Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RELATÓRIO DE ESTÁGIO:
CIÊNCIA FORENSE NA BUSCA POR EVIDÊNCIAS PARA SOLUÇÃO DE
CRIMES ABORDANDO CONHECIMENTO ADQUIRIDO NO CURSO DE
ENGENHARIA QUÍMICA
Coronel Fabriciano – MG
2020
Letícia Santiago Sales
Coronel Fabriciano – MG
2020
RESUMO
QF QUÍMICA FORENSE
THC TETRA-HIDROCANABINOL
MDMA METILENODIOXIMETANFETAMINA
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................9
1.1 Objetivo.................................................................................................................10
2 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................11
3 CONCLUSÃO........................................................................................................36
REFERÊNCIAS...........................................................................................................37
Nas últimas décadas, o uso do conhecimento científico como ferramentas não apenas
coadjuvante, porém muitas vezes decisiva, na elucidação de crimes, tem se
intensificado. Assim a ciência forense, estabeleceu-se de forma definitiva. Nela, a
química forense tem um papel de grande importância. Como o próprio nome indica, a
química forense é a utilização ou aplicação dos conhecimentos da ciência química aos
problemas de natureza forense. Define-se como o ramo da química que se ocupa da
investigação forense no campo da química especializada, afim de atender aspectos de
interesse judiciário (FARIAS et al, 2008).
Uma vez que que as atividades em QF continuem-se, no mais das vezes, na realização
de análises, entendem alguns autores, entre esses Suzanne Bell (2006, apud FARIAS,
2008), que a química forense é, ou pode ser definida como, química analítica aplicada.
De uma forma mais completa e apropriada, podemos definir química forense como a
aplicação dos conhecimentos da ciência química á atividade forense, como especial
ênfase na interdisciplinaridade.
De acordo com FARIAS (2008), química forense não está apenas vinculada a
ocorrências policias, como assassinatos. Embora essa seja a primeira associação que
vem a mente quando pensamos em QF, é bom relatar que a aplicação dos
conhecimentos da química pode se dar a outras esferas em questões trabalhista
(atividades perigosas ou salubres), ou questões relacionadas ao meio ambiente. Assim
o profissional tem possíveis atuações que pode ocorrer em diversa áreas, e não
apenas no âmbito dos crimes contra a vida. Entre as diversas áreas de atuação
podemos citar: Pericias policias, pericias trabalhista, pericias industrias (alimentos,
medicamentos etc.), pericias ambientais, doping desportivo.
O Setor de Perícia da Polícia Civil de Minas Gerais é uma empresa do setor público
que investiga crimes, coletando dados essenciais para cada caso e emitindo resultados
com a finalidade de constatar e qualificar os crimes de toda natureza, ajudando assim a
justiça a punir criminosos e a determinar a pena de cada um deles.
Legislação Mineira:
Art. 1º Esta Lei Complementar organiza a Polícia Civil do Estado de Minas Gerais -
PCMG -, define sua competência e dispõe sobre o regime jurídico dos integrantes das
carreiras policiais civis.
Art. 4º Além dos princípios referidos no art. 3º, orientam a investigação criminal e o
exercício das funções de polícia judiciária, a indisponibilidade do interesse público, a
finalidade pública, a proporcionalidade, a obrigatoriedade de atuação, a autoridade, a
oficialidade, o sigilo e a imparcialidade, observando-se ainda:
I - a investidura em cargo de carreira policial civil;
II - a inevitabilidade da atuação policial civil;
III - a inafastabilidade da prestação do serviço policial civil;
IV - a indeclinabilidade do dever de apurar infrações criminais;
V - a indelegabilidade da atribuição funcional do policial civil;
VI - a indivisibilidade da investigação criminal;
VII - a interdisciplinaridade da investigação criminal;
VIII - a uniformidade de procedimentos policiais;
IX - a busca da eficiência na investigação criminal e a repressão das infrações penais e
dos atos infracionais.
O espaço do laboratório conta com uma balança analítica de precisão, capela, estoque
de reagentes, vidrarias, alguns equipamentos de proteção e aparatos. Na figura 1 e 2 é
possível visualizar o laboratório de perícia da Polícia Civil de Ipatinga.
Figura 1: Laboratório de Perícia da Polícia Civil de Ipatinga
Uma sugestão de melhorias seria com relação ao descarte apropriado dos reagentes e
soluções, que em suma maioria são de natureza orgânica. Outra sugestão seria na
adição de equipamentos de proteção coletiva no laboratório, com lava- olhos e
chuveiro de emergência, devido à presença de reagentes ácidos e orgânicos.
2.2 Cronograma das Atividades
2.3 Atividade Pericial
No âmbito do processo civil, a atividade pericial está regulada pelo Código de Processo
Civil (CPC). O termo perícia se origina do latim “peritia” e significa “conhecimento
adquirido pela experiência”. A NBR 13752 define perícia como atividade que envolve
apuração das causas que motivaram determinado evento ou da asserção de direitos.
A perícia técnica tem por objetivo auxiliar o juiz com um conhecimento especializado
do qual ele não detém, de modo que sirva de bases concretas para que o juiz tome a
melhor decisão possível, formando seu convencimento a partir do esclarecimento
técnico de questões controvertidas.
A perícia criminal lida com diversos públicos. A seguir, os principais públicos da perícia
criminal foram mapeados, conforme ilustrada na Figura 3.
A sociedade como um todo tem interesse em uma Justiça Criminal que encontre e
puna os responsáveis por delitos cometidos (ou inocente aqueles erroneamente
acusados), e ao mesmo tempo respeite os direitos humanos. A perícia contribui para
este anseio da sociedade com provas científicas que ajudam a Polícia e a Justiça
Criminal, respectivamente, a identificar e julgar os verdadeiros autores dos delitos.
A química forense é o ramo das ciências forenses voltado para a produção de provas
materiais para a justiça, através da análise de substâncias diversas em matrizes, tais
como drogas lícitas e ilícitas, venenos, acelerantes e resíduos de incêndio, explosivos,
resíduos de disparo de armas de fogo, combustíveis, tintas e fibras. Embora a química
forense seja um tema muito importante e que desperte cada vez mais interesse
perante a sociedade científica, a sua aplicação no campo da criminalística ainda
constitui uma nova linha de pesquisa no Brasil (ROMÃO et al, 2011).
A química forense é uma área muito importante, pois faz parte do processo de
investigação criminal no Brasil e com as metodologias empregadas como o teste
colorimétrico, de turbidez e as técnicas cromatográficas é possível solucionar inúmeros
crimes que muitas vezes são considerados sem resposta. Assim, com o avanço da
tecnologia e o desenvolvimento nos estudos correlatos ocorreu à expansão do termo
forense que é conhecido atualmente, divulgando as técnicas aplicadas para a
identificação das substâncias ilícitas (CAMARGOS, 2018).
A toxicologia forense tem sido muito importante para a sociedade, que tem efetuado
enormes esforços no sentido de iniciar e implantar os procedimentos analíticos de uma
forma credível em termos forenses, como auxílio na tomada de decisões sobre a
relação causa e efeito entre um determinado composto e um efeito adverso observado
(KLAASSEN; WATKINS III, 2001).
A Lei nº 11.343 de 23/08/2006, faz parte da legislação vigente sobre drogas, define
crimes e estabelece normas de repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito
de drogas.
Este procedimento tem como objetivo a identificação de Cannabis sativa Linnaeus que
estejam presentes na amostra, utilizando reagente de Duquenois- Levine.
Para realizar a distinção de outros extratos vegetais, como de café torrado, óleo de
Patchouli e chá (folhas), é adicionado aproximadamente 1mL de clorofórmio para
extração do complexo e observa-se a coloração das fases. Cor violeta na fase de baixo
(orgânica) demonstrado na Figura 6 e coloração azulada na fase aquosa indicam a
presença de canabinóides provenientes da Cannabis sativa. Não se observa coloração
violeta na fase de clorofórmio com outros produtos.
Caso a maconha chega em sua forma original, ou seja, na forma de planta, como
mostra a Figura 7, uma pequena amostra, cerca de 7 cm deve ser dissolvida em éter
de petróleo, e logo em seguida feita o teste Duquenois-Levine.
Caso dê positivo para o teste, observa-se a formação de uma coloração azul, como
demonstra a Figura 9 abaixo. Em seguida, é feito o teste Mayer (tetraiodomercurato II
de potássio), segundo Caligiorne e Marinho (2016), este ensaio é muito utilizado para
identificação de alcaloides em vegetais, possui alta sensibilidade, detectando assim a
presença de cocaína na substância analisada.
Porém, este teste possui baixa seletividade, reagindo com outros compostos como a
lidocaína, sildenafil, dipirona, ecstasy e outros. Ao adicionar o Mayer, é formado um
precipitado branco flocoso indicando a presença de cocaína na substancia analisada,
como demonstra a Figura 9.
A fim de obter resultados mais fidedignos para amostras muito diluídas ou para
confirmar resultados duvidosos obtidos nos testes citados anteriormente, a
imunocromatografia pode ser utilizada como técnica de triagem também para drogas
brutas.
Com o auxílio de tubos capilares retira-se algumas gotas de solução de cada uma das
amostras e é feita a aplicação na cromatoplaca, todos seguindo uma mesma linha na
parte inferior da placa. Em seguida a placa é colocada dentro da cuba onde entra em
interação com a fase móvel, e a cuba é tampada deixando correr até que o solvente
atinja a altura desejada. Finalizada essa parte, a placa é retirada e colocada para secar
no canto da capela e após a secagem aplica-se revelador Dragendorff borrifando sobre
a placa que reagirá com a molécula da cocaína desenvolvendo uma cor alaranjada
como mostra a figura 13. Conforme vão aparecendo as manchas observa-se a
coloração e altura destas fazendo comparação com a amostra padrão de referência.
Com apenas 30 mg da droga o usuário passa a ter violentas alucinações que duram,
em média, 2 horas. Fisicamente, provoca a dilatação das pupilas, vômitos e rubor
facial.
Figura 16: Isômeros de LSD e suas respectivas configurações.
Após a pulverização da mistura nos locais onde se procura por vestígios de sangue
tem-se início, caso a suspeita se confirme, a reação de oxidação do luminol. É
importante resaltar que a reação apenas identifica uma presença de possíveis vestígios
de sangue, na sequência é fundamental exames complementares, como o de DNA,
para identificações mais exatas.
A Balística Forense estuda as armas de fogo, sua munição e os efeitos dos tiros por
elas produzidos. Sempre que tiver nexo causal com crimes, ela procura identificar a
dinâmica, a materialidade e autoria dos fatos. A identificação da arma de fogo é
extremamente importante. Descobrir qual arma foi usada em um delito, identidade de
quem a disparou e o proprietário da arma são requisitos relevantes para se elucidar um
crime identificando todos os envolvidos. Segundo o Artigo 158 do Código de Processo
Penal, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado.
Quanto à alma do cano as armas podem ser de alma lisa, raiada e de alma mista.
C. Arma de alma mista - apresentam-se com alma lisa e raiada. Exemplo: modelo
Apache da Rossi com cano superior raiado e inferior liso (BITTAR, 2009).
Exame metalográfico
Onde houve produção de tiro, lesão corporal ou morte por arma de fogo, há a chance
de se encontrar resíduos do disparo na própria arma, em roupas, em anteparos ou Uso
da balística forense na elucidação de crimes 191 Acta de Ciências e Saúde Número 05
Volume 02 2016 em partes descobertas do corpo. “É possível encontrar resíduos nas
mãos do atirador ou suspeito de ter efetuado o disparo” (TOCCHETTO, 2009).
No momento do tiro são expelidos, além do projétil, diversos resíduos sólidos partículas
constituídas pelos elementos antimônio (Sb), bário (Ba) e chumbo (Pb), provenientes
de explosivos como sais de chumbo, bário e antimônio, além da composição da liga de
projéteis e cartuchos. Parte desses resíduos sólidos permanecem dentro do cano, ao
redor do tambor e da câmara de percussão da própria arma. Porém, o restante é
projetado para fora, atingindo mãos, braços, cabelos e roupas do atirador, além de se
espalharem pela cena do crime.
O ideal é que a perícia seja realizada assim que a ocorrência for conhecida. Isso é
importante pois a demora pode acarretar o desaparecimento dos vestígios e prejudicar
a apuração dos fatos. O procedimento de coleta consiste primeiramente lavar suas
mãos com água e sabão e utilizar luvas de procedimento.
Para a coleta, o swab deve ser embebido em solução diluída de EDTA a 2% por um
período de dois minutos. Após esse período, o swab é esfregado nas quatro regiões
distintas da mão do possível atirador por um minuto, de acordo com Figura 22. As
extremidades dos cotonetes ou swabs são armazenadas em tubos devidamente
identificados, contendo cerca de 2 mL de ácido nítrico 5% v/v.
Nesse tipo de crime a série do chassi é retirada por meio de processo abrasivo para
dificultar a identificação do veículo. O infrator lixa a lataria onde está localizado o
número do chassi, removendo parcialmente ou totalmente a série numérica, e em
seguida gravam uma nova sequência.
Portanto, conclui-se que a numeração do chassi foi alvo de adulteração, sendo que a
numeração original foi lixada e gravada outra numeração no local.
Durante o período de estágio os objetivos descritos foram cumpridos com êxito, visto
que todas as atividades previstas foram realizadas. Pode-se perceber a importância do
perito para a sociedade, e observou-se que o engenheiro químico pode contribuir nas
atividades de um perito criminal, ajudando a solucionar crimes, que requerem
conhecimento da química forense, como as análises nos entorpecentes, os exames
metalográficos e até mesmo na preparação das soluções para esses tipos de testes.
Esta experiência teve grande contribuição para o estagiário, pois além de prática na
área estudada, pode-se ter uma noção de mercado de trabalho partindo da
versatilidade que o curso possibilita.
REFERÊNCIAS
ALVES, Eduardo Bruno. 1911 armas de fogo. 2017. Disponível em: <https://1911arma
sdefogo.com/2017/07/20/municao-e-bala-ou-nao-e/>. Acesso em: 20 jun. 2020.
KLAASSEN, Curtis D.; WATKINS III; John B. Toxicologia: a ciência básica dos tóxicos
de Casarett e Doull. Lisboa: Amgh; 2001.
LIMA, Elizabete Campos de; SILVA, Clóvis Lúcio da. Cabelo como Matriz Analítica
Alternativa para a determinação de drogas de abuso. Newslab, São Paulo, v. 82, n. 1,
p.156-169, 2007.
MINAS GERAIS. Lei Estadual Complementar n.º 129, de 08 nov. 2013: Contém a Lei
Orgânica da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais - PCMG -, o regime jurídico dos
integrantes das carreiras policiais civis e aumenta o quantitativo de cargos nas
carreiras da PCMG. Disponível em: <https://www.almg.gov.br/consulte/legis
lacao/completa/completanova-min.html?tipo=LCP&num=129&comp=&ano=2013&tex
to=consolidado>. Acesso em: 13 de abr. 2020.
ROMÃO, W.; SCHWAB, N. V.; BUENO, M. I. M. S.; SPARRAPAN, R.; EBERLIN, M. N.;
MARTINY, A.; SABINO, B. D.; MALDANER, A. O. Química forense: perspectivas
sobre novos métodos analíticos aplicados à documentoscopia, balística e drogas
de abuso. Química Nova, vol. 34, n. 10, 1717-1728, 2011. <Disponível em:
http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/202513/1/S0100-
40422011001000005.pdf> Acesso em: 14 de abr. 2020.
RODRIGUES, Cláudio Vieira; SILVA, Márcia Terra da; TRUZZI, Oswaldo Mário Serra.
Perícia Criminal: Uma abordagem de serviços. Gestão e Projetos, São Carlos, v. 17,
n. 4, p.843-857, 26 nov. 2008.
TONIETTO, A.; TELLES, B.; ANDRADE, C. A.; FILHO, C. R. D.; MEDEIROS, E.;
GOMES, J. A.; VALADARES, M. P. O. Qual o papel do perito criminal? Revista
Brasileira de Criminalistica, vol. 2, 5-6, 2013. <Disponível em:
http://rbc.org.br/ojs/index.php/rbc/article/view/63/pdf_9> Acesso em: 14 de abr. 2020.