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RESUMO
Visando explorar novos métodos avaliativos que permitam ao estudante do ensino
médio desenvolver e mostrar todo o seu potencial e habilidade, desenvolveu-se o intitulado
“folder de conscientização”, que poderá ser utilizado principalmente após aulas de campo que
envolvam conteúdo de abrangência social, ambiental, política ou de cidadania. O processo de
criação começa desde antes da aula de campo, quando os conceitos são explicados até quando,
após o campo, o educando percebe a conexão de forma crítica de tudo que ele vive no dia a dia.
Tal instrumento possibilita ao aluno compreensão global da dinâmica relação entre homem e
meio ambiente, além de conferir-lhe autonomia no processo de criação.
PALAVRAS-CHAVE: GEOGRAFIA; AULA DE CAMPO; AVALIAÇÃO.
INTRODUÇÃO
O ensino da disciplina Geografia ministrado nas escolas, do ensino básico ao ensino
médio, tem por objetivo formar cidadãos críticos em relação à interação homem-meio e,
segundo Tomita (1999) “é importante que se estimule o educando a indagar o porquê das coisas
para o mesmo não se conformar com a simples situação dos fatos, mas partir para uma análise
criteriosa como uma visão crítica”. Todavia, para possibilitar essa visão crítica demanda, muitas
vezes, metodologias que extrapolem o ambiente da sala de aula. Sob esta perspectiva, o Projeto
Expedições Geográficas (PEG) vinculado ao Programa Licenciar da UFPR, propõe-se a
pesquisar metodologias e organizar aulas de campo para turmas da educação básica de escolas
de Curitiba e Região Metropolitana.
A metodologia a ser utilizada inclui três etapas: em sala de aula é feito o pré-campo, em
que os bolsistas e voluntários do projeto e o professor responsável pela turma abordam de forma
teórica os conteúdos a serem observados no campo, além de darem orientações para o dia em
que ocorrerá o campo; a saída de campo propriamente dita, na qual, monitorados pelos
componentes do projeto e pelo professor da escola, os alunos são orientados a observar na
paisagem aspectos relacionados aos conteúdos geográficos propostos; e o pós-campo é o
momento de avaliar a aprendizagem, através de diálogo e aplicação de atividades que
possibilitem identificar a percepção e retenção de conteúdo pelo aluno. Adicionando, existe
ainda um campo de reconhecimento que ocorre antes do contato com os alunos, no qual é feita
uma análise do local que se deseja ir a campo e são estabelecidas as paradas e os assuntos
abordados. É esperado que os alunos das escolas consigam relacionar as observações feitas em
campo com os conteúdos abordados de forma teórica no pré-campo e a partir deste ponto formar
uma análise crítica sobre esse espaço.
Uma nova abordagem avaliativa que está sendo testada pelo projeto é a aplicação da
atividade intitulada “folder de conscientização”, composta por uma folha de papel sulfite A4
onde são impressos textos e imagens de caráter informativo e jornalístico. Pretende-se dar ao
aluno autonomia durante todo o processo, porém seguindo as normas de formatação e sendo
orientados pelos bolsistas e voluntários. O objetivo da atividade é fazer o próprio aluno
relacionar os conteúdos pedagógicos com a realidade em que vive, frisando durante o processo
de avaliação essa relação e promovendo o pensamento crítico com o mundo à sua volta. Além
disso, o planejamento da atividade, sua realização e a avaliação têm como objetivo aprimorar a
formação dos estudantes de graduação em Geografia, que são bolsistas e monitores das aulas
de campo.
MATERIAIS E MÉTODOS
As atividades a serem descritas foram realizadas no período de julho a agosto de 2015, havendo
quatro encontros com os alunos e um encontro somente com o professor. Participaram da
experiência os bolsistas e voluntários do PEG com a supervisão da coordenadora do projeto.
As aulas foram direcionadas a uma turma com vinte e três alunos do 2º ano do ensino médio do
Colégio Estadual Tancredo Neves – localizado no bairro Arruda, planta Santa Tereza em
Colombo-PR – cujo professor responsável pelas atividades havia feito contato com o projeto
buscando auxílio para realizar uma aula de campo e assim, concluir (a partir de tal experiência)
suas atividades ligadas ao PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional). Segundo a
Secretaria da educação do Estado do Paraná:
“O PDE é uma política pública de Estado regulamentado pela Lei Complementar nº
130, de 14 de julho de 2010 que estabelece o diálogo entre os professores do ensino
superior e os da educação básica, através de atividades teórico-práticas orientadas,
tendo como resultado a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática
escolar da escola pública paranaense”.
Figura 1. Esquema de como o folder deve ser montado, frente e verso. Fonte: autoria própria.
O design e as informações são selecionados pelos próprios alunos, que devem seguir a
estrutura padrão comentada acima. As imagens utilizadas têm de ser as que foram tiradas
durante o campo (podem utilizar as de outros colegas, as do professor ou as do acervo próprio),
a fonte da imagem deve estar evidenciada no canto inferior da imagem, à esquerda. Os
programas de computador que são recomendados para se utilizar na montagem do folder são o
Word®, da Microsoft Office©, ou ainda o Writer®, da Libre Office©. Serão utilizadas duas
lâminas de folha no programa (que depois serão impressas no modo frente e verso). Basta
colocar a orientação das folhas em “paisagem” e dividi-la em três colunas. Cada coluna será
uma divisão do folder, como na figura acima. Desta maneira, siga os passos de como preencher
cada coluna. Quando todos os espaços forem preenchidos, é feita a impressão com as duas
folhas no modo frente e verso (de preferência com as imagens coloridas), para que o folder
assuma sua forma final, basta dobrar a folha em três, como uma “sanfona”, ou se preferir, dobre
as colunas das pontas para o meio.
Figura 2. Recorte da coluna "problema" do folder e como ela deve ficar. Fonte: autoria própria.
As vantagens de se utilizar o folder são diversas: permitir que o aluno tenha autonomia
para executar a tarefa (desde quando ele assistiu em aula a explicação, visualizou em campo os
conteúdos até quando pode montar o trabalho no computador – colocando os problemas que
achou pertinente, suas fotos e sua visão crítica sobre o conhecimento e a realidade); perceber
quais partes do que foi abordado chamou a atenção dos estudantes; quais temas foram bem
assimilados (isso pode ser avaliado no pequeno texto em que o aluno escreve a denúncia) e
quais não foram (o que os alunos menos falaram, ou quando falaram, pareceu vago); ter um
registro que pode ser espalhado pela escola e além de tudo, gerar frutos e servir de impulso para
outros projetos mais complexos. O material pode ser utilizado para avaliar assuntos que sejam
complexos, como por exemplo, a poluição dos rios (o aluno deve ter entendido porque a
poluição é ruim, de onde vem a poluição, o que é feito para tratar esse rio, etc.); destruição da
mata virgem (quem são os responsáveis, por que isto acontece, o que fazer para evitar, porque
é importante preservar as matas virgens); sistema de transporte defasado (porque o sistema não
funciona de maneira adequada, porque certos horários e dias da semana tem fluxos diferentes
de veículo, de onde vem o valor da passagem, quem são os donos das empresas de transporte...).
Enfim, ideias não faltam. Basta que o professor mostre o caminho ao aluno. Habilidades que os
alunos utilizam para desempenhar a atividade: curiosidade, criatividade, escrita, poder de
persuasão, conexão de conhecimentos, comunicação. Ver Figuras 3 e 4.
Figura 3. Frente do folder elaborado pelos alunos. O fato de ter colocado o símbolo da escola
na coluna "capa", exaltou o sentimento de identidade e pertencimento de grupo nos educandos.
A motivação em expor trabalho foi exaltada por alguns do grupo.
Figura 4. Verso do folder. A estrutura das colunas "problema", apresentam a estrutura proposta.
Nota-se que os títulos variam de perguntas a frases de efeito.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No caso da Escola Estadual Tancredo Neves, o grupo que executou a atividade era
formado por cinco alunos (sendo que eles próprios escolheram os integrantes. A atividade a ser
executada foi sorteada de modo aleatório). Foi necessário apenas explicar aos alunos que eles
deveriam agir como repórteres investigativos, que descobriram muitos problemas em sua região
e que os responsáveis deveriam resolver aquela situação, contudo, a população precisaria (antes
de tudo) se sensibilizar, se conscientizar e se mobilizar perante àquilo. Dever-se-ia criar um
folder de conscientização, para distribuir à população, a fim de que essa percebesse os
problemas existentes e pressionasse os órgãos responsáveis pela solução dos mesmos. Em
seguida, foi demonstrado, com um desenho no papel, como deveria ser o produto final e o que
deveria constar nesse. Os alunos foram supervisionados e assistidos pelos membros do projeto,
mas todo o trabalho criativo e o processo de produção foi deles mesmos, como mostrado nas
figuras 3 e 4. O resultado final pode ser observado na figura 5:
Figura 5. Folder terminado e colado em cartaz de papel craft para exposição, com o nome do
produto em destaque e o nome dos alunos no canto inferior direito.
Com a atividade finalizada, esta foi apresentada para a turma e em seguida o cartaz com
o folder foi colado na parede da cantina, expondo todos os trabalhos (folder de conscientização,
maquete de relevo da bacia do rio Palmital, análise de estrutura dinâmica da paisagem e mapa
de uso e cobertura do solo) que as aulas do PEG gerou. Observa-se que o folder está colado no
cartaz, mas foi apenas por motivos de apresentar o resultado final para a escola num grande
painel, junto com as demais atividades realizadas pelos bolsistas e voluntários. A maneira
correta do folder de conscientização ser apresentado em sala de aula (ou distribuído), é estar
impresso frente e verso e dobrado na forma de sanfona ou dobrado, como a Figura 6 mostra:
REFERÊNCIAS
PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional. Disponível em:
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=20. Acesso em:
23/08/2015.