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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED
SUPERINTÊNCIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

A GEOGRAFIA PARA ESTUDANTES CEGOS E COM BAIXA VISÃO NA REDE


ESTADUAL DE ENSINO REGULAR

SILVANA REGINA BORDIM FACHIN CARMO

CURITIBA
2013
SILVANA REGINA BORDIM FACHIN CARMO

A GEOGRAFIA PARA ESTUDANTES CEGOS E COM BAIXA VISÃO NA REDE


ESTADUAL DE ENSINO REGULAR

Produção Didático Pedagógica apresentada como


parte dos requisitos do Programa de
Desenvolvimento Educacional 2013, ofertado pela
Secretaria de Estado da Educação do
Paraná/SEED, na área de Ciências, em parceria
com a Universidade Federal do Paraná/UFPR

Orientador: Prof. Edmilson César Paglia

CURITIBA
2013
Ficha para Identificação
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Título:
A Geografia para estudantes cegos e com baixa visão na rede estadual de ensino regular
Autor: Silvana Regina Bordim Fachin Carmo
Disciplina/Área (ingresso no PDE) Geografia
Escola de implementação do Escola Estadual Luarlindo dos Reis Borges – Ensino
Projeto e sua localização Fundamental
Núcleo da escola NRE Norte
Núcleo Regional de Educação NRE Norte
Professor Orientador Prof. Edmilson Cezar Paglia
Instituição de Ensino Superior Universidade Federal do Paraná - UFPR
Relação interdisciplinar
A experiência vivenciada com estudantes de inclusão
mostrou a necessidade de criar materiais pedagógicos
diferenciados para poder dispor conhecimentos a esses
educandos sem que a inclusão se torne uma exclusão,
porque uma postura educacional inclusiva não é aquela
que faz de conta que todos são iguais, mas a que
pressupõe que a partir das diferenças pode-se construir
um universo mais rico de aprendizagem e de produção
da vida socieducacional. É a partir da crença de que
todos portadores de deficiências, seja ela qual for,
podem ser atendidas para expandir sua consciência na
busca do seu espaço justo e merecido na sociedade em
que vive é que Produção Didática Pedagógica,
Resumo
apresentada na forma de Unidade Didática - UD aborda
o ensino de Geografia para estudantes incluídos a partir
do sexto ano, direcionada para estudantes cegos ou
com dificuldades de visão e com ênfase no trabalho
com mapas táteis. A unidade didática tem como
objetivo reunir uma sequência de atividades a serem
desenvolvidas com alunos cegos do Ensino
Fundamental e se pauta pelo trabalho de sensibilização
do tato, aumentando gradativamente de maneira a
possibilitar ao aluno trabalhar com mapas táteis em
sala de aula e, dessa maneira assimilar conceitos de
Geografia que sem esse recurso lhes seria muito difícil
compreender.
Palavras-chave Estudantes cegos. Geografia. Mapas Táteis.
Formato do material didático Unidade Didática
Estudantes cegos e com baixa visão na rede de ensino
Público alvo
regular Estadual (a partir do 6° ano)
Apresentação

A experiência vivida com estudantes de inclusão mostrou a necessidade de criar


materiais pedagógicos diferenciados para poder dispor conhecimentos a esses educandos
sem que a inclusão se torne uma exclusão.

Mas, como fazer uma reflexão sobre o ensino da geografia para estudantes cegos
ou com baixa visão? Conforme explica Martins (2002), uma postura inclusiva não é aquela
que faz de conta que todos são iguais, mas é aquela que pressupõe que a partir das
diferenças pode-se construir um universo mais rico de aprendizagem e de produção da vida
socieducacional.

É a partir da crença de que todos portadores de deficiências, seja ela qual for,
podem ser atendidas para expandir sua consciência na busca do seu espaço justo e merecido
na sociedade em que vive é que Produção Didática Pedagógica, apresentada na forma de
Unidade Didática - UD, aborda como tema o ensino de geografia para estudantes de
inclusão, a partir do sexto ano, direcionada para estudantes cegos ou com dificuldades de
visão e sua ênfase é o trabalho com mapas táteis

O trabalho tem como base a publicação do médico neurologista Oliver Sacks, “O


olhar da mente”, que acompanha pacientes cegos e seus jeitos de “ver” o mundo. Através
deste e outros pesquisadores, o objetivo do trabalho é fazer uma reflexão sobre o ensino da
geografia para estudantes cegos ou com baixa visão.

Considerando uma das exigências do MEC de que todos os livros didáticos devem
ser acessíveis aos estudantes cegos - e que estes livros devem ser falados e não só em braile
e, sabendo que o programa utilizado não descreve imagens, apenas textos e, as imagens
seriam descritas - permanece a questão de como descrever uma imagem a um estudante,
que na grande maioria, nunca teve este contato com a mesma?

Com esta pratica pedagógica busca-se obter elementos para trabalhar com
estudantes com pouca visão e cegos inseridos na escola regular fazendo com que consigam
ter entendimento de imagens, mapas, e outros.

É importante pensar sobre os “preconceitos” relacionados aos deficientes,


principalmente na sua inserção no espaço educacional. As escolas e os professores, não
estão preparados para esta inclusão, permanecendo a dúvida de como formar os
professores para trabalhar com a inclusão? Para sustentar a inclusão de estudantes, cabe à
escola dar suporte aos educadores e educandos, bem com a comunidade, uma inclusão
socioeducacional.
Síntese das atividades a serem desenvolvidas

O presente estudo visa apresentar uma colaboração para o processo de ensino de


geografia para estudantes cegos ou com baixa visão, porque, como regra geral, as escolas
possuem uma cultura visual e, nesse contexto, os estudantes com deficiência visual se
encontram com dificuldade de adaptação, o que confere à iniciativa de inclusão uma forma
mal disfarçada de exclusão, pois os objetivos educacionais não são atingidos.

Apesar das dificuldades, vários educadores já conseguiram resultados positivos para


promover o desenvolvimento das aptidões dos estudantes, para isto é muito importante se
conhecer bem a identidade dos estudantes, sabendo seus gostos, seus interesses, o que
representaria um bom caminho andado.

O estudante com deficiência visual não pode ser visto como estudante limites, por
isso torna-se necessário ao professor, conhecer as habilidades de seus estudantes com
deficiência visual para assim poder desenvolvê-las.

Com base nestas informações durante a intervenção serão desenvolvidas as


seguintes atividades:

 Mediação – quando os educadores descreverão a figura, dentre outros aspectos


do objeto de estudo;

 Sensibilização tátil – na forma de exercício de sensibilização dos estudantes com


deficiência visual, para a percepção dos objetos em si;

 Alto relevo ou textura – quando serão utilizados diferentes materiais (como


barbantes, palito, massas de modelas, dentre outro) e formas diversificadas,
como maquetes e mapas em relevo, para que os estudantes possam tatear
sobre as reproduções de mapas e figuras.

Todas as atividades serão organizadas de forma bastante objetiva, haja visto que
muitos detalhes prejudicam a percepção do cego.

Observe-se, ainda, que tanto o tato quanto a mediação por meio do diálogo sobre
um mapa ou figura, são imprescindíveis à colaboração dos estudantes entre si para a
ampliação e compreensão do objeto citado. E, nesse contexto, deve-se ter o cuidado na
descrição dos objetos e no fazer as matrizes táteis dos mapas e espaços, não se esquecendo
de salientar a redução dos mesmos.

Materiais e Métodos

A metodologia empregada nesta UD caderno compreende a utilização de técnicas de


trabalho coletivo, de sensibilização e experimentação de situações que permitam o
desenvolvimento do estudante pela utilização de representações de formas.

A adoção de técnicas de trabalho coletivo confere uma abordagem sociocultural à


proposta de trabalho, posto que essa objetiva contribuir para a mudança nas formas de
ensinar e aprender. E, nesse sentido, ressalta-se o papel do docente no processo,
relativamente à escolha das melhores estratégias de ensino para o processo de ensino e
aprendizagem de estudantes com deficiência visual.

Essa abordagem evidencia o caráter transformador da educação, que deve iniciar


pela constante atualização dos recursos utilizados nos processos educativos, estratégia
necessária para que os estudantes com limitações, como a visual – que é a situação dos
estudantes que são objeto desta intervenção – possam inteirar-se de forma mais ampla
sobre as características dos aspectos geográficos da terra e suas regiões.

O desenvolvimento do trabalho compreende uma pesquisa de campo feita com


estudantes com deficiência visual, a partir do 6° ano, da Escola Estadual Luarlindo dos Reis
Borges – Ensino Fundamental, necessária para conhecer a dinâmica das aulas de Geografia,
o potencial de cada estudante e o seu nível de aproveitamento em sala de aula dada às suas
limitações. A base teórica da UD foi realizadas a partir de pesquisa bibliográfica feita em
fontes primárias e secundárias (MARCONI, LAKATOS, 2009).

Os encontros serão realizados em encontros semanais previamente agendados.


Calendário das atividades de intervenção

QUADRO 1- CALENDÁRIO

Sequência
Datas Atividades e conteúdos
de aulas
Semana Pedagógica Apresentação do projeto no Encontro Pedagógico para o 1° Semestre de 2014
Aplicação de questionário: Conhecer os estudantes que são o público-alvo do
projeto de intervenção e suas principais dificuldades e iniciar os trabalho de
1
desenvolvimento da sensibilidade do toque: trabalho com geoplano e formas
12/02/2014 geométricas
Desenvolvendo a sensibilidade do toque: trabalho com geoplano e formas
2
geométricas
3
19/02/2014 Trabalhando com massa de modelar e/ou argila: Com a utilização de massa de
4
modelar ou argila, os estudantes deverão, sob a orientação do professor,
5
26/02/2014 reproduzirem escala aproximada os planetas do sistema solar
6

7
05/03/2014
8
Delimitando espaços: Com o auxílio de geoplanos, os estudantes poderão
9
12/03/2014 perceber como é o arruamento do entorno de sua escola, desenvolvendo
10
habilidades para trabalhar com o mapa tátil.
11
19/03/2014
12
13 Percebendo as diferenças na textura (saliências) em mapas feitos em papelão
26/03/2014
14 reciclado

15
02/04/2014
16
Introduzindo maquetes nas aulas com mapas táteis feitos de papelão
17
09/04/2014
18
19
16/04/2014
20
21
23/04/2014
22
Trabalhando com mapas confeccionados em folhas de alumínio
23
30/04/2014
24
25
07/05/2014
26
27
14/05/2014 Aulas Trabalhando com mapas táteis com recortes em EVA
28

29
21/05/2014
30 Trabalhando com os símbolos (convenções/padrões) já estabelecidos para a
31 leitura de mapas táteis
28/05/2014
32
Geografia para estudantes cegos e com baixa visão na rede
estadual de ensino regular

Professor,

Para começar, é preciso conhecer os estudantes.

Assim, antes de começar os trabalhos, torna-se necessário delinear o perfil do


público-alvo e identificar, por meio de respostas objetivas, determinados aspectos da
dinâmica das aulas de Geografia na percepção desses estudantes, assim como as limitações
dos professores no que tange ao ensino para estudantes com deficiência.

O modelo de questionário apresentado na sequência traz uma série de perguntas


que o auxiliarão nesse processo e, para facilitar sua aplicação, o professor poderá ajudar os
estudantes, registrando suas respostas.

QUADRO 2 - QUESTIONÁRIO

1) Nome 2) Idade
3) Nas aulas de Geografia, seu professor faz explanações que lhes permitem compreender características da
regiçao ou fenômeno explicado?
( ) Sim ( ) Não ( ) Algumas vezes
4) Seu professor o auxilia na compreensão dos limites dos mapas?
( ) Sim ( ) Não ( ) Algumas vezes
5) Você já trabalhou com maquetes em sala de aula para estudar conteúdos de Geografia?
( ) Sim ( ) Não ( ) Algumas vezes
6) Qual o seu nível de conhecimento e habilidades no uso de recursos informatizados?
( ) Baixo ( ) Médio ( ) Bom ( ) Muito bom
7) No que se refere às suas limitações visuais, você pode afirmar, sobre si mesmo que possui
( ) Baixa visão (BV: consegue enxergar com auxílio de lentes e tecnologia assistiva)
( ) Deficiência visual (DV: cegueira)
8) Para as alternativas abaixo, indique BV ou DV, de acordo com seu caso, acerca dos recursos utilizados em
sala de aula e a frequência de sua utilização
Recursos utilizados: 10) Frequência:
( ) Lentes ( ) Sites especializados ( ) sempre
( ) Braile ( ) Outros: _______________ ( ) raramente
( ) Mapas em braile ________________________ ( ) nunca
Após a aplicação do questionário e recolhimento das folhas, deverá ser feita a
tabulação dos dados em planilha eletrônica (Aplicativo Excell – MS Office), alocando as
respostas de acordo com o número das questões e, preferencialmente, fazendo uma
demonstração gráfica dos resultados de forma a permitir uma melhor visualização da
tendência das respostas, as quais fornecerão ao professor as informações de que necessita
para conhecer as possibulidades do estudante, o que eles já conhecem e utilizam em termos
de tecnologias assistivas e como conduzir as atividades de sensibiliação e exploração de
formas e conteúdos de Geografia.
Atividades de Intervenção

A primeira impressão que se tem, numa sala de aula com estudantes com
deficiência visual, é que falta ao professor o apoio das imagens para possibilitar uma
explanação mais rica e detalhada. Nesse momento, o único recurso que resta ao professor é
a própria voz. Mas, será mesmo que os estudantes cegos ou com baixa visão precisam ficar
limitados ao que o professor diz, sem poder comparar, perceber, analisar, ou seja, sem
compreender, efetivamente, o que está sendo abordando?

Analisando essa questão, as professoras Adriane Cristine Kirst e Maria Cristina da


Rosa Fonseca da Silva no artigo “Quando o cego vai ao museu”, enfatizam que é preciso
incluir as pessoas deficientes na sociedade.

As imagens estão presentes no cotidiano das pessoas de forma cada vez maior e
mais rápida na medida em que a sociedade trona-se cada vez mais uma sociedade
guiada pelo visual. As pessoas cegas fazem parte dessa sociedade, portanto das
condições para que estas saibam lidar com a visualidade tornam-se imprescindível
(KIRST, SILVA, 2006, p.10).

Fonseca da Silva e Bornelli (2007) apontam a necessidade de produção de materiais


pedagógicos para ampliar as possibilidades de inclusão nas escolas regulares, bem como
atividades que estimulem a aprendizagem e o entendimento, onde cada ação pode
proporcionar aos estudantes momentos de reflexão que colaboram para a autonomia do
grupo, resultando naturalmente na inclusão.

Algumas metodologias visam preparar o estudante para o trabalho com conceitos e


conteúdos que exigem maiores habilidades dos sentidos para compensar a deficiência visual,
como explica Barborsa (2003), para quem

[...] buscar os recursos mais adequados para trabalhar com alunos portadores de
deficiência visual é tarefa que exige do professor enxergar além da deficiência,
lembrando que há peculiaridades no desenvolvimento de todas as crianças, tendo
elas deficiência ou não. A criatividade foi e continua sendo um elemento
indispensável para o homem superar problemas e desafios gerados pelo seu
ambiente físico e social. É encarada como uma construção do indivíduo em suas
interações com as propriedades do objeto (BARBOSA, 2003, p 19).

Segundo Vieira, Silva (2013) os exercícios com formas geométricas são importantes
para que os estudantes com deficiência visual possam vivenciar o universo que os cerca em
suas formas e consistências, habilitando-se, dessa maneira, a fazer associações,
transferências, adquirindo mecanismos interpretativos e formadores de conceitos e imagens
mentais. Nesse sentido, o professor precisa “intensificar o uso de materiais concretos, para
ajudar na abstração dos conceitos”, pois, quanto mais os alunos trabalham com situações
concretas de aprendizagem, mais facilmente conseguirão realizar abstrações (VIEIRA, SILVA,
2013, p. 8).

Por sua vez, Vieira de Melo (2011) ressalta o uso do audio-livro nas aulas de
Geografia, destacando que na atualidade, diversos recursos podem ser utilizados no
processo de ensino e aprendizagem de estudantes com cegueira ou baixa visão. Para o
autor, os instrumentos de trabalho devem ser escolhidos de acordo com as características
dos estudantes e adaptados às limitações desses, motivando-os a desenvolver habilidades
extras para facuilitar o aprovietamento escolar; e isso equivael dizer que “não basta a escola
ser inclusiva, se não garante a oportunidade de aprendizado em equidade para alunos com
necessidades educacionais especiais” (VIEIRA DE MELO, 2011, p. 35-36).

A autora explica, ainda, que o áudio livro se evidencia no contexto dos recursos e
metodologias adaptadas aos estudantes com deficiência visuais para o ensino de Geografia,
pelo fato de reproduzir a prática milenar de leitura e contação de histórias, tão familiar ao
estudante.

[...] desde a antiguidade, era muito comum à prática da leitura em voz alta para as
outras pessoas ou para si mesmo, devido a uma convenção cultural que associa
fortemente o texto e a voz, a leitura, a declamação e a escuta. A transmissão da
leitura não ocorria somente na oralidade de um texto, mas nas habilidades da
comunicação para os que não sabiam ler ou não podiam mais fazer uma leitura,
nas cidades medievais (VIEIRA DE MELO, 2011, p. 38).

Na medida em que o áudio livro descreve os conteúdos, torna-se mais fácil aos
estudantes construir, no campo da imaginação, os cenários que ela já começou a conhecer
por meio das atividades anteriormente trabalhadas nesta proposta de intervenção.

Como se pode perceber, as atividades aqui propostas são simples e com


características familiares ao estudante com cegueira ou baixa visão, e buscam proporcionar
situações de experimentação que permitirão a esses estudantes, perceber aspectos que lhes
tornará possível a uma melhor compreensão sobre as informações e conceitos que
constituem o domínio de conhecimento da disciplina
Conjunto de Atividades para exercitar a sensibilidade tátil, a

percepção das formas e a localização, reconhecer o mapa tátil e


suas convenções

Número de aulas: 32 h/a

Objetivo

Essa atividade visa explorar a sensibilidade e a percepção tátil dos estudantes,


familiarizando-os com imagens planas de paisagens, as quais, a rigor, contêm elementos
como relevo, vegetação, e as construções (intervenções) feitas pelo homem. Busca-se,
ainda, proporciona o desenvolvimento da coordenação motora e da noção espacial,
relaxamento, concentração e habilidade manual.

Metodologia

Os estudantes receberão diferentes materiais como formas geométricas, geoplano,


massa de modelar e/ou arguila, gravuras reproduzidas em papelão, folhas de alumínio ou
em EVA para perceber as formas e seus contornos, necessários à percepção e compreensão
de conceitos e conteúdos trabalhadas nos conteúdos de Geografia.

Os conteúdos trabalhados em sala de aula devem ter como apoio essas


reproduções, de maneira que esse material deve ser reservado antecipadamente à aula.

Aulas 1 e 2

Desenvolvendo a sensibilidade do toque: Os estudantes receberão geoplanos e


elásticos; assim como modelos desmontáveis, em papelão e em diferentes tamanhos, de
formas geométricas como quadrado, paralelepípedo, triângulo, dentre outros, para,
primeiramente, montar, desmontar, manusear e remontar diversas vezes, como forma de
compreender as diferentes dimensões visuais de um elemento, aspecto esse necessário para
apreender noções espaciais, de distância, altura, largura e profundidade, dentre outros
conceitos implícitos nos conteúdos de Geografia e que permitem estabelecer comparações
sobre relevo, por exemplo.
Em seguida, o professor deverá pedir para o estudante identificar as figuras
definidas no geoplano e nominar as figuras planas presentes nas caixas desmontadas;
recompor a caixa; identificar as partes do sólido geométrico utilizado; e estabelecer a
diferença entre sólidos geométricos e figuras geométricas planas.

Aulas 3, 4, 5 e 6

Trabalhando com massa de modelar e/ou argila: Com a utilização de massa de


modelar ou argila, os estudantes deverão, sob a orientação do professor, reproduzirem
escala aproximada os planetas do sistema solar, dispondo-os corretamente e reconhecendo-
os por suas posições e tamanhos.
A mesma estratégia poderá ser adotada para trabalhar o conceito de revelo
(montes, morros, montanhas, planícies), dentre outros elementos que constituem objeto de
estudo da Geografia.

Aulas 7, 8, 9 e 10

Delimitando espaços: Com o auxílio de geoplanos, os estudantes poderão


perceber como é o arruamento do entorno de sua escola, desenvolvendo habilidades para
trabalhar com o mapa tátil. Nesta atividade diferentes orientações podem ser dadas aos
estudantes, como considerar quadras/quarteirões contadas a partir da localização (pontos
cardeais) e indicar sua casa, ou um ponto de ônibus, banco, dentre outros elementos ou
logradouros das proximidades.
Aulas 11 e 12

Percebendo as diferenças na textura (saliências) em mapas feitos em papelão


reciclado: Os estudantes receberão mapas (conforme modelo mostrado na Figura 1)
produzidos pelo professor, representando a conformação do quarteirão da escola, seus
arruamentos e diferentes dimensões nas áreas ali existentes.

Figura 1 – exemplo de mapa confeccionado com papelão reciclável para as atividades com os estudantes

Fonte: Almeida, Loch (2005, p. 8)

Aulas 13 , 14, 15 e 16

Introduzindo maquetes nas aulas com mapas táteis feitos de papelão: Com base nas
referências de localização da escola, a professora deverá apresentar aos seus estudantes,
maquetes de edificações presentes nas proximidades da escola, para que os estudantes
possam conhecer esses elementos, sua disposição e forma, e assim perceber melhor as
características do entorno do local onde estudam e vivem.

Aulas 17 e 18, 19 e 20, 21 e 22, 23 e 24

Trabalhando com mapas confeccionados em folhas de alumínio: Os estudantes


receberão mapas (conforme modelos mostrados nas Figuras 2, 3, 4 e 5) produzidos pelo
professor, com diferentes desenhos (mapa do rosto humano, uma planta baixa de uma casa,
arruamento já trabalhado na atividade com papelão, como arruamentos, mapa do Brasil,
mapa Mundi ou os diferentes climas e relevos das regiões brasileiras).

Figura 2 – Arruamento em folha de alumínio

Fonte: UFSC apud ALMEIDA, LOCH (2006)

Figura 3 - exemplo de mapa confeccionado em folha de alumínio

Fonte: UNESP (2013)


Figura 4 – Exemplos de Mapas feitos em alumínio que podem ser explorados nas aulas de Geografia

Fonte: Almeida, Loch (2006, p. 17).

Figura 5 – Exemplos de Mapas feitos em alumínio que podem ser explorados nas aulas de Geografia

Fonte: Harlos et al. (2012)

Aulas 25 e 26

Aulas Trabalhando com mapas táteis com recortes em EVA: Os estudantes


receberão mapas produzidos pelo professor ou adquiridos pela escola, com diferentes
desenhos: mapa do Brasil, mapa Mundi; ou mesmo uma sequência de mapas mostrando
conforme a deriva continental que originou a atual formação dos continentes (conforme
modelo mostrado na Figura 6).
Figura 6 – mapas táteis confeccionados em EVA

Fonte: UNESP (2013)

Com a introdução gradativa dos conceitos e de atividades, torna-se mais fácil para
os estudantes compreender as representações geográficas e cartográficas, como explicam
Almeida, Passini (1989, p. 24), com os mapas táteis os estudantes o poderão construir pré-
aprendizagens que facilitarão a leitura de mapas, como orientação, pontos de referência,
localização com a utilização de coordenadas, proporcionalidade, forma, tamanho e
comprimento; assim como decodificar aspectos de seu cotidiano, adentrando às funções
simbólicas no mapeamento e à leitura propriamente dita, engloba : decodificar, ligando o
significante e o significado para melhor compreensão.

Como se pode perceber, a partir das atividades inicias, abre-se um grande leque de
possibilidades a serem exploradas em sala de aula, com material concreto para que os
estudantes possam compreender conceitos trabalhados teoricamente.

Aulas 27 e 28, 29 e 30, 31 e 32

Trabalhando com os símbolos (convenções/padrões) já estabelecidos para a


leitura de mapas táteis: Os estudantes precisam dominar o conceito de escala e de
simbologia para poder trabalhar com os elementos do mapa tátil.

A partir da Tabela 1 – mostrada na Figura 7, torna-se possível ao estudante


construir referenciais para reconhecer as informações presentes nos mapas táteis.
Figura 7 – Padrões estabelecidos para alguns elementos cartográficos

Fonte: LOCH (2008)

É importante começar com atividades de assimilação (memorização das formas dos


símbolos), para que a partir desse conhecimento os estudantes possa desenvovler leituras
mais precisas dos mapas táteis trabalhados em sala de aula.
REFERÊNCIAS

Almeida, R. D. e Passini, E.Y. O espaço geográfico: ensino e representação. São


Paulo: Contexto, 1989.

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