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CONSTRUÇÃO DE FOLDER DE CONSCIENTIZAÇÃO COMO PARÂMETRO

AVALIATIVO DE AULAS DE CAMPO: ESTUDO DE CASO COM ALUNOS DO 2º


ANO DO ENSINO MÉDIO

ROBERTHA TREVISAN CORADASSI BUFF


Acadêmica de Geografia – UFPR, Avenida Cel. Francisco H Santos, 100 - Jardim das
Américas – Curitiba/PR. robertha.buff@gmail.com

AMANDA CAROLINE MIOTO BRAGHINI


Acadêmica de Geografia – UFPR, Avenida Cel. Francisco H Santos, 100 - Jardim das
Américas – Curitiba/PR. amandacarolini@hotmail.com

ELISIANE BORGES DO SANTOS


Acadêmica de Geografia – UFPR, Avenida Cel. Francisco H Santos, 100 - Jardim das
Américas – Curitiba/PR. zizi_borgess@hotmail.com

MAÍRA ONEDA DAL PAI


Acadêmica de Geografia – UFPR, Avenida Cel. Francisco H Santos, 100 - Jardim das
Américas – Curitiba/PR. mairaoneda@hotmail.com

OTACÍLIO LOPES DE SOUZA DA PAZ


Acadêmico de Geografia – UFPR, Avenida Cel. Francisco H Santos, 100 - Jardim das
Américas – Curitiba/PR. otacilio.paz@gmail.com

ELAINE DE CACIA DE LIMA FRICK


Professora do departamento de Geografia – UFPR, Avenida Cel. Francisco H Santos, 100 -
Jardim das Américas – Curitiba/PR. elaineclfrick@gmail.com

RESUMO
Visando explorar novos métodos avaliativos que permitam ao estudante do ensino
médio desenvolver e mostrar todo o seu potencial e habilidade, desenvolveu-se o intitulado
“folder de conscientização”, que poderá ser utilizado principalmente após aulas de campo que
envolvam conteúdo de abrangência social, ambiental, política ou de cidadania. O processo de
criação começa desde antes da aula de campo, quando os conceitos são explicados até quando,
após o campo, o educando percebe a conexão de forma crítica de tudo que ele vive no dia a dia.
Tal instrumento possibilita ao aluno compreensão global da dinâmica relação entre homem e
meio ambiente, além de conferir-lhe autonomia no processo de criação.
PALAVRAS-CHAVE: GEOGRAFIA; AULA DE CAMPO; AVALIAÇÃO.

INTRODUÇÃO
O ensino da disciplina Geografia ministrado nas escolas, do ensino básico ao ensino
médio, tem por objetivo formar cidadãos críticos em relação à interação homem-meio e,
segundo Tomita (1999) “é importante que se estimule o educando a indagar o porquê das coisas
para o mesmo não se conformar com a simples situação dos fatos, mas partir para uma análise
criteriosa como uma visão crítica”. Todavia, para possibilitar essa visão crítica demanda, muitas
vezes, metodologias que extrapolem o ambiente da sala de aula. Sob esta perspectiva, o Projeto
Expedições Geográficas (PEG) vinculado ao Programa Licenciar da UFPR, propõe-se a
pesquisar metodologias e organizar aulas de campo para turmas da educação básica de escolas
de Curitiba e Região Metropolitana.
A metodologia a ser utilizada inclui três etapas: em sala de aula é feito o pré-campo, em
que os bolsistas e voluntários do projeto e o professor responsável pela turma abordam de forma
teórica os conteúdos a serem observados no campo, além de darem orientações para o dia em
que ocorrerá o campo; a saída de campo propriamente dita, na qual, monitorados pelos
componentes do projeto e pelo professor da escola, os alunos são orientados a observar na
paisagem aspectos relacionados aos conteúdos geográficos propostos; e o pós-campo é o
momento de avaliar a aprendizagem, através de diálogo e aplicação de atividades que
possibilitem identificar a percepção e retenção de conteúdo pelo aluno. Adicionando, existe
ainda um campo de reconhecimento que ocorre antes do contato com os alunos, no qual é feita
uma análise do local que se deseja ir a campo e são estabelecidas as paradas e os assuntos
abordados. É esperado que os alunos das escolas consigam relacionar as observações feitas em
campo com os conteúdos abordados de forma teórica no pré-campo e a partir deste ponto formar
uma análise crítica sobre esse espaço.
Uma nova abordagem avaliativa que está sendo testada pelo projeto é a aplicação da
atividade intitulada “folder de conscientização”, composta por uma folha de papel sulfite A4
onde são impressos textos e imagens de caráter informativo e jornalístico. Pretende-se dar ao
aluno autonomia durante todo o processo, porém seguindo as normas de formatação e sendo
orientados pelos bolsistas e voluntários. O objetivo da atividade é fazer o próprio aluno
relacionar os conteúdos pedagógicos com a realidade em que vive, frisando durante o processo
de avaliação essa relação e promovendo o pensamento crítico com o mundo à sua volta. Além
disso, o planejamento da atividade, sua realização e a avaliação têm como objetivo aprimorar a
formação dos estudantes de graduação em Geografia, que são bolsistas e monitores das aulas
de campo.

MATERIAIS E MÉTODOS
As atividades a serem descritas foram realizadas no período de julho a agosto de 2015, havendo
quatro encontros com os alunos e um encontro somente com o professor. Participaram da
experiência os bolsistas e voluntários do PEG com a supervisão da coordenadora do projeto.
As aulas foram direcionadas a uma turma com vinte e três alunos do 2º ano do ensino médio do
Colégio Estadual Tancredo Neves – localizado no bairro Arruda, planta Santa Tereza em
Colombo-PR – cujo professor responsável pelas atividades havia feito contato com o projeto
buscando auxílio para realizar uma aula de campo e assim, concluir (a partir de tal experiência)
suas atividades ligadas ao PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional). Segundo a
Secretaria da educação do Estado do Paraná:
“O PDE é uma política pública de Estado regulamentado pela Lei Complementar nº
130, de 14 de julho de 2010 que estabelece o diálogo entre os professores do ensino
superior e os da educação básica, através de atividades teórico-práticas orientadas,
tendo como resultado a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática
escolar da escola pública paranaense”.

A possibilidade de trabalhar no Colégio Estadual Tancredo Neves veio num momento


oportuno, pois com a renovação do contrato que possibilitava a continuidade do projeto, novas
ideias surgiam, como a de fazer os conteúdos pedagógicos da geografia serem vividos e
reconhecidos em ambientes frequentados ou próximos aos alunos (o entorno e o bairro da
escola, ambientes urbanos e rurais, etc.). Um dos objetivos do projeto passou a ser o aluno
perceber com olhos geográficos o micromundo que o cerca no dia a dia, suas relações com
outras realidades, as problemáticas e os diversos aspectos no âmbito físico, humano, político e
econômico.
A proposta era simples: mostrar aos alunos as amplitudes das divisões do território
municipal (planta, bairro, cidade). Todavia, na fase de campo de reconhecimento, percebeu-se
a vastidão de conteúdos que poderiam ser explorados. Ao caminhar no entorno do colégio
descobriu-se que poder-se-ia trabalhar com: hidrografia e relevo (a escola estava inserida em
uma bacia hidrográfica); vegetação (havia uma grande área de floresta nativa preservada);
economia, cidadania e geopolítica (fazer relações entre a capital e a região metropolitana, com
relação a serviços públicos e privados disponíveis); e ecologia (questões ambientais, poluição,
sociedade e espaço). O professor disponibilizou seu automóvel particular e pode-se conhecer
as divisas da planta e do bairro. A parada final foi no Parque Municipal da Uva, onde notou-se
o potencial para abordar mais questões ligadas à Geografia. Durante toda esta primeira etapa,
foram feitas anotações sobre os pontos de paradas que poderiam ser realizados no dia do campo,
registros fotográficos e debate sobre como os temas seriam abordados (relacionando em sala de
aula a realidade espacial e social com os contentos acima citados).
Além de quatro encontros pelas manhãs, o grupo dispunha de uma tarde para realizar a
aula de campo, com auxílio de ônibus providenciado pela escola. Assim, iniciou-se a fase de
projetar o que aconteceria em cada encontro com os alunos. No primeiro encontro, ou pré-
campo, ficou definido que seriam abordados os temas de maneira expositiva com pequenos
debates, a fim de conhecer os alunos e suas experiências com o espaço que vivem. Cada
membro ficou responsável por explicar um tema e a divisão ficou da seguinte forma: relevo e
geologia; hidrografia e poluição das águas; florestas e clima; problemas ambientais e, questões
socioeconômicas. No dia do campo, pela manhã faríamos o tour a pé pelo entorno do colégio
(ocorrendo 6 paradas) e, durante a tarde, com o ônibus, seguiríamos pelo entorno da planta
Santa Tereza, do bairro Arruda, seguindo para o Parque Municipal da Uva. O campo terminaria
com a subida ao Morro da Cruz, localizado em Colombo, na região rural, à noroeste. Os últimos
dois encontros seriam destinados a avaliação e absorção do conteúdo, aplicando-se atividades
práticas. O foco no presente trabalho será dado à produção do folder de conscientização.
Durante o pré-campo, realizado no dia 06 de julho, foram utilizados os seguintes
recursos pedagógicos: projetor multimídia, para apresentar o arquivo em formato PDF com as
imagens e demais informações dos temas já citados, e quadro branco, para ressaltar dados
estatísticos e desenhar formações do relevo e vegetação. Os alunos foram receptivos ao grupo
e demonstraram interesse e conhecimento científico ou de senso comum sobre vários aspectos.
Ao falar sobre bacias hidrográficas, constatou-se que alguns córregos tinham nome regional; os
estudantes não sabiam que um rio passava do lado da escola (por causa da poluição, muitos
acreditavam se tratar de um esgoto clandestino) e que, apesar de saberem da existência de
muitos rios de sua cidade, não os relacionavam com o devido nome (como foi o caso do Rio
Palmital, por exemplo). Quando foi explicado aos alunos sobre relevo, geologia, vegetação e
clima, foi notado maior conhecimento, dado que muitos moravam perto de áreas com floresta
nativa e porque muitos haviam visitado as cavernas do relevo kárstico. Todavia, mais
paradigmas foram quebrados com relação à preservação de florestas e divisão territorial. Ao
apresentar aspectos socioambientais e socioeconômicos, os estudantes mostraram pouco
conhecimento. É importante citar que durante toda a manhã do pré-campo, os conteúdos foram
relacionados com a realidade espacial, política e social do bairro ou da cidade e que foram
explicadas algumas vezes a importância da aula de campo, além de informações importantes
sobre o campo terem sido explanadas (o que levar, o que vestir). Principalmente que seria feita
uma aula de campo, e não um passeio. Pois o campo é sobretudo uma aula de extraclasse, com
objetivos definidos e um propósito claro: unir o conhecimento teórico ao prático. Conforme
Oliveira e Assis (2009, p. 198), a aula prática em campo é uma atividade extra sala e extra
escola que envolve, concomitantemente, conteúdos escolares, científicos (ou não) e sociais com
a mobilidade espacial; realidade social e seu complexo amalgamado material e imaterial de
tradições/novidades.
N0 dia 20 de julho o campo foi realizado. Na parte da manhã os estudantes percorreram
o entorno da escola caminhando. Na primeira parada, em frente ao córrego poluído foi discutido
sobre bacias, poluição das nascentes e rios, mata ciliar e resíduos sólidos. Na segunda parada,
os alunos foram levados até uma rua onde era possível visualizar a vegetação local, além disso,
foi falado sobre processos erosivos, clima e coleta seletiva. A terceira parada permitia discutir
a questões de divisão do meio rural e urbano, relacionando questões históricas sobre imigração,
além da migração e do desenvolvimento industrial da cidade. Ao chegar na quarta parada, os
alunos identificaram alguns comércios que frequentavam e foi possível abordar a relação
capital-região metropolitana de Curitiba, e também do plano-diretor, dados estatísticos,
informações sobre economia e serviços públicos disponíveis. A quinta parada foi em uma região
que havia sido recentemente desmatada e foi discutido questões socioambientais. Finalmente,
na sexta e última parada da manhã, os alunos foram levados em frente a um condomínio
autodenominado Ecovillage e neste local foi debatida a questão de desmatamento, moradias
ilegais, áreas de preservação, problemas socioambientais e mudança da paisagem. Antes dos
alunos partirem para o campo, foram divididos em quatro grupos. Cada grupo foi instruído a
fazer o registro fotográfico e anotar tudo que achasse relevante, para a realização das atividades
finais.
A escola forneceu almoço e, no período da tarde, os alunos do 2º ano, dois professores
(o segundo professor foi para auxiliar as atividades) e mais seis alunos do 3° ano do ensino
médio, acompanhados dos membros do PEG, embarcaram no ônibus para, primeiramente, dar
uma volta no entorno da planta Santa Tereza. Em um dos pontos de limite de planta foi feita
uma parada a fim de esclarecer algumas questões sobre limite de espaços e divisão territorial,
a explicação ficou a cargo do professor. Seguindo, o ônibus passou pelas áreas de limite de
fronteira do bairro Arruda, onde foi evidenciado as diferenças de uma região de limite para
outra, explicando-se, inclusive, sobre terrenos baldios e legislação ambiental e municipal. O
próximo ponto a ser visitada foi o Parque Municipal da Uva. A primeira parada dentro do parque
foi no deck em frente ao Rio Palmital. O grupo explicou aos alunos sobre interferência da
vegetação no clima, questões socioambientais, utilização de espaços para a construção de
parques urbanos e histórico do próprio parque. Dando continuidade, os alunos foram levados
para fazer a trilha que existe no local e dentro dessa, houve a segunda parada onde assuntos
relacionados a ecologia e educação ambiental foram tratados. No final da trilha, os estudantes
foram direcionados à Casa do Colono, que estava fechada. Contudo, o museu ao lado da casa
estava aberto e pode-se ligar os alunos às origens de Colombo (peças históricas da cidade, fotos
e pinturas dos colonizadores e um pequeno documentário foram apresentados). Terminada a
visita ao parque, o ônibus levou todos até a entrada da trilha para o Morro da Cruz. A subida
foi rápida, demorando em média 30 minutos. No topo, foi explicado aos estudantes
conhecimentos referentes aos planaltos paranaenses, poluição eólica, manchas urbanas e rurais
e geologia. Ao descer do morro, todos ingressaram no ônibus, que regressou à escola. Assim
terminava o segundo encontro com os alunos.
No terceiro encontro, que aconteceu dia 27 de julho, os alunos foram separados nos
mesmos grupos que haviam sido formados no dia da aula de campo e iniciaram as atividades
avaliativas. Um dos trabalhos desenvolvidos foi o folder de conscientização. No quarto
encontro (03 de agosto), os alunos apresentaram o produto pronto e explicaram aos demais o
processo de construção do mesmo, além de ressaltar a importância de se informar sobre os
problemas que ocorrem na sociedade e como buscar quem os pode solucionar.
Foi a primeira vez que este tipo de material foi utilizado como recurso avaliativo pelo
PEG. O objetivo de criar um instrumento como esse foi o de unir diversos conteúdos
disciplinares e promover a contextualização desses, adicionando o fato de ser um ótimo
instrumento para avaliar a retenção ou não de conteúdo, ainda mais quando se fala de
geografia e olhar geográfico. O objeto avaliativo consiste num folder com denúncias de
problemas ambientais, econômicos, sociais ou políticos que possuam algum amparo
governamental ou não (seja de alguma secretaria, órgão governamental específico, ONG...). É
como se o aluno fizesse o trabalho investigativo e fosse mostrar à população o que há de
errado, para que esta também se mobilize (é a ideia que os estudantes devem ter na hora de
montá-lo). A composição do folder é deveras simples, assim como os materiais utilizados
para sua construção. Com relação à forma, este consiste em textos e figuras impressos, frente
e verso, em uma folha de papel sulfite A4 210 x 297mm 75 ou 90g/m², posição paisagem,
dobrada em três partes iguais, na vertical, no formato de “sanfona”. A estrutura é composta
por: uma capa, que necessita ter, no mínimo, uma frase de impacto que chame a atenção do
leitor (pode também conter imagem (s), o nome dos autores, da escola ou do projeto); uma
contracapa que contenha alguns meios de comunicação para fazer a denúncia dos problemas
evidenciados (pode ser telefone, e-mail, site, rede social, endereço, etc. de secretarias
municipais e estaduais, órgãos públicos...); quatro problemas à escolha dos alunos, sendo que
na parte superior deve estar o título (pode ser uma pergunta, um trocadilho ou frase de efeito
relacionada ao problema), seguido por uma imagem que demonstre a gravidade da situação e
depois, como exemplifica a figura 2, um pequeno texto explicando porque aquilo é uma
situação que deve ser mudada (pode-se terminar com uma frase de efeito também). Na figura
1, há um pequeno esquema de como a folha sulfite deverá ser dividida e onde ficará cada uma
das estruturas:

Figura 1. Esquema de como o folder deve ser montado, frente e verso. Fonte: autoria própria.
O design e as informações são selecionados pelos próprios alunos, que devem seguir a
estrutura padrão comentada acima. As imagens utilizadas têm de ser as que foram tiradas
durante o campo (podem utilizar as de outros colegas, as do professor ou as do acervo próprio),
a fonte da imagem deve estar evidenciada no canto inferior da imagem, à esquerda. Os
programas de computador que são recomendados para se utilizar na montagem do folder são o
Word®, da Microsoft Office©, ou ainda o Writer®, da Libre Office©. Serão utilizadas duas
lâminas de folha no programa (que depois serão impressas no modo frente e verso). Basta
colocar a orientação das folhas em “paisagem” e dividi-la em três colunas. Cada coluna será
uma divisão do folder, como na figura acima. Desta maneira, siga os passos de como preencher
cada coluna. Quando todos os espaços forem preenchidos, é feita a impressão com as duas
folhas no modo frente e verso (de preferência com as imagens coloridas), para que o folder
assuma sua forma final, basta dobrar a folha em três, como uma “sanfona”, ou se preferir, dobre
as colunas das pontas para o meio.

Figura 2. Recorte da coluna "problema" do folder e como ela deve ficar. Fonte: autoria própria.
As vantagens de se utilizar o folder são diversas: permitir que o aluno tenha autonomia
para executar a tarefa (desde quando ele assistiu em aula a explicação, visualizou em campo os
conteúdos até quando pode montar o trabalho no computador – colocando os problemas que
achou pertinente, suas fotos e sua visão crítica sobre o conhecimento e a realidade); perceber
quais partes do que foi abordado chamou a atenção dos estudantes; quais temas foram bem
assimilados (isso pode ser avaliado no pequeno texto em que o aluno escreve a denúncia) e
quais não foram (o que os alunos menos falaram, ou quando falaram, pareceu vago); ter um
registro que pode ser espalhado pela escola e além de tudo, gerar frutos e servir de impulso para
outros projetos mais complexos. O material pode ser utilizado para avaliar assuntos que sejam
complexos, como por exemplo, a poluição dos rios (o aluno deve ter entendido porque a
poluição é ruim, de onde vem a poluição, o que é feito para tratar esse rio, etc.); destruição da
mata virgem (quem são os responsáveis, por que isto acontece, o que fazer para evitar, porque
é importante preservar as matas virgens); sistema de transporte defasado (porque o sistema não
funciona de maneira adequada, porque certos horários e dias da semana tem fluxos diferentes
de veículo, de onde vem o valor da passagem, quem são os donos das empresas de transporte...).
Enfim, ideias não faltam. Basta que o professor mostre o caminho ao aluno. Habilidades que os
alunos utilizam para desempenhar a atividade: curiosidade, criatividade, escrita, poder de
persuasão, conexão de conhecimentos, comunicação. Ver Figuras 3 e 4.

Figura 3. Frente do folder elaborado pelos alunos. O fato de ter colocado o símbolo da escola
na coluna "capa", exaltou o sentimento de identidade e pertencimento de grupo nos educandos.
A motivação em expor trabalho foi exaltada por alguns do grupo.
Figura 4. Verso do folder. A estrutura das colunas "problema", apresentam a estrutura proposta.
Nota-se que os títulos variam de perguntas a frases de efeito.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
No caso da Escola Estadual Tancredo Neves, o grupo que executou a atividade era
formado por cinco alunos (sendo que eles próprios escolheram os integrantes. A atividade a ser
executada foi sorteada de modo aleatório). Foi necessário apenas explicar aos alunos que eles
deveriam agir como repórteres investigativos, que descobriram muitos problemas em sua região
e que os responsáveis deveriam resolver aquela situação, contudo, a população precisaria (antes
de tudo) se sensibilizar, se conscientizar e se mobilizar perante àquilo. Dever-se-ia criar um
folder de conscientização, para distribuir à população, a fim de que essa percebesse os
problemas existentes e pressionasse os órgãos responsáveis pela solução dos mesmos. Em
seguida, foi demonstrado, com um desenho no papel, como deveria ser o produto final e o que
deveria constar nesse. Os alunos foram supervisionados e assistidos pelos membros do projeto,
mas todo o trabalho criativo e o processo de produção foi deles mesmos, como mostrado nas
figuras 3 e 4. O resultado final pode ser observado na figura 5:
Figura 5. Folder terminado e colado em cartaz de papel craft para exposição, com o nome do
produto em destaque e o nome dos alunos no canto inferior direito.
Com a atividade finalizada, esta foi apresentada para a turma e em seguida o cartaz com
o folder foi colado na parede da cantina, expondo todos os trabalhos (folder de conscientização,
maquete de relevo da bacia do rio Palmital, análise de estrutura dinâmica da paisagem e mapa
de uso e cobertura do solo) que as aulas do PEG gerou. Observa-se que o folder está colado no
cartaz, mas foi apenas por motivos de apresentar o resultado final para a escola num grande
painel, junto com as demais atividades realizadas pelos bolsistas e voluntários. A maneira
correta do folder de conscientização ser apresentado em sala de aula (ou distribuído), é estar
impresso frente e verso e dobrado na forma de sanfona ou dobrado, como a Figura 6 mostra:

Figura 6. Produto dobrado de duas maneiras diferentes.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Utilizar o folder de conscientização como medida avaliativa mostrou-se um ótimo
instrumento para perceber os conteúdos absorvidos pelo aluno e capacidade desse de relacionar
os temas pedagógicos da Geografia ao mundo que o cerca. O produto geográfico, além de tudo,
permite aos alunos fazerem a análise crítica do que acontece na sociedade, atrelando o exercício
da cidadania (por ter os canais de contato com os responsáveis de cada área dos problemas em
questão). O comprometimento dos professores permite que o aluno mostre seu potencial e a
melhor maneira de deixar tal processo fluir é fugir do comum, do usual. Cada educando possui
experiências e habilidades diferenciadas e compete ao educador escolher o que fazer com toda
essa caixa de possibilidades de desenvolvimento intelectual e social. Provas escritas e orais
podem funcionar muito bem para alguns, contudo, existem diversas outras formar de se cobrar
certos conteúdos (mapa mental, RPG, criação de jogos, desenho, trabalhos de áudio e vídeo,
maquetes, teatro...). Atentando ao fato de que a escola, de forma geral, não acompanha a
evolução eletrônica, a competição pela atenção do aluno torna-se injusta, mas injustiça, na
verdade, é deixá-lo sem conhecimento de suas habilidades e descrente de si.

REFERÊNCIAS
PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional. Disponível em:
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=20. Acesso em:
23/08/2015.

OLIVEIRA, C. D. M. de; ASSIS, R. J. S. de Travessias da aula em campo na geografia escolar: a necessidade


convertida para além da fábula. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 35, n.1, p.195-209, jan./abr. 2009.

TOMITA, Luzia M. Saito. Trabalho de campo como instrumento de ensino em Geografia in


Geografia/Departamento de Geociências, Universidade Estadual de Londrina. Londrina: Ed. UEL, vol. 8, n.1,
jan/jun, 1999

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