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Diz a Constituição Federal que a segurança pública é um dever do Estado,

observe-se que “Estado”, com letra maiúscula, significa que tal atribuição não se
restringe ao “estado”, como ente federativo, mas às instituições estatais na qual
o próprio texto da constituição incumbiu tal dever.
Mesmo que por durante muitos anos esse encargo tenha se restringido,
em muitos aspectos, à forças da União e dos estados federados, principalmente
pela atuação das briosas Policia Militar e Polícia Civil, a criminalidade e a
violência sempre se deu nas comunidades, nos seios das cidades brasileiras.
Nesse contexto, mesmo que em um momento completamente distinto dos
atuais, as cidades foram inseridas nesse rol constitucional, como fica
evidenciado no parágrafo oitavo do artigo 144, ao prever que os municípios
poderiam instituir Guardas Municipais para a proteção de seus bens, serviços e
instalações.
Esse papel não pode ser reduzido, em razão de mera topografia legislativa
e malabarismo interpretativo, embora alguns queiram assim argumentar.
Inclusive já existem propostas de emenda à constituição para incluir as Guardas
Municipais nos incisos do referido artigo, o que, sem sombra de dúvidas, em
breve ocorrerá.
Alguns possam então argumentar que as Guardas Municipais deveriam
então se restringir à proteção de seus bens, serviços e instalações, o que está
totalmente correto. O que não está correta é a interpretação do alcance desse
dispositivo.
Bens públicos são, de maneira simples e direta, aqueles bens destinados
ao uso e gozo do povo. Esse conceito, doutrinariamente e chancelado pela
jurisprudência dos tribunais brasil a fora, engloba desde os prédios públicos
destinados ao fornecimento dos serviços públicos essenciais como saúde,
educação e assistência social até as próprias vias públicas, praças, praias... Ou
seja, onde o cidadão exerce a maioria de seus direitos fundamentais haverá
sempre um bem público.
Quanto aos serviços públicos, pelo menos em âmbito municipal, são
tantos, que se poderia dizer ser impossível separar a vida na cidade da execução
de algum desses. Ora, a própria iluminação pública é um serviço público, a poda
da árvore é um serviço público, a pavimentação de vias...
Tendo dito isso, faz-se as seguintes perguntas: como poderia a Guarda
Municipal exercer sua atribuição constitucional de proteger esses institutos
jurídicos sem estar presente e aparelhada para agir em caso de agressão? Como
poderia a Guarda Municipal se omitir ao presenciar o cometimento de algum
delito em algum desses bens ou no contexto da prestação de algum desses
serviços? Não estaria o usuário (munícipe) abrangido por essa proteção?
Deveria então o servidor da Guarda Municipal ignorar a violência praticada a
esses?
É óbvio que não! Inclusive, o Supremo Tribunal Federal entende que aos
Guardas Municipais, no desempenho de suas funções, diferentemente da opção
que é dada à população de forma geral, não só pode como deve realizar a prisão
em flagrante. É o que se abstrai da decisão de relatoria dos Ministros Alexandre
de Moraes e Roberto Barroso no âmbito do RE 1281774.
Mas mais do que isso, eu pergunto: será que o cidadão de Vila Velha
ou de qualquer outro município brasileiro, que tenha Guarda Municipal
constituída, e que em seu momento de lazer frequentando uma das praças,
praias, ou mesmo transitando por alguma das ruas, avenidas ou vielas, ao
ser vítima de um crime, não se lamentaria por não poder contar, naquele
momento, com a presença de um dos valorosos servidores da Guarda para
lhe proteger?
Certamente se a força pública municipal ali estivesse naquele
momento a maldade e a perversidade perpetradas por seres abjetos da
sociedade que comentem roubos, homicídios, estupros dificilmente se
concretizaria!
A criminalidade muda, se arma, se aperfeiçoa se torna mais cruel.
Porém para alguns, aqueles que enfrentam a criminalidade devem ser
lançados ao relento, sendo sucateados e limitados em suas ações.
Infelizmente não são raras as apreensões de armamentos de grosso calibre
utilizados por criminosos que disseminam medo e aterrorizam comunidades,
provocando, até mesmo a paralização de serviços públicos. Isso é
inaceitável!
Mas também é inaceitável determinar que a Guarda Municipal proteja
o funcionamento de uma escola, sob pretenso toque de recolher determinado
por párias da sociedade que carregam consigo, não apenas maldade, mas
também armamento cada vez mais letal (vide a quantidade expressiva de
fuzis aprendidas na Grande Vitória, inclusive em Vila Velha nos últimos anos),
portando tão somente algemas e cassetetes, como pregam supostos
especialistas em segurança pública.
Mesmo que eu não duvide da capacidade dos agentes será que
teríamos realizado a apreensão de mais de 1510 indivíduos, sendo desses
105 com mandado de prisão em aberto, retirado das ruas 129 armas de fogo
e 2415 munições, recuperado 616 veículos roubados ou furtados, apreendido
vasta quantidade de droga, isso tudo em decorrência de quase duas mil
ocorrências geradas, utilizando somente algemas e cassetetes? Àqueles que
pensam assim eu muito lamento, mas digo que poderão contar, da mesma
forma, com a atuação efetiva da Guarda Municipal.
Em Vila Velha a Guarda Municipal, na essência do desempenho de
suas atribuições constitucionais, é vocacionada para salvar vidas e enfrentar
a criminalidade. E é por isso que ela é treinada e capacitada com mais de
2000 horas de curso anualmente fornecidas pela sua própria Academia. E é
por isso que ela deve estar devidamente equipada e armada para enfrentar
todo e qualquer tipo de adversidade
Finalmente, a exemplo do que já tem sido feito em prol das Guardas
Municipais dos municípios de Goiânia-GO, Atibaia-SP, Caxias do Sul-RS,
Valinhos-SP, Campo Grande-MS, São Paulo-SP, Balneário Camboriú-SC
dentre outras, quero dizer que o investimento em armamento do tipo fuzil que
está sendo feito no âmbito da Guarda Municipal de Vila Velha é resultado de
ampla pesquisa, estudo e prévia capacitação dos servidores. Todos os
aspectos legais estão sendo devidamente respeitados. Inclusive o Exército
Brasileiro, responsável pelo controle bélico, já aprovou a aquisição desses
armamentos para o órgão.
A compra dos constitucionais fuzis, é somente uma das diversas
medidas que tem sido tomadas não só em prol da Guarda, como também dos
Guardas. Tenho orgulho e segurança em dizer que para a proteção do
cidadão que utiliza os bens, serviços e instalações do município de Vila Velha
estamos dispostos a investir no que preciso for, pois a vida não pode ser
precificada.

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