de análise geográfica do lugar em
que vivem.
Para a obtenção das informações de pesquisa, foi preciso a observação de forma direta
da realidade da comunidade que envolve a ECI Monte Carmelo, buscando compreender os
principais fatores que influenciam a problemática aqui analisada. Pudemos analisar a relação
dos alunos, servidores da escola e moradores da comunidade com as questões ambientais do
local, buscando formas de contribuir com os esforços para desenvolver atividades pedagógicas
que envolvessem esses sujeitos, discutindo possíveis soluções para o problema.
A geografia tem cada vez mais menos espaço nos currículos da Educação Básica, isso
porque no Brasil, a educação perdurou o viés tradicional, no qual o aluno era o receptor de
conhecimento e, o professor, o transmissor. Além disso, a disciplina de Geografia tinha seu
foco nos aspectos físicos fazendo com que ela fosse apenas decorativa trabalhando apenas o
relevo, a hidrografia, o clima, entre outros e, deixando de lado, a Geografia Humana, fazendo
com que, ao longo dos anos esta se tornasse sem importância, invisível, algo intencional por
parte das políticas públicas em tempos de neoliberalismo.
A Escola Cidadã Integral - ECI é um modelo de escola pública, o qual foi implantado
no Estado da Paraíba, no ano de 2016 e, tem a proposta de organização e funcionamento em
tempo integral. Esse modelo de escola da escolha teve início no Paísm no estado de Pernambuco
e, a partir daí, ampliou-se por outros estados por meio de uma ““parceria público-privada entre
o Governo do Estado e uma Organização Social, que anos depois deu origem ao que hoje é
conhecido como Instituto de Corresponsabilidade pela Educação – ICE”” (Inocêncio; Carvalho,
2022, p. 5). Esse processo político está totalmente articulado com as mudanças no trabalho
docente, trazendo sérias consequências a essa profissão. Segundo Inocêncio e Carvalho (2022,
p. 5),
Neste contexto, a referida Escola é uma das principais instituições públicas inseridas na
comunidade do Pedregal, é um ponto de intenso convívio entre alunos, familiares e servidores
públicos. Assim, o papel desta escola na comunidade torna-se muito relevante para todos os
moradores da comunidade. A escola funciona em tempo integral, seguindo o modelo de Escola
Cidadã Integral - ECI do Estado da Paraíba, atendendo estudantes de várias idades, desde os
Anos Finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio, e, também, na modalidade da Educação
de Jovens e Adultos - EJA, no período noturno.
Por que muitos dos alunos da educação básica não dão tanta importância à disciplina de
Geografia? Será que eles sabem o porquê de estudar Geografia, para que ela serve? Para quem
já entrou em sala de aula sabe que muitos dos alunos sempre nos questionam o porquê
escolhemos estudar um curso de licenciatura em Geografia, e sempre acham uma disciplina
chata ou que não tem importância. O que será que ocasionou esses tipos de pensamentos?
Mas, porque os professores realizam tantas aulas expositivas? Por que não utilizam
outras metodologias? Bem, para essas perguntas podem existir diversas respostas e, uma delas
é referente às condições nas quais se desenvolve e realiza a escola em que trabalha. A realidade
de muitos professores da Educação Básica e, principalmente de escolas públicas é que não
existe um suporte para esses professores realizarem outras metodologias, recursos que facilitem
a prática docente, onde a escola não recebe recursos suficientes. Com relação aos recursos e
propostas didáticas, Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009, p. 215) destacam:
O local de depósito apresentado fica ao lado do muro da Escola, onde pudemos observar
outros resíduos em frente, na outra lateral e atrás da Escola causando desconforto olfativo e
visual, não só para a escola como também para as pessoas que moram próximas, pois havia
muito lixo orgânico e, em consequência disso, a proliferação de mosquitos, moscas, baratas,
entre outros.
Percebemos também que o descarte irregular desses resíduos e rejeitos também pode
ocorrer pela falta de lixeiras ou pontos de coleta. Durante todo o percurso realizado não
encontramos uma lixeira sequer, ressalte-se que o caminhão de coleta não consegue acessar
todas as ruas, devido algumas delas serem muito estreitas e pequenas, além da dificuldade de
acesso em alguns setores onde o relevo irregular impede a passagem de veículos naquela
comunidade.
A partir das fotografias, discussões e informações obtidas durante a aula de campo com
alunos e estagiários, a equipe do projeto selecionou as fotografias que melhor representassem
os problemas ambientais observados e descreveram esses problemas a partir da paisagem
registrada nas fotos, indicando possíveis soluções e alternativas.
Com todas essas informações e fotografias, fomos ao Laboratório de Informática da
Escola, onde a equipe elaborou um relatório, o qual será posteriormente divulgado entre a
comunidade escolar, para que esta tenha entendimento da problemática, e possa ser levado pelos
Residentes e alunos da equipe, que tenham maior idade, até a Secretaria de Serviços Urbanos e
Meio Ambiente (Sesuma), da Prefeitura Municipal de Campina Grande. O intuito é que a
Prefeitura se faça ciente da problemática enfrentada pela população do Pedregal e tome as
devidas providências, a partir das demandas apresentadas pela equipe do projeto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos afirmar também que não falta nos desejos dos alunos, bem como dos demais
moradores da comunidade, a resolução da problemática do descarte irregular de resíduos, além
de outras situações incômodas para os moradores da localidade. No entanto, não existem (até
o momento) movimentos sociais e políticos significativos que busquem promover o debate da
problemática junto à comunidade. Isto se refere a organização dos moradores para
reivindicarem tais mudanças, e a atuação de órgão públicos para fomentar a conscientização
ambiental a respeito do meio ambiente, além da promoção de políticas públicas de
revitalização e conservação dos espaços atualmente degradados.
REFERÊNCIAS
FLEURY, M. T. L., & Werlang, S. R. D. C. Sessão I-Rigor Metodológico nas Diversas Áreas
de Conhecimento. 2017. Disponível em:
https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/18700/A_pesquisa_aplicada_co
nceito_e_abordagens_metodol%C3%B3gicas.pdf. Acesso em 14 de outubro de 2023.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005, 42.ª edição.
MARCOS, Valéria de. Trabalho de Campo em Geografia: Reflexões sobre uma Experiência de
Pesquisa Participante. In.: Boletim Paulista de Geografia 84 / Seção São Paulo - Associação
dos Geógrafos Brasileiros. Nº 1 (1949) - São Paulo: AGB, 1984. Disponível em:
http://www.uel.br/cce/geo/didatico/omar/pesquisa_geografia_fisica/BPG84_Pesquisa.pdf.
Acesso em 20 de agosto de 2023.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18
ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
SANTOS, Milton. A questão do meio ambiente: desafios para a construção de uma perspectiva
transdisciplinar. Anales de Geografía de La Universidad Complutense, n. 15, 695-705.
Servicio de Publicaciones. Universidad Complutense. Madrid, 1995.
SILVA, Mateus Barbosa da; CARVALHO, Luiz Eugênio Pereira. O Gerencialismo Privado
na Escola Pública da Paraíba: A Sala Ambiente de Geografia e as Transformações do
Trabalho Docente. Anais da XIII Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro de
Humanidades-UFCG. Publicado em 22/06/2023 - ISSN: 2176-3488. Disponível em:
https://even3.blob.core.windows.net/processos/7a417de2aaf34b60a52d.pdf. Acesso em 14 de
outubro de 2023.
JOGO DIDÁTICO PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA: TABULEIRO DAS
REGIÕES BRASILEIRAS
INTRODUÇÃO
O ensino dos conteúdos de Geografia possibilita, por essa ser uma disciplina
que trata de conteúdos atuais e presentes no cotidiano de todos, a criação de
oportunidades didáticas inovadoras e atrativas para o dia-a-dia em sala de aula.
Essas oportunidades, porém, expressam sempre a tomada de decisões político-
pedagógicas que devem nortear as ações do ensino, partindo dos pressupostos
de um planejamento escolar consciente de suas intenções. As propostas de
construir conhecimentos em geografia através de materiais didáticos
alternativos estão longe de ser novidade, mas essas aparecem, em sua maioria,
como algo vago e despolitizado, que não esclarece os referenciais teóricos
presentes por trás das decisões pertinentes ao ensino.
É nesse sentido, que o trabalho do professor se torna mais complexo diante das
dificuldades e compreensão do mundo sobre o ensino de Geografia, estimulando o interesse e
a curiosidade dos alunos. Como destaca Cavalcanti (2019, p. 150) “a falta de motivação dos
alunos para os estudos, sobretudo, na disciplina de Geografia é uma realidade apontada muito
frequentemente pelos próprios alunos.”, problemática esta, expressada em grande parte das
escolas. Para Oliveira e De Carvalho Sousa (2019, p. 4530):
Para tanto, é necessário que o docente torne suas aulas mais atrativas no sentido de
motivá-los, organizando temáticas relevantes, no sentido de dar significados para sua formação
(CAVALCANTI, 2019). É compreendido assim, que a aquisição de diversificados meios e
metodologias para o ensino de Geografia permite múltiplas possibilidades, entretanto, como
uma forma de recorte temático optamos por nos deter a abordagem dos jogos didáticos, recurso
este presente neste estudo. Os jogos ganham destaque na potencialização do ensino geográfico,
unindo as estratégias de ensino que buscam associar os conteúdos com os fatos, assuntos que
motivam os escolares a conhecerem seu cotidiano e participarem nas discussões das aulas.
Para Verri (2009) o uso de jogos como recurso pedagógico, permite que o aluno ao jogar
articule tanto a teoria quanto a prática, permitindo com que ele estude sem perceber, tornando
o processo de ensino- aprendizagem mais interessante e atrativo. Percebe-se que o jogo vem
como um estímulo para potencializar a compreensão do conteúdo selecionado.
O uso dessa estratégia metodológica pode mostrar-se importante para o processo de
construção do conhecimento geográfico e para a formação de sujeitos reflexivos. Sendo capaz
de instigar os alunos a buscar soluções para problemas encontrados no jogo e que perpetuam
no seu cotidiano, enxergando seu papel na sociedade e refletindo no ambiente em que vivem,
em ambas as partes, local e global. Segundo Castellar e Vilhena (2011, p. 48):
METODOLOGIA
• Folha de isopor,
• E.V.A colorido,
• Tampinhas de garrafa pet,
• Cola quente,
• Lápis preto,
• Fita dupla face,
• Papel 60,
• Papel adesivo,
• Tesoura.
No que diz respeito as instruções, são bem simples, o jogo deve conter o máximo 05
equipes, para as respectivas regiões, o que menos errar é chegar ao ponto de chegada,
representado pelo Distrito Federal será o ganhador.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Sendo assim, podemos dizer que por meio de recursos lúdicos, como os jogos, as aulas
de geografia se tornam mais atrativas e com uma significância maior para o aluno, visto então,
que o mesmo participará desse processo de construção do conhecimento. Segundo Fialho (2007,
p. 16) destaca que:
A exploração do aspecto lúdico, pode se tornar uma técnica facilitadora na
elaboração de conceitos, no reforço de conteúdos, na sociabilidade entre os
alunos, na criatividade e no espírito de competição e cooperação, tornando esse
processo transparente, ao ponto que o domínio sobre os objetivos propostos na obra
seja assegurado.
Importa referir, também, que o intuito é ser aplicado nas aulas de Geografia,
especificamente nas turmas de 7°ano, por conter a temática no livro didático, mas que pode ser
readaptado para outras disciplinas e para outras séries. Sendo importante ressaltar que, este
trabalho não pretendeu trazer conclusões fechadas a respeito dos jogos aplicados no ensino de
Geografia, mas apontar este jogo titulado como “Tabuleiro das Regiões Brasileiras” como
opção para aprimorar o ensino e aprendizado dos alunos na disciplina de Geografia, a fim de
sanar as dificuldades referentes aos conteúdos geográficos.
Com base nas leituras, constatamos que as situações lúdicas, ainda é um instrumento
pouco utilizado. Porém com a experiência que tivemos, permitiu-nos constatar que são
aplicáveis em diferentes níveis de educação trazendo excelentes resultados. Portanto, o jogo
mostrou ser uma alternativa viável para melhorar a interação do aluno com o conteúdo estudado
em sala de aula, possui um alto valor de motivação e curiosidade para os alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANJOS, G. C. B. Pesquisa Qualitativa em Estudos sobre Terceiro Setor: uma Análise nos
Artigos Apresentados no Semead. In: IV Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia
(SEGeT), 2007.
CASTELLAR, S., VILHENA, J. Ensino de Geografia. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Pensar pela Geografia: Ensino e relevância Social, Goiânia:
C&A Alfa Comunicação, 2019.
FIALHO, Neusa Nogueira. Jogos no Ensino de Química e Biologia. Curitiba: IBPEX, 2007.
FLORES, Bárbara de Oliveira. SILVA, Felipe Akauan da. SANTOS, Misael Beskow dos.
CUNHA, Ronell da. MATERIAIS DIDÁTICOS: ALTERNATIVAS À PRÁTICA DE
GEOGRAFIA. In: Anais do XVI Encontro Nacional de Geógrafos. UFRGS: Porto Alegre,
2010.
MORAIS, Alessandra Inocêncio de. RIOS, Eunice de Oliveira. LISBÔA, Maria Martins. A
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UFRGS: Porto Alegre, 2010.
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2005ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. 12 ed.
Petrópolis: vozes, 2003.
SILVA, Thaynar Almeida. Tabuleiro das regiões: Uma ferramenta lúdica para o ensino de
Geografia. In: IV Congresso Nacional de Educação, 2017, João Pessoa-PB. Anais IV Conedu,
2017. v. 1.
INTRODUÇÃO
Definir o que faz parte do patrimônio cultural de uma população é uma tarefa
desafiadora, mas o Artigo 216 do CFB/1988 esclarece que o patrimônio cultural inclui bens
materiais e imateriais que remetem à identidade e à memória dos grupos que compõem a
sociedade. No caso dos bens imateriais, o Decreto nº 3.551/2000 classifica-os em cinco
categorias: saberes, celebrações, formas de expressão, lugares e edificações (SILVA, 2011).
METODOLOGIA
O questionário possuí nove perguntas abertas com caráter subjetivo, cada uma delas
com sua especificidade, tendo como foco coletar informações a respeito de como os respectivos
entrevistados enxergavam os diversos processos culturais no ensino geográfico dentro de sala
de aula, suas implicações nas vivencias dos alunos e ne seus processos de aculturação, levando-
se também em conta as mudanças que houveram na disciplina por conta da BNCC, para assim
embasar discussões sobre o tema. Além desses dois aspectos foram elaborados planos de
atividades práticas introduzidas na rede pública para que o assunto sobre a Geografia Cultural
viesse ser abordado, de forma que os elementos geográficos (espaço) e culturais se alinhasse.
MARCO TEÓRICO
O Brasil dispõe de um campo primoroso para os estudos culturais, devido a diversidade
cultural que este é formado. Seu alicerce é constituído das raízes ameríndias, africanas e
europeias. O conjunto destas três resulta na cultura brasileira como conhecemos hoje, sendo
refletida na agricultura, culinária, religião, músicas, danças etc. Para pensar, estudar e analisar
a cultura brasileira é preciso, antes de tudo, compreender os processos pelos quais ela foi
formada, pelas diversas etnias e, sobretudo, pela imposição de algumas sobre a outras.
Segundo Paul Claval (2012, p. 12), os primeiros estudos sobre geografia cultural no
Brasil se iniciam com os artigos publicados por Pierre Deffontaines no final da década de 1930,
durante sua estadia no Brasil. Em suas pesquisas sobre as origens das cidades brasileiras, o
geógrafo francês, percebe que muitas cidades nasceram da construção de uma igreja pelos
próprios proprietários de terra com o intuito de atender os anseios de seus dependentes.
Apenas com o fim da Ditadura militar e com a ascensão de abordagens mais radicais na
geografia, tendo Milton Santos como um de seus precursores. Para Claval (2012, p.14) “A
virada cultural vai, entretanto, se desenhando, graças às orientações originalmente advindas da
nova Geografia: debruça-se agora sobre a percepção do espaço e os vieses que ela introduz na
disciplina, sobre os mapas mentais e as representações. É, então, que a partir daí a perspectiva
cultural na geografia ganha mais força até sua consolidação de fato na década de 1990.
Uma das primeiras propulsoras da Geografia cultural no Brasil é Zeny Rosendahl, onde
adota a abordagem, dissemina e estrutura. Paul Claval (2012, p.14) afirma que:
No que tange a educação básica, o papel da geografia cultural é fundamental para uma
construção identitária dos alunos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) trazem a
concepção de que a construção de uma identidade individual e coletiva é o grande objetivo da
educação.
Pensando especificamente na Geografia, através das chamadas categorias geográficas
(lugar, território, região), o aluno pode entender seu lugar no mundo, compreender seu meio e
a forma como quer se posicionar em relação a ele, além de construir uma noção de
pertencimento. Segundo Nécio Turra (2018) a Geografia tem condições tanto de promover uma
leitura do lugar, quanto contribuir para a construção do Projeto Pedagógico, dessa forma,
fazendo com que a escola se torne um ambiente acolhedor com a diversidade cultural e as
territorialidades de seus alunos.
RESULTADOS E DISCUÇÕES
PROPOSTA DE ATIVIDADE
Nos últimos anos tem sido nítido os esforços dentro da Geografia Cultural na tentativa
de resgatar importantes questões que permeiam os seus estudos no contexto brasileiro. Entre
essas, tem sido a valorização dos estudos que analisam o papel das religiões e eventos festivos
na organização de espaços. (CASTRO, 2008)
Esses esforços ajudam a discutir a Geografia Cultural como sendo uma importante
ferramenta para compreensão de como as pessoas se apropriam de um determinado espaço e o
preenche de significados a partir de suas experiências e práticas. Nessa perspectiva, cabe ao
professor de Geografia o dever de introduzir a Geografia cultural para os seus alunos, tendo em
vista contribuir para uma boa leitura do espaço geográfico.
No cenário brasileiro a temática pode ser mais desafiadora considerando o rico e
diversificado patrimônio cultural pertencente ao Brasil, pois há várias práticas sociais e cultural
de diferentes tipos de povos no país. No entanto, pode-se ser facilitado tomando como recurso
didático as novas técnicas informacionais e comunicacionais da atualidade.
Sendo assim, a atividade proposta é de que o professor confeccione junto dos seus
alunos um mapa que contenha aspectos culturais. Em primeiro momento, o professor utilizaria
um aplicativo de geolocalização, o exemplo mais comum seria o próprio Google Maps. A partir
disso, o professor delimitaria um recorte do mapa para ser trabalhado, de preferência que fosse
um espaço na qual todos os alunos tivessem contato, por essa razão o mais adequado seria o
bairro no qual a escola estivesse localizada.
Após a delimitação o professor imprimiria o recorte do mapa e levaria para a sala de
aula para aplicar a atividade. O mais adequado é que o professor dividisse a sala em grupos e
entregasse o mapa impresso a cada um e, logo em seguida, pediria que os alunos identificassem
no mapa os pontos de lazer e espaços gastronômicos que costumam frequentar. Ao final o
professor poderia reunir todos os pontos e espaços identificados pelos alunos, ou seja,
transferindo os dados para outro mapa.
Fazer o levantamento dos pontos de lazer e gastronômicos permite com que os alunos
identifiquem os locais nas quais eles costumam frequentar, sendo esses locais repletos de
afetividade, experiencias e laços. Esses locais fazem parte da vivência desses alunos, portanto,
estão repletos de significados.
Essa proposta de atividade didática está baseada no princípio do mapeamento
participativo/colaborativo. O mapeamento seguindo essa abordagem “é realizado por
indivíduos (em grupo ou não) que mapeiam aspectos segundo suas visões de mundo” (SOUTO;
MENEZES; FERNANDES, 2021).
A cartografia não foge da temática da Geografia cultural, muito pelo contrário, ela
sempre foi uma ferramenta fundamental dentro dos seus estudos. Isso se dá pelo fato de que um
dos grandes objetivos da Geografia cultural é o de estudar as mudanças na paisagem resultantes
das transformações humanas no espaço físico. Segundo Seemann (p. 115, 2010), “Muitas das
publicações em geografia cultural continham mapas que indicavam a localização de uma área
de pesquisa ou visualizavam processos de difusão cultural”.
Isso pode se dar devido ao pouco tempo de trabalho docente ou pela despreocupação
que alguns professores possuem em parar para analisar suas práticas de ensino, o que se mostra
mais alarmante, pois não há aprimoramento. Porém, a maioria dos professores comentaram que
sua prática de ensino visa introduzir o cotidiano dos alunos para o que é discutido em aula, o
que evidencia uma forte preocupação em tentar-se criar um espaço que incentive e desenvolva
o pensamento crítico dos alunos.
A segunda pergunta feita para os professores tenta identificar a satisfação deles com a
Geografia, os questionando se ensinam a Geografia que gostam. A maior parte das respostam
foram positivas, os professores relacionaram a sua satisfação com a Geografia valorizando a
sua importância para a compreensão da realidade por parte dos alunos. As respostam negativas
estiveram vinculadas ao não desejo pelo ensino básico ou pela mudança que houve na disciplina
por conta da BNCC.
A terceira questão indaga aos professores qual seria o seu papel na Geografia no ano de
2023. Um professor de Geografia cujo papel para esse ano estivesse centralizado em trazer
debates e abordar conteúdos que valorizem a vivência dos alunos e, como consequência,
permitam com que eles experenciem a realidade do mundo e encontrem o seu lugar tomou a
maior parte das respostas dadas pelos entrevistados. Uma minoria das respostas tratou o papel
do professor de Geografia somente como mediador de conteúdo, remetendo o ensino
tradicional.
Por um lado, relataram haver uma maior predominância da cultura dos países
desenvolvidos presente no livro didático, uma herança da cultura eurocêntrica que permeia a
ciência geográfica. Inclusive, um dos professores relatou que tenta relacionar a cultura
dominante com a cultura de seus alunos. Esse foi único relato positivo diante da perspectiva da
Geografia Cultural, já que os demais professores não souberam descrever as culturas que são
abordadas no ensino de Geografia e até mesmo responderam que abordam essa temática de
forma superficial usando como argumento que os aspectos culturais não podem ser discutidos
em aula. Isso revela que muitos professores não conhecem a lei 10.639/03 que torna obrigatório
a discussão acerca da história e da cultura afro-brasileira no ensino, ou até mesmo se recusam
a abordar essa temática por intolerância ou outra razão.
A quinta pergunta indaga aos professores quais as culturas demonstradas pelos seus
alunos em suas aulas. Metade dos professores não souberam responder à pergunta ou
responderam de forma genérica. A outra metade dos professores expuseram que costumam
notar a cultura manifestada pelos seus alunos e que essas culturas são fruto dos locais em que
vivem e no qual eles se identificam. Logo, verifica-se que os professores tem a plena
consciência de que é o contexto social, econômico e religioso no qual o indivíduo está inserido
que influencia no seu comportamento, costumes e percepção do mundo. Um professor
comentou que percebe que seus alunos manifestam aspectos da cultura estadunidense, o que
demonstra a influência da globalização na cultura das pessoas em escala mundial.
A sexta pergunta teve como objetivo identificar o processo de aculturação nas escolas
onde os professores ensinam. Como se sabe, a aculturação se baseia no processo de modificação
cultural de indivíduo, grupo ou povo decorrente de três principais motivos: aceitação, adaptação
ou reação. A maioria dos professores identificaram que o processo de aculturação ocorrido nas
escolas se dá a partir do material didático, na matriz curricular, projetos interdisciplinares,
comemorações festivas e eventos. Ao todo, somente dois professores identificaram a
aculturação como um problema e que se encontra bastante evidente nas escolas em que
trabalham.
A oitava questão gira em torno da exigência da LDB (BNCC) de que o ensino escolar
permita com que os alunos reconheçam a própria identidade e a do lugar em que vivem com o
objetivo de toma-los como contextos e conteúdos curriculares. Dentro desse contexto, foi
perguntado aos entrevistados de qual forma as suas aulas ajudariam a tornar isso possível.
Somente dois professores não elaboraram uma resposta que respondesse à pergunta
corretamente. Os demais professores revelaram que correlacionar os conteúdos debatidos em
aula com a realidade dos alunos ajudaria a tornar a proposta da LDB (BNCC) possível.
Trabalhar com a temática da cultura como meio de criar condições para que os
estudantes reconheçam sua própria identidade e o contexto em que estão inseridos é,
indiscutivelmente, crucial. Ao compreender o seu lugar na sociedade, o indivíduo percebe que
está inserido em um contexto social, político, econômico e religioso. Seguindo essa lógica, a
cultura desempenha um papel significativo na formação da cidadania, ao preparar o sujeito para
a participação ativa na sociedade.
Por fim, a nona questão tenta interagir com o professor a respeito do assunto cultura,
questionando-o sobre os conteúdos acerca da cultura que ainda não foram abordados por eles
em aula, mas que eles gostariam muito que surgisse a oportunidade de abordá-los. Somente três
professores souberam responder a essa pergunta. Um respondeu que gostaria de fazer um
resgate dos heróis africanos e portugueses da história do Brasil; um outro professor respondeu
que gostaria de fazer uma narrativa da comunidade escolar; e o último professor disse que
gostaria de abordar questões étnico raciais na formação humana no estado de Alagoas. As três
respostas dadas por esses professores corroboram com o tema cultura e podem atribuir uma
significativa importância para a compreensão da identidade local, regional e até mesmo do país
por parte dos alunos.
Por fim, a Festa dos Bandos, de origem portuguesa, é uma manifestação que ocorre no
município de Anadia. Ela ressalta a diversidade cultural dentro do próprio estado de Alagoas,
demonstrando como diferentes regiões podem ter tradições únicas e influências culturais
distintas. Essa diversidade reflete a geografia cultural de Alagoas, onde várias manifestações
coexistem e contribuem para a riqueza do patrimônio cultural do estado.
REFERÊNCIAS
CASTRO, Janio Roque Barros. Desafios e potencialidades da geografia cultural nos espaços
educacionais: uma abordagem reflexiva e propositiva. Ateliê Geográfico, v. 2, n. 3, p. 71-88,
2008.
CLAVAL, P. A geografia cultural no Brasil. In: BARTHE-DELOIZY, F., and SERPA, A.,
orgs. Visões do Brasil: estudos culturais em Geografia [online]. Salvador: EDUFBA; Edições
L'Harmattan, 2012, pp. 11-25. ISBN 978-85-232-1238-4. Available from SciELO Books.
CORRÊA, Roberto Lobato; SAUER, Carl. Sobre a geografia cultural. Revista Brasileira de
Geografia, p. 113-22, 2009.
SEEMAN, Jörn. Cartografia e cultura: abordagens para a geografia cultural. In: Zeny
Rosendahl; Robeto Lobato Correa. (Org). Temas e caminhos da geografia cultural. Rio de
Janeiro: Editora de UERJ, v. 1, p. 115-156, 2010.
INTRODUÇÃO
A educação é instrumento de desenvolvimento e emancipação do ser humano. Através
do processo educacional, o indivíduo tem oportunidade de ampliar seus horizontes e
perspectivas intelectuais, o que interfere, sobremaneira, no seu convívio social e aquisição de
conhecimento. Com efeito, a educação, no Brasil, constitui-se em direito social, estabelecido
constitucionalmente pela Carta Política de 1988, no seu artigo 6°, que a concede a todos de
forma irrestrita e como dever do Estado (BRASIL, 1988).
Assim, constata-se que a música se revela como uma das formas mais populares de
expressão artística, capaz de despertar emoções e sensações em seus ouvintes. Da mesma forma,
pode ser utilizada como uma ferramenta pedagógica para ensinar conteúdos de diferentes áreas
do conhecimento, como a Geografia.
A interação entre diferentes áreas do conhecimento tem se revelado uma fonte inesgotável de
descobertas e visões que enriquecem a nossa compreensão do mundo e a forma como
aprendemos. Neste contexto, o objetivo deste artigo é abordar as principais características da
linguagem musical enquanto recurso didático-pedagógico para trabalhar conteúdos de
geografia no Ensino Médio, bem como mostrar as possibilidades de práticas e metodologias
promissoras ao ensino da Geografia, que podem ser consideradas como facilitadoras no
processo ensino-aprendizagem.
A temática a ser desenvolvida neste projeto de pesquisa mostra-se relevante e atual, uma vez
que ao fazer uso da abordagem das metodologias ativas na educação, caracterizada por
estratégias de ensino que têm por objetivo incentivar os estudantes a aprenderem de forma
autônoma e participativa contribui-se para o desenvolvimento de práticas pedagógicas que
possam estimular a construção do conhecimento espacial dos estudantes, utilizando a música
como ferramenta didática, tornando-os cidadãos mais críticos sobre a importância da Geografia,
dos espaços, bem como dos territórios em que vivem.
Nesse sentido, a presente pesquisa revela-se importante, pois visa investigar a relação
entre a Música e a Geografia, ao buscar analisar como a linguagem musical pode ser utilizada
como ferramenta pedagógica para contextualizar os conteúdos de geografia e estimular a
reflexão crítica sobre as relações entre o homem e o espaço. Dessa forma, o trabalho pode
contribuir para o desenvolvimento de práticas pedagógicas mais dinâmicas e criativas, capazes
de estimular a construção do conhecimento espacial dos estudantes.
Além disso, pode trazer importantes contribuições para a comunidade acadêmica, uma
vez que pode ampliar o conhecimento sobre a relação entre a Música e a Geografia, estimulando
novas pesquisas nessa área. Ainda, pode ser um importante instrumento para a promoção da
cultura e da arte, ao permitir uma abordagem mais abrangente e crítica sobre a música e sua
relação com os espaços e territórios.
Por fim, é importante destacar que a pesquisa pode trazer benefícios para a sociedade em geral,
pois, pode contribuir para a formação de cidadãos mais críticos sobre a importância da geografia
e dos espaços em que vivem. Dessa forma, a pesquisa pode contribuir para a construção de uma
sociedade mais reflexiva e engajada na construção de um mundo mais justo e sustentável.
Além disso, a música também pode ser utilizada como uma forma de comunicação sobre
espaços e territórios. As letras e melodias das músicas podem transmitir mensagens sobre
lugares, culturas e sociedades, contribuindo para a compreensão e valorização desses espaços.
Como destaca Buttimer (1976), a geografia é uma ciência que lida com a relação entre o homem
e o espaço e, a música pode ser uma forma de expressão artística que contribui para a
concretização dessa relação.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao refletir sobre os elementos analisados, compreendeu-se que a exploração da
interação entre a geografia e a linguagem musical no ensino revelou-se rica em descobertas e
possibilidades. Neste artigo, procuramos explorar as conexões intrincadas entre esses dois
campos do saber e defender uma abordagem interdisciplinar que aprimore a educação e a
compreensão do mundo por parte dos estudantes. A partir dos dados apresentados e das
discussões, destacamos as seguintes considerações:
Ficou demonstrado que a geografia e a música não são disciplinas isoladas, mas sim
aliadas poderosas no processo de ensino. A Geografia fornece o contexto, enquanto a música
proporciona a trilha sonora que enriquece a experiência de aprendizagem. Compreender como
essas disciplinas interagem podem aprimorar significativamente a educação, tornando-a
interativa e contextualizada.
A interdisciplinaridade entre geografia e música oferece oportunidades valiosas para o
desenvolvimento de estratégias inovadoras. A criação de projetos que envolvem a composição
musical baseada em elementos geográficos, ou a exploração de músicas tradicionais de
diferentes culturas como meio de compreender a diversidade cultural, são apenas alguns
exemplos das possibilidades que essa integração oferece.
A música como ferramenta pedagógica estimula a criatividade dos estudantes e os leva
a refletir sobre questões geográficas de forma singular. A composição musical inspirada em
lugares ou a análise de músicas regionais podem ser veículos poderosos para a expressão
criativa e para a compreensão das relações entre cultura, espaço e sociedade .
A utilização da música como forma de expressão cultural em diferentes contextos
geográficos contribui para uma compreensão mais aprofundada e significativa da diversidade
cultural. Isso não apenas enriquece o conhecimento, mas também promove a empatia e o
respeito pelas diferentes culturas.
Em última análise, esta investigação reforça a relevância de considerar a relação entre
Geografia e música no contexto educacional. Ao combinar essas duas disciplinas, é possível
criar uma sinfonia de conhecimento que estimula a descoberta, a criatividade e a compreensão
mais aprofundadas do nosso mundo. Esta abordagem interdisciplinar promete enriquecer a
educação e capacitar os estudantes a explorar e compreender de forma mais abrangente o
ambiente em que vivemos. É um convite para harmonizar o conhecimento, promovendo uma
educação que esteja em sintonia com a complexidade e a diversidade do nosso planeta.
A música em forma de linguagem nas aulas de geografia, além de proporcionar um
aprendizado prazeroso, pode prender a atenção dos alunos, permitir que participem, questionem
e aprofundem seus conhecimentos, resgatem temas que aparecem nas letras, mobilizam as
aulas, os professores respondem aos pensamentos dos alunos. Esse é um dos suportes que os
educadores utilizam, mas para trazer para dentro da sala de aula várias possibilidades que
podem ser inseridas nas atividades de ensino, como literatura, cinema, fotografia, etc. nas aulas
de Geografia.
Portanto, a música deve ser utilizada para a produção de conhecimento, para a expressão
da identidade como pessoa, como grupo, como sociedade, como povo, como nação, respeitando
a diversidade e as diferenças culturais, ferramentas interessantes que devem ser buscadas no
processo do ensino visando construir uma sociedade mais ética e acolhedora.
REFERÊNCIAS
BUTTIMER, A. The Human Experience of Space and Place. In: GALE, S.; OLIVER, J. (Eds.).
The Geography of the Lifeworld: Movement, Rest, and Encounter. Nova York: St. Martin’s
Press, 1976.
LEITE, João Paulo Angelo.; SÁ, Leonardo Nogueira de.; ROCHA FILHO, Gilson Brandão da.
A Importância do Ensino da Geografia em Sala de Aula: um olhar sobre a valorização da
prática docente e a aprendizagem. SOCIEDADE 5.0: EDUCAÇÃO, CIÊNCIA,
TECNOLOGIA E AMOR. RECIFE. VII COINTER PDVL 2020. Disponível em:
https://cointer.institutoidv.org/smart/2020/pdvl/uploads/1624.pdf. Acesso em: 28 abr. 2023.
SILVA, Renágila Soares da. A importância da música nas aulas de Geografia. 2014. p. 01-
58. Trabalho de Conclusão de Curso (Geografia) - Universidade Federal de Campina Grande,
Cajazeiras, PB.
TECNOLOGIA E AMOR. RECIFE. VII COINTER PDVL 2020. Disponível em:
https://cointer.institutoidv.org/smart/2020/pdvl/uploads/1624.pdf. Acesso em: 28 abr. 2023.
OS CONCEITOS DE PAISAGEM E LUGAR NO ENSINO DE GEOGRAFIA:
FERRAMENTAS METODOLÓGICAS OU MEROS CONCEITOS?
A partir do lugar, as crianças podem conhecer e perceber que tudo o que elas já
conhecem são apenas fragmentações de algo maior, mas tão importante quanto o restante, o
global e, portanto, o espaço imediato dotado de significações e simbologias. Neste sentido, é
importante perceber que:
Para conhecer o mundo vivido é preciso conhecer os seus atores, suas visões de
mundo, suas práticas sociais, o seu imaginário espacial e a sua memória. Quando
pensamos em nosso lugar recorremos às lembranças, que podemos compartilhar com
o nosso grupo social, pois aspectos de um passado comum ficam inscritos na paisagem
cultural. Nesse sentido, o conceito de lugar está estritamente ligado à memória,
podendo ser pessoal ou coletiva. (NASCIMENTO, p.30, 2012)
A condição para debater o conceito ora exposto fica evidente na citação acima. É
necessário empreender e ao mesmo tempo significar a concepção. O lugar tem inúmeros
significados sendo cada um com características singulares que podem ser ensinados às crianças
fazendo com que elas se familiarizem com o lugar ou com a paisagem, levando em consideração
as relações pessoais com ambos os termos. O conceito de lugar juntamente com as experiências
do aluno e suas imersões na paisagem devem construir a noção de espacialidade, assim:
O estudo do lugar pode ser o tema para iniciar a reflexão sobre o aprender geografia
e o tratamento do cotidiano incorporado na pauta de conhecimentos a serem abordados
na escola revela a ligação que cada um (aluno) tem com seu mundo. (CALLAI, p.25,
2010).
A criança desde bem pequena é capaz de conhecer e distinguir o que acontece em sua
volta. Desta maneira, trabalhar o conceito de lugar usando como referência o cotidiano em casa
é uma das formas de ensinar Geografia. Assim, é possível relacionar os conceitos com sua
realidade permitindo que a mesma se perceba como sujeito de sua vida, de sua história e
construtor de paisagens.
Nesse caminho, ao observar o lugar específico e confrontá-lo com outros lugares, tem
início um processo de abstração que se assenta entre o real aparente, visível, perceptível e o
concreto pensado na elaboração do que está sendo vivido. A paisagem dentro deste contexto,
muitas vezes, é intersecção, portanto, fruto de uma mesma espacialidade.
Os conceitos aqui evidenciados devem ser entendidos de forma técnica desde as séries
iniciais, pois, só assim, é que as amarras podem e devem ser soltas. Desse modo, pode-se
constituir inovações no desafio de ensinar Geografia, começando nas séries iniciais, passando
pelo fundamental dois e sendo finalizado no ensino médio. Conclui-se, então, que essas
definições são também ferramentas importantes nos usos e atribuições do ensino.
METODOLOGIA
A natureza da pesquisa é qualitativa, pois como afirma Minayo (2002, p.22) “as
análises qualitativas são [...] com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças,
valores e atitudes”. O que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos
e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
De modo geral, a metodologia se condiciona neste artigo de modo singular, haja vista o
mesmo ser a consolidação de práticas que ao longo do tempo são estruturadas de forma
significativa no conjunto de atividades docentes, ou seja , tem se muito a perspectiva de empiria
na qual os erros e acertos fazem parte do processo e se consolidam como tal.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
OBSERVAÇÕES INICIAIS
A Geografia na Educação Básica tem que ser planejada e executada observando a
realidade vivida pelos sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem. É salutar observar que
o resultado da aprendizagem aferido pela contextualização dos conceitos aqui apresentados tem
que pontuar a validade do imediato por parte dos discentes. Vale ressaltar que é este lugar do
experienciado que tem que ser pontuado num sentido amplo por se consolidar como algo
concreto e palpável no ensino de Geografia.
Observamos deste modo, que trabalhar a Paisagem ou o Lugar pode ser frutífero para o
processo de aprendizagem por estes serem de uma conjuntura imediata. Trabalhar esses
elementos dentro da sala de aula de forma ética e que o outro seja respeitado com sua identidade
diferente se torna elementar, atentando como diz as competências específicas dessa área. É
importante perceber que o professor, na organização, têm protagonismo no seu papel de escolha
a uma condição prévia conduzida pelo mesmo. Assim, dentro deste contexto, a construção que
seja encaminhada por tais conceituações é bastante significativa (CASTELLAR e VILHENA,
2010).
A Geografia, como componente curricular das ciências humanas, utiliza dos seus
fenômenos para que o aluno compreenda o básico e o primordial da unidade terrestre: espaço,
território, lugar, região, natureza e paisagem. Então, nada melhor para estas situações se
consolidarem do que o uso prático dos conceitos de Paisagem e de Lugar.
Para tanto, o professor precisa saber olhar, observar, descrever, registrar e analisar.
Como fazer isso? É certo que, da forma como a Geografia tem sido tratada na escola,
tradicionalmente, ela não tem muito a contribuir, contudo, ao sermos categóricos na utilização
dos conceitos corretos e na realidade prática podemos ressignificar tal fato continuamente
constatado.
Vale observar neste sentido que; “seja como ciência, seja como matéria de ensino, a
Geografia desenvolveu uma linguagem, um corpo conceitual que acabou por constituir-se numa
linguagem geográfica” (CAVALCANTI, 1998, p. 88). Ao se apropriar dessa linguagem, a
criança desencadeará um processo de leitura do mundo, com o “olhar espacial” a que já nos
referimos. Essa leitura de mundo ganha força se os usos dos conceitos acima referenciados
forem bem trabalhados, isso por conta das suas características aqui também já mencionadas.
Cavalcanti coloca ainda que “Essa linguagem está permeada por conceitos que são
requisitos para a análise dos fenômenos do ponto de vista geográfico” (idem, ibid.). Essa
linguagem será incorporada pelo aluno à medida que ele consiga operar racionalmente com os
conceitos próprios da Geografia. Sendo assim, a Paisagem e o Lugar se tornam essenciais neste
processo.
UM OLHAR SOBRE A ESTRUTURA, OS DESAFIOS DA BASE E O PAPEL DA
GEOGRAFIA
A educação no Brasil passa por profundas mudanças, talvez não tantas quanto a
sociedade atual ordene, mas, sem dúvidas, significativas. Nesse contexto, a Geografia, como
componente curricular (tradicional) na Escola Básica, também se modifica, seja por força das
políticas públicas (BNCC, 2018) por exemplo, seja por exigências da própria ciência.
Assim, pensar o papel da Geografia na Educação Básica torna-se significativo, uma vez
que se considera o todo desse nível de ensino e a presença de conteúdos e objetivos que
envolvem, inclusive, as suas séries iniciais e a educação infantil. (CALLAI, p. 227).
Consideramos que a leitura do mundo é fundamental para que todos nós, que vivemos
em sociedade, possamos exercitar nossa cidadania. O que estamos buscando aqui tem se
concretizado no ensejo dessas mudanças? E sobre a possibilidade de aprender a ler, aprendendo
a ler o mundo; e escrever, aprendendo a escrever o mundo, tem de fato se concretizado? Para
tanto, buscamos refletir sobre o papel da Geografia na escola, em especial no ensino
fundamental, no momento do processo de alfabetização, que constantemente tem sido
negligenciado na estrutura educacional.
Assim vale mais uma vez a pergunta, qual é o lugar da Geografia nas séries iniciais ou
nas finais? Aprender a pensar o espaço? E, para isso, é necessário aprender a ler o espaço, “que
significa criar condições para que a criança leia o espaço vivido” (CASTELAR, 2000, p. 30).
Eis a questão; e pelos usos dos conceitos aqui trabalhados isso está acontecendo? Muitas vezes
os professores, como parte do processo, esquecem dessa necessidade de ser atendida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo da Geografia permite atribuir sentidos às dinâmicas das relações entre pessoas
e grupos sociais, e desses com a natureza, nas atividades de trabalho, estudo e lazer. O debate,
por ora aqui empreendido, tem a intenção de ampliar a importância dessas instâncias acima
mencionadas por meio do ensino da geografia. Desta forma, através das particularidades da
Paisagem e do Lugar é que podemos ampliar e de fato consolidar essa dinâmica.
Espera-se, que o sentido implantado aqui no debate não fuja da real necessidade do
ensino da Geografia, que é estabelecer vinculações com espaço vivido na realidade por meio
da Paisagem e do Lugar enquanto espaços palpáveis.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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no processo de ensino e aprendizagem: perspectivas para a educação básica e geográfica.
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uma Geografia humana dos espaços vividos. GEOUSP – espaço e tempo, São Paulo,
espaço urbano, agentes e processos, escalas e desafios. Ana Fani Alessandri Carlos
(Org.), Marcelo Lopes de Souza (Org.), Maria Encarnação Beltrão Sposito (Org.)- São
INTRODUÇÃO
A Geografia tem o espaço como objeto de estudo e o trabalho de campo como prática
necessária para sua construção. No âmbito da formação docente, essa prática que possibilita a
análise empírica do espaço se concretiza por meio da aula de campo. Essa atividade se
caracteriza não apenas como um mero exercício de observação da paisagem, mas sim como
uma ponte para a compreensão da dinâmica do espaço geográfico. É, portanto, uma ferramenta
que está a serviço do geógrafo, desde que ela esteja possibilitando a conexão do empírico e do
teórico (ALENTEJANO e ROCHA-LEÃO, 2006).
É relevante destacar também que diversas terminologias são utilizadas no contexto
acadêmico para denominar a prática em campo, a exemplo de Trabalhos de Campo, Estudos do
Meio, Saídas ou Visitas de Campo e Aulas de Campo, de acordo com o que apresentam Rocha
e Salvi (2011). Assim não existe um consenso acerca do uso desses conceitos, sendo eles
utilizados muitas vezes como sinônimos. De forma geral, pode-se dizer que a aula de campo
está inserida num processo de interligação do conhecimento científico e da prática vivenciada.
A abordagem científica moderna desenvolvida entre os séculos XVI e XVII designa a prática
empírica como fator essencial para a comprovação do fenômeno de estudo (CLAVAL, 2004).
O método empírico dentro da Geografia Clássica foi baseado, então, num processo mais
descritivo do que interventivo no espaço, com foco na análise dos fatores naturais e humanos
representativos desse.
Com isso, não ocorria uma análise das dinâmicas socioespaciais, seus atores, sua
produção e reprodução. Com a chegada da ciência moderna e a necessidade de renovação dos
métodos científicos, o empirismo passou a ser questionado, entrando em ação uma nova
perspectiva para o estudo de campo, que agora devia se deter também, à interação existente
entre natureza e sociedade, interpretando-as em várias escalas, trazendo um significado para
esse processo (AZAMBUJA, 2012). Assim, é por meio da realização da pesquisa em campo,
pensada em diversas escalas articuladas entre si, que pode-se compreender a dinamicidade do
espaço geográfico (LACOSTE, 1977).
No âmbito da educação escolar, esse método de estudo espacial também pode ser
adotado, em busca de uma ação pedagógica menos tradicional que vise quebrar com o
paradigma de disciplina meramente decorativa atrelado à Geografia. Contudo, para que isso
ocorra, é importante que o (a) professor (a) de Geografia esteja familiarizado com a dinâmica
da aula de campo, sua estrutura, forma de planejamento, objetivos gerais e organização.
No cenário da Graduação em Licenciatura em Geografia da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), a aula de campo aparece vinculada a formação deste curso, sendo
intrínseca para o desenvolvimento docente dos seus alunos. Nota-se, porém, que devido ao
cenário dos últimos anos acometidos pela pandemia do Covid-19, que, por questões sanitárias,
acarretou na paralisação do ensino presencial, bem como os cortes orçamentários na educação
superior, essa atividade foi bastante afetada.
Nesse sentido, busca-se realizar uma revisão bibliográfica para compreender o conceito
de aula de campo e suas outras denominações na literatura geográfica, bem como analisar a
importância da aula de campo como fator essencial na pesquisa geográfica e na formação de
professores de Geografia, considerando o contexto do curso de Licenciatura em Geografia da
UFPE e os possíveis impactos advindos do período da pandemia do COVID-19.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Da Silva (2002) discute o trabalho de campo como prática “andante” de fazer geografia,
sendo esse, um instrumento que faz uma leitura de mundo na qual se pode interpretar o meio
com base no conhecimento sistematizado. A partir do trabalho da mesma autora, Maurício
Compiani (1991) entende o campo como o local que se extrai informações para elaborar teorias
e também onde se testa essas teorias, ou seja, onde o conhecimento geográfico é produzido.
Rocha e Salvi (2011) apresentam, a partir do mapeamento de títulos de artigos em
revistas, uma reflexão acerca das diferentes terminologias utilizadas para designar saídas a
campo, que de antemão, não apresentam um consenso conceitual ou epistemológico. As
principais terminologias encontradas pelos autores, foram Trabalhos de Campo, Estudos do
Meio, Saídas ou Visitas de Campo e Aulas de Campo.
Dantas e Cordeiro (2020) problematizam os conceitos de “Aulas de Campo”, “Trabalho
de Campo” e “Excursão Didática”. Os autores entendem o primeiro como um sinônimo de
Estudo do Meio, sendo uma extensão da sala de aula ao campo, tendo como principal objetivo
trabalhar a relação das atividades teóricas atribuídas em classe às práticas observadas “in loco”.
O Trabalho de Campo teria fins acadêmicos, norteados por metodologias pré-estabelecidas,
bem como, objetivos e procedimentos que possuem etapas a serem respeitadas, a fim de
interligar os conhecimentos adquiridos e sendo associados principalmente à pesquisa – coletiva
ou individual. Por fim, Excursão Didática seria sinônimo de “visitas” a determinados locais
estratégicos no qual, expositores (professores, monitores e/ou guias) e alunos discutem os
componentes observados na paisagem e nos processos que nela ocorrem.
Lopes e Pontuschka (2009) consideram o estudo do meio como uma atividade
pedagógica na qual há uma imersão orientada em um espaço geográfico a fim de verificar e
produzir novos conhecimentos. Tal atividade requer um método de pesquisa interdisciplinar,
complexo e que carece também do respeito aos passos do planejamento, para proporcionar aos
alunos, a assimilação do conteúdo de forma integrada. Os autores reforçam ainda, que essa
metodologia muitas vezes tem seu nome relacionado a outras formas de saídas a campo, como
sistematizado por Dantas e Cordeiro (2020), mas advertem que é preciso se atentar a algumas
etapas necessárias para a realização da metodologia. Por exigir um certo rigor na elaboração e
desenvolvimento, o estudo do meio segue uma lógica sequencial de realização, como por
exemplo, a elaboração do planejamento, a execução da atividade, a sistematização das
informações coletadas e a divulgação dos resultados obtidos.
Outro termo bastante recorrente, é o de “Aula de Campo” ou “Aula em Campo”, que
em geral é a extensão da aula que acontece no ambiente formal de ensino tendo como objetivo
complementar o que foi abordado em sala de aula, ou seja, seria o ‘ver na prática’ daquilo que
foi estudado nos livros. Monteiro de Oliveira e Souza de Assis (2009) não consideram tal termo
como sinônimo de trabalho de campo e sim como um produto deste, já que o docente que
coordena a aula de campo, precisa ter realizado previamente um trabalho de campo, para
posteriormente realizar a transposição didática. Neste trabalho, optamos por usar os termos
“Aula de campo” (quando aplicado para fins pedagógicos) e “Trabalho de Campo” (quando
aplicado para fins de pesquisa.
Na abordagem científica moderna, que se desenvolveu entre os séculos XVI e XVIII, a
prática empírica se estabeleceu como um elemento crucial para a validação de fenômenos de
estudo, conforme ressaltado por CLAVAL (2004). Dentro desse contexto, o trabalho de campo
surgiu como uma contribuição significativa à Geografia, permitindo a confirmação verídica dos
fenômenos por meio da observação e descrição detalhada do espaço e suas características, sendo
conduzido pelo olhar atento e analítico do geógrafo, que desempenha um papel central nos
estudos geográficos. Essa perspectiva se reflete, posteriormente, nas abordagens das primeiras
escolas geográficas, a escola francesa e a escola alemã, que destacaram a importância do
trabalho de campo na compreensão das interações humanas e ambientais.
Buscava-se em tal período, fazer uma diferenciação e individualização da área de estudo
a partir da sua observação. Esse processo foi realizado por meio do método regional que procura
na distribuição espacial dos fenômenos a caracterização das unidades regionais de determinada
localidade (CORRÊA, 2000). No âmbito educacional, essas características resultaram em um
processo de ensino descritivo, o que auxiliou na construção de um imaginário sobre a Geografia
caracterizada como disciplina "decorativa". Sobre esse assunto Lacoste (1988) argumenta que:
Seguindo esse pensamento, Morais (2003), explica que historicamente, a Geografia tem
uma epistemologia voltada para servir como instrumento de dominação de países
“desenvolvidos” para com os países “subdesenvolvidos”, e esse estigma de ter um caráter
conteudista e decorativo, acompanhou a ciência, também, enquanto disciplina escolar. De
acordo com De Souza (2016) e Silva (2013), é observado que muitos alunos ingressam na escola
com a percepção de que a Geografia se resume a conteúdos decorativos, uma perspectiva que
reflete a herança histórica tradicional da disciplina. Assim, cabe aos professores utilizar
recursos e metodologias didáticas que demonstrem a aplicabilidade social e espacial da
Geografia como ciência, estimulando, assim, o desenvolvimento da criticidade e criatividade
dos estudantes.
Nesse contexto, surge a necessidade de implementar aulas de campo no ensino básico.
Isso é essencial para que os alunos possam perceber, por meio da integração entre teoria e
prática, que os conteúdos geográficos são relevantes para o seu dia a dia (SANTOS e BURITI,
2020). No entanto, para que essas atividades sejam realizadas nas escolas, é fundamental que
os professores de geografia estejam devidamente capacitados. Uma maneira eficaz de capacitá-
los é proporcionar experiências de trabalho de campo durante sua formação docente. Isso
permite que eles vivenciem essa abordagem metodológica e a adaptem ao contexto da educação
básica.
Diante desse cenário, em que a Geografia muitas vezes é percebida na educação escolar
como um conhecimento decorativo, torna-se crucial compreender as particularidades que
cercam o conceito de ensino, pois isso impacta diretamente a maneira como o professor conduz
sua prática pedagógica. De acordo com Anastasiou (1997), o ato de ensinar, originário do latim
"insignare," possibilita que o indivíduo tome consciência de sua própria existência. Ensinar é
uma tarefa intencional com metas estabelecidas, cujo objetivo final é a aprendizagem do aluno.
Nesse contexto, existem duas lógicas predominantes em relação ao método de ensino: a lógica
formal, que se concentra na afirmação e negação com o objetivo de simbolizar o conteúdo pelo
aluno, e a lógica dialética, na qual deve ocorrer a criticidade do processo de simbolização que
está ligado à análise complexa do mundo, buscando significados para o que se aprende.
Nesse sentido, uma janela que se abre como alternativa metodológica para o ensino
crítico de Geografia é a aula de campo, para tanto, deve ocorrer também a formação docente no
contexto dessas práticas. Sobre esses aspectos, Morais et al (2021) relata que:
A aula de campo é uma ferramenta que, de modo mais acentuado, possibilita a
correlação dos conteúdos trabalhados em sala de aula, em diferentes etapas do ensino,
com a prática de vida. Isso significa que da Educação Básica ao Ensino Superior é
possível adaptar as visitas de campo para discutir o conhecimento teórico apresentado
em sala de aula (MORAIS, et al, 2021. p.2)
Gráfico 01: Você considera que a suspensão das aulas de campo devido ao contexto pandêmico, influenciou
negativamente na sua formação (processo de ensino-aprendizagem)?
Observa-se a partir dos resultados dessa questão, que 31,8% dos alunos concordam que
houveram impactos negativos parciais, e 68,2% revelaram que ocorreu um impacto negativo
total no processo formativo. Essas respostas, evidenciam que a ausência de tais atividades são
um desafio à formação docente, podendo afetar futuramente as práticas pedagógicas, visto que
influenciam na sistematização dos conteúdos, além da própria reprodução dessa metodologia
de ensino na educação básica, que constantemente, não associa o conhecimento apreendido nas
aulas de Geografia com a realidade espacial do aluno (LOPES e PONTUSCHKA, 2009).
Em seguida realizou-se uma pergunta acerca da melhora ou não na apreensão dos
conteúdos com o retorno das aulas de campo.
Gráfico 02: Na sua percepção, com o retorno das aulas de campo no semestre 2021.2, houve uma melhora na
apreensão dos conteúdos a partir das vivências práticas fora de sala de aula?
Nesse caso, 9,1% dos participantes atestam uma melhora parcial na apreensão dos
conteúdos, enquanto 89,6% concordam com uma melhoria total desse processo e apenas 2,3%
alegam que não houve melhoria. Nesse âmbito de assimilação dos conteúdos destacou-se, por
fim, quais disciplinas tiveram mais impactos durante a suspensão das aulas de campo.
Analisando-se dois grandes eixos um ligado a Geografia Física (Fundamentos de Pedologia,
Fundamentos de Geomorfologia, Geomorfologia Dinâmica e Estrutural, Geomorfologia
Costeira, Fundamentos de Climatologia, Climatologia Dinâmica, etc), e o outro a Geografia
Humana (Geografia Regional do Nordeste, Introdução a Geografia, Geografia Cultural,
Geografia Agrária, Agroecologia, Geografia Política, etc) (Gráfico 03).
Gráfico 03: Na sua percepção, de forma geral, qual (is) grupo (s) de disciplinas tiveram mais impactos com as
ausências das aulas de campo, durante os períodos em que estiveram suspensas pelo contexto pandêmico?
A análise das informações revela que, de acordo com 22,7% dos participantes, as
disciplinas relacionadas à Geografia Física sofreram impactos negativos devido à falta de aulas
de campo durante o período da pandemia do COVID-19. Em contrapartida, a maioria,
representada por 77,3% dos participantes, acredita que tanto as disciplinas de Geografia Física
quanto as de Geografia Humana foram negativamente afetadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CLAVAL, P. A Paisagem dos Geógrafos. In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny
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DE OLIVEIRA, C. D. M. Do estudo do meio ao turismo geoeducativo: renovando as práticas
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LACOSTE, Y. A Geografia – Isso Serve, Em Primeiro Lugar, Para Fazer a Guerra, v. 3,
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LACOSTE, Y. A Pesquisa e o TC: Um Problema Político Para os Pesquisadores, Estudantes e
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ROCHA, T. A Geografia Moderna Brasileira. Boletim Paulista de Geografia, N.° -17 45,
1954.
INTRODUÇÃO
Este trabalho propõe a ideia de ensino compartilhado no contexto do ensino
fundamental, com foco na colaboração entre professores de geografia e graduandos da
disciplina na Escola Estadual de Ensino Fundamental Stella da Cunha Santos. O objetivo é
discutir como essa abordagem colaborativa pode enriquecer a experiência de ensino e
aprendizagem, beneficiando tanto professores quanto alunos. O co-ensino, também conhecido
como ensino colaborativo, tem as suas raízes na procura de métodos educativos mais inclusivos
e eficazes. Embora não exista uma origem única, evoluiu ao longo do tempo em resposta a
diferentes influências e necessidades educacionais.
Segundo Eniceía Gonçalves (2006) o movimento de educação inclusiva cresceu em
popularidade nas décadas de 1960 e 1970, defendendo a ideia de que todos os alunos,
independentemente da sua capacidade, deficiência ou diferença, deveriam receber uma
educação de qualidade nas escolas regulares. Isso facilita novas abordagens para atender às
necessidades de diferentes alunos.
As pesquisas na área da educação começaram a enfatizar a importância da colaboração
entre educadores e da participação ativa dos alunos no processo de aprendizagem. Teóricos
educacionais como Lev Vygotsky também enfatizaram a importância da interação social no
desenvolvimento cognitivo. À medida que as sociedades e as economias se tornam mais
complexas, a necessidade de colaboração e trabalho em equipa torna-se cada vez mais evidente.
Esta tendência também se reflete na educação, que incentiva métodos que ajudam os alunos a
colaborarem no mundo real.
METODOLOGIA
A educação é uma jornada colaborativa onde professores e alunos trabalham juntos para
atingir objetivos de aprendizagem. Uma abordagem que ganhou força nos últimos anos é a
abordagem de ensino partilhado, que se baseia na ideia de que a colaboração entre educadores
pode enriquecer significativamente as experiências de aprendizagem dos alunos. Neste artigo,
exploraremos detalhadamente o conceito de co-ensino, seus benefícios e como foi
implementado na Escola Estadual De Ensino Fundamental Stella da Cunha Santos.
No caso da Escola Estadual De Ensino Fundamental Stella da Cunha Santos a sala foi
compartilhada entre um professor com mais de 10 anos de experiência e mais quatro alunas de
licenciatura em geografia, onde todas as atividades eram fundamentadas em conjunto para as
turmas de 6º, 8º e 9º anos ao qual tinham saído de um cenário pandêmico e logo sofriam com
as sequelas do ensino durante a pandemia. Além das dificuldades enfrentadas pela infraestrutura
da própria escola, que sofre com o abandono, deixando os alunos em situações precárias em
relação à segurança e muitas vezes em como chegar até o ambiente escolar.
Com isso tomamos como objetivo do ensino compartilhado de alguma forma busca
caminhos que ajudassem esses alunos a diminuir algumas sequelas deixadas pelo ensino na
pandemia como a dificuldade de leitura e escrita propondo um jornal inteiramente escrito e
produzido pelos alunos que seria disponibilizado para toda escola no qual eles pudessem
exercitar não só a leitura mais a escrita e trazer nesse espaço algumas situações do seu próprio
dia a dia como problemáticas, indicações de livros e filmes/séries, etc.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tendo assim como resultado o aprimoramento das práticas de ensino: O co-ensino entre
professores de geografia do ensino fundamental e alunos de graduação resultou no uso de vários
métodos de ensino em sala de aula. Isso ajuda a enriquecer o processo de ensino, tornando-o
mais dinâmico e envolvente para os alunos.
Melhorar as notas dos alunos do ensino fundamental: O ensino compartilhado, por meio
de sua abordagem inovadora e diversificada, teve um impacto positivo nas notas dos alunos do
ensino fundamental. Através da colaboração entre professores de geografia e alunos de
graduação, uma educação mais envolvente e personalizada pode ser fornecida, atendendo às
necessidades dos alunos e promovendo uma compreensão mais profunda do conteúdo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino compartilhado entre professores de geografia do ensino fundamental e alunos
de graduação é uma forma promissora de enriquecer o ensino da disciplina. Trabalhando juntos,
professores experientes e alunos graduandos são capazes de explorar diferentes perspectivas,
abordagens e recursos, tornando as aulas mais estimulantes e eficazes.
REFERÊNCIAS
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educação infantil: potencialidades e desafios. Zero-a-Seis, v. 24, n. 46, p. 1208-1231, 27 out.
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formação de professores de Geografia e uso de tecnologias na educação básica / Remote
teaching in the Covid-19 pandemic: reflection on the training of geography teachers and the use
of technologies in basic education. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 9, p. 88708-
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PRATES, Tatiane da Silva, SILVA, Ione e Cássia Soares da, e RIBEIRO, Lucineide Fonseca
Silva. As novas tecnologias e aprendizagem: desafios enfrentados pelo professor na sala de aula
- Revista em debate (UFSC). Florianópolis. vol. 16, p. 107-123, 2016. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/emdebate/article/view/1980
3532.2016n15p107/33788. Acesso em: 08 out. 2023.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas vem crescendo o número de estudos sobre a relação dos saberes
docentes e a sua atuação profissional, os que se estabelecem no tempo e vão desde a
escolarização aos cursos de formação, até a prática profissional refletindo inclusive na escolha
dos recursos didáticos e das práticas de ensino em sala de aula.
De acordo com Callai (2012), Cano e Pereira (2012), a prática docente está atrelada aos
processos que o professor vivencia em sua formação, seja na graduação, nos estágios, nos
programas de pós-graduação e, principalmente, no dia a dia em sala de aula. Estes processos
devem favorecer a visão holística do professor frente aos entraves presentes no ensino da
Cartografia escolar. Uma das incumbências do professor é utilizar metodologias que possibilite
o aluno participar do processo de ensino e compreenda de forma crítica a realidade em que
vive.
Essas atividades podem ser construídas a partir de práticas e ações do cotidiano dos
alunos, utilizando-se de jogos e brincadeiras que irão auxiliar no desenvolvimento e
aprendizagem dos mesmos. Esses aprendizados irão auxiliar na percepção do
indivíduo, sobre o lugar onde vivem ou estudam, partindo desse viés podemos obter
um bom aprendizado. (PEREIRA, 2021, p.25).
Foi justamente, estudar sobre o vale [dos Dinossauros], depois visitar, desenvolver o
relatório e maquete (P01).
Olha como disse inicialmente, aqui temos um problema que é o espaço físico, ele
limita muito, uma maquete dessas eu posso até fazer, mas não tem um local específico
para guardar, poderia até ter uma exposição delas de diferentes disciplinas, mas veja
aí, fica aqui na sala de informática. Às vezes até para fazer uma dinâmica em sala é
difícil pelo número de alunos e o tamanho da sala (P01).
O professor que nunca desenvolveu maquete relata que nunca desenvolveu
principalmente por dificuldades com a infraestrutura da escola, recursos cartográficos e a sua
formação inicial.
Eu nunca fiz porque não sei fazer, quem me salva é uma amiga minha, a professora
de Ciências ele sempre faz, e eu acabo utilizando também, mas eu mesmo nunca fiz e
também não sei fazer (P02).
Os docentes P01 e P02 que lecionam na Escola Municipal Cecília Estolano Meireles,
relatam desafios que precisam ser superados, constata-se que as principais dificuldades na
utilização de maquetes são infraestrutura da escola, recursos didáticos, dificuldades
matemáticas e formação inicial.
Diante disso, apresentamos imagens de duas maquetes que podem ser trabalhadas em sala
de aula como suporte metodológico para o ensino de Cartografia na Geografia escolar e
indagamos como os docentes trabalham uma prática tomando como referência essas duas
maquetes de relevo em curvas de nível (figura 01).
Figura 01: Maquetes apresentadas aos professores: maquete relevo em curva de nível (A) e
Maquete Bacia Hidrográfica do Riacho das Piabas, Campina Grande em curva de nível (B)
Eu dividi equipes para trabalhar com o mapa do Nordeste, expliquei bem direitinho
e trabalhamos as capitais, a vegetação (P01).
Normalmente os desenhos são de mapas ou percurso de casa para a escola e as
imagens são mais mapas (P02).
Acerca das possíveis dificuldades enfrentadas para desenvolver práticas de ensino com
mapas em branco impressos, a fala do professor 02 releva algumas peculiaridades:
Com os desenhos não têm tanta dificuldade para fazer, mas as imagens tenho que
trazer de casa imprimidas ou de recortes, pois o data show aqui da escola é apenas
um, se eu for trabalhar com várias imagens e vídeos tenho que agendar e nem sempre
está disponível (P02).
Diante dos desenhos os professores puderam observar e avaliar quais práticas poderiam
ser desenvolvidas em sala. Sobre as possíveis práticas, afirmaram:
Geralmente, esses mapas eu peço pata eles identificarem os lugares e vou mostrando
as áreas, explicando, tipo o nordeste brasileiro, eles identificam e eu explico, o
sudeste, eles identificam e eu explico e no final passo exercício (P02).
Em relação a este fato os professores explicam o motivo pelo qual não utilizaram jogos
nas práticas de ensino em Cartografia na Geografia escolar, vejamos as falas:
Não temos muitos jogos, eu já fiz com educação financeira, mas jogos sobre
cartografia não fiz, até porque não tenho tanta afinidade como te falei (P01).
Os jogos são legais, mas nossas turmas são grandes, acaba tendo muita bagunça e
barulho, então prefiro não trabalhar com eles (P02).
Figura 03: Mapa-múndi com sistema de coordenadas geográficas que pode ser adaptado para o jogo batalha
naval para o ensino de Cartografia
As falas evidenciam algumas questões interessantes no que diz respeito à prática com
jogos, como o fato do recurso didático ser conhecido por um professor, mas não pelo outro,
demonstrando que os conhecimentos dos docentes a respeito do jogo como metodologia de
ensino e desenvolvimento de práticas em sala de aula ainda é baixo. Perguntados sobre quais
dificuldades enfrentariam na escola caso fossem desenvolver esta prática em sala de aula,
destacam-se a infraestrutura da escola e recursos cartográficos.
Referente às dificuldades para trabalhar com geotecnologias em sala de aula, mais uma
vez é possível verificar que a infraestrutura da escola Cecília Estolano Meireles não oferece as
condições necessárias.
Diante disso, apresentamos para os docentes a tela inicial do software Google Earth Pro
que é um programa gratuito para computadores que possui recursos avançados permitindo ao
professor a visualização de imagens de satélite, altimetria de terrenos e realizar diversos tipos
de análises como medições de área, além de visualizações em 3D.
Indagamos aos professores quais dificuldades seriam encontradas para o trabalho com
este tipo de geotecnologia nas suas respectivas instituições de ensino. Vejamos o que revela as
vozes dos professores:
Aqui na escola é meio difícil, olhe o tamanho dessa sala, não cabe todo mundo, além
disso tem que ver se a internet ajudaria e os computadores (P01).
Primeiro a sala de informática seria uma dificuldade, depois a internet né, eu também
preciso aprender, ver se tem computador para todo mundo (02).
Quando se refere as dificuldades de ensino com este tipo de recurso, ficou perceptível que
a infraestrutura da escola e os recursos cartográficos são as dificuldades mais citada entre os
professores investigados.
Figura 05. Níveis de dificuldades dos professores para desenvolver práticas com os recursos
metodológicos apresentados na Escola Cecília Estolano Meireles
Fonte: Pesquisa de Campo, 2022 - Elaborado pelo autor com base nos questionários.
Dentre os 4 tipos de recursos e práticas podemos perceber que as maquetes são pouco
utilizadas no ensino de Cartografia na Geografia escolar, enquanto os mapas em branco
impressos mesmo de fácil acesso ainda são um pouco usados muito por conta da falta de
recursos cartográficos na referida escola.
Sobre a prática com jogos percebemos que o recurso didático é conhecido apenas por
um dos professores e mesmo assim pouco é associado ao ensino, demonstrando que o
desenvolvimento de práticas a partir de jogos em sala de aula ainda é baixo, por fim, mesmo as
geotecnologias estando em ascensão no ensino de Cartografia na Geografia escolar, software
como o Google Earth Pro praticamente não é utilizado devido a falta de conhecimentos
necessários pelos professores para operar o programa, além da infraestrutura da escolas que não
oferece as condições necessárias.
REFERÊNCIAS
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metodológico nas aulas de Geografia. In: I Simpósio Nacional de Recursos Tecnológicos
Aplicados à Cartografia e XVIII Semana de Geografia, 21 a 25 de set. 2009. Maringá, p. 390-
395.
CANO, Márcio Rogério de; PEREIRA, Robson da Silva (Org.). A reflexão e a prática de
ensino. São Paulo: Blucher, 2012.
INTRODUÇÃO
Este artigo, além das reflexões acerca da educação geográfica na Escola Cidadã
Integral, vai apresentar algumas estratégias para melhorar a educação geográfica em ECI
(Escola Cidadã Integral), considerando a importância da formação continuada dos professores,
a utilização de recursos tecnológicos, o estímulo à pesquisa e prática de campo, a promoção da
interdisciplinaridade e a valorização do professor. Além disso, serão destacados o lugar da
geografia na ECI e a importância da correlação entre a geografia e a ECI para uma abordagem
abrangente acerca dos problemas socioeconômicos, infraestruturas e ambientais.
É importante ressaltar que existem diversos outros fatores que influenciam essas
motivações, como a aquisição de conhecimento, convívio social, participação em atividades
extracurriculares, preparação para o futuro, possibilidade de realizar sonhos e
ambições. Durante a nossa chegada à escola várias turmas estavam participando dos ensaios
para as danças juninas, com isso fui conhecer a estrutura física da escola e suas dependências,
meu primeiro contato com os alunos foram acompanhados pelo Preceptor e outros Residentes
na sala de aula com uma turma bem reduzida devido a evasão.
Utilizamo-nos de autores: Carvalho e Silva (2022) para pensar a ECI, Santos (1994;
2005) sobre espaço, Callai (2001) e Freire (1995) sobre a importância da leitura de mundo dos
sujeitos da escola; Cavalcanti (1998) que trata da importância da Geografia na escola na
construção de conhecimentos.
No Ensino Integral a escola funciona em período integral nos turnos manhã e tarde, de
modo ininterrupto, momento em que os estudantes, em geral, permanecem no ambiente escolar.
De acordo com as Diretrizes Operacionais das Escolas Cidadãs (GOVERNO DA PARAÍBA,
2018, p. 12), o ensino integral visa o desenvolvimento do Protagonismo Juvenil, o qual implica
em:
uma das bases de sustentação do modelo da Escola Cidadã Integral e, enquanto
modalidade de ação educativa, visa desenvolver jovens autônomos(as), solidários(as)
e competentes, atores(atrizes) e sujeitos(as) da própria ação, preparados(as) para
buscar soluções de problemas reais na escola, na comunidade e na vida pessoal e
social.
não apenas ajuda a ver as práticas educacionais como produtos históricos e sociais,
mas também suscita questões a respeito de como esses determinantes se revelam nas
percepções de senso comum dos professores, nas relações de sala de aula e na forma
e conteúdo dos materiais curriculares.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ASSIS, Lenilton Francisco de; LIRA, Rita de Cassia Santos; MONTEIRO, Maria Carolina
Gomes. BNC-formação: o realinhamento às políticas neoliberais de influência norte-
americana na formação de professores no Brasil. In: ASSIS, Lenilton Francisco de;
ALBUQUERQUE, Maria Adailza Martins de; MORAIS, Nathália Rocha. Formação De
Professores De Geografia Na Paraíba: avanços e resistências na reforma curricular. João
Pessoa: Editora do CCTA, 2022. Disponível em:
<http://www.ccta.ufpb.br/editoraccta/contents/titulos/educacao/formacao-de-professores-de-
geografia-na-paraiba-avancos-e-resistencias-na-reforma-curricular/livro-formacao-ebook-
5.pdf>. Acesso em 20 de setembro de 2023.
ALBUQUERQUE, Maria Adailza Martins de; MORAIS, Nathália Rocha (org.). Formação
de professores de geografia na Paraíba: avanços e resistências na reforma curricular.
João Pessoa: Editora do CCTA, 2022. 336 p. Disponível em:
http://www.ccta.ufpb.br/editoraccta/contents/titulos/educacao/formacao-de-professores-
degeografia-na-paraiba-avancos-e-resistencias-na-reforma-curricular/livro-formacao-ebook-5.
Acesso em: 28/11/2022.
CALLAI, H. C. A geografia e a escola: muda a geografia muda o ensino? Terra Livre. São
Paulo, n.16, p 135-152, 1ºsemestre/2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, 42.ª edição.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo:
Hucitec, 1997.
______. Por uma geografia cidadã: por uma epistemologia da existência. Boletim Gaúcho de
Geografia. Porto Alegre, n. 21, p. 7-14, 1996.
______. In: Encontro com Milton Santos. O mundo global visto pelo lado de cá. Direção Silvio
Tedler. 2001.
SOUZA, Marcelo Lopes de. Ambientes e território: uma introdução à ecologia política. Rio
de Janeiro; Bertrand Brasil, 2019a.
INTRODUÇÃO
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), em seu Artigo II, afirma:
Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma,
religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra condição.
Segundo Araújo (2022) o Brasil é o país que tem a maior população negra de
afrodescendentes fora da África. Dados de 2018, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística-IBGE, mostram que, cerca de 54% da população brasileira se autodeclara negra,
somando aproximadamente, 120 milhões de afrodescendentes.
A população afrodescendente, tão numericamente expressiva está entre a mais afetada
pelo racismo no nosso País. Competir de igual para igual com a população branca tem sido uma
tarefa árdua e, quase sempre, nula de êxito. Seja na escola, no trabalho, na academia, nos
cursinhos ou, nos cargos de chefia, a disparidade salta aos olhos. Os espaços são
majoritariamente ocupados pela ‘soberania’ branca, expressando o pacto da branquitude
(BENTO, 2022a). Em se tratando de cargos de trabalho, em sua grande maioria, os negros ainda
ocupam funções de cunho operacional e técnico, sem falar na baixa remuneração em relação à
população branca, que exerce as mesmas funções, acentuando o racismo presente no mundo do
trabalho. Segundo Bento (2022, p. 18),
Bento (2022) nomeia todo esse processo de branquitude, que é perpetuado dia após dia
por meio de um pacto de cumplicidade, não expresso por palavras entre pessoas brancas, cujo
principal objetivo é a conservação de privilégios. Nesse contexto, o racismo, contribui
veementemente com a manutenção da hierarquização da branquitude, fortalecendo laços
invisíveis que atam nós que findam marcando a vida do indivíduo, vítima de racismo e exclusão,
por toda a sua caminhada.
A formação desse cenário, que coloca o branco em uma redoma de privilégios,
contribui para sensibilizar e, muitas vezes, desestabilizar o psicológico e, a autoestima das
pessoas que, ao se verem excluídas passam a duvidar das suas próprias capacidades. Bento
(2022) relata que com as negativas durante a procura por emprego, a dor despertava dúvida
quanto à sua competência, o que desencadeou insegurança quanto ao futuro profissional.
O baixo índice de contratação da população negra influi diretamente nas perspectivas
de futuro por parte do indivíduo. Entra em debate então, uma questão que é diretamente
influenciada por essa concorrência desleal: a questão econômica. Falar sobre raça e economia
é essencialmente, falar sobre desigualdade (ALMEIDA, 2018, p.121). A raça é um marcador
determinante da desigualdade econômica e que, direitos sociais e políticas universais de
combate à pobreza e distribuição de renda que não levem em conta o fator raça/cor mostram-se
pouco efetivas (ib. id.: p.123).
A desigualdade encontra ainda mais fôlego, quando a discriminação ocorre no espaço
escolar. Ela colabora com a baixa empregabilidade reforçando estigmas que já estão arraigados
há tempos, em nossa sociedade. Estudantes pretos e periféricos estão bem mais susceptíveis a
essa situação. A evasão escolar também pode, e muitas vezes, é impulsionada pelo capitalismo,
que por sua vez, põe nos ombros de jovens, meninos e meninas, a responsabilidade de
abandonar a escola e ir à busca de alguma atividade que gere renda e, com isso, contribuir para
o sustento do lar.
Do outro lado, estão os jovens brancos privilegiados por investirem os seus tempos em
atividades relacionadas à aprendizagem e, ao enriquecimento do currículo, corroborando com
o fato de que, enquanto concorrentes no mercado de trabalho, a luta é desigual. O racismo se
manifesta no campo econômico de forma objetiva, como quando as políticas econômicas
estabelecem privilégios para o grupo racial dominante ou, prejudicam as minorias (ALMEIDA,
2018, p.134).
É de extrema importância que a escola atue como agente formador, conscientizador,
intermediando na resolução de conflitos, para tanto se faz necessário que a diversidade saia do
campo teórico e, vá para a realidade dos discentes. Feiras, apresentações, gincanas e/ou aulas
voltadas para a importância da diversidade cultural são alternativas indispensáveis, com as
quais, as instituições de ensino podem lançar mão, a fim de obterem êxito na compreensão da
necessidade do respeito e da tolerância no espaço escolar, e fora dele.
É mister despertar nos alunos o interesse pelo ambiente que os cerca. Estimular o
aprendizado a partir de situações que lhes sejam familiares e dialogar, doravante seus
conhecimentos prévios, contribui para que aumente o interesse pela aula. A Geografia nos
permite questionar o mundo sob as mais diversas perspectivas. Do ambiental ao social, ela nos
ajuda a responder questionamentos que agregam em uma gama de campos do conhecimento,
como o administrativo, por exemplo. Para uma boa administração pública é preciso conhecer
geograficamente o espaço, que carece de políticas públicas para um bom funcionamento e
manutenção da dinâmica social.
O geógrafo Milton Santos define o espaço da seguinte maneira: ““O espaço é formado
por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e
sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história
se dá””. (SANTOS, 2008, p.63). Aqui, tomamos a escola como espaço formativo, como espaço
que abriga interesses, uma função, os processos, que possui uma forma, sendo ela regulada pela
estrutura (SANTOS, 1985).
No âmbito escolar, a Geografia é uma bússola que norteia (ou suleia) os alunos, que
como desbravadores vão conhecendo mais sobre o lugar que vivem e ocupam no mundo. De
acordo com Callai (2012, apud MALAYSKI, 2018), o objetivo da Geografia Escolar é tentar
explicar e compreender o mundo, de situar o educando no contexto socioespacial onde vive e
de construir instrumentos para tornar o mundo mais justo para a humanidade, por meio da
formação de cidadãos.
Educar geograficamente ultrapassa quaisquer barreiras físicas e ultrapassa a noção de
ensino. Conhecer, aprender, desmistificar e respeitar. Nosso País, de dimensões continentais
apresenta uma enorme diversidade em todos os sentidos. Cores, sotaques, costumes e religiões.
Do mesmo modo, diversificadamente, deve ser a escola que acolhe e combate às desigualdades,
que trabalha em parceria e faz um link entre as disciplinas que compõem o seu currículo.
No caso da Geografia, a ação inter/transdisciplinar, a evidência de pluralidades se faz
necessária, e aqui, nos apropriamos do ensino da História. Esta nos ajuda a conhecer sobre o
passado do nosso povo e nossas heranças socioculturais. A esse trabalho conjunto dá-se o nome
de interdisciplinaridade. Cada disciplina deve ter preservado os seus objetivos específicos, o
que não impede que haja a escolha de um tema comum entre múltiplas matérias de estudo. Ao
perguntarmos a um Residente do Subprojeto Geografia acerca do significado e, da importância
da Geografia, o mesmo afirma a importância da interdisciplinaridade (QUESTIONÁRIO
DIAGNOSE INICIAL DOS PRECEPTORES DO PROGRAMA RESIDÊNCIA
PEDAGÓGICA SUBPROJETO GEOGRAFIA: 2023, p. 70):
Vejo a Geografia como sendo um campo que nos possibilita conhecer o mundo, em
seus diferentes aspectos. Seja no campo da geopolítica, sejam os aspectos ambientais,
sociais. É uma área interdisciplinar que caminha por diversos campos do
conhecimento.
A legislação brasileira assegura a interdisciplinaridade como base de organização e
sua institucionalização no currículo, e diz que 20% da carga horária anual da escola básica
brasileira devem ser destinadas a projetos interdisciplinares (BRASIL, 2010 apud MOZENA et
al., 2017).
A história da educação perpassa por distintos períodos, assim como cada momento
desses representa um interesse ideológico diferenciado. Na atualidade, presenciamos uma busca
pela educação na qual o educando seja o centro do processo educativo, bem como que as
aprendizagens estejam pautadas em currículos contextualizados com as realidades dos
educandos.
Entendemos a importância de convivência de distintos métodos, mas de promoção da
ação educativa transformadora, libertadora, emancipadora dos sujeitos, o que se distancia da
atividade redutora que visa apenas à concepção mnemônica ou de ‘decorar os conteúdos’.
Assim, o sujeito que se educa, conforme enaltece Freire (1996), ele se liberta, torna-se
autônomo, percebe-se como sujeito capaz de transformação do espaço e de si próprio. Segundo
Freire (1996, p.23) afirma:
É cada vez mais comum nos depararmos com ações de combate à homofobia nas
escolas, o que é demasiado positivo e necessário, desde que não seja uma ação isolada e
esporádica, pois segundo Freire (1996), a educação se dá ao longo da vida, em todos os espaços.
Há a necessidade de que o ato de educar seja a rotina, a regra, e ocorra durante a formação
cotidiana do sujeito, dentro ou fora da sala de aula ou da escola. Do mesmo modo, quando o
assunto diz respeito às questões raciais, é comum perceber nas escolas o costume de se discutir
a temática, quase sempre, no dia da Consciência Negra, o que consiste num dia voltado para a
luta e a reflexão, não ocorrendo continuamente em todas as situações necessárias de possíveis,
pois essa discussão sobre igualdade e o debate acerca do racismo e racismo estrutural deve ser
perene (ALMEIDA, 2019).
O preconceito que está tão inculcado em nossa população não deve ser apenas
combatido, mas desmistificado. Fazer com que o jovem aprenda a respeitar o outro e que essa
atitude seja recíproca. Ser diferente é o que nos faz únicos, cada um com sua personalidade
colaborando para uma convivência salutar. Conforme Santos (2003, p. 56), “[...] temos o direito
a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando
a nossa igualdade nos descaracteriza”.
Assim como as questões étnico-raciais, também são evidenciadas as questões em torno
de gênero e sexualidade, as quais devem ser tratadas como oportunidades de conteúdos capazes
de promover ações educativas (NOGUEIRA, [s.d.]; VILELA, 2013), Os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) tratam o tema orientação sexual como transversal:
Assim, a escola precisa perceber o seu papel social de atuar na formação cidadã em e
para os direitos humanos. Nas questões de gênero, é sabido que vivemos em uma sociedade
patriarcal, onde as mulheres precisam travar uma luta desigual com o sexo masculino. Termos
como ‘sexo frágil’ carrega consigo uma carga de discriminação e invisibilização do papel e do
trabalho da mulher. A mulher pode ser o que ela quiser ser. Enquanto de um lado a midiatização
do sexo feminino, que usa corpos femininos como marketing para vender seus produtos, temos
do outro lado, a escola, que tem a função de formar cidadãos críticos e conscientes da sua
importância para a sociedade (SANTOS, 2007).
Assim, é fundamental que a escola seja um campo aberto ao diálogo, de modo que
seja possível oferecer orientação e acesso a informações precisas sobre a temática,
com um discurso adequado a cada faixa etária e que seja capaz de auxiliar no processo
de formação e de tomada de decisão do educando conforme descobre a sua
sexualidade (SOARES et al, 2014 apud MIRANDA et al, 2019).
A intervenção aconteceu com uma turma do Sétimo Ano dos Anos Finais do Ensino
Fundamental, no dia 07 de junho de 2023. O processo se deu em dois encontros. No primeiro,
em uma roda de conversa todos se apresentaram, contaram um pouco de si e, o mesmo ocorreu
com as Residentes e a Professora Preceptora. Quando indagados se eles se identificam como
negros, a grande maioria respondeu de forma negativa. Mais adiante, conversamos sobre os
tipos de racismo e explicamos que muitas ‘brincadeiras’ que eles cometiam com os colegas, o
que é chamado comumente por bullying, são exemplos de racismo, e esse tipo de atitude deve
ser banida das práticas e relações sociais entre eles.
Como trilha sonora colocamos a música ‘Eu sou’ do cantor WD, que fala sobre a
resistência negra. Discutimos também, sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres e, mais
ainda, as mulheres negras e, ainda mais, as mulheres negras e homossexuais ou mulheres com
outras identidades demarcadas ou em processo de reconhecimento.
No segundo encontro foi organizada a culminância. Decoramos a sala de aula com
motivos e objetos étnicos em menção à cultura afro-brasileira e levamos tecidos para os
turbantes. Foram colocadas fotografias de artistas e personalidades negras, com o intuito de que
os alunos consigam perceber que, apesar de todo o preconceito, eles chegaram aonde muitos
duvidaram que chegassem. Mas, discutimos também que essa não é a forma ideal e justa, mas
a necessidade de que haja programas e políticas voltadas ao reconhecimento e a concessão do
direito humano aos desiguais, conforme sua caracterização. Uma dessas questões são as
políticas afirmativas, dentre elas, a política de cotas. De acordo com Piovesan (2008, p. 888),
“as ações afirmativas objetivam acelerar o processo de igualdade, com o alcance da igualdade
substantiva por parte de grupos socialmente vulneráveis, como as minorias étnicas e raciais,
entre outros grupos”.
Em princípio, foram rediscutidos alguns pontos do encontro anterior quando iniciamos
a discussão da temática ‘racismo, sexualidade e gênero’ e, seguida da realização da oficina de
‘maquiagem afro’. Todas as crianças e os adolescentes aceitaram se maquiar, tanto os meninos
quanto as meninas. Após a make, a Residente Gislayne deu início às orientações acerca das
montagens dos turbantes nas cabeças com os tecidos previamente comprados.
Durante a aula houve toda uma movimentação dos alunos demonstrando euforia,
curiosidade, entusiasmo e todos ficaram muito empolgados. Seus olhos ávidos por prestar
atenção em cada movimento apresentado brilhavam de entusiasmo. Foram demonstradas três
modelagens de turbantes sendo realizadas diretamente nas cabeças dos alunos, das Residentes
e, da preceptora. Sorrisos, todos se entreolhando e comentando acerca das maquiagens e dos
turbantes. A atividade atraiu a atenção e a participação de toda a turma.
Realizamos uma sessão de fotografias, enquanto conversávamos sobre a importância
do turbante para a cultura afro, pois que representam as suas coroas. E, todos ali, naquele
momento, percebíamos que puderam sentir o empoderamento que foi herdado pelo nosso povo,
nossa ancestralidade.
Figuras 01 a 04: Oficina de maquiagem afro e turbantes
REFERÊNCIAS
BENTO, Cida. Pacto da Branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022a.
MIRANDA, Jean Carlos; BARROS, Márcia Graminho Fonseca Braz e. Abordagem do tema
sexualidade no ambiente escolar. Revista Educação Pública. V. 19, nº 4, 19 fev. 2019.
NOGUEIRA, Pedro Ribeiro. Por que a educação deve discutir gênero e sexualidade?
Listamos 7 razões. [s.d.]. Disponível em: <http://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/06/25/por-
que-a-educacao-deve-discutir-genero-e-sexualidade-listamos-7-razoes/>. Acesso em: 7 abr 16.
______. A Natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. Ed. 8. Reimpr. – São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. – (Coleção Milton Santos; 1).
______. O Espaço do Cidadão. 7. ed. - São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
2007. 176 p.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo
multicultural. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento, da diferença e da
igualdade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 56.
VILELA, Maria Helena. Sexo, identidade de gênero e orientação sexual: quais as diferenças?
2013. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/blogs/educacao-sexual/2013/05/30/os-
jeitos-sexuais-de-ser/>. Acesso em: 17 de abr 16.
A LINGUAGEM DA MÚSICA COMO INSTRUMENTO DIDÁTICO-
PEDAGÓGICO PARA ABORDAGEM DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA
NO ENSINO DE GEOGRAFIA
INTRODUÇÃO
A geografia escolar encontra-se conectada com os assuntos presentes em diversas
disciplinas da educação básica, tornando diversos de seus temas interdisciplinares. A ciência
geográfica possui em cada uma de suas áreas de atuação uma base teórica e epistemológica,
com metodologias próprias, incluindo aquelas direcionadas ao campo de ensino (GUIMARÃES
et al, 2022).
Segundo Pereira (2012), por trás desta falsa sensação de nacionalismo estaria a
necessidade de uso da mão de obra de negros nos setores industriais, levando aos negros e
imigrantes o desejo de contribuir para o crescimento da sua nação através dessa falsa sensação
de pertencimento.
O samba enquanto gênero foi escolhido como símbolo nacional quando se trata de
música para o Brasil. A conexão com a religiosidade afro-brasileira e seu caráter regional, foram
imprescindíveis para esta escolha (PEÇANHA, 2013). A sua popularização e a sua proximidade
com as classes sociais mais baixas, auxiliaram em seu processo de reconhecimento enquanto
símbolo.
O rap é um gênero com diversas referências culturais compostas pelo seu formato
de “rua”, apresentando críticas sociais à partir de suas letras. O início do rap brasileiro é
composto por influências americanas junto às interações do cenário cultural da nação. Entre as
décadas de 1980 a 1990, as letras eram compostas por críticas sociais e aversão à burguesia.
Em meados dos anos 2000, nasce a vertente do rap moderno, lotado de uma construção mais
dançante e uma visão individualista (ANDRADE, 2018).
Em seu surgimento, o rap é composto por homens e mulheres negros, que utilizaram
o gênero como instrumento de manifestação e reivindicação política (DELPHINO, 2020). Seus
componentes utilizaram e utilizam até os dias atuais, o gênero como forma de denunciar os
problemas sociais vividos dentro de suas comunidades, além de utilizarem sua visibilidade para
expor suas angústias acerca de questões como o racismo. Entre seus artistas estão o grupo
Racionais MC’s, Sabotage, Djonga e Baco Exu do Blues.
Segundo Oliveira et al. (2020), dentro das comunidades existe certa aversão ao
Estado, expressada através do descontentamento das forças policiais. Em um cenário onde as
necessidades básicas (saneamento, saúde, educação, etc.) são negadas às comunidades, não é
difícil compreender o sentimento por parte desses moradores, que é expresso a partir das
canções de diversos rappers.
Para Portugal (2017), enquanto ato político, o uso de termos de origem africana em
rituais religiosos se popularizou nas composições do samba-reggae. Em suas letras se reflete a
necessidade de afirmação e expressão da cultura negra.
Portugal (2017) aponta a junção do samba com raiz africana ao reggae latino,
adicionando-se o uso dos instrumentos musicais nos rituais de Candomblé, o que demonstram
a preocupação com as raízes negras e o caráter de negritude, na construção do samba-reggae.
Esta preocupação se faz presente principalmente nas letras das músicas, compostas em caráter
de valorização e com a utilização de algumas palavras em línguas nativo-africanas. Como
apresentado na música “As Áfricas Que a Bahia Canta” da cantora Margareth Menezes:
AS AFRICAS QUE A BAHIA CANTA. Intérprete: Margareth Menezes. Compositores: Gabriel Machado /
Guilherme Sá / Junior Fionda / Lequinho / Paulinho Bandolim. SAMBAS DE ENRRENDO RIO CARNAVAL
2023. Rio de Janeiro: Edimusa, 2022, Álbum, faixa 3.
Através da música criada pelos blocos afros, surge as demais expressões artísticas
da cidade de Salvador – BA. A música polirritmica com base percussiva e demais elementos da
cultura negra, torna ainda mais complexa suas expressões artísticas, utilizando a música e a
dança de blocos afros enquanto empoderamento da população afrodescendente (CONRADO e
CONCEIÇÃO, 2020).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Trata-se uma pesquisa descritiva, realizada através de uma abordagem qualitativa,
possuindo entre os procedimentos realizados o levantamento documental e bibliográfico, no
qual foram identificados: teorias e debates pertinentes ao tema do currículo multiculturalista, a
cultura afro-brasileira e a linguagem da música no ensino de Geografia no nível básico; gêneros
musicais associados à cultura negra no Brasil; artistas e canções representativos da cultura afro-
brasileira. Dentre os produtos da pesquisa destaca-se a elaboração de uma playlist de músicas
no aplicativo Spotify, intitulada “Músicas negras para o ensino da cultura Afro-brasileira”, que
visa auxiliar a abordagem da cultura negra nas aulas de Geografia do ensino básico.
Existe uma divisão em três gêneros principais dentro da própria playlist. São
apresentadas músicas do gênero do samba, rap e samba-reggae, consecutivamente. A escolha
dos gêneros supracitados se deve devido às suas singularidades, onde cada gênero apresenta
representações distintas da mesma cultura. Enquanto o samba resgata um caráter nacionalista
do povo negro, o rap traz a tona sua reivindicação e revolta, enquanto o samba-reggae traz
características culturais africanas mais diretas, desde os instrumentos utilizados até idiomas
originais do continente africano.
São apresentadas canções de grandes nomes da música nacional, incluindo Daniela
Mercury, Arlindo Cruz, Alcione, Racionais MC’s, o grupo Olodum, entre outros. Também são
apresentados nomes que se encontram em ascensão no cenário musical brasileiro, como os
rappes Djonga e Baco Exu do Blues.
A partir das músicas podem ser desenvolvidas diversas atividades com o intuito de
inserir os estudantes de maneira mais ativa na apresentação dos conteúdos durante as aulas, a
partir de análises de letras, construção de paródia, entre outras atividades. A apresentação de
nuances do cotidiano, para além de contextualizar os conteúdos e sua proximidade ou distância
à realidade dos discentes, se mostra como um forte elemento para construção de uma visão
social crítica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existem diversos debates acerca da definição de cultura. Debates que vão desde a
produção industrial, que restringe a cultura ao patrimônio e a criação artística e literária, até a
cultura segundo os etnólogos, que engloba os aprendizados que o ser humano constrói durante
sua vida a partir das relações que cultiva em sociedade (LIMA, 2011).
Para Menezes (2020), a música em geral representa uma fonte valiosa de recursos
didáticos ao longo da história, através de alguns artistas que utilizam esta linguagem para
retratar suas vivências. Esta vertente permite que a música possa ser utilizada como facilitadora
no processo de ensino-aprendizagem, além de incrementar um elemento que contempla o
cotidiano dos estudantes dentro da sala de aula.
ARROYO, Miguel González. Currículo, território em disputa. Petrópolis: Vozes Ltda, 2011.
CONRADO, Amélia Vitória Souza; CONCEIÇÃO, Sueli Santos. Dança e Musica dos blocos
afro: fundamentos de uma poética e política negra. DANÇA: Revista do Programa de Pós-
Graduação em Dança, online, v. 5, n. 8, p. 100-109, jul/dez. 2020. Disponível em:
https://periodicos.ufba.br/index.php/revistadanca/article/view/42878. Acesso em: 13 set. 2023.
DELPHINO, Gabriel. O rap como pensamento político brasileiro. Revista Escrita, online, v.
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FERNANDES, Gilson; AZEVEDO, Núbia; SANTOS, Solange; PRATA, Nair. O rap como
ferramenta de resistência: A influência da musicalidade de Djonga para a construção de sentido
da luta negra no País In: Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste, XXIV,
2019, Vitória., Anais Eletrônicos [...] Vitória: Intercom, 2019.
MENEZES JUNIOR, Carlos Teles. Tem Música na Aula de História: Um repositório musical
para o ensino de História da África e Cultura afro-brasileira. 2020. 60 f. Dissertação (Mestrado)
– Curso de Ensino de História, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2020.
MOREIRA, Ana Cláudia; SANTOS, Halinna; COELHO, Irene S. A música na sala de aula
como recurso didático. UNISANTA Humanitas, online, v. 3, n. 1, p. 41-61, jan-jun. 2014.
Disponível em: https://periodicos.unisanta.br/index.php/hum/article/view/273. Acesso em: 13
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OLIVEIRA, Esmael Alves de; SATHLER, Conrado Neves; LOPES, Roberto Chaparro. RAP
como Educação para a Resistência e (Re)existência. REMEA, online, v. 37, n. 2, p. 388-410,
abr-jun. 2020. Disponível em: https://periodicos.furg.br/remea/article/view/10986. Acesso em:
13 set. 2023.
INTRODUÇÃO
A Escola Cidadã Integral Monte Carmelo está localizada no Bairro Bela Vista, na
cidade de Campina Grande. Neste bairro, existem muitas desigualdades em termos de poder
econômico, além de desigualdades sociais e étnico-raciais, insuficiência de infraestrutura do
bairro, dentre outras. Condomínios verticais de médio e alto padrão convivem com residências
bastante singelas e, muitas das vezes, precárias. Apesar de a escola estar localizada neste
bairro,a maioria dos alunos e funcionários residem no Bairro Pedregal. Isto se dá pelo fato de
a escola se localizar no limite entre o Bairro Bela Vista e o Bairro Pedregal; e sendo muito
mais acessível (em termos de distância) para os moradores do Pedregal. Por esta proximidade,
a escola partilha muito mais da dinâmica urbana do Bairro Pedregal do que do Bairro Bela
Vista.
No geral, as características socioeconômicas do Bairro Pedregal são distintas quando
consideramos o Bairro Bela Vista, pois os moradores daquela comunidade enfrentam
problemas que, de certa forma, são particulares, embora sejam característicos de comunidades
periféricas na dinâmica urbana de uma cidade. Podemos citar a violência e, os altos índices de
vulnerabilidade socioeconômica e étnico-racial. Estes problemas são constatados através de
parte considerável dos alunos da ECI Monte Carmelo, os quais estão sujeitos aos mesmos
problemas e, aos riscos de perpetuação desse ciclo (FREIRE: 1991).
Neste contexto, a ECI Monte Carmelo é uma das principais instituições públicas
inseridas na comunidade do Pedregal. É um ponto de intenso convívio entre alunos, familiares
e servidores públicos. Assim, o papel desta escola na comunidade torna-se muito relevante
para todos os moradores da comunidade. A escola funciona em tempo integral, seguindo o
modelo de Escola Cidadã Integral (ECI) do Estado da Paraíba, atendendo estudantes de várias
idades, desde os Anos Finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio, e, também, na
modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA), no período noturno.
As dimensões da escola buscam suprir tal demanda nessa modalidade de ECI,
desenvolvendo diversas atividades culturais, desportivas e integradoras para a comunidade
escolar. Além disso, a escola atende, mesmo com dificuldades, porque os recursos são
escassos, às necessidades básicas para manter os alunos na escola durante todo o expediente,
com alimentação e momentos de lazer. Assim, pode-se afirmar que a ECI Monte Carmelo é
uma escola referência para a comunidade do entorno, e tem uma significativa importância na
promoção da socialização entre os sujeitos da comunidade escolar.
Entre as atividades desenvolvidas pelos Residentes na ECI Monte Carmelo há uma
orientação do Subprojeto Residência Pedagógica em torno da contextualização do ensino,
como um exercício da práxis realizado por distintos sujeitos, quais seja Preceptor, Residentes
e educandos da escola, além dos demais sujeitos que perfazem o ambiente escolar.
Além do entendimento de que a ação educativa é uma ação coletiva em favor de um
coletivo, estão pautadas também as questões relativas à organização do trabalho pedagógico,
dentre as quais, a utilização de linguagens e recursos diferenciados no ensino. Portanto, nos
utilizamos da metodologia estudo do meio com a finalidade de desenvolver o exercício da
práxis docente, no momento do processo educativo (KAISER: 1984).
Considerando a existência e detecção de desigualdade socioespacial e étnico-racial,
além das situações enfrentadas por grande parte dos moradores do Pedregal, como a violência,
a poluição do ambiente por meio do descarte irregular de resíduos sólidos em locais
inapropriados, situações estas que são vistas, percebidas nos arredores da escola, assim como
adentram o espaço escolar, quando, por exemplo, toda essa problemática chega ao interior da
escola como expressão das relações que se dão entre os que nela trabalham e dos que dela se
utilizam.
Então, temos aprendido os conceitos e categorias geográficos a partir da observação
da paisagem (SANTOS: 1992; 1994; 1996a; 1996b; 1997). Nos arredores da escola, além de
ruas, calçadas e canais de esgoto, a estrutura das casas, a modificação nessa estrutura de
conjunto habitacional que aos poucos vai demonstrando a identidade dos sujeitos, os sons, a
poluição visual, os odores desagradáveis em ambientes de circulação dos moradores, até a
observação da facilidade de proliferação de doenças oriundas do lixo, que podem afetar os
moradores da comunidade, inclusive alunos e servidores da ECI Monte Carmelo. Desse modo,
tanto a população quanto o ambiente urbano é afetado.
Tal realidade pode ser constatada por meio de observações de campo feitas pelos
Residentes, quando estes transitaram pela comunidade, deslocando-se para suas atividades na
escola. Porém, é um fato que qualquer pessoa que transite pela comunidade, principalmente
nas proximidades da escola, pode perceber a situação. Ainda com uma análise minimamente
cuidadosa, pode-se compreender que a situação também se trata de um descaso dos órgãos
públicos de meio ambiente da cidade de Campina Grande, mas também relativa a outras áreas
como a saúde, educação, infraestrutura, dentre outros.
Essas situações, tão presentes na vida dessa comunidade, devem ter na escola um apoio
na construção da formação cidadã. Assim, a escola deve afirmar seu papel como protagonista
na proposição de soluções para esses problemas, promovendo a conscientização dos
moradores,partindo, primeiramente, dos sujeitos da escola. A importância que a escola tem
neste contexto dá subsídio a estudantes de Graduação e Residentes Pedagógicos para também
buscarem contribuir com o debate dentro da comunidade escolar, não apenas com a carga
teórica recebida na academia, mas, também, através do esforço para conhecer a realidade dos
sujeitos da comunidade, na qual a escola está inserida. Assim se dá o exercício da práxis.
METODOLOGIA
Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa aplicada, pois conforme Fleury,
Werlang (201, p. 2), está “empenhada na elaboração de diagnósticos, identificação de
problemas e busca de soluções". O estudo é de caráter qualitativo, baseado em Minayo (2001,
p. 17) a qual defende que a pesquisa qualitativa designa trabalhar com “o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço
mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis”.
A pesquisa ocorreu mediante estudo do meio, no qual entramos em contato direto com
a realidade da comunidade, considerando a problemática enfrentada pelos seus sujeitos, isto é,
a poluição dos espaços da comunidade causada pelo descarte de resíduos domésticos
descartados em locais inapropriados, e, por meio das aulas e atividades desenvolvidas,
buscamos trabalhar a problemática como tema gerador para a Educação Ambiental e, a
sustentabilidade. Através de tal abordagem, foi possível, também, promover aos alunos a
apropriação dos métodos de análise geográfica do lugar em que vivem.
Conhecida a realidade, partimos para o desenvolvimento de um Projeto de Intervenção
Pedagógica com uma turma do 3ª Ano do Ensino Médio, inicialmente e, com uma turma do 9º
Ano do Ensino Fundamental, abordando conteúdos de disciplinas do currículo escolar
relacionados aos problemas ambientais e, de saúde pública, causados pelo descarte irregular de
lixo doméstico nas proximidades da escola em questão, e ideias de produção de alimentos
sustentáveis aproveitando espaços inutilizados.
Assim, foram abordadas as questões com os alunos em sala de aula, com os demais
sujeitos da escola, e com o Pedregal, promovendo a Educação Ambiental através de práticas
sustentáveis. Para isso, utilizamos três estratégias pedagógicas: o estudo do meio na
comunidade escolar como metodologia no ensino de Geografia e, no conhecimento do meio
ambiente; o desenvolvimento de técnicas de cultivo de hortaliças em espaços urbanos aplicadas
à escola com materiais reutilizados; e a confecção e propagação de materiais educativos sobre
problemas e cuidados relacionados ao meio ambiente.
Com base nisso, inicialmente produzimos um pré-projeto, ou seja, um esboço do
planejamento principal do projeto a ser executado na escola. O pré-projeto foi discutido entre
os Residentes, Preceptores e alunos, visando, com isso, possíveis correções e sugestões. Este
projeto visou trabalhar a temática central intitulada ‘Conscientização ambiental através de
demonstrações de sustentabilidade utilizando os espaços da escola’, o qual será detalhado mais
à frente neste texto. Assim, esse pré-projeto apresenta três partes principais: introdução,
desenvolvimento e conclusão, sendo cada uma delas composta pelos pontos que delimitam cada
uma das etapas, desde suas justificativas até o resultado final.
A partir do exposto situamos a discussão do estudo do meio e demais atividades
pedagógicas tomando como base os temas geradores, Educação Ambiental e sustentabilidade
para a compreensão das problemáticas encontradas na comunidade, que seja o descarte de
materiais em vias públicas e a horta escolar.
Data
a. Ida a campo para registro de informações acerca da problemática observada, com anotações e
fotografias dos principais pontos de descarte irregular de resíduos, identificando as atividades que
provocam esse problema.
b. Discussão e pesquisa sobre as problemáticas observadas identificando possibilidades de mudança.
c. Escolha do material a ser confeccionado (cartaz, panfleto, audiovisual, etc.), a que público será
direcionado, e quais estratégias serão utilizadas para propagar e material.
c. Edição do material.
d. Organização dos alunos para apresentação dos resultados da atividade na culminância.
e. Apresentação dos resultados obtidos na atividade para a comunidade escolar.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.
No interior da escola, nos arredores do prédio, existe uma área permeável que, em sua
maioria, é inutilizada. Foi nesta área que um ex-Professor da escola teve a iniciativa de
desenvolver uma horta utilizando o próprio solo que doravante apenas crescia erva daninha,
aproveitando parte da área inutilizada. O referido Professor, que antes remunerava pessoas para
cultivarem a horta, ausentou-se da escola. Evidentemente, após isso, não houve mais o cuidado
com a plantação, tornando, novamente, o espaço inutilizado.
Conversando com professores e demais servidores da escola, foi informado que o
produto da horta era partilhado na escola, e várias hortaliças sendo consumidas na própria
merenda escolar, além de funcionários e moradores também levarem parte da produção para o
consumo doméstico. Com base nisto, nas aulas de Geografia foi ressaltado aos alunos a
importância que representou a iniciativa do antigo professor, mantendo a horta da escola
saudável e produtiva, pois o alimento produzido pôde ser consumido nas refeições da escola e,
até mesmo ser doado às famílias dos próprios alunos.
Dessa forma, a iniciativa beneficiou vários sujeitos da comunidade com alimento
saudável produzido no próprio espaço escolar, já que este, antes de tal iniciativa, era quase
inutilizado. Embora, evidentemente, a horta não podia atender as demandas de alimentação
dacomunidade escolar, a iniciativa teve uma importância muito mais significativa em relação à
Educação Ambiental das pessoas envolvidas, pois foram aplicadas ideias de sustentabilidade,
evidenciando as possibilidades que existem de produção de alimento acessível em relação aos
custos e, as formas de cultivo.
Após tais discussões, os Residentes, professores e alunos, buscaram formas de ampliar
e retomar as ideias do ex-Professor da escola acerca da horta, criando e adaptando novas formas
de cultivo de hortaliças que pudessem ser praticadas nos espaços da escola, pesquisando ideias
em cartilhas e páginas da internet que tratam sobre práticas de sustentabilidade.
A equipe selecionou as ideias possíveis de serem replicadas na escola e em suas casas.
A ideia mais aceita foi a confecção de vasos suspensos para o plantio de hortaliças utilizando
materiais fáceis de serem encontrados em casa e que podem ser reutilizados, como garrafas PET
e barbante. A técnica consistiu em cortar garrafas PET em moldes de vasos que comportassem
pequenas hortaliças, os quais foram pendurados por barbantes nas árvores do pátio da escola.
Fonte: Adaptado de Artesanatos Como Fazer, 2023. Fonte: Larissa Inocêncio, 2023
Disponível em:
https://comofazerartesanatos.com.br/horta-em- garrafa-
pet/sugestoes-de-horta-em-garrafa-pet-4/.
Acesso em: 17 set. 2023.
A partir das fotografias, discussões e informações obtidas durante a aula de campo com
alunos e residentes, a equipe do projeto selecionou as fotografias que melhor representavam os
problemas ambientais observados e descreveram esses problemas a partir da paisagem
registrada nas fotos, indicando possíveis soluções e alternativas.
Assim, criou-se um arquivo no Google Docs compartilhado entre todos os integrantes,
os quais inseriram as imagens. Com todas essas informações e fotografias, no laboratório de
informática da escola, a equipe elaborou um relatório que será divulgado entre a comunidade
escolar, para que esta se sensibilize em relação à problemática.
No relatório, os alunos deram títulos a cada uma das fotografias que remetem aos
problemas que foram observados na paisagem, inseriram a fonte da imagem, ou seja, quem
registrou e em que data, e escreveram sobre a problemática observada, apontando suas
consequências para os moradores; e, ainda, quais seriam as possíveis soluções na opinião da
equipe para serem adotadas, tanto pela comunidade quanto pelo poder público.
Para melhor descrever os problemas observados e as soluções, os alunos consultaram
artigos disponíveis na internet, buscando neles dados sobre poluição urbana, ideias de
sustentabilidade e cuidados com o meio ambiente. Em seguida, professores e residentes
avaliaram o documento construído pela equipe, para que se fizessem eventuais correções
gramaticais e da estrutura do documento. Após a conclusão do relatório, a equipe discutiu os
meios possíveis de divulgação do documento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez; 1991.
KAYSER, Bernard. O geógrafo e a pesquisa de campo. Seleção de Textos, 11. São Paulo:
AGB, 1985.
SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 4. ed. São Paulo: Hucitec, 1997.
SANTOS, Milton. Da paisagem ao espaço: Uma discussão. In: II Encontro Nacional de Ensino
de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo Do Brasil. 2, 1995, São Paulo. Anais
do II ENEPEA. São Paulo: Universidade São Marcos/FAUUSP, 1996a.
SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. 3. ed. São Paulo: Editora Hucitec,
1994.
EXPLORANDO OS CENÁRIOS VULCÂNICOS: A UTILIZAÇÃO DE CLIPES
MUSICAIS COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO DE
GEOCIÊNCIAS
INTRODUÇÃO
De acordo com Press et al. (2006, p. 144), vulcões podem ser compreendidos como
elevações geológicas ou montanhas formadas pela acumulação de lavas e outros materiais
eruptivos. A atividade vulcânica é resultado dos movimentos das placas tectônicas,
desempenhando um papel fundamental na dinâmica da Terra, permitindo que o planeta
"respire" por meio de erupções e liberação de gases, que desempenham um papel crucial na
formação e evolução da atmosfera (JERRAM, 2018, p. 14).
A necessidade de propostas inovadoras no contexto educacional tem crescido de
maneira constante, e essa evolução está intimamente ligada aos avanços cada vez mais eficazes
das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), como destacado por Teixeira
(2018).O uso das TDIC desempenha um papel crucial na enriquecimento do ambiente
educacional, proporcionando oportunidades para a construção de conhecimento por meio de
uma abordagem ativa, crítica e criativa por parte de alunos e educadores.
Nesse contexto, este artigo acadêmico tem como foco central a temática do
vulcanismo, explorando a utilização de videoclipes como uma estratégia didática eficaz na
abordagem desse conteúdo, especialmente considerando o interesse do público-alvo e sua
relação com o ensino de geociências.
METODOLOGIA
Além disso, ao observar casos reais, os estudantes podem relacionar teoria à prática,
fortalecendo o aprendizado significativo, cativando a atenção dos alunos, tornando as aulas
mais envolventes e estimulando o interesse pela geociência, contribuindo assim para uma
educação mais eficaz e impactante nesse campo de estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
É notável que muitas subáreas das geociências, como Geologia, Geografia Física,
Geofísica, Geomorfologia, Oceanografia e Hidrologia, tendem a ser altamente especializadas,
frequentemente distantes do alcance da maioria da população. Em geral, seu conhecimento é
acessado principalmente por pesquisadores, professores e estudantes da área.
Como destacado por Souza (2016), as atividades humanas relacionadas à dinâmica do planeta
estão se tornando cada vez mais complexas, tornando os conhecimentos relacionados às
ciências geocientíficas essenciais para todos os indivíduos, a fim de exercerem uma cidadania
responsável.
O uso de vídeos na educação vai além do professor que busca dinamizar e enriquecer
suas aulas. Estende-se também aos próprios alunos, que, com o acesso a esse recurso
proporcionado pelo professor, desenvolvem interesse e podem incorporá-lo como mais uma
ferramenta na produção de trabalhos, na comunicação com seus colegas e na interação com a
sociedade em geral, como destacado por Moran (1995).
Após quase 800 anos adormecido, em 2021 e 2022 o vulcão Fagradalsfjall entrou em
erupção a cerca de 32 quilômetros da capital Reykjavik, atraindo centenas de milhares de
visitantes para ter um raro vislumbre de um vulcão ativo. Esse tipo de atividade vulcânica pode
ser classificado como uma erupção de fissura, que também é conhecida como tipo islandês, e
não costuma resultar em grandes explosões ou produzir quantidade significativa de cinzas na
estratosfera. Neste mês em foi gravado o clipe, o vulcão ficou por cerca de quatro semanas em
atividade.
O grupo musical de música pop "NOW UNITED, lança no dia 28 de maio de 2022,o
hit Nobody like us, filmado no the Big Island, mas precisamente na reserva natural de
Laupahoehoe, no Havaí. O videoclipe mostra os membros do grupo em cenários desertos acima
de um vulcão Inativado, sob terras formadas por rochas magmáticas (figura 2).
O rei do pop gravou em 2015 o clipe de sua música "I'll show you" em um cânion na
Islândia, chamado Fjadrargljufur. O clipe fez tanto sucesso, que o canyon recebeu mais de 1
milhão de pessoas desde o lançamento do videoclipe.
Neste videoclipe, o artista visitou alguns pontos na Islândia e é evidente nos principais
pontos turísticos, o vale de rifte é uma região de planície formada pela interação das placas
tectônicas. Este na Islândia tem uma formação típica: longa, estreita e profunda. Ele foi formado
pela fenda Thingvellir, onde as placas tectônicas da América do Norte e da Eurásia estão se
afastando uma da outra. Svartifoss significa simplesmente “quedas negras” em islandês e, ao
olhar para esta cascata em particular, uma de suas características distintivas são as colunas de
basalto hexagonais escuras em ambos os lados da calha. Você encontra os mesmos pilares na
praia de Reynisfjara, no sul da Islândia.
Desta forma podemos concluir, a capacidade de integrar teoria e prática de forma
eficaz. Os videoclipes proporcionam exemplos reais de vulcões em atividade, o que ajuda os
alunos a relacionarem os princípios teóricos da vulcanologia com situações reais, promovendo
uma aprendizagem mais significativa. Outro ponto a ser destacado é a capacidade dos
videoclipes de consolidar conceitos teóricos de geociências com exemplos práticos e reais. Ao
observar as manifestações vulcânicas na prática, os alunos conseguem relacionar os princípios
geológicos às suas aplicações no mundo real.
Esses recursos audiovisuais não apenas enriquecem o processo de aprendizado, mas
também proporcionam uma compreensão mais profunda e envolvente dos conceitos
relacionados a essa disciplina. Através de videoclipes, os estudantes podem explorar as
complexidades da geologia, vulcanismo e outros tópicos geocientíficos de forma interativa,
estimulando assim sua curiosidade e interesse por essa área do conhecimento. Portanto, a
integração de videoclipes no ensino de geociências representa uma estratégia promissora para
promover a educação eficaz e engajante nesse campo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BONITO, Jorge. Da importância do ensino das Geociências: algumas razões para o “ser”
professor de geociências. 1999.
MORAN, J. M. O vídeo na sala de aula. Revista Comunicação & Educação. São Paulo (SP):
ECA, 1995, p. 27-35, Janeiro / Abril.
OLIVEIRA, L. A. S. et al. O ensino de Geociências e a formação de professores:
experiências de um processo de aprendizagem. Anais, VIII Encontro Nacional de Pesquisa
em Educação em Ciências, v. 5, 2012.
PRESS, Frank; et al. Para Entender a Terra. Porto Alegre: Bookman, 2006.
SOUZA, W. A. DE. Introdução de Geociências no ensino médio através de oficinas
pedagógicas de mineração. 2016. 48 f. Trabalho de conclusão de curso - Centro de Educação
Tecnológica de Minas Gerais, Araxá, 2016.
TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009,
2 ed.
WICANDER, Reed; MONROE, James S. Fundamentos de Geologia. São Paulo: Cengage
Learning, 2016.
REFLETINDO SOBRE A CONSTRUÇÃO GEOGRÁFICA CIDADÃ NA REDE
ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA EM CAICÓ/RN: O PROJETO
EDUCACIONAL INTERNACIONAL “NÓS PROPOMOS!”
INTRODUÇÃO
Desta forma, refletir acerca do espaço urbano é pensar a sociedade em uma relevante
dimensão espacial, cada vez mais presente na humanidade neste alvorecer do século XXI,
ampliando a necessidade da formação de seres socialmente atuantes, também denominados
“cidadãos”, capazes de compreender criticamente seu local de vivência e o modo como se
organiza os diferentes prismas do Espaço Geográfico, em especial as cidades, demandando,
assim, um conjunto de saberes a serem construídos (Leite, 2019).
Além disso, Leite (2019) destaca que mesmo não sendo o local, o ponto específico do
espaço onde vivem todos os indivíduos, no atual momento globalizante, o urbano se articula
direta ou indiretamente com a vida da maior parte da população, sendo necessário, assim, que
o Ensino de Geografia e os respectivos conceitos Geográficos, como a discussão alusiva ao
Espaço, possam auxiliar os alunos a entender sobre a realidade dos mesmos de modo crítico e
problematizador (Leite, 2019), possibilitando concretizar, assim, uma formação cidadã.
Desta maneira, uma efetiva formação cidadã necessita da constituição de uma percepção
crítica e problematizadora em sala de aula, pois, é necessário destacar as incoerências e
contradições que influenciam na constituição espacial urbana (Damiani, 1999), influenciando
diretamente na constituição cidadã, levando o aluno, portanto, a ampliar sua visão sobre as
dinâmicas que constituem a sociedade, e, consequentemente, o Espaço Geográfico,
particularmente, o Espaço Urbano.
Assim, a geografia tem um papel basilar de auxiliar o aluno a superar possíveis barreiras
que a conjuntura social impôs ao mesmo, compreendendo o Espaço Urbano numa relação
intrínseca entre as vivências e as existências no Espaço Urbano, pois, “a cidade estudada nas
aulas de geografia não é a mesma vivida empiricamente pelos alunos. Ela é uma abstração, uma
construção teórica, uma leitura sobre a realidade” (Cavalcanti, 2013, p. 91).
Logo, o Ensino de Geografia deve possuir o propósito, de, além da construção das
articulações reflexivas capazes de estabelecer ligações entre a realidade empírica do educando
com o espaço que é estudado pela ciência geográfica, aprofundando, assim, as possibilidades
de conhecer e entender o mundo em que vivem os alunos, numa perspectiva crítica, capaz de
possibilitar, ao mesmo, a proposição de concepções amplas sobre a sua própria realidade,
evidenciando o relevante papel da ciência Geográfica e do Ensino de Geografia na proposição
e formação da cidadania .
Deste modo, a constituição da cidadania também possui relação direta com a plena
utilização do Espaço Urbano, conduzindo a busca por um efetivo direito à cidade (Lefebvre,
2001; Cavalcanti, 2002), possibilitando, assim, o pleno exercício da cidadania e que todas as
pessoas possam, efetivamente, usufruir dos benefícios da vida urbana, refletindo criticamente
sobre um Espaço Urbano cada vez mais desigual e segregado, o qual pode ser transformado
com proposições que promovam uma Educação Geográfica transformadora, democrática e
Libertadora (Freire, 1991).
Ressalta-se, ainda, que o projeto “Nós Propomos!” também procura discutir sobre os
problemas urbanos locais alusivos ao transporte, requalificação urbana, recolhimento de
resíduos sólidos, poluição, instalação de equipamentos de lazer, numa perspectiva global, em
consonância com o atual período globalizante, a partir da ligação do referido projeto com o
“Geoforo Ibero-americano”, um fórum permanente de Organizações Não-Governamentais,
Grupos de pesquisa e outras instituições socialmente comprometidas com o desenvolvimento
urbano sustentável, os quais buscam discutir sobre reflexões e ações globais em conformidade
com as necessidades e anseios locais, de modo a possibilitar o alcance dos efetivos direitos
cidadãos universais .
Logo, o trabalho em tela buscou uma investigação científica, na qual explicite como os
conceitos geográficos podem atingir os estudantes da Educação básica, de modo a propiciar as
transformações sociais capazes de promover uma cidadania plena aos educandos, mesmo com
proporções e realidades organizacionais e sociais tão distintas, como as atualmente existentes
entre as escolas supracitadas. E tais ações ocorriam conforme delimitado pelo projeto
internacional “Nós propomos!”, que busca a construção da cidadania utilizando a ciência
geográfica com base para proposições que transformem positivamente a realidade social dos
diferentes espaços.
Desta forma, tornou-se plausível, a partir das discussões e trocas de experiência com os
diferentes agentes do projeto internacional “Nós Propomos”, maiores caminhos de
transformação e dinamicidade dos processos de ensino-aprendizagem geográfico,
consolidando, assim, uma formação cidadã plena aos discentes e docentes, como será mais bem
observado durante o presente texto, mais a seguir.
METODOLOGIA
Para a realização do presente trabalho foram realizados levantamentos bibliográficos
relativos ao ensino de Geografia, em especial documentos relativos à constituição teórica do
referido projeto internacional, pesquisas quantitativas e qualitativas com gestores da educação,
docentes de Geografia da Educação básica, discentes da Licenciatura em Geografia do
CERES/UFRN, associado ao levantamento documental em organismos educacionais.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Durante a realização da pesquisa em tela, foi possível realizar a aplicabilidade dos
conhecimentos geográficos na Educação básica seridoense, particularmente nas Escolas da
Rede Estadual denominadas “Antônio Aladim de Araújo”, localizada no bairro Boa Passagem,
na Zona Norte urbana caicoense e “Zuza Januário”, localizada no bairro Barra Nova, na Zona
Oeste urbana caicoense, a partir da utilização das bases teórico-empíricas críticas e cidadãs do
projeto internacional “Nós Propomos!”.
Logo, um projeto internacional de grande êxito, como o “Nós propomos!”, pode ajudar,
além de aprofundar num maior diálogo dos docentes em geografia com os conceitos da ciência
geográfica, num processo de discussão sobre os desafios trazidos pelo atual período histórico,
uma vez que, com o avanço técnico-cientifico-informacional do atual período globalizante
(Santos, 1994) e a respectiva difusão das Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs,
tornou-se possível dialogar com os agentes envolvidos neste projeto internacional em diferentes
partes do mundo, propiciando um aprofundamento eficaz nas discussões geográficas para a
educação básica, sendo uma importante ferramenta para a constituição de uma cidadania plena
para os estudantes e professores.
Desta forma, a presente pesquisa contribuiu para consolidar como a constituição de uma
educação geográfica cidadã, a partir da realização de diálogos entre os docentes atuantes nas
duas escolas supracitadas e os discentes em geografia da UFRN que atuavam no projeto
internacional “Nós propomos!”, associado a discussões mais aprofundadas sobre as diferentes
conceituações em geografia, auxiliando a constituir efetivos avanços sociais nas escolas
caicoenses envolvidas no presente trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos objetivos definidos, foi possível obter, a partir do desenvolvimento do
projeto de pesquisa, a realização da aplicabilidade dos conhecimentos geográficos na Educação
básica seridoense, particularmente nas Escolas da Rede Estadual denominadas “ Antônio
Aladim de Araújo”, localizada no bairro Boa Passagem, na Zona Norte urbana caicoense e
“Zuza Januário”, localizada no bairro Barra Nova, na Zona Oeste urbana caicoense, a partir da
utilização das bases teórico-empíricas críticas e cidadãs do projeto internacional “Nós
Propomos!”.
Portanto, o trabalho em tela e suas respectivas ações contribuíram para uma melhor
aplicabilidade dos conteúdos geográficos na Educação básica nas instituições de ensino
caicoense envolvidas, na medida em que constituíram esta relação entre o projeto “Nós
propomos!” e a compreensão geográfica que leve o futuro docente a utilizar os conhecimentos
geográficos para uma compreensão crítica e reflexiva do mundo em que vivemos.
REFERÊNCIAS
ALVES, Lynn. Educação remota: entre a ilusão e a realidade. Interfaces Científicas. Aracaju,
v. 8, n. 3, p. 348-365, 2020. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/index.php/educacao/
article/view/9251/4047. Acesso em 10. mai. 2021.
CLAUDINO, Sérgio. O Projeto Nós Propomos: Construir uma comunidade melhor com os
alunos. Revista Galega de Educación, nº 69, p. 72-77, 2017.
CAVALCANTI, Lana de Souza. (Org.) Temas da Geografia na escola básica. Campinas, São
Paulo: Papirus. 2013.
DAMIANI, Amélia Luisa. A geografia e a construção da cidadania. In: CARLOS, Ana Fani
.A. (org). Novos caminhos da geografia. São Paulo: Contexto, 1999 FREIRE, Paulo. Educação
na cidade, São Paulo, Cortez, 1991.
LEITE, Cristina Maria Costa. Ensinar e aprender Geografia por meio do Projeto Nós
Propomos: a experiência do Distrito Federal. In: CLAUDINO, Sérgio; SOUTO, Xosé M.,
DOMENECH, Mª Angeles Rodriguez. Geografia, Educação e Cidadania. Lisboa: Centro de
Estudos Geográficos, 2019.
PORTELA, Mugiany Oliveira Brito. ALENCAR, Josivane José de. O estudo dos espaços
públicos: propostas para o ensino de Geografia e cidadania. In: CLAUDINO, Sérgio;
SOUTO, Xosé M., DOMENECH, Mª Angeles Rodriguez. Geografia, Educação e Cidadania.
Lisboa: Centro de Estudos Geográficos, 2019.
SANTOS, Milton. O espaço do cidadão, São Paulo, Nobel, 1987. SANTOS, Milton. A
Urbanização brasileira. São Paulo: Hucitec, 1993.
SANTOS, Milton. Técnica-Espaço-Tempo: Globalização e Meio Técnico-Científico-
Informacional, São Paulo: Hucitec, 1994.
INTRODUÇÃO
É sabido, que socialmente a sexualidade sempre foi considerada um tabu, que muitas
vezes, era ou ainda é deixada para ser discutida apenas na vida adulta, visto que o termo
sexualidade sempre esteve atrelado ao conceito de sexo. Com a realização deste estudo,
constatou-se que as pesquisas que discutem gênero e sexualidade na escola e nas universidades
têm crescido nos últimos anos, principalmente em cursos de pós-graduação, porém se percebe
um certo desconforto dos acadêmicos em debater essas questões. No âmbito da geografia essa
discussão ainda não tem muita atenção dos estudantes e até mesmo de alguns professores, visto
que até meados da década de 1980, esse ainda era um assunto apenas da área de saúde.
Desse modo, como é possível que o professor em sala de aula trabalhe assuntos tão
significativos socialmente? É possível mudar a forma de agir? O ensino geográfico pode ser
desenvolvido a partir de um olhar para as questões de gênero e de sexualidade? Como pensar
as espacialidades dos corpos? Qual a importância de inserir a discussão de gênero e de
sexualidade nos cursos de formação dos novos professores? Acredita-se que isso são questões
basilares para formação de docentes que estejam cientes da importância de práticas educativas
proativas.
Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo central analisar como as discussões
de gênero e de sexualidade vem sendo trabalhadas na formação dos novos professores do curso
de licenciatura em Geografia da Universidade Regional do Cariri – URCA e como isso impacta
na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
É importante enfatizar que o presente estudo tem aporte teórico em autores que veem a
muito contribuindo com pesquisas sobre gênero, sexualidade, ensino de geografia, como Silva
(2010), Santos e Ornat (2017), Morais e Souza (2022). Para além da pesquisa documental, o
qual tem como base o Projeto Pedagógico do Curso (PPC – URCA) e a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). Sendo este artigo fruto de um Projeto de Iniciação Científica (IC – em
andamento), financiado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – FUNCAP.
Segundo Louro (1997) e Braga (2007), o termo gênero passou a ser usado como uma
forma de marcar as diferenças entre homens e mulheres, que não são apenas de ordem física
mais também de uma forma biológica. Diante disso, sabe-se que a diferença de sexualidade, de
gênero, não pode ser pensada de forma isolada das construções sociais, culturais e econômicas.
Dessa forma Louro (1995, p.103) aponta que:
Uma compreensão mais ampla de gênero exige que pensemos não somente
que os sujeitos se fazem homem e mulher num processo continuado, dinâmico
[...]; como também nos leva a pensar que gênero é mais do que uma identidade
aprendida, é uma categoria imersa nas instituições sociais (o que implica
admitir que a justiça, a escola, a igreja etc. que expressam as relações sociais
de gênero).
Logo, a diferença biológica será o ponto de partida para a construção social e cultural
do que é ser homem e ser mulher. O sexo é atribuído ao fator biológico, corpo sexuado,
enquanto gênero é uma construção histórico-social, dando construção social ao longo da vida
do indivíduo, quando ele começa a ter relações com o corpo-espaço e começa a entender e
desenvolver seus próprios pensamentos e opiniões.
Diante disso, tem-se alguns marcos importantes, como a Conferência Mundial das
Nações Unidas, realizada em Pequim, no ano de 1995, que apresenta o que seria a ideologia de
gênero, abrindo discussões para pensar o gênero e o sexo biológico como elementos distintos.
A ideologia de gênero consiste em dizer que todos os seres humanos nascem iguais, sendo a
definição de feminino e masculino algo histórico e cultural.
A partir desse momento, tem-se alguns ganhos na discussão conceitual sobre gênero,
sexo, sexualidade, enfim, abre-se novos caminhos que buscam compreender como essas
condições sociais impactam (e são por elas impactadas) socialmente, culturalmente,
economicamente, nas produções socioespaciais.
Dá-se início a uma discussão de gênero que considera os aspectos sociais, culturais e
psicológicos, no qual o indivíduo se baseia nas expectativas, comportamentos, experiências e
características atribuídos a homens e mulheres na sociedade. É um conceito que vai além das
disparidades biológicas sexuais. O gênero é considerado um espectro, com masculinidade e
feminilidade representando limites e uma ampla gama de identidades e expressões de gênero
existindo entre elas. Por exemplo, além do binário homem ou mulher, uma pessoa pode se
identificar como não-binária, gênero, gênero-fluido, entre outras identidades. Por ser definido
como um espectro, a tendência é que novas terminologias de gênero venham a surgir, mostrando
outras singularidades.
Já a sexualidade está voltada ao desejo sexual ou amoroso entre dois indivíduos, ou seja,
uma pessoa pode se relacionar apenas com pessoas do mesmo sexo, sendo considerada
homossexual, ou se relaciona com pessoas do sexo oposto e ser considerada heterossexual, ou
pode se relacionar com ambos, tanto feminino quanto masculino, sendo considerado bissexual
entres outras definições que surgem com a orientação de cada indivíduo.
Segundo a Lei nº 13.185, que está em vigor desde 2016, o bullying pode ser classificado
como intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação
ou discriminação. O qual inclui também, ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e
apelidos pejorativos, entre outros. O bullying é uma das formas preconceituosas mais comum
no ambiente escolar, entretanto, por muitas vezes ele acaba sendo normalizado pela sociedade
e pela própria instituição.
Mas o que vemos é uma escola que acaba tratando desse assunto de forma normal e
padronizando os comportamentos e atitudes conservadora e machista, nessa perspectiva a
escola e o professor deve combater todas as formas de preconceito e discriminação existente,
com um espaço "democrático" e formador de opiniões, pois cada pessoa tem sua maneira de se
vestir, andar, falar e se expressar. São maneiras diversas, não existe um modelo único de padrão,
para entendermos melhor essas relações ocorridas no espaço social escolar são fundamentais a
discussão de gênero e da sexualidade nas universidades para formação de futuros professores,
com o objetivo de aproximar a sociedade jovem do diálogo e discussão sobre a questão de
gênero.
É comum relatos dos alunos a respeito da pouca assistência da gestão escolar, muitos
acabam sofrendo em silêncio, os diretores de escolas e professores orientam a vítima a se afastar
dos que praticam essa violência como se a vítima fosse a grande culpada. Eles acabam sendo
reclusos a participar de eventos, as vítimas ficam excluídas nas aulas e os professores acabam
agindo como se não estivesse entendendo os acontecimentos.
É possível trabalhar gênero e sexualidade dentro da geografia, pois ela aborda temas
relacionados às espacialidades, a geograficidade dos corpos. No curso de formação de
professores de Geografia – URCA, não se debate sobre os dados de violência contra a mulher,
os números altos de assassinatos de homossexuais, a alfabetização de pessoas negras, a taxa de
desemprego referentes a gays, a ausência de profissionais trans liderando equipes no trabalho,
a falta de valorização da mulher no mercado de trabalho e as dificuldades que um país enfrenta
em sua educação social.
E é óbvio que a falta de inclusão dessas discussões nos cursos de formação dos docentes
irá impactar também, nos documentos que guiam o sistema de ensino básico. Assim, a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), que é um documento normativo para todas as escolas de
redes públicas e privadas, não irá constar com conteúdo sobre gênero e sexualidade. A BNCC
é um documento de referência obrigatórias para elaborações dos currículos escolares e
propostas pedagógicas, atualmente contamos com 3 versões que foram sendo atualizadas ao
longo do tempo.
Nas 3 versões da BNCC, foi averiguado que a palavra gênero aparece mais vezes só que
está fora do contexto das questões, está inserida na disciplina de Português referente a normas
textuais e não a construção das identidades. Como podemos observar a seguir (figura 01).
Figura 01: Quadro das versões BNCC
É importante que este tema esteja na escola desde a Educação Infantil até o ensino
superior, passando pela formação essencial dos docentes e até pelos materiais educativos. Falar
sobre gênero e sexualidade é parte da construção do respeito à diferença, uma criança que chega
em casa e só conhece uma única forma de convívio com o outro, tem na escola a oportunidade
de conhecer outros modos, que não necessariamente o preconceito e a violência com o que lhe
é diferente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O diálogo continua a ser a melhor arma contra esse tipo de violência, que pode causar
efeitos devastadores em crianças e adolescentes. A escola é um lugar ideal para aprender a
prevenir esses tipos de problemas. Assim, sabe-se da necessidade de adequação a idade, com
profissionais capacitados para conversar sobre isso com alunos e alunas.
REFERÊNCIAS
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a homofobia nas escolas. Rogério Diniz Junqueira (Org). Brasília: Secretaria de Educação
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Listamos 7 razões. Disponível em: <http://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/06/25/por-que-a-
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e prática discursiva docente. 1. ed. Curitiba: Editora e Livraria Appris Ltda, 2017. v. 1. 217p.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL, METODOLOGIAS ATIVAS E FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DE GEOGRAFIA: ALGUMAS NOTAS
INTRODUÇÃO
Por décadas, a humanidade vem usufruindo dos recursos naturais de forma imprudente
e inconsciente, como se fossem infinitos, causando grande impacto ambiental. Dessa forma, a
Educação Ambiental tem sua história imbricada diretamente com as conferências mundiais,
como a Primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente Humano realizada em 1972, em
Estocolmo, na Suécia, a Primeira Conferência Internacional em Educação Ambiental ocorrida
em outubro de 1977, em Tbilisi (antiga URSS), e os movimentos sociais ao redor do mundo
(Reigota, 2014).
Nessa perspectiva, muito antes do surgimento das pesquisas sobre Educação Ambiental,
autores, no início do século XIX, como George Perkins Marsch (1864), na obra Man and
Nature, preocupavam-se em mostrar a magnitude e o potencial de alteração da terra a partir das
transformações identificadas na superfície, sobretudo aquelas relacionadas às atividades
antrópicas.
Outra obra importante para o desenvolvimento dessa perspectiva analítica foi a Man’s
Role in Changing the face of the Earth, concebida por Willian Thomas Júnior (1956), reúne
diversas pesquisas que contribuem para a avaliação qualitativa e quantitativa do papel antrópico
na superfície da terra.
Nesse sentido, entende-se Educação Ambiental como o processo percorrido pelos
sujeitos em espaços formais e informais em busca de conhecimento sobre questões ambientais,
com a finalidade de desenvolver uma nova percepção a respeito do conceito de Meio Ambiente,
bem como se tornar também um agente transformador da conservação e da preservação dos
recursos naturais (Ferreira et al., 2019). Desse modo, compreende-se que a “Educação
Ambiental surgiu da necessidade de uma mudança de paradigma que envolve valores sociais,
filosóficos, econômicos, éticos, ideológicos e científicos, adotados pela nossa sociedade”
(Marques; Raimundo; Xavier, 2019, p. 447).
A partir disso, a preocupação com o meio ambiente, no Brasil, resultou na elaboração e
implementação de políticas públicas com caráter marcadamente ambiental, especialmente a
partir da década de 1970, quando aumentou a percepção de que a degradação do planeta pode
ter efeitos irreversíveis e catastróficos (Branco; Royer; Branco, 2018). Assim, as políticas
ambientais são norteadas por princípios e valores ambientais que levam em consideração a
sustentabilidade.
Estudos são realizados visando solucionar problemas decorrentes das ações predatórias
causadas pelos seres humanos, sendo tais práticas “eventos de degradação ambiental
amplamente conhecidos, com dados e informações divulgadas em ritmo constante” (Cocato,
2021, p. 3). Apesar de dados e informações serem divulgados constantemente sobre os mais
diversos problemas ambientais, a sociedade precisa aprender a viver de maneira sustentável,
aproveitando melhor os recursos naturais e com índices menores de degradação ambiental.
Para isso, é preciso analisar a aplicabilidade dos conceitos existentes de
sustentabilidade, estimulando ações e posturas voltadas a repensarem e a refletir acerca das
atitudes praticadas por grande parcela da sociedade, que agride o meio, bem como propor novas
condutas que favoreçam uma relação harmoniosa entre o ser humano e os diferentes
ecossistemas. Sendo assim, destaca-se que as ações sustentáveis precisam iniciar no ambiente
familiar e se prolongar no meio escolar, passando pela Educação Infantil, Ensino Fundamental
e Ensino Médio. Ao sensibilizar cada educando na escola, por meio de uma Educação
Ambiental consciente, a escola estenderá seu alcance ao maior número possível de pessoas
(Ferreira et al., 2019).
Hoje, no século XXI, diante do avanço da degradação do meio ambiente nas diversas
escalas geográficas, os debates ambientais adentraram o espaço escolar, visto que “a educação
para a cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar
as diversas formas de participação na defesa da qualidade de vida” (Jacobi, 2003, p. 192).
Cabe destacar que a Educação Ambiental assume cada vez mais uma função
transformadora “em direção à formação de cidadãos comprometidos com um projeto de
sociedade e não apenas ambiental” (Botêlho; Santos, 2017, p. 59), no qual a responsabilização
dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um novo tipo de desenvolvimento,
o sustentável.
De modo geral, segundo Fernandes (2010), entende-se, portanto, que a Educação
Ambiental é essencial para frear um quadro de crescente degradação socioambiental, mas ela
sozinha não é suficiente para isso. Nesse sentido, o educador tem a função de mediar o
conhecimento, contribuindo para a construção de referenciais ambientais e deve, assim, saber
usá-los como instrumentos para o desenvolvimento de práticas sociais centradas no conceito de
natureza. Suertegaray (1999, p. 57), retrata que “é necessária a busca de um caminho unitário
entre a dinâmica da natureza e da sociedade”.
Nessa lógica, a problemática da sustentabilidade assume, atualmente, papel central na
reflexão sobre as dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram, visto
que o quadro socioambiental característico das sociedades contemporâneas revela que o
impacto humano sobre o Meio Ambiente tem tido consequências cada vez mais complexas,
tanto em termos quantitativos quanto qualitativos (Jacobi, 2003).
Dada a importância da articulação entre educação e meio ambiente, destaca-se o papel
exercido pelos professores de Geografia “na disseminação de informações relativas ao modo
como as sociedades devem interagir com a dinâmica ambiental de forma segura e sustentável”
(Afonso, 2013, p. 79). Assim, com base no papel exercido pelos professores de Geografia na
construção do debate ambiental, é preciso enfatizar a relevância do ensino de temas
relacionados à Geografia Física e à Educação Ambiental no Ensino de Geografia. De acordo
com Afonso (2013, p. 83), “as contribuições da Geografia Física e da Educação Ambiental têm
sido reconhecidas como capazes de mobilizar transformações culturais, sociais e institucionais
através da compreensão das relações entre natureza e sociedade”.
Diante disso, fica claro que os profissionais da Geografia devem ter uma postura
reflexiva diante a sua práxis educativa, avaliando constantemente se os alunos realmente
exercem o papel de protagonistas no processo de ensino-aprendizagem ou apenas reproduzem
o que professores transmitem durante as aulas, sem o estímulo à reflexão, ao pensamento e à
interpretação do conteúdo a partir de uma visão própria de mundo e de seu lugar de residência.
Por conseguinte, tem-se a valorização de uma ação docente que desenvolva uma aprendizagem
significativa, na qual o professor, como mediador e estimulador do processo educativo, faça
uso de metodologias ativas que tenham como centro os próprios estudantes (Morán, 2015).
Dessa forma, considerando o cenário apresentado, surgiu o seguinte problema de
pesquisa: Como abordar a Educação Ambiental articulada a Geografia Física na Formação
Inicial de Professores de Geografia, considerando o lugar onde os sujeitos estão inseridos,
utilizando, para isso, metodologias ativas?
Na tentativa de responder ao questionamento apresentado, parte-se da hipótese de que
os Professores dos cursos de Geografia que trabalham com as disciplinas voltadas à Geografia
Física sentem dificuldade em interligar os conteúdos com práticas direcionadas à Educação
Ambiental, considerando o lugar onde os discentes estão inseridos, utilizando, para isso,
metodologias ativas. Isso advém do seu processo de formação inicial e continuada, visto o
distanciamento entre teoria e prática docente observado em grande parte dos cursos de
Licenciatura Plena em Geografia ou, não são licenciados, sentem dificuldade em desenvolver a
parte pedagógica. Por sua vez, os licenciandos possuem conhecimentos limitados de como
articular a Geografia Física à Educação Ambiental, trazendo um debate mais integrador à
questão, empregando, para isso, metodologias ativas úteis à Educação Básica e que possam
repercutir, sobretudo, na construção de novos paradigmas de vida para as pessoas.
Durante a pesquisa realizada pelo pesquisador no mestrado, constatou-se que os
professores de Geografia da rede municipal de Campina Grande relataram, em sua maioria, que
durante a formação inicial grande parte das disciplinas específicas voltadas à Geografia Física,
não apresentavam o suporte pedagógico necessário para o desenvolvimento, por exemplo, de
metodologias ativas. Nesse sentido, o presente estudo justifica-se devido à necessidade de
debater tais temáticas a partir do lugar dos estudantes, mediante o uso de metodologias ativas
na disciplina de Geografia, favorecendo a sensibilização e a conscientização ambiental dos
estudantes ao longo da Educação Básica.
Além disso, o estudo sobre a Educação Ambiental no Ensino de Geografia é um campo
em expansão, pois o que se observa cotidianamente é o aumento dos problemas ambientais nas
diferentes localidades do Brasil e do mundo, tendo em vista a intensificação da exploração dos
recursos naturais pelos seres humanos. Nesse contexto, a Geografia desempenha um papel
significativo na construção de cidadãos e cidadãs conscientes da importância de uma boa
relação entre a sociedade e a natureza para a manutenção da atual e das futuras gerações (Santos;
Nunes, 2021).
Para tanto, pretende-se trazer contribuições a fim de (re)pensar o desenvolvimento de
metodologias ativas nas abordagens feitas sobre o Meio Ambiente pelos futuros professores de
Geografia na Educação Básica. Utilizando como ponto de partida o lugar dos estudantes e o
debate sobre a Educação Ambiental no Ensino de Geografia, espera-se sensibilizá-los e
conscientizá-los sobre a importância de atitudes sustentáveis no cotidiano, sendo eles
propagadores do conhecimento para a sociedade.
METODOLOGIA
É uma pesquisa de cunho qualitativo, pois expõem as concepções e ideias dos autores:
Reigota (2014), Ferreira et al. (2019), Marsch (1864), Botêlho e Santos (2017), Jacobi (2003),
Fernandes (2010), Suertegaray (1999), Afonso (2013), Morán (2015), Moraes e Castellar
(2018), entre outros pesquisadores que abordam a temática da Educação Ambiental, Formação
de Professores de Geografia e Metodologias Ativas. Nesse sentido, a pesquisa efetivou-se a
partir do levantamento bibliográfico realizado em periódicos e revistas indexadas, nacionais e
internacionais, obtidos por meio da Base Nacional de Periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Nível Superior (Capes), Google Acadêmico e Scielo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesse sentido, compreende-se que “a Educação Ambiental (EA) vem sendo incorporada
como uma prática inovadora em diferentes âmbitos” (Carvalho, 2001, p. 43). Para que a EA
seja garantida, documentos legislativos como a Lei Federal n.º 6.938/1981, a Lei n.º 9.394/1996,
a Lei n.º 9.795/1999, o Decreto n.º 4.281/2002, a Resolução n.º 02/2012 e a própria
Promulgação da Constituição Federal em 1988, entre outros, vêm sendo estabelecidos,
ampliados e/ou adequados ao cenário contemporâneo no intuito de expandir o debate
concernente às questões ambientais na escola e na sociedade em geral. Mesmo assim, o papel
dos professores é essencial no desenvolvimento do olhar do aluno para uma consciência
ambiental que prime pela sustentabilidade local e global.
Ademais, por ser uma temática transversal, de acordo com a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), “essas temáticas são contempladas em habilidades dos componentes
curriculares, cabendo aos sistemas de ensino e escolas, de acordo com suas especificidades,
tratá-las de forma contextualizada” (Brasil, 2018, p. 20). Em suma, faz-se necessária, por
exemplo, a criação de projetos ambientais que sejam contínuos e não concentrados em datas
comemorativas, para que as pessoas consigam desenvolver atitudes sustentáveis em seu
cotidiano. Para isso, é imprescindível o trabalho conjunto da equipe pedagógica da escola, bem
como da comunidade local.
Desse modo, ao traçar novos caminhos metodológicos, o professor tem como objetivo
atender às necessidades dos alunos diante dos novos e dinâmicos contextos que envolvem o
cotidiano, bem como de que seja desconstruída a desmotivação que muitos trazem em
detrimento de práticas excessivamente tradicionais, tendo a “necessidade de superar a
memorização e a pura descrição de fatos e fenômenos” (Castellar; Stefenon, 2015, p. 19). Nesse
contexto, têm-se alguns princípios que permeiam o uso das metodologias ativas (Figura 1):
Figura 1: Princípios que constituem as metodologias ativas no ensino
Entre essas metodologias, pode-se mencionar as de natureza lúdica que, conforme Rego,
Castrogiovanni e Kaercher (2007, p. 45), possuem “[...] temas infinitos e dependem da
criatividade dos professores, dos alunos e das ferramentas que estão à disposição. Os temas
atuais são envolventes e tendem a despertar interesse”. Assim, ao incluir recursos como a
confecção de cartazes, mapas, uso de músicas, poemas, entre outros, o docente estimula a
participação ativa dos alunos e, por consequência, tem maiores chances de alcançar
satisfatoriamente os objetivos traçados para a abordagem dos conteúdos geográficos. Além
desses, pode-se utilizar recursos relacionados ao uso das tecnologias em sala de aula, que
despertam o interesse dos estudantes por estarem inseridas em seu dia a dia, por exemplo, a
gamificação, a sala de aula invertida, a rotação por estações e a cultura maker.
Ao propor práticas por meio das metodologias ativas, o professor despertará em seus
alunos o interesse pela aprendizagem, pela superação dos desafios e pela construção do
conhecimento geográfico, levando em consideração suas experiências de vida. Como
mencionado por Freire (2006) e reforçado por Nascimento e Fernandes (2021), as metodologias
ativas são concepções educativas que estimulam processos construtivos de ação-reflexão-ação.
Por essa razão, é tão importante que seu uso seja incorporado à prática docente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação em geral, em seus espaços formativos, precisa estar atenta as discussões que
emergem cotidianamente sobre os graves problemas socioambientais frutos da ação de grandes
empresas capitalistas que visam acima de tudo o lucro em um curto período de tempo, sem
maximizar as consequências diretas e indiretas que atinge a fauna, flora e até mesmo a
população do planeta de uma forma multiescalar.
A partir dos resultados obtidos até o momento, percebe-se que as metodologias ativas
assumem papel relevante no desenvolvimento de práticas concretas e dinâmicas de ensino,
proporcionando a professores e estudantes experienciar novas maneiras de estudar e aprender
sobre o Meio Ambiente. Além de desenvolverem ações que visem o envolvimento da
comunidade local e até mesmo regional, nacional e mundial a respeito da importância de
práticas sustentáveis para a manutenção da vida no Planeta Terra.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) por meio do Programa de Excelência Acadêmica
(PROEX).
REFERÊNCIAS
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RELAÇÕES ENTRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA E A
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
INTRODUÇÃO
A questão ambiental é complexa e não pode ser entendida de maneira nenhuma como
"meramente" natural, mas socioambiental, integrada, pois não existe separação entre os seres
humanos e a natureza, o social e o ambiental, ambos são indissociáveis Mendonça, (2001),
Reigota, (2008). Tendo em vista esse cenário caótico, a qualidade de vida da sociedade é
fortemente prejudicada como destaca Jacobi (2015), pois muitas vezes as problemáticas
socioambientais são naturalizadas e esquecidas, nesse contexto a Geografia escolar surge com
elevada potencialidade para modificar esse cenário. A Geografia escolar é possuidora de grande
potencial, pois, a Geografia permite a análise, reflexão e entendimento das mais diversas
realidades sociais. A Geografia escolar eleva ainda mais suas potencialidades, tendo em vista
a etapa da Educação básica, que permite abordar, desde muito cedo, práticas em Educação
Ambiental, ativas, dinâmicas, reflexivas e transformadoras de realidades.
METODOLOGIA
Metodologicamente esse trabalho parte da análise dos resultados obtidos nas duas etapas
duas etapas metodológicas distintas, etapas que culminaram na obtenção dos resultados que
serão analisados. Inicialmente, na primeira etapa, houve a fase de levantamento, análise e
discussão bibliográfica, fase que teve como objetivo discutir acerca de trabalhos relevantes
relacionados à temática, objetivando ampliar ainda mais o arcabouço teórico e analisar as
possibilidades para a construção da oficina formativa. Dessa forma, após o levantamento,
análise e discussão bibliográfica realizada, a percepção da possibilidade de um dialogismo entre
a formação de professores, o ensino de Geografia e a Educação Ambiental, tendo em vista essa
sinergia entre esses pontos-chave ficou cada vez mais clara.
Em relação à faixa etária, quatro faixas distintas foram definidas. Podemos observar que
a maior parte dos participantes está entre a faixa etária dos 18 aos 26 anos, ou seja,
possivelmente são sujeitos que ainda estão cursando a primeira graduação em licenciatura,
atingindo diretamente uma formação inicial para o ensino. A faixa etária entre os 21 e 23 anos
representou a maior parte dos participantes, seguida pela faixa dos 24 aos 26 anos.
Trazendo uma correlação entre os dados obtidos no gráfico 02 e 03, podemos observar
que a grande maior parte dos participantes nunca cursou outros cursos de licenciatura diversas.
Esse fato é interessante e abarca diretamente uma formação educacional ainda mais inicial,
tendo em vista esse caráter primário de participação em um curso para o ensino na Educação
Básica, sobretudo de Geografia. Fato que denota o potencial, ainda maior, que a oficina
formativa trouxe para trabalhar as potencialidades dialógicas entre a formação de professores,
o ensino de Geografia e a Educação Ambiental.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Trazendo para o contexto escolar a figura do ecoprofessor (Sousa, 2013), professor que
possibilita um processo de formação escolar que transcende a aprendizagem de conteúdos
rotulados como ambientais, o trabalho rotineiro e meramente pontual, ligados à Educação
Ambiental. O trabalho demonstra com seus resultados e discussões como os futuros professores
de Geografia podem desempenhar um papel-chave na transformação de realidades
socioambientais, utilizando esse forte potencial dialógico do ensino de Geografia com a
Educação Ambiental, permitindo através dessa construção agir diretamente, nos mais diversos
contextos sociais, contra o cenário de crise socioambiental contemporâneo.
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SOUZA, M. A. S.; NOVIKOFF, C. A educação ambiental na/para formação do eco-
professor, 2013
GT3: TECNOLOGIAS E
PRÁTICAS IMERSIVAS NO
ENSINO DE GEOGRAFIA
O USO DE TECNOLOGIAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA:
OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO BÁSICA COM A
UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES METODOLOGIAS ATIVAS
INTRODUÇÃO
Diante dos resultados obtidos através da aplicação da oficina para alunos do 7º ano do
ensino fundamental, inicialmente buscou-se sondar se os alunos tinham familiaridade com as
tecnologias digitais e de diferentes ferramentas. A partir das respostas obtidas com
questionamento e o desenvolvimento da instrumentalização didática, notou-se que os
estudantes que participaram da atividade apresentam muita familiaridade com as ferramentas e
recursos trabalhados, demonstrando que o professor pode utilizar em sala de aula as mesmas
ferramentas aqui já destacadas para o trabalho com diferentes conteúdos, permitindo o
protagonismo do aluno e a fuga do ensino de Geografia de modo tradicional.
Posteriormente, na oficina foi trabalhada com os seguintes conteúdos da geografia
escolar: formação territorial do Brasil, domínios morfoclimáticos e biomas utilizando
ferramentas tecnológicas para mostrar diferentes possibilidades de aprender conteúdos de
Geografia. Já as ferramentas utilizadas em cada atividade de proposta foram: Canva, para
apresentar os slides feitos com textos, imagens, mapas e outros elementos que auxiliaram na
ideia das aulas; Minecraft, foi utilizado para trazer a comparação entre blocos e solos vistos nos
domínios e biomas brasileiros, apresentando as imagens dos blocos e mostrando suas
semelhanças; YouTube, passando no notebook vídeos em 360° e podendo ser utilizado óculos
de realidade virtual, ressaltando o conteúdo através de imagens das paisagens de cada bioma e,
por fim, o Kahoot, auxiliando na avaliação dos estudantes diante do conteúdo que foi
compartilhado nas aulas, através desta ferramenta os alunos puderam responder perguntas
relacionada
Com relação ao trabalho com o conteúdo domínios morfoclimáticos, foi permitido que
os alunos observassem diferentes paisagens que retratam solos, vegetação, hidrografia e fauna,
fazendo analogia com o jogo minecraft que já eram de conhecimento dos alunos e apresentam
elementos em blocos semelhantes aos encontrados nos biomas brasileiros. Os alunos
demonstraram conhecimentos sobre o conteúdo, apontando características que uniam a
ferramenta do jogo com o conteúdo já trabalhando em sala de sala (Figura 01).
Figura 01: Apresentação sobre domínios morfoclimáticos utilizando Canva e referências ao Minecraft
Figura 02: Estudante controlando o vídeo em visão de 360° sobre os biomas brasileiros
Por fim, a última ferramenta utilizada foi o Kahoot, como pode ser conferida na figura
03, o intuito foi revisar os conteúdos compartilhados durante a oficina, trazendo um método
avaliativo dinâmico e diferente do que tradicionalmente é conhecido pelos estudantes. Os
alunos demonstram muita empolgação na utilização do computador e do Game, principalmente
porque a ferramenta dá ideia de competição e cria um ranking dos participantes com maiores
acertos e agilidade nas respostas às perguntas elaboradas.
Figura 03: Alunos utilizando o Kahoot como método de avaliação do conteúdo geográfico
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANASTASIOU, L. G. C.; ALVES, L. P. (Org.). Processos de ensinagem na universidade:
pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 5. ed. Joinville, SC: UNIVILLE, 2005.
GEMIGNANI, E. Y. M. Y. Formação de Professores e Metodologias Ativas de Ensino-
Aprendizagem: Ensinar Para a Compreensão. Revista Fronteira das Educação [online],
Recife, v. 1, n. 2, 2012.
LEMOS, A. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. 6º. ed. Porto
Alegre: Sulina, 2013.
LIMA, A. E. F.; SILVA, D. R.; ARAÚJO, E. F. Metodologias ativas em geografia: experiências
docentes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Geosaberes,
Fortaleza, v. 9, n. 18, p. 1-13, mai./ago. 2018. Disponível em:
<http://www.geosaberes.ufc.br/geosaberes/article/download/657/661/>. Acesso em: 23 jul.
2020.
MORAN, J. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, L.
MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-
prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
SANTOS, F. K. S.; SANTOS, M. F. A Educação Geográfica e o Ciberespaço: Convergências
entre o Conhecimento e as Redes. Revista de Geografia (RECIFE), v. 34, p. 128-146, 2017.
TORRES, P. L.; IRALA, E. A. F. Aprendizagem Colaborativa: Teoria e Prática. In: TORRES,
P. L. (Org.). Complexidade: Redes e Conexões na Produção do Conhecimento. 1ª. ed.Curitiba:
SENARPR, v. 1, p. 61-93, 2014.
VALENTE, J. A. Inovação nos processos de ensino e de aprendizagem: o papel das tecnologias
digitais. In: VALENTE, J. A.; FREIRE, F. M. P.; ARANTES, F. L. (Org) Tecnologia e
Educação: passado, presente e o que está por vir. Campinas, SP: NIED/UNICAMP, 2018.
VALENTE, J. A. Metodologias ativas e a aprendizagem personalizada. In: VALENTE, J. A.;
FREIRE, F. M. P.; ARANTES, F. L. (Org) Tecnologia e Educação: passado, presente e o que
está por vir. Campinas, SP: NIED/UNICAMP, 2018.
DISPUTA COMO FORMA DE METODOLOGIA ATIVA DO ENSINO DA
GEOGRAFIA: RELATO DE VIVÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Para a realização tanto da prática em sala de aula, quanto para a produção deste artigo
foi necessário efetuar uma revisão bibliográfica sobre áreas, como a neurociência, com enfoque
no processo de aprendizagem, surgimento e importância das metodologias ativas e sobre a
competição, suas consequências sobre o processo de aprendizagem. Ademais, um estudo sobre
as instituições em que ocorreu a aplicação, já que eram de dois setores distintos, o público e o
privado, tornando viável a averiguação de dois grupos de estudantes, de diferentes cidades,
renda e estrutura escolar que estão inseridos.
Posteriormente houve a idealização das atividades que foram postas em prática e
realizadas adaptações para a aplicação nas duas escolas, que ocorreu no segundo bimestre de
2023, além da construção de um acervo pessoal de fotografias dos materiais utilizados. Por fim,
foram analisados os dados de interação durante as aulas, referentes ao conteúdo da aula em
questão, sendo examinadas as notas, em comparação com testes e provas escritas, anteriores,
exigidos pelas instituições.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Possuindo assim a ligação com as metodologias ativas, já que as mesmas detêm em sua
base a ideia de que para a criação do pensamento crítico, desenvolvimento de autonomia
intelectual e a descoberta de aprender a aprender, é ineficiente a utilização de apenas aulas
expositivas, justamente pela dificuldade dos discentes se manterem o foco psíquico na sala de
aula (ARONS, 1997). Trazendo assim desafios de se pensar em práticas pedagógicas que
proporcionem aos estudantes aulas que atinjam essas três demandas para se conquistar uma
formação efetiva e não algo que se decore para aprovação em uma avaliação.
Esses prejuízos se tornam mais visíveis na ciência geográfica, justamente por ser a
responsável por formar seres questionadores da sociedade no qual pertencem. Sendo reduzido
por ações individuais de professores e em um número reduzido de casos instituições que
passaram a adotar metodologias ativas como aliadas no processo de ensino-aprendizagem
(CAVALCANTI, 1988; LACHE, 1996; CALLA, 2012).
Sendo estes um ponto mais que crucial, pois os educadores em atuação estão ensinando
a geração Z ou “nativos digitais”, que apreende, quase exclusivamente, por meio de incentivos
visuais, práticos e que possua alguma ligação com suas vivências (RIVOLTELLA e FANTIN,
2010). Isso se dá pelo fato de possuírem o contato desde a primeira infância com tecnologias
digitais e facilitadoras da comunicação, que impactam em outras áreas que as apontadas acima,
como apresentar um tempo de atenção reduzida, desempenham mais de uma atividade por vez
e que também impactam no tipo de metodologia a ser desenvolvida com essas turmas.
(PRENSKY, 2001).
“[...] o único e maior problema que a educação enfrenta hoje é que os nossos
instrutores Imigrantes Digitais, que usam uma linguagem ultrapassada (da era pré-
digital), estão lutando para ensinar uma população que fala uma linguagem totalmente
nova.” (PRENSKY, 2001, p. 2).
INSTITUIÇÕES ESCOLHIDAS
Como as escolas escolhidas contam com uma excelente estrutura, quase não foi
necessário realizar adaptações, a única ocorreu quando na instituição pública foi efetuada a
dinâmica de “torta na cara”, pois foi sem a utilização da máquina e tendo a obtenção dos
resultados bastante parecidos. Sendo assim, observado o carecimento de descrever apenas a
aplicação das disputas por uma única ótica e os efeitos de maneira geral, destacando unicamente
os casos que se mostraram atípicos.
Os assuntos para as duas turmas foram: as camadas internas e externas, tectônicas de
placas, ciclo e tipos de rocha. As três aulas semanais foram separadas assim: 1° (primeira) para
a explicação, 2° (segunda) para debate e a 3° (terceira) atividade proposta.
Os momentos de explicação foram elaborados com auxílio visual, com slides efetuados
pelo editor Canva, neles havia imagens que ilustravam a camada ou elemento pertencente ao
planeta e como isso afeta a vida existente. Ademais algumas imagens impressas para serem
observadas até em momentos extraclasse.
As camadas da terra foram divididas em duas semanas, seguindo a ordem de uma para
as internas e outra para a externa. Na primeira, após a exposição do assunto, relatando as
características e em como isso afeta a biosfera, proporcionando a vida e a paisagem que
conhecemos, em seguida foram expostas algumas indagações, como por exemplo “como vocês
pensavam que era a parte interior da terra, antes de saber como funcionava?” “Qual informação
chocou vocês?” e se “Alguém tem alguma dúvida?”, as respostas geraram novas perguntas, que
conduziram a um aprofundamento do tema.
Na terceira e última aula, foi pedido para a turma se dividissem em duplas e um dos
componentes teria que ter um celular, como ambas as escolas disponibilizam wi-fi justamente
para atividades que exijam uso de aparelhos eletrônicos. Por isso, foi produzido no dia anterior
um jogo, que valia 2 (dois) ponto para os ganhadores, pela plataforma kahoot, no formato
gratuito, onde algumas eram de verdadeiro ou falso e outras tinham alternativas, sendo
cronometradas e a plataforma gera um ranking (Imagens 1), levando em consideração quem
respondeu corretamente e em um menor espaço de tempo.
Este momento gerou diálogo entre as duplas, debates, mesmo que curtos, sobre o
assunto, uma avaliação em tempo real sobre a apreensão sobre as camadas internas, sem a
tensão de algo escrito, levando a observação de quais camadas os estudantes tinham mais e
menos domínio. Ao fim da dinâmica, vários pediram para que houvesse esta atividade mais
vezes e algumas afirmações como “Eu sabia aquela, mas errei por causa da pressa” ou “Tenho
que estudar mais esse assunto”.
Figura 1 e 2: Atividade com a plataforma Kahoot
A semana seguinte foi dedicada às camadas externas da Terra, nela foi informado as
características, como isso afeta a biosfera e um destaque sobre a urgência ambiental sobre essas
camadas, em especial a camada de ozônio. No segundo momento, foi gerado um debate
ambiental, especificamente em como interfere no bem-estar humano, animal e de toda flora,
somado às interrogações sobre todos os pontos abordados.
A disputa da vez foi bem simples, foi solicitado na semana anterior que levassem lápis
de cor, cola branca e tesoura sem ponta, alguns brincaram afirmando que “A senhor (a), tá
querendo fazer a gente voltar ao fundamental I”. Mas no dia, após os dois momentos foi pedido
que utilizando a Figura 2, definissem a ordem de cada camada, nome e o que é encontrado em
cada uma delas e quem conseguisse acertar todas, iria ganhar 1(um) ponto.
Figura 2: Folha da atividade sobre as camadas externas
Fonte: Pinterest
Fonte: Pinterest
Por fim, a dinâmica dividiu a sala em dois grupos, onde cada um deles deveria escolher
um representante por pergunta, não podendo repetir os que já haviam ido, forçando a
participação de todos, principalmente pelo fato de que o grupo vencedor ganharia 2 (dois)
pontos e o que perdedor apenas 1(um) e o indivíduo que errasse teria que realizar uma ação que
a outra equipe escolhesse, contanto que não fosse algo degradante. Muitos responderam
corretamente e os que não acabaram sanando essas lacunas durante a brincadeira, que nas
palavras deles foi uma experiência “divertida e engraçada”.
Os últimos temas foram separados em duas semanas, porém por serem complementares,
a competição só ocorreu ao fim das duas explicações, utilizando também o tempo para uma
revisão de todos os tópicos para o teste da semana seguinte. Sendo a divisão da turma, na
ocasião em trios, onde sobre o ciclo das rochas, foram expostas frases e levantaria a mão o trio
que acreditasse estar correto, mesclando com sentenças incompletas e que cada grupo deveria
escolher uma palavra para completar corretamente.
Já sobre os tipos de rocha, foram expostas um exemplo de cada uma, seja ele físico ou
apenas por imagem, onde um trio escolhido deveria descobrir em qual grupo ela se encaixava,
“metamórfica, ígnea ou sedimentar” combinando com orações, onde eram apresentadas as
opções “Verdadeiro, Falso ou Incompleto”, na terceira, deveria ser completado pela equipe.
Para a grande surpresa a grande maioria acabou por responder tanto às questões fáceis, quanto
às mais difíceis.
Durante todo o bimestre foi possível analisar uma alteração benéfica tanto na parte
intelectual, quanto nos aspectos sociais das turmas. Na área do aprendizado houve maior
participação em sala, uma parte passou a estudar em casa, justamente para desempenharem bem
durante as disputas e houve um aumento considerável nas notas dos testes e provas, em
comparação com o bimestre anterior.
Nos aspectos sociais das turmas, ocorreu o fenômeno da união, ocorrendo casos de ajuda
nos momentos de dificuldade de aprendizado. Em um caso específico de um discente com
timidez extrema, onde não se comunicava com nenhum membro da instituição, houve poucos
momentos, durante todo o bimestre, de interação por vontade própria, com alguns colegas e
outro com a docente, causando espanto a todos pelo envolvimento e evolução pessoal dele.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ARONS, Arnould . Teaching introductory physics. New York: John Wiley & Sons, 1997.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. How people learn: brain, mind, experience and
school. BRANSFORD, John D.; BROWN, Ann L.; COCKING, Rodney R. (Ed.). Washington:
National Academy Press, 2000.
PRENSKY, Marc. Aprendizagem baseada em jogos digitais. São Paulo: Senac, 2001.
SHINDLER, John. Transformative classroom management. Pearson Allyn & Bacon Press,
2007.
VERHOEFF, Tom. The role of competitions in education. Proceedings of the Future World
Educating for the 21st Century Conference and Exhibition, 1997.
VOCKELL, El. Educational Psychology: A Practical Approach. Purdue University. 2004.
TECNOLOGIAS DIGITAIS E MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO
DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA
INTRODUÇÃO
O processo educacional vem se modificando ao longo do tempo, cada vez mais a sala
de aula está em constante mudança e atravessa diferentes contextos históricos, com isso o modo
de ensinar e aprender caminham juntos a esse processo de transição. Conforme Kenski (2012),
a tecnologia acompanha o homem desde os primórdios, usar as rochas primitivas como lousa e
certos vegetais como tinta para difundir um pensamento para as próximas gerações foi uma das
mais significativas engenhosidades do homem. O conhecimento humano foi se consolidando e
com isso novas ferramentas tecnológicas tiveram seu significativo avanço, dando origem a
variados equipamentos, instrumentos e aparelhos.
Nesse viés, com o avanço rápido dos meios científicos e tecnológicos, Santos (2021)
nos diz que as tecnologias não se tornam superiores ao homem e nem determinam suas
atividades sociais, pelo contrário, o homem que vai usá-las e trazer para seu contexto e
realidade. Ou seja, o professor de geografia que acabou de usar a ferramenta do Google Maps,
por exemplo, para espacializar um determinado local ou bairro com a intenção de trabalhar em
sala de aula, acabou usando uma ferramenta do seu momento histórico para difundir
conhecimentos sobre cartografia, igualmente um homem primitivo que usou tintas naturais em
um bloco rochoso para socializar uma ideia. Mesmo estando em extremos históricos, usaram
algo semelhante: tecnologia. Como podemos observar, falar sobre tecnologia não significa um
produto atual, mas sim de ferramentas que se tornam inovadoras no seu tempo.
Com isso, mesmo a tecnologia sendo uma amiga antiga do homem, a sala de aula
atualmente se torna desafiadora quando relacionamos a tecnologia digitais e o ensino, e os
professores de Geografia ainda encontram barreiras para usá-las em suas aulas. Seria, então,
não tão amiga dos professores? Para muitos professores, os aparelhos tecnológicos ainda estão
distantes da realidade das duas atividades escolares, as instituições de ensino, principalmente
as públicas, ainda sofrem precarização em relação aos investimentos por parte do Estado, o que
dificulta a usabilidade dos aparelhos digitais. Muitas escolas oferecem o mínimo, como internet
via Wi-Fi, no entanto, diversas vezes apresentam problemas na conexão. Também, poucos
projetores em sala de aula, isso quando a escola possui esse recurso tecnológico. Essas situações
nos fazem refletir que muitas aulas se distanciam dos atuais indicativos sobre a presença de
tecnologias digitais na sala de aula com fins educativos.
Por outro lado, alunos de escolas que recebem investimentos, seja do setor público ou
privado, conseguem aproveitar melhor uma educação mais conectada correspondente a sua
realidade. Consoante Moran (1999, p. 2) “As mudanças demorarão mais do que alguns pensam,
porque nos encontramos em processos desiguais de aprendizagem e evolução pessoal e social”.
Nesse sentido, em diálogo com o autor, as oportunidades educacionais não são iguais para todos
e, além dos alunos que acabam sendo afetados por essa disparidade, os professores também são
atingidos por falta de uma formação inclusiva-digital para trabalhar ensino e tecnologia em suas
aulas, assim como a estrutura escolar que também não recebe uma devida atenção dos
investimentos dos setores educacionais.
A insegurança dos professores em relação ao uso das Tecnologias Digitais da
Informação e Comunicação (TDIC) em sala de aula, não é fruto somente de uma carência de
uma formação continuada como também o pouco recurso que muitas escolas oferecem. Esse
reflexo do ensino escolar não imersiva na tecnologia também é resultado do período de
formação dos professores, igualmente o de Geografia, pois, argumentam Dantas e Mendes
(2010, p. 197) que “em pleno século XXI, as instituições de ensino superior utilizando métodos
tradicionais preparam os futuros professores que deverão responder às questões e necessidades
dos alunos da era digital”.
Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho foi explorar como as tecnologias digitais
podem ser utilizadas como ferramentas para os discentes do curso de licenciatura em Geografia.
Para isso, por meio da pesquisa-formação, foi aplicado oficina pedagógica para alunos da
licenciatura em Geografia da UFPE, de diferentes períodos e turnos, com a finalidade de
auxiliá-los no desenvolvimento de competências e habilidades para o uso de tecnologias digitais
no seu futuro campo profissional, a sala de aula. Além disso, foi investigado as concepções dos
discentes com relação ao uso de tecnologias na formação inicial e atuação profissional. Baseado
na abordagem do conteúdo de Bardin (2011), os dados, no formato relato de experiência, foram
analisados.
No atual século, diferentes ferramentas tecnológicas foram criadas e com elas novos
meios de socializar conhecimentos, o mundo ficou cada vez mais integrado digitalmente e o
que antes tínhamos dificuldades de acessar, hoje podemos consultar com apenas alguns cliques.
Como afirma Dos Santos e Santos (2017, p. 130) “o ‘bum’ da globalização, surgimento dos
espaços virtuais e maiores acesso à informação, as relações de negociação, relações de
comunicação e relações pessoas têm acontecido mais rapidamente e com frequências diárias”.
Todo esse acesso aos meios virtuais e a busca incessante de informação e divulgação corroborou
para o desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação, as TICs, as quais
tiveram e têm um papel fundamental na veiculação de informações e na comunicação em tempo
real, como também acentua Kenski (2012).
Para que ocorra uma mudança e o modo tradicional de ensino venha sendo
desconstruído, o aluno precisa ser mais atuante e colocar a mão na massa, deve ser visto como
peça principal do processo educacional, se tornando impulsionador do conhecimento através
das TDICs, buscando as diversas possibilidades geradas por esse método para construir um
saber geográfico positivo, interativo e divertido. Os autores Vilaça e Araújo (2016) corroboram
que o uso das tecnologias na educação garante sentido e significados durante o processo de
aprendizagem, principalmente quando o professor edifica o processo de ensino com a realidade
do aluno.
O uso de recursos tecnológicos no ambiente educacional pode contribuir
significativamente para uma prática pedagógica diferenciada no mundo
contemporâneo, mais diretamente atenta às necessidades educacionais específicas
deste período marcado por rápidas transições e mudanças de práticas sociais mediadas
pelas tecnologias digitais. Afinal, é essencial observar o contexto social em que o
aluno está inserido, pois é no cotidiano que damos sentido aos saberes, ampliando
assim a relação com o outro e com o mundo ( VILAÇA & ARAÚJO, 2016, p. 218).
A partir disso, torna-se mais real e confortável aprender em sala de aula, pois o
estudante sente-se compreendido, abraçado e bem recebido quando utiliza-se de processos mais
comuns e próximos de sua realidade social, tendo em vista que assim cada um pode mostrar
suas habilidades e também seus conhecimentos pré e pós aula, podendo fazer uma ligação entre
as problemáticas vistos na escola e também em casa, ou em outros meios de interação social
que que envolvem o uso de recursos tecnológicos integrando-os ao cotidiano.
Moran (2017, p. 51) destaca essa questão, afirmando: “As tecnologias digitais trazem
inúmeros problemas, desafios, distorções e dependências que deveriam fazer parte do projeto
pedagógico de aprendizagem ativa e libertadora”. Consequentemente, a implementação das
TICs em sala de aula é um processo que precisa ser bem estruturado e cuidadoso, exigindo
planejamento para um trabalho colaborativo com os alunos. Com base nas ideias de Moran
(2017), a introdução dos recursos educacionais digitais (REDs) na sala de aula traz tensões,
novas possibilidades e desafios significativos. Para enfrentar essas questões, é fundamental
proporcionar uma formação que contribua para o desenvolvimento de competências docentes,
bem como para a adaptação pedagógica e metodológica.
Partindo de questões teóricas, na oficina foi trabalhado alguns recursos que podem ser
usados com mais simplicidade no dia a dia pelo professor. Assim, foram elencados temas e
conteúdos que são abordados pela Geografia escolar e que podem ser relacionados a recursos
didáticos diferentes, demonstrando como os futuros professores podem relacionar assuntos da
disciplina e meios digitais. O intuito não foi apresentar receitas prontas que poderiam ser
replicadas pelos futuros docentes, mas destacar as possibilidades de trabalho com conteúdos
distintos e adequação das TICs às realidades da escola e dos alunos que dela fazem parte.
Diante da ilustração, cada QR code apresentava músicas que traziam referência a uma
região do Brasil. O objetivo foi permitir que participantes fizessem conexões com os
significados das melodias e as características do Brasil, sendo elas questões sociais, a seca e a
fome, riquezas naturais e culturais, entre outras. Ao final, foram gerados diálogos sobre as
características e relação das músicas e os aspectos geográficos, em que participantes
conseguiram fazer conexões apontando a região brasileira ao som que ouviram.
Outra ferramenta digital utilizada foi o Kahoot, essa é uma plataforma educacional
online que incorpora jogos em formato de quizzes e pode ser utilizada no processo de
aprendizagem de crianças, jovens e profissionais, melhorando a interação entre alunos e
professores, desse modo, ele foi apresentado como uma possibilidade para revisar conteúdos da
Geografia. A finalidade de trazer essa plataforma foi demonstrar que o professor pode resolver
os exercícios do livro mudando-o para o formato de jogo, dando outra cara para o ensino e
saindo do ciclo de aulas que tenham apoio unicamente do livro didático. Na oficina, os
participantes utilizaram o celular conectado à internet para responder às questões do jogo e
puderam observar que dá para revisar um conteúdo geográfico de forma lúdica e criativa. Além
de jogarem, também foi ensinado como criar uma conta e como os professores e alunos podem
usar em sala de aula.
Outra atividade desenvolvida foi a utilização de vídeos de viajantes do YouTube
pensados para mostrar os diferentes locais do mundo globalizado. Com a produção e trabalho
com os vídeos, os viajantes se tornam uma fonte de conhecimento muito importante na
construção de um pensamento espacial-geográfico. Ao explorar tais vídeos, foi possível fazer
conexões com diferentes conteúdos que o livro didático apresenta, principalmente levantando
a discussão de como os conteúdos que trazem aspectos culturais, naturais como relevos, climas
e os conflitos de características econômicas diferentes países, sendo representados ludicamente
por meio de imagens reais e peculiares que nem sempre são expostas no material didático pela
escola.
Outra atividade desenvolvida foi a utilização do LandscapAR, que é um aplicativo de
realidade aumentada, o qual foi empregado para representar em formato 3D as curvas de nível
e topografias de relevos desenhadas pelos participantes. As curvas de nível foram desenhadas
em uma folha papel de ofício com piloto preto e colocada em uma superfície de cor preta. Logo
após, a folha de ofício com o desenho foi escaneado pelo celular usando o aplicativo e conectado
à internet, transformando a projeção desenhada em um modelo de relevo em formato 3D (Figura
03 e 04).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os meios tecnológicos vão sofrendo modificações de acordo com o tempo e esse
processo adentra cada vez mais na sala de aula, trazendo novos sentidos ao modo de ensinar e
aprender, contribuindo com várias formas de educar, seja de modo informal ou formal. Por
isso, esse estudo buscou explorar as ações das tecnologias digitais como ferramenta de
mediação pedagógica na formação dos futuros professores de Geografia, remodelando suas
práticas educacionais e valorizando as aprendizagens dos estudantes. Os resultados obtidos
desta pesquisa mostraram-se eficientes, já que as TICs oferecem um grande leque de
possibilidades para o professor de Geografia trabalhar os conteúdos de maneira lúdica e
imersiva.
Vale salientar que muitas vezes o professor não consegue inovar por causa de críticos
cenários escolares, como foi destacado pelos participantes no momento da socialização e
execução da oficina. Contudo, salientamos que a formação de um professor não se limita à
obtenção de um diploma de licenciatura, mas envolve um compromisso constante com o
desenvolvimento profissional, a aprendizagem contínua e a aquisição de novas habilidades ao
longo da carreira. Ela implica em aprimorar as habilidades de ensino, adquirir experiência
prática em sala de aula e manter-se atualizado com as práticas e teorias educacionais mais
recentes.
REFERÊNCIAS
ALVES, Elaine Jesus. Por que não consigo ensinar com tecnologias nas minhas aulas?.
2017.
BACICH, Lilian; MORAN, José. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma
abordagem teórico-prática . Penso Editora, 2017.
STEENSMA, H. K. Acquiringtechnologicalcompetenciesthroughinter-
organizationalcollaboration: anorganizationallearning perspective. JournalofEngineeringand
Technology Management, v. 12, p. 267-286, 1996.
VILAÇA, Márcio Luiz Corrêa; ARAÚJO, Elaine Vasquez Ferreira de. Tecnologia, sociedade
e educação na era digital. Duque de Caxias: UNIGRANRIO, 2016.
O SMARTPHONE NO ENSINO DE GEOGRAFIA: PROPOSTAS PARA O
ESTUDO DA PAISAGEM
INTRODUÇÃO
As novas tecnologias apresentam ferramentas que o professor de Geografia pode utilizar
para enriquecer alguns conteúdos e atividades. O smartphone se faz presente na nossa rotina
diária e pode se tornar um instrumento de ensino-aprendizagem para o conceito de paisagem
nas aulas de Geografia.
No Brasil, foram utilizados autores como Milton Santos, o qual destaca a importância
das técnicas utilizadas para modificação da paisagem, pois, dependendo da ferramenta ou
técnica, além da paisagem poder sofrer mudanças mais radicais, elas irão ocorrer mais
rapidamente (SANTOS, 1988).
Portanto, apesar do smartphone ser considerado como distração para maioria das
pessoas, podendo trazer problemas para o ambiente escolar, a nosso ver este dispositivo poderia
ser um aliado do professor em aulas específicas. Assim como a paisagem, as tecnologias fazem
parte da evolução da sociedade e da vida do aluno, podendo ser utilizadas como ferramenta que
estimulem o aprendizado, introduzem novas atividades e tornem as aulas mais dinâmicas, ou
seja, fazendo parte do processo educativo e contribuindo para interação sociocultural do
indivíduo.
Deste modo, esse trabalho tem como finalidade analisar como as novas tecnologias
podem ajudar no ensino-aprendizagem acerca do conceito de paisagem utilizando o
smartphone, através de aplicativos. Através da revisão da literatura acerca do conceito de
paisagem, debatendo o conceito de paisagem no ensino de Geografia, discutindo a importância
das novas tecnologias no ensino de Geografia, notadamente o uso do smartphone e propondo
estratégias didáticas baseadas no uso do smartphone para o ensino da paisagem nas aulas de
Geografia.
Com isso, será possível notar a evolução do uso das novas tecnologias nas aulas e
possivelmente como o smartphone pode fazer parte de algumas aulas de Geografia.
METODOLOGIA
Essa pesquisa qualitativa está estruturada para entender e discutir o uso das novas
tecnologias, principalmente o smartphone, nas aulas de Geografia através do estudo da
paisagem. Com foco na evolução do conceito de paisagem, empreendemos uma pesquisa
documental e bibliográfica ancorada no método dialético, visto que nos apropriamos do escrito
de modo contextualizado.
Em seguida, para compreender como as novas tecnologias e a paisagem se inserem no
ensino da Geografia, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é utilizada para compreender
essas questões, tendo em vista que ela rege o sistema educacional no Brasil.
RESULTADOS
ESCOLA ALEMÃ
Na obra Geografia Comparada, de Carl Ritter (1807), tornou a Geografia uma ciência
enciclopédica, juntamente com o positivismo dinâmico e histórico, estabelecendo
conhecimentos sobre determinados países e regiões. Apesar que a paisagem não era uns dos
objetivos principais de Ritter, mas ajudou a entender as obras de Humboldt, complementando
e organizando-as, sistematizando os fenômenos nelas existente, onde aconteceriam em
diferentes regiões, que a paisagem poderia ser reproduzida em outra região se ocorressem os
mesmos fenômenos.
ESCOLA FRANCESA
A herança de cada grupo está de acordo com o esforço para vencer as barreiras da
natureza e para criar uma forma de controlá-la e alterá-la. Assim, cada tipo de vida tem uma
forma específica de se expressar, que relaciona às características da superfície às técnicas de
construção, de alimentação, de vestimenta etc. em uma sociedade. É por esta forma que a noção
de gênero de vida influencia a compreensão das formas de ocupação da Terra pelas diferentes
sociedades, via conceito de níveis de civilização. Sendo assim, cada tipo de gênero tem sua
localização específica na superfície da Terra e adaptações específicas ao meio. A adaptação do
homem ao meio cria diferentes gêneros de vida, que estão associados à concentração ou à
dispersão populacional, resultando em habitats distintos; o conjunto de habitats semelhantes
formam paisagens que, por sua vez, correspondem às regiões. (LA BLACHE, 1954).
ESCOLA ANGLO-SAXÔNICA
Desse modo, Sauer definiu os conceitos que respaldam a paisagem cultural, tendo como
principal aspecto a valorização da relação homem com o meio, que vai ser transformada no seu
habitat, a partir dessa análise era comparada com outra paisagem. Sauer dava importância para
uma formação naturalista, atrelada à fauna, agricultura, incêndios, colheitas, migrações,
pastagens, florestas, caça, entre outros, compreendendo assim os traços da humanidade
presentes na paisagem (SAUER, 1998).
Sendo assim, a paisagem pode ser dividida em natural e cultural por causa da capacidade
de transformação que o homem pode fazer na natureza (SAUER, 1998). Dando uma dinâmica
morfológica, tanto na natureza quanto no homem, a paisagem cultural vai ser uma representação
e materialização das ações humanas, mas privilegiando o encadeamento entre os dois.
Sauer (1998) ainda que a ação cultural do homem na paisagem não se encontraria livres
de consequências ambientais, posto que se fosse realizada de forma desorganizada colocariam
em risco o ecossistema local. O autor continua, que a capacidade de administrar os recursos
naturais era a característica mais importante ao quais as culturas deveriam ser julgadas.
Salientando que a Geografia deveria estudar tudo aquilo que está em evidência, que se encontra
na paisagem, adquirindo assim seu objeto de estudo e um método.
Portanto, a paisagem cultural não vai ser apenas conteúdo de fenômenos naturais, mas
com suas ligações, correlações e interdependências com fenômenos humanos. A geografia
cultural não se limita à descrição, o que ela busca neste momento é a análise e reflexão dos
fenômenos da paisagem. Esta visão confirma parcialmente a de La Blache, enfatizando o
comportamento humano por meio da cultura como a maior expressão dos sistemas paisagísticos
(SAUER, 1998).
ESCOLA BRASILEIRA
E o estudo da paisagem cultural na escola brasileira teve outro grande autor: Deniz
Cosgrove, que deixou de lado a ótica morfológica, dando ênfase para a experiência e
significados contidos nela. Para Cosgrove, partindo da paisagem podemos entender a
sociedade, o homem sendo o agente construtor e modificador da mesma. A paisagem reflete as
ações da sociedade que está inserida nela, no entanto ambas estão em constante modificação
(COSGROVE apud CASTRO, 2005).
Entretanto, quando se estuda as paisagens naturais, temos como ponto de partida duas
direções teóricas. A primeira voltada para os aspectos biofísicos, com base epistemologia
enraizada na Geografia Alemã de Humboldt, enquanto a segunda é voltada para o sociocultural,
analisando que a paisagem construída está associada a uma visão fragmentada do objeto e de
seus componentes naturais. Essa essência influenciou a pesquisa em geografia francesa
representada principalmente por Bertrand. Na primeira perspectiva, utilizando a cobertura
vegetal como elemento indicador da paisagem, Aziz Ab’Saber (2003) buscou diferenciar as
paisagens brasileiras através da classificação fitogeográfica, morfoclimática, além da dinâmica
da natureza ao longo do tempo, juntamente com o clima, o solo, a geologia, as formas de relevo
e os principais padrões fisiológicos vegetais e peculiaridades de cada região no arranjo
dinâmico natural. Com isso, o autor vai tratar a paisagem como um mosaico paisagístico e
ecológico, com características próprias, possuindo áreas de transição e abrangência.
ENSINO DE GEOGRAFIA E PAISAGEM CONFORME A BASE NACIONAL COMUM
CURRICULAR (BNCC)
Compreender a paisagem como parte do espaço geográfico permite refletir sobre como
essas conexões ocorreram ao longo dos anos. Dessa forma, entender a paisagem em
transformação e entender essas relações que a sucederam, são relevantes, assim como a criação
de alternativas capazes de dialogar com conceitos tão presentes em nosso cotidiano, fornecendo
assim o mecanismo para os alunos entenderem como a paisagem ao seu redor é construída.
A Base Nacional Comum Curricular promove o uso da tecnologia em sala de aula com
o objetivo de orientar a criação de currículo e o desenvolvimento de competências e habilidades
nos alunos durante a sua formação na educação básica. A tecnologia tem um impacto
significativo na BNCC, a sua compreensão e utilização sendo cruciais para as competências
gerais da BNCC, especificamente no que diz respeito à cultura digital e à sua importância no
processo de ensino e aprendizagem. Essas competências estão elencadas nas competências de
números 4 e 5, e afirma que os alunos deverão ter capacidade na conclusão da Educação Básica:
Deste modo, os games podem desenvolver diferentes habilidades nos alunos, como:
aprendizagem experimental (você faz, você aprende); participação ativa em decisões que têm
consequências; a aprendizagem baseada em perguntas e respostas (qual é o resultado disso?):
exploração em jogos; autenticidade (quanto mais factual for o cenário de aprendizagem, mais
facilmente as pessoas transferem informações para a vida real): mundos virtuais; autoestima e
confiança (se você acredita que consegue, suas chances de sucesso aumentam): recompensas e
níveis nos jogos; e colaboração (aprendizagem em equipe) (MELO, 2021).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O smartphone faz parte da vida da maioria dos alunos e professores, apesar de ser
considerado algo que tirar a atenção, pode ser introduzido em aulas específicas como o
Datashow foi e como as aulas on-line estão sendo utilizadas atualmente. O smartphone também
pode representar a mudança que aconteceu e acontece na sociedade, assim como a paisagem e
a sua evolução, que deixou de ser algo apenas visual e passou a abranger os outros sentidos.
O smartphone pode ser utilizado pelos alunos para descrever as mudanças que
aconteceram nos seus bairros e como eles enxergam essas mudanças, como forma de
documentar tais acontecimentos. Apesar do preconceito, o smartphone pode servi como recurso
didático para as aulas de Geografia acerca do ensino do conceito de paisagem.
REFERÊNCIAS
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fundamental. Cad. Cedes, v.25. n. 66, p. 227-247, 2005.
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iniciais, na perspectiva do currículo de Teresina-PI. Grande Dourados, MS: Revista
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TROLL, Carl, “Die geographísche Landschaft und ihre Erforschung” – Studim Generale,
1950, traduzido por BRAGA, G.C. Espaço e Cultura, Nº 4, junho de 1997.
ABORDAGENS DA BACIA HIDROGRÁFICA ATRAVÉS DAS
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS NO ENSINO DE GEOGRAFIA
INTRODUÇÃO
O uso das tecnologias no ambiente escolar avançou de forma considerável nos últimos
anos. Isso foi possível devido às atrocidades causadas pela pandemia da COVID-19, que em
sua essência, o contágio se dava pelas interações pessoais de forma presencial. As tecnologias
educacionais durante muito tempo estiveram dispostas para serem usadas, mas isso por muitos
professores era algo que não deveria ser usado de forma integral, pois no ambiente virtual as
inúmeras possibilidades ainda eram desconhecidas e tratadas como tabu.
Dessa forma, Souza et al. (2022) aponta que o principal problema para o
desconhecimento das possibilidades dessas tecnologias no ambiente escolar, pode ser
conhecido pelo fato de os professores não terem um conhecimento necessário sobre as suas
múltiplas possibilidades de aplicação dessas ferramentas. Sendo assim, existem muitos motivos
para que esses profissionais não utilizem esses recursos, mas por outro lado, o universo virtual
e todas as suas potencialidades tecnológicas avançam, sobretudo nessa configuração de mundo
globalizado, onde o virtual está cada dia mais presente na vida das pessoas.
Baseado nesse quadro, é importante levar em consideração o que Nascimento (2012)
aponta ao uso das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem. O autor deixa claro que
trazer essas ferramentas para o meio educacional, não quer dizer a substituição do papel do
professor como agente mediador do conhecimento, bem como que todos os recursos disponíveis
devem ser usados de qualquer forma. É importante pensar nesse universo tecnológico como um
aliado que amplie as possibilidades no ensino, mas que seus usos devem ser a todo momento
analisados e avaliados dentro dos objetivos a serem alcançados.
Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar as ferramentas
tecnológicas educacionais que estão sendo utilizadas para a abordagem da Bacia Hidrográfica
na Geografia escolar ou que podem fornecer subsídios para tal. Pautando-se principalmente nos
autores que abordam o uso de softwares e aplicativos que tenham como foco aplicar essas
ferramentas em sala de aula para ampliar as possibilidades de ensino e melhorar a
aprendizagem.
Em relação aos objetivos específicos, o presente artigo se fundamentou em (A) analisar
as ferramentas tecnológicas educacionais utilizadas para a abordagem da Bacia Hidrográfica na
Geografia escolar. (B) Identificar as possibilidades de aplicação de softwares e aplicativos para
ampliar as possibilidades de ensino e melhorar o ensino e aprendizagem em Geografia. (C)
Explorar as práticas pedagógicas tradicionais no ensino de Geografia e investigar como as
tecnologias educacionais podem ser utilizadas para enriquecer essas práticas.
Assim, perceber as possibilidades dessa abordagem devem ser evidenciadas, pois
Morais (2011) ao fazer uma análise de como os professores de geografia aplicam suas práticas
pedagógicas dentro de sala de aula com os assuntos que envolvam os componentes físico-
naturais, em suas análises, identificou que as práticas pedagógicas tradicionais ainda se fazem
presentes, onde o livro didático é o principal instrumento de orientação, tanto para os alunos
quanto para o desenvolvimento das aulas.
Isso não implica dizer, que o livro didático não é um bom recurso a ser utilizado, mas
sim, a sua existência é uma das formas de fazer com que o processo de ensino e aprendizagem
seja o mais democrático possível. Desta forma, o foco é trazer para discussão possibilidades de
ampliar os processos de ensino e buscar ferramentas que possibilite ver a geografia escolar
dentro da realidade das tecnologias educacionais.
METODOLOGIA
A discussão em torno das bacias hidrográficas tem ocupado um lugar central nas últimas
discussões, tanto em relação às suas interações, quanto no ensino e suas influências no espaço.
Nesse contexto, não é surpreendente constatar que a maioria dos conceitos presentes na
literatura atual, que visam delimitar e definir essa área, caminham em direções paralelas.
Segundo Lima e Zakia (2000), as bacias hidrográficas são consideradas sistemas abertos, que
recebem energia por meio de fatores climáticos e a perdem por meio do deflúvio, podendo ser
descritas em termos de variáveis interdependentes que oscilam em torno de um padrão. Mesmo
diante de interferências antrópicas, essas bacias são capazes de manter um equilíbrio dinâmico.
As mudanças que ocorreram no ambiente escolar com a introdução das tecnologias
educacionais, são nítidas. Desta forma, Alfino (2019) comunga com a ideia de que essa
integração dentro do ensino de Geografia na educação básica, permitiu que barreiras antes
existentes começassem a ser vencidas com o uso dessas tecnologias. Baseado nesse
entendimento, entende-se que o uso dessas ferramentas no ensino de Geografia permite uma
ampliação da capacidade de ensinar e aprender, pois através desses processos a diversificação
do processo de aprendizagem ganha uma nova perspectiva, mas sem perder de vista os objetivos
dentro da ciência.
Além disso, alguns estudos têm como objetivo apresentar a melhor forma de como fazer
a abordagem das temáticas físicas da Geografia no ambiente escolar. Um deles, é apresentado
por Souza e Jordão (2015), onde estes apresentam as geotecnologias como instrumentos
fundamentais para essas propostas. Os autores, apontam que como essas ferramentas se fundam
no princípio de analisar a superfície terrestre, as temáticas podem ser mais valorizadas e melhor
compreendidas se partirem dessa dimensão para o processo de ensino e aprendizagem na
geografia escolar, pois através delas é possível perceber de forma mais clara os objetos
dispostos no território.
Sendo assim, as tecnologias educacionais no ensino de Geografia, permitem que a
capacidade de efetivação do pensamento espacial geográfico apontado por Cavalcanti (2019),
seja alcançada. Isso pode ser percebido, quando Ramos (2012) destaca que o uso de ferramentas
tecnológicas educacionais, são em sua ênfase ferramentas de apoio que possibilitam entender
vários assuntos. Tais ferramentas, são indispensáveis para suprir demandas, principalmente
visuais, onde é possível perceber o relevo, solos, hidrografia, funcionamento de fenômenos,
dentre outras possibilidades.
De forma geral, uma das ferramentas mais utilizadas para análise das Bacias
Hidrográficas, seja para avaliação de usos, impactos ambientais nela causados e
potencialidades, podem ser identificados através das SIGs (Sistemas de Informação
Geográfica), esse grupo de técnicas permitem que o observador possa fazer essa identificação,
principalmente através de produtos cartográficos (mapas, imagens de satélites, fotografias
aéreas) e através disso, trazer subsídios para a tomada de decisão, como explicita Bacani
(2015).
Desta forma, Aguiar (2014) deixa claro que as geotecnologias dentro do ensino permite
trazer, técnicas e ferramentas para potencializar o processo de ensino e aprendizagem, fazendo
com que temas como a Bacia Hidrográfica possa ser percebido de forma mais clara, inclusive
para a identificação da unidade territorial que está próxima da escola. Esses instrumentos,
possibilitam que quando o livro didático não tem informações locais a respeito dos fenômenos
geográficos dispostos próximos à escola, possam ser observados, analisados e entendidos como
algo importante dentro do processo educacional.
Uma das ferramentas que podem ser utilizadas para abordagem de várias questões, é
apontado por Aguiar (2014) onde ele destaca o uso do Google Earth como uma ferramenta que
garante a possibilidade de entender os elementos dispostos em qualquer parte do globo terrestre,
possibilitando atividades de localização das moradias dos estudantes, entendimento de
conceitos, distribuição dos elementos no espaço e etc. A partir dessa contribuição, percebe-se
que é possível trabalhar a Bacia Hidrográfica dentro lógica, no sentido de entender a sua
amplitude, processos que ocorrem nela e quais influências que esta gera na vida dos estudantes
e o que eles causam na mesma.
Ainda assim, Alfino (2019) utiliza o Google Earth como um instrumento de
entendimento do planeta terra e que corrobora para a compreensão e desenvolvimento das
habilidades espaciais. Nesse sistema, podem ser encontradas e percebidas, inúmeras
funcionalidades e elas quando atreladas ao ensino contribuem de forma significativa na
aprendizagem de assuntos muitas vezes considerados difíceis pelos estudantes. Os detalhes
visuais apresentados por esse programa, permite que possam ser visualizados e identificados
bacias hidrográficas e muitos processos nela desenvolvidos como uso e ocupação, amplitude,
rios principais entre outros fatores.
Diante dessa questão, ainda é possível levar em consideração o que Oliveira et al. (2018,
p. 2) destaca sobre o uso desse sistema na análise e identificação de processos e fenômenos
Nessa mesma perspectiva, Florenzano (2002) argumenta que o uso das imagens obtidas
pelo sensoriamento remoto são imprescindíveis para abordagem em sala de aula quanto ao
ensino de geografia, pois através delas é possível identificar as transformações na paisagem e
como os elementos distribuídos no espaço se comportam, sejam eles de ordem física ou das
ações do homem. Isso deixa claro que as geotecnologias, podem e devem ser tratadas como
uma metodologia importante dentro de sala de aula na abordagem da Bacia Hidrográfica, onde
através delas os estudantes podem conhecer melhor a forma que esse elemento se comporta no
espaço geográfico. Somado a isso, a bacia hidrográfica é seguramente um recorte que permite
fazer a sua utilização se direcionar às mais inúmeras possibilidades de abordagem. Isso pode
ser identificado quando Rodrigues e Adami (2010) ressaltam que esta unidade permite que
temas como tecnologia, inovação, sociedade, meio ambiente, entre outros, não só façam parte
de sua abordagem, mas também integrem e desvende todos os processos que nela (Bacia
Hidrográfica) são desenvolvidos.
Sendo assim, essa infinidade de possibilidades de intervenções no ensino da bacia
hidrográfica, abre espaço para incorporação de metodologias que fornecem interações de como
esses fenômenos interagem virtualmente. Nesse sentido, Morán (2015) traz uma discussão
sobre o uso de jogos digitais no processo de ensino e aprendizagem, afirmando que como esses
mecanismos estão sendo muito utilizados pelos estudantes para se divertir, usá-los como uma
estratégia garante que os mesmos participem mais ativamente do processo. Assim, Morán
(2015, p. 18) ressalta que
Os jogos e as aulas roteirizadas com a linguagem de jogos cada vez estão mais
presentes no cotidiano escolar. Para gerações acostumadas a jogar, a linguagem de
desafios, recompensas, de competição e cooperação é atraente e fácil de perceber. Os
jogos colaborativos e individuais, de competição e colaboração, e estratégia, com
etapas e habilidades bem definidas se tornam cada vez mais presentes nas diversas
áreas de conhecimento e níveis de ensino.
Apesar disso, ainda é necessário enfatizar que os desafios não acabam nesse único eixo
e a não disponibilidade dessas ferramentas, não permite que as escolas fiquem desarticuladas
da realidade social. Assim, Alfino (2019, p. 74) ressalta que
Outro grande desafio que as escolas atualmente enfrentam é o que Maio e Setzer (2011)
apontam que esses ambientes em sua maioria ainda apresentam dificuldade em compreender as
tecnologias como algo que permita se construir conhecimento. Isso, verdadeiramente traz
consequências para o ensino, pois, as tecnologias quando usadas em sala de aula de forma
correta, possibilita que segundo os autores, os professores superem práticas pedagógicas
tradicionais e assim, permitam criatividade, interações virtuais, novas perspectivas de ver o
mundo e os fenômenos, garantindo uma nova interpretação na construção do senso crítico.
Outro problema que pode ser sanado com o auxílio da tecnologia é a sua atualização
dos dados, segundo Stürmer (2011), os professores quando ficam apenas presos ao livro
didático, trabalham com informações muitas vezes desatualizadas. Tal prática, pode ser
superada com a utilização das ferramentas tecnológicas, pois é por meio delas que as
informações com dados mais precisos são disponibilizadas com mais agilidade, diferente de
materiais estáticos que são substituídos em tempos maiores, onde os dados apresentados não
condizem com a realidade.
Concomitante a isso, Aguiar (2014) declara que os professores de Geografia dentro de
sua prática pedagógica, necessitam ampliar suas intervenções, buscando metodologias que
tragam o estudante para dentro de sua prática, fazendo com que estes possam se sentir parte
importante do processo e construir um saber geográfico legítimo. Essas indicações, ressaltam,
incorporam e reafirmam a Geografia escolar como importante ferramenta na construção do
saber crítico e permitem que metodologias que usem as tecnologias digitais, possam fazer parte
desse processo, ampliando o campo de visão e favorecendo a uma aprendizagem significativa.
Baseado nessa perspectiva, Fitz (1999) reafirma que as tecnologias digitais são uma
realidade e seu uso dentro das escolas deve ser de fato incorporado. O autor, segue em seus
escritos na defesa do uso das SIGs (Sistema de Informações Geográficas) dentro do ambiente
educacional como uma forma de mostrar aos estudantes que a Geografia está em todas as partes
e essas ferramentas podem e devem ser utilizadas como forma de ampliar o campo de visão dos
estudantes na perspectiva de uma construção do conhecimento holístico, analisando por meio
dos resultados obtidos por estas ferramentas os resultados da relação sociedade e natureza.
Em conclusão, o uso das tecnologias educacionais no ensino de geografia revela-
se como um campo vasto. Embora os recursos digitais possam enriquecer a experiência de
aprendizagem, oferecendo acesso a informações atualizadas, ferramentas interativas e
possibilidades de exploração do mundo, é essencial que sejam incorporados de maneira
equilibrada e criteriosa em sala de aula. Os educadores devem estar atentos ao potencial de
distração e dependência excessiva dessas tecnologias, buscando encontrar o equilíbrio entre o
uso dos recursos digitais e as abordagens de ensino. É necessário promover uma reflexão
constante sobre a eficácia e relevância dessas ferramentas, garantindo que elas sejam utilizadas
como suporte e complemento ao ensino, sem substituir a interação humana e o papel
fundamental do professor.
CONCLUSÕES
Através das análises realizadas, uma série de fatores podem ser considerados quando se
trata sobre o uso das Tecnologias Educacionais na abordagem da Bacia Hidrográfica na
Geografia da Educação Básica. Dentre elas, podemos destacar três pontos principais que são: ¹
A vasta gama de possibilidades e programas que podem ser utilizados como ferramentas para
melhorar as práticas docentes no assunto em questão. ² O planejamento docente deve ser um
dos fatores primordiais a serem estabelecidos para alcançar os objetivos com o uso dessas
ferramentas e ³ As entidades políticas e as instituições de ensino devem avançar no sentido de
perceber que as tecnologias devem fazer parte do cotidiano escolar como facilitador do processo
de ensino e aprendizagem.
Dentro do primeiro ponto, fica claro que abordar a temática de Bacia Hidrográfica com
auxílio das tecnologias educacionais, possibilita que os estudantes possam não só perceber essas
estruturas em seus aspectos físicos e seus usos, mas identificar como estas fazem parte de seu
cotidiano. Através do uso das imagens de satélite, podem ser verificadas como essas bacias se
estruturam, os seus formatos, as distribuições vegetacionais dentro dessa unidade, os principais
rios e etc. Ou seja, trabalhar os conceitos e temas que envolvem esse assunto, permite que as
carências apresentadas pelo livro didático que muitas em sua maioria não conseguem dar conta
de trabalhar o cotidiano dos estudantes por ser um material global, as tecnologias suprem essas
necessidades quando utilizadas de forma estratégicas.
O segundo ponto, ressalta a importância e a necessidade de os professores buscarem
estabelecer quais os objetivos devem ser alcançados com o uso dessas tecnologias. Assim,
dentro do planejamento docente, as metas devem estar contidas em identificar as principais
carências que os materiais base apresentam e como o uso das tecnologias educacionais podem
ser utilizadas para atenuar essas dificuldades. Desta forma, com um planejamento bem
estruturado e baseado em práticas que possam conduzir as aulas de forma estratégicas, o uso e
aplicação em sala de aulas desses mecanismos atenderão aos objetivos a serem alcançados.
Além disso, permitirão aos estudantes perceberem como a Geografia é importante em suas vidas
e como as tecnologias se inserem dentro desse componente curricular.
Dentro do terceiro ponto, é importante perceber que entraves políticos e institucionais
ainda são uma realidade no cotidiano escolar quando se trata sobre o uso de tecnologias em sala
de aula. Dentro da questão política, a falta de investimentos nas estruturas das escolas seja na
adoção de equipamentos de mídia, informática ou na infraestrutura, comprometem de forma
negativa que essas aulas venham a ocorrer, pois fica impossível de se preparar aulas para serem
ministradas, quando a escola não dispõe de equipamentos básicos como data show,
computadores, sala de informática entre outros. No viés institucional, algumas escolas ainda
enfrentam dificuldades em perceber o quão necessário é atrelar uso dessas ferramentas
educacionais na prática docente, pois as mesmas, entendem que as tecnologias sob o domínio
dos estudantes servirão apenas para diversão, o que na realidade e em uma prática bem
estruturada e sob os cuidados necessários não se configura como verdade absoluta.
Em síntese, as tecnologias educacionais no ensino de geografia revelam-se de suma
importância, apesar dos desafios institucionais e políticos que possam ser enfrentados. Esses
recursos representam uma ferramenta valiosa para promover a aprendizagem significativa e
despertar o interesse dos alunos pela complexidade das bacias hidrográficas. Embora obstáculos
como a infraestrutura adequada e a capacitação docente precisem ser superados, é crucial
reconhecer que a utilização dessas tecnologias pode e deve ser incorporada em sala de aula. Ao
fazê-lo, um amplo leque de possibilidades é aberto, permitindo que os estudantes explorem as
bacias hidrográficas de maneiras inovadoras e interativas.
A superação desses desafios requer uma abordagem colaborativa entre as instituições
educacionais, os formuladores de políticas e os professores, visando garantir que as tecnologias
educacionais sejam acessíveis a todos os alunos e que seu uso seja fundamentado em sólidos
princípios pedagógicos. Ao abraçar essas possibilidades e superar as barreiras existentes,
capacitaremos os estudantes a se tornarem cidadãos mais críticos, participativos e fundada em
preceitos científicos a fim de enfrentar os desafios existentes no século XXI.
REFERÊNCIAS
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conceitos e abordagens. Anuário de Pesquisa GVPesquisa, 2016.
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2023.
INTRODUÇÃO
A restruturação da sociedade provocada pela Pandemia da COVID-19 fez com que
professores, equipe escolar, estudantes e a comunidade escolar buscassem meios para superar
os problemas educacionais e emocionais intensificados no período pandêmico. Nesse sentido,
pode-se destacar as dificuldades de aprendizagem, concentração nas aulas, socialização,
assimilação dos conteúdos geográficos, readaptação à rotina escolar e ao horário integral. Esses
déficits de aprendizagem são agravados nos casos que envolvem os problemas emocionais que
se intensificaram entre os jovens, podemos citar as constantes crises ansiedade, de choro, falta
de ar, dor de cabeça, além da desmotivação e resistência em permanecer no espaço escolar.
Nessa perspectiva, tendo como base que a Geografia é uma das ciências que mais se
utiliza da Cartografia, busca-se sair das metodologias tradicionais de ensino e aprendizagem,
utilizando-se da linguagem cartográfica para compreensão das transformações
socioeconômicas e ambientais presentes no espaço geográfico.
METODOLOGIA
Para a realização do artigo foi utilizado o método dialético com base na realidade
constituída socialmente pelos alunos, professores, Residentes e Preceptor de Geografia e
comunidade escolar. Considera-se que os mesmos são agentes modificadores/transformadores
do ambiente escolar. O presente trabalho é fruto de uma pesquisa bibliográfica em livros,
revistas, entre outros, sobre a Cartografia e o conceito de espaço geográfico.
Fazendo um breve recorte histórico e geográfico do surgimento dos mapas, temos que
reportar a origem da humanidade, uma vez que, o mapa é a mais das mais antigas formas de
comunicação gráfica, sendo mais antiga do que a própria arte de escrever. Registros históricos
mostram que os egípcios, os chineses e os babilônicos foram os primeiros mapeadores. Nesse
contexto, os primeiros ensaios cartográficos surgem nos primeiros séculos da Era Cristã, assim
como destaca Porto (2004, p. 16-17):
A Cartografia teve seu grande impulso com a obra dos gregos Tiro e Cláudio Ptolomeu
nos dois primeiros séculos da Era Cristã, respectivamente. Outro avanço aconteceria
somente quatorze séculos depois com a projeção de Mercator. Pouco foi feito na Idade
Média a respeito da Cartografia, período marcado por grande regressão da ciência, em
prol da religião.
Todos os trabalhos cartográficos no Brasil foram feitos pelo exército, até 1936,
quando foi criado o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que
executou o grande projeto, através do Conselho Nacional de Geografia, para
construção da Carta do Brasil ao Milionésimo. Esse conjunto de 46 folhas foi
construído em convênio com a Diretoria de Rotas Aéreas, atual Diretoria de Eletrônica
e Proteção ao Voo do Comando da Aeronáutica [...].
Entre outros fatores, a Regionalização do Brasil proposta pelo IBGE tinha como
finalidade facilitar a realização do Censo demográfico, a realização de estudos estatísticos sobre
os aspectos econômicos, sociais, entre outros. Outro objetivo da regionalização do território
brasileiro é realizar os planejamentos governamentais regionais e as políticas públicas de
crescimento econômico do país.
Contudo, a modernização da Cartografia ocorreu somente na segunda metade do século
XVIII com o surgimento da Revolução Industrial, mas especificamente na terceira fase, mais
conhecida como Revolução Técnico-científica-informacional. Nesse período, até os dias atuais,
temos observado grandes avanços tecnológicos, a exemplo da robótica, na ciência com a
descoberta de várias doenças e sua cura, e também na informática com o advento da internet e
melhoria dos meios de comunicação, em geral.
Nesse período, a antiga Cartografia que produzia mapas com excelente apresentação
artística, contudo, com informações pouco precisas, passou por uma grande evolução tanto em
quantidade como em qualidade de informações. Com as novas tecnologias, o advento da
globalização, a construção de mapas em diversas escalas, as técnicas modernas de
fotogrametria, o sensoriamento remoto, os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) a
disseminação da informática, a rede mundial de computadores, possibilitaram a Cartografia
uma produção final de qualidade técnica e versatilidade incomparável. Nesse sentido, Martinelli
(2001, p. 14) destaca:
Atualmente a ciência geográfica conta com uma série de novas tecnologias para
análise das dinâmicas do espaço, os quais podem ser exemplificados principalmente
pelas geotecnologias. A utilização crescente de ferramentas como geoprocessamento,
dados de sensoriamento remoto, Sistemas de Informação Geográfica (SIG), Sistemas
de Posicionamento Global (GPS) dentre outros denotam a consolidação do emprego
das geotecnologias na análise do espaço.
No ensino da Cartografia escolar o professor pode explorar essas novas tecnologias para
tornar o estudo da Cartografia mais atraente e aproximar seus alunos das novas ferramentas de
ensino e aprendizagem. Na compreensão do lugar de vivência do aluno uma ferramenta que
pode atuar de forma bastante significativa e que está associada às novas geotecnologias
aplicadas à Cartografia são as fotografias aéreas ou aerofotogrametria, para Cazetta (2007,
[s.d.]):
As fotos aéreas verticais vão aguçar as experiências espaciais e visuais cotidianas das
crianças acerca do lugar onde vivem. Pelo fato destas fotos guardarem forte
verossimilhança com o território percorrido diariamente pelos alunos, eles passam a
movimentar seus corpos naquela paisagem chapada. Ao cruzarem cada rua e avenida,
sentem cheiros, têm sensações e descobrem lugares que, para surpresa deles, estão
ausentes naquela foto. A potencialidade dessa linguagem reside justamente nisso, isto
é, a solicitação pelas fotos dos saberes corporais acerca do lugar onde se vive. Tais
saberes serão misturados a outros saberes, provenientes de distintos universos
culturais. Nesse sentido, as fotos ou informações em imagens sobre esse dado lugar,
irão “colonizar” as pessoas de modo mais inteiro e detalhado e, ao mesmo tempo,
possibilitar a crítica de fato.
Outra ferramenta bem utilizada na Cartografia e nas aulas de Geografia, por sua
praticidade e por sua ampla utilização é o Google Maps e o Google Earth, essas ferramentas
permitem a exploração de vários conteúdos geográficos, de acordo com Silva e Chaves (2011,
p. 01): “A utilização das ferramentas como o Google Maps e Google Earth podem despertar
interesse dos alunos para diversos assuntos da Geografia, por exemplo, a hidrografia, geografia
urbana, geomorfologia, climatologia, ecologia, geologia, entre outros”.
[...] as informações do espaço geográfico podem ser analisadas, pois a partir dos
conhecimentos cartográficos consegue-se compreender diversos conteúdos
concernentes à Geografia, principalmente no tocante aos seus diferentes conceitos-
chave (espaço, território, região, lugar e paisagem); como também se entende a
espacialidade das práticas desenvolvidas pela sociedade no espaço habitado, seja ela
de forma direta ou indireta.
A compreensão da cartografia exige recursos técnicos que estão para além da área de
Ciências Humanas, com destaque para o papel da Matemática, por meio da noção de
proporcionalidade, medida e estatística, entre outros conhecimentos que auxiliam na
interpretação da realidade (BRASIL, 2014, p. 40).
[...] o mapa se tornou uma ferramenta com uso limitado nas aulas, tanto de Geografia,
quanto de Cartografia. Por um lado, os professores restringem seu uso, apenas de
maneira essencialmente subjetiva em correlacionar as informações contidas com a
realidade vivida e sem respeitar o desenvolvimento cognitivo dos alunos, por outro
lado os alunos não tinham a verdadeira noção sobre a aplicabilidade que o uso dos
mapas poderia ter em suas vidas.
Como argumenta Silva (2013) em muitos casos o professor não explora as capacidades
cognitivas do aluno e nesse caso a utilização do mapa se torna uma ferramenta sem contribuição
para o ensino e aprendizagem. Nesse contexto, se faz necessário que o professor utilize a
Cartografia como uma ferramenta de aprimoramento do raciocínio e explore as reflexões
espaciais fundamentais para a formação cidadã. Nesse contexto, Brasil (2014, p. 40)
argumenta:
A apropriação da linguagem cartográfica, muitas vezes menosprezada nos currículos
escolares, permite o aprimoramento do raciocínio e provoca reflexões espaciais
fundamentais para a formação cidadã. No entanto, a aquisição dessa linguagem exige
o domínio de alguns conceitos, instrumentos e processos destinados a mediar a
capacidade de operar com dados das realidades, produzindo significados e relações
imprescindíveis para compreender e intervir nos diferentes contextos.
Nesse contexto, uma foi trabalhando nas turmas a orientação no espaço Geográfico
como um elemento presente na vida dos seres humanos desde os primórdios, seja para procurar
abrigo e alimentação, seja para mapear estratégias de combate na guerra. Orientação é um termo
que significa procurar o oriente, nesse sentido, a proposta de atividade teve como finalidade
desenvolver a capacidade dos alunos em se localizar geograficamente no espaço Geográfico.
Na sala de aula foi desenvolvida uma atividade utilizando a Rosa dos Ventos com seus
pontos Cardeais, Colaterais e Subcolaterais, e questões envolvendo a capacidade de estabelecer
um ponto de referência para localização geográfica. Ao nos posicionarmos com os braços
abertos, e o braço direito direcionado para o Oriente, ou seja, sentido Sol nascente, estaremos
automaticamente de frente para o Norte. Considerando o globo terrestre sendo um geoide, o
sentido Norte coincide com o eixo central na Região Polar Ártica, que é denominada Norte
Verdadeiro. Na Figura 01 podemos observar o desenvolvimento da atividade.
Figura 01: Atividade utilizando a Rosa dos Ventos desenvolvida na turma do 1º Ano B.
Atualmente existem aparelhos mais eficientes, orientados por sinais de radar ou satélites.
Podendo ser observado informações de qualquer ponto do planeta, entre eles podemos destacar
o GPS (Global Positioning System) primeiramente de uso militar e posteriormente de uso civil,
causou uma verdadeira revolução na Cartografia bem como no ensino de Geografia.
Figura 02: Aula de Geografia desenvolvida com a utilização do Canva na turma do 2º Ano A do Ensino Médio.
Outra ferramenta de ensino utilizada nas aulas foi o aplicativo Wikiloc, é uma
ferramenta pensada para criar rotas e trilhas GPS e explorar o espaço geográfico em seu entorno.
Nessa atividade foi proposto uma aula prática nas proximidades da escola, utilizando a
orientação no espaço geográfico, coordenadas geográficas e realizando uma análise dos
aspectos, socioeconômicos e ambientais do entorno da escola. Na Figura 03 podemos observar
a aula de campo realizada no entorno da escola com os estudantes.
Figura 03: Aula de campo no entorno da escola com a utilização do aplicativo Wikiloc
Uma das ações mais importantes foi a realização de uma oficina de produção de mapas
com as turmas do turmas do 1º e 2º Anos e contou com a participação interdisciplinar de
professor de Matemática, que pode contribuir de forma efetiva com explicações sobre Escala
gráfica e numérica presente nos mapas, sobre as coordenadas geográficas, destacando as linhas
horizontais e verticais e ainda foi explorado os símbolos presentes nos mapas e sua importância
na Cartografia e na leitura do espaço geográfico para o ensino e aprendizagem da Geografia.
Para realização da oficina de mapas foi escolhido matérias como cartolina, folha de cores
florescentes diversas, cola branca, tesoura, régua, lápis de pintura, papel manteiga, material
impresso. A primeira etapa consiste na seleção dos mapas, no qual foi escolhido trabalhar com
a Regionalização do Estado da Paraíba em Regiões Intermediárias e Imediatas do IBGE (2017).
Na etapa seguinte é utilizado o papel manteiga para sobrepor o mapa impresso e é feito o molde
para recortar cada área do mapa pertencente a uma Região Imediata. Posteriormente é
selecionada as cores e colocadas na legenda do mapa para representar cada Região Imediata
(Figura 04).
Figura 04: Oficina de produção de Mapas nas turmas do 1º e 2º Anos da EECI Álvaro Gaudêncio.
Após a conclusão dos mapas cada equipe ficou responsável por buscar informação por
meio de pesquisa na internet sobre os aspectos socioeconômicas e ambientais das Regiões
Intermediárias e Imediatas selecionada para a equipe e foi solicitado a produção de um roteiro
de apresentação no formato de Seminário. No momento das apresentações toda a turma poderia
participar do debate e discussão em sala de aula. Esse momento também foi ressaltado os
principais elementos presentes nos mapas e sua importância cartográfica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um dos grandes desafios do professor atualmente é fazer da sua sala de aula um
ambiente de aprendizagem e discussão dos conteúdos curriculares em consonância os desejos
e anseios dos jovens estudantes do Ensino Fundamental e Médio, de forma a que o conteúdo
ensinado seja também compartilhado pelos próprios estudantes.
A principal finalidade da educação escolar, assim como do ensino de Geografia é a
construção de cidadãos críticos e conscientes de seu papel na sociedade, neste sentido, os
conteúdos trabalhados em sala de aula devem manter relação com o espaço vivenciado pelos
educandos na sociedade. Portanto, a Cartografia escolar, através da análise de mapas, atividades
de campo realizadas no bairro, na rua, pode aproximar os estudantes de seus espaços de
vivência, possibilitando a análise crítica do espeço geográfico e suas relações socioeconômicas,
culturais e ambientais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, Ana Paula Amorim da, CHAVES, Joselisa Maria. Utilização do Google Maps e
Google Earth no ensino médio: estudo de caso no Colégio Estadual da Polícia Militar-
Diva Portela em Feira de Santana-BA. Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento
Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE, 2011.
Durante o primeiro bimestre de 2023, uma sequência didática foi aplicada para a coleta
de dados em duas turmas de 1º ano do ensino médio da Escola Frei Caneca. A turma A é
composta por 15 estudantes e a turma B por 13 estudantes, todos na faixa etária de 14 a 17 anos
de idade. Para desenvolver a sequência didática, foi utilizado as seguintes habilidades da BNCC
(Base Nacional Comum Curricular):
Espaço Para Milton Santos (1987), uma relação indissociável entre ações e objetos é
geográfico formada pelo conjunto de ações e objetos dispostos pela ação humana no
meio.
Região Região é uma categoria que pode ser compreendida como uma divisão ou
delimitação do espaço geográfico realizada a partir de um critério
previamente estabelecido
Na segunda etapa, foi apresentado ao corpo discente as metodologias que seriam usadas:
Google Earth (imagem 1) e Trello (imagem 2) e como usá-los para os fins da pesquisa. O
Google Earth é um software desenvolvido pela empresa Google, que permite visualizar imagens
de satélite em 3D e obter informações geográficas sobre diferentes regiões do planeta. Ele pode
ser acessado gratuitamente pela internet, ou instalado em computadores e dispositivos móveis.
O Trello é uma ferramenta de gestão de projetos online que permite criar murais virtuais para
organizar tarefas, projetos e informações. É possível adicionar listas de verificação, anexar
arquivos e comentar em cada cartão para manter toda a equipe atualizada sobre o andamento
do projeto.
Iniciando assim, de forma mais efetiva o uso das metodologias ativas. Pois para Tuan
(2012), a aprendizagem de maneira ativa tem algumas características, como a aprendizagem
colaborativa, ou seja, os alunos trabalham em grupo; atividades que vão de simples para mais
complexas, exigindo aos poucos mais funções cognitivas; instruções diretas dos professores; e
aprendizagem individual, que o aluno formará para si.
Figura 1
Imagem 2
O Google Earth e o mural Trello foram ferramentas importantes utilizadas pelos grupos
para realizar a pesquisa do local escolhido. Enquanto o Google Earth permitiu que eles
explorassem a paisagem e encontrassem imagens relevantes, o mural Trello foi utilizado para
organizar as informações coletadas e responder a perguntas-chave sobre a área escolhida. As
perguntas incluíam a área escolhida, como o nome da rua e bairro, o motivo da escolha deste
local em particular, a descrição da paisagem e o compartilhamento das imagens mais marcantes
que foram encontradas.
Na terceira e última etapa, foi realizada a socialização da atividade, onde o corpo
discente apresentou a atividade proposta na segunda etapa (figura 3 e 4), trazendo para a
discussão em sala os conceitos trabalhados e os lugares - com significados - que os grupos
trouxeram. Também foi aplicado um formulário, para o levantamento de dados, o qual será aqui
discutido.
Imagem 3
Imagem 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da aplicação das metodologias ativas, foi possível verificar que houve uma
maior participação e autonomia dos estudantes em relação ao seu processo de aprendizagem. O
uso do Google Earth e Trello como ferramentas de apoio também contribuiu significativamente
para a compreensão do conteúdo, conforme apontado pela maioria dos alunos que participaram
da atividade
Foi observado também que a utilização de tecnologias como essa pode tornar o processo
de ensino mais atraente e motivador, estimulando o engajamento e a participação ativa dos
alunos.
A partir dos dados apresentados, é possível afirmar que o uso de metodologias ativas e
tecnologias pode ser uma forma eficiente de abordar os conceitos geográficos de lugar e
paisagem no ensino médio para os discentes da rede estadual de Pernambuco. A alta
porcentagem de alunos que se sentiram protagonistas do estudo e a grande maioria que afirmou
que o uso do Google Earth auxiliou na compreensão do conteúdo são indícios de que uma
abordagem mais interativa e tecnológica pode ser mais efetiva no ensino desses conceitos. Além
disso, a vontade da grande maioria dos estudantes de continuar estudando usando diferentes
tecnologias reforça a importância de se adotar uma abordagem mais personalizada no processo
de ensino, de forma a atender as necessidades individuais de cada aluno.
Os resultados obtidos nesta pesquisa mostram que as metodologias ativas proporcionam
uma educação mais participativa e significativa. Espera-se que os dados aqui apresentados
possam contribuir para o desenvolvimento de estratégias de ensino cada vez mais efetivas,
capazes de promover uma aprendizagem mais significativa e autônoma por parte dos alunos.
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1987.
PUNTEL, Geovane Aparecida. A paisagem no ensino da Geografia. Ágora, Santa Cruz do Sul,
v. 13, n. 1, p. 283-298, jan./jun. 2007.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho apresenta a proposta EDUTAN, que significa "Educação Tangível"
aplicada ao ensino da Geografia em escolas públicas. A qual o objetivo central é fundamentar
uma nova abordagem para a apresentação dos conteúdos geográficos dentro da sala de aula. O
desenvolvimento de um kit didático foi cuidadosamente pensado para o ensino das disciplinas
científicas que estudam a Terra, incluindo atmosferas, rochas, placas tectônicas, oceanos e
outras composições planetárias, ampliando suas possibilidades de aplicação para diversas áreas
do conhecimento.
Neste contexto, busca-se compreender como a geografia é abordada nas salas de aula e,
a partir dessa compreensão, aprimorar o processo de ensino. Será elaborado um resumo
histórico da Geografia escolar, desde seus primórdios até a atualidade, contemplando suas bases
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
e outros documentos afins. Adicionalmente, para assegurar uma abordagem inclusiva, será
aplicado um formulário com o intuito de elucidar como estudantes, incluindo ex-alunos, de
escolas públicas vivenciaram seu aprendizado na disciplina de Geografia. A análise dessas
vivências proporcionará subsídios para o desenvolvimento de cada objeto que compõe o kit
didático EDUTAN. Esse kit foi desenvolvido por meio de softwares de modelagem 3D e
impresso em uma impressora 3D pela própria autora deste trabalho, possibilitando a criação
dos protótipos.
Através da impressão 3D, os estudantes podem visualizar seus objetos de estudo de
forma tridimensional, tornando o processo de aprendizagem concreto, estimulando a
experimentação e potencializando o pensamento crítico e a resolução de problemas. Para
estudantes com distintas condições visuais, o kit didático em impressão 3D proporciona uma
abordagem inclusiva e personalizada, atendendo às diferentes necessidades dos estudantes com
deficiência visual. Isso oferece a eles a oportunidade de explorar os conteúdos de forma mais
efetiva, permitindo a integração de tecnologia no currículo escolar e preparando os estudantes
para os desafios futuros
A tecnologia de impressão 3D é fundamental nesse contexto, pois se trata de um método
de fabricação aditiva em que uma máquina CNC deposita camada à camada de um polímero
fundido, formando objetos tridimensionais físicos. Essa abordagem permite a criação de
estruturas complexas de forma rápida, relativamente barata e com a fiel replicabilidade dos
protótipos, possibilitando assim a uniformização da fabricação dos kits educacionais e sua
consequente reprodução, bastando apenas ter uma cópia do arquivo digital e uma impressora
com filamento para a deposição das camadas.
A utilização dessa tecnologia na fabricação do protótipo do kit didático viabiliza a
produção em escala de forma confiável, o que não seria possível por outros métodos de
fabricação sem elevar os custos e comprometer a replicabilidade das peças. A popularização e
o barateamento de custos da impressão 3D desde a sua quebra de patentes permitiram sua
aplicação em diversas áreas, incluindo medicina e engenharia, e neste estudo, no
desenvolvimento de novas formas de ensino.
Através do uso da tecnologia de impressão 3D e da abordagem EDUTAN, espera-se que
o ensino da Geografia se torne mais acessível, inclusivo e eficiente, proporcionando uma
experiência de aprendizagem tangível e enriquecedora para os alunos. Pois se acredita que essa
metodologia inovadora poderá contribuir para uma formação mais completa e significativa dos
estudantes, preparando-os para enfrentar os desafios educacionais e profissionais do futuro.
METOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Geografia escolar no Brasil tem passado por transformações significativas desde o
seu surgimento no contexto educacional do país. O artigo intitulado “A Geografia escolar
brasileira: uma proposta de periodização a partir de diferentes concepções didáticas” explora
essa jornada, destacando sua origem formal no Colégio Pedro II, no século XIX, em 1938, e
seu subsequente estabelecimento como disciplina curricular em outras instituições de ensino da
época.
Como o artigo destaca a falta de material didático apropriado, o que levou os próprios
professores a desenvolverem seus recursos pedagógicos. Isso é exemplificado pelo caso do
primeiro livro de Geografia no Brasil, “Corografia Brasílica ou Relação Histórico-Geográfica
do Reino do Brasil”, criado por Manuel Aires de Casal. Seu principal objetivo era caracterizar
o território nacional, A utilização desse livro nos primórdios do ensino geográfico escolar ilustra
a abordagem tecnicista e descritiva que predominou no ensino da Geografia.
Essa abordagem ainda é presente atualmente, conforme evidenciado pelo questionário
elaborado pela autora e respondido por 104 participantes, com idades entre 10 e 50 anos. Todos
os participantes são alunos ou ex-alunos de escolas públicas, e o questionário foi administrado
com o auxílio da plataforma digital Google Forms.
A falta de ferramentas cartográficas eficazes no ensino da cartografia, juntamente com
a ausência de materiais didáticos adequados, resulta em um baixo nível de conhecimento dos
alunos, como mostrado na figura 1. Isso se reflete diretamente no manuseio de mapas e
ferramentas de geolocalização, levando a uma interpretação deficiente dos fenômenos
geográficos e à falta de uso no dia a dia. Conforme o gráfico na imagem 1: 27% dos estudantes
nunca aprenderam cartografia e não conseguem ler mapas; 33% aprenderam a leitura de mapas,
mas nunca a utilizaram no cotidiano; 26,9% aprenderam ambos.
Figura 1: O aprendizado cartográfico
A figura 2 abaixo ilustra como a maioria dos estudantes adquire conhecimentos básicos
sobre o continente geográfico em que vivem. No entanto, quase 20% não têm conhecimento de
sua localização ou sabem apenas o nome do continente, enquanto outros não sabem
absolutamente nada. Isso destaca a carência de compreensão geográfica em uma parcela
significativa dos estudantes.
Nas imagens 3 e 4 abaixo, e questionado aos estudantes se relevo exerce uma influência
significativa sobre fatores geográficos como o clima, e aproximadamente 40% dos participantes
da pesquisa não possuam conhecimento sobre esses aspectos essenciais, pois a Hidrografia
local, a vegetação e pode amplificar os riscos naturais associados à ocupação humana do
território. Como destacou Santos (2008), “O relevo, juntamente com a geografia, o clima e os
recursos naturais, faz parte das condições naturais que precisam ser compreendidas para atender
às necessidades humanas e, frequentemente, transformadas.” tais aspectos indicam uma
urgência na melhoria do ensino.
Figura 3: O relevo e sua formação
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Os Recursos didáticos táteis são materiais e ferramentas utilizadas na educação para
proporcionar uma experiência de aprendizagem tátil. Eles são projetados para auxiliar pessoas
que tenham comprometimento na acuidade visual na aquisição do conhecimento de maneira
prática e sensorial, permitindo que explorem conceitos por meio do sentido do tato. Para
Brendler et al (2014) os recursos didáticos táteis desempenham papéis essenciais para facilitar
o processo de aprendizagem de pessoas com deficiência visual, tornando o conhecimento mais
acessível e promovendo a inclusão.
À vista disso, e por se tratar de uma ciência que demanda da percepção visual para
compreender o espaço geográfico, é imprescindível a adaptação dos recursos cartográficos para
oportunizar que os alunos com deficiência visual ampliem o uso de seus outros sentidos na
aquisição do conhecimento e no desenvolvimento de processos cognitivos. Com esse intuito, a
cartografia tátil, por intermédio dos mapas em relevo, globo terrestre tátil e maquetes,
juntamente com a escrita em braille, pode contribuir com a exploração, compreensão e
aquisição do conhecimento no que diz respeito a topografia, características geográficas, bem
como a representação tridimensional dos espaços representados. Além disso, com o braille, as
informações garantem a transcrição do conteúdo abordado pelo professor.
Por esse motivo, este trabalho objetiva apresentar o estado da arte no que diz
respeito as produções científicas brasileiras quanto ao uso dos recursos didáticos táteis no
ensino de geografia através da cartografia tátil para alunos com deficiência visual, por meio do
levantamento bibliográfico no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES).
METODOLOGIA
A abordagem metodológica do presente estudo compreende a realização de um
levantamento bibliográfico do estado da arte com ênfase descritiva das publicações científicas
encontradas no repositório do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) quanto ao uso dos recursos didáticos táteis e o ensino da
Geografia. A opção de escolha por esse periódico se justifica pelo fato desse portal ser
referência no que tange a popularização e a equidade na divulgação e propagação de pesquisas
desenvolvidas no ambiente acadêmico, contemplando diferentes áreas do conhecimento.
Posto isso, a busca feita com a palavra-chave “Cartografia tátil” resultou em onze
artigos, quantitativo considerado subalterno por se tratar de uma temática que vem sendo
debatida por autores renomados no que diz respeito ao ensino de geografia. Já para os
descritores “Linguagem cartográfica tátil”, “Cartografia inclusiva” e “Recursos didáticos
táteis” com pesquisa avançada e palavra-chave complementar “Ensino de geografia”, obtendo
o total de um artigo para cada descritor, totalizando 14 produções, que de posse dessas,
depreenderam-se as leituras para a construção deste artigo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Embora os estudos sobre a cartografia tátil no Brasil tenham sido iniciados no ano
de 1993 na Universidade de São Paulo (USP) com a pesquisa de doutoramento da professora
Regina de Araújo Almeida Vasconcellos (1993), conseguimos identificar que o primeiro artigo
disponível no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) sobre o uso da cartografia tátil para o ensino de alunos cegos data o ano de
2010, representando uma revisão bibliográfica sobre a cartografia tátil como um recurso
pedagógico que contribui com o ensino-aprendizagem de Geografia.
Para que isso aconteça, autoras como Loch (2008), Carmo (2009), Nascimento
(2009), Ventorini (2012), Arruda (2014), Marques (2019) e entre outras, compreendem que a
cartografia tátil é um recurso didático tátil que objetiva auxiliar o processo de aprendizagem,
exercício do pensamento espacial e construção do raciocínio geográfico, bem como,
desenvolver habilidades de analisar as representações e associá-las ao seu cotidiano. Logo, para
Cerqueira e Ferreira (1996) os recursos didáticos táteis:
São todos os recursos físicos, utilizados com maior ou menor frequência em todas as
disciplinas, áreas de estudo ou atividades, sejam quais forem as técnicas ou métodos
empregados, visando auxiliar o educando a realizar sua aprendizagem mais
eficientemente, constituindo-se num meio para facilitar, incentivar ou possibilitar o
processo ensino-aprendizagem (CERQUEIRA; FERREIRA, 1996, p. 15).
Diante disso, foi possível discernir que o uso dos recursos didáticos táteis pode
viabilizar não só a inclusão de alunos cegos, mas também, pode potencializar o processo de
aprendizagem de todos os alunos, haja visto que o material concreto atenderá as expectativas
de todos os usuários. Como resultado disso, o Quadro 1 apresenta os artigos disponíveis no
Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) a partir dos elementos de análise selecionados: Autor, ano da publicação, título da
obra e natureza do trabalho.
Quadro 1 - Produções científicas sobre o uso dos recursos didáticos táteis no ensino de geografia através da
cartografia tátil.
Autor (ano) Título da obra Natureza do trabalho
Nas contribuições de Oliveira, Júnior e Lahm (2010) é possível identificar que, do ponto
de vista epistemológico, vivemos em um mundo cada vez mais homogêneo e plano, onde não
há espaço para as diferenças altimétricas e as complexidades percebidas através dos outros
sentidos que não seja o da visão, então inicialmente os autores apontam a dificuldade da
inclusão dos deficientes visuais em situações do cotidiano, e para isso, propõem que através da
pesquisa, da adaptação de recursos didáticos e do ensino, o aluno seja incluso na construção do
conhecimento.
Além disso, os autores promovem uma reflexão sobre as práticas que possibilitam a
inclusão de maneira fragmentada, haja visto que os alunos cegos devem participar da produção
dos recursos táteis, e não somente serem decodificadores das informações representadas.
Assim, além de apontar essa fragilidade no processo de ensino, os autores indicam a carência
na formação dos profissionais que irão promover a mediação desse ensino. Desse modo,
juntamente com os colaboradores do Laboratório de Tratamento de Imagens e
Geoprocessamento (LTIG) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
os autores começaram a desenvolver a confecção de mapas táteis de maneira cooperativa,
incluindo alunos cego e não-cegos, para os autores, a cartografia tátil ainda é pouco abordada
nas instituições de ensino, mas que a continuidade do projeto desenvolvido no laboratório
oportunizará diálogos, produções colaborativas e a disseminação das práticas realizadas.
Do mesmo modo, Gramasco e Freitas (2015); Giehl e Campos (2016); Ventori e Freitas
(2020) evidenciam as potencialidades das tecnologias na produção dos recursos cartográficos
táteis, desde a preparação das matrizes de mapas táteis básicos, até a diversidades de materiais
impressos na realidade tridimensional, e com recursos sonoros. Desse modo, os autores
apontam a necessidade da integração dos outros sentidos para a interpretação dos espaços
representados, sejam eles por meio de mapas ou maquetes. Ventori e Freitas (2020), por
exemplo apontam o Mapavox e Dosvox como ferramentas que podem auxiliar o aluno cego a
interpretar os mapas e maquetes, que podem representar diferentes conceitos geográficos, bem
como auxiliar na orientação da mobilidade relacionando os espaços representados e a
explicação em áudio.
Para garantir a equidade e a qualidade do ensino de conceitos geográficos, Custódio e
Nogueira (2014); Jordão e Sena (2015) e Biz e Francischett (2020) abordam metodologias
através da cartografia tátil que promovam a construção do pensamento espacial e a
aprendizagem significativa através das representações dos espaços vivido. Para eles, além dos
requisitos necessários para a elaboração dos recursos didáticos táteis, considerar as implicações
dos alunos cegos e quais elementos podem ser inseridos, tornam a construção do conhecimento
mais valorativa. Ainda assim, os autores tratam da necessidade da alfabetização cartográfica a
ser realizada desde a educação básica, pois possibilita que no decorrer da construção do
pensamento geográfico, o aluno relacione os conceitos vistos nas aulas de geografia com a
realidade do cotidiano. À vista disso, esses autores determinam que os alunos com deficiência
visual precisam de materiais didáticos adaptados como um requisito fundamental para estimular
os processos cognitivos e garantir a participação no ambiente escolar, especialmente em
disciplinas que fazem uso frequente de recursos didáticos táteis, como é o exemplo da utilização
de representações cartográficas nas aulas de Geografia.
Outro potencial visto no uso de recursos didáticos táteis no ensino do conceito de escala
foi exposto pelos autores Micene, Tives Micene e Uller (2018), que apontaram o uso do material
dourado para auxiliar na compreensão das relações de escala nos elementos representados.
Levando em consideração que uma das fragilidades encontradas na aplicação dos recursos foi
a dificuldade nas operações matemáticas, que segundo os autores, prejudicaria a compreensão
das relações estabelecidas entre as escalas. Sena e Carmo (2022) além de versarem sobre as
dificuldades na compreensão desses conceitos, também indicaram os livros didáticos, que em
sua maioria não estão na escrita em braille, e carecem de adaptação das imagens ilustradas.
Como proposta de solução, as autoras apontam os mapas táteis, independentemente de sua
confecção artesanal com baixo custo ou por meio de recursos tecnológicos, como recursos
didáticos interdisciplinares de grande relevância, enfatizando, o verdadeiro diferencial na
aprendizagem através de metodologias significativas e contextualizadas para sua utilização e
promoção do conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação inclusiva é um princípio fundamental na busca por uma sociedade mais
justa e equitativa, que valorize a diversidade e a singularidade de cada indivíduo. Nesse
contexto, a acessibilidade ao conhecimento e a promoção de oportunidades educacionais para
todos são aspectos de extrema relevância. No entanto, o acesso à educação e a compreensão de
conceitos geográficos muitas vezes se tornam desafios para alunos com deficiência visual, que
dependem predominantemente do tato, e dos outros sentidos não visuais, para adquirir
informações e explorar o mundo que os cerca.
REFERÊNCIAS
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DEFICIÊNCIA VISUAL: novas metodologias para abordar o conceito de paisagem. Adriany
de Ávila Melo Sampaio. 175. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em
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CARMO, Waldirene Ribeiro do. Cartografia Tátil Escolar: experiências com a construção de
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Brasileira de Cartografia, [Especial 50 anos], v. 72, p. 1400–1428, 2020.
GAMIFICAÇÃO NO ENSINO DE GEOGRAFIA: LEITURAS GEOGRÁFICAS
DO FILME O AUTO DA COMPADECIDA
Rodrigo da Silva
orcid.org/0000-0003-0012-6861
Mestrando no PROFGEO/UFCG
rodrigo.silva1@estudante.ufcg.edu.br
INTRODUÇÃO
Utilizamos o filme, O Auto da Compadecida, de dirigido por Guel Arraes que foi
baseado na peça teatral Auto da Compadecida de Ariano Suassuna, pois a Escola Estadual de
Ensino Fundamental, Médio e EJA Anésio Deodônio Moreno, em seu Projeto de Intervenção
Pedagógica – PIP trabalhou as obras de Ariano Suassuna. Ademais, o filme aborda uma crítica
social que caracteriza a realidade da nossa sociedade e da Geografia do Nordeste. Além do
mais, apresenta temas pertinentes para a geografia, tais como: regionalismo, clima, vegetação,
bioma, coronelismo, latifúndio e outros aspectos geográficos podem ser discutidos. No entanto,
torna-se importante também destacar as questões ligadas às desigualdades sociais.
METODOLOGIA
A metodologia aplicada nesta pesquisa foi qualitativa e bibliográfica. Na pesquisa
qualitativa, entendemos que se caracteriza pelo desenvolvimento conceitual, de fatos, ideias, e
do entendimento indutivo e interpretativo dos dados encontrados na pesquisa (SOARES, 2013).
Nesse sentido, a pesquisa bibliográfica busca o levantamento e análise dos documentos
publicados sobre o tema a ser pesquisado com intuito de atualizar, desenvolver o conhecimento
e contribuir com a realização da pesquisa (BOCCATO, 2006). Ademais foram consultadas
várias literaturas, entre eles se destacam: Pontuschka, Paganelli, Cacete (2009); Almeida
(2004); Morán (2015) entre outras.
O levantamento dos dados foi elaborado por meio de um Quiz online, dentro da
plataforma online Quizizz, foi um questionário estruturado, contendo dez questões objetivas
sobre temas relacionados com a Geografia que são abordados no filme, O Auto da
Compadecida. A aplicação do Quiz foi realizada após os discentes assistirem ao filme, durante
as aulas de Geografia. Os dados foram compilados, transformados em gráficos, analisados e
interpretados de acordo com a luz do referencial teórico. Portanto, foi possível pensar e refletir
sobre as linguagens no ensino de Geografia alinhado à gamificação, proporcionando uma leitura
crítica do espaço geográfico.
O projeto de intervenção pedagógica ocorreu através de etapas, nas quais estão descritas
abaixo. Na primeira etapa, foi discutido sobre o Projeto de Intervenção Pedagógica - PIP da
escola sobre Ariano Suassuna e também sobre o referido projeto. Posteriormente, foi
apresentado a gamificação no ensino de geografia, trabalhado pelo viés das leituras geográficas
do filme O Auto da Compadecida. Ademais foi apresentado o App Sapientia Edu como
gamificação e como ferramenta avaliativa. Foi solicitado aos estudantes para baixarem o
Sapientia Edu e em seguida os discentes realizaram os desafios propostos.
Figuras 01 e 02: Interface do App Sapientia e das respectivas turmas que participaram do
projeto de intervenção
O App Sapientia possui uma estrutura gamificada que permite ao docente elaborar
avaliações, utilizando os elementos da gamificação, a respeito dos desafios, Top 7 e do chefão,
que foram lançados durante o referido projeto. Todos os discentes iniciam o bimestre com
10000 sapienscoins, na medida em que eles vão realizando os desafios propostos, vão ganhando
sapienscoins ou aqueles discentes que não realizarem os desafios, vão perdendo sapienscoins.
Ademais, os discentes também são pontuados pela frequência em sala de aula, cada aula vale
100 sapienscoins, se o estudante estiver presente na aula ganhará 100 sapienscoins e se faltar à
aula perderá 100 sapienscoins. Ao final do desafio, teremos ranking “Top 7” onde os estudantes
que mais se destacaram no desafio, ou seja, os estudantes que mais realizaram as atividades
propostas. Observa-se na figura 02, acima, que a turma que mais se destacou no desafio foi a
3º Série “B”.
O primeiro desafio teve como título o Filme “O Auto da Compadecida”. Esse desafio
consistiu, no primeiro momento, em assistir ao filme, e depois, os estudantes realizaram suas
análises pelo viés geográfico. Ademais, o desafio possui o título, a descrição, as
competências/habilidades da BNCC a serem adquiridas pelos estudantes, assim como as
recompensas e penalidades, como mostram as figuras 03 a 05 abaixo.
Nesse desafio, o chefão foi o autor escolhido pela escola para ser trabalhado no PIP. O
chefão já inicia o bimestre com o dobro de sapienscoins dos discentes, na medida em que os
discentes vão realizando os desafios propostos, o chefão vai perdendo sapienscoins. Foi inserida
no App Sapientia a biografia de Ariano Suassuna com objetivo de os discentes familiarizarem-
se com autor e conhecessem um pouco das suas obras.
Figuras 08 e 09: Aplicação do Quizizz sobre os aspectos geográficos abordados no filme no desafio do chefão
Na quarta etapa, foi à culminância dos projetos da referida escola para toda
comunidade escolar, que teve como tema “A interdisciplinaridade a partir da literatura
paraibana de Ariano Suassuna”, onde os discentes apresentaram o presente projeto, como
podemos ver na figura 21 abaixo. Nesse sentido, os discentes montaram a culminância e
apresentaram para a comunidade escolar. Podemos observar os discentes explicando o
desenvolvimento do projeto e os temas da Geografia que eles conseguiram compreender no
filme, O Auto da Compadecida.
Figura 19: Apresentação do projeto para a comunidade escolar
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Analisando o resultado da figura 20, podemos analisar que, 75% dos discentes
responderam que o clima Semiárido, é o clima brasileiro em que o filme “O auto da
compadecida” foi gravado, seguido de 15% o clima tropical, 4% o clima Subtropical, 0%
Equatorial e 6% não responderam.
Analisando o resultado da figura 21, podemos concluir que, 78% dos discentes
responderam que o bioma Caatinga, é o bioma brasileiro em que o filme “O auto da
compadecida” foi gravado, seguido de 13% o bioma Cerrado, 0% o bioma Pantanal, 0% o
bioma Mata Atlântica e 9% não responderam.
Figura 21: Qual o bioma brasileiro em que o filme “O auto da Compadecida” foi gravado?
Figura 22: Análise dos estudantes sobre o filme “O auto da Compadecida”, analisando temas pertinentes tais
como: machismo, desigualdade social, cangaço e coronelismo
Diante dos dados obtidos e da experiência neste projeto, os resultados foram pertinentes,
pois o uso da Gamificação no ensino de Geografia alinhado a análise do Filme “O Auto da
Compadecida”, possibilitou ampliar o repertório cultural dos estudantes, ampliando, assim,
uma visão crítica da realidade, pois muitos deles não conseguiam identificar os temas da
Geografia dentro do filme em questão. Nesse sentido, compreendemos a importância de
trabalhar com as linguagens no ensino de geografia, especialmente, cinematográfica, alinhado
a gamificação, pois entendemos que é imprescindível a democratização e utilização desses
recursos nas escolas, despertando nos discentes o raciocínio geográfico que passaram a analisar
o espaço geográfico através de várias perspectivas.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Milton J. Imagens e sons: a nova cultura oral. 3º ed. São Paulo: Editora Cortez.
2004.
SOARES, S. de Jesus. Pesquisa Científica: uma abordagem sobre o método qualitativo. Revista
Ciranda, [S. l.], v. 3, n. 1, p. 1–13, 2020. Disponível em:
https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/ciranda/article/view/314 . Acesso em: 21 jun.
2023.
CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA COM
RELAÇÃO AO USO DE TECNOLOGIAS
INTRODUÇÃO
Tabela 2: Análise das respostas relacionadas às formas de utilização das tecnologias em sala de aula
Tabela 3: Análise das respostas relacionadas às tecnologias utilizadas durante a formação inicial
Nessa categoria, observamos que, durante a formação inicial dos docentes, foram
utilizados diversos recursos, principalmente os digitais, para dar suporte a suas graduações,
podendo ser compreendidos em duas subcategorias. Na primeira subcategoria, notamos que
duas das professoras utilizaram o laboratório de informática durante a graduação. Nos
argumentos de P1 e P2, percebemos que o laboratório de informática era uma preferência entre
os professores universitários e os próprios graduandos. Quanto à segunda categoria, destacamos
a utilização de aplicativos e jogos durante a graduação das docentes. Nos argumentos de P3 e
P4, é colocado em evidência que os recursos digitais, como aplicativos e jogos, foram
empregados durante as suas graduações.
De acordo com Viana, Santos e Vasconcelos (2021), os jogos podem ser utilizados em
sala de aula devido às suas características interativas, mas é preciso avaliar, primeiramente, o
conteúdo da disciplina ministrada, verificando se é passível de ser simulado e vantajoso para os
alunos.
Assim, pode-se afirmar que existe uma ampla gama de métodos utilizados para a
introdução de diversas tecnologias no período da formação inicial, desempenhando um papel
fundamental para o desenvolvimento de atualizações no processo de ensino-aprendizagem,
além de também aperfeiçoar o discente no uso desses métodos.
Na quarta categoria (Tabela 4), abordam-se os motivos que são precursores das
dificuldades dos professores em associar as tecnologias a suas práticas pedagógicas, dividindo-
os em duas subcategorias. Vale ressaltar que das quatro professoras, duas afirmaram possuir
alguma dificuldade e duas não apresentaram problemas em utilizar as tecnologias nas suas
práticas pedagógicas.
Tabela 4: Análise das respostas relacionadas às dificuldades quanto ao uso das tecnologias nas práticas
pedagógicas
A partir das colocações feitas por P2, percebe-se que a falta de apoio das escolas para a
realização de práticas utilizando tecnologias é um problema bastante comum, principalmente
na rede pública de ensino, uma vez que os subsídios para a compra de material, geralmente, são
baixos.
Quanto à segunda subcategoria, P4 relatou ter dificuldades para a implementação das
tecnologias em suas práticas pedagógicas devido à falta de cursos que possibilitasse a
atualização e o aperfeiçoamento do professor quanto a softwares e práticas que usam recursos
tecnológicos. A formação continuada é um processo que ocorre durante toda a vida do professor
ou professora, e abarca a totalidade de experiências de aprendizagem e de atividades
intencionais para o benefício dos sujeitos, grupos ou escolas que contribuem para a qualidade
da educação” (Machado et al., 2021). Por isso, a procura do docente pela atualização de suas
práticas pedagógicas deve ser contínua, principalmente, quando envolve as tecnologias como
recursos pedagógicos, já que o desenvolvimento delas ocorre de maneira constante.
Além disso, mesmo que uma parcela dos professores tenha alguma familiaridade ou
facilidade quanto ao uso das tecnologias em contextos fora do ambiente escolar, eles
frequentemente optam por não as utilizar em suas práticas pedagógicas (Rocha et al., 2020).
Esse fato está relacionado com a insegurança dos professores quanto à escolha dos recursos
para o desenvolvimento da aula ou até mesmo ao medo em relação à forma como os alunos irão
reagir às mudanças nas práticas docentes (Rocha, 2018).
A quinta categoria presente na Tabela 5 trata das concepções das professoras quanto à
utilização das tecnologias no Ensino Fundamental, tendo sido divididas em duas subcategorias.
Tabela 5: Análise das respostas relacionadas à concepção do uso da tecnologia no Ensino Fundamental
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4210376/mod_resource/content/1/Brian%20Arthur-
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MACHADO, Giovanni Bohm et al. O uso das tecnologias como ferramenta para a formação
continuada e autoformação docente. Revista Brasileira de Educação, [S. l.], v. 26, p. e260048,
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NOBRE, Ricardo Holanda; SOUSA, José Alex de; NOBRE, Cibelli de Sá Pinheiro. Uso dos
laboratórios de informática em escolas do ensino médio e fundamental no interior nordestino.
Revista Brasileira de Informática na Educação, [S. l.], v. 23, n. 3, p. 68-80, 2015.
OLIVEIRA, Liliane Silva Câmara de et al. Apresentação metodológica com uso de tecnologia
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SOARES, Eliana Maria Sacramento; SANTOS, Amanda Souza; RELA, Eliana. Práticas
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Revista Diálogo Educacional, [S. l.], v. 19, n. 61, p. 739-754, 2019.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Convém esclarecer inicialmente que aqui não se advoga pela função salva guardadora
das tecnologias. Para serem utilizadas no ensino, de modo a que possibilitem a aprendizagem,
compreende-se como fundamental a mediação do Professor, a partir de objetivos bem claros
do que se espera que esse aluno venha a aprender. Entretanto, compreende-se que o contexto
atual vem sendo intensamente modificado, a partir do acesso indiscriminado às tecnologias por
parte da sociedade e, referindo-nos aos indivíduos em idade escolar, na grande maioria das
vezes, utilizam-na acriticamente, quase nunca com objetivos que conduzam à aprendizagem.
Frente a esse contexto e conscientes da necessária mediação do Professor, é necessário
que a escola repense a sua atuação, já que estamos inseridos num mundo marcado pelas novas
tecnologias, que proporcionam a possibilidade de viajarmos por vários lugares sem sair de onde
estamos, ou seja, num mundo de informação e conhecimentos disponíveis em aparelhos
móveis, algumas metodologias utilizadas no passado não atendem mais ao processo de
aprendizagem de uma geração de alunos ditos nativos digitais. É preciso que o professor se
lance no novo e adote metodologias que atendam às necessidades do aluno do século XXI.
Nesse sentido, Pontuschka (2010) delineia que é preciso pensar um ensino que forme o aluno
numa perspectiva crítica, reflexiva, flexível e criativa. Assim, partindo dessa perspectiva o
conhecimento a ser construído será significativo para o aluno, que se apropriará do mesmo de
forma prazerosa.
Também é importante lembrar que o aluno ao chegar na escola já traz um vasto
conhecimento construído, a partir da sua vivência de mundo e que cabe ao professor levar esse
discente a construir uma ponte entre esse saber e o conhecimento científico. Jamais esses
conhecimentos prévios podem ser ignorados, pois como afirmam Silva e Cavalcante (2008,
p.147):
É impossível ignorar a carga de comunicação do dia a dia na vida das pessoas, tendo
que aproveitar e se empenhar na função de questionar e buscar despertar o senso crítico
dos estudantes para que possam ter condições de avaliar e de se apropriar de um olhar
seletivo, com uma visão mais concreta do mundo atual.
Essa carga de comunicação que o aluno trás para a escola está enraizada em um mundo
globalizado e inserido nas tecnologias que vão surgido e a escola, segundo Silva e Cavalcante
(2008), precisa fazer uso dessas tecnologias para que possa se apropriar da realidade dos alunos,
uma vez que a cultura produzida neste mundo de tecnologias é repleta de informações
geográficas dos lugares, dos mundos, dos fenômenos geográficos e das paisagens, e esse
conhecimento cultural é fundamental para o ensino de geografia para se compreender as
informações e comunicação do cotidiano e reaproveitá-las como conteúdo estudado.
É preciso, portanto, que o professor saiba se apropriar de novas metodologias ou adaptar
antigas para que possa, de fato, alcançar o universo dessa geração Z, e assim, tornar o
conhecimento geográfico interessante para eles. Essa geração já nasceu em um período de
informatização, ou seja, se apropria facilmente os novos recursos tecnológicos, como os meios
digitais. Desse modo, os jogos digitais consistem em uma ferramenta viável para trabalhar o
ensino de geografia.
É difícil saber com precisão qual o ano que marca o surgimento dessa geração, porém,
concordamos com Gabriel (2013), quando define a década de 2000 com sendo o marco desta
nova geração, e que os nascidos entre 1980 e 2000 fazem parte da geração Y. Prensky (2001)
denomina essa geração Z de nativos digitais, por já terem nascido envolto a computadores,
vídeo games, telefones celulares, entre tantos outros brinquedos e ferramentas digitais.
Portanto, para esses alunos ditos nativos digitais aprender através de jogos será mais eficaz que
aprender através de métodos tradicionais.
Entretanto, é importante deixar em evidência que a maioria dos professores, ou quase
todos, não fazem parte dessa geração, nasceram antes da década de 2000, a esses, Prensky
(2001) denomina de imigrantes digitais. Esses ditos imigrantes tiveram que se adaptar a um
mundo cheio de novas tecnologias, na qual os nativos já cresceram inseridos. Portanto, ensinar
através do uso de tecnologias é um desafio para os professores. Principalmente, para o que
nasceram antes da geração Z e que já estão acostumados com seus métodos convencionais.
Aqui, temos um grande desafio, como defende Queiroz (2016), uma escola do século
XIX, com professores do século XX, para ensinar a alunos do século XXI. Um desafio da escola
e dos professores de migrarem para um novo mundo de tecnologia. Isso se torna instigante pelo
fato de que, como defende Prensky (2001), os imigrantes digitais não acreditam que seus alunos
possam aprender com êxito assistindo TV, ouvindo música ou fazendo uma atividade divertida.
Essa resistência por parte da escola e dos professores torna o processo de aprendizagem
enfadonho e desinteressante para os alunos deste século, que não se conformam com
metodologias de ensino “demodê”.
Vivemos no tempo da era digital em que, segundo Schwartz (2007), os processos
produtivos estão imersos nos meios digitais, assim, urge uma necessidade de emancipação
digital, que vai além da mera inclusão. Consiste na necessidade de o homem inserir-se nesse
processo, que perpassa todas as esferas da vida. Portanto, resistir a esse processo tecnológico
consiste em um trabalho árduo e infrutífero por parte da escola e dos professores, pois a cada
dia, as novas gerações estarão ainda mais inseridas nele. Nogueira (2017) defende a ideia de
que a educação básica precisa refletir sobre as mudanças sociais que os estudantes estão
vivenciando e prepará-los para esse mundo real, de modo que a escola precisa estimular a
criatividade dos alunos pelo uso das novas ferramentas digitais.
Aos Professores, portanto, deve ser dada a oportunidade de formação continuada, para
que consigam acompanhar esses processos e para que a escola e o ensino de geografia consigam
dialogar com essas transformações, de modo a promover aprendizagem, de forma crítica.
Utilizar metodologias que tornem a aula de geografia mais produtiva e exitosa tem sido
desejo de muitos professores, pois uma aula apenas numa perspectiva tradicional não desperta
o interesse do aluno de hoje, que já chega na escola com uma gama de informações adquiridas
dos mais diferentes meios, sobretudo advinda dos jogos digitais, necessitando que esse
conhecimento seja apropriado de uma forma mais produtiva, portanto, podendo ser aplicado ao
contexto de alguns componentes curriculares, a exemplo da Geografia.
Entretanto, a escolha da metodologia e das ferramentas a serem utilizadas precisa estar
de acordo com o conteúdo e os objetivos a serem alcançados. Nessa perspectiva, os jogos
digitais representam possibilidades que podem ser utilizadas em sala de aula. No entanto, como
afirma Versuti (2012), ao escolher um jogo para ser trabalhado em uma aula é necessário levar
em consideração alguns critérios como idade, formação, bagagem cultural, conforto e
familiaridade com o método usado. Esses critérios devem ser considerados para que o uso dessa
metodologia não se torne um empecilho no processo de aprendizagem.
Quando bem utilizados, os jogos digitais propiciam a construção do conhecimento por
parte dos alunos. Corrêa (2010) considera que os jogos servem como disparadores de
conhecimentos, desencadeando diversos tipos de aprendizagem, além de mostrar o desempenho
dos discentes. Para esse autor, a utilização dessa ferramenta permite observar no aluno questões
relacionadas a subjetividade, experiências prévias, fatores contextuais, de modo que o jogo
pode ser um espaço para superação de conflitos, medos e angústias, além de oportunidades para
que os discentes se sociabilizem e desenvolverem habilidades diversas.
Quando bem utilizada, essa ferramenta torna-se a auxiliar no processo de aprendizagem
geográfico, conforme defende Dambros (2014), ao argumentar que, ao serem inseridas no
ensino de geografia, os jogos digitais contribuem no desenvolvimento de práticas pedagógicas
mais holísticas na escola, integrando diferentes temas e conteúdo, podendo articular
conhecimentos teóricos, práticos e tecnológicos. Portanto, essas ferramentas quando bem
apropriadas, são excelentes auxiliares para o professor, tornando a aula mais dinâmica.
Amaro (2019) argumenta sobre o fato de que “é preciso considerar o impacto dos jogos
digitais no campo da educação”. Para a autora, a cultura gamer tem um papel cultural muito
importante e que não pode passar despercebido. Sendo os jogos digitais um processo cultural,
concordamos com Claval (2007), quando salienta que “a cultura se estabelece por processos
comunicacionais que transformam o espaço simbólico, no qual se desvelam as relações
econômicas, de cidadania e expressividade das ações humanas em níveis locais, regionais e
globais, com diferentes contextos (CLAVAL, 2007)”. Assim, a cultura de jogos digitais carrega
em si o poder de transformação nas relações sociais e econômicas, características que a escola
não pode deixar passar despercebido, pelo fato de estar constantemente formando cidadãos.
A escolha de um jogo digital para ser trabalhado na aula de geografia parte da
criatividade do professor e do nível de conhecimento sobre gamificação. Existem jogos que
foram criados exclusivamente para fins pedagógicos, entretanto, concordamos com Amaro
(2019), Klopfer, Jenkins e Perry (2010) e Alves (2008) quando tocam em um ponto em comum,
o de que qualquer jogo digital pode ser utilizado como proposta de aprendizagem, independente
de terem sido criados com essa intenção.
Também concordamos com Moran, Maseto e Behrens (2006), quando defendem que os
jogos digitais desenvolvem habilidades motoras e decisórias e que estes precisam ser melhor
explorados no campo da educação. Partindo desse argumento, defendemos o pressuposto de
que se torna viável o uso dessas ferramentas na aula de geografia no Ensino Fundamental II,
como meio de abordar o conceito de Território como parte do “espaço definido e delimitado
por e a partir de relações de poder” (SOUZA, 1995, p.78).
Diante dessas potencialidades advindas da utilização dos jogos, aproveitamos este
espaço para problematizar como os professores das gerações X e Y podem se apropriar dessas
ferramentas no ensino? De que modo poderão articular os conteúdos da Geografia ao contexto
dos jogos, já que esses profissionais tem inúmeras demandas advindas do contexto escolar e
mesmo pessoal? São questionamentos que embasarão o desenvolvimento de pesquisas futuras,
mas certamente as possíveis respostas terão que centrar os alunos nessa discussão, numa
perspectiva ativa e crítica, sob a mediação dos professores.
Para este momento, analisaremos como se deu a utilização do jogo digital “Estados e
Capitais” nas aulas de Geografia na turma de 7° ano da Escola Municipal de Ensino
Fundamental João Izidro dos Santos localizada na zona rural do Município de Areial, PB.
Os resultados analisados neste trabalho são fruto das observações feitas através da
execução de uma intervenção pedagógica na turma de 7º ano U da Escola Municipal de Ensino
Fundamental João Izidro dos Santos. Essa atividade se deu por meio da execução de uma
sequência didática realizada em três etapas.
A primeira etapa aconteceu por meio da apresentação do conteúdo para a turma, este
momento se deu através de uma aula expositiva e dialogada onde foi possível diagnosticar os
conhecimentos prévios dos discentes e introduzi-los no contexto abordado, valorizando sempre
esse conhecimento de mundo que o aluno trás pra escola, fruto de sua experiência de vida.
Sobre estes conhecimentos prévios, Sobral e Teixeira (S/D) salientam que podem ser
considerados como produtos das concepções de mundo, formuladas a partir das relações
estabelecidas com o meio em que elas estão inseridas de forma sensorial, afetiva e cognitiva,
sendo produtos culturais.
Silva (2014) ainda argumenta sobre a importância da valorização dos conhecimentos
prévios dos alunos como sendo fundamentais para a aprendizagem, por proporcionarem a
construção e novos significados integrados num fluxo contínuo e constante para a
aprendizagem, sendo, portanto, construções pessoais que cada ser humano elabora e atribui o
seu significado pessoal sobre vários assuntos, conceitos, entre outros a partir da vivência do
cotidiano. Numa perspectiva construtivista, Piaget (1976) defende que o desenvolvimento
intelectual parte da passagem do conhecimento simples para o mais complexo, de modo que a
construção de novos conhecimentos se dá a partir dos conhecimentos anteriores. Assim, ao
iniciar um conteúdo se faz necessário diagnosticar os conhecimentos prévios dos discentes para,
a partir de então, construir novos.
Como atividade para casa, foi sugerido aos alunos que fizessem uma pesquisa na internet
sobre a criação do IBGE e sua função, sendo este o órgão criador da regionalização mais
utilizada no Brasil. Na segunda etapa, que se deu na aula seguinte, os alunos debateram
juntamente com a professora sobre a realização da atividade anterior e, em seguida, foi realizado
uma oficina de pinturas de mapas das regiões e estados brasileiros, bem como suas respectivas
capitais. Nessa oportunidade, cada aluno recebeu um mapa político do Brasil com todos os
estados para que pudessem delimitar cada região brasileira colorindo para, assim, diferenciá-
las e, em seguida, criar uma legenda contendo todos os estados e suas respectivas capitais. Nesta
atividade, os discentes puderam trabalhar aspectos como organização, estética entre outras
características, além de desenvolver a noção de localização no território brasileiro, sendo este
o principal objetivo desta atividade.
Um grande debate gira em torno das práticas de memorização, muito tem se questionado
nos últimos anos que nas aulas de geografia os alunos não tem por obrigação decorar todos os
estados e suas respectivas capitais. De fato, concordamos com essa indagação, pois decorar
nomes de estados e capitais sem nenhuma finalidade é uma tarefa árdua, entretanto, defendemos
a ideia de que é necessário que o aluno aprenda a se localizar no espaço geográfico para que
possa se apropriar do mesmo, e nessa perspectiva, conhecer os estados e capitais e saber
localizá-los em um mapa é de fundamental importância.
Portanto, considera-se que a atividade de colorir e adicionar legendas em mapas é um
tanto proveitosa e prazerosa, pois o aluno aprende de forma criativa a territorializar e
regionalizar determinado espaço que, em um determinado momento de sua vida, irá conhecê-
lo e explorá-lo. Por fim, antes do término da aula, a professora apresentou o jogo digital
“Estados e Capitais” e sugeriu para que os discentes que ao chegarem em casa baixassem o
aplicativo em seus respectivos aparelhos e jogassem e que, na próxima aula, cada aluno
trouxesse seu aparelho para que pudesse realizar uma atividade em sala, levando em
consideração que todos os alunos receberam tablets doados pela Rede Municipal de Educação
do Município e que, por ser um jogo que pode depois de baixado ser jogado de forma off line,
fica fácil, até mesmo para ao alunos que tem acesso apenas a internet por dados móveis.
Na terceira e última etapa a professora iniciou a aula com um debate sobre a utilização
do jogo, qual o grau de dificuldade enfrentado para baixar e jogar e se o jogo é interessante e
pode contribuir com o processo de aprendizagem. Os alunos argumentaram que tiveram
dificuldades no começo para passar de níveis, mas que, ao comparar com o mapa pintado na
aula anterior, ficou mais fácil. Neste momento, a turma foi dividida em duplas de acordo com
o nível de amizade entre eles e a professora lançou o desafio de fazer um torneio, de modo que
ganharia a dupla que zerasse todas as etapas primeiro e como prêmio os alunos ganhariam
brindes como kits de material escolar, de acordo com o lugar de cada dupla no ranking.
Ao passo que o torneio foi realizado, foi notório ver o quanto os discentes se apropriaram
com facilidade do jogo e o quanto as duplas dialogavam entre si de forma positiva. Esse é um
dos principais benefícios da inserção dos jogos digitais na aula de geografia, nesse sentido
Hisiao (2007) argumenta que os jogos digitais oferecem ambientes interativos e dinâmicos, que
podem incentivar através da diversão e do entretenimento.
Ao analizar as fotografias abaixo (figuras 1, 2 e 3) é perceptível ver o quanto os jogos
digitais proporcionam diversão e isso é um fator importante para o processo de aprendizagem,
pois esta, se consolidada de forma prazerosa, torna o processo mais sólido. Mitchell (2004)
defende que, através do jogo, o aluno desenvolve várias habilidades como estratégias,
concentração entre outras. Para Paiva e Tori (2017), ao desenvolver estas habilidades, o aluno
estará desenvolvendo-se intelectualmente, pois o jogo digital, segundo Balasubramanian e
Wilson (2006) permite o aluno trabalhar com o pensamento crítico, aprendendo a tomar
decisões e desenvolver a criatividade.
Ao final, os discentes argumentaram sobre o quanto a atividade foi prazerosa e que
facilitou em demasia o processo de aprendizagem sobre o conteúdo, pois discutiram sobre como
é interessante aprender através do lúdico, mas que os debates realizados anteriormente e a
atividade de pintura dos mapas contribuiu para que conseguissem vencer cada etapa do jogo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de tudo que foi discutido acerca dos jogos digitais e sua aplicabilidade no ensino
de geografia, percebe-se que esta pode ser uma excelente alternativa para tornar o processo de
aprendizagem geográfico mais dinâmico e atrativo para os alunos, levando em consideração
que estamos nos referindo aos alunos do século XXI que já nasceram inseridos em um meio
cercado pela internet e pelas tecnologias digitais, tendo uma maior facilidade em aprender com
essas novas tecnologias. se comparado com pessoas ditas imigrantes digitais. Portanto, o
professor precisa compreender que ele também precisa aprender a dominar tecnologias que vão
surgindo. Isso não significa que sua prática girará sempre em torno de jogos digitais, porém não
podemos negligenciar o fato de que essas tecnologias, cada vez mais, estão inseridas em nosso
cotidiano e, portanto, a escola não pode ficar alheia a ela.
Os resultados obtidos a partir da intervenção pedagógica através da inserção de jogos
digitais na aula de geografia mostraram-se bastante satisfatórios, pois foi notório o
envolvimento dos alunos no processo desenvolvido. Também foi perceptível o
desenvolvimento de habilidades como concentração, cooperação e criação de estratégias, entre
outras na turma, contribuindo assim, para o desenvolvimento intelectual.
Concluímos, portanto, que a utilização de jogos digitais nas aulas de geografia como
recurso metodológico pode contribuir significativamente para o processo de aprendizagem,
quando bem utilizado, pois a atividade desenvolvida alcançou os objetivos propostos pela
professora. Assim, consideramos também que este trabalho se torna importante pelo fato de
servir como proposta de atividade a ser realizada, despertando nos professores o desejo por
inserir metodologias como jogos digitais em sua prática e ir mais além, buscando pesquisar
sobre esse assunto que é um tanto importante.
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INTRODUÇÃO
Kléber Mendonça Filho vem se concretizando como um dos principais nomes atuais da
cinematografia brasileira. Nascido em Recife, Pernambuco, e formado em Jornalismo pela
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o diretor já se destacou no cenário nacional com
obras como O Som ao Redor (2012), Aquarius (2016), Bacurau (2019), e sua mais recente obra,
Retratos Fantasmas (2023), sendo indicado e recebendo premiações em diversos festivais
nacionais e internacionais.
Com isso, o trabalho aqui proposto tem como objetivo extrair elementos geográficos
das obras Aquarius (2016) e Bacurau (2019), o recorte entre os dois trabalhos foi escolhido
devido a distinção de espaço e paisagem dos dois filmes, assim como, também, a ligação da
disputa territorial que há nos dois contextos.
Além de contribuir para uma análise do cotidiano dos indivíduos, que podem ser
considerados em diversos contextos e não se limitando apenas à realidade de Recife, mas de
outras cidades do nordeste, do Brasil e, até mesmo, de outras cidades do mundo.
O trabalho a seguir está composto por, inicialmente, um debate sobre as descrições dos
filmes escolhidos, mostrando o enredo e alguns dos principais personagens, num segundo
momento há a discussão sobre a utilização do filme em sala de aula enquanto recurso didático
de ensino e aprendizagem, para, por fim, um tópico sobre o debate dos conceitos e categorias
da ciência geográfica que são presentes nas obras analisadas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
AQUARIUS
O filme Aquarius se passa na zona metropolitana de Recife, onde Clara (Sonia Braga)
mora em seu apartamento na praia de Boa Viagem. O filme inicia do passado, na década de
1980, para a compreensão do presente, um passado a qual a família e amigos de Clara
comemora o aniversário de tia Lúcia (Thaia Perez), um passado que Clara é casada, com filhos
crianças e acaba de sobreviver a um câncer, um passado onde o edifício Aquarius era coberto
de vida, animação, moradores, amigos, familiares e festejos ao som vibrante de músicas de
Gilberto Gil.
Do passado, o filme passa para o presente quase que solitário da protagonista em que o
espectador percebe não mais um apartamento cheio de pessoas, mas sim apenas ocupado por
Clara e Ladjane (Zoraide Coleto) num edifício já sem comemorações e famílias, a não ser a
própria Clara ainda residindo.
A construtora passa a procurar os filhos de Clara para convencê-la de que sair do local
é a melhor opção, passa a conceder festas particulares e eventos religiosos em espaços e
proporções que causasse incômodo a moradora, a queimar colchões em pleno pátio, colar
diversos cartazes do seu símbolo nas paredes do edifício e conflitar Clara por pinturas que a
mesma está investindo.
No filme, vemos duas Claras, por um lado a Clara séria e resistente que enfrente a
construtora, em especial a pessoa de Diego (Humberto Carrão) um jovem branco de família
abastada responsável pela construção do Novo Aquarius, que demonstra seus preconceitos
durante uma das discussões afirmando “compreendo as posições de Clara, que não seria fácil
uma pessoa de pele mais morena chegar aonde ela chegou, que teria que dar muito duro para
isso”.
Por outro lado, há a Clara família e social, alegre e simpática que sorri e brinca com o
sobrinho sobre sua nova namorada do Rio de Janeiro, que anima a roda de amigas nas festas de
Recife, que relembra histórias das fotos antigas com seu irmão e sua cunhada, e que gosta de
aproveitar a praia de Boa Viagem na companhia de Roberval (Irandhir Santos).
Essas duas Claras, a séria e solitária com a alegre e simpática convivem dentro do seu
apartamento, em cenas que mesmo sozinhas ela canta parabéns para Ladjane para comemorar
o seu aniversário, assim como também na cena que a mesma toma vinho, cantarola e dança
sozinha ouvindo Roberto Carlos canta “Sonhei que entrei/ No quintal do vizinho/ E plantei uma
flor”. Mas, qual vizinho?
O filme termina com Clara e outros personagens simpatizantes a ela, indo até a empresa
desafiar Diego e seu avô, por um ninho de cupim que funcionários relataram que deixaram
escondido para a destruição do prédio, de forma lenta, silenciosa e dolorosa, assim como foi o
câncer de Clara, todavia, desta vez, a própria personagem relata que “Já lutei contra um câncer
e venci. Se tiver que escolher entre ter um câncer, ou ‘dar um’, eu escolho dar um”. Deixando
o espectador sem respostas do porvir.
BACURAU
Em Bacurau, o diretor nos mostra um cenário muito diferente de Aquarius pois Bacurau
se passa em um pequeno vilarejo do sertão nordestino, que sofre com problemas de água
causado por uma represa aliada ao poder público representada pelo prefeito Tony Jr. (Thardelly
Lima).
Há uma relação quase que íntima entre os moradores de Bacurau, são familiares, amigos,
namorados… Essa relação é percebida entre todos os personagens que são interligados de
alguma forma de modo direto, em especial os mais destacados como Pacote (Thomas Aquino),
Domingas (Sônia Braga), Teresa (Bárbara Colen), Plínio (Wilson Rabelo), Erivaldo (Rubens
Santos).
Logo no início do filme há, na entrada do vilarejo, a placa de bem vindo com a seguinte
frase “Bacurau, se for, vá na paz”, coisa que o espectador percebe que não ocorre durante o
período de tempo que se passa a história contada, iniciando pela ida da instalação da represa de
água que inibe o recurso natural para o povoado, bem como a ida do prefeito curo a população
nada se sente representada (se escondendo quando o mesmo aparece) e passando pelo ápice que
é a ida dos forasteiros tanto os brasileiros, quanto os estrangeiros.
A relação conflituosa entre o vilarejo e o prefeito deixa de ser protagonista para entrar
uma outra ainda mais complexa: a vinda dos forasteiros. De início, apenas um casal de
motoqueiros da região Sul do Brasil que aparecem pouco depois de um evento que conturba a
população, que é o dos tiros que furam o carro pipa que abastece a comunidade, posteriormente
o sinal dos celulares param de funcionar e logo depois começam a aparecer mortes dos
moradores.
A história fica mais tensa a partir do momento em que entra o personagem Lunga
(Silvero Pereira) procurado e foragido, que é chamado por Borracha para proteger o vilarejo
que está claramente sob ataque. Lunga e outros companheiros tomam a frente a batalha que
ocorre em Bacurau entre a população que resiste ao ataque dos estrangeiros.
O filme é concluído com a vitória da população local, ao fim o chefe do bando é
capturado por um morador que lhe rende aos gritos “Bora, cabra safado, você perdeu. O que tá
fazendo aqui nas minhas terras? Sem vergonha!”. O prefeito, também sofre as consequências
da retaliação da população, que lhe tira as roupas e coloca em cima de um jumento, deixando-
o vagar sem rumo amarrado ao longo da Caatinga.
Assim, torna-se cada vez mais necessário que a escola se aproprie dos recursos
tecnológicos, dinamizando o processo de aprendizagem. Como a educação e
a comunicação são indissociáveis, o professor pode utilizar-se de um aparato
tecnológico na escola visando à transformação da informação em
conhecimento (SOUSA; SERAFIM, 2011, p.25).
O filme é uma forma de fornecer entretenimento e busca envolver o telespectador na
narrativa contada, mas os filmes podem também ser utilizados como ferramenta de recurso
didático quando analisado a área do conhecimento e a temática estudada tem potencial de
fortalecer o aprendizado, na medida que, é possível transferir informação com visualização e
mais clareza. O professor pode se utilizar dessa ferramenta para fortalecer o aluno ao
aprendizado, alguns autores afirmam que:
Além de tudo, o filme como recurso didático tem relevância não apenas para o
aprendizado do aluno, bem como o professor que cumpre a função de incorporar novas formas
de ensino e sair da esfera tradicional. Já o aluno quando exposto a relação entre assunto
estudado e as obras cinematográficas é presumível que se análise melhor o contexto inserido
fora da ficção e se torne ainda mais explicitado, em específico quando se trata de narrativas
ligadas a contextos sociais e históricos. Sobre o método de usar filmes como instrumento
pedagógico, podemos afirmar que:
Sendo assim, não menos importante, há nesse conforto de memórias o conceito de lugar,
já imbuído ao decorrer do texto, onde é construída a percepção do indivíduo sobre aquilo que
ele mesmo possa se identificar e construir relações mais intrínsecas do seu cotidiano a partir
das pessoas, dos objetos e das ações realizadas.
Ao qual são vendidos para serem tornados em um “novo” espaço, que até então não é
constituído na materialidade. Para isso Diego utiliza de constrangimentos (festas próximo ao
apartamento, cupins, pressão popular para a saída da moradora, fogo no térreo do edifício, oferta
de valores exorbitantes pelo apartamento, dentre outros) como forma de perturbar a paz de
Clara.
Isso também se reproduz no cotidiano das pessoas a partir do momento que o território
é ocupado de diversas formas para baratear o valor das habitações ou até mesmo encarecer os
valores, gerando assim a especulação do solo urbano. Assim o território é o espaço político, e
o conceito de poder, conforme Souza (2016), onde aquele que utiliza de várias situações e da
sua posição hierárquica para atingir os seus objetivos na conquista do território ou para se
manter nele. Seja esse poder na imagem da personagem Clara com o direito de resistir às
mudanças que estão ocorrendo e/ou na de Diego que utiliza do seu poder a partir do capital para
avançar na compra de imóveis que cerceiam Clara.
Mas no início do filme, a crise hídrica é a principal questão que eles vivenciam em pleno
semiárido, na cidade de Parelhas, ao dividir espaço com as obras da Transposição do Rio São
Francisco, desencadeadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e com a represa
construída pelo Açude Gargalheiras em Acari no Rio Grande do Norte. Apesar das obras
realizadas para o enfrentamento a crise hídrica, essa realmente garante acesso da população às
águas? Em Bacurau essa realidade é confrontada, pois são justamente essas obras que limitam
a população e causam instabilidade na vivência dessas pessoas por não terem acesso como se
tinha, afetando as suas demais atividades econômicas, como o trabalho pela pesca e agricultura.
O nordeste brasileiro tem um histórico de políticas públicas que ao mesmo tempo que
avançava sobre o seu território, também não impactaram a realidade da sua população por um
prática conhecida a partir das cercas daqueles que indicavam onde deveriam estar as obras.
Como indica Santos (2022, p. 1):
A forma de acesso a água no nordeste finda por ser moldada por aquilo que no estudo
da ciência política também é pautado como constrangimentos, colocando assim a população à
mercê das decisões das autoridades locais, regionais e nacionais. Assim, foi moldado também
os limites que a população de Bacurau poderia ter acesso a água, criando um contexto de
instabilidade para a população e os colocando diante de conflitos para resistir e para
permanecerem no seu lugar.
Outro ponto importante e de destaque é o momento em que o professor de Bacurau
busca encontrar no Google Maps o povoado, mas não encontra e recorre ao mapa que ele tem
guardado e, somente lá, encontra. Isso leva a discussões sobre os limites territoriais definidos e
os limites territoriais reais para a população, que concebe aquele território a partir do vivido.
Para Haesbaert o território, entre suas instâncias, é também cultural, pois a partir do
momento de sua apropriação os indivíduos desenvolvem neste espaço seus símbolos, valores e
identidade a partir do seu espaço vivido, sendo assim o território “[...] uma parcela de
identidade, fonte de uma relação de essência afetiva ou mesmo amorosa ao espaço”
(HAESBAERT, 2004, p. 72)
Por trás desse contexto, tem-se personagens nacionais e internacionais articulados para
a dominação do território do povoado supracitado. A disputa pelo território nesse cenário
perpassa pelo ideal do imperialismo, até da identificação de uma parcela da população que foi
consumida pela cultura de massa e por ter no seu ideal e imaginário que são descendentes de
colonizadores, de uma classe socioeconômica dominante mundialmente.
O que chama atenção para todo o cenário que remonta a obra Bacurau é a sua capacidade
de deixar a subjetividade tomar conta das ideias, que talvez, para um leitor mediano, não
consiga de imediato entender o não-dito. Mas, o contexto da obra trabalha o desenrolar das
políticas públicas, a influência que essas sofrem, as fragilidades impostas às já existentes e as
mudanças ocorridas no contexto local da população.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da análise das obras de Kleber Mendonça Filho, que retrata a luta pelo território,
é possível finalizar que o uso de filmes como ferramenta de ensino e aprendizagem há a
possibilidade de ser eficiente na construção de conhecimento e consolidação de conceitos
geográficos trabalhados em sala de aula. Através da narrativa e linguagem cinematográfica, é
possível trabalhar com questões sociais, culturais e históricas, permitindo aos discentes um
aprendizado enriquecedor e consciente.
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INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Como resposta a essas transformações, o sistema educacional evoluiu para refletir essas
mudanças. À medida que a tecnologia avançou, o ensino se adaptou para incorporar essas
inovações. A introdução de novas ferramentas e métodos de aprendizado, como computadores,
internet e software educacional, revolucionou a forma como os estudantes acessam
informações, interagem com os conteúdos e se envolvem em experiências de aprendizado mais
interativas e personalizadas. Desta forma, “se uma sociedade evolui, o sistema educacional
tende a evoluir com ela; se uma sociedade entra em crise, muito rapidamente a escola refletirá
essa mesma crise” (GUTIÉRREZ, 1988, p. 17).
Uma das transições mais notáveis é a mudança do modelo de ensino centrado no
professor para um modelo centrado no estudante. O qual discorre Romboli (2021, p. 4) que os
“professores de práticas tradicionais não acompanham a velocidade com que a transformação
midiática ocorre e, com isso, deixam a escola anacrônica, gerando novos desafios pedagógicos
para cada etapa da aprendizagem”.
A tecnologia também possibilitou o aprendizado online, ampliando o acesso à educação
para pessoas em todo o mundo. Desempenhando um importante papel na democratização do
conhecimento, além de proporcionar que indivíduos de diversas origens e locais geográficos
tenham acesso a oportunidades educacionais. Em leitura a Romboli (2021, p. 3) vemos que os
educadores devem incorporar os meios de comunicação de massa em seus métodos de ensino
para promover a formação criativa e crítica dos estudantes, considerando a rápida influência
exercida por essa cultura, que tem impactado a percepção e a resposta das pessoas aos
estímulos.
No entanto, essa evolução não está isenta de obstáculos. A capacidade de se adaptar e
adotar novas tecnologias tem sido crucial para preparar os estudantes para os desafios e
oportunidades de uma era marcada pela inovação contínua. À medida que a tecnologia continua
a moldar a sociedade, o ensino continuará a desempenhar um papel essencial na capacitação
das gerações, sendo que “a escola é a instituição social que, por sua natureza, suas funções e
estrutura, cumpre como nenhuma outra objetivos políticos” (GUTIÉRREZ, 1988, p. 17). Em
outras palavras, e, por isso, “a escola não pode deixá-lo à margem de sua existência temporal,
vivenciada fora do universo escolar” (ROMBOLI, 2021, p. 4).
Ao longo do século XX, o ensino da Geografia evoluiu significativamente. A
abordagem anterior, centrada na memorização de fatos geográficos, já não concerne mais a
disciplina, dando lugar a um ensino mais conceitual e analítico. Portanto, a Geografia passou a
ser vista como uma disciplina que estimula o pensamento crítico, a análise espacial e a resolução
de problemas, visando desmistificar as desigualdades sociais, a pobreza e as relações de poder
(FILIZOLA; KOZEL, 2010). E “por volta da década de 1950 a ciência geográfica começa a
passar por um movimento de renovação, buscando novos caminhos, propostas metodológicas
e linguagens que pudessem romper com o paradigma vigente, de uma Geografia
predominantemente descritiva” (SÃO LUÍS, 2023, p. 550).
Na contemporaneidade, o ensino da Geografia aborda questões de justiça social,
equidade e sustentabilidade, fornecendo aos estudantes ferramentas para uma participação
cidadã informada. Tal processo, atrelado ao uso de tecnologias, como Sistemas de Informações
Geográficas (SIG) e ferramentas de visualização, também transformou o ensino, permitindo
uma compreensão mais profunda do espaço geográfico.
Nesse sentido, podemos refletir que a Geografia no processo de ensino e aprendizagem
passou por transformações ao longo da história, evoluindo de uma disciplina descritiva para
uma ciência analítica e contextualmente relevante. A disciplina está agora posicionada para
capacitar os estudantes a compreender e enfrentar os desafios complexos do mundo
contemporâneo, enfatizando a relação intrínseca entre o espaço, o tempo e a experiência
humana. Ou seja, o ensino da Geografia continua a desempenhar um papel vital na formação
de cidadãos informados, críticos e engajados em uma sociedade altamente globalizada.
Pensando nessas particularidades, a Base Nacional Comum Curricular apresenta a
importância do estudo da Geografia como:
Uma oportunidade para compreender o mundo em que se vive, na medida em que esse
componente curricular aborda as ações humanas construídas nas distintas sociedades
existentes nas diversas regiões do planeta. Ao mesmo tempo, a educação geográfica
contribui para a formação do conceito de identidade, expresso de diferentes formas:
na compreensão perceptiva da paisagem, que ganha significado à medida que, ao
observá-la, nota-se a vivência dos indivíduos e da coletividade; nas relações com os
lugares vividos; nos costumes que resgatam a nossa memória social; na identidade
cultural; e na consciência de que somos sujeitos da história, distintos uns dos outros
e, por isso, convictos das nossas diferenças (BRASIL, 2018, p. 359).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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INTRODUÇÃO
O mundo na qual hoje vivemos, está sendo cada vez mais modificado no que diz respeito
a comunicação e informação. Moran (2004) afirma que com o advento da expansão da internet
foi possível que algumas barreiras fossem quebradas, possibilitando que a informação
alcançasse varias pessoas em locais diferentes ao mesmo tempo. Essas tecnologias de
informação estão presentes em praticamente todas as tarefas diárias das pessoas atualmente.
Apesar do avanço em sua utilização, um número considerável de pessoas ainda não tem acesso
à internet como ferramenta digital.
A tecnologia juntamente com o avanço da internet tem sido utilizada em diversos
contextos e entre eles está à educação que ainda que seja uma usuária das tecnologias há certo
tempo, demonstra dificuldades na utilização das novas ferramentas digitais, as novas
Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação (TDICs).
A Tecnologia de informação e comunicação (TIC) refere-se a qualquer forma de
tecnologia de propagar alguma informação através da comunicação. A TIC pode ser dividida
em duas formas: as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), também
conhecida como “novas tecnologias” (refere-se a dispositivos que utilizam sinais digitais, como
os smartphones) e as tecnologias não digitais (caracterizada por dispositivos que não utilizam
meios digitais, como os livros, manuscritos, lápis e caneta).
Luz e Briski (2009) vêm nos dizer que com a globalização, a informação chega mais
rápido através dos meios de comunicação modernos. Nesse sentido, o conhecimento só se
tornará atrativo se for relacionado com a realidade e os interesses dos alunos, uma vez que
Lemos (2009) nos afirma que os sujeitos que nasceram imersos no mundo digital interagem
simultaneamente com diferentes mídias ao mesmo tempo.
METODOLOGIA
A presente pesquisa é de natureza aplicada, onde segundo Appolinário (2011, p. 146)
objetiva “resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas’’A pesquisa é bibliográfica,
buscando informações referenciadas em obras publicadas, permitindo um conhecimento teórico
prévio sobre o assunto (FONSECA, 2022).
Também foram realizados trabalhos de campo; segundo o autor anteriormente citado,
essa forma de pesquisa tem característica investigativa, buscando juntar dados e resultados
sólidos e reais que reforcem a pesquisa bibliográfica.
Desta forma a presente pesquisa visou entender as dificuldades de aprendizagem dos
alunos de geografia do 6º ano durante as aulas remotas emergenciais de uma escola municipal
de Delmiro Gouveia- AL, sendo sua realização feita após o isolamento social no ano de 2023,
com alunos que vivenciaram as aulas no formato remoto emergencial no ano de 2020.
A pesquisa aconteceu por meio da aplicação de um questionário semi-estruturado com
10 perguntas, com questões objetivas para 36 alunos do 6º ano de Geografia de uma escola
municipal de ensino em Delmiro Gouveia. A análise dos dados foi feita através de gráficos,
construídos por meio dos questionários respondidos.
RESULTADOS E DISCURSÕES
Para iniciar a pesquisa buscou-se saber se os alunos possuíam acesso a internet em sua
residência, já que a mesma era uma ferramenta necessária para que houvesse a comunicação.
Na figura a seguir (figura 1) é possível perceber que dos 36 alunos que responderam o
questionário, 81% tinham internet em sua casa, enquanto 19% dos alunos não possuíam acesso
Apesar de na pesquisa realizada a maioria dos alunos possuírem acesso a internet, isso
não significa que a mesma é de qualidade. A falta ou a má qualidade da internet interfere de
forma direta no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Os 19% dos alunos que não
tinham acesso à internet acabaram sendo bastante prejudicados na pandemia, pois perderam o
contato direto com o professor de Geografia e com a turma, a fim de esclarecer qualquer dúvida.
Para Conceição (2012, p. 14) “o desafio, portanto é evitar que a internet seja mais um fator para
aumentar a desigualdade e exclusão social.
Na figura 2 foi perguntado aos alunos se os mesmos possuíam aparelho celular, nesta
questão foi possível constatar que 80% da turma possuíam celulares, no entanto é bem verdade
que o fato de possuir o aparelho de celular não significa que o mesmo seja de qualidade para
suportar todo o material que é mandado. 17% dos 36 alunos responderam que não possuía
aparelho celular, onde sua realidade de estudo acaba sendo mais complicada. Apesar de 80%
de a turma possuir acesso ao aparelho celular, isso poderia significar êxito no processo de ensino
e aprendizagem desses alunos? Para que aconteça de fato com excelência o ensino e
aprendizado são necessários muito mais que um aparelho móvel. Desta forma na figura seguinte
(figura 3) observamos que durante a pandemia, apesar dessa turma possuir em sua grande
maioria o aparelho celular ainda foi enorme o número de alunos com dificuldade de
aprendizagem.
Nesse sentido, na figura3 foi questionado aos alunos se eles sentiram dificuldade em
aprender. Dos 36 alunos que responderam o questionário, 83% dos alunos possuíram
dificuldade de aprendizagem enquanto apenas 17% dos alunos responderam que não possuíram
dificuldades. O interessante deste dado é que se o analisarmos juntamente com as figuras 01 e
02 perceberemos que mesmo 81% da turma possuindo acesso a internet e 83% dos alunos
possuírem celulares, os mesmo 83% dos alunos possuíram dificuldade de aprendizagem, o que
nos leva a pensar que talvez essa dificuldade enfrentada seja pelo modelo de aula remota na
qual não se estava acostumado a ter ou até mesmo a falta de concentração e disciplina para
focar nas aulas sem está fazendo uso das redes sociais no horário da aula de Geografia.
A figura 6 aborda em qual cômodo da casa o aluno costumava estudar. Dos 36 alunos
que responderam ao questionário, 33% estudavam na sala, 39% no quarto, 17% na cozinha e
11% na casa de amigos. A realidade da maioria dos alunos é não possuírem em sua casa um
espaço que corresponda ao lugar de estudo, e com a pandemia os mesmos tiveram que se adaptar
da forma que desse.
Assim, o ensino remoto acabou modificando toda rotina dos lares. De acordo com
Dalben (2020) a realidade vivida no momento de pandemia não foi fácil, os cômodos da casa
rapidamente precisaram se transformar em locais de estudo ou trabalho, famílias que precisaram
lidar com o desemprego, com perca de pessoas da família, tendo que conviver muitas vezes um
amontoado de pessoas no mesmo ambiente por não poder sair de casa.
A figura 7 mostra as dificuldades de aprendizagem, os alunos podiam escolher mais de
uma alternativa, levando em consideração as diversas dificuldades em que se depararam. Os
resultados apresentaram dados negativos em relação às aulas de Geografia no período remoto
emergencial. Dos 36 alunos que participaram da pesquisa 33 afirmaram ter dificuldade em
entender o conteúdo das aulas; 30 afirmaram ter dificuldades em se concentrar nas aulas, 27
alunos afirmaram ter dificuldade no acesso a aula e apenas três alunos afirmaram que não
tiveram dificuldades em aprender durante as aulas remota.
Os alunos que apresentaram dificuldade em entender o conteúdo, podem ser associados
com a grande demanda de informações durante esse período, o que acabava muitas vezes
dificultando a comunicação e explicação dos professores. Já a falta de concentração pode estar
relacionada ao ambiente ou a má utilização do celular e da internet durante as aulas por parte
do aluno. A dificuldade de acesso as aulas pode estar associada a conexão com a internet ou a
falta de uma internet de qualidade para esses alunos. Já os alunos que afirmaram não ter
dificuldade de aprendizagem não significam que os mesmos não foram afetados ou
prejudicados pelo formato de aula utilizada.
Na figura 8 nos deparamos com uma realidade vivida por muitos alunos, as aulas
remotas foram assustadoras não somente para os alunos, mas também para muitos pais que
precisaram reaprender novamente para ter a possibilidade de ajudar seus filhos. Dos 36 alunos
que responderam a pesquisa, apenas 14% puderam contar com a ajuda dos pais durante as aulas
remotas, enquanto 86% não obtiveram essa ajuda. Deveríamos culpar esses pais que não
ajudaram seus filhos durante esse momento pela falta de aprendizagem dos alunos? A realidade
vivida pelos pais no momento da pandemia foi gritante, existem muitas pessoas que não tiveram
oportunidade de estudar ou por algum motivo teve que parar no meio do caminho, e de repente
se depararam com uma situação de ter que ensinar seus filhos em sua casa e muitas vezes sem
as ferramentas necessárias.
Figura 8: Ajuda dos pais durante as aulas.
Dos 36 alunos, 6 tiveram aulas por meio de blocos de notas oferecido pela escola a
alunos que não possuíam acesso à internet ou celular. Desta forma, visando amenizar os danos
na aprendizagem dos alunos, o professor criava blocos de notas (com textos e atividades) para
que esses alunos não ficassem sem a aula de geografia. Dos 36 alunos, 29 comunicavam-se
fazendo uso do whatsapp, onde o professor criou grupos para que nesses grupos fossem
enviados trabalhos e até mesmo explicações dos conteúdos. Essa ferramenta foi escolhida por
tratar-se de algo que os alunos já estavam mais familiarizados e já faziam uso mesmo antes da
pandemia.
Ao analisarmos os dados da figura 10, podemos perceber que dos 36 alunos 25% tiveram
maior dificuldade na avaliação das pesquisas e 75% nas atividades enviadas. Devido à realidade
vivida por muitos alunos desta escola, como a falta de um ambiente de estudo e o suporte dos
pais, acaba sendo um reflexo dessa realidade, onde os alunos tiveram dificuldades em responder
as atividades passadas pelo professor e realizar as pesquisas.
Segundo Dalben (2019) o contato entre o aluno e o professor é muito importante para a
aprendizagem já que “aprendizagem exige mediação. Algumas por adultos mais experientes,
outras por pessoas com mais conhecimento para que as intencionalidades possam acontecer”.
(DALBEN, 2019, p.26 e 27)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho buscou identificar os problemas enfrentados por alunos da rede
pública nas aulas de Geografia durante o ensino remoto emergencial. Apesar de vivermos em
uma era na qual a tecnologia tornou-se parte das nossas vidas, quando analisada no ambiente
escolar fica nítido o quanto sua inserção tem se apresentado como desafio para muitos
professores e alunos, seja pela sua falta neste ambiente como também a falta de capacitação
para que seu uso de fato possa proporcionar aprendizagem.
Durante a pesquisa ficou claro que as maiores dificuldades enfrentadas por esses alunos
foram: dificuldade de acesso, dificuldade de concentração, dificuldade em compreender os
conteúdos e a falta de auxílio dos pais ou responsáveis na resolução de atividades e pesquisa.
Ao observarmos os resultados da pesquisa podemos perceber, ao nos referirmos sobre a
aprendizagem desses alunos de Geografia no período emergencial, que o uso precoce dos
ambientes virtuais tanto por professores como alunos sem os preparos devidos, acarretou
dificuldades de aprendizagem pela falta do relacionamento aluno-professor e no contato com a
escola, que influenciam significativamente no processo de aprendizagem.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A aula de campo foi selecionada como a metodologia central deste estudo devido à sua
capacidade singular de proporcionar uma imersão completa e significativa no ambiente em
estudo (DE JESUS; SANTOS, 2019). Esta abordagem permitiu que os alunos explorassem e
interagissem com os ambientes reais, promovendo uma conexão mais profunda com os
conceitos abstratos de paisagem e lugar.
Essa atividade fez parte da “gincart” – uma gincana que envolve a disciplina de arte e
demais disciplinas, que movimenta os alunos durante duas semanas na escola, a interação e
criatividade são a intencionalidade. Na prova denominada de “do real ao que eu vejo” foi
exigido que os alunos fizessem fotos ou desenhos de pontos turísticos de Picuí/PB. Após uma
conversa com a turma eles decidiram relacionar as fotos com o desenho.
Durante as aulas de campo na cidade, os alunos foram guiados pelos professores de
Geografia da Escola Ana Maria Gomes, situada do município de Picuí, que os orientaram na
observação e análise dos elementos que compõem o cenário urbano e a identidade local. Através
de atividades práticas, como levantamentos fotográficos e os alunos foram desafiados a refletir
de maneira crítica sobre a interação entre o espaço físico e a percepção subjetiva.
Esta metodologia, portanto, foi essencial para atingir os objetivos estabelecidos nesta
pesquisa. Ao integrar a teoria à prática de forma integrada e envolvente, as aulas de campo se
revelaram um instrumento valioso na promoção de uma educação mais contextualizada e
enriquecedora, preparando os alunos para compreender e apreciar de forma mais profunda o
ambiente que os cerca (MOREIRA; MARQUES, 2021).
Outra metodologia utilizada foi o uso do desenho como metodologia para representar o
espaço vivido, uma abordagem poderosa na Geografia, permitindo aos alunos utilizem uma
maneira tangível e criativa de expressar suas percepções e experiências pessoais em relação ao
ambiente ao seu redor. Ao desenhar o espaço vivido, os alunos têm a oportunidade de traduzir
visualmente as nuances e características do ambiente em que residem, trabalham ou frequentam
cotidianamente (GEMELLI, 2020). Eles podem representar elementos físicos, como ruas,
edifícios, parques, além de aspectos culturais, como comércios locais, pontos de encontro e
outras características que fazem parte da sua rotina.
Esta abordagem facilita a observação e a análise dos detalhes que compõem o ambiente
vivido, estimulando uma compreensão mais profunda da relação entre os elementos presentes
e as atividades realizadas no dia a dia (GEMELLI, 2020). Além disso, o desenho como método
proporciona uma oportunidade para os alunos considerarem as mudanças que ocorrem ao longo
do tempo em seu ambiente familiar.
A prática constante do desenho pode levar os alunos a aprimorarem sua capacidade de
observação e interpretação, habilidades valiosas para a compreensão e leitura crítica do espaço.
Ao final, ao utilizar o desenho como metodologia para representar o espaço vivido, os alunos
não apenas ganham uma nova perspectiva sobre seu ambiente imediato, mas também
fortalecem sua conexão emocional e intelectual com o lugar em que vivem, enriquecendo,
assim, a sua compreensão do espaço geográfico.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Praça dos Garimpeiros, “Severino Pereira Gomes” foi inaugurada em 2012, que
representa a vocação mineral de Picuí e, segundo alguns garimpeiros antigos, durante a Segunda
Guerra Mundial, houve um maior índice de exploração mineral na região, no qual norte-
americanos se instalaram na cidade e exploraram inúmeras toneladas de Berilo, Tântalo, Nióbio
e Tungstênio para o fabrico de equipamentos bélicos. A obra “os garimpeiros” é do artista
picuiense Manoelzinho, e ilustra o garimpeiro em seu ambiente de trabalho (SOBRINHO,
2012).
Os alunos salientaram que é essa parte da cidade é muito frequentada por eles, pelos
habitantes em geral e por pessoas que frequentam a cidade em dia de feira, pagamento (pois
fica próxima a um importante bando da cidade). Por se tratar de uma arte muito bem preservada
ainda, para muitos que nunca foram num museu ou exposição, é o primeiro contato com uma
obra tão detalhada e representativa.
Como resultado da observação pode-se trabalhar com eles fonte de economia, impactos
socioeconômicos através da extração de minério, degradação ambiental, recuperação de áreas
degradadas, rochas e minerais, exploração comercial e de recursos naturais em países
emergentes etc. A área conta ainda com uma estrada de acesso ao centro da cidade em que a
rocha foi danificada e os suas camadas estão expostas, podendo haver a análise das rochas
sedimentares e erosão potencial.
Outro ponto turístico de Picuí é do seguimento religioso, independente da religião que
os alunos sigam, eles identificam o cruzeiro e a igreja matriz como um potencial turístico e
econômico para a cidade.
Figura 03: Representação da Capela Alto do Cruzeiro do Bairro
Monte Santo
O relógio foi erguido no lugar onde se encontrava o antigo edifício comumente chamado
de "Ferro de Engomar", situado no coração da cidade de Picuí, grande parte da estrutura é
composta por granito Bordô, uma pedra extraída tanto no município quanto na região, utilizada
para fins ornamentais (SOBRINHO, 2014). A outra representação é a da ponte sobre o Rio
Picuí, a imagem é histórica, retirada da internet pela aluna.
Embora tenha sido uma das atividades da “gincart”, os professores envolvidos puderam
desenvolver conhecimentos de cada disciplina. O uso do desenho na compreensão da paisagem
e do espaço vivido demonstrou-se ser uma prática valiosa para as aulas de Geografia. E junto
da aula de campo, foi notado a aproximação dos alunos aos conceitos de paisagem e lugar,
proporcionando uma experiência educacional diferente. Esta metodologia vai além do ambiente
tradicional de sala de aula, oferecendo aos alunos a oportunidade de vivenciar o ambiente que
estão estudando e desenvolver o raciocínio geográfico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AGRA, Fabiana de Fátima Medeiros. Picuí do Seridó, século XX, volume 1, 1900–1950. João
Pessoa: A União, 2014.
CARNIETTO, Adrieli Cristina et al. (Re) conhecendo meu lugar: a apropriação dos conceitos
geográficos pelos educandos do 6º ano do Ensino Fundamental de Botucatu-SP. 2021.
Disponível em: https://repositorio.unesp.br/items/f22f2c5d-fa80-497d-893f-e2d58c29132e.
Acesso em: outubro, 2023.
DE JESUS, Myrian Cristina Santos; SANTOS, Mateus Ferreira. A Aula de Campo no Ensino
da Geografia: experiências cotidianas na cidade para construção de aprendizagens. Revista
Ensino de Geografia, Pernambuco, v. 2, n. 1, 2019.
KRUL, Jeniffer Maiara; ALBERTI, Eliane do R. Lugares da infância: a escola como espaço de
formação sócio-histórico-cultural. Horizontes, v. 40, n. 1, p. e022048-e022048, 2022.
MORALES, Jefferson Eduardo da Silva. Mudanças na paisagem: o olhar dos citadinos sobre
as intervenções no Núcleo Histórico de Boa Vista - Roraima. Dissertação (Mestrado em
Ciências Ambientais) - Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais, Universidade
Federal de Roraima, Boa Vista, 149p. 2020.
MOREIRA, Gileno Santos; MARQUES, Roseane Neves. A importância das aulas de campo
como estratégia de ensino-Aprendizagem. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 5, p.
45137-45145, 2021.
SOBRINHO, Antonio de Pádua. Picuí – PB: Praça dos Garimpeiros será Inaugurada na Festa
de Emancipação Política, 2012. Disponível em: https://sobrinhopicui.blogspot.com/2012/03/
picui-pb-praca-do-garimpeiro.html. Acesso em: outubro, 2023.
SOBRINHO, Antonio de Pádua. Picuí - Pb: Relógio De “Pedra” Com Certeza É Mais Um
Cartão Postal Da Cidade, 2014. Disponível em: https://sobrinhopicui.blogspot.com/2014
/01/picui-pb-relogio-de-pedra-e-inaugurado.html. Acesso em: outubro, 2023.
SOBRINHO, Antonio de Pádua. Alto Do Cruzeiro É Um Dos Garimpos A Céu Aberto Mais
Antigo De Picuí, 2017. Disponível em: https://sobrinhopicui.blogspot.com/2017/03/alto-do-
cruzeiro-e-um-dos-garimpos-ceu.html. Acesso em: outubro, 2023.
Kinsey Pinto
orcid.org/0009-0002-5528-3530
Universidade Federal de Alagoas
kinseysp@gmail.com
INTRODUÇÃO
É notável que o mundo vem mudando drasticamente nas últimas décadas, a partir da
evolução técnico-científico-informacional e do advento da Globalização. A criação e o
desenvolvimento da rede mundial de computadores no final do século XX foi, sem dúvida, um
dos fatores que mudou as formas como vemos e nos relacionamos com o mundo. A escola,
como objeto inserido no espaço, também ficou suscetível a essas mudanças, seja pela inclusão
de novas tecnologias ou pelas novas experiências dos seus participantes.
Atualmente, a tecnologia está sendo cada vez mais disseminada e faz parte do cotidiano
da maioria dos estudantes, nesse aspecto trabalhar com tecnologias no ensino de cartografia
pode ser motivador, já que os alunos estão familiarizados com o meio tecnológico. Conforme
os dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2017, cerca de 71% dos
jovens na faixa etária entre 15 a 24 anos estavam conectados à internet (KEELEY; LITTLE,
2017). No Brasil, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD) de 2018, 71,3% da população estudantil possuía acesso à internet (SILVA et al., 2020).
Para Rocha e Bernadino (2014), as novas mídias têm impacto nas ações, costumes e
possibilidades, sendo responsabilidade do professor utilizar essas ferramentas para transformar
aulas “monótonas” em experiências inovadoras e interessantes. Para acompanhar essa
evolução, os professores de Geografia devem criar novas condições educacionais, adaptando-
se à dinâmica mundial atual com atualização constante. Isso garantirá a diversificação
metodológica, atendendo aos interesses dos alunos.
Entretanto, trabalhar com tecnologia em sala de aula e no ensino de cartografia pode ser
desafiador. Os alunos enfrentam desafios na interpretação e compreensão de conteúdos
cartográficos, na representação de mapas, na localização e orientação espacial, bem como no
entendimento das proporções entre a realidade e sua representação (ROCHA e BERNADINO,
2014). No entanto, é possível destacar alguns motivos por trás dessas dificuldades.
Atualmente existe uma riqueza em recursos tecnológicos que podem auxiliar no ensino
cartográfico, através de imagens, viagens virtuais, realidade virtual ou aumentada, vídeos e
aplicativos que facilitam a compreensão cartográfica. O livro didático, atlas e outros recursos
são relevantes, mas não se deve excluir outras possibilidades, a exemplo de sites educativos
como Google Maps, Google Earth e Google Street View, a utilização desses podem ser uma
maneira eficaz de revitalizar o ensino de Geografia.
Desta forma, levando em consideração essas mudanças, que surgiram devido à expansão
e ao aperfeiçoamento da internet, bem como toda evolução tecnológica, que permitiu, por
exemplo, um fácil acesso a bancos de dados georreferenciados e a programas que
democratizaram a produção de mapas. É possível dizer que as tecnologias têm a vantagem de
trazer os assuntos abordados em sala de aula para o lugar de vivência dos alunos, pois com o
uso dessas tecnologias, os professores podem trazer os conteúdos abordados para o local de
vivência dos alunos, elaborando atividades, criando mapas, ou simplesmente analisando e
refletindo com os alunos sobre os aspectos de seus espaços de vivência, tornando essas aulas
mais significativas.
Diante disso, o presente estudo teve como objetivo debater a função e importância da
Cartografia nas aulas de Geografia do ensino básico, analisando desde as suas aplicações nas
salas de aula ao uso de tecnologias cartográficas pelos docentes em formação. Desta forma, a
pesquisa busca contribuir para o enriquecimento do conhecimento sobre o ensino de Cartografia
nas aulas de Geografia.
METODOLOGIA
A pesquisa bibliográfica é, sem dúvida, uma das fontes mais importantes de pesquisa
e constitui etapa prévia a ser feita em um processo de pesquisa, seja qual for o
problema em questão. Isto se deve ao fato de que é absolutamente necessário um
conhecimento prévio do estágio em que se encontra um assunto, antes de iniciar se
qualquer estudo, para não correr o risco de se pesquisar um tema que já foi
amplamente pesquisado. (FERNANDES e GOMES, 2003, p. 3)
Após a revisão de literatura, houve a realização de uma pesquisa qualiquantitativa com
os graduandos de licenciatura do IGDema. O questionário foi direcionado aos estudantes dos
períodos finais da graduação, pois estes já viram as disciplinas que abordam a Cartografia
diretamente, fizeram estágios obrigatórios em escolas, e estão prestes a se formar e adentrar no
mercado de trabalho, ou já lecionam.
Para concluir, foi feita a análise desses dados e realizada a apresentação e discussão.
Foram utilizados dados de natureza documentais, bibliográficos, relatos e experiências pessoais
no processo de interpretação da descrição das respostas. As análises foram realizadas
procurando responder aos objetivos da pesquisa, mas ao mesmo tempo, trazer novas
inquietações, identificando e descrevendo as dificuldades e obstáculos encontrados pelos
graduandos em licenciatura em Geografia do IGDema.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ainda em seu estudo sobre as concepções a respeito do raciocínio geográfico, Luz Neto
e Leite (2021) defendem o raciocínio geográfico como um processo cognitivo a ser
desenvolvido com os alunos, pelo professor de Geografia, na escola, com o objetivo de
instrumentalizá-los a interpretarem e atuarem nas suas práticas espaciais. Os autores salientam
que cabe ao professor de Geografia, na educação básica, criar situações estratégicas para a
mediação e construção deste conhecimento junto ao aluno.
Para Rodrigues (2018) “é na construção do raciocínio geográfico que os alunos se
alfabetizam em Geografia, e isto ocorre na medida em que eles conseguem problematizar,
avaliar, questionar, justificar, utilizando o pensamento geográfico”. Desta forma, entendendo
do que se trata o raciocínio geográfico e como este pode ser desenvolvido, torna-se mais fácil
o entendimento a respeito da importância da Cartografia nas aulas de Geografia.
Nesta perspectiva, já sabendo que um dos principais objetivos das aulas de Geografia é
desenvolver o raciocínio geográfico dos alunos, como foi possível observar na BNCC, e de que
um dos campos necessários para o desenvolvimento do raciocínio geográfico é a representação
espacial, é desta forma possível dizer que a Cartografia, mais do que um simples complemento,
é essencial para as aulas de Geografia.
Para Brasil (2018) “desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das linguagens
cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geotecnologias para a
resolução de problemas que envolvam informações geográficas.”, é uma das competências
específicas de Geografia para o Ensino Fundamental.
No entanto, quando questionados sobre esta competência, 54,1% dos participantes não
se consideram aptos a desenvolver o pensamento espacial dos alunos da educação básica, por
meio do uso das linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das
geotecnologias para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas.
No entanto, como visto na afirmação de Oliveira (1993), “a fonte maior de lavor que a
geografia empresta à cartografia não se restringe tão-somente à elaboração de mapas
temáticos”. Em outras palavras, é possível dizer que os mapas não são as únicas formas de uso
da Cartografia na Geografia. De acordo com o IBGE (1999) além dos mapas, outras formas de
representações cartográficas são globo, carta, planta, mosaico, fotocarta, ortofotocartas,
ortofotomapa, fotoindice e carta imagem.
Indo além destes exemplos mais clássicos, no uso da cartografia nas salas de aulas é
possível apontar e usar outros elementos como recursos didáticos. Com base em uma das
competências específicas da Geografia para o Ensino Fundamental, a de “desenvolver o
pensamento espacial, fazendo uso das linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes
gêneros textuais e das geotecnologias para a resolução de problemas que envolvam informações
geográficas.” (BRASIL, 2018).
É neste ponto que lançamos mãos da Cartografia enquanto método científico para
trabalhar com os alunos estes conceitos e para auxiliar o desenvolvimento deste. Como pode
ser visto na conceituação de Oliveira (1993), a Cartografia pode ser entendida como um método
científico, que por sua vez, de acordo com a Associação Cartográfica Internacional, 1966 e
2003, é composta pela ciência, arte e tecnologia.
Desta forma, torna-se necessário debater a respeito do uso destas tecnologias na
cartografia, nas aulas de Geografia. Assim, fizemos o questionamento aos discentes com
relação ao uso de tecnologias como recurso didático para o ensino de Cartografia nas suas aulas
de Geografia, a maioria dos entrevistados mostrou-se bem receptível à ideia, com 91,9%
dizendo que usam, ou pretende usar alguma tecnologia como recurso didático em suas aulas.
Questionamos se os discentes tinham trabalhado com algum software SIG como recurso
didático durante a sua graduação, 70,3% dos entrevistados, 26 discentes, disseram que não
possuíram nenhum contato com estas ferramentas. Já 29,7%, 11 discentes, falaram que tiveram
contato com softwares SIG durante a graduação, o mais citado foi o software SIG QGIS.
Também foi questionado quais recursos didáticos que abordam elementos cartográficos
o discente se sente mais confiante em utilizar em suas aulas de Geografia (Figura 01), o software
Google Earth foi o mais apontado, com 13 escolhas, 35,1%; seguido pelo uso de mapas/atlas,
com 8 escolhas, 21,6%; e Google Maps / Street View, com 7 escolhas, 18,9%. O livro didático
foi o que apresentou menos escolhas, em relação a confiança em seu uso nas salas de aula, com
2,7%.
Figura 01: Recursos didáticos que abordam elementos cartográficos que os discentes se sentem seguros em
utilizar nas aulas de Geografia.
Corroborando com Silva e Toffolo (2018), em que para as autoras “o ensino cartográfico
pressupõe um conjunto amplo de conhecimentos destinados a preparar o estudante para o
domínio da linguagem, o que habilite a ler o mundo através de diferentes representações da
cartográficas”. Todo este arcabouço irá auxiliar em seu papel como instrumento para a
representação espacial nas aulas de Geografia.
Estes aspectos corroboram fortemente com as afirmações acerca de para que servem as
aulas de Geografia. Segundo Brasil (2018), no qual, “estudar Geografia é uma oportunidade
para compreender o mundo em que se vive, na medida em que esse componente curricular
aborda as ações humanas construídas nas distintas sociedades existentes nas diversas regiões
do planeta”. Mais uma vez corroborando e evidenciando a importância da Cartografia para as
aulas de Geografia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho desenvolvido buscou analisar a importância da Cartografia nas aulas de
Geografia. Discutir este tema se faz pertinente, pois para se pensar como a Cartografia é e será
trabalhada nas salas de aula da educação básica, primeiro se faz necessário entendimento desta
ferramenta por parte dos docentes. Para isso, é relevante que os professores de graduação,
educação básica e futuros professores adotem uma postura mais construtivista e trabalhem com
novas formas de aprendizagem.
É possível dizer que a Cartografia não pode ser negligenciada em nenhum dos níveis de
ensino. Com relação ao problema investigado na pesquisa, os discentes de Geografia
Licenciatura do IGDema descreveram que sentem muita dificuldade em aprender Cartografia e
não apresentam segurança em ministrar aulas sobre este conteúdo futuramente.
REFERÊNCIAS
KEELEY, B.; LITTLE, C. The State of the World’s Children 2017: Children in a Digital
World. UNICEF. United Nations Plaza: New York, 2017.
LUZ NETO, D. R. S.; LEITE, C. M. C. Elementos constituintes do raciocínio geográfico: uma
discussão teórica para a educação básica. Signos Geográficos, Goiânia-GO, v.3, 2021.
INTRODUÇÃO
A educação ambiental na escola tem como objetivo sensibilizar os alunos para questões
ambientais e promover ações em prol da sustentabilidade. Isso visto que por muitas vezes, maus
hábitos relacionados ao meio ambiente são adquiridos no âmbito doméstico, destacando a
relevância do ambiente escolar na promoção de mudanças positivas desses hábitos. Dentro
desse contexto, a escola desempenha um papel crucial na formação dos estudantes, capacitando-
os a compreender, conservar e preservar o meio ambiente.
Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é enfatizar a aplicabilidade dos jogos com
narrativas fílmicas, usando um jogo de tabuleiro como recurso didático. A narrativa escolhida
para embasar essa abordagem é a do filme “Avatar”, que permite explorar o contexto da
educação ambiental de maneira lúdica e significativa, proporcionando uma experiência
educacional envolvente e eficaz para os estudantes.
METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado por meio de uma pesquisa qualitativa, e se constituiu em
uma revisão bibliográfica de artigos científicos presentes em plataformas digitais como Google
Acadêmico e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Para isso, uma análise
aprofundada de conceitos-chaves relacionados a este campo de pesquisa como “cinema como
recurso didático”, “gamificação”, “jogo de tabuleiro” e “educação ambiental” foi realizada.
Considerando que, um jogo educativo deve criar um ambiente crítico que promova a
sensibilização dos alunos para a construção do conhecimento, proporcionando oportunidades
prazerosas para o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas (Pereira, Fusinato e Neves,
2009). Nesse sentido, o jogo de tabuleiro deve ser cuidadosamente projetado para refletir
elementos dos filmes, como ilustrado no jogo intitulado "Desbravando Pandora" (Figura 01)
que incorpora como estratégia adotada um recorte de cena como plano de fundo, trazendo o
mundo de Pandora para dentro do jogo.
“Ao escolher um conjunto de funções mecânicas como crucial para o seu jogo, você
terá de escolher a tecnologia que pode suportá-lo, a estética que o enfatiza claramente
para os jogadores e uma narrativa que permita à mecânica do jogo fazer sentido para
os jogadores”.
Figura 01: Jogo de Tabuleiro Desbravando Pandora
O raciocínio lógico do indivíduo tem se tornado cada vez mais relevante em relação
a sua capacidade de aquisição e memorização de conhecimento. Saber pensar,
analisar, ter um pensamento crítico, aprender a solucionar problemas são fatores
primordiais para o sucesso na vida (Ribas, Giordani, 2014, p.1).
Essa estratégia educacional não apenas intensifica o interesse pelo jogo, mas também
coloca em destaque a importância da conexão entre a trama fictícia do filme e os desafios reais
enfrentados na vida cotidiana. Ao fazer isso, ela vai além do mero ensino da educação ambiental
aos estudantes, transformando-se em uma plataforma eficaz para inspirar e motivar ação prática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados deste estudo, fica claro que a combinação de narrativas
cinematográficas e gamificação pode ser uma abordagem altamente eficaz no contexto
educacional. A incorporação da narrativa do filme “Avatar” em um jogo de tabuleiro centrado
em questões ambientais oferece uma série de benefícios educacionais significativos.
Primeiramente, essa abordagem tem o potencial de cativar a atenção dos alunos de forma
imediata. A familiaridade com a narrativa do filme desperta o interesse dos estudantes e os
motiva a relacionar as questões ambientais apresentadas na trama com situações reais em seu
ambiente cotidiano. Essa conexão direta entre o conteúdo acadêmico e a vida prática é essencial
para uma aprendizagem profunda e duradoura.
Além disso, a gamificação introduz uma dimensão interativa e lúdica ao processo de
ensino-aprendizagem. Ao transformar os conceitos ambientais em desafios dentro do jogo, os
alunos são incentivados a desenvolver habilidades cognitivas, como resolução de problemas e
pensamento crítico, de maneira envolvente. A colaboração entre os alunos, frequentemente
promovida por jogos, também contribui para o desenvolvimento de habilidades sociais, como
trabalho em equipe e comunicação.
Essa estratégia não apenas enriquece o processo educacional, mas também capacita os
alunos a se tornarem cidadãos conscientes e ativos, prontos para contribuir para a preservação
do meio ambiente em suas vidas diárias e em suas futuras carreiras. Portanto, essa abordagem
representa uma ferramenta educacional valiosa que merece ser considerada em diversos
contextos de ensino.
REFERÊNCIAS
CARRETTA, M. L. Como fazer jogos de tabuleiro: manual prático. 1. ed. Curitiba: Editora
Appris. 2020.
INTRODUÇÃO
Historicamente, a geografia enquanto ciência e dentro do sistema educacional, percorreu
diversas tendências que consecutivamente influenciaram nos fazeres didáticos, iniciando por
métodos tradicionais que se centravam no detalhamento e na descrição dos elementos presentes
no espaço. Contudo, a partir dos anos 60 com a relevância que a Geografia crítica ganhou na
ciência, a mesma começa a ser executada de forma a estimular a criticidade dos alunos,
levantando pontos de articulação entre o homem e o meio, por exemplo.
Neste contexto, há também dentro do processo evolutivo a inserção da problematização
dos assuntos aplicados, assim como a introdução de diversas ferramentas para o uso didático,
como a tecnologia, as metodologias ativas que inclui a gamificação, e que ao serem usadas
auxiliam no processo de ensino-aprendizagem para a percepção do conteúdo de diferentes
modos. Propiciando, desta forma, a imersão dos alunos a partir da teoria para a realidade. Sendo
assim, a inserção dos variados métodos promoveu a maior participação dos discentes acerca
das abordagens em sala de aula, ou seja, além dos conceitos, há o estímulo do pensamento
crítico e de protagonismo do aluno. Algo que antes era dividido entre detentor do conhecimento
representada pela figura do professor, e o aluno que apenas absorvia e replicava, passa a surgir
novos modos, como a interdisciplinaridade e maior protagonismo do discente.
Deste modo, às metodologias ativas de aprendizagem (MAA) são justamente
mecanismos de grande potencial para articulação dos referenciais teóricos de forma que o aluno
seja o protagonista.
METODOLOGIA
Por meio de uma pesquisa participante, o presente trabalho teve como campo de estudo
uma escola pública, especificamente em uma turma do Fundamental II, do 6 ano. A pesquisa se
deu durante o primeiro bimestre do ano de 2023. Outrossim, embora a escola tenha uma boa
estrutura e possibilidades para os alunos e professores, os métodos utilizados podem ser
aplicados em qualquer outra instituição que não tenha tanto suporte. Desse modo, seguindo a
Base Comum Curricular (BNCC) e o livro didático Expedições geográficas: 3a edição”, do 6
ano; o tema para aula foi a “Localização no Espaço Geográfico”, tendo como tópicos: A rosa
dos Ventos, os Paralelos e Meridianos Terrestres, latitude e longitude e o GPS.
Destarte, as metodologias aplicadas se deram por meio de uso do Google Earth, na qual
utilizou-se de dois celulares para exibição do aplicativo e manuseio por parte dos alunos, como
também a aplicação de uma gamificação na qual foi intitulada de “Quiz das coordenadas
geográficas”. Sendo assim, por meio de etapas cronológicas, a análise de potencial das
metodologias ativas na turma em questão foi realizada inicialmente por uma aula expositiva e
consecutivamente pela formação de grupos para compreensão e uso prático do Google Earth,
finalizando com a realização da gamificação. Logo, o uso do Google Earth teve o intuito de
articular os conteúdos com algo que faça parte da vida dos estudantes, e através da gamificação
o objetivo foi gerar uma maior aprendizagem dos conteúdos apresentados na aula, gerando
interação, construção e diálogo entre os mesmos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os recursos tecnológicos tornaram-se indissociáveis à muitas atividades básicas que são
realizadas no dia a dia, para o setor educacional este se encontra cada vez mais usado e
aprimorado. Nessa perspectiva, Segundo Ribas (2008), o professor deve ser alguém criativo,
competente e comprometido com o advento das novas tecnologias, interagindo em meio à
sociedade do conhecimento, repensando a educação e buscando os fundamentos para o uso
dessas novas tecnologias, que causam grande impacto na educação e determinam uma nova
cultura e novos valores na sociedade. Logo, na geografia aplicar os diversos recursos
provenientes se torna necessário para entender a ciência e estimular a busca e pesquisa.
Promovendo também o estímulo da linguagem oral, escrita e visual; que neste caso ocorreu
através do uso do Google Earth.
Além disso, sob as metodologias ativas, essas não podem ser aplicadas de qualquer
forma, isso porque para ter uma efetividade é necessário que o professor análise quais
habilidades e competências os alunos têm ou podem atravessar, sempre considerando seus
respectivos estágios de desenvolvimento cognitivo. Para Piaget (1960), por exemplo, os seres
humanos desenvolvem-se em estágios, eles são: Sensório-Motor, Pré-Operacional, Operacional
Concreto e Operacional Formal; neste último trata-se dos pré adolescentes a partir dos 11 anos,
nessa fase já existem, segundo Monteiro e Chiaro (2012, p. 66):
Entretanto, apesar dos estudos sobre o tema, existem algumas particularidades em que
a criança/ adolescente não se desenvolve de tal forma, logo é importante ter uma maior atenção
para isso e propor variáveis na sua metodologia, caso seja necessário. Entender a configuração
de cada turma e suas diferenças, é outro aspecto importante a ser pensado, pois muitas vezes o
que funciona para uma turma, para outra já não funciona. Como já mencionado, entende-se as
MAA como maneiras de promover o conhecimento junto com outras atividades que os alunos
possam pensar e articular de forma que vá além do que foi aprendido, seja ela de forma isolada
ou principalmente de forma coletiva. Ademais, existem alguns tipos de Metodologias Ativas de
Aprendizagem, pensadas para se trabalhar de forma generalizada e/ou específica, como por
exemplo:
• Aprendizagem baseada em problemas (Problem-Based Learning (PBL): Ocorre por
meio da inserção dos alunos em uma problemática para que assim possam compreender os
conceitos. Propiciando aulas interdisciplinares em que os discentes buscam em variadas fontes
e trabalham em grupo para conseguir chegar a uma ou mais resolução do problema colocado.
A aprendizagem baseada em problemas, de forma mais ampla, propõe uma matriz não
disciplinar ou transdisciplinar, organizada por temas, competências e problemas
diferentes, em níveis de complexidade crescentes, que os alunos deverão compreender
e equacionar com atividades individuais e em grupo. Cada um dos temas de estudo é
transformado em um problema a ser discutido em um grupo tutorial que funciona
como apoio para os estudos. (Bacich; Moran, 2018, p. 59).
MÉTODO AVALIATIVO
Nessa perspectiva, de acordo com Souza (2007, p. 111), “recurso didático é todo
material utilizado como auxílio no ensino-aprendizagem do conteúdo proposto para ser
aplicado pelo professor a seus alunos”, deste modo, utilizar os recursos que a internet
proporciona é de grande eficácia em sala de aula. Para isso, foi realizado o uso de ferramentas
tecnológicas e do recurso didático chamado Google Earth. Para isso foram necessários dois
celulares: um para exemplificar as ferramentas do Google Earth e o outro para manuseio
compartilhado dos discentes. Neste sentido, após a explicação teórica dos assuntos
supracitados, foi solicitado que os alunos formassem grupos de seis pessoas e a resolução de
uma pergunta: “Quais as coordenadas geográficas da escola?”. Após a formação dos grupos, foi
exibido o planeta terra no app Google Earth e explicado as funcionalidades do sistema.
De forma detalhada, inicialmente para que eles pudessem ter uma visualização geral da
proposta, foram exibidos diversos locais nos quais os alunos já conheciam, para que assim seu
primeiro contato com a ferramenta fosse mais incisivo. Além disso, posteriormente foi pedido
que o grupo escolhesse um local para que os assuntos discutidos na aula teórica pudessem ser
de fato sincronizados com o uso do Google Earth. Após a escolha foi exibido cada local tanto
em nível nacional quanto local, ensinando-os às possibilidades que o aplicativo permite em
diversas escalas.
Por fim, após o contato inicial com a ferramenta, foi apresentado as coordenadas
geográficas dos locais escolhidos, sempre retornando a alguns tópicos retratados durante a aula,
como localização, latitude, longitude... Portanto, foi apresentado o que cada número ou sigla
(minuto ou segundo) de uma coordenada geográfica significa. Atrelado a isso, o outro celular
relatado anteriormente, foi passando de integrante a integrante do grupo durante toda atividade.
Por fim, cada grupo obteve cinco minutos para que achassem as coordenadas geográficas da
escola, conforme demonstrado nas Figuras 1 e 2.
O jogo foi configurado em duas partes, uma encontra-se os termos e imagens em forma
de perguntas, e na segunda parte do quiz estão as lacunas para preenchimento das respostas.
Neste caso foram distribuídas as duas partes do jogo e 11 respostas para cada aluno, sendo
apenas 9 dessas corretas. O game foi bem aceito pelos alunos, sua execução foi realizada em
grupo, deste modo, eles resolveram e discutiram as perguntas com base na explicação em sala
de aula, mas também com o uso do caderno, livro didático e supervisão caso precisassem.
Para Alves (2015, p. 3) “A gamificação não é aplicável apenas com o uso de
tecnologia, muito pelo contrário. Ela existe nas formas mais primitivas e onde menos
imaginamos que ele possa estar.” Desse modo, não foram necessários instrumentos
tecnológicos, facilitando a sua realização em escolas que não são amplamente equipadas. O
importante foi gerar o estímulo de buscar em novas fontes de pesquisa e usar o conteúdo
construído para benefício durante o seu dia a dia, pois esse é o maior propósito.
Ao finalizar a gamificação foi realizada uma conversa na qual foram socializadas todas
as respostas do jogo, a partir disso os alunos puderam entender onde erraram e a razão do erro,
(Figura 4). Corroborando com os estudos que apontam a importância do ensino sob diferentes
vieses, ou seja, neste caso sendo com o uso das metodologias ativas, permitindo assim colocar
o aluno como protagonista desse processo. Para Wall et al. (2008), o processo de ensino-
aprendizagem, a partir do uso da gamificação, acontece quando o aluno passa a ser protagonista
de seu processo de aprendizagem e os professores assumem o papel de
mediadores/facilitadores.
Deste modo, a assertividade do Quiz foi satisfatória, tendo em vista que todos
participaram e discutiram em grupo sobre as perguntas, possíveis respostas, erros e acertos.
Essa didática reforçou a importância de mesclar maneiras de aplicar o conhecimento em sala
de aula, alinhando os métodos tradicionais às infinitas possibilidades que as atuais inovações
permitem realizar.
Percebeu-se também que a atividade realizada aflorou tanto a coletividade quanto a
individualidade dos envolvidos, pois ao realizar o jogo eles discutiram e se ajudaram, mas em
contrapartida muitos colocaram respostas diferentes, comprovando que permaneceu a
individualidade durante a atividade. Como apresenta o gráfico abaixo, dos 32 alunos
participantes, 20 acertaram todas as questões, 4 erraram mais de uma questão, e 8 erraram
apenas uma questão.
Figura 05: Resultado obtido a partir da análise do Quiz
Diante desta pesquisa foi possível perceber que a participação dos alunos sobre
as diversas abordagens foi incisiva e eficaz, isso porque todos ao saberem que após a realização
da aula expositiva teria uma atividade diferente da tradicional, ficaram extremamente animados
e atentos para não perderem os detalhes e consecutivamente conseguir realizar o jogo, percebe-
se a partir disto que a atividade conseguiu captar a atenção dos alunos e reter de forma
prolongada o foco e interatividade. Além disso, a pesquisa reiterou a importância da aplicação
dos métodos avaliativos no processo de aprendizagem de forma prolongada e continuada para
obtenção de resultados satisfatórios.
REFERÊNCIAS
BRASIl. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em 2 set. 2023.
FADEL, Luciane Maria; ULBRICHT, Vania Ribas; BATISTA, Cláudia; VANZIN, Tarcísio.
Gamificação na Educação. Pimenta Cultural: São Paulo. 2014.
MURR, Caroline; FERRARI, G.; Entendendo e aplicando a gamificação: O que é, para que
serve, potencialidades e desafios. Florianópolis: UFCS:UAB, 2020.36p. Disponível em:
https://sead.paginas.ufsc.br/files/2020/04/eBOOK-Gamificacao.pdf. Acesso em 8 set. 2023.
MUSSOI, E.; CASSOL R.; Cirolini A.; MOTA P. Metodologia do ensino da Geografia. 1. ed.
- Santa Maria: UFSM, Pró-Reitoria de Graduação, Centro de Educação, Curso de Graduação a
Distância de Educação Especial, 2005. 80 p.
MORAN, J. M. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 13. Ed. Campinas: Papirus, 2007.
SANTOS, Danielle Fernandes Amaro dos; CASTAMAN, Ana Sara. Metodologias ativas: uma
breve apresentação conceitual e de seus métodos. Revista Linhas. Florianópolis, v. 23, n. 51,
p. 334-357, jan./abr. 2022. Disponível em:
https://revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/download/20185/14399/85416. Acesso em 9
set. 2023.
GT4: MOVIMENTOS
SOCIAIS E ENSINO DE
GEOGRAFIA
DEFICIENTES VISUAIS E A MOBILIZAÇÃO DE PRINCÍPIOS
GEOGRÁFICOS PARA A LEITURA DO RELEVO EM MAQUETES TÁTEIS
INTRODUÇÃO
De acordo com Tibola e Francischett (2017, p. 158), “dentre os sentidos que permitem
a sondagem espacial, o visual é o que mais favorece a compreensão e a interação com o espaço
geográfico, pois permite observar e identificar os lugares e formar conceitos sobre eles”. Assim,
sendo a Geomorfologia um conhecimento experiencial e baseado em imagens, a formulação de
conceitos e a mobilização de princípios geográficos por parte de alunos deficientes visual possui
grandes dificuldades.
METODOLOGIA
A presente pesquisa enquadra-se como abordagem qualitativa, de natureza aplicada,
com objetivo descritivo e explicativo, a partir de um estudo de caso com uma aluna DV do
curso de Licenciatura em Geografia, que se utiliza de materiais como maquetes de relevo e
mapas táteis para elucidar a compreensão e a aplicação dos conceitos geomorfológicos para que
seja possível tanto a formação significativa por parte da discente, como a apropriação do
conhecimento através da correlação entre teoria e prática, associação e aplicação dos conceitos,
quanto a replicação dos modelos concretos didáticos por outras instituições.
Após a confecção foram realizados ajustes nas maquetes após teste com um servidor
do IFCE, campus Iguatu, técnico em assuntos educacionais, coordenador do Núcleo de Apoio
a Pessoas com Necessidades Especiais (NAPNE). O servidor perdeu a visão total aos 17 anos,
após ter concluído o Ensino Médio, guardando, portanto, uma excelente memória visual, assim
como, possui excelente leitura tátil ajudando, dessa forma, a equipe realizar adaptações
necessárias para facilitar e otimizar a leitura tátil das maquetes.
A terceira etapa, por sua vez, consiste na realização de entrevista e testagem com uma
aluna DV do Curso de Licenciatura em Geografia, do Instituto Federal do Ceará (IFCE) campus
Iguatu matriculada na disciplina de Geomorfologia, com comprometimento total da visão. A
discente nasceu com baixa visão, todavia aos 16 anos perdeu totalmente a visão, acarretando,
portanto, no pouco acúmulo de memória visual. Soma-se a isso o fato de ela ter se alfabetizado
tardiamente, fato este que dificultou o desenvolvimento da leitura tátil.
Na análise das maquetes com aluna deficiente visual buscou-se utilizar os princípios
geográficos da analogia, conexão, extensão, diferenciação, para que assim, a discente DV
realize a identificação das semelhanças e diferenças entre os fenômenos, compreenda a
interação entre eles e a sua variação pela superfície.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
• tamanho A3, por ser considerado um tamanho adequado às condições dos alunos. Os
materiais pequenos não ressaltam detalhes, assim como o exagero no tamanho pode
prejudicar a apreensão da totalidade. A escolha pelo A3 foi levada em consideração que
com esse tamanho, o Deficiente Visual poderá realizar uma melhor leitura percebendo
em sua totalidade a feição representada, uma vez que com as duas mãos abertas poderá
abarcar quase totalidade da maquete.
• exagero vertical das feições, esse procedimento permitiu considerar com maior
propriedade, em modelos de pequenas dimensões finais, a expressividade das diferenças
altimétricas representadas em cada caso e, comparativamente.
• Os degraus do papelão foram preservados para facilitar a leitura tátil, essa manutenção
aconteceu por considerar que os degraus deixam mais evidentes e contribui para a
melhor percepção da diferenciação entre as curvas de nível, possibilitando a
comparação entre altura e altitude.
Na análise a aluna indicou que esses aspectos estão bons e, ressaltou acerca do tamanho
A3, está adequado porque possibilita fazer a exploração e análise da maquete com as duas mãos
sem perder o ponto de referência, em geral marcado com a mão esquerda sendo mantida fixa.
De acordo com Venturini, Silva e Rocha (2016) a pessoa cega realiza a exploração do
mapa com os dedos das duas mãos e também faz a leitura das informações pelo mesmo
processo. Contudo, ao realizar a testagem com a DV, observou-se que não há uma linha de
leitura, ou seja, não segue uma sequência. Dessa forma, para maximizar a compressão, foi
proposto pela equipe que a discente parta do geral para o específico, realize a exploração inicial
com a mão aberta - para compreender o volume da maquete- e só depois busque os pontos mais
específicos, como a forma, a menor e maior altitude e percepção das semelhanças e diferenças
entre as maquetes.
A partir disso, foi realizada a exploração inicial (figura 1), por se tratar de uma maquete
e, portanto, possuir volume, foi proposto pelo grupo que seja realizada com a palma da mão
aberta por permitir uma compreensão mais geral sem prender-se muito aos detalhes e
possibilitando reconhecer toda extensão da maquete, na primeira análise. Em um segundo
momento é importante a leitura utilizando os dedos, o que proporciona a percepção dos menores
detalhes representados, sendo possível comparar as informações percebidas no geral para as
mais específicas.
Figura 1: Exploração das maquetes pela aluna deficiente visual.
Já a altitude, definida por Guerra e Guerra (2015) pôr a distância vertical de um ponto
da superfície da terra em relação ao nível zero ou nível do oceano, foi representada na maquete
por meio de placas em braile (figura 02), tentou-se inserir as placas o mais retilíneas possível
para que a deficiente visual compreendesse a ideia de continuidade na altimetria do relevo. Mas
não conseguimos avançar devido a aluna possuir dificuldades em compreender alguns
princípios simples da matemática, aos quais são importantes para a apreensão da altitude.
A utilização do braille nas maquetes, de acordo com a aluna, ajudou porque são pontos
de referência, contudo, observou-se também certa dificuldade para compreender a equidistância
entre as camadas, em razão de ela ter dificuldades matemáticas, fato esse que pode estar
associado a alfabetização cartográfica tardia e a própria alfabetização escolar precária.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que para um primeiro contato com as maquetes modelos, consideramos
que conseguimos avançar com relação aos aspectos construtivos das maquetes e, quanto a
análise pela aluna, notou-se que, através da mobilização dos princípios geográficos, bem como,
foi possível entender alguns elementos das maquetes, como forma, altura e extensão.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: <mec.gov.br>. Acesso em: 06
julho. 2023.
GUERRA, Antônio Teixeira; GUERRA, Antônio José Teixeira. Novo dicionário Geológico-
Geomorfológico. 11ª ed. Rio de Janeiro:Bertrand- Brasil, 2015.
TRAVASSOS, Luiz Eduardo Panisset; ARÊDA, Lucas Diniz de; PAULO, Pedro Oliveira. Uso
de modelos tridimensionais no ensino da Geografia Física e Paleontologia. Boletim Alfenense
de Geografia. Alfenas. v.1, n.2, p. 63-75, 2021. ISSN: 2764-1422. DOI:
https://doi.org/10.29327/243949.1.2-6.
VENTORINI, Silvia Elena; Silva, Patrícia Assis da; ROCHA, Gisa Fernanda Siega. Cartografia
tátil: Material didático e práticas pedagógicas. Departamento de Geociências - Universidade
Federal de São João del-Rei- MG. 2016.
REFLEXÕES ACERCA DO ENSINO E DA ESCOLA CIDADÃ INTEGRAL NA
PARAÍBA E O ENSINO INTEGRAL NA CONCEPÇÃO ANARQUISTA:
POTENCIALIDADES DO ENSINO DA GEOGRAFIA
INTRODUÇÃO
Pensar a educação no Brasil é algo que, tomando como base a extensa literatura, está
estreitamente ligado ao desafio de melhoria do ensino público, promovido pelo Estado.
Diversas reflexões são feitas a respeito das práticas educacionais e, da realidade dos contextos
diversos em nosso País. Essa tarefa definitivamente não é fácil, pois a educação em si é algo
extremamente complexo e multifacetado, cheia de processos históricos e, de problemas
socioculturais.
A educação integral é uma modalidade que vem sendo implantada em todos os estados
brasileiros como uma forma de buscar novas perspectivas de ensino-aprendizagem em nosso
País, por meio das Escolas Cidadãs Integrais (ECI), Escolas Cidadãs Integrais Técnicas (ECIT)
e, Escolas Cidadãs Integrais Socioeducativas (ECIS). Aqui neste trabalho nos debruçamos
sobre as ECI, onde realizamos nossas experiências enquanto Residentes de Geografia.
Segundo Santos (2021, p. 40), importantes pensadores da educação brasileira como,
Anísio Teixeira (1900-1971), Darcy Ribeiro (1922-1997) e Paulo Freire (1921-1997), já
debatiam o ensino integral em nosso país, sobretudo em meados do Século XX. Estes autores
ante mencionados colaboram para a disseminação da ideia de ensino integral em nosso país, e
todos eles entendiam que o ensino integral deveria estar para as classes mais populares, já que
viam nela, uma oportunidade de melhor instrução do povo. Paulo Freire, por exemplo, pensava
a educação integral como algo que superava o território da escola e potencializava a
humanidade dos indivíduos (Santos, 2021) (Grifos nossos).
Além das contribuições desses autores citados, no início do Século XX ocorreram no
Brasil, experiências de educação baseadas na ‘Escuela Moderna de Barcelona’, influenciadas
pelas experiências vivenciadas na Espanha (Pinto, 2017). De acordo com Pinto (2017), as
Escolas Modernas de São Paulo se basearam na ideia central da proposta da Escuela, de ensino
integral, onde eram consideradas as questões intelectuais, morais e, também, as artes. Francisco
Ferrer y Guardia propôs um ensino racionalista que, a partir de uma organização autônoma e
popular, foram construídas escolas onde se era proporcionado um ensino baseado nas teorias
libertárias de transformação social.
A Escola Moderna era pautada no ensino das ciências naturais e, no ensino de outras
faculdades da vida de cada indivíduo para que os sujeitos pudessem se tornar seres autônomos
para atuar no mundo, a partir da construção de suas próprias convicções (Gallo, 2014, p.13).
Ao contrário disso, segundo os autores anarquistas, principalmente a partir do século XIX, a
educação tomou um rumo polarizado pelo Estado e pelo Capital, algo que se reflete até os dias
atuais.
Essa polarização é problemática do ponto de vista de que, ou entregamos as
responsabilidades de formação de pessoas a máquina estatal, a qual nos oferece um ensino
baseado nos interesses de algumas pessoas que estão envolvidas nesse processo político nem
sempre popular; ou então, disponibilizamos a educação de crianças e jovens à burguesia, a qual
possui o interesse de manter uma divisão de classes para benefício próprio, algo que se reflete
na divisão social do trabalho por exemplo. Nessa divisão, os melhores empregos
consequentemente, se reservam a quem possui uma melhor instrução.
Os anarquistas, portanto, sempre mantiveram uma especial atenção à educação, já que
perceberam que essa era uma das partes importantes da transformação social e, além disso, uma
forma de acesso às classes populares à própria ciência (Moriyón, 1989), algo que também é
fundamental para o desenvolvimento da autonomia do povo.
O ensino cidadão integral na Paraíba foi implantado no ano de 2016, com a justificativa
de superar problemas socioeducativos reais existentes no contexto do Estado, tais como, os
índices de evasão escolar, de abandono e de reprovação, ampliar o Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (IDEB), promover o protagonismo dos estudantes, propor metodologias
inovadoras etc. (Diário do Poder Legislativo, Estado da Paraíba, 2018).
A lei 11.100 de 06 de abril de 2018 propõe a implantação de três modelos de escolas
integrais, que são as Escolas Cidadãs Integrais (ECI), Escolas Cidadãs Integrais Técnicas
(ECIT) e Escolas Cidadãs Integrais Socioeducativas (ECIS). Esses modelos foram
implementados e seguem como modelos de escola bastante disseminados na Paraíba
atualmente. Segundo as Diretrizes Operacionais das Escolas no Estado da Paraíba (Paraíba,
2021), nas Escolas Cidadãs integrais são privilegiadas as disciplinas diversificadas, sobretudo
a disciplina ‘Projeto de Vida’.
O objetivo das ECI não é formar sujeitos críticos, mas sim, subservientes, assim a ECI
aprisiona. Nas ECI apesar dos alunos terem a liberdade de escolherem o seu projeto
de vida, há um controle sobre elas por parte das escolas. Limita a liberdade integral
dos alunos havendo um desgaste físico. As escolas geralmente têm horários definidos
e disciplinas obrigatórias, que os alunos devem seguir sem questionar. Isso não
permite flexibilidade nem autonomia, limitando a liberdade dos estudantes de
decidirem como e quando aprender. A escola pode levar aos alunos um mundo de
possibilidades.
Desta forma, de acordo com os documentos oficiais do Estado, a proposta das escolas
integrais está claramente direcionada a uma proposta de maior participação dos estudantes,
sobretudo, nas disciplinas tratadas como diversificadas em que se busca colocar a centralidade
nos educandos. Além do já citado componente curricular ‘Projeto de Vida’, as ECI’s ofertam
outras disciplinas além das já vistas no ensino básico regular, como Protagonismo Juvenil,
Protagonismo Profissional, Pós-Médio, Pré-médio, Colabore e Inove, Estudo Orientado,
Tutoria, além das eletivas que são projetos elaborados na escola semestralmente (diretrizes
operacionais das ECI, 2021).
Além disso, nesse modelo, segundo o próprio documento de Diretrizes Operacionais
(2021), as escolas devem proporcionar, salas temáticas, acolhimento, espaços de convivência
dentre outras inovações que buscam oferecer um ensino pelo menos mais diversificado se
comparado às escolas públicas de ensino regular, com a preocupação com outras áreas para
além das especificidades das disciplinas de conteúdos científicos.
A disciplina Projeto de Vida, como centralidade desta modalidade de ensino, busca
valorizar as individualidades dos educandos, no intuito de causar nestes um autoconhecimento
para que assim se consiga gerar uma autodeterminação dos projetos em que eles próprios
desejam traçar ao logo da vida (curto, médio e logo prazo), no entanto não visa somente as
ambições profissionais, mas também outras determinações e objetivos pessoais (Diretrizes
Operacionais das ECI’s, 2021). A respeito dessa componente, Santos (2021, p. 93), nos
esclarece que:
O Projeto de Vida impulsiona os (as) estudantes a projetarem metas e através delas
idealizarem seus sonhos. Além disso, são exploradas nos estudantes as possibilidades para
que conquistem o que almejam. São estabelecidos dois encontros semanais, para se construir
estratégias para onde se pretende chegar e trabalhando o “eu”, no intuito de se reconhecerem
e identificarem como querem ser, para articular o seu eu ao seu Projeto de Vida (Santos 2021,
p. 93).
Trazemos aqui, exposições a respeito dessa componente, pois ela é eixo central da
modalidade de ECI, na Paraíba, além dela, exemplificar o conceito de ensino integral que
queremos apresentar e refletir no presente trabalho. As componentes diversificadas e,
consequentemente, a componente ‘Projeto de Vida’ torna a escola responsável também, por
despertar o pensamento social e ético, a partir das autodeterminações e comunhão com as
expectativas do próximo, além de pensar o conceito de educação, para além do território
escolar. A questão que deve ser acompanhada de perto é se de fato essas na prática cumprem
esse papel.
Nesse contexto, os educandos chegam à escola cheios de impregnações do mundo, mas
também de dúvidas, esperanças ou expectativas para com o mundo e, sendo assim, o conteúdo
programático pode levar em consideração essa experiência trazida pelo estudante do seu mundo
até a escola (Freire, 1987, p. 48). Nessa perspectiva, a componente Projeto de Vida abre espaço
para ser trabalhado mais especificamente temas que podem estar diretamente relacionados com
as experiências de mundo, nas quais os estudantes estão vivenciando, para que assim, consigam
fazer uma relação concreta entre seu mundo e a educação escolar, no intuído de despertar uma
maior maturidade no educando, com relação às suas expectativas e projetos para a vida.
Mas, qual mundo, qual vida estamos falando? Das vidas dos sujeitos da escola pública,
via de regra, da classe trabalhadora. Como sonhar se não há a materialização de um desejo, de
saber o que há para conquistar? Por vezes, o mundo desses sujeitos é estreito, raso, limitado,
porém, repleto de contradições, ausências, violências. Mesmo assim, são responsabilizados ao
realizar a construção do Projeto de Vida sem necessariamente haver as condições materiais de
concreticidade, pois há uma responsabilização do sujeito na projeção de seu destino, a partir de
suas escolhas como algo estritamente, individual e desconectado da ação e responsabilização
do Estado com as políticas de apoio a população no tocante aos direitos humanos.
A componente ‘Protagonismo Juvenil’ tem como objetivo instruir o educando para que
ele possa se desenvolver potencialmente como autônomo na construção das suas próprias
decisões, seja na comunidade, na escola ou na vida pessoal, bem como serem protagonistas da
sua história e, também, comprometidos com o desenvolvimento do seu entorno (Diretrizes
Operacionais das ECI, 2021). Vemos aqui, mais uma vez, o rompimento com a metodologia de
ensino voltada apenas para os conteúdos teóricos e considerando as possíveis abordagens
práticas da escola que leva em consideração, o contexto em que o jovem está inserido e, a sua
individualidade. Mas será que essa perspectiva de pensar o protagonismo desses sujeitos não
poderia ser trabalhada nas próprias disciplinas do ensino básico regular?
Podemos perceber então, a partir das informações já expostas que existe uma mudança
considerável de currículo se compararmos com as escolas de ensino regular. Portanto é
interessante compreender como os alunos vêm aceitando essa mudança no currículo, já que se
faz necessário também uma adaptação deles para como esse novo modelo.
Com relação noção do conhecimento curricular por parte dos educandos dessa
modalidade de ensino, em uma escola campo do município de João Pessoa-PB, a pesquisa
realizada por Santos (2021) constatou que:
50% já conheciam, 27% já sabiam dos componentes que iriam estudar, 17% pesquisaram
para saber como era e 6% responderam a opção “outros”. Esses dados demonstram que uma
quantidade significativa dos (as) estudantes que vão para ECI estão sabendo das disciplinas
e da organização curricular com as quais irão se deparar. Além disso, eles (elas) avaliaram a
organização da escola de forma positiva, tendo como dado expressivo 94% que avaliou como
“ótima e boa” a organização da escola, mostrando que parte considerável dos (as) estudantes
estão se adaptando às mudanças na organização escolar. Temos ainda os que avaliaram como
regular (3%) e ruim (3%).
Talvez tenha sido Paul Robin o que melhor soube expressar o que se queria dizer ao
falar do pleno desenvolvimento da criança. A educação integral nada tem a ver com
uma espécie de acumulação ingente de conhecimento sobre um amontoado de coisas,
refere-se antes à consecução de um desenvolvimento harmônico de todas as
faculdades da criança, de sua inteligência, mas também de sua saúde, de seu vigor
físico, de sua bondade. Nisto coincide os anarquistas com as colocações mais
avançadas da época que tentava romper com uma educação excessivamente livresca,
que buscava um ensino ativo, aos passeios de campo, a educação física, e outras
dimensões anteriormente esquecidas pelos estabelecimentos educativos (MORIYÓN,
1989, p. 21).
Fica evidente então, o direcionamento da pedagogia libertária para um ensino que vai
além do território escolar e preza também, pela continuidade da educação na vida cotidiana dos
indivíduos e, em todas as suas facetas. Uma dessas facetas da vida, para além dos marcos da
escola é o trabalho e, nesse sentido, como cada indivíduo constitui suas possibilidades e projetos
com relação a sua vida profissional.
Bakunin (1989) menciona a diferenciação existente entre a educação recebida pela
burguesia e a educação dos operários, onde os mais instruídos (a burguesia) dominavam os
menos instruídos (o proletariado). É importante contextualizar que Bakunin estava inserido e
se refere ao contexto de meados para o final do século XIX. No entanto, essa diferenciação
pode ser visualizada também nos dias atuais onde os melhores cargos de trabalho geralmente
ficam reservados para as classes mais abastadas, estes que possuem uma maior renda, e também
tendem a se manter no controle das ações sociais do mundo do trabalho e, também da Política,
ou seja, estão mais presentes nos cargos de poder do Estado.
Os anarquistas produziam cientificamente, muito voltados a levar essa ciência para as
classes mais pobres e o proletariado. Daí vem à preocupação de Bakunin para com a relação
entre a educação e a divisão social do trabalho. Os proletários, bem como as classes mais
populares, historicamente sempre tiveram certo impedimento no acesso a uma educação de
qualidade. Nessa perspectiva, Bakunin (1989, p. 38), afirma que se essa conjuntura se manter
dessa forma, ou seja, com uma diferenciação da qualidade da educação, “a dominação dos
melhores instruídos permanecerá sobre quem não tem uma educação de fato libertadora,
portanto a ciência enquanto um patrimônio social deve ser a socializada”.
Outro importante marco na pedagogia libertária e para a concepção de um ensino
integral emancipador são as ideias de Francisco Ferrer y Guardia (1859 - 1909) e, a fundação
da Escuela Moderna de Barcelona. A Escola Moderna é baseada no pensamento racionalista
no qual, de acordo com Ferrer, as nossas vidas são lotadas de sentimentos individuas que
necessitam de um aprendizado racional para que os indivíduos possam compreender melhor a
realidade, e assim, estar inserido no mundo de forma mais coerente. Portanto, a prática e a teoria
precisam estar correlacionadas (Pinto, 2017).
Baseado nas ideias de Paul Robin acerca do ensino integral, Ferrer delimita que os
objetivos de uma educação racional são: “defender uma educação completa e harmoniosa em
que esteja englobado o desenvolvimento da inteligência, do caráter, da moral e do físico,
tornando os indivíduos equilibrados em sua instrução”, conforme afirma Lipiansky (2007, p.
51).
Como já foram mencionados anteriormente, aqui nesse trabalho, importantes autores
brasileiros trouxeram contribuições às mudanças de perspectivas no ensino no Brasil, fazendo
reflexões importantes a respeito do ensino integral. No início do século XX, ocorreram também
experiências relacionadas a uma perspectiva de ensino integral no Brasil, um recorte dessas
experiências foi à criação das escolas modernas de São Paulo nesse período. Algumas escolas
libertárias são fundadas no Brasil, no início do século XX (Pinto, 2017) por militantes
anarquistas influenciados pelos escritos de Francisco Ferrer y Guardia e com a repercussão da
sua morte (Ferrer se tornando um mártir no movimento).
Em São Paulo é fundada a ‘Escola Moderna de São Paulo’ em 1913, tomando como
referência a Escuela Moderna de Barcelona, que buscou, sobretudo, levar uma educação
pública de qualidade aos filhos de operários que não tinham acesso ao ensino (Pinto, 2017).
Ainda de acordo com Pinto (2017), as Escolas Modernas de São Paulo seguiram fortemente, a
influência da educação integral da pedagogia libertária, ou seja, valorizar todas as faculdades
da criança, mas também a instrução como forma de possibilidade de atuação e transformação
da realidade em que estão inseridas. No entanto, frente às dificuldades de acesso à educação
por parte das classes pobres de São Paulo, o maior legado dessas escolas foi a de oferecer
educação pública de qualidade aos filhos de operários (Pinto, 2017).
Esse então é uma grande característica da abordagem libertária, ela direciona seus
esforços para a criação de uma educação a partir da organização popular, como é o exemplo da
Escola Moderna, anteriormente mencionada. Como enfatiza Libânio (1982, p. 11) ““[...] criar
grupos de pessoas com princípios educativos autogestionários (associações, grupos informais,
escolas autogestionárias)””. Portanto, consideramos assim, mais uma forma de se buscar
alcançar uma educação transformadora em meio a desigualdade característica e promovida pelo
capitalismo.
Portanto, a escola no pensamento anarquista deve servir como um dos meios para se
eliminar a divisão de classes, ou a exploração do mais instruído pelo menos instruído. A
mudança no sistema educacional, para Bakunin (1989, p. 39), implicaria também uma mudança
no mundo do trabalho, ou seja, uma educação que cada vez mais liberte as pessoas para atuarem
de forma mais comunal na sociedade, onde as atividades braçais (trabalho pesado) não sejam
uma condenação ou consequência para as classes mais pobres e o trabalho intelectual não seja
mais um privilégio.
Ao refletir sobre escolas que libertam Rubem Alves (2009) afirma:
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem
para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros
sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros
engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos
pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas
amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar
o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo
não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
A partir desse texto que fala que há escolas que são gaiolas e escolas que são asas,
decidiu-se refletir acerca da ECI como espaço cuja função é a de educar, a partir da nossa
atuação como Residentes e, para isso perguntamos aos 16 Residentes do Subprojeto Geografia,
os quais atuam em duas ECI. Segundo os Residentes 62,5% dos entrevistados consideram a
ECI como um espaço como gaiola que aprisiona; 18,8% consideram a escola como asa que
liberta; e, 18,8%, consideram como ‘outra opção’. (Questionário Diagnose dos Residentes
Subprojeto Geografia UFCG, 2023, p. 80-81). Para os entrevistados RP1, RP4, RP5, RP6, RP7.
RP8 a escola ECI é gaiola. Para o RP2 a escola é asa e, para RP3, assume o posicionamento
misto, tendendo a afirmar que a escola é asa que liberta:
RP1- Muitas vezes, alunos e professores ficam presos dentro dessas escolas, sem ter
a possibilidade de aprender sobre o mundo. A exaustão toma conta e isso gera em
pouca produtividade e rendimento em alguns momentos.
RP4- Acho que pouco é incentivado o pensamento crítico onde atuo como residente,
tanto por parte da direção quanto pelos professores, acho que pensam que é mais fácil
deixar do jeito que está.
RP5- Percebo como uma gaiola. Educar é libertar e não é o que acontece nesse tipo
de modelo. Os alunos passam o dia confinados, saem de lá hiper cansados e sem
nenhuma disposição sequer para ler mais algo em casa.
RP6- Acredito que minha ECI desempenha um papel importante de acolhimento dos
alunos oradores da comunidade, mas que ainda possui certas limitações na formação
de sujeitos produtores de sua própria realidade.
RP7- Percebe-se claramente no rosto dos estudantes que existe um desgaste,
principalmente no turno da tarde com todas aquelas disciplinas e atividades
curriculares. Alguns dormem em aula, outros ficam estressados.
RP8- Eu expando a minha opinião para outras ECI, isso por conta do modelo em
específico. No caso da ECI em que eu atuo é bem complexo relatar, mas eu
particularmente acho muito limitante, não sei a realidade em outras escolas, mas é
como se a realidade estivesse estagnada, a aprendizagem é limitando, o nível em que
os alunos se encontram é limitante e apesar de existir tentativas dos professores, as
mudanças são poucas. Acredito que deve estar ligada a realidade dos alunos. É bem
complexo responder quando não se tem experiências em outras escolas.
RP2- Identifico como asas, pois diante de alguns desafios com os alunos os
professores sempre dão um jeito de ensino de uma maneira mais fácil para a
compreensão de todos.
RP3- Acho que nem prende nem o liberta, acredito que tenha um pouco dos dois
Eu percebo como asas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No ensino que aqui tratamos como convencional, atualmente percebemos que a ideia de
ensino integral, muitas vezes, está ligada a uma maior carga horária e aumento de disciplinas
ou conteúdos e, também, a ideia de carga horária, onde os alunos ficam um período integral na
escola (manhã e tarde). Refletimos então: por que essas questões abordadas nas disciplinas
diversificadas não podem ser trabalhados já nas próprias disciplinas da grade comum
curricular? Qual o papel social das nossas disciplinas? Qual os objetivos do nosso ensino
público?
Importantes autores brasileiros como Anísio, Darcy e Freire pensaram a escola integral
do ponto de vista das reformas estatais, ou seja, estes estando envolvidos direta ou indiretamente
com os processos burocráticos do Estado brasileiro. Por outro lado, o que os anarquistas
propõem a partir do seu paradigma é uma atuação de organização popular para além das
expectativas de apoio do o Estado burguês, o qual, na visão libertária, sempre favorecerá
primeiramente, as classes dominantes, ou seja, o que interessa para os libertários é criar
organizações autogestionadas pelo próprio povo em busca de objetivos realmente
comunitários.
REFERÊNCIAS
ALVES, Rubem. Por uma Educação romântica. 8. ed. Campinas: Papirus, 2009
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
PARAÍBA. Diretrizes Operacionais das Escolas Cidadãs Integrais, Escolas Cidadãs
Integrais Técnicas e Escolas Cidadãs Integrais Socioeducativas da Paraíba.
2021. Disponível em: https://pbeduca.see.pb.gov.br/eci/eci-2021.
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. Trad. Isa Tavares. São Paulo: Boitempo,
2005.
______. A teoria da alienação em Marx. Trad. Isa Tavares. São Paulo: Boitempo, 2006.
ROSA, Rodrigo. Educação Integral: Suas Origens E Apropriações. Anais do III Seminário
de Educação, Conhecimento e Processos Educativos e I Encontro de Egressos PPGE-UNESC.
2019.
SANTOS, Flávia Melina Azevêdo Vaz dos. O componente curricular Projeto de Vida como
experiência formativa em uma Escola Cidadã Integral no município de João Pessoa - PB
/ Flávia Melina Azevêdo Vaz dos Santos. - João Pessoa, 2021. 156 f.: il.
INTRODUÇÃO
O campo de pesquisa para este trabalho é a escola provisória existente na Associação
Comunitária dos Produtores Rurais do Sítio Lajeiro dos Cabral, que desde o ano de 2016, recebe
a ação educativa da modalidade de Educação de Jovens e Adultos, destinada às Populações do
Campo (EJA Campo), fruto de reivindicação da associação e parceria entre o Movimento
Quilombola de Bom Conselho e a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE-
PE). Tendo como instituição certificadora a Escola de Referência em Ensino Médio Coronel
José Abílio, conhecida popularmente como “CERU” antigo Centro de Educação Rural,
localizada na sede do município. Em 2023, oferta uma turma de anos finais de ensino
fundamental (sede da associação) e noutra de ensino médio (cozinha comunitária desativada)
no período noturno, atendendo tanto os estudantes da própria comunidade, como de sítios
vizinhos.
Esta pesquisa pretende como objetivo identificar e trazer análises e reflexões sobre a
atuação do docente, buscando proporcionar respostas as problemáticas observadas em relação
ao ensino de geografia na Educação de Jovens e Adultos, destinada às populações do campo na
comunidade de Lajeiro do Cabral, ampliando formulações teóricas e possibilitando alternativas
que visem solucionar os entraves existentes através de estratégias que contribuam na prática
pedagógica em relação à dinâmica rural da coletividade, como a associação, a escola, as práticas
agrícolas, o calendário agropecuário, as festividades locais, a religião e outras manifestações
sociais que permeiam a vida em sociedade.
Constitui como um dos pilares de luta e libertação dos povos, tendo o trabalho e a
produção agrícola baseados na economia solidária, a agroecologia, a agricultura indígena, a
quilombola, o extrativismo e demais atividades exercidas pelos povos da natureza como
essenciais para a preservação e a perpetuação da vida na garantia de continuidade das famílias
e das futuras gerações rurais.
METODOLOGIA
Pautou-se na utilização do método hipotético-dedutivo de raciocínio para a análise e
experimentação das informações em documentos bibliográficos como artigos científicos que
tratam de diferentes perspectivas em relação ao ensino geográfico no campo na modalidade
EJA (Educação de Jovens e Adultos), com registro fotográfico e levantamento cartográfico dos
espaços onde ocorrem as aulas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após o levantamento das informações através da aplicação de questionários junto aos
estudantes que frequentam as aulas, foi constatado que o público das turmas de ensino
fundamental e médio são agricultores e a faixa etária compreendendo entre os 44 e 60 anos,
tendo o gênero feminino como maioria, constituído por 59 por cento, enquanto o masculino por
41 por cento, como pode ser observado na figura 2:
Figura 2
Fonte: Elaborado por Fabiana Cerqueira Nogueira de Sá. Adaptado pelo autor, 2023.
Numa linguagem mais simples, pegando elementos que eles compreendam melhor.
Então, quando a gente vai, quando eu vou trabalhar... qualquer assunto eu tento dar
exemplos que eles conhecem, que eles podem encontrar onde vivem ou então já ouviu
falar em noticiários, já ouviu falar em algum lugar, então procuro sempre fazer isso.
(professora que leciona em geografia)
Quando elabora o conteúdo para os estudantes, esbarra na Base Nacional Comum
Curricular (BNCC):
No que diz respeito à educação do campo, quando a gente vai trabalhar o que a BNCC
pede, foge um pouquinho da realidade deles, do que eles já conhecem, como a maioria
já tem uma certa idade e já tem o conhecimento prévio, vamos dizer assim, de algumas
questões voltadas para o campo, né? Aí você vai trazendo novas realidades e
perspectivas para eles que não estão no alcance deles. Então fica mais... vamos dizer
assim, mais trabalhoso para a gente. Porque você vai falar, vamos dizer assim, você
vai falar sobre os continentes. Então você já vai fazendo uma coisa ampla que não é
tanto assim da realidade deles, do conhecimento deles, principalmente para a idade.
A maioria dos nossos alunos não estavam indo para a escola para fazer o ENEM, fazer
vestibular, alguma coisa, mas para dar continuidade a um sonho que não tiveram
condição de fazer mais novos. Então, se você trabalhasse mais a questão deles mesmo,
do que eles já têm vista, e do local que eles moram, ficava mais fácil para a gente.
(professora que leciona em geografia)
Cabe ressaltar ser é assegurado através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional de 1996 a adequação do currículo as peculiaridades das comunidades em que a escola
está inserida.
Apesar daqui assim, já se acostumou, né? Mas as estradas tem tudo aquele, vamos
dizer assim, tem empecilhos que fazem com que a gente perca o tempo que já é
reduzido, que é o tempo noturno da escola que já é reduzido. Então a gente encontra
vários obstáculos que fazem com que ele se torne...mais reduzido ainda. (professora
que leciona em geografia)
Devido ao tempo gasto no deslocamento, acaba-se precarizando o ensino e desgastando
os estudantes, contribuindo para evasões. Indagada sobre a importância do professor de
geografia para a educação do campo, a professora reconheceu:
Eu acho que a maior importância do professor de geografia é fazer com que o aluno
compreenda não só o espaço onde ele vive, mas como ele pode transformar esse
espaço, como ele pode melhorar o espaço em que ele vive. Principalmente pegando
as práticas que eles já produzem, que eles já conhecem e tentando mostrar que se pode
fazê-las de uma forma mais sustentável, de uma forma que não agrida tanto a natureza,
que faça com que eles convivam melhor onde eles moram, com a natureza, com o
meio ambiente. (professora que leciona em geografia)
Através de observação, na sede da associação onde ocorriam as aulas de ensino
fundamental, o tema em questão versava sobre o espaço geográfico, enquanto na cozinha
comunitária desativada destinada ao ensino médio a aula era a respeito de paisagem natural e
humanizada, assuntos relacionados a dinâmica rural. Em ambos os espaços a professora
utilizava-se do método tradicional, constituído de registro no quadro e explanação com a
utilização de textos impressos, seguindo o planejamento da disciplina. Não havia a
possibilidade de participação ativa do estudante no que tange dúvidas e contribuições por conta
do curto tempo de duração da aula, interferindo no rendimento escolar das turmas.
Figura 4: Registro do início da aula de geografia nos anos finais do ensino fundamental. Observa-se a baixa
frequência da turma, somente 5 estudantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O campo deve ser visto como uma potencialidade em aprendizados para a instituição de
atividades pedagógicas que transforme a territorialidade em algo educativo que vise articular a
geografia e as demais áreas do conhecimento através da realidade da comunidade para
contribuir no desenvolvimento local para que os estudantes e demais povos possam permanecer
no campo, usufruindo de um espaço de vida digna e significativa para o exercício da cidadania
rural. O estudante do campo deve possuir o entendimento macro sobre as relações humanas
com o meio natural através do saber geográfico assimilando através de seu olhar um ensino
dirigido ao mundo rural e que não reproduza os conhecimentos urbanos.
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. BRASIL.
SILVA, Juliana Andrade da; SERAFIM, Ana Regina Marinho D.B da Rocha. DESAFIOS
PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA NAS ESCOLAS RURAIS E URBANAS. Portal de
Periódicos UFPE, 2022. Disponível em:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/ruralurbano/article/viewFile/250305/41276. Acesso em 24
de agosto de 2023.
SILVA, Marcos Antônio Soares da et al. O currículo da EJA do campo: uma análise entre
as perspectivas do MST e da Secretaria de Educação de Pernambuco. 2019.
O GEOSSÍTIO GRANITO (JUAZEIRO DO NORTE-CE) COMO PRÁTICA
SOCIOEDUCATIVA: PENSANDO A EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA
Como justificativa maior dessa pesquisa, entre outras tantas, se pode destacar a
percepção individual da história e, de todos os atores presentes nesse cenário, bem como a
apreensão do compromisso social dos alunos diante do lugar, fato esse demonstrado nas
atividades ali desenvolvidas. A partir das técnicas de pesquisa consideradas, será possível uma
maior validação dos dados e, uma compreensão mais aprofundada da temática em estudo,
quando este geossítio vai além de uma área de interesse científico, econômico, turístico e, de
conservação; que vai além da descrição do embasamento cristalino e, das perspectivas
geoturísticas; onde, além das manifestações de devoções populares ao Padre Cícero, esse lugar
também se torna parte de sua construção prática geográfica, mas principalmente, de cidadania.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em um mergulho histórico através da prática educativa e geográfica foi permitido
ponderar como estudar o Geossítio Granito sob várias abordagens, considerando os aspectos
geográficos, históricos e ambientais envolvidos, respeitando os aspectos culturais inerentes ao
lugar sem desfavorecer novas necessidades diante dos problemas perceptíveis nos principais
pontos de circulação da Colina do Horto, tendo em vista, as inúmeras incongruências urbanas
que compõem a morfologia urbanística de Juazeiro do Norte, como também, as condições atuais
dos acessos aos pontos de devoção.
É também válido afirmar que, após essas atividades práticas, a educação geográfica
assume um novo modelo de aprendizagem cotidiana onde cada aluno pode narrar suas
impressões e se apropriar da responsabilidade do cuidar ambiental desse mesmo lugar, seja
como resultante de todo esse processo de pesquisa, análise, diálogos e participação nas aulas;
nos encontros e palestras, sempre voltados para temáticas que contribuem para uma prática
socioeducativa incrementando a educação geográfica que se fortalece e transcende para além
da sala de aula.
Fonte: http://geoparkararipe.urca.br/
Essa pesquisa propôs também que a educação geográfica não deve se limitar às
dimensões das salas de aulas. A prática geográfica permite a mobilidade do lugar de
aprendizado e, nesse caso, o Geossítio Granito possibilita inúmeros aprendizados teóricos e
práticos, que certamente serão ecoados pelos que exerceram essa prática.
Na figura 02, observa-se o estudo do meio com alunos do ensino médio de uma
determinada escola pública da cidade do Crato, onde houve todo um planejamento em sala de
aula, com pesquisas, reconhecimento do lugar, as transformações da paisagem e, o porquê da
escolha desse espaço para a construção da aprendizagem, juntamente com os conteúdos
trabalhados em sala de aula. Percebe-se na figura 02, o registro na tomada de anotações e
observações da paisagem por parte dos alunos, serão retomados em sala de aula para a
sistematização do conhecimento.
Figura 02: Estudo do Meio
Como coloca Carvalho (2004, p. 109), “o que se deve ensinar? Qual a importância do
que se ensina? Como tornar a geografia uma disciplina não decoreba? São questionamentos
recorrentes a todos aqueles que se preocupam com as questões curriculares do ensino básico de
nosso país. E “onde” estariam as respostas a estas perguntas?” Dessa forma, o Geossítio Granito
(Colina do Horto) apresenta uma paisagem que integra a natureza com as relações econômicas,
sociais, culturais, políticas e religiosas. Expressa ainda, uma rede de articulações regionais, daí
o aluno pode compreender a espacialidade em que vive por meio da educação geográfica.
Vale ressaltar que a Geografia Escolar é restrita às práticas que ocorrem no interior da
escola e, a educação geográfica é para além da escola. No entanto, o professor de Geografia
deve repensar sua metodologia e como suas práticas podem ser melhoradas ou adequadas,
considerando as espacialidades das práticas sociais e, como estas podem contribuir para uma
renovação do cotidiano escolar.
É mais do que necessário repensar nossas práticas em sala de aula, como podemos
tornar a Geografia no dia a dia uma disciplina que o aluno possa vivenciá-la e que não seja,
somente, mais uma disciplina no currículo escolar, mas uma disciplina que, a partir do seu
objeto de estudo – o espaço geográfico – possa contribuir para a construção da cidadania e
autonomia crítica de seus educandos e, quando propomos o Geossítio Granito (Colina do Horto)
como lugar além da sala de aula é para o aluno se sentir e saber se inserir no seu espaço para
uma leitura de escala local a uma escala global.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visitas aos órgãos públicos da gestão municipal como a Secretaria de Cultura e
Romaria; Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano; Secretaria de Infraestrutura;
Secretaria de Saúde; Departamento Municipal de Trânsito e com representantes da sociedade
civil que atuem, direta ou indiretamente nessa área permitem, ao aluno, compreender que a
prática socioeducativa tem, e deve ser socializada com os demais setores, enfatizando, através
de suas falas, uma visão mais atual do que se planeja para a cidade e de como a população se
manifesta diante das propostas.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Rosângela Doin de. A propósito da Questão Teórico-metodológica sobre o
ensino de Geografia. Terra Livre, [S. l.], n. 8, 2015. Disponível em:
https://publicacoes.agb.org.br/terralivre/article/view/92. Acesso em: 19 set. 2023.
MALYSZ, Sandra T. Estudo do Meio. In: PASSINI, Elza Yasuko, Romão Passini, Sandra
T.Malysz (Orgs.). Prática de Ensino de Geografia e Estágio Supervisionado. 2 ed. São
Paulo: Contexto, 2013.
O ROMANCE A BARRAGEM DE IGNEZ MARIZ: UMA PROPOSTA DE
ENSINO INTERDISCIPLINAR DE LÍNGUA PORTUGUESA E DE
GEOGRAFIA
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Contudo, uma breve consulta aos documentos que regem a educação básica no Brasil
pode nos apresentar como a interdisciplinaridade está distante de ser empregada efetivamente
nas escolas. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) – Lei 9.394/1996,
não apresenta posicionamento explícito sobre a importância desta perspectiva pedagógica.
Esse ideal alcançou certo dinamismo no final de 1990, a partir da reforma curricular,
que organizou o currículo do Ensino Médio em quatro áreas do conhecimento. A Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) defende uma proposta de aprendizagem transversal,
contextualizada e significativa, e destaca a importância de
Decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e
fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias
mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da
aprendizagem (BRASIL, 2017, p.16).
Consideramos que a Literatura constitui-se como elemento essencial dos estudos da área
de Língua Portuguesa, porque através dela a sociedade pode manifestar e imortalizar questões
referentes à sua cultura, ao seu tempo, à sua língua. Para Cosson (2018), o letramento literário
consiste em escolarizar a literatura, ou seja, introduzir a literatura no espaço escolar para
preservar o seu verdadeiro sentido, que é humanizar, ultrapassando o sentido de mera disciplina,
sem contextualização e discussão. Ademais, a prática de leitura deve ser assimilada como um
prazer e não como obrigação, pois isso a torna cativante. Entretanto, “saber ler, apropriar-se da
escrita, não torna uma pessoa mais inteligente ou mais humana, não lhe concede virtudes ou
qualidades, mas lhe dá acesso a uma ferramenta poderosa para construir, negociar e interpretar
a vida e o mundo em que vive.” (COSSON, 2012, p. 33).
[...] têm muito a nos contar em termos de histórias de vida e de ficção. Ser mulher,
que escreve romance na década de 1930 no Nordeste brasileiro, assinado com seu
próprio nome, nome de família tradicional e com representações políticas bastante
conhecidas do cenário paraibano, que traz em sua biografia o primeiro registro de
desquite na região, e que seguiu sozinha criando seu filho, tudo isso já indica a que
veio essa mulher que, além de colaborar com jornais e revistas da época, envolveu-se
com educação de jovens e escreveu um livro passível de provocar algumas
inquietações (SILVA, 2020. p. 27).
Ignez Mariz nasceu em Sousa e estudou Pedagogia na cidade de João Pessoa, Paraíba,
no Colégio das Neves. Ela escreveu A Barragem, em 1934, que foi publicado pela Editora José
Olympio em 1937. Através da Editora A União, o Conselho Estadual de Cultura da Paraíba
publicou em 1994 uma segunda edição fac-similar, numa coleção intitulada ‘Biblioteca
Paraibana’. Comprometida com as causas sociais e apaixonada pelo conhecimento, Ignez
buscava combater a ignorância e defender as minorias, como afirma o pesquisador Ehrich
(2009), ela foi “a voz dos flagelados nas plagas sertanejas; contrária às injustiças sociais e
entregue à defesa dos menosprezados” (p. 30). Seus ideais levaram resultaram em uma morte
prematura, quando
A Barragem é uma ficção, mas apresenta vários fatores históricos e sociais que
marcaram a década de 1930 no sertão paraibano. Entre esses, podemos destacar a seca, as
construções de barragens, a migração, o coronelismo, as festividades, o comércio e outros.
Além disso, há personagens “referenciais” (REUTER, 2004), os quais são citados pelas
personagens fictícias, como percebemos na fala do personagem Zé Mariano: “Zé Américo é
unico. Porque tudo isso vem delle, você não tenha duvida.”[sic] (MARIZ, 1994, p. 293). Esses
elementos possuem uma função mimética e atribuem a narrativa o efeito da verossimilhança,
ou seja, o sentimento de verdade, de aproximação entre a ficção e a realidade da personagem
(CANDIDO: 1975; 1987; 1992). Este romance não possui caráter ufanista ou diretamente
crítico, mas enquadra-se como romance regionalista ao representar o Nordeste de um povo que
sofre tanto pelas intempéries da natureza quanto pela ganância dos poderosos, mas que preserva
a esperança e a alegria mesmo nos pequenos prazeres de seu torrão:
E aquele cheiro… Um sertanejo, mil leguas distante que viva do seu sertão, sentirá,
vez por outra, não o perfume do mel e o rangido de carros de bois, de que nos fala
Nabuco. Mas, este “cheiro de chuva” caracteristico! Este odor forte de terra sêcca
afinal humedecida, que após longos mezes de verão a chuva manda de longe alguns
segundos antes de chegar, e que nós, desde crianças, aspiramos,
aspiramos…[sic.](MARIZ, 1994. p. 212).
Zé Mariano protagoniza a narrativa até o capítulo VII, mas a partir do capítulo VIII
divide a atenção do leitor com sua primogênita. Remédios é uma adolescente que cria
“vida” na história quando o pai alcança a oportunidade de alimentar a família com um
pouco mais de dignidade (...) demonstrando ser um espírito livre, de certa forma,
porque não se limita a atender às expectativas de ninguém além de si mesma;
assombrada pelo passado de fome, sonha com uma vida parecida com a dos parentes
da capital pernambucana. A filha do coração de Zé Mariano casa-se com Ferreira, que
é um homem mais velho (quase quarenta anos), mas que a ama e respeita independente
dos comentários que a vizinhança tece a respeito de sua noiva. Remédios não se casa
apaixonada, mas com o vislumbre do futuro mais estável que seu noivo poderia lhe
garantir.
A obra de Ignez Mariz apresenta elementos baseados em fatos reais, como o espaço; a
linguagem; o contexto histórico, social e cultural no qual ela própria estava inserida, não como
a minoria miserável de sertanejos para quem as chuvas ou a estiagem representavam vida ou
morte, mas na condição de filha de família influente, que usou seu privilégio como estratégia
para servir aos menos favorecidos. “Era também ela parte de uma minoria, a das mulheres que
ousam quebrar os limites impostos pelo patriarcado” (IRINEU, 2023, p. 15).
Para uma proposta interdisciplinar com as disciplinas de Língua Portuguesa e Geografia,
propomos que, primeiramente, sejam disponibilizados exemplares ou cópias do livro para todos
os alunos do 6º ciclo do EJA, que corresponde ao 3º ano do Ensino Médio, os quais sejam
voluntários para a experiência. Para o início, os alunos realizarão a leitura do primeiro capítulo
(da página 03 à página 15). Em seguida, a(o) professora(o) deverá iniciar uma discussão com
base no texto lido, perguntando acerca de alguns aspectos presentes no capítulo, como a
linguagem, a voz narradora, o cotidiano narrado, a diferença entre as moradias dos trabalhadores
de alto nível e as moradias dos cassacos, a relação de Zé Mariano e Mariquinha e sua família.
Após esse momento, os alunos receberão a proposta da formação de um círculo de leitura, os
interessados deverão assinar um termo de aceite para a participação da roda de leitura. Deverá
ser definido o prazo de 30 dias para realizar a leitura da obra na íntegra. Além disso, os alunos
deverão criar um diário de leitura para destacar suas observações, reflexões e pontos relevantes
da obra. É importante que eles sejam orientados a observarem quais pontos destacados
relacionam-se com cada disciplina em questão.
Os encontros para o círculo de leitura deverão acontecer semanalmente ou
quinzenalmente, conforme disponibilidade da(o)s professora(e)s. A discussão ocorrerá por 60
minutos e os alunos poderão discutir sobre os temas principais da obra.
O círculo realizado será do tipo círculo estruturado, conforme Cosson (2014), pois terá
uma estrutura que será estabelecida, ou seja, haverá um mediador que criará um roteiro e
proporá questões para instigar uma discussão no grupo. Além disso, o mediador deverá firmar
as regras para o funcionamento do círculo, como respeitar a todos, não interromper as falas, não
fugir do assunto principal, por exemplo. Para a mediação, a(o)s professora(e)s de Língua
Portuguesa e Geografia poderão alternar-se, assim, construirão o roteiro com as questões
referentes aos temas de cada disciplina. Ao final das discussões, poderá ser realizada uma
atividade que confronte o contexto da obra com o contexto atual acerca dos aspectos de cada
componente. Dessa forma, os alunos poderão fazer um quadro com termos e expressões
regionais que o romance apresenta e que continuam em uso e os que não se usam mais para a
disciplina de Língua Portuguesa, por exemplo. Para a disciplina de Geografia, poderá ser
comparado o aspecto socioeconômico dos sertanejos, ou seja, se os problemas continuam os
mesmos daqueles observados no romance.
Ademais, como método de avaliação, o professor fará a leitura dos diários produzidos
pelos alunos. Contudo, é válido ressaltar que tal prática não deverá resultar em nota, pois a
leitura deve ser feita por prazer, não com fins sistemáticos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante as visitas do grupo de extensão à Escola Paulo Freire, constatamos que o tempo
que os professores possuem para ministrar os conteúdos necessários para a formação básica dos
educando é bastante limitado, por essa razão, elaboramos uma proposta simples de leitura, para
ser praticada com os reeducandos que realmente desejam exercitar a leitura por prazer.
Acreditamos que essa proposta é importante para a formação de leitores tanto no meio
acadêmico, a partir do envolvimento dos integrantes deste grupo, como também entre os
professores da escola receptora e seus reeducandos, que poderão aceitar o desafio e realizar o
exercício sugerido. Além disso, todos os pesquisadores interessados em desenvolver as
atividades propostas neste trabalho, poderão aprofundar e aperfeiçoar seus próprios trabalhos a
partir das sugestões que apresentamos, considerada a amplitude de possibilidades para estudos
que A Barragem nos mostra através das diferentes disciplinas, como Língua Portuguesa,
Geografia, História, Artes, Filosofia, Semiótica, Sociolinguística, Fonética, Fonologia,
Sociologia, entre outras. A formação de leitores é a democratização e a acessibilidade da
literatura, a qual é fundamental devido ao seu potencial de transformação de perspectivas e
leituras de mundo, o que pode transformar, também, a sociedade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L9394.htm>.
Acesso em 19 ago. 2023.
______. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/ SEF,
1998b. v.3. Disponível em: . Acesso em: 15 jan. 2013.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio: bases legais. Brasília: MEC,
2000. Acesso em 09 ago. 2023.
CANDIDO, Antonio. Direitos humanos e literatura. In.: FESTER, A. C. Ribeiro e outros. São
Paulo: Brasiliense, 1989.
______. Formação da literatura brasileira. 5. ed. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp,
1975. 2 vols.
______. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1987.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2018.
INTRODUÇÃO
A geografia escolar desempenha um papel fundamental na formação dos cidadãos do
mundo contemporâneo. Ao longo das décadas, a maneira como a geografia é ensinada nas
escolas tem passado por uma profunda transformação, refletindo as mudanças na sociedade, na
tecnologia e na compreensão da própria ciência. Desde os dias em que os estudantes
memorizavam listas de capitais e rios até a era atual de análise crítica e exploração
interdisciplinar, a geografia escolar evoluiu significativamente para se adaptar às demandas de
um mundo cada vez mais complexo e globalizado.
METODOLOGIA
Como agente que tem a função de transpor o conhecimento e construí-lo junto ao aluno,
o professor tem papel imprescindível na mudança de paradigmas da Geografia escolar. Algo
que deve ser discutido e trabalhado desde a sua formação inicial. Lacoste (1997) enfatiza que é
necessário saber pensar o espaço para nele saber agir, e é exatamente esta a premissa de que o
conhecimento geográfico tem o poder de transformar o olhar do indivíduo e fazê-lo pensar. O
docente acaba assumindo o papel de mediador desse conhecimento. O que conversa com Freire
(2002, p. 123) no seguinte pensamento:
Sendo assim, a necessidade de uma base nacional comum é destacada, desde que em
cada sistema de ensino, e escola haja uma complementação de acordo com as especificidades
existentes. Neste quadro de peculiaridades estão inclusas as escolas do campo, por muitas vezes
negligenciadas e reféns de um currículo, gestão e corpo docente que não atendem aos seus
anseios.
De acordo com Sforni (2022) a inteligibilidade da realidade concreta é favorecida pelos
conceitos teóricos adquiridos pelo sujeito ao longo da sua formação escolar. Desta forma, a
relação espaço vivido e conteúdos ministrados deve estar de forma clara e objetiva na
construção do currículo assim como na prática docente através das metodologias utilizadas
pelos professores.
A geografia escolar não é de forma alguma a ciência geográfica simplificada, ela é a
responsável por tornar acessível ao nível cognitivo dos estudantes da educação básica o
conhecimento acerca do espaço geográfico e das relações humanas que nele acontecem.
Porém, é possível argumentar que alguns aspectos da BNCC podem refletir influências
do neoliberalismo na educação de modo geral, como a ênfase no mercado e no desenvolvimento
econômico; a visão instrumental da educação e o enfoque na competitividade e individualismo.
O que nas escolas do campo transforma-se ainda mais em desconsideração de uma identidade
e de uma total ruralização de algo muito maior. Como afirma Girotto (2023, p. 45.)
Atrelada a racionalidade técnica instrumental citada por Girotto, está a formação inicial
de professores, que focando na construção do conhecimento teórico, deixa de lado o exercício
da prática docente na formação deste profissional tão importante para a construção da
sociedade. Além disso, não oferece instrumentos práticos e pedagógicos para questões
especificas como a educação do campo. De acordo com as Diretrizes Operacionais para a
Educação Básica nas Escolas do Campo, expressas na Resolução CNE/CEB 1, de 3 de abril de
2002, são exigidos requisitos básicos para exercer a docência neste ambiente de ensino que
devem ser abordados em estudos de formação complementar.
Art. 13. Os sistemas de ensino, além dos princípios e diretrizes que orientam a
Educação Básica no país, observarão, no processo de normatização complementar da
formação de professores para o exercício da docência nas escolas do campo, os
seguintes componentes:
I - estudos a respeito da diversidade e o efetivo protagonismo das crianças, dos jovens
e dos adultos do campo na construção da qualidade social da vida individual e
coletiva, da região, do país e do mundo;
II - propostas pedagógicas que valorizem, na organização do ensino, a diversidade
cultural e os processos de interação e transformação do campo, a gestão democrática,
o acesso ao avanço científico e tecnológico e respectivas contribuições para a melhoria
das condições de vida e a fidelidade aos princípios éticos que norteiam a convivência
solidária e colaborativa nas sociedades democráticas. (Brasil, 2002, p.3)
REFERÊNCIAS
CNE. Resolução CNE/CEB 1/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de abril de 2002.
CRUZ, Abigail Bruna da; AZEVEDO, Sandra de Castro de. Geografia escolar e escola no
campo: investigações sobre a educação geográfica numa escola rural com currículo
urbano. Revista NERA, v. 22, n. 46, p. 133-155, 2019.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996. Coleção leitura, 2002.
___________. Pedagogia do oprimido, 17ª. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987. Disponivel
em: https://www.gepec.ufscar.br/publicacoes/livros-e-colecoes/paulo-freire/pedagogia-do-
oprimido. Acesso em: 13 jun. 2023.
GIROTTO, Eduardo Donizeti. Por uma crítica da Geografia que nega a escola e à docência. In:
OLIVEIRA, Aldo Gonçalves de; GIORDANI, Ana Claudia; TONINI, Ivaine Maria;
FONSECA, Ludmila Losada da; CAMPOS, Suzana (org.). Geografias e educação: singulares
mãos docentes. 1. ed. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2023. cap. 1, p. 27 -48. ISBN 978-85-7785-
792-0. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/258037/001167629.pdf?sequence=1#page
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LACOSTE, Yves. A geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra.
Tradução de Maria Cecília França. 4. ed. Campinas- SP: Papirus, 1997.
MONTESSORI, Maria. Educação para um mundo novo. 1. ed. São Paulo: Alma dos livros,
2022. 136 p. v. 1. ISBN 9789895700684. Disponível em: https://www.wook.pt/livro/educacao-
para-um-mundo-novo-maria-montessori/27758862. Acesso em: 16 jun. 2023.
INTRODUÇÃO
Fonte: Brendon Bessa Lima (2023), com base no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), 2022.
A EEM Francisco Araújo Barros representa uma escola que vai além dos muros da
sala de aula, contribuindo para a construção de cidadãos conscientes e engajados em questões
geográficas e sociais de seu território camponês.
O território é fundamental na vida das comunidades camponesas, pois vai para além
de apenas uma propriedade, sendo um espaço onde a vida se desenrola, onde as pessoas vivem,
trabalham, aprendem e compartilham experiências. Nesse contexto, a luta camponesa e as
ocupações de terras desempenham um papel importante. Fernandes (2000) destaca que a
ocupação não é apenas um ato de reivindicação, mas uma transformação significativa no tempo
e espaço. Marca a transição entre o latifúndio (a grande propriedade) e o assentamento, entre
um passado de desigualdade e um futuro de trabalho e produtividade. A ocupação da terra é
essencial para que a grande propriedade se torne um espaço de trabalho e desenvolvimento para
as comunidades camponesas.
No jogo os (as) estudantes precisam tomar decisões sobre o uso do solo, o plantio
de culturas, entre outros aspectos que desenvolvem a habilidade de consciência espacial
(CASTELLAR, 2010) e de aprofundamento com a realidade dos territórios camponeses. Para
a EEM Francisco Araújo Barros, o uso educacional do jogo de tabuleiro como recurso didático
de Geografia e de OTTP, pode ser adaptado para atender às necessidades e interesses
específicos desse público.
O objetivo do jogo é se tornar o (a) jogador (a) que melhor desenvolve, no território,
cultivos agrícolas na horta mandala dentro do território do jogo, como pode ser observado na
Figura 03. Combinando conhecimentos geográficos acerca da natureza, com técnicas de plantio
e consciência ambiental, a partir das necessidade das realidades tanto do território camponês
quanto urbano. Assim, a utilização do jogo como ferramenta de apoio no ensino de Geografia
é fundamental para reforçar os conteúdos previamente ensinados e engajar os (as) estudantes.
Esses jogos podem ser uma estratégia valiosa para tornar o aprendizado mais dinâmico e
cativante, principalmente quando recria a partir do espaço real (BREDA, 2018). Para a
efetivação do jogo se faz necessário o uso das seguintes regras:
REGRAS
A cada início de turno, os (as) jogadores (as) ganham uma carta de perguntas geográficas;
Os (as) jogadores podem usar as cartas de ação para o cultivo agrícola e cartas desafios;
Os (as) jogadores (as) podem negociar recursos e até mesmo informações geográficas entre
si;
O jogo continua até que um (a) jogador (a) atinja um objetivo específico, como ter uma
variedade de culturas específicas ou desenvolver uma área geográfica completa da mandala.
As cartas de ação fornecem aos (às) jogadores (as) a capacidade de realizar ações
de plantar e nas estratégias específicas de cultivo de cada cultura agrícola. No entanto, a parte
geográfica do jogo é igualmente importante. A cada turno, os (as) estudantes recebem uma carta
de perguntas geográficas ao responder corretamente a essas perguntas não apenas aumenta a
compreensão geográfica dos jogadores, mas também concede benefícios para suas plantas.
Além disso, a possibilidade de negociar cartas e informações geográficas com
outros (as) estudantes adiciona uma camada de estratégia e interação social ao jogo. Isso
incentiva a colaboração e o aprendizado conjunto, à medida que os (as) estudantes
compartilham suas descobertas geográficas e cartas específicas para alcançar o objetivo do
jogo, como ter uma variedade diversificada de culturas ou desenvolver completamente seu
perímetro na horta mandala. Essa condição de vitória cria um senso de competição saudável e
motivação para os jogadores enquanto exploram e aprendem mais sobre geografia de maneira
lúdica e divertida.
[...] Contudo pensar a geografia como uma disciplina que ensina a memorizar
informações soltas é uma ideia equivocada. Por isso construir a ideia de espaço na sua
dimensão cultural, econômica, ambiental e social é um grande desafio da geografia, e
da geografia escolar. Mais, ainda, pensar que os fenômenos geográficos podem ser
analisados articuladamente e em diferentes escalas, o que significa analisá-los
conceitualmente, em função de diversas práticas e das representações sociais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este projeto, que envolve o desenvolvimento e implementação do jogo de tabuleiro
GeoMandala, tem como objetivo atender às necessidades e realidades tanto das escolas urbanas
quanto das escolas do campo. Reconhecendo que as abordagens pedagógicas devem ser
adaptáveis e inclusivas, estas considerações finais destacam o potencial do GeoMandala como
uma ferramenta educacional.
É importante destacar que o GeoMandala não é uma abordagem estática, mas sim
uma ferramenta educacional que pode ser moldada de acordo com as necessidades e interesses
dos (as) estudantes e professores (as). Esta abordagem dinâmica e adaptável não apenas pode
enriquecer a experiência de aprendizado, mas também prepara os (as) estudantes para
compreender e interagir ainda mais com o mundo ao seu redor.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
“Desde cedo a mãe da gente fala assim: ‘Filho, por você ser preto, você tem que ser
duas vezes melhor.’ Aí passados alguns anos eu pensei: Como fazer duas vezes melhor, se você
tá pelo menos cem vezes atrasado, pela escravidão, pela história, pelo preconceito, pelos
traumas, pelas pscioses… por tudo que aconteceu? duas vezes melhor como?”.
Esse trecho da canção “A Vida é Desafio” do álbum “Nada como um Dia após o Outro
Dia” do grupo de rap brasileiro Racionais MC’s, retrata bem a constante luta do negro por
melhores condições de vida em que são sujeitos e a necessidade de sempre lutar duas vezes
mais para ter acesso à espaços nos quais por décadas foram negados e socialmente separados,
como transportes públicos, instituições ensino, acesso a empregos entre outros.
Tendo isso em vista, o longa metragem demonstra momentos que podem ser
considerados relevantes para serem abordados em sala de aula, uma vez que abriga uma ampla
diversidade de temas que podem ser explorados com os alunos na aula de Geografia,
abrangendo assuntos como a representatividade das mulheres na ciência, a corrida espacial, a
segregação racial nos Estados Unidos, bem como o racismo estrutural, entre outros.
Nesse sentido, destaca-se esse paralelo com a música Racionais MC 's para observarmos
que as protagonistas precisam trabalhar em dobro e serem duas vezes melhores para alcançar e
atingir seus objetivos diante os diversos obstáculos em suas trajetórias de vida na sociedade.
Moran (1999) destaca que as crianças também aprendem através das mídias, sobretudo
através dos conteúdos televisionados. Nessa perspectiva, abordar conteúdos midiáticos no
ensino geográfico se faz necessário, pela evolução e elaboração de sentidos críticos-
transformadores na vida dos estudantes. Todavia, ainda existe um bloqueio causado pelos
currículos escolares que apresentam um modelo tradicional e não contemplam a atualidade,
resultando no impedimento da introdução desse trabalho em sala de aula pelo professor.
Temos ideia de que o uso correto das tecnologias pode trazer resultados positivos ao
ensino de Geografia, pois são um meio importante e imediato com potencialidades para um
pensamento crítico e transformador. Desse modo, Alves (2014) nos diz que é imprescindível
que a escola esteja pronta para receber essa nova identidade cultural, ou seja, pronta para
compreender os significados atribuídos às novas tecnologias e possibilitar uma aproximação
dos recursos tecnológicos durante as aulas.
Contudo, mesmo sendo obras fictícias, como destaca Costa (2011), em que o cinema
consegue relacionar ficticiamente questões reais e estreitar as relações entre mundo real e a
imagem produzida, mesmo assim os filmes conseguem trazer diálogos que contribuem para
uma formação crítica, cultural dialógica, tanto para os professores quanto para os alunos. Como
também contribui Duarte (2000):
Em virtude das ideias acima, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma
abordagem metodológica que utilize o filme “Estrelas Além do Tempo” como uma ferramenta
didática para o ensino de Geografia, com o foco no estudo do movimento negro, visto que tantos
alunos como professores acessam diariamente conteúdos cinematográficos que abordam
temáticas transversais da Geografia, mas não conseguem associá-las em suas aulas.
METODOLOGIA
Ademais, esse estudo tem como fim apresentar a utilização de recursos audiovisuais
para serem utilizados como suportes metodológicos nas instituições de ensino, com finalidade
de analisar e debater acerca do movimento negro fazendo analogia ao filme referido. Portanto,
o estudo aqui presente também se fundamentou em metodologias de análises e reflexões,
visando que o conteúdo por completo da obra audiovisual discuta toda a questão que queremos
refletir em sala de aula.
Para a realização deste trabalho como recurso metodológico, se faz necessário o uso
de dispositivos eletrônicos que reproduzem imagens e áudios, acesso à internet e por fim, para
a visualização da turma, um retroprojetor.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Moran (1999, p. 3) ressalta que “boa parte dos professores é previsível, não nos
surpreende; repete fórmulas, sínteses. Corroborando com o outro, professores que mantêm as
aulas em formato meramente tradicional, com modelos que não correspondem à realidade dos
alunos, não têm a possibilidade de proporcionar um modelo de ensino divertido e interativo.
Com isso, podemos refletir que o uso de metodologias e recursos didáticos tecnológicos possam
estar distantes de muitas realidades escolares.
De acordo com essa ideia, Paulo Freire, em seu livro “Pedagogia do oprimido”, Freire
(2005) destaca que as mudanças no ensino são resultado de momentos de socialização de
conhecimentos, evidenciando o diálogo e promovendo trocas significativas e colaborativas de
aprendizagens.
Nesse sentido, se tona relevante inserir os conteúdos midiáticos nas aulas de Geografia
para refletir e debater acerca das problemáticas do movimento negro, fazendo a ultilização dos
filmes que estão no nosso dia-a-dia, permitindo levantar com os alunos situações que eles
possivelmente presenciaram e que possa ser comparado com o filme “Estrelas Além do
Tempo”.
Levando em consideração que as obras cinematográficas são uma fonte precisa para
compartilhar informações, assim, facilitando o acesso para o conhecimento do movimento
negro.
O filme “Estrelas Além do Tempo” narra a vida das três protagonistas Katherine
Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson. O filme começa localizado na cidade de Hampton,
no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, no ano de 1961, período marcado pela forte
segregação racial.
Diante disso, a interação do policial com as protagonistas pode ser utilizado em sala
de aula para abordar a discriminação racial que as pessoas negras sofriam na época e analisar o
contexto de segregação, trazendo questionamentos como: Por que o policial fica surpreso ao
ver mulheres negras ocuparem cargos de posição relevante na NASA?
Questões como essa, caracterizado como racismo velado, são constantes nas vidas das
pessoas negras, e muitas vezes esse problema (essa sujeira) grave decorrente na sociedade acaba
sendo jogada de lado (para debaixo do tapete).
Por isso, criar diálogos e debates nas aulas de Geografia, assim como em outras
disciplinas, tem possibilidade de desconstruir esse cenário que se repete no mundo real.
Após toda a identificação das mulheres para o policial, o mesmo garante que elas não
são um perigo para os EUA, oferece uma ajuda diante a situação em que elas se encontram para
que possam chegar ao seu local de trabalho na NASA, pois, já estão atrasadas, como vemos na
figura 03. Essa parte da cena se torna reflexiva para observar as mudanças de comportamento
que ocorreram na atitude do policial, ao analisar que essas mulheres integram uma parte
importante unicamente pelo fato de estarem prestando serviço à corrida espacial dos EUA
contra a URSS.
Diariamente são sujeitadas a serem tratadas diferentes pelo fato de serem as únicas
pessoas negras diante de suas equipes, a competência é testada colocada em dúvida a todo
momento, podemos observar nas cenas como os homens e mulheres brancos as olham com
desprezo, as caracterizações da segregação racial no filme "Estrelas Além do Tempo",
apresentam como destaque a dificuldade na vida dos afro-americanos que viveram naquela
época.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio das discussões que fizemos ao longo deste estudo, os alunos são capazes de
assumir diante das reflexões que relacionamos sobre o filme uma análise mais intensa das
problemáticas sociais que envolvem o movimento negro.
Perante a análise meticulosa das respostas e interações nas atividades com filmes, é
notável que, não obstante as limitações específicas ao emprego de tecnologias digitais nas aulas,
sobretudo, na prática pedagógica do ensino básico, têm uma capacidade estratégica de
enriquecer o processo de ensino e aprendizagem da geografia escolar. Surge a possibilidade de
fomentar o pensamento crítico dos estudantes e promover o desenvolvimento de competências
metodológicas por parte dos professores.
Portanto, percebemos que o filme “Estrelas Além do Tempo” possui uma notável
competência didática ao instigar a criticidade dos alunos sobre o papel do movimento negro na
sociedade.
REFERÊNCIAS
ALVES, Gabriel Araújo. Os filmes como recurso didático para o ensino de geografia no Ensino
Fundamental II. 2014
Dessa forma, grande parte dessas violências que atravessam esse território perpassa o
racismo estrutural em que está enraizada nossa sociedade brasileira. Almeida (2018) indica que
o racismo opera como um sistema de racionalidade que considera uma normalidade o fato de
jovens negros (as), pobres, moradores (as) de periferia, trabalhadores (as) e “minorias” sexuais
sendo vítimas de fome, de epidemias e eliminados (as) violentamente pelo Estado.
Assim sendo, o projeto de extensão foi criado, dentre os seus objetivos, para dialogar
com os (as) estudantes e professores (as) sobre a importância da abordagem da história e cultura
dos povos indígenas e afro-brasileiros, tendo como ponto de partida a disciplina de Geografia
e suas articulações conceituais, a partir do livro didático. Com isso, buscar possibilidades para
uma Educação antirracista e a construção de um currículo que possibilite aos (as) estudantes
uma aprendizagem significativa, partindo da realidade em que estão inseridos (as), estimulando
a criticidade e cidadania. Nilza Cruz (2021) compreende que a aprendizagem necessita
transformar o sujeito, ou seja, os saberes ensinados são reconstruídos pelos (as) educadores (as)
e educandos (as) e, a partir dessa reconstrução, tornam-se autônomos (as), emancipados (as) e
questionadores (as).
METODOLOGIA
O projeto, que está em curso nesse ano de 2023 (dois mil e vinte e três), busca através
da Lei n.º 11.645/2008, coadunar os conteúdos do livro didático “Expedições Geográficas” da
editora Moderna, de Melhem Adas e Sergio Adas, com as aulas de Geografia da escola,
promovendo diálogos e reflexões acerca da Educação para as relações étnico-raciais em
Geografia, tendo em vista que a prática do diálogo é um dos meios com que nós, como
professores (as), acadêmicos (as) e pensadores (as) críticos (as), podemos começar a cruzar as
fronteiras, as barreiras que podem ou não ser erguidas pela raça, pelo gênero, pela classe social,
pela reputação profissional e por um sem-número de outras diferenças (HOOKS, 2013), a partir
de metodologias e práticas educativas e geográficas no 7° (sétimo) ano do Ensino Fundamental,
anos finais.
Tais afirmações são perceptíveis por meio das respostas colhidas, por exemplo, quando
indagamos sobre o que eles (as) entendiam sobre “povos indígenas” ou sobre “África”, pois
boa parte delas vinham “vagas” ou com visões estereotipadas. Segue uma resposta sobre a
pergunta 13 (treze) do Inventário da realidade escolar, acerca dos “povos indígenas” de um
estudante a qual iremos denominar de “Estudante A”: e de um estudante que respondeu à
questão 17 (dezessete) sobre o “continente africano”, que iremos chamar de “Estudante B”:
Estudante A: “Só entendo que onde eles moram tem varios lugares: Floresta, amazonia ou no
Ceara e em varios outros tipos de lugar”.
Estudante B: “Quase nada, mas eu sei que ela é um país pobre, mas eu respeito muito a África.”
Podemos perceber nas falas de ambos os (as) estudantes, que se assemelham aos dos
(as) outros (as) discentes, respostas com poucas características no que se refere o
reconhecimento da presença de povos indígenas no Ceará, porém expressam respeito ao
continente africano. Além disso, não obtivemos nenhuma resposta quando questionamos a eles
(as) acerca do conhecimento dos (as) mesmos (as) sobre as “comunidades quilombolas”.
Outra questão a se destacar é que a maioria dos (as) estudantes tiveram dificuldade em
descrever seus entendimentos acerca dos conceitos: preconceito, racismo, discriminação,
bullying e desigualdade social, colocando, muitas vezes, como se seus significados fossem
sinônimos. Infelizmente, isso é uma realidade, inclusive entre os (as) próprios (as) professores
(as).
A interação aconteceu da seguinte forma: primeira etapa foi feita com a acolhida dos
(as) estudantes com a apresentação das 02 (duas) bolsistas do projeto, mestrando e a professora
de Geografia da escola, explicando como iria ser a dinâmica da aula, e introduzindo o tema “A
Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Nesse momento, a aula foi expositiva e
dialogada com os (as) discentes. O segundo momento, a partir do conhecimento dos (as)
discentes acerca dos Direitos Humanos, passamos para a etapa da análise da música, através do
recurso de áudio visual. O videoclipe acerca da música Manifestação trouxe cenas de diversas
afrontas, como o racismo, preconceito, discriminação e desigualdade socioespacial,
características presentes na sociedade brasileira.
Dessa forma, foi solicitado aos (às) estudantes a escreverem suas percepções a partir
das observações dos mesmos (as) acerca da música e do videoclipe. Por fim, finalizamos com
a roda de conversa através das observações dos (as) discentes sobre a letra da música e das
cenas que os (as) mesmos (as) pontuaram no vídeo. A partir disso, foi abordado e
problematizado questões como a intolerância contra as religiões de matriz africana, gênero,
preconceito e racismo. Muitos dos (as) estudantes relataram cenas vividas e presenciadas no
seu cotidiano.
Assim, trazer a temática das Geografias Negras nas escolas, é ter em mente um papel
fundamental do Ensino de Geografia, que é impactar diretamente nas visões de mundo dos (as)
estudantes, visto que saber Geografia “é saber onde você está, conhecer o mundo, mas isto serve
fundamentalmente para você agir sobre esse mundo no processo de reconstrução da sociedade:
se apresentar para participar” (SANTOS, 2009, p. 15). Além disso, o estudo das questões raciais
se faz necessário, pois contribui para trazer a compreensão de que as escolas não são meros
espaços de reprodução, na perspectiva de ser uma ação afirmativa.
A partir disso, foi objetivado a compreensão dos (as) estudantes sobre o território
brasileiro, possibilitando entender parte significativa dos processos de colonização, da reação
de povos indígenas e de grupos negros com a formação de quilombos no Brasil.
Outro ponto fundamental, foi considerar a formação espacial no tocante ao estudo das
relações étnico-raciais, haja vista que essa compreensão permite enxergar como as questões
históricas dos indivíduos no espaço estão envolvidas na configuração da sociedade atual, já que,
como demonstra Milton Santos (1977, p. 91): “[...] o espaço reproduz a totalidade social [...] o
espaço reproduz-se, ele mesmo, no interior da totalidade, quando evolui em função do modo de
produção e de seus momentos sucessivos. [...]”. Dessa forma, conhecer a formação
socioespacial brasileira possibilita identificar as resistências dos grupos negros e povos
indígenas.
Somado a isso, outro ponto que é importante enfatizar, que foi abordado nas práticas
educativas e geográficas desenvolvidas, foi a questão da cidadania. Buscamos colaborar com a
formação cidadã ao trazer temas necessários para serem discutidos na sala de aula, para
possibilitar o pensamento crítico, a compreensão da realidade que os (as) rodeiam e refletir
acerca de transformações sociais necessárias, visando conhecer os problemas e as
problemáticas em que se estão envolvidos (as). Assim, a Geografia, a partir do entendimento
do espaço, é fundamental para construção da cidadania.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ademais, aos (às) estudantes, discentes dos cursos de Geografia da UECE, possibilitar
uma formação articulada ao tripé da universidade: ensino, pesquisa e extensão, saindo dos
“muros” da universidade. Além disso, combinando a teoria e a prática docente, para
desenvolver seus saberes docentes. E, aos (as) professores (as) da Educação Básica, perceber
as possibilidades de articular a Lei nº 11.645/2008, de maneira contínua que parta da realidade
socioespacial que os sujeitos estão inseridos (as).
REFERÊNCIAS
ADAS, Melhem; ADAS, Sergio. Expedições geográficas: manual do professor. 3ª. ed. São
Paulo: Moderna, 2018.
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte (MG): Letramento,
2018.
BRASIL. Lei nº 11.645/2008, de 10 de março de 2008, que altera a Lei n.º 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, modificada pela Lei n.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília: MEC,
2008.
HOOKS, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo
Martins Fontes, 2013.
SANTOS, Milton. Sociedade e espaço: a formação social como teoria e como método. Boletim
Paulista de geografia, n. 54, 1977.
SANTOS, Renato Emerson dos. Rediscutindo o ensino de Geografia: temas da lei 10.639. 1a
ed. Rio de Janeiro: CEAP, 2009.
SILVA, Cíntia Cristina Lisboa da. Possibilidades geográficas: Você sabia que existem “outras”
Geografias? In: GUIMARÃES, Geny F.; OLIVEIRA, Denilson Araújo de; ROSA, Daniel;
GIORDANI, Ana; ALVES, Bruno (org.). Geografias negras e estratégias pedagógicas. São
Carlos: Pedro & João Editores, 2021, p. 117-126.
EDUCAÇÃO QUILOMBOLA EM ALAGOAS: DESAFIOS E
PERSPECTIVAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA
INTRODUÇÃO
Para a seleção de obras pertinentes a pesquisa, foram escolhidos estudos recentes que
abordam os temas centrais das comunidades Quilombolas, incluindo Etnicidade, Identidade e
Território; Políticas Públicas e Dados Estatísticos; e Cultura Material e Imaterial. Damos
destaque à Educação Quilombola Brasileira, especialmente a Educação Quilombola Alagoana,
que foi pouco abordada nas principais fontes de pesquisa, contando apenas com quatro
trabalhos.
Três desses estudos embasaram teoricamente o trabalho em questão. Tais informações
subsidiaram nossa pesquisa anterior, intitulada "O Estado da arte sobre a Educação
Quilombola", a qual serviu de alicerce para a formação do presente ensaio e proporcionou uma
visão ampla no desenvolvimento desta temática.
Na realização da pesquisa bibliográfica, foi utilizado bibliotecas digitais, contando
principalmente com a internet, explorando sites de universidades, museus, institutos, fundações,
órgãos públicos e revistas eletrônicas, além da plataforma SUCUPIRA, que foi a mais utilizada
na pesquisa. Essas fontes nos permitiram sintetizar o estado atual da pesquisa científica e do
conhecimento sobre a educação quilombola.
A referência bibliográfica mais antiga identificada, o documento "A Educação Formal
Afro-Quilombola em Alagoas: limites e possibilidades de emancipação humana" de José
Bezerra Silva (2012), desempenha um papel fundamental no aprofundamento da compreensão
da realidade educacional Quilombola, na identificação das práticas pedagógicas em uso e nas
percepções dos envolvidos.
Primeiramente, esse documento fornece um contexto histórico, atualizado sobre a
educação Quilombola em Alagoas. Ao estudar as políticas governamentais, dilemas e
oportunidades relacionadas à educação nessas comunidades, ele permite uma visão abrangente
das circunstâncias que moldam o sistema educacional Quilombola.
Além disso, o trabalho de Silva (2012) analisa as práticas pedagógicas específicas que
são implementadas nas comunidades quilombolas de Alagoas. Isso inclui a exploração de
métodos de ensino, abordagens curriculares e estratégias educacionais que podem diferir
significativamente das adotadas em outros contextos. Essa análise ajuda a entender como a
educação é contextualizada e adaptada para atender às necessidades das Comunidades
Quilombolas.
Uma outra obra, publicada em 2015, da SEPLAG (Secretaria de Estado do Planejamento,
Gestão e Patrimônio) conduziu a investigação intitulada "Análise das Comunidades
Quilombolas de Alagoas", cujo propósito é fornecer uma visão geral das comunidades
remanescentes de quilombos em Alagoas. Este estudo aborda elementos históricos, culturais,
sociais e econômicos das referidas populações, ressaltando a importância da preservação de
suas áreas territoriais e do reconhecimento de seus direitos.
Diante do exposto, utilizamos a Comunidade Quilombola de Santa Luzia do Norte como
objeto de estudo da pesquisa. Em um primeiro momento, de forma indireta pela leitura da
dissertação produzida por Beatriz Araújo Silva, aqui já mencionada. E em um segundo
momento, de forma direta, por meio de uma primeira visita à escola situada na Comunidade.
Um notável destaque foi a dissertação produzida por Beatriz Araújo Silva, no estado de
Alagoas, em 2017. Essa dissertação concentrou-se em discussões acadêmicas relacionadas à
etnicidade, educação, escolas quilombolas, práticas corporais e pedagogia. A pesquisa explorou
detalhadamente as abordagens curriculares adotadas pelos professores, investigando como
essas abordagens incorporam as ricas experiências culturais negras e os saberes quilombolas
em Santa Luzia do Norte, Alagoas,
Dessa forma, no decorrer da pesquisa, realizamos entrevistas com educadores e membros
da gestão da Escola Municipal Dom Pedro I com o objetivo de compreender a realidade
educacional Quilombola em profundidade. Nesse contexto, procuramos identificar não apenas
as práticas pedagógicas adotadas, mas também as percepções e opiniões dos envolvidos no
processo educacional.
PROCEDIMENTO METODOLÓGICOS
ÁREA DE ESTUDO
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Apesar das melhorias recentes provenientes de uma reforma, a escola ainda enfrenta
obstáculos significativos. Com recursos financeiros que não chegam a seis mil reais (6.000,00
R$), a instituição enfrenta dificuldades para atender plenamente às necessidades dos alunos e
do ambiente educacional. A carência de recursos é evidente, afetando aspectos como materiais
didáticos, infraestrutura e apoio pedagógico, ressaltando a necessidade de investimentos
adicionais para proporcionar uma educação de qualidade.
No cenário atual da educação, a escola está passando por um processo significativo de
transformação, rumo à condição de escola quilombola e suas especificidades. Sob a liderança
atenciosa da diretora, que foi eleita democraticamente e preside o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb) no município, destacando seu compromisso com a participação da comunidade e a
gestão dos recursos educacionais.
Essa jornada está em pleno curso, respondendo às demandas do plano municipal de
educação em relação à educação quilombola. Anteriormente, o Projeto Político-Pedagógico
(PPP) da escola não abraçava essa identidade, mas agora, ele está sendo refinado para abranger
os princípios da educação quilombola de acordo com a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) de Alagoas e o Plano Pedagógico Individual (PPI) nacional.
Essa transição não é apenas uma questão de identidade, mas também de necessidade. A
escola busca garantir recursos mais substanciais para melhorar suas condições, pois as
dificuldades financeiras a têm impedido de manter-se adequadamente. A escola enfrenta
desafios consideráveis, inclusive com a perda de materiais por falta de uso, como é o caso dos
computadores e instrumentos (Figura 03).
Figura 03 – Equipamentos perdidos
Em um contexto geral, o renomado pintor José Zumba nasceu em Santa Luzia do Norte,
Alagoas, em 3 de maio de 1920, como filho de Manuel Zumba e Hortência Maria da Conceição
Zumba. Sua vida trilhou um caminho desafiador, iniciando aos 10 anos quando a perda de seu
pai lançou sua família em dificuldades financeiras. Para enfrentar as adversidades, Zumba
mudou-se para Recife, Pernambuco, onde encontrou emprego em uma vacaria.
A trajetória do jovem artista o levou a um novo patamar aos 12 anos, quando ingressou
na Escola de Belas Artes do Recife, onde se aprofundou em estudos de Artes Plásticas.
Retornando à sua terra natal, estabeleceu-se em Maceió, onde eventualmente uniu-se em
matrimônio com Maria Júlia Cordeiro Manso e juntos criaram uma família com vários filhos.
Enfrentando as responsabilidades crescentes de sustentar sua família, Zumba recorreu à
pintura como meio de prover recursos, carregando consigo suas obras pelas ruas de Maceió.
Essa abordagem singular lhe permitiu vender suas criações, garantindo assim o sustento de sua
família.
O legado artístico de Zumba ultrapassou fronteiras, sendo apreciado internacionalmente.
Suas criações encontram-se preservadas em acervos de museus na França, Itália, Rússia e
Argentina. Tragicamente, José Zumba faleceu em 30 de outubro de 1996, porém, deixou para
trás um vasto legado espalhado pelo mundo e especialmente por toda Alagoas, que serviu como
inspiração constante para suas pinturas.
As obras de Zumba estão presentes em prédios públicos, museus e residências, sendo
admiradas por colecionadores respeitados em sua cidade natal. Sua jornada de superação,
dedicação à arte e representação vívida do cenário cultural alagoano o solidificaram como um
ícone importante na história cultural da região e além.
Dessa maneira, a ligação entre a escola e o legado artístico de Zumba reforça a
importância de valorizar as raízes culturais e as expressões criativas locais. Como um exemplo
inspirador, a jornada de Zumba deu origem a uma herança artística notável, evidenciada por
suas obras que alcançaram reconhecimento nacional e internacional.
Sua abordagem singular de levar suas criações pelas ruas de Maceió para vender, a fim
de sustentar sua família, ressalta não apenas sua paixão pela arte, mas também sua resiliência
diante das dificuldades. Essa conexão entre a escola e o legado de Zumba estabelece uma ponte
valiosa entre o passado e o presente, enriquecendo a educação dos alunos com uma apreciação
profunda da cultura local e das possibilidades criativas.
As releituras dos quadros de Zumba não apenas estimulam a criatividade dos alunos, mas
também proporcionam uma oportunidade única para eles se conectarem com a história e a rica
tradição artística de sua região. Ao reinterpretar as obras do mestre, os estudantes não apenas
absorvem as técnicas e estilos de Zumba, mas também internalizam os valores de dedicação,
superação e compromisso com a expressão artística.
EXPLORANDO A PERSPECTIVA DA ADMINISTRAÇÃO
Dessa maneira, é crucial ressaltar a ausência de uma estrutura adaptada para atender às
necessidades de alunos e membros da comunidade escolar com requerimentos especiais. Essa
lacuna merece atenção especial, visto que a inclusão e a acessibilidade são elementos
fundamentais para proporcionar uma educação igualitária e abrangente.
No entanto, é essencial destacar que a escola não possui uma quadra de esportes à
disposição dos estudantes. A ausência desse espaço de atividades físicas pode impactar as
oportunidades de exercício, recreação e engajamento esportivo para os alunos. Investir em
instalações esportivas poderia enriquecer a experiência educacional e promover um estilo de
vida saudável entre os estudantes.
Essa questão volta à discussão quando se aborda a possibilidade de aprimoramentos na
infraestrutura da instituição. Uma das sugestões que emerge é a implementação de uma quadra
de esportes, o que destaca a relevância desse ponto. Embora a escola disponha de uma área
verde na entrada, utilizada pelos alunos durante os intervalos, a ausência de uma estrutura
apropriada para atividades esportivas é evidente. A introdução de uma quadra de esportes suprir
essa carência, proporcionando um espaço valioso para a prática de atividades físicas, recreação
e promoção de um estilo de vida saudável entre os estudantes.
No contexto das melhorias para a escola, a preocupação com modificações na estrutura
física também veio à tona. Especificamente, houve menção à necessidade de uma área de lazer,
reforçando a importância da mencionada quadra de esportes. Além disso, existe o desejo
explícito por adquirir mais materiais pedagógicos e mobiliários, com o objetivo de proporcionar
conforto para todos os envolvidos no ambiente educacional.
INDAGANDO OS PROFESSORES: PERSPECTIVAS E REFLEXÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do que foi apresentado, fica evidente que a escola está passando por uma
transformação significativa, visando a se tornar uma escola quilombola. Esse processo envolve
a redefinição do currículo e do papel da escola, a busca por recursos financeiros e materiais, a
inclusão de práticas pedagógicas específicas que valorizem a cultura quilombola e a promoção
da diversidade.
A necessidade de investir em infraestrutura e recursos pedagógicos também é destacada,
com ênfase na importância da acessibilidade, da inclusão de instalações esportivas e da
otimização de espaços como a biblioteca. Além disso, a entrevista com a professora revela um
compromisso com o ensino da Geografia como uma ferramenta para a compreensão das
realidades locais e um esforço para abordar questões de identidade, gênero, racismo e
preconceito. Ela enfatiza a importância de palestras e materiais educacionais voltados para a
comunidade quilombola.
REFERÊNCIAS
DADOS HISTÓRICOS – SANTA LUZIA DO NORTE. Prefeitura de Santa Luzia do Norte,
2021. Disponível em: http://santaluziadonorte.al.gov.br/home/municipio/dados-historicos/.
Acesso em: 18 ago. 2023.
MESTRE ZUMBA: “arte não tem dono nem nome”. História de Alagoas, 2016. Disponível
em: https://www.historiadealagoas.com.br/mestre-zumba-arte-nao-tem-dono-nem-nome.html.
Acesso em: 18 ago. 2023.
INTRODUÇÃO
No que se refere aos demais tipos de publicações, observamos uma rica diversidade
qualitativa que denota a demanda pela reflexão sobre o tema em diferentes condições
acadêmicas, ou mesmo, culturais e intelectuais a nível de interesses particulares, digamos.
Apesar disso, diante da complexidade histórica e das atuais condições nas quais vivem os
povos indígenas em Alagoas, acreditamos que essa produção é baixa em termos quantitativos,
sendo esta uma importante justificativa para estimular ainda mais esses estudos, sobretudo,
nas Universidades.
Conforme a Tabela 2, os dados evidenciam uma maior quantidade de trabalhos com a
temática de Políticas Públicas, seguida por Etnicidade, Identidade e Território, e, finalmente,
Cultura Material e Imaterial.
Total 26
ORIGEM QUANTIDADE
Alagoas 30
Outros 15
Total 45
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como explicitado, este Estado da Arte nos servirá como base bibliográfica fundamental
para o desenvolvimento do projeto: “Comunidades Tradicionais, Políticas Públicas e
Desenvolvimento Territorial: Povos Indígenas e Quilombolas em Alagoas”. Acreditamos que
a possibilidade de apresentar os resultados preliminares da pesquisa em andamento seja
importante para a sequência do estudo, considerando-se novas possibilidades teóricas e
alternativas metodológicas para a pesquisa. Mas, sobretudo, temos a perspectiva de que tal
momento de diálogo será de retomada de fôlego e de inspiração para seguir na busca por meios
mais efetivos de contribuição acadêmica-científica para a luta histórica dos povos indígenas e
quilombolas do Brasil.
Contudo, este levantamento bibliográfico não conseguiu alcançar todas as pesquisas,
estudos ou documentos escritos que versam a respeito da rica trajetória histórica dos povos
indígenas em Alagoas, no entanto, reconhecemos o caráter contínuo deste trabalho de
prospecção instigados pelas possibilidades futuras de aprofundar essas e novas leituras. Para
mais, toda equipe do laboratório de pesquisa do Geekcult, visa a possibilidade de contribuir
para o acesso desse conjunto de ideias e conhecimentos tão importantes para compreender a
realidade dos povos indígenas e quilombolas de Alagoas.
Como resultado preliminar, ressaltamos a importância de criar espaços escolares bem
estruturados nos territórios indígenas de Alagoas, visto que estes atuam como ambientes
profícuos de aprendizagem e socialização cultural dos seus povos. Deste modo, concluímos que
a produção científica nesta temática visibiliza lutas e, a depender das suas orientações políticas
e ideológicas, podem fundamentar processos de reivindicações juntos ao Estado no
cumprimento das leis brasileiras que regem a educação indígena em suas inúmeras
possibilidades.
1. ARTIGOS CIENTÍFICOS:
José Adelson Lopes Peixoto; Zuleica Dantas Pereira Campos. Educação, direito e identidade:
Licenciatura Intercultural Indígena em Alagoas – CLIND-AL. Revista EntreRios, Vol. 4, n. 1,
p. 96 - 121, (2021);
DADOS SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL INDÍGENA EM ALAGOAS: Questões
pedagógicas, políticas e legislativas. (2018);
VIEGAS, Maria Ester Ferreira da Silva. Narrativas savantes construindo os territórios dos
povos tradicionais no semiárido alagoano. Percursos, Florianópolis, v.22,n.48, p. 128 – 153,
jan./abr. 2021.
Viviane da S. Wanderley, Túlio R. M. da Rocha, Marcelo B. Jobim, Jorge L. G. Vieira. A
CONSTITUCIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA E SUA
EFETIVIDADE NOS POVOS EM ALAGOAS. 69a Reunião Anual da SBPC - 16 a 22 de julho
de 2017 - UFMG - Belo Horizonte/MG.
LIBARDI, Suzana Santos; SOARES, Leonardo Barros; SILVA, Alana Gabriela Barros Doia
da. A disputa por território na perspectiva das crianças indígenas Kalankó: um relato de
pesquisa de campo no sertão de Alagoas. In: LIMA, Lucas Gama; MARQUES, Leônidas de
Santana (org.). Semiárido brasileiro: terra, território, trabalho e educação. Maceió: Edufal,
2021. Cap. 11, p. 159-183. ISBN: 978-65-5624-090-9. Disponível em:
https://livroaberto.ufpa.br/jspui/handle/prefix/992. Acesso em.:
OLIVEIRA , Allyne Jaciara Alves Rios; SANTOS, Inalda Maria dos. O DIREITO À
EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA E A SAGA DO POVO KOIUPANKÁ: A resistência de
uma escola “que não existe”. Brazilian Journal of Development. 2020.
VIEIRA, Jorge Luiz Gozanga; LEITE, Alexasandra Santos Liberal. ANÁLISE DAS
DIRETRIZES DO SUBSISTEMA DE SAÚDE INDÍGENA NO ESTADO DE ALAGOAS,
BRASIL. Direitos Culturais, Santo Ângelo, v.12, n.26, p. 61-74, jan./abr. 2017.
Lucas Gama Lima, Amanda da Silva de Oliveira, Anderson Ribeiro Miranda. INDÍGENAS,
TERRA E TERRITÓRIO EM ALAGOAS: UMA ANÁLISE GEOGRÁFICA DA
ATUALIDADE DA RESISTÊNCIA. Revista de Geografia (Recife) V. 36, No1, 2019
Adriana Cirqueira Freire; Beatriz Medeiros de Melo. O MESTRADO PROFISSIONAL EM
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A AMPLIAÇÃO DO
RECONHECIMENTO DOS INDÍGENAS NO ESTADO DE ALAGOAS. Revista Brasileira
da educação profissional e tecnológia. 2020.
José Kleiton Vieira de lima Ferreira. Educação Escolar Indígena e a crise de representatividade
na Secretaria de Educação do Estado de Alagoas. Trabalho apresentado na 31a Reunião
Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 09 e 12 de dezembro de 2018, Brasília/DF.
Pedro Abelardo de Santana; Marina do Nascimento Silva. UMA ESCOLA INDÍGENA NO
ALTO SERTÃO DE ALAGOAS: Reflexões sobre sua história e o ensino diferenciado (2008-
2018). Versão de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Universidade Federal
de Alagoas (UFAL), curso de Licenciatura em História, em 2018, com adaptações.
José Adelson Lopes Peixoto; Zuleica Dantas Pereira Campos. EDUCAÇÃO, DIREITO E
IDENTIDADE: Licenciatura Intercultural Indígena em Alagoas – CLIND-AL. Revista
EntreRios, Vol. 4, n. 1, p. 96 - 121, 2021.
Antonella Mana Imperatriz Tassman. A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO
CONTEXTO DA ANTROPOLOGIA BRASILEIRA. Universidade Federal de Santa Catarina
Flonanopolis Brasil. Revista de Antropologia, (Ano?)
Lívia Késsia da Silva Rocha Soares; Adine da Silva Ramos; Enia Maria Ferst; Graciete Barros
Silva. EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO BRASIL: avanços e retrocessos ao longo da
história da educação. Educação: pesquisa em linguagens, leitura e cultura. (ano?)
Taysa Kawanny Ferreira Santos; Marizete Lucini. A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA E
A INTERCULTURALIDADE: elementos para pensar a educação específica e diferenciada dos
Kariri-Xocó/AL. VI congresso Sergipano de História e VI encontro Estadual de História da
ANPUH/SE.
MEDEIROS, Juliana Schneider. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO
BRASIL: alguns apontamentos. XIV encontro estadual de história – ANPUH RS, 2018.
Lucia Gouvêa Buratto. A EDUCACÃO ESCOLAR INDÍGENA NA LEGISLAÇÃO E OS
INDÍGENAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS.
2. TESE DE DOUTORADO:
FERREIRA, Gilberto Geraldo. Educação formal para os índios: as escolas do Serviço de
Proteção aos Índios (SPI) nos postos indígenas em Alagoas (1940-1967). Universidade Federal
de Pernambuco. 7 Out 2016.
LEITE, Angela Maria Araújo. NINHO DE SABERES: SENSIBILIDADES E
(IN)VISIBILIDADES EM PRÁTICAS EDUCACIONAIS INDÍGENAS EM ALAGOAS.
Porto Alegre, 2021.
3. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
SILVA JÚNIOR, Gerson Alves da. Política de assimilação: educação escolar Indígena em
Alagoas a partir da constituição de 1988. Dissertação de Mestrado, UNIVERISIDADE
FEDERAL DE ALGOAS, 2008.
4. LIVROS ACADÊMICOS
M98c Módulo IV: Fundamentos da Educação Indígena / Heidi Soraia Berg, Maria do Socorro
Craveiro de Albuquerque, Eliana Campos Pojo – Brasília: Universidade de Brasília, 2008. 47
p.
Clarice Cohn. Educação escolar indígena: para uma discussão de cultura, criança e cidadania
ativa. PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 23, n. 02, p. 485-515, jul./dez. 2005
http://www.ced.ufsc.br/nucleos/nup/perspectiva.html. Luís Donisete Benzi Grupioni.
A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO BRASIL: povos indígenas no brasil. Adaptação
de texto originalmente publicado no livro Povos Indígenas no Brasil 1996/2000 - ISA.
5. MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO
LIMA, Érica Franciele da Silva. EDUCAÇÃO ESCOLAR INDIGENA: os desafios
enfrentados pelo povo Jeripankó por uma educação diferenciada e de qualidade. Universidade
Federal de Alagoas - UFAL, 2021.
REFERÊNCIAS
MEY, E.; SILVEIRA, N.C. Considerações teóricas aligeiradas sobre a catalogação e sua
aplicação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v.1, n.1, p.125-137,
2010.
O ENSINO DE GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA
JENIPAPO-KANINDÉ, AQUIRAZ-CE: VIVÊNCIAS COM A EXTENSÃO NA
PANDEMIA
INTRODUÇÃO
Essa pesquisa é fruto das reflexões construídas a partir do projeto de extensão
“Educação Geográfica, Educação Escolar Indígena e Saberes Jenipapo-Kanindé”
desenvolvido durante o ano de 2021 na Escola Indígena Jenipapo-Kanindé localizada na
Lagoa da Encantada, em Aquiraz-CE a 60 km de Fortaleza, capital do estado (Figura 01),
contando com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) da Universidade Estadual do
Ceará (UECE).
Segundo Santos e Vasconcelos (2021) foi, a partir desse contexto, que foram
desenvolvidas alternativas metodológicas, com o acompanhamento dos professores da
disciplina de Geografia para que fosse possível contribuir com o processo de ensino e
aprendizagem, diante do ensino remoto, considerando, sobretudo, as Diretrizes para a
Política Nacional de Educação Escolar Indígena que é um instrumento essencial na
implantação de políticas que garantam o respeito à especificidade dos povos indígenas e a
sua diversidade linguística, cultural e histórica.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após reuniões de planejamentos foram iniciadas as participações nas aulas, que eram
realizadas via whatsapp. Ajustamos um cronograma e a metodologia para que os conteúdos
programáticos estabelecessem um diálogo entre os “conceitos-chaves” da Geografia, como
espaço, lugar, paisagem, território e as demandas do território indígena. Nesse sentido,
dentre as temáticas que trabalhamos na Educação Geográfica foi o Projeto de Lei (PL) n.º
490 que, atualmente, está intitulado PL n.º 2.903, tratando do “Marco Temporal”, como
também de outras questões que ameaçam os territórios originários. Como nos mostra a
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB):
Assim conseguimos ter trocas de experiencias mútuas onde nós aprendemos mais
sobre o território Jenipapo-Kanindé através do ensino de geografia e podemos compartilhar
um pouco do nosso conhecimento geográfico com as crianças do território através dos
conceitos básicos da geografia como: Território; Paisagem e Lugar. As atividades
precisavam considerar os conteúdos geográficos escolares; às dinâmicas do território; da
sociedade, de modo geral, especialmente às questões dos povos indígenas; a especificidade
das turmas e a idade dos (as) estudantes, considerando as suas etapas cognitivas; e, por fim,
as dificuldades apresentadas com o uso limitado de ferramentas e recursos tecnológicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Diretrizes Para a Política Nacionail de Educação Escolar Indígena. In: Brasil.
Ministério da Educação. Diretrizes Para a Política Nacionail de Educação Escolar
Indígena. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação Câmara de Educação
Básica. Brasília: MEC, CNE/CEB, 2012. p. 1-13.
SANTOS, Letícia Morais dos; GALDINO, Kayro Rocha. Educação Geográfica, Território
Indígena e Poder: a construção de Geografias com os Jenipapo-Kanindé. In: XXIV Semana
Universitária da UECE. Anais, 2019, Fortaleza.
SANTOS, Letícia Morais dos. Território Indígena Jenipapo-Kanindé na Lagoa da
Encantada, uma Base Feminina (Aquiraz-Ce). 2023. 77 f. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em 2023) – Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2023.
Links Acessados:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kWMHiwdbM_Q> Acesso em 18 de
set. de 2023
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ChIRU7CWdBo> Acesso em 18 de
set. de 2023
Disponível em: <https://apiboficial.org/2023/06/02/pl-490-recebe-novo-numero-no-
senado-e-passa-a-ser-pl-2903/ > Acesso em 18 de set. de 2023
COMPLEXO EÓLICO: A FALSA CERTEZA DE ENERGIA LIMPA E O
RACISMO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE CAETÉS
INTRODUÇÃO
O significado de Bens Naturais abrange tudo o que, de alguma forma é necessário para
a sobrevivência da existência humana na Terra, esses componentes são classificados em meios
bióticos e abióticos. No mundo atual, confunde-se a designação dos elementos naturais, como
meios a serem explorados em prol exclusivo na produção do capital em detrimento do lucro,
qualificando-se assim como Recurso Natural. Esse equívoco de nomeação e alteração desses
sentidos que são categorizados como iguais (bens versus recursos) é um fato a ser refletido. A
Legislação Ambiental brasileira foi estabelecida para a manutenção equilibrada do uso desses
Bens Naturais. Todavia, como anuncia Coelho (2012, 2021, p. 31),
A afirmação de que somente os bens escassos devem ser objeto de tutela não mais
tem espaço no Direito moderno, pois existem bens não necessariamente escassos que
recebem a proteção do Direito, como, por exemplo, a atmosfera: trata-se dos
denominados bens livres.
O ar é um bem comum de todos, e como todos os outros bens é explorado pelo capital.
Um desses meios de exploração são as indústrias de energia eólica. Os parques eólicos
funcionam da seguinte maneira: conforme a velocidade e direção dos ventos, os aerogeradores
giram, capturando a energia cinética do vento. Esse movimento rotativo aciona o gerador, onde
a energia mecânica é convertida em energia elétrica por meio da indução eletromagnética. A
eletricidade gerada é ajustada na voltagem determinada e conectada à rede elétrica para ser
distribuída e utilizada em residências, indústrias e até convertida em Hidrogênio Verde.
Os passos que conduziram o Brasil a avançar na implementação dos parques eólicos
podem ser divididos em diferentes contextos, que incluem tanto aspectos políticos nacionais
quanto internacionais. Inicialmente, o governo incentivou o desenvolvimento do setor por meio
do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), que foi
legalmente estabelecido pela Lei 10.438 de 2002. De acordo com Traldi
(2021) isso ocorreu em paralelo à expansão das indústrias estrangeiras e posteriormente, o
Brasil enfrentou uma crise no sistema elétrico no início dos anos 2000, o que levou a uma busca
por novas fontes de energia elétrica como uma resposta a essa crise.
Segundo Jacobsen (2022) os locais de instalação dos aerogeradores não são aleatórios.
A posição geográfica e elevação são um fatores determinantes para o rendimento da produção
de energia, assim como a intensidade e direções dos ventos. Há diversos estudos como os atlas
eólicos brasileiros a base de dados da Empresa de Energia Energética e a Agência Nacional de
Energia Elétrica que produzem mapas que revelam o potencial eólico no Brasil, e a maioria
classifica a região brasileira nordestina como a região mais propícia para esse tipo de
indústria. Com isso, é notório o crescimento expansivo das usinas eólicas no nordeste do Brasil,
dos 616 parques eólicos instalados no país, 523 estão situados nessa região.
Bezerra (2021) evidencia o apoio financeiro significativo do Banco do Nordeste na
implementação e manutenção dos parques eólicos, com mais de R$17 bilhões no período anual
entre 2017 e 2020. Sabe-se que as áreas que são consideradas com potencial hidrelétrico
pertencem à União como consta no artigo 176 da Constituição Federal de 1988, ao contrário
das usinas hidrelétricas os complexos eólicos não possuem legislação específica.
Dessa forma, as usinas eólicas precisam ser “inquilinos” dos locais que possuem
potencial energético. Eles arrendam a terra por meio de contratos injustos e exploratórios. Traldi
(2021) nomeia a forma que as usinas adentram nos territórios como “despossessão". E assim,
o Complexo Eólico Ventos de São Clemente chegou à comunidade de Sobradinho, situado no
município de Caetés, no Agreste pernambucano. Para compreender a dinâmica social e
econômica que a indústria Ventos de São Clemente atua no Sítio de Sobradinho, a Comissão
Pastoral da Terra em colaboração com o Instituto Mãe Terra e a equipe de Residência em Saúde
Coletiva e Agroecologia da UPE filmou o documentário “Vento Agreste”. Em relação ao
cinema Queiroz (2017) aclara que
Para além de narrativas de ficção, “Vento Agreste” é um relato real que trabalha de
maneira minuciosa, os impactos socioambientais dos complexos eólicos no território da
comunidade. O filme é intrigante de se observar visto que, são histórias de vida da comunidade
que denunciam as consequências à saúde humana e da natureza desde a implementação do
parque eólico. A estratégia de mercantilização das energias eólicas, é baseada em um discurso
unilateral de que qualquer atributo voltado a esse tipo de energia é benéfico para a população
brasileira, tanto em questões econômicas como do ponto de vista ambiental. É perigoso tomar
conclusões somente no conteúdo das grandes mídias, como em comerciais de televisão, em que
é rotineiro as propagandas de “revolução energética” como também nos anúncios das próprias
empresas de energia eólica. Adichie (2009) afirma o perigo de
narrativas unilaterais, elas criam estereótipos e histórias incompletas. E que, as descrições de
relatos vistos somente por um ângulo estão condicionadas a ruína de muitos povos. O
epistemicídio contínuo dos povos indígenas e africanos é um exemplo rotineiro disso no Brasil.
Adichie (2009) ainda declara que
Nadando contra a corrente do marketing presente nas grandes mídias tanto do governo
federal, como das próprias indústrias eólicas, o documentário mostra a outra face das “energias
renováveis” e da “energia limpa”. À vista disso, o presente estudo tem a finalidade de evidenciar
o racismo ambiental na comunidade rural de Sobradinho. Como também expor a relevância de
refletir e debater o conceito de energia limpa e de como essa temática é abordada nas grandes
massas, causando uma distorção da verdade atingindo o imaginário das populações acerca da
energia eólica.
METODOLOGIA
ÁREA DE ESTUDO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Alguns moradores assinaram o contrato com a promessa de que eles receberiam 1,5% do
lucro de cada aerogerador instalado nos seus quintais. Porém a taxa é fixa desde a implementação
do projeto em 2016, não passando de um salário-mínimo por residência e não por moradores.
Existem famílias com mais de cinco integrantes que recebem a mesma quantia fixa. Vale ressaltar
que os moradores que não compactuam com os parques naquele território sofrem as mesmas
violências com as transformações em seus quintais. O impacto atingiu a todos, como afirma o
M1 (2023):
É uma coisa errada que fizeram com a nossa população. Os proprietários assinaram o
projeto de 30 anos, 40 anos e os empreiteiros vieram e montaram e disseram que não
prejudicava a nação, que mora na sua residência próxima a mil metros 500 metros. E
prejudica. (
Era uma maravilha. Era uma coisa muito um ambiente gostoso, muito sensacional. Era
um lugar muito mais gostoso, muito mais saudável, você ficava mais à vontade, não
tinha esses barulhos. O que você escutava era o canto do nambu, dentro da caatinga
dentro do mato, o passarinho cantando ali, pica pau, rolinha, o sapo cantando na beira
das lagoas. Agora ninguém vê mais isso não. Só escuta essa zuada ai, de dia a de noite.
Aí não tem negócio de parar com a zoada não (M2, 2023).
A PRIVAÇÃO DE DIREITOS
Esse estudo foi pensado em expor a triste e revoltante realidade que a comunidade rural
de Sobradinho sofre com o projeto ne energia eólica desde 2016. Os relatos dos moradores
retratados no presente trabalho evidenciam o racismo ambiental em diversos fatores e níveis de
agressões. Dessa forma conclui-se que o Complexo Eólico Ventos de São Clemente trouxeram
graves consequências para a comunidade em busca da apropriação e exploração dos ventos em
detrimento do lucro. O foco principal desse trabalho foi destacar a
necessidade de repensar a forma como a energia eólica atua no município de Caetés, priorizando
a transparência e a proteção dos direitos das populações que são atingidas e desmitificar as
falácias do conceito de “energia limpa. A falta de visibilidade desse caso nas mídias é um fato
a ser investigado em pesquisas futuras, como também os impactos relacionados a saúde dos
moradores.
REFERÊNCIAS
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009
BNDES. BNDES financia mais dez parques eólicos no Nordeste. 2021. Disponível em:
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/imprensa/noticias/conteudo/bndes-financia-
mais-dez-parques-eolicos-no-nordeste. Acesso em: 17 out. 2021.
NUNES, Alissandra Trajano et al. Diagnóstico rápido participativo sobre os impactos da usina
eólica nas comunidades rurais de Caetés-PE. Diversitas Journal, Santana do Ipanema, v. 2, n.
6, p. 2072-283, 2021. Disponível em:
https://www.diversitasjournal.com.br/diversitas_journal/article/view/1793/1370. Acesso em:
17 out. 2023.
QUEIROZ, Pietro Renato Félix de. Tramas imagéticas da cidade anfíbia: a geografia do
cinema do Recife. 2017. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco.
Disponível em:
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/32448/1/DISSERTA%c3%87%c3%83O%20
Pietro%20Renato%20F%c3%a9lix%20de%20Queiroz.pdf. Acesso em: 15 out. 2023.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Quanto aos licenciandos Residentes, estes afirmam que o PRP possui muita
importância, pois ao mesmo tempo em que demonstra o fortalecimento do exercício da práxis,
assim como da organização formação licencianda, demonstra também o quefazer docente e, o
conhecimento acerca da docência e, da escola como espaço de múltiplas realidades. É um
espaço de formação e reflexão acerca da docência e, de definição da identidade profissional
docente em formação. Momento em que se define, por exemplo, se vai exercer a docência ou,
se marca uma nova trajetória profissional, assim como demonstra que há reflexões acerca do
modelo da ECI. (MARCELO: 2009a; 2009b). Segundo os Residentes (QUESTIONÁRIO
DIAGNOSE INICIAL DOS RESIDENTES DO PROGRAMA RESIDÊNCIA
PEDAGÓGICA SUBPROJETO GEOGRAFIA: 2023, p. 13-14),
RP1 - Apesar de ser uma experiência valiosa no qual sou muito grata pelo apoio o
RP me faz refletir se estou na profissão certa. É muito dura a realidade da educação
básica.
RP2 - Trabalhando no RP com turmas do 7° Ano, pelo menos lá na escola em que
atuo, os alunos são tranquilos.
RP3 - Sempre tive vontade de ser professora, e no Residência tive mais certeza, e
mais segurança em atuar nessa profissão, pois pude acompanhar um pouco da rotina
de professores;
RP4 - O RP nos possibilita a nos habituarmos mais com a formação docente.
RP5 - Os Professores envolvidos sempre nos mandam matérias para o
aprimoramento de nossas competências.
RP6 - O RP me faz sentir cada dia mais que fiz a escolha certa e. que estou no
caminho certo.
RP7 - O RP me fez mudar minhas impressões anteriores a respeito da docência,
esclarecendo os desafios e importância da atuação dessa profissão.
RP8 - O RP ajuda na riqueza de experiências necessárias para a profissão.
RP9 - De certa forma, sim. Apesar de ainda ter dúvidas quanto à atuação, pois como
lidamos diariamente com os alunos, isso vem contribuindo com experiências a nossa
formação docente;
RP10 - Sim, pois o RP consegue sintetizar as questões teóricas que absorvemos na
academia, mas também nos permite visualizar as questões sociais que envolvem a
comunidade escolar, algo que me interessa bastante.
RP11 - A diferenciação entre a teoria e prática é muito marcante. Salas de aulas
complicadas de se ministrar aula, comportamentos questionáveis de discentes,
docentes e colegas do PRP;
RP12 - Cotidianos complexos do Ensino Integral são alguns dos fatores mais
desestimulantes para motivação para ser professor de Geografia na Educação Básica.
RP13 - O RP promove e contato direto com a escola trás a realidade de como será a
profissão após a formação.
RP14 - Através desta experiência o discente da Graduação tem uma ideia real de
como será através da Residência. Eu pude estabelecer uma relação mais próxima
com os estudantes, entendo suas necessidades, obstáculos, etc.
RP15 - Estar fazendo parte do RP tem me deixando mais apaixonado pra trabalhar
com Educação Básica e, em todas as suas virtudes e desafios em lecionar pra crianças
e adolescentes.
RP16 - Sim, mostrando como a experiência é o melhor caminho para criar uma
carreira.
Objetivo:
• Estudo das diversas estruturas geológicas existentes e as variedades de características,
além de vincular a disponibilidade de recursos naturais (metálicos, minerais e
combustíveis fósseis) e uma cronologia dos eventos naturais.
Habilidade da BNCC:
EM13CHS101: Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas
em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e
eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
Tempo de Execução:
2 aulas
Recursos Didáticos:
Livro didático; Lousa; Notebook; TV; Laboratório de Informática, Internet;
Desenvolvimento das Aulas:
1ª Aula - Tempo geológico e relevo terrestre
Duração: cerca de 50 minutos. Local: sala de aula.
Organização dos estudantes: sentados individualmente em suas carteiras, de frente para
a lousa.
Atividade 1: Estrutura da Terra e Escala do tempo geológico (15 minutos)
Comece a aula desenhando na lousa a estrutura da Terra e a escala de tempo – se possível,
utilize recursos digitais para projetar imagens encontradas em sites, livros didáticos ou
atlas. Deve-se notar que atualmente o que sabe do interior da Terra baseando em pesquisas,
utilizado técnicas complexas e analisando certas estruturas e formas da superfície terrestre.
Seguindo o modelo de estrutura interna que são: Núcleo Interno, Manto Inferior e Superior
e Crosta Terrestre; e analisando as escalas do tempo geológico através das unidades de
tempo (Éron, Era, Período e Época).
Atividade 2: Estrutura geológica (25 minutos)
Explique aos estudantes que a estrutura geológica caracteriza pela origem e idade das
rochas e movimentações das camadas rochosas da superfície terrestre. Mostre à turma um
mapa da estrutura geológica dos continentes em crátons, bacias sedimentares e
dobramentos, disponível no livro didático ou imagens no retroprojetor (disponível em
Fonte: FERREIRA, G. M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 5. ed. São Paulo: Moderna,
2019. p. 19). Com base no mapa, solicite aos estudantes que comentem como essas placas
se movem umas em relações às outras. Peça aos estudantes que observem com atenção o
mapa e identifiquem as regiões de grande instabilidade geológica.
Atividade 3: Elaboração de texto (10 minutos)
Para finalizar, solicite aos estudantes que escrevam no caderno um parágrafo explicando
como a crosta é constituída e como as placas tectônicas coincidem nas áreas de intensos
dos vulcanismos e terremotos.
Desenvolvimento das Aulas:
2ª Aula - Formação do relevo: agentes internos e externos
Duração: cerca de 50 minutos.
Local: sala de aula.
Organização dos estudantes: sentados individualmente em suas carteiras, de frente para
a lousa.
Atividade 1: Tectonismo, vulcanismo e terremotos (25 minutos)
Dê início à aula retomando o parágrafo escrito pelos estudantes. Verifiquem se eles têm
dúvidas sobre o tema proposto na última aula e revise junto com eles os questionamentos.
Após, faça questionamentos acima do conteúdo.
Atividade 2: Formas de Relevo (25 minutos)
Explique as formas de relevo considerando os principais processos de transformações
Avaliação:
Para finalizar as aulas, avançar o debate sobre a dependência da sociedade contemporânea
dos recursos minerais, as alternativas que existem para minimizar o impacto desta
exploração e da sustentabilidade do desenvolvimento podem ser evitadas.
Aferição do objetivo de aprendizagem:
Participação das discussões sobre o conteúdo proposto; Realização das atividades
propostas em sala e fora dela; Colaboração com os colegas e professor; Pontualidade,
assiduidade e comportamento;
Fonte: ECI Monte Carmelo: 2023.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AB’ SABER, Aziz Nacib. Formas de relevo. São Paulo: Edart Ltda, 1975.
CASSETI, Valter. Ambiente e apropriação do relevo. São Paulo: UFG, 1990.
CLAVAL, Paul. A paisagem dos geógrafos. In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHl,
Zeny (Orgs.). Paisagens, textos e identidade. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2004.
CORRÊA, Roberto Lobato. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 1986.
FERREIRA, G. M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 5. ed. São Paulo: Moderna, 2019.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 50. ed. São Paulo: Cortez, 1992.
PASSINI, Elza Yasuko. Geografia: ver, tocar, sentir. In: Boletim de Geografia. Universidade
Estadual de Maringá, v. 1, n. 1, p. 173-179, 2001.
SACRISTÁN, J. Gimeno. Saberes e incertezas sobre o currículo. São Paulo: Penso, 2013.
SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 4. ed. São Paulo: Hucitec, 1997.
__________. Metamorfoses do espaço habitado. 3. ed. São Paulo: Editora Hucitec, 1994.
SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo
Horizonte: Autêntica, 2005.
VESENTINNI, José Willian. Para uma geografia crítica na escola. São Paulo: Ática, 1992.
A CARTOGRAFIA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO BÁSICA: CONTRIBUIÇÕES
EM CENÁRIOS DE PESQUISA
METODOLOGIA
É importante ressaltar que nessa década [anos de 1980], o estado da arte se consolidou
como o estudo da produção em uma área definida, com o objetivo de posicionar
propostas de pesquisa e seus produtos como campo de pesquisa, ou seja, fazer
pesquisas sobre pesquisa (MONTOYA, 2005, p. 74).
Nesse sentido, Vargas, Higuita e Muños (2015), afirma que a EA é definida de várias
formas, assim, os autores destacam-se como três principais caraterísticas desse tipo de estudo,
são elas: recuperar para descrever, entender e, por fim, recuperar para transcender
reflexivamente.
Desse modo, com o intuito de investigar o que está sendo produzido em relação a
letramento cartográfico de estudantes da educação básica, especialmente, do EMI e Ensino
Médio, propusemo-nos a buscar, na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações
(BDTD), na plataforma de periódicos da CAPES, no Google Acadêmico e SciELO trabalhos
no recorte temporal entre 2017 e 2022; em língua portuguesa e; que abordem as combinações
das palavras-chave (com uso do operador booleano AND) como ilustrado na tabela 1, à jusante.
Como vemos, o processo de busca e seleção dos trabalhos foi mediado por critérios de
inclusão para que tivéssemos, no material encontrado, um reflexo real e direcionado aos
interesses dessa pesquisa.
[...] causa-nos profunda estranheza o fato de que uma disciplina escolar, [Geografia]
que se define consistentemente a partir da preocupação com a espacialidade dos
fenômenos, seja marcada por um cotidiano pedagógico que, frequentemente,
negligência as múltiplas e profícuas perspectivas de compreensão dessas
espacialidades, advindas do uso qualificado da linguagem cartográfica na sala de aula
(DUARTE, 2017, p. 191).
Nessa lógica, Silva; Lima e Paiva (2019, p. 67), trazendo reflexões acerca da relevância
da linguagem cartográfica no ensino de Geografia, afirmam que “podemos entender que a
linguagem cartográfica se torna um recurso de suma importância para auxiliar na leitura e
compreensão do mundo”. A esse respeito, Paz (2019) propõe, em seu trabalho, discussões
sobre o ensino-aprendizagem da habilidade de orientar-se, desenvolvendo um estudo sobre
como os alunos da 3ª série do Ensino Médio compreendem o espaço relacional por meio da
orientação geográfica. A cartografia enquanto linguagem marca uma presença forte nos estudos
da Cartografia escolar, é certamente uma forma expressiva de comunicação com e entre os
estudantes e estes com a dinâmica espacial, com as práticas sociais.
Outra abordagem bastante comum entre os autores é o uso de novas tecnologias nos
estudos cartográficos na Geografia escolar. Nessa linha, identificamos trabalhos que discutem
experiências exitosas. Moreira e Coelho (2019), utilizando jogos cartográficos na mediação do
processo de ensino-aprendizagem de estudantes do 1°, 2° e 3° anos do Ensino Médio de uma
escola estadual do município de Tefé – AM. Nesse sentido o trabalho de Di Maio e Pereira
(2022) aborda a criação de um jogo educativo digital baseado na Olimpíada Brasileira de
Cartografia (Obrac). O jogo, construído em Java, visa promover o entendimento da Cartografia
e suas implicações socioambientais por meio de um Quiz. Ele utiliza elementos gráficos para
representar aspectos físicos, políticos, econômicos e sociais, e pode ser jogado em
computadores e notebooks com conexão à Internet.
Nesse horizonte, o estudo dos autores Anjos et al. (2020), que ocorre a partir de
mediações teóricas e práticas, assim, foram investigados o conhecimento e a capacidade de
alunos do 1º ano do ensino médio do Colégio Estadual do Atheneu Norte-Rio-Grandense, na
compreensão da representação cartográfica. O processo investigativo foi realizado através da
ferramenta Kahoot inter-relacionando os elementos geográficos com o contexto escolar, como
também no aperfeiçoamento da habilidade de localização e de orientação espacial. Concluem
que as geotecnologias e as TIC’s auxiliam de forma significativa no aprendizado cartográfico,
conferindo a participação mais efetiva dos alunos durante as aulas.
Já Trindade (2018) destaca a importância do estudo na educação geográfica dos
estudantes e aponta ferramentas, como Sistemas de informações Geográficas (SIGs), ArcGis e
Spring, como recursos no aperfeiçoamento e uso de mapas. Enquanto e Silva e Neres (2018),
dissertam sobre o uso das tecnologias da informação, como os softwares Google Maps e Google
Earth, nas aulas de Geografia. Os aparatos tecnológicos, sistemas de geoinformações, têm
colocado à disposição da cartografia escolar uma diversidade de possibilidades passíveis de
serem mediadas no processo de ensino-aprendizagem, no desenvolvimento de conhecimentos
significativos e que conduza ao senso crítico e autonomia discente.
No estudo de Canto (2018) reflete-se sobre o ensino de Geografia na perspectiva de
“letramentos cartográficos”. Para a autora, “Diferentes tipos de mapas e modos de mapear
implicam em diferentes formas de conhecimento, e cada uma a sua maneira pode exercer um
papel relevante na educação geográfica” (CANTO, 2018, p. 1196). Nessa ótica, ela discute os
mapas na perspectiva da autoria múltipla do mapeamento, de mapas híbridos e o mapa como
interface. Reforçando essa ideia, Batista, Bekcer e Cassol (2019a; 2019b), na ordem, discutem
o conceito de mapas híbridos e multimodais e relatam uma metodologia de multiletramentos
para Cartografia Escolar que enfatiza a existência de mapas híbridos e multimodais e que
fornece subsídios às práticas pedagógicas.
Dessa maneira, vemos que os mapas permitem o estabelecimento de diálogos entre a
cartografia e outras áreas do conhecimento, possibilitando o ensino-aprendizagem por meio da
“ressemantização” de categorias (GONÇALVES, 2017). A valorização e o uso dos mapas
presentes no cotidiano possibilitam o desenvolvimento dos letramentos cartográfico e
geográfico (SOUZA, 2017), e os mapas mentais construídos por alunos contribuem para uma
leitura mais crítica sobre a cidade (LOPES, 2018).
Numa perspectiva inclusiva, o ensaio de Sena e Carmo (2022) destaca o potencial dos
mapas táteis no ensino de Geografia para pessoas com deficiência visual e sua aplicação fora
da sala de aula. Os autores observam a incorporação desses mapas nos cursos de licenciatura
em Geografia, livros didáticos do ensino fundamental e itinerários formativos do ensino médio.
No entanto, ressaltam que o uso eficaz desses mapas depende da abordagem da cartografia na
educação e destacam a importância da formação de professores nesse contexto.
Pinto e Pinto (2021) propõem reflexões acerca da utilização da Cartografia Social como
uma alternativa didática para sanar dificuldades na estruturação dos conceitos da Cartografia e
na interpretação dos materiais gráficos. A pesquisa promoveu uma oficina de Cartografia
Social, construção participativa de mapas sociais do bairro onde a instituição está situada,
aplicada em turmas do segundo ano do ensino médio de uma escola da Rede Estadual de
Pernambuco, localizada no Recife. Constatou-se o potencial da Cartografia Social para a
Geografia escolar, viabilizando a compreensão dos conhecimentos cartográficos e, ao mesmo
tempo, a formação crítica dos sujeitos frente à realidade socioespacial (PINTO; PINTO, 2021).
Assim, Martinelli (2017, p. 49) confirma “o mapa como expressão do raciocínio que
seu autor empreendeu diante da compreensão da realidade, apreendida como sua realidade a
partir de um determinado ponto de vista, sua opção de entendimento de mundo”. Nesse prisma,
o mapa representa um recurso didático que possibilita oportunidades de generalização de
conceitos, de letramento cartográfico.
Nesses movimentos, destacamos o manuscrito de Bonadero et al. (2022) onde se discute
a importância e os desafios enfrentados por duas escolas estaduais em Poços de Caldas, MG,
no desenvolvimento do letramento cartográfico dos alunos. A pesquisa se baseia em conceitos
de letramento cartográfico e sua relação com a Geografia e a educação para embasar as
discussões no que tange as complicações dos alunos nas atividades implementadas nas
instituições. Contudo, ressalta que a problemática da relação entre Cartografia e a Geografia no
ensino básico é emblemática no Brasil e motivo de preocupação em diversos países, por
exemplo, no Reino Unido, Estados Unidos e Espanha (DUARTE, 2017). Para Martinelli (2017,
p. 22): “o trabalho de pesquisa, de ensino e de publicações na área de Cartografia Escolar não
é fácil. É difícil e complexo. Porém nobre”.
Na experiência docente, no ensino básico em Geografia, assim como na literatura sobre
o tema, percebemos as dificuldades no sentido de os conteúdos cartográficos serem trabalhados
em sala de aula, mas também enxergamos possibilidades, como as experiências aqui discutidas
e vivenciadas pelos autores nos trabalhos científicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estado da Arte (EA) é de extrema importância para conhecermos com mais afinco
como determinada temática tem sido discutida no campo científico, assim, consequentemente,
é de grande valia para se iniciar um novo estudo ou para o exercício de rever as nossas práticas
docentes no cotidiano escolar e experienciar possibilidades. Esse tipo de pesquisa nos permite
lançar novos olhares sobre temáticas que têm sido bastante discutidas e pode inclusive
direcionar novas pesquisas e experiências.
Notadamente existe uma escassez de trabalhos relacionando a temática da Cartografia
escolar no EMI e se aproximado bem mais de investigações no ensino fundamental anos finais,
os quais não teve foco nesse estudo, nos atendo a realidade no que tange ao Ensino Médio. Nos
aproximamos de diferentes realidades e perspectivas de mediação, das quais, destacamos a
utilização de aparatos tecnológicos nos estudos cartográficos, assim como, trabalhos ligados a
cartografia social e inclusiva.
Esse cenário, evidencia ainda mais a relevância da EA para pesquisa de mestrado
inicialmente mencionada e para tese em curso. A primeira, por sua vez, tratou da temática e
resultou em um produto educacional, um website na perspectiva do letramento cartográfico
discente, pensado e elaborado para estudantes do curso Técnico Integrado em Edificações.
Produto que tem se mostrado eficaz no ensino médio e com perspectivas para tese de
doutoramento em geografia, em curso, que promove discussões e reflexões acerca da formação
docente em geografia, visto que, as dificuldades no ensinar-aprender, como observadas nos
estudos científicos analisados, permeia todos os níveis de ensino, porém, é do professor a
competência sobre o conteúdo de sua área de atuação e dos métodos para mediação.
Como vemos, o interesse pela temática não é recente e o EA tem subsidiado nossos
estudos que iniciaram na pesquisa de mestrado e se amplia no doutoramento, tais experiências
vivenciadas e analisadas nos aproximou de realidades em espaços de formações e nos
encorajaram a novas investigações e ações mitigadoras do fenômeno do analfabetismo
cartográfico ou a falta de letramento cartográfico, assim como, pela busca incessante pela
superação da dicotomia entre teoria e prática na esperança de uma formação transformadora,
emancipatória, autônoma e significativa.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Rosângela D. de. Cartografia Escolar. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010.
BATISTA, Natália L.; BEKCER, Elsbeth L. S.; CASSOL, Roberto. Mapa híbrido e
multimodal: Uma definição conceitual para o ensino de geografia na contemporaneidade. Rev.
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http://periodicos.puc-rio.br/index.php/revistaeducacaogeograficaemfoco/article/view/879/601.
Acesso em: 10 ago. 2020.
BATISTA, Natália L.; BEKCER, Elsbeth L. S.; CASSOL, Roberto. Reflexões metodológicas
sobre cartografia escolar, multimodalidade e multiletramentos com foco de análise na educação
básica. Caderno de Geografia, PUC, Minas. v. 29, n. 59, p. 927-953. 2019b. Disponível em:
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CANTO, Tânia S. do. Os mapas e as tecnologias digitais: novos letramentos em pauta no ensino
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MARTINELLI, Marcello. Cartografia: reflexões acerca de uma caminhada. Rev. Bras. Educ.
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MOREIRA, Jefferson V.; COELHO, Alex A. Jogos cartográficos: metodologias práticas para
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Disponível em: http://dx.doi.org/10.21501/issn.2216-1201. Acesso em: 5 jan. 2021.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
No que diz respeito a metodologia empregada na realização deste artigo, trata-se de uma
síntese do trabalho de conclusão de curso escrito e defendido em 2019 por Alex Mendes de
Andrade, sob a orientação da professora Priscila Batista Vasconcelos. Trata-se, também, de um
acréscimo de experiências adquiridas desde então, onde são incluídas experiências do autor
ministrando aulas de Geografia utilizando o desenho como instrumento didático, e sua prática
como desenhista que considera a produção artística como uma forma de pensar o espaço.
A elaboração do trabalho se deu através de um processo de escrita que utilizou como
base autores da Geografia, autores que fizeram estudos sobre arte e autores que, pensando o
ensino de Geografia, se debruçaram sobre interseções entre ambas as áreas. Além disso, foram
incluídas ao longo do texto imagens de obras de arte que apresentam temáticas de natureza
geográfica, junto com breves interpretações feitas a partir do que Paulo Menezes (1997) chama
de metodologia de análise interna e externa dos fenômenos artísticos. A metodologia de análise
interna consiste em uma análise que se debruça sobre os elementos visuais presentes nas obras,
são reflexões, inferências e conclusões que se pode tomar a partir disso. Já a metodologia de
análise externa dos fenômenos artísticos, diz respeito a consideração do contexto de ideias em
que a obra está inserida, aspectos que envolvem aquela obra e que não necessariamente são
visíveis no trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSSÃO
A insistência em buscar um ensino de Geografia atrativo constitui um caminho em que
o tema deste trabalho está longe de ser o primeiro a percorrer. Todavia, é partindo do princípio
de que continuamos precisando avançar nesse quesito que a persistência em refletir e buscar
um ensino com didáticas mais atrativas continua sendo pertinente.
As cores e as formas das diversas frações do espaço geográfico participam,
inegavelmente, da composição do mundo em que vivemos. É aliando-se às cores, formas e
traços, que almejamos um ensino de Geografia onde a arte participe de suas metodologias,
promovendo uma prática educativa que aponte outras maneiras de se conceber o conhecimento
geográfico.
Considerando que as artes visuais se constituem em uma linguagem autônoma cuja
legitimidade não depende da linguagem verbal, é preciso dizer que a análise de um determinado
desenho não é uma transposição total de seus significados às palavras. E nisso estão de acordo
autoras e autores como Aranha e Martins (2009), Coli (1994), Menezes (1997) e Berger (1974).
As artes visuais tratam-se de um tipo de linguagem cuja expressão varia dos sentimentos
às ideias. Tal expressão pode se dar através das mais variadas combinações de cores e formas,
que podem se sustentar em incontáveis efeitos de luz e sombra. Isto contribui para que a
linguagem verbal não possa ser entendida como um canal de tradução sobre o qual os
significados dos desenhos e das pinturas percorrem sem comprometer seu conteúdo.
A Geografia, assim como as artes visuais, possui o seu universo próprio, encarregando-
se de estudar o espaço. Já os desenhos são obras que se expressam através de uma forma de
linguagem específica, a linguagem das artes visuais. É preciso fazer a distinção pois, caso não
exista uma consciência disso, corremos o risco de fazer uma abordagem sem teor crítico da arte
em sua relação com o ensino de Geografia. A imagem a seguir nos insere em um campo de
reflexões adequado para o que procuramos trazer:
A Figura 3 faz uma provocação à observação e às analises descuidadas. ‘’Isto não é um
cachimbo’’ é a tradução da frase que pode ser visualizada na imagem que, em um primeiro
momento, pode provocar uma inquietação. Uma pintura pode ser confundida com um
cachimbo, mas um cachimbo, por sua natureza, é extremamente diferente de uma pintura.
Sobretudo, é evidente, quando se trata de sua função. Sendo assim, isto não é um cachimbo, é
a imagem de um cachimbo. No entanto, a maneira como o quadro foi pintado, a precisão da
forma, das curvas, as impressões de claro e escuro resultando em efeitos de luz e sombra,
contribuem para que a frase ‘’isto não é um cachimbo’’, num primeiro momento, pareça ser
incompatível com a imagem à qual se refere, mas não é. Pinturas de paisagens e desenhos de
lugares não devem ser tratados como paisagens e lugares propriamente, mas considerados como
representações, como imagens.
É importante ressaltar que, a leitura de imagens está intimamente ligada a um processo
que envolve vastas possibilidades, mas que compreende inevitáveis limitações. A contemplação
e a análise de uma determinada obra de arte conduzem, frequentemente, a distintos pontos de
vista e múltiplas conclusões. As leituras variam tanto quanto a variedade de leitores.
A interpretação de um determinado desenho é resultado de um processo que envolve
não apenas o olhar de quem está diante desse desenho, o olhar da/do desenhista também
participa do processo. Como nos diz Lira (2011) em texto referente a relação da Geografia com
a pintura:
O espectador contempla uma imagem sem ter participado de sua produção, sem
escolher ângulo, distância, sem definir uma perspectiva própria para a observação ou
pontos de vista. Ao contrário das situações da vida em que se está presente ao
acontecimento, no quadro não se tem o trabalho de buscar diferentes posições para
observar o mundo, tudo se faz em nome do espectador, antes de seu olhar intervir,
num processo que evidencia o que talvez de outro modo seria, para ele, de difícil
acesso. O espectador tem seus privilégios. Por outro lado, algo lhe é negado: a escolha.
(LIRA. 2011, p.58)
A falta de alerta em relação a esse aspecto das obras de arte, e das representações em
geral, pode nos levar a ideias e visões estereotipadas e limitantes sobre o espaço. A pintura
‘’Família de Retirantes’’ (Figura 4) de Cândido Portinari nos permite uma breve reflexão a
esse respeito. É reconhecida a validade artística da obra como uma forma de denúncia da
problemática da seca e das migrações no semiárido nordestino. Todavia, não se pode ignorar
que se trata de uma visão e, sendo assim, é necessário afirmar que tudo o que é apresentado na
imagem poderia aparecer de outro modo, outro ângulo poderia ser explorado de forma a
apresentar o sertão e o seu povo de outra maneira.
Vale dizer que, a produção do saber científico esteve muito relacionada à arte. Myanaqui
(2003), em estudo que trata da pintura de paisagem no ensino de Geografia, afirma que os
artistas eram responsáveis pelo registro da fauna e da diversidade da população brasileira no
século XIX. Segundo a autora, não era raro os geógrafos participarem da atividade artística e
afirma que, já no século XX, Pierre Deffontaines realizou mais de 3000 desenhos de paisagens.
Embora o desenho seja uma linguagem que remeta aos primórdios da Geografia, o
predomínio da linguagem verbal no espaço escolar e no ensino dessa ciência não exploram mais
a fundo a dimensão não verbal do conhecimento. Diversos fatores obstaculizam o uso do
desenho no ensino de Geografia. São fatores externos ao ensino, que dizem respeito, mais
especificamente, ao próprio âmbito das artes visuais no Brasil, mas também são fatores ligados
às práticas pedagógicas que se desenvolvem no interior da Geografia como disciplina escolar.
Barbosa (2010) traz uma apresentação de como a arte se desenvolveu na sociedade
brasileira, perpassando a educação institucional a partir de períodos coloniais. Para mencionar
alguns pontos do que a autora afirma, a vinda dos jesuítas ao Brasil trouxe, também, a
implementação de projetos educacionais que atribuíam destaque excessivo à linguagem verbal
e ignoravam o potencial educativo das artes. De alguma maneira essa racionalidade é
preservada ao longo do tempo, até que no século XX a educação escolar brasileira passa a
valorizar mais o desenho. No entanto, como nos afirma a autora, essa valorização é voltada para
o desenho geométrico, visando o preparo de uma mão de obra tecnicamente capacitada para os
projetos de industrialização, com inspiração no que acontecia nos Estados Unidos. Isso ocorria
pois ‘’O assombroso progresso industrial dos EUA foi atribuído à precoce iniciação da
juventude americana no estudo do Desenho e a boa organização naquele país do ensino da Arte
aplicada à indústria’’ (BARBOSA, 2010, p.39).
Os alunos, no geral, não têm mais paciência para nos ouvir. Devemos não apenas nos
renovar, mas ir além, romper com a visão cristalizada e monótona da Geografia como
ciência que descreve a natureza e/ou dá informações gerais sobre uma série de
assuntos e lugares (ANDRÉ, 2013, p.223).
André (2013) lança críticas a um ensino de Geografia que se mostra como algo
dogmático, onde o professor detém as verdades inquestionáveis que são cotidianamente
reafirmadas em sala de aula. Isso contribui para a formação de estudantes que não tem
familiaridade com a reflexão e, portanto, estão distantes de pensar a Geografia como uma
ciência que estimula a criticidade. O autor afirma que parece existir um medo de inovar, medo
de trabalhar com elaboração de desenhos, charges, músicas, saída de campo pelo entorno da
escola, etc. O que se verifica, segundo ele, são aulas marcadas por leituras rápidas e
improdutivas do livro didático, utilizado como instrumento exclusivo de auxílio ao ensino.
A expressão artística tem o potencial de estimular uma didática ao ensino de Geografia
que entra em confronto com o dogmatismo, pois ela abre espaço à multiplicidade de ideias e
interpretações, onde as verdades absolutas perdem seu autoritarismo. Aqui, a arte se manifesta,
também, como um estímulo à reflexão.
Quando o estudante se empenha em elaborar o desenho de uma paisagem, ele torna-se
um participante ativo na construção do seu conhecimento. Deste modo, rompe-se com a visão
de que o professor ‘’transmite’’ um conhecimento que o estudante, inativamente, precisa
‘’absorver’’.
Aliás, no que diz respeito ao desenho do lugar, Miranda (2005) tem um estudo que trata
justamente dessa questão, ressaltando, também, a necessidade de pensarmos o uso do desenho
‘’sem fins cartográficos’’. Não no intuito de reduzir ou banir o desenho de mapas, o que seria
absurdo. A intenção é mesmo deixar um espaço mais aberto para outras formas de abordagens
do desenho
A Figura 8 mostra um momento onde Alex Mendes trabalha aula como estagiário sob
a supervisão do professor Rafael Lima. A aula foi voltada para a turma do 8º ano B da EREM
Alberto Augusto de Morais Pradines (Ilha de Itamaracá-PE), referente a relação da Geografia
com os direitos humanos e teve como foco o tema da luta pela terra. O principal recurso didático
utilizado foi uma grafitagem feita pelo ‘’Bagaço’’, grupo de artistas que trabalharam em uma
variedade de grafitagens em muros da Região Metropolitana do Recife, abordando temáticas
relacionadas às questões agrárias, como a exploração a qual é submetido o cortador de cana. Na
grafitagem é possível ler ‘’CLEOMAR PRESENTE NA LUTA’’, homenagem feita a um ex-
dirigente da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) assassinado em 2014 em virtude de seu
empenho na luta pela terra no norte de Minas Gerais e sul da Bahia. No decorrer da aula,
estudantes afirmaram que a imagem do homem negro com facão, (representado acorrentado,
embora não apareça sua imagem completa na foto) lembrava as músicas de ‘’Racionais Mc’s’’
por trazerem críticas ao racismo, o que foi oportuno à aula considerando que a violência contra
a população negra, também em um contexto de latifúndios, faz parte dos problemas que
precisam ser superados na luta por direitos humanos.
Ao longo do segundo semestre de 2022, o autor deste trabalho ofereceu aulas de desenho
para estudantes da Escola Hildebrando Carneiro de Souza (Araçoiaba-PE), onde foi professor
de Geografia. A Figura 9 trata-se de desenho feito por um estudante do 7° ano para desenvolver
uma noção de perspectiva, a Figura 10 consiste em um estudo feito para explorar a variação de
tons com lápis grafite.
Vale dizer que, no atual cenário da globalização, é nítido o consumo por parte dos
estudantes de entretenimento produzido por países estrangeiros. E as transformações
tecnológicas provenientes desse contexto alteraram também a produção e o consumo das artes,
de forma que, no audiovisual, o desenho se transforma em desenho animado, sendo inserida
também a sonoridade. Vemos em sala de aula uma variedade de estudantes que são fãs dos
‘’animes’’, como são conhecidos os desenhos animados japoneses. Estudantes possuem
camisas estampadas com tais desenhos, colecionam cartas, e até mesmo desenham os
personagens em seus cadernos.
Ocorre que esses animes, e desenhos animados em geral, também apresentam temáticas
propícias às aulas de Geografia. É o caso de ‘’Avatar: a lenda de Ang’’ (2005), de Michael
DiMartino e Bryan Konietzko, que nos permite uma reflexão acerca do imperialismo, e
‘’Pokémon’’ (1999), de Satoshi Tajiri e Ken Sugimori, que traz uma série de questões
apropriadas para pensarmos a relação dos seres humanos com a natureza.
Não podemos ignorar, no entanto, o poder da globalização na valorização excessiva de
elementos culturais hegemônicos e globais, em detrimento das identidades e formas de
expressões locais. Nesse sentido, vale citar a importância de explorar em sala de aula obras de
autores brasileiros como o filme ‘’Uma história de amor e fúria’’ (2013) dirigido por Luiz
Bolognesi e a história em quadrinhos ‘’Angola Janga: Uma história de Palmares’’ (2017), de
Marcelo D’Salete. Ambas as obras trazem temáticas adequadas para aulas de Geografia no que
tange o período da colonização brasileira. Um trecho do filme chega a narrar a história de um
Brasil distópico em uma crise hídrica devido ao controle da água por grandes corporações.
Angola Janga trata-se de uma hq que representa bem o que procuramos trazer aqui sobre
vínculos entre Geografia e arte. Uma obra de arte com fundamentação em uma pesquisa
bibliográfica e documental que atribui à hq uma consistência científica. O quadrinho de Marcelo
D’Salete apresenta o quilombo dos Palmares a partir de uma organização territorial composta
por distintos núcleos populacionais e suas diferentes lideranças. Consiste em uma narrativa
contada a partir do olhar dos próprios quilombolas, envolvendo suas subjetividades e sua
maneira de entender o mundo. Angola Janga é contextualizada dentro da geopolítica do período
colonial e discorre sobre conflitos territoriais que dizem respeito não apenas aos quilombolas
contra os portugueses, mas também entre portugueses e holandeses.
CONSIDERAÇÕE FINAIS
São variadas as formas de relacionamento entre a Geografia, seu ensino e as Artes
visuais. Os laços entre desenhos, pinturas e conhecimento geográfico são fecundos e antigos.
São também laços atuais e suscetíveis de contribuir a um ensino de Geografia dinâmico e
atrativo, que valoriza outras formas de saberes e estimula o potencial crítico dos estudantes.
Embora se possa identificar múltiplos elos entre a Geografia e a arte, através, por
exemplo, da pintura de paisagens e da prática ativa dos estudantes que se empenham em
desenhar seu lugar, não se pode esquecer que, assim como a Geografia, a arte possui suas
especificidades. Como visto, desenhos e pinturas são representações, imagens, e como tal,
possuem uma significação própria que deve ser considerada ao pensar e ensinar Geografia. Isso
permite uma maior lucidez no processo de análise, nos fazendo evitar cair em visões
estereotipadas e nos esclarecendo que cada arte representa um ponto de vista específico, não a
expressão neutra e objetiva de um fenômeno.
O uso do desenho amplia o espaço que temos para outras formas de linguagem nas aulas
de Geografia, além de estimular, para fazer referência à Vandana Shiva (2002), o confronto às
‘’monoculturas da mente’’ no espaço escolar. A paisagem apresenta indiscutível teor visual, os
objetos geográficos não são verbais, os territórios e as regiões não se apresentam às/aos
estudantes sob o formato de um texto. Diante disso, é coerente que o ensino de Geografia não
esteja confinado no império da linguagem verbal e se proponha a considerar o/a estudante como
alguém que constrói o seu saber.
REFERÊNCIAS
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de Percy Lau na Revista Brasileira de Geografia e outras ‘’visões iconográficas’’ do Brasil
moderno. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. 2005.
BERGER, J. Modos de ver; tradutor: Justo G. Beramendi. Barcelona: Editorial Gustavo Gili,
S. A. 1974, 177 p.
MENEZES, P. A trama das imagens: manifesto e pinturas no começo do século XX. São
Paulo: EDUSP, 1997, 289p.
SHIVA, V. MONOCULTURAS DA MENTE. Editorta Gaya LTDA. 240p. São Paulo. 2002.
O USO DAS DIVERSAS LINGUAGENS NO ENSINO DE GEOGRAFIA: UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
NO ENSINO FUNDAMENTAL
(ANOS INICIAIS)
INTRODUÇÃO
A ausência de aulas de Geografia nas turmas do Ensino Fundamental - Anos Iniciais ainda
é uma realidade em muitas escolas do município de Garanhuns (Pernambuco). A partir das
nossas experiências em sala de aula, enquanto estudantes de Pedagogia, observamos que poucos
são os professores que proporcionam aos alunos o contato com uma Geografia significativa,
possibilitando uma formação cidadã.
Assim, justificamos a relevância deste relato de experiência como uma forma de
publicizar práticas exitosas realizadas durante o Estágio Supervisionado - Ensino
Fundamental/Anos Iniciais, levando em consideração que “A nossa prática nos estágios deve
incluir, além das reflexões e discussões sobre as metodologias de ensinar e aprender Geografia,
o conhecimento do espaço escolar [...]” (Saiki, Godoi, p. 26, 2011), além do contexto mais
amplo em que a escola está situada.
É notório que a presença do ensino de Geografia nas escolas desenvolve um papel
fundamental na formação de cidadãos críticos. Para que a criança possa ter essa percepção, é
necessário que compreenda sobre os fenômenos que acontecem em seu cotidiano e no lugar em
que vive, sem desconsiderar outras escalas geográficas (Callai, 2010). Essa compreensão pode
ser estimulada por meio de diversas linguagens no ensino de Geografia nos Anos Iniciais,
(Kinn; Costa e Santos, 2010), que podem ser utilizadas como instrumentos para a reflexão e
participação ativa dos estudantes no processo de ensino-aprendizagem.
O objetivo deste artigo é apresentar um relato de experiência resultado da inter-relação
dos conhecimentos teórico-práticos adquiridos durante a Disciplina Fundamentos e
Metodologias do Ensino de Geografia I, cursada no 5º período do Curso de Licenciatura em
Pedagogia na Universidade Federal do Agreste de Pernambuco com as experiências
vivenciadas no Estágio Supervisionado Obrigatório II, em uma turma do 2º Ano do Ensino
Fundamental (Anos Iniciais), em uma escola pública do município de Garanhuns-PE.
Por outro lado, o nosso objetivo com relação às atividades realizadas durante o estágio
foi mediar, juntamente aos alunos, momentos de ensino-aprendizagem nos quais eles pudessem
refletir, dialogar e fazer análises críticas sobre os interrelacionados aspectos presentes no
contexto no qual a escola em que o Estágio Supervisionado foi realizado está inserida,
considerando a importância de proporcionarmos aos alunos o contato com uma geografia
crítica, engajada, problematizadora, cidadã.
Para Copatti (2022, p. 9): “Ensinar uma Geografia transformadora, para além de
desafiador, constitui-se como nossa mais importante tarefa, pois efetiva-se como uma aposta na
(trans)formação dos sujeitos e na sua atuação cidadã no mundo”. Há, então, a necessidade da
relação teoria-prática, no âmbito do Estágio Supervisionado, mas também durante a formação
inicial/continuada dos professores, uma vez que, segundo Passini (2015, p.29), “O estágio
supervisionado tem um papel fundamental na formação do futuro professor”.
A intenção, também, foi de contribuir com o processo de ensino e aprendizagem dos
saberes geográficos de uma forma leve, dinâmica e significativa, bem como para a formação
crítica e cidadã dos educandos, tendo em vista que o público-alvo das práticas pedagógicas
desenvolvidas foram crianças com faixa-etária entre 07-08 anos de idade. Assim, o trabalho
encontra-se situado no âmbito da temática do GT-05 - “Infâncias, Juventudes e a Geografia
Escolar” do “VI Encontro Regional de Práticas de Ensino em Geografia (VI EREPEG)”
É com base nesse contexto que, ao ser levado em consideração o público-alvo com os
quais as práticas pedagógicas foram realizadas, ou seja, estudantes do 2° ano, é importante
pensar que se tratam de estudantes em processo de formação, que estão aprendendo a se
relacionar com outras pessoas, conhecendo outros grupos sociais, além da sua família. Diante
disso, no que se refere ao espaço vivido pelos estudantes, o mesmo se constitui como um espaço
em que formarão parte de sua identidade, tendo em vista que, de acordo com Corrêa (2000), o
espaço relaciona os sujeitos com as crenças, cultura e interesses daquele local. Dessa forma,
compreende-se a importância de ser trabalhado em sala de aula diversas estratégias que
propiciem a reflexão crítica do espaço vivido.
É preciso estar ciente de que as outras linguagens e recursos, sob qualquer formato,
que chegam às escolas como o novo, o moderno, o atual e, como tal, são atrativos e
sedutores, não resolvem, por si sós, os problemas de ensino-aprendizagem da
geografia ou de qualquer outra disciplina. É necessário, portanto, um domínio de tais
técnicas por parte dos professores e uma proposta político-pedagógica que contemple
de forma consciente os usos dos recursos tecnológicos disponíveis. (SANTOS;
COSTA; KINN, 2010, p. 44)
Compreendemos que o uso de recursos didáticos na sala de aula não resolve por si só os
problemas educacionais, tanto do ponto de vista macro, como as políticas públicas, algumas
questões curriculares, quanto do ponto de vista micro, a exemplo das técnicas pedagógicas
utilizadas. Apesar disso, a concepção pedagógica que o docente tem sobre o ensino de
Geografia na sala de aula, pode favorecer a mudança das práticas escolares no que diz respeito
a conjuntura da desvalorização da Geografia, bem como a transformação do contexto do
descompromisso social, político e ético encontrado nas salas de aula. Com vistas a refletir sobre
os contextos mencionados anteriormente, os principais referenciais teóricos utilizados nesta
pesquisa foram: Passini (2015), Copatti (2011), Vilhena e Castellar (2011), Callai, (2010)
Kinn, Costa e Santos (2010) e Corrêa (2000).
METODOLOGIA
O estágio ocorreu em uma escola da rede municipal de Garanhuns-PE que fica localizada
em um bairro periférico da cidade. Durante a realização, foram feitas 3 (três) intervenções em
uma turma do 2º ano do Ensino Fundamental (Anos Iniciais), a qual continha 31 (Trinta e um)
alunos matriculados, entre 7 (Sete) e 8 (Oito) anos de idade. Eram alunos participativos e
comunicativos. Porém, o relato de experiência apresentado foi feito com base em 1 (Uma)
dessas intervenções, porque nas outras foram desenvolvidas atividades relacionadas à
Geografia, mas em virtude do escopo do texto não será possível relatar.
Portanto, com o objetivo de levarmos para os alunos um ensino de Geografia, que não
fosse simplesmente pautado no livro didático e na transmissão e reprodução de conceitos,
fugindo assim daquela geografia tradicional (mas que pudéssemos ministrar aulas de Geografia,
juntamente com os alunos, que fossem capazes de contemplar um ensino de com sentido,
envolvendo o uso de linguagens e recursos pedagógicos diversos), fizemos a utilização das
seguintes linguagens: Desenho, Fotografia e Literatura Infantil.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
LITERATURA INFANTIL
A Literatura Infantil, trabalhada através do livro infantil nas escolas dos anos iniciais, é
fundamental na formação de estudantes críticos. A leitura é uma prática que deve ser
cotidianamente inserida no contexto das aulas, mesmo que os estudantes ainda não tenham se
apropriado do sistema de escrita alfabética. Isso porque ela desperta no aluno o interesse pela
leitura. Por este motivo e outros motivos, é muito importante realizar leituras com as crianças.
Além disso, “A literatura propõe aproximar a criança com o mundo letrado, unir as histórias
que ouve com as situações do seu cotidiano, refletir sobre e questionar o mundo a sua volta com
mais afinco e senso crítico (SILVA, et.al., 2021).” Dessa maneira, embora os estudantes ainda
estivessem em processo de apropriação do sistema alfabético, no primeiro momento da aula, a
leitura foi feita com a mediação das estagiárias.
Posto isso, a literatura infantil foi o ponto de partida para que os discentes pudessem se
familiarizar com a proposta a ser desenvolvida. Fizemos a utilização do livro infantil como
recurso didático, pois entendemos que o trabalho com recursos como os livros infantis
paradidáticos são fundamentais para que os alunos possam ser capazes de perceber e se
expressar de diversas formas, relacionando e comparando cada uma delas dessas formas ao
tempo e espaço vivido (Kinn; Costa; e Santos, 2010), ressaltando que a inserção das diversas
linguagens nas aulas de Geografia, “não pode prescindir da leitura e da escrita” (KINN;
COSTA; e SANTOS, 2010, p. 46). Nesse cenário, iniciamos a aula de Geografia com uma
leitura deleite do livro “A escola do Marcelo”, da autora Ruth Rocha (Figura 01).
Nesse contexto, Cavalcanti, (2010, p.7) afirma que “[...] ensinar Geografia não é ensinar
um conjunto de conteúdos e temas, mas é, antes de tudo, ensinar um modo específico de pensar,
de perceber a realidade. Trata-se de ensinar um modo de pensar geográfico, um olhar
geográfico, um raciocínio geográfico”. Porque o ensino de geografia vai além da transmissão
de conhecimentos, mas visa oportunizar aos estudantes que eles possam ampliar a sua leitura
de mundo, partindo do contexto no qual eles estão inseridos, sem desconsiderar outros
contextos espaciais. Então, a partir da experiência e contato com a literatura infantil, associada
a outras propostas metodológicas de ensino, a exemplo da roda de diálogo, os alunos puderam
expressar suas percepções, críticas e opiniões sobre seu âmbito escolar.
FOTOGRAFIA
Ensinar a ler em geografia significa criar condições para que a criança leia o espaço
vivido. Ensinar a ler o mundo é um processo que se inicia quando a criança reconhece
os lugares, conseguindo identificá-los. Portanto, observar, registrar, e analisar são
processos relacionados com o significado de ler e entender, desde os lugares de
vivências até aqueles que são concebidos por ela, dando significado às paisagens
observadas, pois na leitura se atribui sentido ao que está escrito (VILHENA;
CASTELLAR, 2010.)
Portanto, conforme as crianças vão aprendendo a fazer a leitura dos seus espaços de
vivências, elas começam a se entender enquanto seres pertencentes àqueles
espaços. Corroborando com os autores citados acima, Callai (2005, p.236) enfatiza que
“Compreender o lugar em que se vive encaminha-nos a conhecer a história do lugar e assim, a
procurar entender o que ali acontece, pois o espaço em que vivemos é repleto de sentidos e
histórias que são desconhecidas por nós”. Então, é necessário que o docente possa mediar a
leitura desses espaços. Além disso, estabelecer uma relação entre os conceitos geográficos e o
cotidiano dos alunos é fundamental.
Cai assim, por terra, aquela antiga ideia de que apenas o professor detém o saber e de
que aos outros cabe apenas receber esse saber sem questionamentos, como se os
estudantes fossem folhas em branco, recipientes vazios que devem ser preenchidos de
conteúdos, meros objetos destituídos de vontade. (SOUZA NETO, 2001. p. 116).
Entendemos que os alunos não são tábulas rasas, mas chegam no ambiente escolar com
uma bagagem e cabe ao professor, juntamente com os seus alunos, trabalhar em prol dessa
partilha. A sala de aula e as escolas são espaços primordiais para que essas trocas aconteçam.
DESENHO
O desenho é um recurso muito utilizado nas escolas, sobretudo nas etapas/modalidades
escolares em que estão inseridas as crianças. No entanto, muitas vezes é usado apenas como
passatempo e não como uma ferramenta potencialmente importante no desenvolvimento
cognitivo e emocional das crianças. Essa importância se dá porque, de acordo com Junior,
Oliveira e Ribeiro (2016, p.3): “Quando a criança desenha, cria pontes entre o mundo real e o
imaginário, expressando suas concepções e percepções do mundo no qual está inserida”. Dessa
maneira, a escolha do desenho foi pensada a partir da concepção de que se trata de um recurso
que possibilita que as crianças pudessem expressar sobre como elas enxergam o mundo, o seu
lugar de vivência e os outros lugares que frequentam.
Nossa intenção com essa atividade foi, além de fomentar o desenvolvimento do raciocínio
geográfico dos alunos, fazer com que eles percebessem que a geografia está o tempo todo
presente em nosso cotidiano, como também mediar o processo de ensino-aprendizagem de
forma que os estudantes percebessem que, no percurso da sua casa até a escola, existem diversos
elementos naturais e sociais que constituem seu bairro, conformando diversas paisagens ao
longo do trajeto que percorrem cotidianamente.
O desenho do percurso casa-escola foi utilizado também com o objetivo de que, além,
dos educandos expressarem o seu olhar sobre os aspectos geográficos presentes em sua escola
e outros lugares de vivências, eles pudessem desenvolver e/ou ampliar o seu raciocínio espacial,
fomentando a leitura e a reflexão sobre os espaços mencionados, considerando, por exemplo,
as problemáticas socioambientais existentes no bairro. Segundo Almeida (2001, p. 11): “Os
mapas das crianças trazem elementos do pensamento infantil, são representações do seu modo
de pensar o espaço”. Portanto, a autora enfatiza ainda que:
Observamos, assim, a diferença nos elementos que cada aluno inseriu no desenho, pois
uma parte dos estudantes colocou muitos elementos naturais como: árvores, sol, plantas,
nuvens, etc. Outra parte colocou mais elementos sociais, como: casas, carros, prédios, igrejas e
mercados. Na elaboração dos desenhos, alguns estudantes colocaram só um ser humano, que
representa ele. Outros estudantes desenharam vários seres humanos ou nenhum. Como também
os animais foram outros elementos que poucos desenharam nesta atividade proposta. Desse
modo, Vilhena e Castellar (2011, p. 25) ressaltam que:
No que se refere à experiência vivenciada na escola, por fim, construímos, junto com os
alunos, um varal geográfico (Figura 05) no qual cada aluno deixou o seu desenho pendurado,
valorizando não somente os desenhos confeccionados pelos estudantes, mas também tudo que
foi aprendido durante cada momento.
Figura 05: Produção do “Varal Geográfico”
Com a exposição por meio do que foi chamado de “Varal Geográfico” os estudantes
podiam rever a todo momento os desenhos realizados e continuar trocando saberes mesmo após
o “encerramento” da aula.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
DAMIANI, M. F.; ROCHEFORT, R. S.; CASTRO, R. F.; DARIZ, M. R.; PINHEIRO, S.S.
pesquisas do tipo intervenção pedagógica. Cadernos de Educação: FaE/PPGE/UFPel 45, p. 57-
67. Pelotas: UFPel. 2013.
Gerhardt, TE; Silveira, DT. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.
KINN, Marli Graniel. COSTA, Cláudia Lucia. SANTOS, Rosselvelt José. Ensino de geografia
e novas linguagens. In: BUITONI, Marísia Margarida Santiago. Coleção Explorando o
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NETO, M. F. de S. A aula. Geografares, [S. l.], n. 2, 2001.
SAIKI, Kim; GODOI, Francisco Bueno de. A Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado.
In: PASSINI, Elza Yasuko; PASSINI Romão; MALYSZ, Sandra T. (org). Prática de ensino
de geografia e estágio supervisionado. São Paulo: Contexto, 2011.
ORTIGOZA, Silvia Aparecida Guarnieri. PITTON. Sandra Elisa Contri. GIOMETTI, Analúcia
Bueeno dos Reis. Leitura do Espaço Geográfico Através das Categorias Lugar, Paisagem
e Território. Universidade Paulista. São Paulo. 2012.
PERSPECTIVAS E POSSIBILIDADES DA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA SOB O
OLHAR DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
INTRODUÇÃO
Com base nisso, a escola é plural, formulada por variados saberes, não só de
conhecimentos, mas de subjetividades e aprendizagens. E como integrar esses variados
indivíduos em um único espaço, denominado escola? É mister, ponderar a partir de uma
reflexão com base nos modos de vidas desses estudantes, como também sobre suas habilidades
cognitivas e educacionais. É o caso das estudantes com deficiência. Que apesar de terem
políticas públicas e educacionais, que garantam uma educação gratuita a todos. Os direitos
desses indivíduos na prática são negados constantemente.
Muitos docentes sejam eles de geografia, ou da educação em geral, apontam que não
estão preparados para lidarem com crianças autistas, ou com deficiências em geral. Adicionados
a esses fatores, elucidam que não há uma preparação em sua formação inicial ou continuada, e
não sabem como adaptar essas atividades no contexto escolar (Silva, 2017; Ribeiro, 2021)
Os regimentos jurídicos começam a destacar os estudantes com deficencia nos anos 80
e 90. Especificamente surge a “ Conferência Mundial de Educação para Todos “, na Tailândia
em Jomtim, naquele momento, houve maiores preocupações para se pensar em metas para
melhorar a educação das escolas em todo o mundo. Levando também em consideração
aprendentes que detinham deficiências ( Coutinho, 2013)
Outro evento em escala mundial que irá se destacar é a “Conferência de Salamanca”,
que ocorreu em 1994, esta conferência ficou conhecida como a “Conferência sobre as
Necessidades Especiais”, nele foram debatidas argumentações, para que as crianças com
necessidades especiais, tivessem seus direitos educacionais garantidos. Estão inseridos direitos
dos estudantes diagnosticados com Transtorno Global de Desenvolvimento, Superdotação e
Altas Habilidade ( Santos; Lima, 2015)
No Brasil ,foram também surgindo políticas públicas e educacionais a esse respeito,
como por exemplo a LDB ( Lei Diretrizes e Bases da Educação), através da Lei 9394/1996,
dedicou o capítulo 4 , para iniciativas de formação, métodos e procedimentos educacionais por
parte dos professores, que lidam com alunos com atrasos no desenvolvimento. Além disso,
elencou neste mesmo capítulo, a necessidade do atendimento educacional especializado, para
estudantes com deficiência. Outra lei de fundamental importância, foi a Política Nacional
Educação Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva, promulgada pela Portaria nº918 em
2007, que destaca os principais momentos históricos das leis regulamentadas no Brasil,
sinalizando os objetivos da educação inclusiva, como por exemplo acesso a escola em todos os
níveis de ensino, capacitação de professores para lidar com estudantes neurodivergentes, além
da participação da família no processo educacional desses estudantes.
Dessa maneira, o conceito de inclusão não deve estar relacionado, só ao acesso a
matrícula da escola. Mas, que esse estudante que possui diagnóstico médico, possa ter acesso
oportunidades educacionais com equidade. De acordo com Orrú ( 2017), compete a inclusão na
escola , construir com o outro sejam subjetividades, comportamentos e conhecimentos.
É importante pontuar que não devemos estigmatizar as dificuldades dos alunos, só pelo seu
diagnóstico médico, estabelecido pelo DSM-5(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais), sobremaneira compreender que cada indivíduo comportam características que vão
além do seu cid que definem suas deficiências. Mas que todo indivíduo detém individualidades
e potencialidades nas suas relações sociais e educacionais (Orrú, 2017)
Dito isso, a geografia é uma disciplina que ajuda no entendimento de como se
desenvolvem as realidades cotidianas. Pesquisas realizadas no campo do ensino de geografia,
apesar de serem tímidas, apontam uma carga horária intensa de trabalho por parte dos docentes.
Pesquisas como de Ribeiro (2021), elencou que os docentes tem dificuldades de lidarem com
alunos com deficiência, sinalizando dificuldades de fornecer adaptações curriculares para o
alunado.
Muitas pesquisas que estudam a inclusão como trabalhos de (Coutinho;2013, Ribeiro,
2021; Orrú, 2016) tem encaminhado discussões para uma formação dos docentes, alicerçadas
em práticas por intermédio da justiça social. Nesse entendimento, cabe os professores, realizar
reflexões de seus saberes docentes e práticas pedagógicas pautadas em um raciocínio social.
Assim, o docente deve refletir sobre seus lugares de vivências, tanto de professores como dos
alunos , ponderando também mudanças sobre o currículo . É o que sinaliza Rodgers (2008, pág.
41) [...]“Eles são simplesmente apêndices , sem a indispensável transformação profundas nas
estruturas, necessário não apenas para o currículo do programa mas para os próprio formadores
de professores].
Após essas inferências, esse artigo tem como principal objetivo trazer uma reflexão a
partir de práticas docentes de professores de geografia, ao lidarem com pessoas com deficiência,
apontando quais as principais dificuldades desses professores no contexto escolar. A partir
dessas reflexões podemos refletir apontando encaminhamentos para uma re- educação inclusiva
nas aulas de geografia.
METODOLOGIA
Este artigo é uma pesquisa de base qualitativa. Que se cunhou a partir de uma revisão
bibliográfica, que de acordo com ( Silva, 2019), constitui um instrumento para a elaboração de
sínteses e inferências de um determinado tema. É o que corrobora também Raoupp e Beuren (
2003, pág.87):[...]Por ser de natureza teórica, a pesquisa bibliográfica, é parte obrigatória, da
mesma forma , como em outros tipos de pesquisa, haja vista que é por meio dela que tomamos
conhecimento sobre a produção científica existente[...].
A natureza desta pesquisa por se fundamentar em um embasamento teórico, se
relacionará, em reflexões baseadas nas subjetividades dos sujeitos, visto que os autores
pesquisados utilizaram em suas investigações experimentações humanas. É o que pontuam
Tardif e Lessard ( 2014, pág. 39), ao refletir a importância de pesquisas na área da educação.
“Um campo de pesquisa não é outra coisa senão um espaço de inteligibilidade traçado
progressivamente pelo olhar teórico do pesquisador; é também um local de relações e
atividades humanas onde a subjetividade do pesquisador se mescla , inevitavelmente
, colocando a prova sua inteligência , mas também seus valores, suas emoções , suas
crenças e preceitos.Isso gera também a necessidade de estar atento as variações , as
diferenças e as nuanças que não deixam de aparecer quando se começa a estudar
aquiloque os atores escolares realmente fazem “.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
JÚNIOR, R. P da Silva; Araújo, C. M de. A educação da pessoa cegueira e com baixa visão
e sua interface com a política nacional de educação especial na perspectiva da educação
inclusiva. Revista Reflexões e Inovações Nacionais no século XXI em Ciências Humanas e
Sociais , v.1, 2022.
SILVA, F.G.D. O que os olhos não veem a linguagem esclarece : Contribuição da mediação
semiótica á elaboração do raciocínio geográfico pelo aluno com cegueira congênita. Tese
( Doutorado em Geografia. Universidade Federal de Goiás-UFG, Goiânia, 333p, 2019.
INTRODUÇÃO
Nesse sentido, este trabalho retrata algumas considerações sobre parte da pesquisa de
mestrado que realizamos entre 2020 e 2021, apresentado ao Programa de Pós-Graduação em
Geografia da Universidade Federal da Paraíba. O objetivo central da dissertação buscou
compreender o lugar que a Geografia ocupa na sala de aula nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, considerando a relevância do currículo e a influência desse para a prática docente.
Dessa forma, nos baseamos na literatura que discute sobre currículo e ouvimos
atentamente a fala das professoras, suas dificuldades, seus anseios e suas perspectivas no
tocante ao ensino de Geografia no dia a dia na escola. Destacamos os caminhos metodológicos
escolhidos por elas para a prática docente, principalmente, aqueles que levaram em
consideração a aplicação do currículo e/ou orientações curriculares municipal no decorrer da
pandemia de Covid-19, período importante para os diferentes setores da economia mundial,
inclusive para a educação.
Nessa direção, entendemos que pesquisas sobre o ensino de Geografia têm ganhado
campo de debate, consolidando discussões sobre os caminhos pelos quais os professores dos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental têm trilhado durante a prática docente. Por isso, a
justificativa do nosso trabalho se tornou viável, porque buscamos compreender como o docente
dessa fase de escolarização concebe a dimensão da Geografia junto aos seus alunos, como ele
motiva esses alunos a desenvolverem suas percepções sobre as relações que existem entre os
temas trabalhados pela disciplina na escola e o que acontece em seu cotidiano, em seu lugar.
METODOLOGIA
Nosso trabalho tem por base a pesquisa do tipo qualitativa, cujo início se deu com a
escolha da metodologia da investigação e consequentemente, com os caminhos procedimentais,
pois “a metodologia corresponde aos procedimentos utilizados pelo pesquisador, material e
métodos, em determinada investigação, ou seja, às etapas a seguir em dado processo”
(MARAFON, 2013, p. 38).
Nesse rumo, ao utilizar a entrevista como um caminho para a coleta de dados, ficamos
atentos à questão ética junto aos pesquisados, pois “[...] é preciso garantir-lhe que será guardado
sigilo quanto às informações e que não haverá identificação do informante na redação final do
relatório da pesquisa” (OLIVEIRA, 2016, p. 87). Tal pensamento, de fato, é imprescindível em
uma pesquisa com seres humanos, pois assim que fiz contato com a escola e a posteriormente
com os sujeitos, fui indagado sobre o que seria, a quem interessava, se haveria alguma
implicação profissional. Por isso, deixamos claro que caberia aos entrevistados autorizar ou não
a sua identificação.
Dessa forma, esclarecemos que o projeto da pesquisa foi encaminhado e aprovado para
execução pelo Conselho e Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Saúde da Universidade
Federal da Paraíba – CEP/CCS. Obtivemos também, carta de anuência junto à Secretaria de
Educação do município, bem como, aprovação das professoras através do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que trata do compromisso ético.
Assim sendo, realizamos entrevistas com duas professoras do 5º ano de duas unidades
de ensino dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da rede municipal de educação da cidade
de Cabedelo/PB. Essas docentes responderam as indagações a partir de questões
semiestruturadas que, mesmo com uma relação de perguntas preparadas a priori, ao longo das
entrevistas, novas ideias foram surgindo e novas perguntas foram realizadas, dando melhor
direcionamento ao objetivo proposto.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Abordar sobre currículo em sua plenitude não foi tarefa fácil, dada sua importância para
a educação e para a sociedade de modo geral. Os meios pelos quais o currículo é construído é
objeto de debates, questionamentos, etc; Isto porque “os currículos são complexos, existem
variações entre os países na hora de sua formulação, e eles são distintos de acordo com os níveis
e as especialidades que existem dentro do sistema educacional” (SACRISTÁN, 2013, p. 28).
Como Silva (1999) expõe; o currículo pode ser um instrumento que pode controlar o
chão da escola e as pessoas; para evitar que haja alienação em relação ao seu poder, é necessário
que ele seja criado diante de muito diálogo e com a participação da sociedade a qual ele será
destinado. Sendo assim, o currículo terá um alcance maior, podendo atender a todos, sem
distinção.
Também percebemos que são delimitados os terrenos das disciplinas, bem como, as
referências para a formatação do currículo e encaminhamento da práxis de seu
desenvolvimento, pois “[...] se julgará o que será considerado sucesso ou fracasso, o normal ou
anormal, o quanto é satisfatória ou insatisfatória a escola, quem cumpre o que é estabelecido e
quem não o faz” (SACRISTÁN, 2013, p. 19).
Santos e Machado (2011) afirmam que o currículo é um instrumento historicamente
construído, podendo ser entendido como um campo social se, somente se, o visualizarmos na
direção da construção do trabalho intelectual e prático dos pesquisadores, da classe política e
da sociedade civil organizada.
Como se observa, o currículo é um instrumento poderoso que faz parte da vida das
pessoas. Ele está no dia a dia da escola; molda e pode ser moldado. Ele conduz o ir e vir de
professores e alunos com seus significados. O currículo é texto, é conteúdo. O currículo é o que
se ensina, mas, também, o que se aprende.
Diante dessas questões e discussões sobre o currículo, sobre a influência desse na prática
docente, buscamos compreender a visão das duas professoras sobre esse tema. Por isso, os
resultados obtidos se deram a partir das entrevistas que realizamos. Observamos que as docentes
podem até não ter o conhecimento aprofundado acerca do(s) currículo(s), porém mostraram que
o tema não é tão distante delas, uma vez que a Docente 1 falou que “currículo é o que ela tem
de ensinar, tendo a ver com os conteúdos”. Isso não deixa de ser coerente, porque o currículo
também é isso, sobretudo pelos estudos que “[...] associam currículo a conteúdos e os que veem
currículo como experiências de aprendizagem” (MOREIRA, 2001, p. 3-4).
A outra docente afirma que queria até abordar o ensino dos temas da Geografia em sua
plenitude, no entanto, para ela é muito difícil, sobretudo “[...] devido ao tempo e número de
aulas destinado para a disciplina. Para ter uma ideia, o tempo para ensinar português é mais
que o dobro do tempo que é destinado para trabalhar os temas da Geografia” (DOCENTE 2).
É importante destacar que as diretrizes educacionais, também passaram por ajustes, pois
durante o período que realizamos a pesquisa dissertativa, o mundo enfrentava uma das maiores
crises sanitárias jamais vista. Nesse sentido, nos interessou indagá-las sobre o processo de
ensino-aprendizagem e a influência do currículo municipal durante a pandemia de Covid-19,
especificamente em relação as aulas destinadas ao ensino de Geografia.
De acordo com as entrevistadas, a alternativa encontrada pelo governo municipal, foi
criar diretrizes que tinham o Ensino Remoto como meio para substituir as aulas presenciais, o
qual, “foi arremessado nas mãos dos professores como se arremessa uma bomba em um alvo
de guerra” (DOCENTE 1). O pensamento da entrevistada nos revelou que o poder público –
Secretaria de Educação do município – poderia ter buscado outros caminhos que ajudassem as
professoras a amenizar os impactos negativos na educação devido surgidos com a crise
pandêmica de 2019.
A outra professora afirmou que “tudo caminhou rápido, sem formação mínima para
que pudéssemos ter familiaridade com as ferramentas digitais. Eu nunca havia dado aula
usando algum tipo de plataforma digital” (DOCENTE 2). Ainda para essa docente, os
caminhos propostos pela secretaria de educação não surtiram o efeito esperado e os vários
problemas de origem estrutural; o governo municipal não conseguiu resolver, inclusive com
acentuação dos problemas já existentes, sobretudo, na questão do acesso às novas tecnologias
por professores e alunos.
De fato, um dos pontos pouco considerados pela gestão pública foi a questão das
desigualdades entre as pessoas, pois a aquisição de aparelhos telefônicos ou computadores, de
dados móveis ou mesmo wi-fi – recursos fundamentais para se trabalhar a distância de forma
remota – não era acessível de forma equilibrada entre os professores, principalmente, entre os
estudantes.
De acordo com a Docente 1, “[...] são os alunos mais pobres que continuam a margem,
também, no mundo digital”. A fala da professora se deu pelo fato de as escolas ofertarem
atividades impressas para quem não tinha acesso às tecnologias, e isso, “só fez confirmar as
disparidades sociais, desta vez, no tocante ao acesso às ferramentas tecnológicas e internet,
decrescendo os níveis de aprendizado entre os alunos mais pobres (DOCENTE 2).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O nosso propósito foi retratar os caminhos que percorremos durante nossa pesquisa de
mestrado, relatando sobre um dos capítulos da dissertação, onde buscamos esclarecer sobre os
significados que são dados ao currículo e sua influência na prática de ensino de duas professoras
do 5º ano dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da rede municipal de educação da cidade
de Cabedelo/PB.
Relacionamos as leituras que realizamos sobre o tema, com as falas dos sujeitos da
investigação. Mesmo discutindo sobre o currículo e suas nuances, pautamos nossas perguntas
com a ideia de compreender, como pensam essas professoras sobre o poder desse instrumento
no processo de ensino-aprendizagem de Geografia nessa etapa de escolarização.
Como descrito neste trabalho, é complexo falar sobre currículo, assim como também o
é, discorrer acerca da prática docente nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, diante das
imensas dificuldades enfrentadas por esses profissionais que, na maioria dos casos, não tem a
valorização que merecem, acima de tudo porque são esses professores, também, os principais
responsáveis pelo processo de alfabetização no início da vida escolar.
Diante das dificuldades, mas, também, das barreiras ultrapassadas, sugerimos que as
tomadas de decisões precisam ser socializadas e que a pandemia de Covid-19, mostrou que é
necessário a união de todos a fim de que o ensino público possa melhorar a partir dos exemplos
vivenciados, e que o governo municipal não pode pensar a educação, sem pensar em professores
preparados para enfrentar as adversidades, sendo importante eleger a formação continuada,
como mecanismo de obtenção de bons resultados.
REFERÊNCIAS
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São Paulo: Cortez, 2011. Apoio: Faperj. 279 p.
OLIVEIRA, Maria Marly de. Como fazer pesquisa qualitativa / Maria Marly de Oliveira. 7.
ed. revista e atualizada – Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.
PINHEIRO, Antônio Carlos. Práticas educativas com base local: estudo sobre o Bairro dos
Pimentas em Guarulhos-SP. In: CALLAI, Helena C. Educação geográfica: reflexão e prática.
Ijuí: Ed. Unijuí, 2011 – 320 p. p. 75-98. – (Coleção Ciências Sociais).
______. Lugares de professores: vivências, formação e práticas docentes nos anos iniciais
do ensino fundamental. São Paulo: Porto de Ideias, 2012.
SILVA, Tomás Tadeu da. Documentos de identidade: Uma introdução às teorias do currículo.
3ª ed. 1ª reimp. – Belo Horizonte: Autêntica, 1999. 156p.
A SAÚDE MENTAL NO ENSINO MÉDIO NA PERSPECTIVA DA
GEOGRAFIA
INTRODUÇÃO
As reflexões apresentadas por Han (2017) em sua obra ‘Agonia do Eros’, em relação
à saúde mental na sociedade contemporânea demonstra que vivemos em uma era marcada pela
excessiva positividade, a busca incessante por prazer e ausência de limites, o que tem gerado
uma verdadeira crise do desejo e da capacidade de amar. O autor (ib. id.) também destaca a
influência da cultura do desempenho, da pressão por produtividade e da constante exposição
nas redes sociais na saúde mental das pessoas.
A sociedade contemporânea tem sido caracterizada por uma busca incessante por
prazer, sucesso e realização em todas as áreas da vida. No entanto, essa cultura do desempenho
e da positividade excessiva tem gerado uma verdadeira crise das relações humanas. Han (2017)
argumenta que vivemos em uma cultura do desempenho, na qual somos constantemente
cobrados a sermos bem-sucedidos, felizes e realizados.
Essa pressão insustentável acaba levando ao esgotamento, à ansiedade e à depressão.
A busca incessante por prazer e sucesso também mina nossa capacidade de amar e de nos
relacionar de forma saudável com os outros. A constante exposição nas redes sociais também
tem um impacto negativo na saúde mental. Han (ib. id.) destaca que vivemos em uma sociedade
hiperconectada, na qual estamos sempre disponíveis e expostos aos olhares dos outros. Isso
gera uma pressão para a construção de uma imagem perfeita e uma necessidade constante de
validação social. Essa exposição excessiva pode levar ao surgimento de sentimentos de
inadequação, ansiedade e depressão.
A sociedade do cansaço, termo criado por Han (ib. id.) é caracterizada por um ritmo
acelerado, pressões constantes e uma cultura de produtividade excessiva. As pessoas são
constantemente bombardeadas com demandas e expectativas, o que podem levar a altos níveis
de estresse, ansiedade e exaustão. Nesse contexto, pode se manifestar como um sentimento de
profunda tristeza, raiva e frustração, resultante da opressão e do sofrimento causados pela
sociedade do cansaço.
A sociedade do cansaço impõe uma pressão constante para estar sempre ocupado,
alcançar metas e ser produtivo. Isso pode levar a um desequilíbrio entre trabalho e vida pessoal,
falta de tempo para descanso e lazer, e uma sensação de estar sempre sobrecarregado. Essas
condições podem contribuir para o surgimento de problemas de saúde mental, como ansiedade,
depressão, esgotamento e transtornos do sono. Além disso, a sociedade do cansaço também
pode promover uma cultura de comparação e competição, onde as pessoas se sentem
constantemente pressionadas a alcançar padrões inatingíveis de sucesso e felicidade. Isso pode
levar a sentimentos de inadequação, baixa autoestima e ansiedade social.
Todos esses sintomas pode se manifestar como uma resposta emocional a essa pressão
e às expectativas irreais impostas pela sociedade. Para promover o bem-estar emocional na
sociedade do cansaço, é fundamental adotar estratégias de autocuidado e equilíbrio. Isso inclui
a prática de atividades que promovam o relaxamento e o descanso, como exercícios físicos,
meditação e interesses que lhe dê prazer. Além disso, é importante estabelecer limites saudáveis
e priorizar o tempo para o autocuidado, o lazer e as relações sociais significativas.
O ritmo acelerado, as pressões constantes e a cultura de produtividade excessiva
podem contribuir para o surgimento de problemas de saúde mental. Portanto, é fundamental
adotar estratégias de autocuidado e equilíbrio para promover o bem-estar emocional. Isso inclui
a prática de atividades relaxantes, estabelecimento de limites saudáveis e priorização do tempo
para o autocuidado e as relações sociais. Ao conseguir identificar essas problemáticas da
sociedade do cansaço, podemos trabalhar para criar um ambiente mais saudável e equilibrado,
promovendo a saúde mental e o bem-estar das pessoas.
A saúde mental dos estudantes é uma preocupação crescente nas escolas, uma vez que
problemas emocionais e comportamentais podem afetar significativamente o desempenho
acadêmico e o bem-estar geral dos alunos. Nesse contexto, Estanislau e Bressan (2014) trazem
reflexões importantes sobre a importância da promoção da saúde mental nas escolas e o papel
dos educadores nesse processo. É destacada a importância de uma abordagem preventiva na
promoção da saúde mental nas escolas.
Os educadores são fundamentais na identificação de sinais precoces de problemas
emocionais e comportamentais nos estudantes. Eles devem estar atentos a mudanças de
comportamento, dificuldades de aprendizagem, isolamento social e outros indicadores de
possíveis problemas de saúde mental. Ao identificar esses sinais, os educadores podem
encaminhar os estudantes para profissionais de saúde mental e garantir o suporte necessário.
Além disso, é enfatizada a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e
colaborativa na promoção da saúde mental nas escolas. Educadores, profissionais de saúde
mental, famílias e outros profissionais devem trabalhar em conjunto para garantir o bem-estar
dos estudantes. A colaboração entre essas diferentes partes permite uma compreensão mais
abrangente das necessidades dos estudantes e a implementação de estratégias de apoio e
intervenção eficazes destacando a importância de criar um ambiente escolar acolhedor e
inclusivo.
Nesse sentido, os educadores devem promover a empatia, a compreensão e o respeito
mútuo entre os estudantes. Além disso, é fundamental oferecer espaços seguros para que os
estudantes possam expressar suas emoções e buscar apoio quando necessário. A criação de
programas de educação emocional e habilidades sociais também são recomendadas para ajudar
os estudantes a desenvolverem uma maior resiliência emocional.
Cabe à escola estar atenta aos sinais de problemas emocionais e comportamentais nos
estudantes, encaminhando-os para profissionais de saúde mental quando necessário. Além
disso, a colaboração entre educadores, profissionais de saúde, famílias e outros profissionais é
essencial para garantir o bem-estar dos estudantes. Ao criar um ambiente escolar acolhedor e
inclusivo, os educadores contribuem para o desenvolvimento emocional saudável dos
estudantes e para o seu sucesso acadêmico.
SAÚDE MENTAL NOS EDUCANDOS DO ENSINO MÉDIO DA ECI DEP. ÁLVARO
GAUDÊNCIO DE QUEIROZ
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A saúde mental no Ensino Médio é um tema complexo que envolve diversos fatores,
incluindo ambiente geográfico em que os estudantes estão inseridos. A Geografia oferece uma
perspectiva única para compreender e abordar essa questão, considerando as relações entre o
ser humano e o ambiente em que vive. Ao promover a educação geográfica e implementar
intervenções baseadas nessa perspectiva, é possível contribuir para a promoção da saúde mental
dos estudantes do Ensino Médio, garantindo um ambiente propício para seu desenvolvimento
integral.
As considerações finais deste artigo científico destacam a importância de abordar a
saúde mental no Ensino Médio a partir da perspectiva da Geografia. Através dessa abordagem,
foi possível compreender como fatores socioespaciais podem influenciar a saúde mental dos
estudantes nessa fase crucial de suas vidas (Callai, 2001; 2005; Castrogiovanni, 2003).
É importante ressaltar que o ambiente escolar e o contexto geográfico em que os
estudantes estão inseridos desempenham um papel significativo na promoção ou no
comprometimento da saúde mental. Fatores como a qualidade das escolas, a infraestrutura
urbana, a violência e a desigualdade social foram identificados como determinantes importantes
para o bem-estar psicológico dos jovens.
Além disso, a Geografia também possibilitou compreender como a saúde mental no
Ensino Médio está relacionada a questões de acesso a serviços de saúde, como a disponibilidade
de profissionais especializados e, a proximidade de unidades de atendimento. Esses aspectos
geográficos podem influenciar diretamente a capacidade dos estudantes de buscar ajuda e de
receber o suporte necessário para lidar com problemas emocionais.
Diante dessas constatações, é fundamental que políticas públicas e práticas
educacionais considerem a dimensão geográfica ao abordar a saúde mental no ensino médio.
Isso implica em investimentos na melhoria das condições das escolas, na promoção de espaços
seguros e acolhedores, na redução da violência urbana e na garantia de acesso a serviços de
saúde mental.
Além disso, é necessário que os profissionais da área da saúde e da educação estejam
capacitados para identificar e lidar com problemas de saúde mental entre os estudantes,
promovendo ações preventivas e oferecendo suporte adequado. A formação de redes de apoio,
envolvendo família, escola e comunidade, também se mostra essencial para o cuidado integral
dos jovens.
Por fim, a perspectiva geográfica contribui para uma compreensão mais ampla e
contextualizada da saúde mental no ensino médio, permitindo uma abordagem mais efetiva e
abrangente. A promoção da saúde mental dos estudantes é um desafio complexo, mas que pode
ser enfrentado de forma mais eficaz quando se considera a interação entre fatores sociais,
espaciais e psicológicos.
REFERÊNCIAS
______. A geografia e a escola: muda a geografia Muda o ensino? Terra Livre. São Paulo,
n.16, p 135-152, 1ºsemestre/2001.
______. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino fundamental.
Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 227-247, mai/ago. 2005.
MOREIRA, L.C.O., & Bastos, P.R.H.O. Prevalência e fatores associados à Ideação Suicida na
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Psicologia Escolar e Educacional. São Paulo, 2015. 19 (3), 445-453. Disponível em:
https://www.redalyc.org/html/2823/282343250004/. Acesso em 12 de setembro de 2023.
INTRODUÇÃO
Mediante busca no Portal de Periódicos da Capes sobre artigos publicados entre os anos
de 1980 e 2023, tendo como palavra-chave: Escala Cartográfica, este trabalho constatou que,
dentre os 30 artigos encontrados, apenas seis apresentavam relação com o conceito de escala
voltado para a cartografia escolar: Linguagem cartográfica e esporte orientação na formação
continuada de professores de geografia (Silva; Pezzato, 2013); Alfabetização cartográfica no 5º
ano do ensino fundamental (Richter; Souza, 2013); Cartografia escolar no ensino fundamental:
a alfabetização cartográfica mediada por oficinas pedagógicas (Cassol et aL, 2014); Mapas
táteis e material dourado para aprendizagem e compreensão do espaço geográfico municipal
e escalas: uma abordagem para alunos com deficiência visual (Micene et al, 2018); Estratégias
de ensino-aprendizagem de escala cartográfica linear junto aos estudantes de geografia da
UFAL (Andrade; Biasi, 2019); O ensino e a aprendizagem do mapa a partir das contribuições
da teoria da objetivação (Castilho; Moretti, 2021).
Deste modo, o texto está organizado em seções que tratam, respectivamente, dos
procedimentos metodológicos adotados no trabalho de pesquisa-ação; sobre a aprendizagem da
escala cartográfica no ensino de Geografia, ressaltando as constatações da pesquisa antes e após
a implementação da proposta didática; e da importância da alfabetização cartográfica para o
desenvolvimento de habilidades inerentes ao pensamento espacial.
Fase Proposta de elaboração de uma representação da sala de aula em uma folha de papel, ofício Individual
1 tamanho A4, para averiguação prévia do nível de domínio da linguagem cartográfica pelos
discentes.
Aulas expositivas utilizando a lousa e a televisão para exposição de imagens sobre o conteúdo Individual
de introdução à Cartografia: ciência da representação terrestre
Aplicação de uma atividade com questões envolvendo cálculo de escala e transformação de Individual
medidas, exercitando a resolução de problemas reais via noção básica da matemática como a
regra de três.
Fase Atividades de leitura e interpretação de mapas que estavam disponíveis no acervo da escola. Em grupo com 4
2 Foram utilizados seis mapas com informações e escalas diferentes. pessoas
Exercício prático de mapeamento da sala de aula, iniciado com a medição do espaço, Em grupo de
definição de uma escala e representação da área. duas pessoas
Como visto, embora em níveis diferentes, o trabalho com a cartografia é iniciado nos
anos iniciais do ensino fundamental - Anos Iniciais. No caso dos participantes da pesquisa, as
etapas de ensino antecedentes não tiveram a influência da BNCC, como é preterida atualmente,
por ter um caráter obrigatório para as organizações curriculares. Dessa forma, é esperado do
aluno desta série a competência 6 – do componente curricular Geografia no Ensino
Fundamental – Anos Finais, que é: “Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das
linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geotecnologias
para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas” (BRASIL, 2018, p.
366), para assim, seguir ao alcance, no Ensino Médio, da habilidade de:
Por sua vez, a introdução da Cartografia como objeto de estudo das aulas de Geografia
gerou entre os discentes da Escola Carlos Drummond de Andrade a expectativa de trabalhar
com mapas de forma proximal no que se refere ao contato direto com esse tipo de material
didático. Ao mesmo tempo, comentários sobre já terem estudado o assunto no ensino
fundamental, mas terem dificuldade em entender sua função no mapa e o porquê de estudar no
assunto foram emergindo.
Nota-se, desse modo, uma realidade distinta da que é almejada na referida série. Apesar
disso, há um fator em potencial, a motivação dos discentes. Portanto, ciente da complexidade e
amplitude do problema, o enfoque sob o qual este trabalho se detém é nas evidências que os
discentes demonstraram na etapa de geração de dados da pesquisa, focalizando, inicialmente,
nos mapas produzidos na fase 1.
Nesse quesito, representar a sala de aula a partir dos conceitos já estudados nas séries
anteriores, tratou-se de uma proposta para investigação de como esses estudantes se utilizam
dos conhecimentos teóricos, especialmente a noção de escala, para uma aplicação prática. A
intervenção nessa etapa foi mínima para não interferir nos resultados e foi realizada em classe,
minimizando as ocorrências de pesquisa na internet no processo de produção.
A análise dos mapas elaborados na primeira etapa revela a presença de dois tipos de
escala, numérica e gráfica. Em algumas das representações aparece o padrão de 1: 25, noutras
a representação gráfica, e em outras a escala não foi representada. Uma constatação que se
sobressai diz respeito ao fato de que, mesmo estando presentes os elementos externos da
linguagem cartográfica, eles não apresentam uma função comunicativa coerente. Isto é, sabendo
que o fim da escala é estabelecer a proporção lógico-matemática entre o tamanho do espaço
real e sua dimensão no papel, esperava-se que a escala dos mapas estivessem corretas com o
tamanho da sala e do papel utilizado, o que não aconteceu. O mesmo se percebe com os
símbolos de orientação espacial e a legenda. Sendo assim, segundo os níveis de aquisição da
linguagem cartográfica sistematizados por Simielli (2003), pode-se associar ao nível simples
em que, metodologicamente, é trabalhado com tarefas e recursos básicos.
Nesse passo, foram concatenadas as etapas pelas quais todos deveriam passar para a
representação do espaço almejado. Em primeiro lugar, a obtenção das medidas da sala e de seus
elementos, a definição do tamanho dos mapas, seguidos da conversão da escala, da escolha das
informações a serem comunicadas e o processo de escrita cartográfica.
Para registro das medidas, dois grupos compostos por dois meninos fizeram a medição
utilizando como instrumentos réguas e uma trena. E, diante desses dados reais, as conversões
das medidas a serem adotadas se deram pelos grupos, de modo que, já tendo feito os exercícios
anteriores, todos conseguiram um resultado em comum e foram trocando as informações, a fim
de testá-las. Assim como as paredes, a porta, as janelas, as mesas e a lousa foram padronizadas
proporcionalmente em relação ao tamanho que deveriam ter. As figuras abaixo demonstram
esse trabalho:
Figura 2: Momentos de atividade no mapeamento da sala
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As considerações a que se chegou nesse percurso são as de que (1) a dificuldade relatada
pelos estudantes acerca da aprendizagem da escala, para além da apreensão do conceito, tem a
ver com a escassez de práticas de alfabetização motivadoras da aprendizagem prática, o que
implica na (2) falta de compreensão de sua função no processo comunicativo da cartografia; (3)
Dessa forma, considerando a importância das representações espaciais para as práticas
cotidianas dos estudantes e desenvolvimento do pensamento espacial por eles, a pesquisa
repercutiu de forma significativa para a aprendizagem dos discentes e ampliação da discussão
teórica desta temática, atualmente carente nas publicações sobre o ensino da cartografia e a
escala a partir de práticas incentivadoras do pensar espacial.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
No ensino de Geografia, sobretudo nos anos iniciais tem se buscado formas de fazer
com que o ensino seja mais eficaz e, também, menos monótono, de modo que possa vir a ter e
a dar mais significado ao alunado, com relação aos conteúdos trabalhados. Com isso, percebe-
se o quanto é preciso buscar aproximar os educandos da Geografia desenvolvida a partir da
categoria lugar, ou seja, daquilo que está presente em suas vivências diariamente. Desse modo,
o artigo em questão tem como finalidade, apresentar formas possíveis de ler e entender o espaço
cotidiano a partir da elaboração de croquis, especialmente, aqueles que ilustram o trajeto casa
escola dos alunos do 5° ano da Escola Municipal Fernando Pereira, do município de Passa e
Fica/RN.
METODOLOGIA
Para tanto, a Escola Municipal Fernando Pereira (figura 2) foi campo de estudo nesta
obra, a qual está localizada no município de Passa e Fica/RN, mas especificamente, na zona
rural do município, na comunidade Fernando dos Inacios. A mesma escola dispõe de poucos
cômodos em seu prédio, sendo distribuídos da seguinte forma: duas salas de aulas, uma sala
para os professores, uma sala para a direção escolar, uma cozinha, um almoxarifado, quatro
banheiros, sendo destes dois para funcionários e dois para os alunos, além de dispor de um
corredor que interliga as salas de aulas.
Além disso, a escola funciona diurno e noturno, em que durante o dia as aulas são
voltadas para os anos iniciais, enquanto a noite são voltadas para a educação de jovens e adultos
- EJA. Além do mais, ela possui cerca de 70 alunos e 20 funcionários, no qual os cargos estão
distribuídos entre professores, gestão, coordenação pedagógica e colaboradores de serviços
diversos. Já a turma do 5° ano, que foi objeto de pesquisa neste trabalho, era composta por 11
alunos, distribuídos entre 4 meninas e 7 meninos. Portanto, após feita essa descrição da escola,
adentramos ao modo como se trabalhou nesta investigação.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Essa parte do trabalho, trata acerca dos resultados e discussões sobre o que se pode
alcançar a partir do que foi possível desenvolver com os alunos durante as intervenções
realizadas para a pesquisa, trazendo as maneiras que são possíveis para a observação das
ilustrações do trajeto-casa e suas importantes contribuições para leitura do espaço cotidiano e
geográfico. Para isso, socializamos o passo a passo da atividade desenvolvida e de que forma
os alunos desenvolveram-na, bem como os feedbacks recebidos por eles.
Assim, no primeiro momento, foi realizada uma roda de conversa como forma de
apresentar aos discentes o recurso, mas precisamente, o croqui. Após isso, foi explicado à turma
como elaborar um (croqui). Logo, sobreaviso que ao final eles teriam que apresentar o que
puderam observar e aprender com a construção do produto da cartografia que estava sendo
trabalhado.
Então, a princípio, a atividade foi pensada como maneira de aproximar o aluno do seu
espaço de vivência, do seu lugar. Como forma de fazer com que eles pudessem iniciar sua
leitura de mundo partindo de suas realidades, ou seja, de onde vivem. Assim, destacamos o que
Almeida (2010, p. 26) escreve, que:
Após a discussão do que foi observado pelos educandos, foi dado início a segunda etapa
da intervenção, que consistiu na apresentação de um croqui, e quais elementos não podiam
faltar neste esboço (Figura 3), e o que cada um deveria levar em consideração para a idealização
de seus croquis. Assim, nesse ensejo, foi apresentado aos alunos um exemplo de croqui, para
que eles pudessem observar atentamente cada detalhe que faz parte deste produto cartográfico.
Logo, é necessário ressaltar que a partir dessas informações é possível criar uma espécie
de mapa mais simples, que pode ser desenvolvido por qualquer pessoa, sob orientação docente.
Então, feita essa discussão com os alunos, todos receberam os materiais que eram necessários
para confecção de seus produtos, para que levassem para suas casas e ilustrarem o trajeto
percorrido por cada um, de suas casas até a escola.
Por isso, no dia seguinte, em 25 de maio de 2023, nas referidas aulas de Geografia da
turma em estudo, os alunos trouxeram consigo seus produtos ilustrados (croquis) para
apresentação em sala (figura 4), e desse modo oralmente mostraram como chegar até sua casa,
saindo da escola, observando atentamente ao material. Foi possível observar e ver que grande
parcela dos alunos conseguiu expressar muito bem seus croquis no papel, partindo da proposta
sugerida em aula, atribuindo título, legenda e utilizando símbolos para representação. Para além
disso, ainda conseguiram narrar e compartilhar de maneira muito boa, os percursos ilustrados.
Figura 4: Apresentação de alguns croquis feitos pelos alunos
No entanto, é preciso destacar que entre os alunos da turma, um (1) em específico sentiu
mais dificuldade em desenvolver com precisão os desenhos para produção do seu croqui. A
aluna em específico, era a que morava mais distante da escola. Podendo este ser um fator que
pode ter influenciado para as suas dificuldades em elaborar o croqui, como conseguimos
observar na Figura 5 abaixo, em que podemos perceber que ela não colocou título e nem legenda
em seu produto cartográfico.
Figura 5: Croqui da aluna que demonstrou maior dificuldade na elaboração do desenho
Nesse sentido, em paralelo aos resultados obtidos nas intervenções anteriores, podemos
afirmar que a turma conseguiu seguir a sequência sugerida nas atividades, ao seu ritmo,
entendendo que é possível se localizar em um determinado lugar, e localizar objetos, pessoas e
coisas, e que para além disso, são capazes de descrever para terceiras formas de localização,
facilitando a locomoção dentro do espaço deles vivido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta pesquisa, foi possível observar como os educandos lidam com a Geografia a partir
da interpretação do espaço local, por intermédio de atividades que os permitem localizar-se em
determinados lugares, assim como também apresentar por meio de croquis e seus elementos as
possíveis formas para terceiros de localização e observação dos elementos dos locais em
questão. Por isso, na pesquisa presente, destacamos o trajeto casa-escola dos alunos do 5° ano
da Escola Municipal Fernando Pereira do município de Passa e Fica/RN.
Dessa maneira, foi possível notar o quanto é necessário trabalhar a Geografia com os
alunos a partir do lugar, ou seja, por meio daquilo que está diante os olhos, literalmente, do
alunado. Sobretudo, se utilizando de recursos que facilitam ainda mais o entendimento do
estudante e contribua para a sua alfabetização cartográfica, ou seja, a sua forma de ler e
interpretar o espaço geográfico. Assim, validando a importância do croqui como ferramenta
para leitura e interpretação do espaço geográfico e como recurso eficaz nas aulas de localização
geográfica.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Diante disso surge a seguinte problemática: Como abordar o conteúdo sobre migração
no ensino médio por meio da prática cotidiana dos discentes? O objetivo geral do presente
trabalho consiste em avaliar a aplicação de uma metodologia ativa com o conteúdo de migração
no processo de ensino/aprendizagem de geografia no ensino médio de uma escola pública do
município de Altos- PI.
METODOLOGIA
Para a realização da PBL, dividiu-se o processo em três etapas. Na primeira etapa foi
debatido o conteúdo sobre migração com os alunos, levando-os a identificar possíveis
problemas ocasionados pelo processo de deslocamento diário, principalmente movimento
pendular campo — cidade, tais como, falta de serviços no local de residência, problemas de
deslocamento, infraestrutura, etc.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A educação formal está num impasse diante de tantas mudanças na sociedade: como
evoluir para tornar-se relevante e conseguir que todos aprendam de forma competente
a conhecer, a construir seus projetos de vida e a conviver com os demais. Os processos
de organizar o currículo, as metodologias, os tempos e os espaços precisam ser
revistos.
Assim, o processo de ensino – aprendizagem baseado no professor como mediador e o
aluno como central tem surgido de forma mais intensa como possibilidade de tornar o ensino
mais dinâmico, associado às necessidades históricas atuais e ao pensamento crítico da realidade
social. Conforme Cavalcanti (2010), em que se considere os conhecimentos da vida cotidiana
dos alunos e traga significado aos conceitos científicos e as práticas dos sujeitos ativos do
conhecimento.
Desse modo, as Metodologias Ativas de Aprendizagem têm surgido como uma forma
de contribuir para a concretização de uma forma de ensinar e aprender dinâmica, participativa
e significativa. Essa terminologia abrange diferentes metodologias de ensino voltadas à ação do
professor enquanto mediador, bem como de escolher propostas que desenvolvam a participação
ativa dos alunos, ou seja, “as metodologias ativas terão o papel de amplificar as atividades ativas
do aluno no seu processo de aprender” (Santos; Castaman, 2022).
[...] A disciplina Geografia, através dos conteúdos e conceitos, deve levar o aluno a
entender que o espaço geográfico é proveniente da ação dos seres humanos sobre ele,
e que tais relações geram conflitos dos quais todos participam ativamente; ou seja, é
necessário que os alunos compreendam que as transformações espaciais não estão
alheias a eles, mas fazem parte de seu próprio cotidiano.
Nesse sentido, um dos conhecimentos que envolvem os conteúdos trabalhados pela
Geografia nos currículos, e que tem uma relevante importância são os conteúdos de migrações,
uma vez que esse conteúdo pode auxiliar no entendimento da dimensão espacial dos alunos. A
compreensão da realidade da migração está relacionada diretamente com as vivências de cada
aluno no processo de deslocamento desses alunos até a escola.
Além desse movimento está presente no dia a dia do aluno que se ver obrigado a realizar
o processo de deslocamento até a escola, também está presente no cotidiano de sua família,
parentes, vizinhos e boa parte de sua comunidade em uma escala local. A escala regional e
nacional também está presente por meio de parentes e familiares; a migração de muitos dos
seus conhecidos para outros estados na Região Nordeste ou até mesmo fora da região.
Por esse processo a migração como aponta Leão (2015, p. 18), acaba “[...] envolvendo
as relações sociais, identitárias, culturais e econômicas, os deslocamentos estão presentes na
atualidade de forma bastante significativa, o que torna necessário [...]” a sua compreensão e
estuo, principalmente por partes dos estudantes que realizam esse deslocamento.
[...] A Geografia se apresenta como uma disciplina que busca trabalhar com o
conhecimento que o aluno já traz de casa, com o cotidiano, buscando compreender as
relações que se processam no espaço geográfico e as consequências dessas ações em
diferentes dimensões, desenvolvendo o senso crítico dos alunos (Leão, 2015, p. 20).
Assim, podemos entender que o conteúdo migração se torna um ponto importante no
debate sobre o processo de compreensão do espaço, e as suas dinâmicas. Mesmo que o mesmo
não seja abordado diretamente nas PCNEMs, a mesma ajuda na identificação de questões como
localização, identificação com o espaço e a cultura, além de buscar entender como os mesmo
estão incluídos nesse processo.
Assim, diante do contexto em que os alunos da escola estão inseridos, diante das
possibilidades de buscar meios em que os alunos possam entender a realidade e encontrar nas
suas atividades cotidianas assuntos abordados em sala de aula, como é o caso dos processos de
migração, e diante da necessidade de trabalhar metodologias ativas, a atividade foi proposta
para levá-los a identificar o problema por meio de investigações ativas dentro da comunidade.
Desse modo, o projeto visou alinhar os conhecimentos prévios dos alunos, situações do
cotidiano e o conteúdo escolar, por meio de experiências do dia a dia. Desse modo, a atividade
nos permitiu entender como os alunos entendem o processo de migração e se os mesmos tinham
o entendimento que o realizavam cotidianamente, já que a origem de muitos dos frequentadores
da escola são localidades circunvizinhas.
Percebemos que muitos alunos não tinham um aparato teórico sobre o processo
migratório, e viam esse processo como algo alheio a cada um deles, como um processo distante
da sua realidade. Os mesmos associavam o movimento somente ao deslocamento de pessoas de
um país para o outro, ou ainda com o deslocamento de um estado para outro, principalmente as
migrações voltadas para o estado de São Paulo (região Sudeste), o entendimento que pode ser
colocado como consequências dos meios de comunicação que tem noticiado frequentemente
sobre as migrações internacionais, ou com experiências anteriores de familiares, o que acaba
gerando um estereótipo a esse processo.
Muitos alunos relataram que o deslocamento dessas pessoas em sua grande maioria por
transportes particulares, como as motocicletas, e uma das principais queixas dessas pessoas que
realizam o movimento é sobre o as condições das estradas, onde as mesmas se encontram
esburacadas, e por serem estradas vicinais, os mesmo relatam a quantidade de poeira, o que
prejudica o tempo de deslocamento e a qualidade do mesmo, o que leva a muitos a saírem muito
mais cedo de suas residências para realizarem o deslocamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir assim que a utilização de modo didático por meio de práticas ativas
contribui para o entendimento dos assuntos de forma mais rápida e eficiente, além de
proporcionar um entendimento de forma crítica da realidade que os alunos estão inseridos, uma
vez que os alunos não conseguiam identificar que a sua rotina fazia parte de um processo de
deslocamento.
Além disso, ao realizarmos uma análise do processo didático, vimos que ao ministrar o
conteúdo de migração e parar somente na parte conceitual, deixa uma lacuna no aprendizado,
além de não levar o pensamento crítico sobre o conteúdo, na aplicação da atividade, os alunos
estavam sujeitos a entenderem, a identificarem as causas e os efeitos desse processo de
deslocamento.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Nesse sentido, a utilização na sala de aula, além de ajuda no processo de ensino, ajuda
a incluir a todos no processo de aprendizagem, já que as fotografias simbolizam uma ferramenta
de fácil acesso para todos, principalmente nos últimos anos onde a proliferação da tecnologia
está chegando em locais cada vez mais longínquos, ajudando os alunos no processo de
entendimento de um fenômeno que não faz parte da realidade de cada um deles, permitindo
ainda uma comparação entre várias paisagens, ajudando a investigar as semelhanças e
diferenças e como o mesmo pode ser diferente em cada espaço.
Assim, o presente artigo tem como justificativa a necessidade de trabalhar com os alunos
formas de aprimoramento do olhar crítico para a realidade urbana, em diferentes espaços,
ajudando os alunos a identificarem os processos de urbanização, como o mesmo acontece em
cidades e regiões diferentes, deixando mais próximo de cada um desses alunos, que não tem a
possibilidade de conhecer de perto realidades diferenciadas.
Desse modo, a hipótese central desse artigo está pautada no pensamento de que antes
das aulas sobre o processo de urbanização os alunos não tinham olhares críticos sobre o objeto
de estudo e suas observações eram apenas uma descrição superficial de formas e de atividades
do cotidiano, que os mesmos visualizam, e que com a utilização das imagens e após a aula sobre
urbanização, os mesmos conseguem entender o processo de urbanização e como esse processo
se concretiza na paisagem.
Ao modo que, o presente trabalho tem como objetivo geral, avaliar o processo de ensino-
aprendizagem dos alunos do 3º ano do ensino médio de uma escola da zona rural da cidade de
Altos/PI, a partir da análise de diferentes paisagens de espaços urbanos. E como objetivos
específicos: a) debater a importância da análise da paisagem no processo de ensino e
aprendizagem dos conteúdos de urbanização; b) empregar a utilização de imagens para auxiliar
no processo de ensino-aprendizagem sobre paisagens urbanas; c) medir a eficiência da
utilização de fotografia no ensino-aprendizagem dos processos de urbanização e na
diferenciação desses processos.
Porém, estando presente em mais diferentes meios, a paisagem pode ser considerada
como um dos objetos, depois do espaço, mais multidisciplinar, já que o mesmo está presente
em diversos ramos, e pode ser utilizado em várias perspectivas, assim como no estudo das
diferenciações e ações que o homem e a natureza realiza no espaço.
Assim, como nos pontua Santos (2021, p. 67) “tudo o que nós vemos, o que nossa visão
alcança, é a paisagem [...]”, no sentido de uma definição ligada a algo mais visual da nossa
percepção, estando estritamente ligada ao nosso sentido, sem esquecer que podemos também,
ainda segundo o autor citado anteriormente que a paisagem também pode estar relacionada a
“[...] cores, movimentos, odores, sons etc.”, para nos lembrar que a paisagem é uma composição
do visível e do invisível (Santos, 2021, p. 67).
Desse modo, a paisagem exige de nós uma apreensão e uma atenção a mais que os outros
conceitos, utilizar a mesma na educação geográfica pode ajudar a entender a percepção de cada
aluno e a sua formação, nos deixando a par de suas pessoalidades, uma vez que o conceito de
paisagem também exige uma percepção de cada pessoa como nos aponta Santos (2021, p. 68)
que “[...] o aparelho cognitivo tem toda importância crucial nessa apreensão, pelo fato que toda
nossa educação, formal ou informal, é feita de forma seletiva – pessoas diferentes apresentam
diversas versões do mesmo fato[...]”.
Podemos apontar, desse modo, que a utilização da paisagem na sala de aula tem um
ponto positivo, uma vez que pode auxiliar a entender como cada aluno aprendeu uma mesma
imagem e como cada um entende os conceitos trabalhados durante as aulas de geografia.
Principalmente, no que diz respeito aos estudos sobre a urbanização, onde a paisagem é o
resultado de diversas modificações, e em cada espaço a paisagem é resultado de interações
diversas e de técnicas utilizadas.
Como nos aponta Carlos (1992, p. 40), ao mencionar que a da “[...] da paisagem urbana
depreendem-se dois elementos fundamentais: o primeiro diz respeito ao ‘espaço construído’,
imobilizado nas construções; o segundo diz respeito ao movimento da vida”, assim podemos
entender que a compreensão da paisagem necessita de diversos mecanismo, que parte de uma
mecânica para depois formar um pensamento.
Ao partir de uma percepção de análise podemos entender que a paisagem pode ser
resultado de uma “[...] diversidade de utilização da cidade: usos do solo”, que essa utilização
vai se basear sobretudo no “[...] fato de que a cidade é antes de mais nada uma concentração de
pessoas exercendo, em função da divisão social do trabalho, uma série de atividades
concorrentes ou complementares, desencadeando uma disputa de usos”, nesse sentido cada
paisagem é resultado de uma interação diferente (Carlos, 1992, p. 40).
A fotografia é uma das ferramentas mais acessíveis nos dias atuais, graças a
disseminação das tecnologias nos últimos anos a possibilidade de registros por meio da
fotografia tornou-se cada vez mais real e próximo das mais diversas classes. Desse modo a
utilização da mesma em sala de aula se torna cada vez mais real e necessária.
Uma vez que a fotografia como nos aponta Frasson (2021, p. 6) a fotografia pode “[...]
atuar como linguagem, expressão e representação, torna-se aliada ao estudo do meio ou ao
trabalho de campo, propicia o contato direto do estudante e/ou do pesquisador com o objeto do
conhecimento [...]”, por meio de uma possibilidade da visualização do aluno de realidades que
não pertence ao seu dia a dia, ou de fenômenos raros.
A utilização das fotografias na sala de aula ainda nos permite como aponta a autora
supracitada, “viabilizar a efetivação do processo de teoria e prática na Geografia ao
proporcionar experiência concreta para a construção de ideias abstratas, edificadas por meio da
reflexão e inter-relação dos conteúdos contribuindo na construção do conhecimento (Frasson,
2021, p. 6-7).
Avaliando que a geografia é uma área que pode utilizar ricamente o recurso fotográfico,
pois é ciência que trabalha com diversos fenômenos e forma que necessite de uma representação
eficiente para serem compreendidos pelos alunos, e muitas vezes desenhos, descrições e
conceitos se tornam ferramentas insuficientes para a captura e compreensão do fenômeno. A
fotografia nesse sentido “[...] pode nos indicar de que maneira podemos olhar a paisagem e
levar o aluno a desbravar o mundo além da sala de aula” (Travassos, 2001, n.p.).
Podemos ainda entender que a fotografia pode ser apontada como uma ferramenta
fundamental no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que:
Além de tornar-se uma lembrança dos locais por onde andamos, a fotografia
pode ser entendida como uma fonte infinita de dados, fatos e informações,
transformando-se por isso, em um poderoso instrumento de "materialização"
de lugares nunca antes visitados por alguns (Travassos, 2001, n.p.).
METODOLOGIA
O presente artigo foi desenvolvido na zona rural da cidade de Altos/PI, na localidade
Prata (Figura 1), distante 15km da sede municipal, na Unidade Escolar Mundico da Paz, que
anexo pertencente à Unidade Escola Altina Pestana. O anexo possui apenas 3 turmas de ensino
médio, com uma média de 20 alunos cada turma, a turma que utilizamos para realizar a
atividade foi a turma de 3º ano do ensino médio, na qual tem em sua grade curricular as
temáticas sobre urbanização.
Figura 01: Localização do Assentamento Prata em Altos/PI
Assim, esse presente artigo está pautado na abordagem qualitativa, uma vez que nos
interessa entender a “[...] dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo
indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido
em números”, assim no nosso artigo os valores numéricos são dispensados, e levando em
consideração apenas a percepção qualitativa dos alunos envolvidos na pesquisa (Prodanov;
Freitas, p. 70, 2013).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao desenvolver a atividade em sala de aula nos permitiu entender vários pontos muito
importantes, em um primeiro momento, ao informar aos alunos que o nosso assunto a ser
estudado naquela respectiva aula seria urbanização gerou um certo distanciamento do assunto
por parte dos alunos, primeiro porque a realidade que estavam inseridos está bem longe dos
grandes centros urbanos, e consequentemente leva aos alunos a pensarem que somente cidades
tidas como “grandes” nas suas concepções passaram por um processo de urbanização de fato.
Desse modo, foi colocado no quando a fotografia de duas cidades, uma de São Paulo, e
a outra do centro da cidade de Altos/PI (a fotografia do centro da sede do município que os
alunos estão inseridos), a imagem de São Paulo intitulamos como imagem 1, porém não
identificamos a cidade, e a cidade de Altos intitulamos como imagem 2, pedimos para que cada
aluno em uma folha branca se levantasse e olhasse para imagem e em seguida a descrever-se,
com o que era possível notar na foto, o que cada um via nas imagens, e como eles avaliavam
cada imagem apresentada.
No primeiro momento o que podemos notar foi realmente apenas uma descrição de algo
visual, os alunos apenas falaram o estavam de fato vendo, sem profundidade, mencionaram
carros, pontes, árvores, rios, avenidas, pessoas, igreja. Após concluírem a escrita, foi solicitado
que cada um socializasse o que tinha descrito, ao serem questionados se as duas cidades sofriam
o mesmo processo (urbanização), a resposta foi unânime, todos concordaram que as duas não
sofreram ou sofrem com o mesmo processo.
Após essa primeira abordagem, foi iniciado a aula do conteúdo sobre urbanização, onde
foi colocado no quadro, de forma esquemática, o que era o processo de urbanização, como se
deu o processo de urbanização no Brasil, como o processo foi/é desigual em muitos locais e os
resultados desses processos, foram utilizados também o livro didático, depois mais uma vez foi
recorrido as imagens apresentadas no primeiro momento da aula, onde na oportunidade
podemos utilizar as imagens para ilustrar os processos de urbanização, como se dá a interação
do homem com o meio, como o mesmo processo, utilizando técnicas diferentes e em proporções
diferentes podem gerar paisagens diferentes, como antigas locações podem condicionar na
construção de novas, entre outras coisas.
Desse modo, podemos perceber que o olhar do aluno modifica totalmente do primeiro
momento para o terceiro momento, quando se alinha os conhecimentos científicos à realidade,
os mesmos são capazes de realizar uma análise mais crítica da mesma imagem em diferentes
momentos. Então, novas possibilidades abriram-se como um conhecimento mais significativo
dos alunos, em relação à discussão teórica empreendida em sala de aula.
CONCLUSÃO
Concluímos assim que, a utilização das imagens nas aulas levam os alunos a terem um
olhar mais crítico em relação à paisagem urbana, ou seja, aos processos que produzem o urbano
desigual, fragmentado e como possibilidade da vida cotidiana das pessoas, e a realizarem por
meio destas uma avaliação mais geográfica, com uma olhar capaz de identificar os processos
urbanos que cada paisagem passou ao longo do tempo, identificando as semelhanças e as
diferenças de cada imagem e o que cada uma sofreu ao longo do processo.
Assim, as fotografias pode ser uma ótima aliada nas aulas de não só de Geografia, como
também em disciplina que necessite o entendimento de fenômeno, e que os alunos do 3º ano do
ensino médio, tiveram a oportunidade de materializar fenômenos, analisarem e depois
entenderem os processos de urbanização de forma simples e acessível.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
DISCUSSÃO
Diante do exposto, torna-se necessário refletir sobre os impactos que a BNCC provoca
no planejamento de ensino para a EJA, bem como no componente curricular de Geografia.
Nesse contexto, partiu-se da provocação que os autores destacam a seguir:
Quando apresentamos uma crítica nesse aspecto de haver uma invisibilidade para o
ensino da EJA no documento final da BNCC, ela está respaldada na expectativa de que, estando
em vigor o Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, seria garantida a pluralidade que
esse plano apresentava. Considerando o destaque enfatizado por Dourado et al. (2021), a
construção do PNE tem as marcas da democracia como princípio e prioridade da sociedade
civil, representada pelas entidades governamentais e não governamentais, no formato de
conferências municipais, estaduais e nacionais.
Utilizamos a definição abaixo, presente no documento final da BNCC, para
justificar a invisibilidade que se constata para a EJA.
É uma humilhação para um adulto ter que estudar como se fosse uma
criança, renunciando a tudo o que a vida lhe ensinou. É preciso respeitar o
aluno adulto, utilizando-se uma metodologia apropriada, que resgate a
importância da sua biografia, da sua história de vida. Os jovens e adultos
alfabetizandos já foram desrespeitados uma vez quando tiveram seu direito
à educação negado. Não podem, ao retomar seu processo educacional,
serem humilhados, mais uma vez, por uma metodologia que lhes nega o
direito de afirmação de sua identidade, de seu saber, de sua cultura
(Gadotti; Couto, 2018, p.139 apud Dourado et al., 2021, p.216).
RESULTADOS
Destaca-se a esse respeito, que o currículo deve ser uma ferramenta que
incentive o aluno a promover a construção de sua própria identidade como
cidadão crítico e consciente da realidade que está inserido e não um
repelente que contribua para o aumento da evasão escolar daqueles que
tanto precisam da escola (Carvalho et al., 2020, p.61).
Com essa afirmação, refletimos sobre como deve ser uma proposta para a EJA, e na
condição de não estar contemplada na BNCC, imaginamos que nós, professores da modalidade,
nunca devemos esquecer esses pressupostos em nosso fazer pedagógico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Kely Rejane Souza dos Anjos de et al. (2020). Trajetória, avanços e
perspectivas da EJA face à BNCC. In Educação em Revista. v. 21, n. 02, p. 51 - 64.
Disponível: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/educacaoemrevista/article/view/10008.