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Fenômenos mediúnicos que

antecederam a Codificação
ESDE

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Andrew Jackson Davis 1
Emanuel Swedenborg 4
Irmãs Fox 10

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Fontes e editores do artigo 16
Fontes, licenças e editores da imagem 17

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Licença 18
Andrew Jackson Davis 1

Andrew Jackson Davis


Andrew Jackson Davis (Blooming Grove, Nova Iorque, 11 de
agosto de 1826 — Watertown, Massachusetts, 13 de janeiro de
1910) foi um clarividente norte-americano, autor de The Principles
of Nature, Her Divine Revelations and a Voice to Mankind, dentre
outros livros.

Biografia

Infância
Nasceu em uma família humilde num vilarejo às margens do rio
Hudson. O seu pai não tinha emprego fixo e era alcoólatra. A sua
mãe, embora sem estudos, era muito religiosa. Os problemas
financeiros da família faziam com que mudassem constantemente
de cidade, o que impediu que Davis freqüentasse a escola com
regularidade, tendo apenas alguns anos de estudo em toda a sua
vida. Desde cedo tornou-se aprendiz de sapateiro como um meio
de obter uma renda para a família e para si.

Em 1838, os Davis mudaram-se para a cidade de Poughkeepsie. Andrew Jackson Davis aos 21 anos de idade (quadro
de 1847).

A descoberta do Mesmerismo
Em 1843, quando tinha apenas dezessete anos, Davis assistiu a uma
palestra do Dr. Grimes, professor no Castleton Medical College, que
lhe chamou a atenção, sobre as técnicas de "magnetização animal"
criadas pelo médico alemão Franz Anton Mesmer e que vinham sendo
utilizadas à época como terapia em busca da cura para diversos tipos
de enfermidades.

Segundo Mesmer, o suposto "magnetismo animal" ou "fluido vital"


seria um estado particular de vibração (ou "tom de movimento", em
suas palavras) do fluido universal. "Nem a luz, nem o fogo, nem a
eletricidade, nem o magnetismo e nem o som são substâncias, mas sim
efeitos do movimento nas diversas séries do fluido universal", definiu o
pesquisador.

A princípio, Davis não teve muito sucesso em aplicar essas técnicas,


mas, tempos depois, um saltimbanco que utilizava os fenômenos
Franz Anton Mesmer, uma das principais produzidos pelo "magnetismo animal", que viera à cidade juntamente
influências de Davis. com um grupo de outros artistas itinerantes que se exibiam em feiras
públicas, conseguiu levar Davis a um estado avançado de transe, onde
teria demonstrado um elevado poder de clarividência. Um alfaite da cidade chamado William Livingston, que era
também versado no mesmerismo, ficou impressionado com o que aconteceu com Davis e procurou convencê-lo a se
submeter a outras experiências sob a sua supervisão.
Andrew Jackson Davis 2

Durante o transe, Davis afirmava que podia entrar em um estado de superconsciência que lhe permitia entender o
universo por meio da clarividência e, aparentemente, o seu nível cultural tinha se ampliado enormemente, podendo
dissertar sobre os mais complexos assuntos, que incluíam filosofia, psicologia, educação, saúde e política.
Davis também diagnosticava doenças e prescrevia tratamentos que normalmente funcionavam. Ele afirmava que,
durante o transe, os corpos físicos das pessoas se tornavam translúcidos e que cada órgão saudável possuía um
padrão de luminosidade próprio, que diminuía consideravelmente de intensidade em caso de moléstias. Segundo ele,
seria desta forma que era possível identificar e tratar as doenças. Davis assegurava que essa visão espiritual tinha
origem em algum ponto no centro de sua testa.

Uma experiência incomum


Na tarde de 6 de março de 1844, Davis afirmou ter sido inesperadamente envolvido por uma força que o fez levitar e
o teria conduzido em uma rápida jornada, em um estado de semi-transe, de Poughkeepsie até às montanhas Catskill,
que estavam a 60 quilômetros de distância. Lá, Davis teria se encontrado com dois anciões, que ele identificou como
sendo o filósofo e médico grego Cláudio Galeno e o místico sueco Emanuel Swedenborg, que lhe ministraram
conhecimentos em medicina e filosofia moral. Segundo Davis, essa experiência havia lhe possibilitado uma grande
iluminação intelectual.
Em 1846, Davis com apenas dezessete anos de idade, começou a ditar um livro baseado nessas revelações durante
um período de quinze meses. O livro foi publicado em 1847, quando ele tinha 21 anos de idade. O conteúdo do livro
tratava de diversos assuntos de cunho espiritualista, que incluíam os sete planos da existência, saúde mental e física,
astronomia, física, química, filosofia, política, dentre outros. Durante esse tempo, foi escolhido para Davis um novo
magnetizador, o Dr. Lyon. Os ditados, compilados, deram origem ao seu primeiro livro, The Principles of Nature,
Her Divine Revelations, and a Voice to Mankind. As anotações dos ditados de Davis foram feitas pelo Reverendo
Fishbough.
Depois dessas experiências, Davis, que havia deixado o ofício de sapateiro há apenas dois anos, decidiu dedicar-se
em tempo integral ao tratamento espiritual de pessoas que o procuravam e aos ditados em estado de transe, que
foram compilados em outros livros, notadamente The Great Harmonia em seis volumes, transcritos entre os anos de
1850 e 1861.
A partir dos 21 anos de idade, Davis já conseguia entrar em estado de transe profundo sem o auxílio de um
mesmerista.

Velhice
Em seus últimos anos, Davis mudou-se para Boston, abriu uma pequena livraria e continuou com a tarefa de
prescrever tratamentos com ervas aos seus pacientes.
Andrew Jackson Davis faleceu em 1910, aos 84 anos de idade. Em seu caderno de notas, foi encontrada a seguinte
passagem, datada de 31 de março de 1848:
"Esta madrugada, um sopro quente passou pela minha face e ouvi uma voz, suave e forte, que me disse:
'Irmão, um bom trabalho foi começado. Olha!, surgiu uma demonstração vivente.' "
Davis ainda anotou: "Fiquei pensando o que queria dizer aquela mensagem."[1]
Nesta mesma data, na pequena cidade de Hydesville, fenômenos que foram mais tarde classificados como
"poltergeist", começaram a ocorrer na residência da família Fox.
Andrew Jackson Davis 3

Obras
• The Principles of Nature, Her Divine Revelations, and a Voice to Mankind (1847)
• The Great Harmonia (1850-1861)
• The Philosophy of Special Providences (1850)
• The Magic Staff: an Autobiography (1857)
• A Stellar Key to the Summer Land (1868)
• Views of Our Heavenly Home (1878)

Ver também
• Chico Xavier
• Edgar Cayce
• Jakob Böhme
[1] No original: "About daylight this morning a warm breathing passed over my face and I heard a voice, tender and strong, saying. "Brother,
the good work has begun - behold, a living demonstration is born." I was left wondering what could be meant by such a message."

Bibliografia
• ARAIA, Eduardo. Espiritismo: doutrina de fé e ciência. São Paulo : Ática (http://www.atica.com.br), 1996.
150 p.
• CARNEIRO, Victor Ribas. ABC do Espiritismo (5a. ed.). Curitiba (PR): Federação Espírita do Paraná, 1996.
223p. ISBN 85-7365-001-X p. 209-211.

Ligações externas
• Andrew Jackson Davis - The First American Prophet and Clairvoyant (http://www.andrewjacksondavis.com)
Emanuel Swedenborg 4

Emanuel Swedenborg
Emanuel Swedenborg (Suécia, 29 de Janeiro de 1688 - 29 de Março
de 1772), foi um polímata e espiritualista sueco.

Biografia
Filho de Sarah e Jesper Swedberg, um pastor Luterano e capelão real
que foi, mais tarde, Bispo de Skara. Formou-se em Engenharia de
Minas e serviu ao seu país durante muitos anos como Assessor Real
para assuntos de mineração. Após a morte do pai, sua família foi
elevada à nobreza pela Rainha Ulrica, pelos méritos do Bispo
Swedberg. O sobrenome familiar foi então mudado para Swedenborg
e, assim, Emanuel, como filho mais velho, passou a ter lugar no
Parlamento sueco, onde teve destacado papel durante muitos anos.

Foi catedrático de Matemática na Universidade de Uppsala, ao mesmo


tempo em que pesquisava a fundo áreas tão distintas quanto anatomia e
Retrato de Emanuel Swedenborg segurando o
geologia, astronomia e hidráulica. Quando dominava o assunto,
manuscrito de Apocalypsis Revelata (1766).
publicava obras sobre suas conclusões, obtendo o respeito de outros
especialistas e autores das diversas áreas. Vários conceitos emitidos
por Swedenborg, nesses estudos, são considerados como pioneiros. Em razão dessas realizações, Swedenborg passou
a ser considerado um dos heróis nacionais na Suécia, razão porque seu retrato se encontra no hall da Academia de
Ciências daquele país e seu túmulo entre os de reis suecos, numa catedral de Estocolmo.

Famoso pelas suas obras e rico por herança materna, esse homem dominou praticamente todas as ciências de seu
tempo, até que, aos 56 anos, relata que um fato espantoso mudou sua vida. Afirma que foi designado pelo Senhor,
que a ele apareceu em 1744, para a missão de ser o porta-voz da revelação do sentido interno ou espiritual da Bíblia,
até então oculto. Ao ser revelado esse sentido, também foram abertos os segredos do "o Céu, e as Suas maravilhas, e
o Inferno", como descreveu, e tornou-se, também, testemunha ocular dos eventos que constituíram o Juízo Final.
Mais tarde, Swedenborg reconheceu que foi, aliás, por causa dessa missão espiritual que ele fora preparado pelo
Senhor desde a infância, e progrediu nos conhecimentos naturais sem nunca olvidar a fé no Criador.
Os Escritos admiráveis que foram publicados a partir desse período têm influenciado mentes de homens, mulheres e
crianças, tanto pessoas humildes quanto da realeza, anônimos ou lustres famosos, como Carlyle, Ralph Waldo
Emerson, Baudelaire, Balzac, William Blake, Helen Keller e Jorge Luís Borges. No entanto, esses mesmos escritos
teológicos e espirituais são motivo para que se façam julgamentos parciais e de interesses, lançando dúvida sobre a
sanidade mental do autor e sua reputação científica anterior. Por causa de sua teologia, Swedenborg sofreu censura e
forte perseguição por parte de religiosos cristãos em seu país, onde seus livros foram proibidos. De fato, a doutrina
por ele exposta abala as bases da crença tradicional do cristianismo, a saber, em um Deus dividido em três pessoas,
num sacrifício sanguinário de uma pessoa (o Filho), para aplacar a ira da outra pessoa (o Pai).
Diário. Tinha um diário de experiências parapsíquicas e projetivas (Experientiae Spirituales), publicado
posteriormente.
Clarividência - Aos 56 anos teve uma clarividência interpretada como sendo uma aparição do espírito de Jesus
Cristo. A partir daí, mudou sua abordagem racional e científica para uma abordagem mística e religiosa.
Síndrome. Este fato serviu de exemplo para caracterizar a Síndrome de Swedenborg, proposta por Waldo Vieira no
tratado 700 Experimentos da Conscienciologia. O mais interessante é que alguns projetores hiper lúcidos
contemporâneos (2009) sabem de fortes evidências físicas e extrafísicas de que Waldo Vieira seja a encarnação de
Emanuel Swedenborg 5

Emanuel Swedenborg. Assim, a Síndrome de Swedenborg deu origem a Síndrome de Waldo Vieira, que tendo a
programação existencial falida no passado, devido a exacerbação consciencial para um extremo, o tenha levado nesta
reencarnação (seriex ou serialidade existencial) a outro extremo radicalizando no racionalismo científico também
extravagante e excêntrico. Assim a Síndrome de Swedenborg leva um pesquisador racional e aparentemente lúcido a
um desvio místico e incauto e a Síndrome de Waldo Vieira leva um pesquisador aparentemente equilibrado em sua
técnica científica a uma exacerbação da mesma.
Por confrontarem à teologia cristã atual, suas obras foram tidas como heréticas, embora ele tenha sempre se
declarado um servo do "Senhor Jesus Cristo". A teologia exposta por Swedenborg juntamente com o relato das
experiências tão vivas no plano espiritual desconcertam muitos religiosos, os que, teoricamente, mais deviam saber
sobre o espírito e a vida após a morte, pois que estas coisas foram dadas muitos desses indivíduos, sentindo-se
ameaçados, reajam contra essa nova abertura da revelação e, especialmente, contra o autor, fazendo circular boatos
difamadores a respeito de sua sanidade. Em virtude disso, também a sua reputação anterior de grande cientista e
filósofo ficou comprometida.
Mas Swedenborg continuou a escrever e a trabalhar como antes, sem se importar com as críticas, convicto de que sua
obra seria para um futuro distante, com a serenidade dos que sabem o que estão fazendo, serenidade que o
acompanhou até a sua morte física, em 29 de março de 1772, a qual ele também tinha previsto com semanas de
antecedência.
A partir de seus escritos teológicos, fundou-se a Nova Igreja.[1]

Actuação na vida acadêmica, científica e social

Cientista
Estudou e publicou várias obras que abrangiam áreas tão diversas como: química, óptica, matemática, magnetismo,
hidráulica, acústica, metalurgia, anatomia, hidrostática, fisiologia, pneumática, geologia, mineração, cristalografia,
cosmologia, cosmogonia, dinâmica, astronomia, álgebra, mecânica geral e outras.

Filósofo
Além de publicar diversos tratados de filosofia, formulou e desenvolveu as doutrinas filosóficas sobre o influxo, os
graus, as formas, as séries e a ordem.
Na área da psicologia, publicou, entre outros, os tratados: Psicologia Empírica (1733), um estudo sobre a obra de
Christian Wolff, e Psicologia Racional (1742), contendo muitos princípios filosóficos e observações inéditas
baseados nas suas observações sobre anatomia.

Teólogo
Nos últimos 27 anos de sua vida, escreveu mais de 40 títulos de exegese bíblica, Cristologia, escatologia e doutrina
geral, expondo, por meio da Ciência das Correspondências, o sentido interno ou espiritual que jazia oculto na
Palavra. Assim, restaurou os fundamentos primitivos do cristianismo, a saber, a fé em Jesus Cristo como Deus que
Se fez carne, bem como outras doutrinas básicas, sobre a fé, a caridade, a vida, a Escritura Santa, o casamento etc.

Inventor
Fez esboços, em 1714, de uma "máquina de voar", que foi considerada pela Academia Real Britânica de Aeronáutica
como o primeiro projeto racional de um avião. Inventou vários outros artefatos e instrumentos mecânicos; alguns
construiu, outros deixou apenas em esquemas, como uma bomba hidráulica; um dique para construção naval; um
guindaste; um compressor a mercúrio; uma carreta mecânica com guindaste; um máquina de parafusar; um
instrumento de sopro; uma metralhadora; uma máquina elevadora para extração de minério; um "navio capaz de
Emanuel Swedenborg 6

submergir com a sua tripulação e assim escapar da esquadra inimiga " (o submarino!) além de outros.
Descobridor pioneiro, foi o primeiro a propor a hipótese nebular da criação do universo, meio século antes de Kant e
Laplace; fez descobertas que deram origem à ciência da cristalografia; desenvolveu teorias sobre a natureza da
energia; descobriu que o cérebro funciona em sincronia com os pulmões; deduziu o uso do fluído cérebro-espinhal;
foi pioneiro no estudo do magnetismo; apresentou a teoria de galáxias serem constituídas por estrelas com sistemas
planetários.

Político
Foi membro atuante do Parlamento por vários anos, tendo apresentado muitas propostas para o desenvolvimento
industrial, financeiro e social da Suécia.

Artífice
Praticou as artes da música (como organista), criou instrumentos musicais, aprendeu a fazer encadernação de livros,
técnicas de relojoaria, gravação de metal, marmoraria, polimento de lentes, jardinagem etc.

Literato
Além das obras científicas e teológicas relacionadas nesta página, Swedenborg publicou a primeira álgebra na língua
sueca, escreveu poemas e fábulas, editou um jornal científico intitulado Daedalus Hyperboreus, escreveu biografias e
histórias.

Poliglota
Falava sueco, holandês, inglês, francês, alemão, hebraico, grego, latim e italiano.
As obras teológicas de Swedenborg têm sido traduzidas, no todo ou em parte, do original latim para as seguintes
línguas: alemão, árabe, birmanês, chinês, dinamarquês, espanhol, esperanto, filipino, finlandês, francês, gujarati,
hindu, holandês, inglês, islandês, italiano, japonês, magiar, norueguês, polonês, português, russo, servo-croata,
sueco, tamil, tcheco, welsh e zulu.

Relatos sobrenaturais
Diversas ocorrências marcantes de habilidade considerada mediúnica foram relatadas sobre Swedenborg. Três delas
foram as mais famosas, tendo sido analisadas por Immanuel Kant, concluindo tratarem-se de lendas.
A primeira foi quando, durante um jantar em Gothenburg, ele, excitadamente, contou aos presentes às seis horas da
tarde que estava havendo um incêndio em Estocolmo (a 405 km de onde estavam) e que ele consumia a casa de um
vizinho seu, estando a ameaçar a sua própria. Duas horas mais tarde, ele exclamou, com alívio, que o fogo tinha
parado a três portas da sua casa. Dois dias mais tarde, relatórios confirmaram cada declaração que ele tinha feito a
ponto de coincidir com exatidão quanto à hora em que Swedenborg tinha recebido sua primeira impressão.
A segunda foi quando ele visitou a Rainha Louisa Ulrika da Suécia, que lhe pediu que contasse a ela algo sobre seu
irmão falecido, o Príncipe Augustus William da Prússia. No dia seguinte, Swedenborg cochichou algo em seu
ouvido, o que fez a Rainha ficar pálida, tendo ela explicado tratar-se de algo de que somente ela e seu irmão podiam
ter conhecimento.
A terceira foi uma mulher que tinha perdido algo importante e veio a Swedenborg perguntando se uma pessoa morta
poderia dizer a ele onde estava o objeto, o que ele também fez na noite seguinte.
Immanuel Kant, então no início de sua carreira, ficou impressionado com tais relatos e fez investigações para saber
se eram verdadeiros. A princípio, ele não encontrou falha nos relatos, mas, em 1765, ele concluiu que dois deles
tinham "nenhum outro fundamento que não a lenda popular" (gemeine Sage). Ver Träume eines Geistersehers, de
Kant.
Emanuel Swedenborg 7

Estes acontecimentos são qualificáveis como sendo o que o Espiritismo chama de acontecimentos mediúnicos.
Outros relatos apontam que conversava com os espíritos, como mostram dois relatos seus reproduzidos por Conan
Doyle:
Falando da morte de Polhem, disse Swedenborg: Ele morreu segunda-feira e falou comigo quinta-feira. Eu tinha
sido convidado para o enterro. Ele viu o coche fúnebre e presenciou quando o féretro baixou à sepultura.
Entretanto, conversando comigo perguntou porque o haviam enterrado, se estava vivo. Quando o sacerdote disse
que êle se ergueria no Dia do Juízo, perguntou por que isso, se êle agora já estava de pé. Admirou-se de uma tal
coisa, ao considerar que, mesmo agora, estava vivo. (Doyle, pg 40)
Brahe foi decapitado às 10 horas da manhã e falou comigo às 10 da noite. Estêve comigo, quase que
ininterruptamente durante alguns dias. (Doyle, pg 41)
Em sua primeira visão, Swedenborg fala de "uma espécie de vapor que se exalava dos poros do meu corpo. Era um
vapor aquoso muito visível e caía no chão sobre o tapete" (Doyle, pg, 37). Tal descrição corresponde àquilo que os
espíritas e outras tradições espiritualistas chamam de ectoplasma, substância produzida pelos médiuns em todos os
fenômenos ditos de efeitos físicos. Logo, dentre as habilidades mediúnicas de Swedenborg, além de clarividência
(estado sonambúlico), vidência mediúnica (estado de vigília) e audiência mediúnica, soma-se a de efeitos físicos.
Desde o dia da sua primeira visão até a sua morte, vinte e sete anos depois, esteve ele em contínuo contato com o
outro mundo (Doyle). Na mesma noite, disse Swedenborg, o mundo dos espíritos, do céu e do inferno, abriu-se
convincentemente para mim, e aí encontrei muitas pessoas de meu conhecimento e de todas as condições. Desde
então diariamente o senhor abria os olhos do meu espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava no
outro mundo e para conversar, em plena consciência, com anjos e espíritos. (Doyle, pg. 36).

Principais invenções e descobertas

Cérebro e pulmões
Swedenborg descobriu que o cérebro tem um movimento regular igual ao do coração. O fluido espiritual ou espírito
animal, tal como aprendemos, tem sua origem no cérebro e é enviado a todas as partes do corpo pelos impulsos do
cérebro. "O movimento do cérebro é denominado animação; e a ação do fluido espiritual depende dele (Parte I, nº
279). Toda vez que o cérebro se anima, seus fluidos são bombeados para as fibras e os nervos; tal como o coração, a
cada sístole e diástole, bombeia o sangue através de seus vasos (ibid. nº 483). Imaginar a circulação do fluido sem
uma força motriz e uma expansão ou constrição reais como a causa propulsora, seria o mesmo que conceber a
circulação do sangue vermelho através das artérias e veias sem o coração (Parte II, nº 169). A circulação desse fluido
merece ser chamada de círculo vital (ibid., nº 168)". (Æconomia Regni Animalis, E. Swedenborg).

Máquina elevadora de minério


Inventada por Swedenborg para uso na indústria de mineração, a máquina elevadora era movida por uma roda d´água
e composta de um sistema de eixos e mancais, servindo para trazer à superfície pequenas caçambas de minério.
Vários outros equipamentos e sistemas foram projetados e construídos por Swedenborg para desenvolver a indústria
de mineração sueca, e a mineralogia foi assunto de algumas de suas publicações, inclusive contendo descobertas para
aperfeiçoamento dos processos químicos.
Durante uma guerra, no evento conhecimento como um cerco de Frederikstad, a esquadra da Suécia ficou sitiada e
impossibilitada de alcançar alto mar. Swedenborg, então, projetou e construiu um sistema de guindastes e trilhos,
pelo qual fez transportar uma esquadra de 8 barcos de guerra, por terra, de Strömstad a Iddefjord, numa distância de
14 milhas inglesas, através de uma península, pondo a esquadra novamente em condição de combate.
Emanuel Swedenborg 8

Alto-forno
Projeto de Swedenborg para um alto-forno para a siderurgia de minério de ferro.

Teoria atômica
Dr.Thomas French, da Universidade de Cincinnati, EUA, afirmou que Swedenborg, em seu livro Principia,
publicado em 1734, enunciara os fundamentos das seguintes teorias da ciência moderna: a teoria atômica; a origem
solar da Terra e dos planetas; a teoria ondulatória da luz; a hipótese nebular (cuja validade foi enfaticamente atestada
pelo Professor Holden, ex-membro do Observatório Naval dos Estados Unidos da América, em artigo publicado na
revista The North American Review, de outubro de 1880); a propriedade motora do calor; a relação entre
magnetismo e eletricidade; a eletricidade sob forma de motricidade etérea e as forças moleculares como ação de um
meio etéreo.

Hipótese nebular
A teoria que Swedenborg publicou em seu Principia, em 1734, "explica a formação do sistema solar por partículas
hipotéticas se projetando do sol em espirais e se juntando para formar os planetas. Esta teoria é de particular
importância na história da ciência, visto que foi apropriada por um astrônomo inglês, chamado Thomas Wright, de
Durham. A obra de Wright serviu de base para a obra de Immanuel Kant, "A História Geral da Natureza e a Ciência
dos Céus". A obra de Kant foi, por sua vez, incorporada por Laplace, em 1792, à publicação que hoje é conhecida
como "Teoria nebular de Kant e Laplace". E a obra de Laplace é citada como sendo a origem da cosmologia
moderna". (Robert H. Kirven, Ph.D, na obra A Continual Vision, Swedenborg Foundation, NY).

Máquinas de transporte e içamento


Para uso industrial e militar, Swedenborg projetou máquinas de transporte e içamento pesados. Os modelos das fotos
ao lado foram construídos a partir de alguns desses projetos.

Estrutura da mente
"Num manuscrito de 1740, intitulado Psychologia Rationalis, Swedenborg descreve a mente (mens) como a parte
consciente e pensante. A mente está em comunicação com o "animus", mas é distinto deste, que envolve as
sensações físicas e o controle motor, e a "anima", que se refere às afeições e motivações. Embora não seja
precisamente igual ao esquema de Freud de id, ego e superego, essa estrutura antecipa em quase 150 anos a distinção
freudiana entre o consciente e o subconsciente".(Robert H. Kirven, Ph.D, na obra A Continual Vision, Swedenborg
Foundation, NY).

"Máquina de voar nos ares"


Em 1714, projetou uma máquina que foi considerada pelo órgão Journal of the Royal Aeronautical Society, da
Inglaterra, ser "primeira proposta racional de um aeroplano", porque previa superfície abaulada para sustentação pela
diferença de pressão atmosférica, um sistema propulsor e trem de pouso. Este invento foi assunto do livro
"Swdenborg´s 1714 Airplane", (Swedenborg Foundation, NY) de Henry Sorderberg, que contou com o apoio do Rei
Carlos XVI, da Suécia, e da companhia aérea SAS. Swedenborg nunca construiu um modelo de sua máquina
voadora, talvez desestimulado por seu amigo e mestre, Chistopher Polhem. Este argumentou que "voar por meios
artificiais seria tão difícil quanto achar o ‘moto perpetuo’ ou produzir ouro artificialmente, embora, à primeira vista,
isso possa parecer fácil e viável".
Emanuel Swedenborg 9

Método astronômico
Recém-formado em Engenharia, Swedenborg desenvolveu um método para determinar a longitude da Terra com
base na Lua, pelas paralaxes. Hoje, é tido como a mais significativa de suas primeiras descobertas. Embora não tenha
sido bem acolhido pelos sábios da época, Swedenborg sempre insistia que seu método era "o único que pode ser
enunciado, o mais fácil e, de fato, o correto". Sua confiança nele era tanta, que o republicou, por diversas vezes, entre
1718 e 1766, em latim e sueco. Esse tratado recebeu crítica favorável da Acta Literaria Sueciae, de 1720. O editor
afirmava que o tratado de Swedenborg era superior a todos os que tinham sido formulados até àquela data. O Acta
Eruditorum, de 1722, publicado em Leipzig, também faz muitos elogios à sua invenção.

Estruturas cerebrais
"No manuscrito Cérebro, publicado postumamente, ele localizou o processo do pensamento no córtex do cerebelo e
identificou aquilo que mais tarde se chamou de 'células piramidais' como sendo ligadas umas às outras e a todas as
partes do corpo, para funcionar como receptoras dos sentidos e diretoras dos movimentos. Esta descoberta se deu
meio século antes de vir a ser do conhecimento da comunidade médica. Poucos anos mais tarde, nos Arcanos
Celestes, observou, em vários contextos, que os hemisférios direito e esquerdo do cérebro desempenham funções
específicas e distintas, o esquerdo estando envolvido com os processos racionais e intelectuais, e o direito com as
afeições e intenções". Robert H. Kirven, Ph.D, na obra "A Continual Vision, Swedenborg Foundation, NY.

Outras invenções
Entre outras de suas invenções, destacam-se ainda: o "projeto de um navio que podia mergulhar com sua tripulação
ao fundo do mar e causar grandes danos à armada inimiga"; um sistema de comportas nas docas para suspender
navios cargueiros; um sistema de moinhos impulsionados pela ação do fogo sobre a água; uma metralhadora
pneumática capaz de dar de sessenta a setenta tiros, sem recarregar.

No Espiritismo
Segundo a Revista Espírita do mês de novembro de 1859,[2] Swedenborg retorna para uma comunicação com Allan
Kardec e afirma que esse espírito que lhe apareceu, auto-denominado "Deus" ou "Senhor", era na verdade um
espírito inferior que se fez passar pelo Senhor, segundo Swedenborg não por maldade, mas por pura ignorância.
Nesta mesma revista, fala-se que ele escreveu muita coisa importante, mas também muitos absurdos. Esse mesmo
espírito auto-denominado o "Senhor" o fez escrever essas coisas. O problema de Swedenborg é que ele acreditava
em tudo o que os espíritos lhe ditavam, sem passar pelo crivo da razão e do bom senso. No tempo de Kardec,
diferentemente do seu tempo encarnado, Swedenborg reconhece seus vários erros, em que um deles foi a crença nas
penas eternas.
[1] Newchurch.org (http:/ / www. newchurch. org) / NovaIgreja.org (http:/ / www. novaigreja. com. br)
[2] KARDEC, Allan (1859). Swedenborg. Revista Espírita, Paris, p. 437-447, Novembro. Reimpresso pela Federação Espirita Brasileira em
2004.
Emanuel Swedenborg 10

Bibliografia
• CARNEIRO, Victor Ribas. ABC do Espiritismo (5a. ed.). Curitiba (PR): Federação Espírita do Paraná, 1996.
223p. ISBN 85-7365-001-X p. 205-209.
• DOYLE, Arthur Conan. História do Espiritismo. São Paulo: Editora Pensamento, 1995.

Ver também
• Moderno Espiritualismo

Ligações externas
• Arcana Coelestia e Apocalipsis Revelata (http://books.google.com/books?id=YxdX09NeCCgC&hl=pt-BR&
source=gbs_ViewAPI)
• Swedenborg.com (http://www.swedenborg.com.br/index.htm) (Reproduzido parcialmente com a devida
autorização cf. consta no fim da página).
• Obras Literárias (http://www.swedenborg.com.br/sweden/obras/obras.htm)

Irmãs Fox
As Irmãs Fox foram três mulheres que, nos Estados Unidos da
América tiveram um importante papel na gênese do Moderno
Espiritualismo Ocidental. As irmãs eram Kate Fox (1837–1892),
Leah Fox (1814–1890) e Margaret Fox (também chamada de
"Maggie") (1833–1893).

Biografia

A família Fox
Em 11 de dezembro de 1847, a família Fox, de origem canadense,
instalou-se em uma casa modesta na povoação de Hydesville, no
estado de Nova Iorque, distante cerca de trinta quilômetros da
cidade de Rochester[1] .
O nome da família Fox origina-se do sobrenome "Voss", depois
"Foss" e finalmente "Fox". Eram de origem alemã, por parte
paterna; e francesa, holandesa e inglesa, por parte materna.
O grupo compunha-se do chefe da família, Sr. John D. Fox, da
esposa Sra. Margareth Fox e de mais duas filhas: Kate, com 11 e As irmãs Fox. Da esquerda para a direita: Margaret,
Kate e Leah.
Margareth, com 14 anos de idade. O casal possuía mais filhos e
filhas. Entre estas, Leah, mais velha, que morava em Rochester,
onde lecionava música. Devido aos seus casamentos, foi sucessivamente conhecida como Sra. Fish, Sra. Brown e
Sra. Underhill. Leah escreveria um livro, "The Missing Link" (New York, 1885), no qual faz referência às supostas
faculdades paranormais de seus ancestrais.

Inicialmente, apenas Margareth e Kate tomaram parte nos acontecimentos. Posteriormente, Leah juntou-se a elas e
teve participação ativa nos episódios subseqüentes ao de Hydesville.
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A casa de Hydesville antes dos Fox


Lucretia Pulver era uma jovem que servira como dama de companhia do casal Bell, quando eles tinham habitado a
casa em Hydesville até 1846. Ela contou a curiosa história de um mascate que se hospedara com os Bell, referindo
que, na noite que esse vendedor passaria com aquele casal, ela foi mandada dormir na casa dos pais. Três dias
depois, tornaram a procurá-la, dizendo-lhe que o mascate fora embora. Ela nunca mais viu esse homem.
Depois disso, passado algum tempo, aproximadamente em 1844, começaram a registrarem-se fenômenos estranhos
naquela casa. A mãe de Lucretia, Sra. Ann Pulver, que mantinha relações com a família Bell, relata que, naquele ano,
certa vez quando visitara a Sra. Bell, indo fazer tricô em sua companhia, ouvira desta uma queixa. A Sra. Bell
dissera-lhe que se sentia muito mal e quase não havia dormido à noite. Quando indagada sobre a causa, a Sra. Bell
havia declarado que se tratava de rumores inexplicáveis; parecera-lhe ter ouvido alguém a andar de um quarto para
outro; tinha acordado o marido e o feito levantar-se e trancar as janelas. A princípio, tentou afirmar à Sra. Pulver que
possivelmente se tratasse de ratos. Posteriormente, confessara não saber qual a razão de tais rumores, para ela
inexplicáveis.
A jovem Lucretia também testemunhou os fenômenos insólitos observados naquela casa, e os Bell terminaram por
mudar-se dali.
Em 1846, instalou-se na casa a família Weekman, composta pelo Sr. Michael Weekman, a Sra. Hannah Weekman e
suas filhas. Alguns dias após a mudança, passaram a ser perturbados por ruídos insólitos: batidas na porta da entrada,
sem que ninguém visível o estivesse fazendo e passos de alguém andando na adega ou dentro de casa.
A família Weekman também não permaneceu muito tempo naquela casa, vindo a deixá-la em fins de 1847.
Assim, a 11 de dezembro de 1847, a referida casa passou a ser ocupada pela família Fox.

A noite das primeiras transcomunicações


Inicialmente os Fox não sofreram nenhum incômodo em sua nova residência. Entretanto, algum tempo depois, mais
precisamente nos dois primeiros meses de 1848, os mesmos ruídos insólitos que perturbaram os antigos inquilinos
voltaram a manifestar-se. Eram batidas leves, sons semelhantes a arranhões nas paredes, assoalhos e móveis, os
quais poderiam perfeitamente ser confundidos com rumores naturais produzidos por vento, estalos do madeiramento,
ratos, etc. Por isso, tão somente, a família Fox não deveria ter-se sentido molestada ou alarmada. Entretanto, tais
ruídos cresceram de intensidade, a partir de meados de março de 1848. Batidas mais nítidas e sons de arrastar de
móveis começaram a se fazer ouvir, pondo as meninas em sobressalto, ao ponto de se negarem a dormir sozinhas no
seu quarto e passarem a querer dormir no quarto dos pais. A princípio, os habitantes da casa, ainda incrédulos quanto
à possível origem sobrenatural dos ruídos, levantavam-se e procuravam localizar causas naturais para os mesmos.
Na noite de 31 de março de 1848, desencadeou-se uma série de sons muito fortes e continuados. A partir disto
ocorreu o que é considerado como um marco na história da fenomenologia paranormal. A menina de sete anos de
idade - Kate Fox - desafiou a "força invisível" a repetir, com os golpes, as palmas que ela batia com as mãos.
Segundo os relatos, a resposta teria sido imediata: a cada estalo, um golpe era ouvido logo a seguir. O que os fizeram
concluir que a causa dos sons seria uma inteligência incorpórea. A seguir transcreve-se alguns trechos do
depoimento da Sra. Margareth Fox:
"Na noite de sexta-feira, 31 de março de 1848, resolvemos ir para a cama um pouco mais cedo e não nos
deixamos perturbar pelos barulhos; íamos ter uma noite de repouso. Meu marido, que aqui estava em todas as
ocasiões, ouviu os ruídos e ajudou a pesquisar. Naquela noite fomos cedo para a cama - apenas escurecera.
Achava-me tão alquebrada e com falta de repouso que quase me sentia doente. Meu marido não tinha ido
para a cama quando ouvimos o primeiro ruído naquela noite. Eu apenas me havia deitado. A coisa começou
como de costume. Eu a distinguia de qualquer outro ruído jamais ouvido. As meninas, que dormiam em outra
cama no quarto, ouviram as batidas e procuraram fazer ruídos semelhantes, estalando os dedos. Minha filha
menor, Kate, disse, batendo palmas: 'Senhor Pé Rachado, faça o que eu faço.' Imediatamente seguiu-se o som,
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com o mesmo número de palmadas. Quando ela parou, o som logo parou. Então Margareth disse, brincando:
'Agora faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro' e bateu palmas. Então os ruídos se produziram
como antes. Ela teve medo de repetir o ensaio. Então Kate disse, na simplicidade infantil: 'Oh! Mamãe! Eu já
sei o que é: amanhã é 1 de abril e alguém quer nos pregar uma mentira.'
"Então pensei em fazer um teste que ninguém seria capaz de responder. Pedi que fossem indicadas as idades
de meus filhos, sucessivamente. Instantaneamente foi dada a exata idade de cada um, fazendo pausa de um
para outro, a fim de separar, até o sétimo, depois do que se fez uma pausa maior e três batidas mais fortes
foram dadas, correspondendo à idade do menor, que havia morrido.
"Então perguntei: É um ser humano que me responde tão corretamente? Não houve resposta. Perguntei: É um
espírito? Se for, dê duas batidas. Duas batidas foram ouvidas assim que fiz o pedido. Então eu disse: Se for
um espírito, produzindo um tremor na casa. Perguntei: Foi assassinado nesta casa? A resposta foi como a
precedente. A pessoa que o assassinou ainda vive? Resposta idêntica, por duas batidas. Pelo mesmo processo
verifiquei que fora um homem, que o assassinaram nesta casa e os seus despojos enterrados na adega; que a
família era constituída de esposa e cinco filhos, dois rapazes e três meninas, todos vivos ao tempo de sua
morte, mas que depois a esposa morrera. Então perguntei: Continuará a bater se chamarmos os vizinhos para
que também escutem? A resposta afirmativa foi alta."
"Desse modo, foram chamados vários vizinhos, os quais, por sua vez, convocaram outros, de maneira que,
mais tarde e nos dias subseqüentes, o número de curiosos era enorme. Naquela noite compareceram o Sr.
Redfield, o Sr. e a Sra. Duesler e os casais Hyde e Jewell."
"Mr. Duesler fez muitas perguntas e obteve as respostas. Em seguida indiquei vários vizinhos nos quais pude
pensar, e perguntei se havia sido morto por algum deles, mas não obtive resposta. Após isso, Mr. Duesler fez
perguntas e obteve as respostas. Perguntou: Foi assassinado? Resposta afirmativa. Seu assassino pode ser
levado ao tribunal? Nenhuma resposta. Pode ser punido pela lei? Nenhuma resposta. A seguir disse: Se seu
assassino não pode ser punido pela lei, dê sinais. As batidas foram ouvidas claramente. Pelo mesmo processo
Mr. Duesler verificou que ele tinha sido assassinado no quarto do leste, há cinco anos passados, e que o
assassínio fora cometido à meia noite de um terça-feira, por Mr......; que fora morto com um golpe de faca de
açougueiro na garganta; que o corpo havia sido enterrado; tinha passado pela despensa, descido a escada e
[sido] enterrado a dez pés abaixo do solo. Também foi constatado que o móvel fora dinheiro."
"Qual a quantia: cem dólares? Nenhuma resposta. Duzentos? Trezentos? etc. Quando mencionou quinhentos
dólares as batidas confirmaram."
"Foram chamados muitos dos vizinhos que estavam pescando no ribeirão. Estes ouviram as mesma perguntas
e respostas. Alguns permaneceram em casa naquela noite. Eu e as meninas saímos. Meu marido ficou toda a
noite com Mr. Redfield. No sábado seguinte a casa ficou superlotada. Durante o dia não se ouviram os sons,
mas ao anoitecer recomeçaram. Diziam que mais de trezentas pessoas achavam-se presentes. No domingo os
ruídos foram ouvidos o dia inteiro por todos quantos se achavam em casa."

As escavações na Adega
Através de combinação alfabética com as pancadas produzidas, as irmãs Fox teriam obtido a identidade daquele que
supostamente produzia os sons. Tratava-se de um mascate de nome Charles B. Rosma, o qual tinha trinta e um anos
quando, há quatro anos passados, teria sido assassinado naquela casa e enterrado na adega. O assassino fora um
antigo inquilino. O que, pela data, os fizeram deduzir que o crime poderia ter sido cometido pelo Sr. Bell. Os mais
interessados em esclarecer o caso resolveram escavar a adega, visando encontrar os despojos do suposto assassinado.
As escavações, porém, não levaram a resultados definitivos, pois deram n'água, sem que se tivessem encontrado
quaisquer indícios. Por essa razão foram suspensas.
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No Verão de 1848, o próprio Sr. David Fox, auxiliado por alguns interessados, retomou o empreendimento. A uma
profundidade de um metro e meio, encontraram uma tábua. Aprofundada a cova, encontraram restos de carvão, cal,
cabelos e alguns fragmentos de ossos que foram reconhecidos por um médico como pertencentes a um esqueleto
humano; mais nada.
As provas do crime eram precárias e insuficientes, razão talvez pela qual o Sr. Bell não foi denunciado.

A descoberta do esqueleto
Na edição de 23 de novembro de 1904 do Boston Journal foi notificada a descoberta do esqueleto de um homem [2]
cujo espírito se supunha ter ocasionado os fenômenos na casa da família Fox em 1848. Alguns meninos de uma
escola achavam-se brincado na adega da casa onde residiram os Fox, casa que tinha a fama de ser mal-assombrada.
Em meio aos escombros de uma parede - talvez falsa - que existira na adega, os garotos encontraram as peças de um
esqueleto humano.
Junto ao esqueleto foi achada um lata de um produto costumeiro usado por mascates. Esta lata encontra-se agora em
Lily Dale [3], na sede central regional dos Espiritualistas Americanos, para onde foi transportada da velha casa de
Hydesville.

O movimento espiritualista espalha-se


As duas meninas, Margareth e Kate, foram afastadas de sua casa, pois se suspeitava que os fenômenos fossem
ligados sobretudo à sua presença. Margareth passou a morar com o seu irmão David Fox. Kate mudou-se para
Rochester, onde ficou em casa de sua irmã Leah, então casada e agora Sra. Fish. Entretanto, os ruídos insistiam em
acompanhar as irmãs Fox; onde quer que elas se encontrassem, registravam-se os fenômenos. Agora se observava
mesmo uma espécie de contágio, pois, Leah Fish, a irmã mais velha, passou a apresentar também os mesmos
fenômenos. Em pouco tempo, começaram a ser observados no seio de outras famílias:
"Era como uma nuvem psíquica, descendo do alto e se mostrando nas pessoas suscetíveis. Sons idênticos
foram ouvidos em casa do Reverendo A. H. Jervis, ministro metodista residente em Rochester. Poderosos
fenômenos físicos irromperam na família do Diácono Hale, de Greece, cidade vizinha de Rochester. Pouco
depois a Sra. Sarah A. Tamlin e a Sra. Benedict de Auburn, desenvolveram notável mediunidade (...)."
O movimento espalhar-se-ia, mais tarde, pelo mundo, conforme fora afirmado em uma das primeiras comunicações
através das irmãs Fox. As próprias forças invisíveis insistiram para que se fizessem reuniões públicas onde elas
pudessem manifestar-se ostensivamente.

Repercussão entre intelectuais


Em 1853, Robert Hare, professor de Química na Pensilvania University, pretendeu desmascarar "a ilusão dos
fenômenos de Hydesville". Após numerosas e meticulosas experiências, terminou por reconhecer a sua autenticidade,
publicando a obra "Experimental Investigation of the Spirit Manifestation" (1855).
A partir do episódio das irmãs Fox, a chamada transcomunicação passou atrair a atenção de um pequeno grupo de
cientistas no Ocidente. Inicialmente, tais investigadores achavam-se, em sua maioria, imbuídos de forte cepticismo
acerca dos fenômenos paranormais que passaram a ganhar popularidade inusitada na Europa. Desde o início, as
pesquisas conduziram à formação de três correntes, conforme as opiniões dos pesquisadores acerca da natureza dos
referidos fenômenos.
O primeiro grupo consistiu nos que viram nesses fatos uma confirmação de suas crenças na sobrevivência, na
comunicabilidade e progresso dos Espíritos. A natureza do Homem, para eles, era dual, e continha um componente
espiritual além do material. Desta interpretação, surgiu um aspecto religioso como decorrência imediata do
reconhecimento da natureza espiritual da criatura humana. O Espiritualismo, na Inglaterra, e o Espiritismo, na
França, são exemplos dessa interpretação, embora ambos reivindiquem, também, para as suas doutrinas, aspectos
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filosóficos e científicos.
Um segundo grupo constituiu-se, em sua maioria, por cidadãos de acentuado interesse científico. Alguns já eram
cientistas profissionais, professores e investigadores em diversas áreas de conhecimento teórico e prático. Outros,
com títulos e formação superior, embora não especialistas em disciplinas científicas, sentiram-se também
interessados em investigar de maneira racional os referidos fatos, denominados, na época, como "fenômenos
psíquicos". Dai a designação usual desta atividade: "Psychical Research" (Pesquisa Psíquica). Na França, Charles
Richet deu-lhe outro nome: "Metapsíquica". Neste segundo grupo, figuravam, indistintamente, os espiritualistas, os
indiferentes e os materialistas. Apenas os seguintes objetivos pareciam movê-los: confirmar ou negar os propalados
fenômenos e, no caso afirmativo, descobrir a sua real causa eficiente.
Finalmente, um terceiro grupo, compreendendo a maioria dos interessados, colocou-se em franco antagonismo
relativamente aos dois primeiros. Compunha-se de cientistas, intelectuais em geral, jornalistas e pessoas comuns.
Alguns eram fiéis ou chefes de religiões instituídas. Grande número desses cidadãos, especialmente os intelectuais,
achava-se impregnado de filosofias materialistas e haviam absorvido as idéias positivistas. Revelaram-se
profundamente cépticos e procuraram liquidar com a crença nos aludidos fenômenos. Para eles, os fenômenos
paranormais eram manifestações de superstição, ilusões e fraudes, ou alienação mental. Para alguns religiosos,
poderiam ser armadilhas do "demônio", ou tentativas de indivíduos mal intencionados que visavam abalar as bases
das religiões tradicionais. Outros chegavam a acreditar que se tratava da revivescência da Magia e do Ocultismo,
numa tentativa de domínio de opinião pública.

Controvérsias
Existem céticos que afirmam que as irmãs Fox confessaram à imprensa estadunidense que fraudaram ao produzir as
batidas. Estas supostas confissões teriam sido reportadas em artigos dos jornais New York Herald de 27 de Maio e 10
de Setembro de 1888, assim como no New York World de 22 de Outubro do mesmo ano.
Estas afirmativas constam do livro "O Espiritismo no Brasil. Orientação para os católicos", escrito por Boaventura
Kloppenburg em 1960. O autor era conhecido como um "ferrenho opositor do Espiritismo"[4] . Os artigos traduzidos
por Kloppenburg e apresentados no seu livro apresentam uma série de inconsistências, a saber:
• Os artigos no livro apresentam as irmãs Fox como nascidas nos EUA, enquanto em verdade nasceram no Canadá,
na vila de Bath (próxima à cidade Kingston); e
• Os fenômenos descritos no livro são diferentes daqueles fenômenos apresentados na literatura espírita, pois
compara as reuniões espíritas com as saturnálias secretas realizadas na Roma Antiga [4] .
Ainda em 1888, Margaret contou a sua versão sobre as origens dos misteriosos "rapps"[5] :
"Quando nós íamos para a cama à noite costumávamos amarrar uma maçã a uma corrente e mover a
corrente para cima e para baixo, causando as batidas da maçã no chão, ou nós deixávamos a maçã cair no
chão, causando um ruído estranho a cada vez que o fazíamos. A [nossa] mãe ouviu isto por algum algum
tempo. Ela não o compreendia e não suspeitava de nós como sendo capazes de uma travessura, por sermos
tão jovens."
[1] Embora a povoação não mais exista, faz parte da atual cidade de Arcadia, no Condado de Wayne. In: WEISBERG, Barbara. Talking to the
Dead: Kate and Maggie Fox and the Rise of Spiritualism. San Francisco: HarperSanFrancisco, 2004: 12–13. ISBN 0-06-075060X
[2] Artigo do "Boston Journal" de 1904 (http:/ / psychicinvestigator. com/ demo/ FOXtx2. htm) relatando a descoberta de um corpo no porão da
casa das irmãs Fox.
[3] http:/ / www. lilydaleassembly. com
[4] MOURA, Vitor. As Irmãs Fox – O Que os Céticos Não Contam (http:/ / www. ceticismoaberto. com/ arquivo/ mediumfox. htm). Acessado
em 21/08/2007.
[5] HOUDINI, Harry. A Magician Among the Spirits, pg. 5. Arno Press, A New York Times Company, New York, 1972. Original printing, 1924.
ISBN 0-405-02801-6
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Bibliografia
• CARNEIRO, Victor Ribas. ABC do Espiritismo (5a. ed.). Curitiba (PR): Federação Espírita do Paraná, 1996.
223p. ISBN 85-7365-001-X p. 4l-46.
• KLOPPENBURG (O.F.M.), Frei Boaventura. Espiritismo e fé. São Paulo: Quadrante (http://www.quadrante.
com.br/), 1990 (Temas Cristãos, n° 16). 68p.
• id. Espiritismo: orientação para os católicos. São Paulo: Edições Loyola (http://www.loyola.com.br/), 1997.
208p. ISBN 8515004585

Ligações externas
• (em inglês) The Fox Sisters (http://www.prairieghosts.com/foxsisters.html)
• (em inglês) The Fox Sisters: Communicating with the Beyond, Spiritualism and the Lily Dale Community (http://
www.crookedlakereview.com/books/saints_sinners/martin10.html) por John H. Martin.
• (em inglês) The Fox Sisters: Kate and Maggie, pioneer pythonesses (http://digitalseance.wordpress.com/2007/
07/31/the-fox-sisters-kate-and-maggie-pioneer-pythonesses/)
• (em inglês) Video e imagens dos alicerces da casa das irmãs Fox em Hydesville, New York (http://www.
foxsisters.net) pelo Rev. Brian Kent
• (em inglês) The Rochester Rappers (http://victorian-magic.blogspot.com/2006/05/rochester-rappers.html)
The United States Democratic Review, April 1853
• (em inglês) Fox Sisters (http://www.randi.org/encyclopedia/Fox sisters.html) em An Encyclopedia of Claims,
Frauds, and Hoaxes of the Occult and Supernatural por James Randi.
• (em português) A história das irmãs Fox em página do Projeto Ockham (http://www.projetoockham.org/
historia_copo_2.html)
• (em inglês) The death-blow to spiritualism: being the true story of the Fox sisters, as revealed by authority of
Margaret Fox Kane and Catherine Fox Jencken (1888) (http://www.archive.org/details/
deathblowtospiri00daverich)
Fontes e editores do artigo 16

Fontes e editores do artigo


Andrew Jackson Davis  Source: http://pt.wikipedia.org/w/index.php?oldid=18193570  Contributors: Arges, Bonás, Carlos Luis M C da Cruz, Dantadd, Especialista, Renato S N Costa, Roberto
Cruz, 2 edições anónimas

Emanuel Swedenborg  Source: http://pt.wikipedia.org/w/index.php?oldid=18608242  Contributors: Albmont, AlexandreNonato, Alexg, Bonás, Carlos Luis M C da Cruz, Diegoveras, DrLutz,
Ghammax, Immanis, JLCA, Kleiner, Manuel de Sousa, RafaAzevedo, Renato S N Costa, Renato sr, Retornaire, Simoes, Vini 175, 13 edições anónimas

Irmãs Fox  Source: http://pt.wikipedia.org/w/index.php?oldid=18193580  Contributors: Brunosl, Carlos Luis M C da Cruz, Conhecer, Dantadd, Eamaral, Felipe P, Lfsmoura, Mosca,
Rafaelribeirob, Renato S N Costa, Roberto Cruz, 13 edições anónimas
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Müller, Roberto Cruz
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Stefan-Xp
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