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Resumo
Apostila elaborada para ser utilizada na disciplina de Mecânica Geral II como apoio para as
atividades realizadas em sala de aula e como referência de estudos. Este material foi compilado tendo
por base uma miscelânea de outros materiais (veja as referências) e dimensionado para a carga horária
da disciplina de forma a contemplar toda a sua ementa.
Conteúdo
1 As Leis de Newton do Movimento 4
5 Impulso e Colisões 36
5.1 Força aplicada dependente do tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5.2 Dinâmica de um Sistema de Muitas Partı́culas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5.3 Movimento de Dois Corpos que Interagem – Massa Reduzida . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.4 Colisões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.4.1 Colisão Frontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 2
7 Oscilações Acopladas 56
7.1 Osciladores Acoplados − Modos Normais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
7.2 Osciladores Acoplados: Pêndulos Acoplados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
7.3 Exercı́cios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Mecânica Geral II
Parte I
I - Todo corpo permanece em seu estado de repouso A constante µBA = 1/µAB é, de fato, a medida
ou movimento retilı́neo uniforme se nenhuma força da inércia de B em relação á A. Podemos expressar
o obrigar a mudar tal estado. µBA como a razão
X
~ =0
F (1) mB
µBA = (4)
mA
A primeira lei descreve uma propriedade comum
a toda matéria: a inércia. e usar a inércia de um corpo padrão como unidade.
Esta lei nos leva à definição de um tipo parti- A razão mB /mA não deve depender do corpo es-
cular de sistema de referência chamado sistema de colhido como padrão. Isto é verdade porque, con-
referência Newtoniano ou inercial. Tal sistema é siderando um terceiro corpo C, podemos escrever
aquele no qual a primeira lei de Newton é válida. µBC = µ . Chamamos a quantidade m de massa.
BA
Sistemas de referência acelerados ou em rotação não µAC
são inerciais. Newton ainda preocupou-se em distinguir a
Na prática, em casos onde a precisão desejada massa inercial (definida como descrito acima, base-
não seja muito alta, um sistema fixo à Terra é apro- ada nas propriedades de inércia) da massa gravita-
ximadamente inercial. cional (definida por meio da Lei da Gravitação Uni-
versal). Todas as experiências realizadas até hoje
II - A mudança do estado de movimento de um indicam que a massa inercial é idêntica à massa gra-
corpo é diretamente proporcional à força aplicada vitacional. Por isso, não precisaremos distinguir os
e ocorre na direção da força. dois tipos de massa1 .
O fato fundamental expresso nas equações (3) e
~ = m d~v
X
F (2) (4) e interpretado de acordo com a definição de força
dt
(segunda Lei de Newton) nos leva à terceira Lei de
É mais difı́cil colocar em movimento um corpo Newton.
que possua uma inércia maior. A medida quantita- III - A cada ação corresponde sempre uma reação
tiva de inércia é chamada massa. igual e em sentido oposto.
A massa é a constante de proporcionalidade entre
a força aplicada (causa do movimento) e a aceleração
~ ab = −F
F ~ ba (5)
adquirida pelo corpo (efeito observado), na segunda
lei de Newton.
Esta Lei, embora seja uma ”lei de ação ins-
A questão é: como medir o conteúdo de inércia
tantânea à distância”, não conhece exceções.
(massa) de um corpo, mesmo que em relação a um
outro corpo, tomado como referência (padrão)? O conceito de força é a essência da mecânica
Newtoniana e, dadas as condições iniciais, determina
Podemos imaginar um experimento puramente
com a exatidão da Fı́sica Clássica o comportamento
mecânico, realizado em referenciais inerciais e aonde
futuro do sistema mecânico em questão.
apenas a interação entre dois corpos A e B estaria
presente. Se dois corpos interagissem, por exemplo Complementam as três Leis de Newton, a Lei da
através de uma mola, observarı́amos, por meio de Gravitação Universal
medidas cuidadosas, que as acelerações dos dois cor-
pos teriam sentidos opostos e que a razão entre seus ~ = G M m ûr
F (6)
módulos seria constante. r2
Podemos expressar o resultado deste experi-
mento por onde G é a Constante da Gravitação Universal e vale
d~vA d~vB
=− µBA (3) G = 6, 674287 × 10−11 m3 kg−1 s−2 .
dt dt
1
No Sistema Internacional de Unidades a unidade de força, definida pela Equação (2) é chamada Newton. Então a força
de 1 Newton ocasiona uma aceleração de 1 m/s2 em um objeto de 1 kg de massa. No Sistema Inglês a unidade de força é a
libra. Para relacionar as duas unidades de medida usamos a relação dada pela força peso (W = mg), onde g é a aceleração
da gravidade sendo 9,81 m/s2 no Sistema Internacional de Unidades e 32,2 pés/s2 no Sistema Inglês.
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 5
→ y = y0 + v0 senθ − 12 gt2
~v = v0 ı̂ − bω senθ ı̂ − bω cosθ ̂
= v0 (1 − senθ)ı̂ − v0 cosθ̂
~v|θ=90◦ = 0
2 d d
A variação temporal da distância entre duas partı́culas é |~r12 | = |~r2 − ~r1 | que é diferente, em geral, de |~v12 |.
dt dt
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 8
2.5 Trajetória Curvilı́nea Para encontrar dût /dt, usamos a regra da cadeia
Quando a trajetória da partı́cula não é retilı́nea, dût dût dφ dφ ds v
= = ûn = ûn ,
talvês o sistem de coordenadas cartesiano ortogonal dt dφ dt ds dt ρ
não seja o mais indicado para descrever o movimento
onde ρ = ds/dφ é o raio de curvatura da trajetória
da partı́cula.
da partı́cula no ponto P . Se conhecermos a equação
da trajetória y = y(x), então
2.5.1 Componentes Normal e Tangencial "
2 #3/2
dy
O vetor velocidade de uma partı́cula em movi- 1+
mento pode ser escrito como o produto do módulo dx
ρ= 2 (14)
dessa velocidade v por um vetor unitário que dá a d y
direção do movimento da partı́cula. Logo, para um dx2
movimento curvilı́neo, a direção da velocidade é tan- y=x
gente à trajetória, assim é o raio de curvatura da curva y = y(x) no ponto
y = x.
~v = v ût (13)
Então a aceleração de uma partı́cula em mo-
vimento numa trajetória curvilı́nea tem uma ace-
leração
v2
~a = v̇ ût + ûn (15)
ρ
ou seja, a partı́cula tem uma componente de ace-
leração que mede a taxa de variação da veloci-
dade, na diteção da velocidade (direção tangencial
e mesmo sentido da velocidade) e outra componente
centrı́peta (voltada para o lado côncavo da trajetória
curva, direção normal - para o centro da melhor cir-
cunferência que poderia ser traçada aproveitando-se
a maior porção possı́vel da trajetória como seu arco).
A proporção que a partı́cula se move o módulo No caso de um movimento tridimensional de-
da velocidade pode mudar, assim como a direção de vemos especificar uma terceira direção (direção bi-
ût . Usando a regra para diferenciação do produto normal) ûb , perpendicular ao plano formado pelas
de um escalar por um vetor para obter a aceleração, direções normal (ûn ) e tangencial (ût ), cujo sentido
o resultado é é estabelecido como ûb = ût × ûn .
d~v d (v ût ) dût
~a = = = v̇ ût + v Exemplo 2.5. Quando o esquiador mostrado na
dt dt dt
figura abaixo alcança o ponto A de sua trajetória
O vetor unitário ût , sendo de módulo constante, 1 2
parabólica y = x , ele tem uma velocidade de
tem uma derivada dût /dt que necessariamente deve 20
módulo 6 m/s que está aumentando à taxa de 2
expressar a mudança na direção de ût com o tempo.
m/s2 . Determine a direção de sua velocidade e a
A partı́cula está inicialmente em um ponto P qual-
aceleração ~a (módulo, direção e sentido) no instante
quer de sua trajetória. Em um intervalo de tempo
considerado. Despreze o tamanho do esquiador.
∆t a partı́cula move-se para outro ponto P ′ distante
∆s medido ao longo da trajetória. Vamos chamar
os vetores unitários tangentes em P e P ′ de ût e
û′t , respectivamente. As direções destes dois vetores
diferem de um certo ângulo ∆φ como mostrado na
figura acima.
É fácil ver que para pequenos valores de ∆φ,
a diferença ∆ût se aproxima de ∆φ em grandeza.
Também, a direção de ∆ût torna-se perpendicular à
direção ût no limite quando ∆φ e ∆s se aproximam
de zero. Segue-se que a derivada dût /dφ tem módulo
unitário e é perpendicular a ût . Assim dût /dφ = ûn .
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 9
A velocidade é sempre tangente à trajetória, as- Quando a partı́cula se move, ambos r e ûr va-
sim riam, pois ambos são funções do tempo. Dessa ma-
dy 1 neira,
= x =1
dx x=10m 10 x=10m d~r dûr
~v = = ṙûr + r .
e, como a derivada é a inclinação da reta tangente dt dt
ao ponto (interpretação geométrica da derivada), θ
= arc tg (1) = 45◦ é a direção da velocidade no
ponto A. Para dar a resposta de acordo com a con-
vensão usualmente adotada (onde o ângulo é medido
em relação ao eixo x, no sentido anti-horários), de-
vemos somar 180◦ . Assim θ = 225◦ é a direção da
velocidade no ponto A.
O raio de curvatura da trajetória no ponto A é
[eq. (14)]
dûr
" 2 #3/2 Para calcular , usamos o diagrama veto-
1 dt
1+ x rial da figura acima e, similarmente ao procedi-
10
mento adotado na subseção anterior, verificamos que
ρ= = 28, 28m
|1/10| quando a direção de ~r varia de uma quantidade ∆θ,
a mudança ∆ûr do vetor unitário ûr terá módulo
x=10m ∆θ e direção perpendicular à ûr , isto é, ûθ . Então,
∆ûr = ∆θûθ , onde, ûθ é a direção transversal (per-
Assim, a aceleração do esquiador é [eq. (15)] pendicular à direção radial ûr ). Assim, dividindo-se
por ∆t e tomando o limite para t → 0, obtemos
(6m/s2 )2 ~v = ṙûr + rθ̇ûθ (17)
~a = {2m/s2 } ût + ûn = {2ût +1, 273ûn }m/s2
28, 28m
Da mesma forma, para obter as componentes po-
lares da aceleração
d~v dûr dûθ
~a = = r̈ûr + ṙ + ṙθ̇ûθ + rθ̈ûθ + rθ̇
dt dt dt
dûr dûθ
Já sabemos que = θ̇ûθ . Para calcular ,
dt dt
usamos o diagrama vetorial da figura acima e, como
anteriormente, observamos que quando a direção ûθ
varia de uma quantidade ∆θ, a mudança ∆ûθ do
vetor unitário ûθ terá módulo ∆θ e direção perpen-
Como mostrado na figura: dicular à ûθ , isto é, a direção radial mas com sentido
negativo, ou seja, −ûr . Então, ∆ûθ = −∆θûr . As-
p sim, dividindo-se por ∆t e tomando o limite para
a = (2)2 + (1, 273)2 = 2, 37m/s2 t → 0, obtemos
2
θ = φ + 90◦ + 45◦ = arctg + 135◦ = 192, 5◦
1, 273 2
~a = r̈ − rθ̇ ûr + rθ̈ + 2ṙθ̇ ûθ (18)
ûr cosθ senθ 0 ı̂
ûθ = −senθ cosθ 0 ̂
ûz 0 0 1 k̂
| {z }
R(z)
Ou seja, a relação entre as trı́ades é4 Galileu Galilei foi personalidade fundamental
na revolução cientı́fica. Desenvolveu os primeiros
ûr = senθ cosφı̂ + senθ senφ̂ + cosθk̂ estudos sistemáticos do movimento uniformemente
acelerado e do movimento do pêndulo. Descobriu
ûθ = cosθ cosφı̂ + cosθ senφ̂ − senθk̂ (22)
a lei da decomposição do movimento dos corpos
ûφ = −senφı̂ + cosφ̂ e enunciou o princı́pio da inércia e o conceito de
referencial inercial, ideias precursoras da mecânica
Diferenciando a primeira das equações (22) em newtoniana.
relação ao tempo, obtemos
Em Discursos sobre as duas novas ciências
(1638) Galileu descreve um experimento com plano
dûr inclinado em favor de suas teses sobre a queda dos
= θ̇ cosθ cosφ − φ̇ senθ senφ ı̂ + θ̇ cosθ senφcorpos, o experimento é descrito por uma esfera de
dt bronze que desce sobre uma canaleta em uma viga
+ φ̇ senθ cosφ ̂ − θ̇ senθk̂ de madeira inclinada, enquanto uma quantidade de
água cai de um recipiente, para marcar o tempo.
Comparando com as expressões para ûθ e ûφ , das Foi ele quem introduziu o Método Cientı́fico,
expressões (22), obtemos fundamental para a revolução cientı́fica que se se-
guiu a partir de então, desde a Renascença.
dûr
= φ̇ senθ ûφ + θ̇ ûθ Com a descoberta da decomposição dos movi-
dt mentos, pode rebater a idéia aristotélica de que a
Procedendo de forma semelhante, Terra permanecia imóvel no centro do Universo.
Em 1609, em uma de suas frequentes viagens a
dûθ Veneza com seu amigo Paulo Sarpi ouviu rumores
= −θ̇ ûr + φ̇ cosθ ûφ
dt sobre a “trompa holandesa”, um telescópio que foi
dûφ oferecido por alto preço ao duque de Veneza. Ao
= −φ̇ senθ ûr − φ̇ cosθ ûθ
dt saber que o instrumento era composto de duas len-
tes em um tubo, Galileu logo construiu um capaz
Agora temos as expressões necessárias para en- de aumentar três vezes o tamanho aparente de um
contrar a velocidade e a aceleração em coordenadas objeto, depois outro de dez vezes e, por fim, um
esféricas. Assim capaz de aumentar 30 vezes.
Ao fazer uso cientı́fico do telescópio, fazendo
~r = rûr (23) observações astronômicas com ele, descobriu os
d~r dûr satélites de Júpiter, o que levou-o a defender o sis-
~v = = ṙûr + r
dt dt tema heliocêntrico de Copérnico e isto veio a lhe
= ṙûr + rφ̇senθûφ + rθ̇ûθ (24) trazer problemas com a Inquisição.
d~v
É em homenagem ao princı́pio da decomposição
~a = = r̈ − rφ̇2 sen2 θ − rθ̇2 ûr
dt dos movimentos de Galileu que intitulamos esta
2
+ rθ̈ + 2ṙθ̇ − rφ̇ senθcosθ ûθ seção de “Movimento em Uma Dimensão”, embora
apresentemos sistemas de coordenadas tridimensio-
+ rφ̈senθ + 2ṙφ̇senθ + 2rθ̇φ̇cosθ ûφ (25) nais, pois o movimento dos corpos pode ser decom-
4
posto e tratado independentemente em cada uma
Note que quando θ = φ = 0, ûr = k̂, ûθ = ı̂ e ûφ = ̂.
das suas dimensões.
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 12
a) F = F0
b) F = F0 + bt
c) F = F0 cos ωt
d) F = kt2
2.14. Um remador pode conduzir seu bote a 5 m/s 100 N, e o coeficiente de atrito cinético entre
em água parada. Se ele deseja cruzar o rio de o disco e a plataforma é µk = 0,117 .
50 m de largura para atingir o ponto B, 50 m
rio abaixo, onde a velocidade de escoamento
das águas do rio é de 2 m/s. Determine a ve-
locidade do bote e o tempo necessário para que
ele faça a travessia.
Em problemas como este, o sistema polar (ou cilı́ndrico em Se ψ é calculado como uma quantidade positiva, ele é me-
3-D) é o mais adequado para a resolução do problema. En- dido a partir da linha radial até a tangente, em sentido anti-
tretanto, as forças em questão estão direcionadas nas direções horário (ou na direção positiva de θ).
20
F = 0.
21
Fp = 0,356 N.
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 16
Z t Z v(t)
′ dv ′
∆t = t − t0 = dt = m (26)
t0 v(t0 ) F (v ′ )
F0
v(t) = v(t0 ) e−Γ(t−t0 ) + 1 − e−Γ(t−t0 ) (28)
mΓ
Quando (t − t0 ) ≫ 1/Γ, qualquer que seja a velo-
cidade inicial v(t0 ), a velocidade da partı́cula tende
ao valor vT = F0 /m Γ, chamada de velocidade ter-
minal.
A figura acima é um gráfico do deslocamento da Uma vez atingido o regime estacionário, a força
partı́cula ∆x = x − x0 (em unidades de v0 /Γ) em exercida para manter a patı́cula em movimento é
função do tempo (em unidades de 1/Γ). A partı́cula F0 = m ΓvT , ou seja, proporcional a sua velocidade.
nunca ultrapassrá a distância limite v(t0 )/Γ. A partı́cula atinge a velocidade terminal num
Expandindo a exponencial e−Γ(t−t0 ) em série de tempo da ordem de 1/Γ. A fase transiente é tão
1 rápida que, antes de Newton, acreditava-se que
Taylor f (t) = f (t0 ) + (t − t0 ) f ′ (t0 ) + f ′′ (t0 ) + · · · , para um corpo manter-se em movimento era preciso
2!
obtemos: mantê-lo submetido à ação de uma força proporcio-
1 2 nal à sua velocidade.
e−Γ(t−t0 ) = 1 − Γ(t − t0 ) + Γ (t − t0 )2 + · · ·
2
Para intervalos de tempo muito curtos, isto é,
para Γ(t − t0 ) ≪ 1, só é preciso utilizar os dois pri-
meiros termos da expansão. Assim, substituindo na
solução de x(t), encontramos:
x.22 Em particular, mostre que para n = 1/2, 3.6. Uma partı́cula de massa m está sujeita a uma
o bloco não percorrerá mais do que força F (t) = me−bt . A posição inicial e a ve-
3/2
locidade inicial são iguais a zero. Encontre
2v0 x(t)27 .
.
3γ
3.7. Considere uma partı́cula de massa m cujo mo-
3.2. Encontre a relação entre a distância de queda vimento parte do repouso num campo gravi-
e a velocidade de um corpo abandonado do re- tacional constante. Se a força de arrasto for
pouso em queda livre e sujeito a resistência do proporcional ao quadrado da velocidade (isto
ar proporcional: a) à velocidade; e b) ao qua- é, F = mγv 2 )28 ,
drado da velocidade.23 a) Calcule a velocidade e a posição da partı́cula
num instante t. Tome v(0) = 0. Qual a velo-
3.3. Um projétil é lançado verticalmente para cima
cidade terminal da partı́cula?
com velocidade v0 . Supondo que a resistência
do ar seja proporcional ao quadrado da velo- b) Mostre que a distância s que a partı́cula cai
cidade, mostre que a velocidade do projétil ao ao acelerar de v0 a v1 é dada por
retornar ao ponto de lançamento é 1 g − γv02
s(v0 → v1 ) = ln .
vv 2γ g − γv12
p 0 T ,
v02 + vT2 3.8. Uma partı́cula é lançada verticalmente para
na cima num campo gravitacional constante com
p qual 24
a velocidade terminal vT é vT =
velocidade inicial v0 . Considere a força de re-
g/γ.
sistência do ar como sendo proporcional à ve-
3.4. A velocidade de uma partı́cula de massa m locidade da partı́cula. Tomando a direção y
varia com o deslocamento x de acordo com a positiva para cima, a força resistiva será então
equação −Γmv (ou −βv) quando a partı́cula estiver se
b movendo para cima e +Γmv (ou +βv) quando
v= .
x a partı́cula estiver se movendo para baixo,
Encontre a força que atua na partı́cula em calcule a velovidade da partı́cula quando a
função de x25 . partı́cula atinge o ponto de lançamento no seu
retorno29 .
3.5. A força que atua em uma partı́cula de massa
m é dada por 3.9. Um bloco de metal de massa m desliza so-
bre uma superfı́cie horizontal que foi lubrifi-
F = kvx , cada com um óleo pesado fazendo com que o
bloco sofra uma força resistiva que varia com
em que k é uma constante. A partı́cula passa
a potência 3/2 da velocidade:
pela origem com velocidade v0 em t = 0. En-
contre x em função do tempo t26 . Fr = −mγv 3/2 .
22
v = (A + Bt)α onde A = v01−n , B = γ(n − 1) e α = (1 − n)−1 ; x = C(v0β − v β ) onde C = 1/(2 − n)γ com n 6= 1, 2 e
β = 2 − n.
23 1 g Γv 1 γv 2
a) x = − v + ln 1 + ; b) x = − ln 1 −
Γ Γ g 2γ g
24
Tomando a direção y positiva para cima, a força resistiva será então −γmv 2 quando a partı́cula estiver se movendo para
cima, e +γmv 2 quando a partı́cula estiver se movendo para baixo. Primeiramente mostreque, no movimento para cima, a
velocidade da partı́cula varia com a altura de acordo com a expressão v 2 = −vt2 vt2 + v02 e−2γy , onde y é o deslocamento
medido a partir do ponto de lançamento. Depois mostre que, no movimento para baixo, a velocidade da partı́cula varia com
a altura de acordo com a expressão. v 2 = vt2 1 − e2γy , onde agora y é o deslocamento medido a partir do ponto mais alto
da trajetória. Usando os resultados anteriores, mostre o que se pede.
25
F (x) = −mb2 x−3 . p p
26
x = a tg (b t) onde a = 2mv0 /k e b = k v0 /2m .
27
x(t) = −b−2 b t − 1 + e−bt . r
28 √ g 1 √
a) v(t) = vT tgh ( γg t) , onde vT = e x(t) = x0 + ln cos h ( γg t) .
γ γ
29
Dica: siga os mesmos procedimentos do exercı́cio 3.3.
−2 1/2 −1
30 γt −1/2 2v0 2 γt −1/2 γx
a) v(t) = + v0 ; b) x(t) = + + v0 ; c) v(x) = 1/2
; e d) Podemos tomar
2 γ γ 2 2v0
t → ∞ no resultado do item b).
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 20
As condições iniciais são: x(t = 0) = 0 e 3.13. Uma gota de chuva de raio igual a 1,5 mm
v(t = 0) = v0 30 . cai de uma nuvem localizada a uma altura
a) Resolva a equação de movimento do bloco h = 1200 m acima da superfı́cie da Terra. (a)
para encontrar v(t). Qual a velocidade terminal da gota? (b) Se não
houvesse a força de arraste, qual teria sido a
b) Integre a equação do movimento do bloco velocidade com que a gota chegaria ao solo?33
para encontrar x(t).
c) Usando a regra da cadeia 3.14. Um pequeno projétil é disparado vertical-
dv dv dx dv mente para baixo em um meio fluido nume ve-
= =v locidade de 60 m/s. Devido à resistência do
dt dx dt dx
arrasto do fluido, o projétil experimenta uma
obtenha v(x) para esse bloco. desaceleração de a = (−0, 4v 3 )m/s2 , onde v
d) Mostre que, quando t → ∞, o deslocamento é dada em m/s. Determine a velocidade do
1/2 projétil e a sua posição 4 s após ele ser dispa-
do bloco tende assintoticamente a 2v0 /γ.
rado.34
3.10. Um barco, com velocidade inicial v0 , perde
velocidade devido a uma força de arrasto em 3.15. Uma partı́cula metálica é sujeita à influência
virtude do contato de seu casco com a água de um campo magnético na medida em que ela
F = −b eαv . se move para baixo através de um fluido que se
estende da placa A para a placa B, conforme
a) Encontre sua posição em função do tempo. ilustra a figura. Se a partı́cula é solta a par-
tir do repouso no ponto C, s = 100 mm, e a
b) Quanto tempo ele leva para parar e que
aceleração é a = (4s)m/s2 , onde s é dado em
distância ele percorre?31
metros, determine a velocidade da partı́cula
3.11. Sabendo-se que a força que atua em uma quando ela alcançar a placa B, s = 200 mm, e
partı́cula é o produto de uma função da o tempo que ela leva para se mover de C para
posição e uma função da velocidade F (x, v) = B 35 .
f (x) g(v), mostre que a equação diferencial do
movimento pode ser resolvida por integração.
A equação de movimento pode ser resolvida
por simples integração se a força for o produto
de uma função da posição por uma função do
tempo? E se for o produto de uma função do
tempo por uma função da velocidade?
3.12. Uma bola de boliche é lançada de um bote,
submergindo com uma velocidade que logo
abaixo da superfı́cie é de 25 pés/s. Se a bola
experimenta uma desaceleração a = 10−0, 9v 2
enquanto submerge na água, determine a velo- 3.16. Uma partı́cula move-se ao longo de uma
cidade que ela terá quando atingir o fundo do trajetória horizontal com uma velocidade de
lago, 30 pés abaixo da superfı́cie32 . v = (3t2 − 6t) m/s, onde t é o tempo em
m αb αv0 αb αv0 t m
31
x(t) = v0 t − 2 e−αv0 1 + e t ln 1 + e t + ; b) ts = (1 − eαv0 ) e
α b m m α ab
m
xs = 2 1 − e−αv0 − αv0 e−αv0 .
32
α b
Observe que a desaceleração provocada pelo arrasto com a água diminui a velocidade de queda da bola até que esta
força de arrasto se iguale ao próprio peso da bola, quando esta passa a se deslocar com a velocidade terminal (constante).
Verifique se a bola atinge ao menos 95% de sua velocidade terminal antes de chegar ao fundo do lago. Estatisticamente
95% dos valores de uma medida estão a menos de 2 desvios-padrão para uma distribuição normal. Assim, com um nı́vel de
confiança de 95%, pode-se afirmar que se a bola atingir 95% de sua velocidade terminal antes de chegar ao fundo do lago,
será com esta velocidade que ela chegará ao fundo.
33
Suponha que a gota apresenta à atmosfera uma área de seção reta circular com um raio de 1,5 mm, que a densidade da
água que compõe a gota seja de 1000 kg/m3 , que a densidade do ar (atmosfera) seja constante e igual a 1,2 kg/m3 e que o
coeficiente adimensional de arrasto entre a água (da gota) e o ar (atmosfera) seja igual a 0,6.
34
v = 0,559 m/s para baixo e s = 4,43 m.
35
v = 0,346 m/s para baixo e t = 0,658 s.
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 21
segundos. Se ela está localizada inicialmente 3.19. Um carro de corridas do tipo dragster de
na origem O, determine a distância percor- 600 kg está se movedo com velocidade de 125
rida em 3,5 s, a velocidade média e a velo- m/s quando o motor é desligado e o paraque-
cidade média de percurso, isto é, a velocidade das de freio é aberto. Se a resistência do ar
média considerando-se todo o trajeto percor- imposta sobre o dragster devido ao paraque-
rido pela partı́cula e não apenas as posições das é FD = (6000 + 0, 9v 2 ) N, onde v é dado
inicial e final da partı́cula, durante esse inter- em m/s, determine o tempo necessário para o
valo de tempo36 . dragster chegar ao repouso.
3.17. Um projétil de 10 kg é disparado para cima
verticalmente a partir do solo com uma velo-
cidade inicial de 50 m/s. Determine a altura
máxima que ele atingirá se a) a resistência at-
mosférica for desprezada; e b) a resistência at-
mosférica for medida como FD = (0, 01v 2 ) N,
onde v é o módulo da velocidade do projétil a
qualquer instante, medida em m/s37 .
3.20 A força de flutuação de um balão de 500 kg é
3.18. Em um tubo de raios catódicos, elétrons F = 6 kN, e a resistência do ar é FD = (100v)
tendo uma mass m são emitidos de um fila- N, onde v é dado em m/s. Determine a veloci-
mento aquecido S e começam a se mover hori- dade terminal ou máxima do balão se ele parte
zontalmente com uma velocidade v0 . Quando do repouso39 .
passam entre as placas da grade, em uma
distância l eles ficam sujeitos a uma força ver-
tical que tem uma intennsidade eV /w, onde e
é a carga do elétron, V é a voltagem aplicada
atuando através das placas e w é a distância
entre as placas. Após passarem as placas, os
elétrons então se movem em linha reta e atin-
gem a tela em A. Determine a deflexão d dos
elétrons em termos das dimensões da placa de
voltagem e do tubo. Despreze a gravidade que
causa uma ligeira deflexão adicional na vertical
quando o elétron se move de A até a tela, e a
ligeira deflexão que ocorre em seu movimento
entre as placas38 .
36
s = 14,1 m, v̄ = 1,75 m/s e v̄perc. = 4,04 m/s.
37
a) h = 127 m e b) h = 114 m.
38 eV Ll
d= 2
v0 wm
39 2
a = (2, 19 − 0, 2v)m/s , v = 10, 95(1 − e−t/5 ) e vmáx = 10, 95m/s
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 22
r
θ = ωt + θ0 (38) 2E
vL =
Voltando às variáveis do problema: m
r
2E c) E = 0. Neste caso a velocidade vai a zero quando
x= senθ = A sen (ωt + θ0 ) (39) a distância for infinita, ou seja, o ponto de re-
k
Vemos que a coordenada x oscila harmonica- torno para energia zero está no infinito. A uma
mente no tempo, com uma amplitude A e frequência distância x a sua velocidade será
ω/2π. Aqui, as condições iniciais são determinadas
r
pelas constantes A e θ0 , que estão relacionados a E 2GM
e x0 por ve =
x
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 24
que é a velocidade de escape. Isto significa que Com este resultado, a solução do problema é
um corpo a uma distância x do centro da Terra e
movendo-se para cima com esta velocidade, terá a
x = xR cos2 θ
menor energia cinética que permite que ele continue s
se movendo para cima indefinidamente (desprezada 1 2GM
θ + sen 2θ = t
a resistência do ar). Para x igual ao raio da Terra: 2 x3R
1 k
c) O potencial V (x) = kx2 − 2 x4 apresenta
2 4α
o seguinte comportamento: d 1 2 dV (x)
mv = −
dt 2 dt
d 1 2
ou mv + V (x) = 0
dt 2
d 1
4.2 Forças não-conservativas v(t) = F (t)
dt m
Voltemos à Segunda Lei de Newton [eq. (29)] Integrando com relação ao tempo:
quando a força F é função apenas da posição. Multi-
Z t
plicando ambos os lados da esquação por v e usando
1 2 mv(t) = mv(t0 ) + F (t′ )dt′ (41)
o fato de que v dv = d(v ), obtemos t0
2
Definindo m v(t) = p(t), como sendo o mo-
d 1 2 mento linear (momentum linear ou quantidade de
mv = F (x) v
dt 2 movimento), na verdade uma quantidade vetorial, o
Usando a relação entre a força F (x) e a energia princı́pio do Impulso-variação do momentum linear
potencial [eq. (35)], temos: [eq. (41)] pode ser escrito como
dV (x) dx dV (x) Z t
F (x)v = − =− ~ ′ )dt′
dx dt dt ~p = ~p0 + F(t ⇒ ∆~p = ~I . (42)
t0
Isto nos diz que, para uma força conservativa, a
Z t
quantidade P = F v é uma derivada temporal total.
Isto é: onde I = F (t′ )dt′ é o impulso da força F (t).
t 0
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 27
4.3.1 Movimento de um corpo com massa inclui a força que gera o movimento do dispositivo
variável − movimento de um foguete para frente, já que esta força (empuxo) é interna ao
sistema (delimitado pelo volume de controle).
No caso de um corpo cuja massa varia com o
tempo, o conceito de impulso é bastante útil. As-
sim,
X
~ d d~p
F(t) = (m~v) =
dt dt Aplicando o princı́pio do impulso − variação do
Z tX Z ~p
~ ) dt
F(t ′ ′
= d~p′ , momentum linear (eq. 46), obtemos:
t0 ~
p(t0 )
X
onde ~p = m ~v é o momentum linear (ou quantidade mv − me ve + Fext dt
de movimento) da partı́cula de massa m = m(t). = (m − dm)(v + dv) − (me + dm)ve
P Rvamos denotar ~p(t0 ) por p~0 . Aqui,
Por simplicidade, X dv dm
os sı́mbolos e podem ser perfeitamente inter- Fext = m − (v + ve ) (44)
dt dt
cambiados, pois não há prioridade entre eles, assim:
onde adotamos o sentido de v vomo positivo, despre-
XZ t zamos termos de segunda ordem (produtos de dife-
~p0 + ~ ′ ) dt′ = ~p
F(t (43) renciais) e consideramos a velocidade de ejeção ve
t0
constante.
A integral da eq. (46) é a definição de im-
Na eq. (44), (v +
pulso resultante da aplicação de uma força (em geral,
v ) = vD/e é a veloci-
variável − função do tempo), no intervalo de tempo e
dade relativa do disposi-
dt.
tivo em relação ao com-
Assim, a eq. (46) nos diz que só é possı́vel haver
bustı́vel por ele ejetado e
mudança no momentum linear de uma partı́cula40
dm/dt é a taxa com que o
se, sobre ela, forem aplicados impulsos externos. Ou
dispositivo consome (de-
seja
vido ao sinal negativo
que o precede) seu com-
X X
~p0 + ~Iext = ~p ou ~Iext = ∆~p . bustı́vel enquando ganha
velocidade.
Considere o caso geral do movimento de um Não precisamos de
corpo com massa variável. Vamos considerar primei- muita argumentação
ramente o caso de um sistema que perde massa para inferir que o mo-
enquanto se desloca. vimento de um foguete é
o exemplo natural deste
tipo de movimento que
ganha propulsão consu-
mindo sua massa (com-
bustı́vel).
m0 gmc
vmáx = u ln −
m0 − mc c
u
mf + mc g
= ln − mc
mf c
Enquanto a corrente
Exemplo 4.4. A massa inicial combinada de um fo-
é elevada, a porção sus-
guete e seu combustı́vel é m0 . Uma massa total mc
pensa da corrente pode
de combustı́vel é consumida a uma taxa dm/dt = c
ser vista como um dispo-
e expelida a uma velocidade constante u em relação
sitivo que está ganhando
ao foguete. Determine a velocidade máxima do fo-
massa. Todos os elos sus-
guete, ou seja, no instante em que o combustı́vel
pensos da corrente são
acaba. Despreze a variação do peso do foguete com
submetidos a um novo
a altitude e a resistência ao arrasto do ar. O foguete
impulso para baixo, para
é lançado verticalmente, partindo do repouso.
cada novo elo que for
A única força externa atuando sobre o foguete é
sendo elevado do solo
o seu peso. Assim, aplicando a eq. 44:
(devido ao seu peso).
Assim, as forças
X dv dm dv agindo sobre o disposi-
Fext = m −vD/e ⇒ −W = m −uc
dt dt dt tivo que está ganhando
Em qualquer instante t durante o voo, a massa massa (os elos suspensos
do foguete pode ser expressa como m = m0 − da corrente) são:
(dm/dt) t = m0 − ct. Como W = mg, a equação
precedente se escreve X y
Fext = F − W = F − mg
l
dv
− (m0 − ct) g = (m0 − ct) − uc Para aplicar a eq. 45, é necessário ainda desco-
dt brir a taxa com que a massa está sendo adicionada ao
Separando as variáveis e integrando, obtemos sistema. Visto que v = v é constante, dv /dt = 0
c D/i c
e dy/dt = vc . Integrando e usando a condição ini-
Z v Z t
uc cial de que y = 0, quando t = 0, teremos y = vc t.
dv = − g dt Assim, a massa dos elos suspensos da corrente é, em
m − ct
0 0
0 qualquer instante, m(y/l) = m(vc t/l), e, portanto, a
m0
v = u ln − gt taxa com que a massa é adicionada à corrente sus-
m0 − ct
pensa é:
dm v
O tempo t necessário para que todo o com- =m
c
X
Fext = may = 0
y
F − mg =0
l
Portanto:
y Uma quantidade elementar de massa dm do
F = mg fluido entra no dispositivo pela extremidade A com
l
velocidade ~vA , no tempo t. Como o escoamento é
4.3.2 Fluidos em Escoamento Estacionário estacionário, no tempo t + dt, a mesma quantidade
dm de fluido deixara a extremidade B com veloci-
Vamos aplicar agora o princı́pio do impulso − dade ~vB .
variação do momentum linear ao escoamento esta- A variação na direção do escoamento do fluido
cionário da massa de partı́culas de um fluido en- dentro da região delimitada pelo volume de controle
trando e saindo de um espaço que o confina (volume) é causada pelo impulso produzido pela força resul-
numa dada região. tante externa exercida pela parede do cano.
X
~ d d~p
F(t) = (m~v) =
dt dt
Z tX Z ~p
~ ′ ) dt′
F(t = d~p′ ,
t0 ~
p(t0 )
X
~ dm
~rA × dm~vA + ~r × m~v + ~r′ × Fdt = ρH2 O R = (1000kg/m3 )(0, 2m3 /s) = 200kg/s
dt
= ~rB × dm~vB + ~r × m~v R 0, 2m3 /s
v = = = 25, 46m/s
~ 0 = dm (~rB × ~vB − ~rA × ~vA )
X B
M (48) AB π(0, 05m)2
dt R 0, 2m3 /s
vA = = 2
= 6, 37m/s
O termo dm/dt é chamado de fluxo de massa A A π(0, 1m)
e mede a quantidade de fluido que entra ou sai da
Devido à pressão estática da água agindo na su-
região de confinamento por unidade de tempo.
perfı́cie de entrada, em A, uma força
X dm
Fx = (vB,x − vA,x )
dt
Se o fluido (imcompressı́vel), de densidade ρ, −Fx + 3.141, 6N = 200kg/s (0 − 6, 37m/s)
atravessa a área de seção reta A, então a continui-
dade da massa exige que dm = ρdV = ρA (dsA AA ) =
ρB (dsB AB ). Portanto, durante o tempo dt, temos X dm
que dm/dt = ρA vA AA = ρB vB AB . Assim: Fy = (vB,y − vA,y )
dt
−Fy − (20kg)(9, 81m/s2 ) = 200kg/s (−25, 46m/s − 0)
dm
= ρv A = ρR (49)
dt Portanto, as forças de reação da parede do cano
onde R = v A, chamado de vazão ou descarga, mede sobre o fluido que escoa em seu interior são Fx =
o volume do escoamento do fluido por unidade de 4, 41kN e Fy = 4, 90kN.
tempo. As reações de Momento (torque) são:
~ · ~v = Fx vbloco
P = F
1hp
= 16, 9lb × 5pés/s × = 0, 154 hp
550pés · lb/s
4.3. Observa-se que uma certa mola não obedece c) Uma partı́cula sob a ação da força de
à Lei de Hooke. A força (em Newtons) que atração gravitacional.
ela exerce quando esticada de uma distância
x (em metros) possui uma intensidade igual a 4.6. Analise os conceitos de Universo aberto, fe-
52, 8x+38, 4x2 na direção contrária ao alonha- chado e plano, à luz do sinal da energia de
mento45 . uma galáxia situada no mesmo48 .
a) Calcule o trabalho necessário para alongar 4.7. Determine os pontos de retorno, em função da
a mola de x = 0, 50 m até 1,00 m. energia, de uma partı́cula sujeita a uma força
elástica da forma
b) Com uma das extremidades da mola fixa,
uma partı́cula de massa igual é presa à outra F (x) = −k x .
extremidade da mola quando esta é esticada
de uma distância x = 1, 00 m. Se a partı́cula Discuta o movimento a partir do gráfico da
for solta do repouso neste instante, qual será a energia potencial49 .
sua velocidade no instante em que a mola tiver 4.8. Um asteroide de massa M encontra-se a uma
retornado à configuração na qual seu alonga- grande distância da Terra e se aproxima do-
mento é de 0,5 m? tado de uma velocidade V0 , de tal forma que
seu parâmetro de impacto seja b50 .
4.4. Calcule o trabalho realizado pelas forças nor-
mais e magnéticas. a) Determine o momento angular do asteróide.
b) Determine a distância de máxima apro-
O que se pode afirmar sobre tais forças46 ?
ximação em função da energia do asteróide.
4.5. Obtenha a expressão da energia mecânica para c) Discuta o risco de colisão, levando em conta
os seguintes casos simples47 : o raio da Terra.
OBS.: Embora não termos ainda abordado os
a) Uma partı́cula sob ação de seu peso. temas momento angular e colisões, lembre-se
destes conceitos da Fı́sica 1. Aqui, pretende-
b) Uma partı́cula sob ação de uma força res- se discutir o problema, evidenciando-se o con-
tauradora elástica. ceito de energia.
45
Veja a solução em: http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=5505.
46
Veja a solução em: http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=5470
47
Veja a solução em: http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=5517.
48
Veja a solução em: http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=5533.
49
Veja a solução em: http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=5535.
50
Veja a solução em: http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=5537.
51
Há 6 situações dinâmicas distintas de interesse:
a) Ponto 1: se Em = 4J (linha roxa), em x1 tem-se U (x) = 4J ∴ K = 0 ⇒ v = 0. No entanto o corpo não permanece
parado pois dU/dx|x=x1 < 0 ⇒ F > 0, evoluindo no sentido +x. Observe que x < x1 é uma região é uma região proibida
pois U (x < x1 ) > Em . Portanto x = x1 é um ponto de retorno.
b) Ponto 2: se Em = 4J (linha roxa), em x5 tem-se U (x5 ) = 4J ∴ K = 0 ⇒ v = 0. Diferentemente do caso anterior, o
estado de movimento do corpo é mantido pois dU/dx|x≥x5 = 0 ∴ F = 0 ⇒ a = 0.
c) Ponto 3: se Em = 1J (linha verde), tem-se comportamento análogo ao analisado no item (a); Ponto 1.
d) Ponto 4: se Em = 1J (linha verde), em x2 tem-se que dU/dx|x=x2 = 0 ∴ F = 0. Mas U (x2 ) < Em ⇒ K 6= 0 ⇒ v 6= 0.
O corpo não permanece parado em x = x2 , ao contrário, oscila entre os pontos 3 e 5.
e) Ponto 5: se Em = 1J (linha verde), o comportamento é semelhante ao descrito em (a); Ponto 1, mas com a força F < 0,
pois dU/dx > 0.
f ) Ponto 6: se Em = 3J (linha rosa), em x3 tem-se U (x3 ) = 3J ∴ K = 0 ⇒ v = 0. Mas como dU/dx|x=x3 = 0 então
F = 0 e o corpo permanece em x = x3 .
Observe que os Pontos 2, 4 e 6 possuem uma caracterı́stica em comum. Nestes 3 distintos pontos, a força que atua no
corpo é nula. Tratam-se de pontos de equilı́brio do sistema, no entanto equilı́brios distintos.
No Ponto 2, caso o corpo seja deslocado para a direita, permanecerá submetido à F = 0, um ponto de equilı́brio neutro.
Já, nos Pontos 3 e 5, ao ter sua posição perturbada, o corpo sofre a ação de uma força que tende a reconduzir o corpo à
posição de equilı́brio. Esta força sempre contrária ao deslocamento do corpo produz movimentos limitados do tipo oscilatórios
(verifica-se, localmente, que o potencial nesta região é semelhante ao proporcionado por uma mola).
No Ponto 4, ao ter sua posição perturbada, o corpo sofre a ação de uma força que tende a reconduzir o corpo de volta a
sua posição original. Denominam-se os pontos deste gênero de pontos de equilı́brio estável.
No Ponto 6, caso o corpo seja deslocado da posição x = x3 , uma força na direção do seu deslocamento surgirá. O corpo não
retornará mais a este ponto. Pontos com este comportamento dispersivo são denominados de ponto de equilı́brio instável.
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 33
1/6 r 1/6
57 2b 2π m 2π m3 b4
xe = é a distância de equilı́brio e T = = 2π = é o perı́odo de pequenas oscilações em
a ω k 3 4a7
torno da posição de equilı́brio.
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 34
combustı́vel a uma taxa de 0,4 kg/s e o gás ponto G. A pressão da água nos flanges A e
(ar e combustı́vel) é exaurido em relação ao B é 120 kN/m2 e 96 kN/m2 , respectivamente.
avião, a uma velocidade de 450 m/s, determine Suponha que nenhuma força é transferida aos
a foorça de arrasto resultante exercida sobre o flanges em A e B. O peso especı́fico da água é
avião pela resistência do ar. Suponha que o ar γH2 O = 10 kN/m3 .
tem uma densidade constante de 1,22 kg/m363 .
Dica: visto que a massa entra e sai do avião, as
eqs. (44) e (45) devem ser combinadas para re-
P dv dme dmi
sultar em: Fs = m −vD/e +vD/i ,
dt dt dt
onde mi é a massa que ingressa no sistema
(avião) e me é a massa por ele ejetada.
5 Impulso e Colisões
d 1
v(t) = F (t)
dt m
Integrando com relação ao tempo:
Z t
1
v(t) = v(t0 ) + F (t′ )dt′ (50)
m t0
d
Como v(t) = x(t), integrando novamente a
dt
equação precedente em relação ao tempo, obtemos: Consideremos um sistema constituı́do de n
partı́culas de massas m1 , m2 , · · · mn , cujos vetores
Z t Z t posiçãao são, respectivamente ~r1 , ~r2 , · · · ~rn . Defini-
1
x(t) = x(t0 ) + v(t0 ) + F (t′′ )dt′′ dt′ (51) mos o centro de massa do sistema como o ponto
t0 m t0 cujo vetor posição rcm é dado por:
Assim, conhecendo-se F (t), a velocidade e P
a posição da partı́cula podem ser obtidas pela m1~r1 + m2~r2 + · · · mn~rn mi~ri
rcm = = (52)
aplicação das equações (50) e (51). m1 + m2 + · · · mn m
n
X
onde m = mi é a massa total do sistema. A
5.2 Dinâmica de um Sistema de i=1
Muitas Partı́culas expressão (52) pode ser decomposta para cada uma
das 3 componentes cartesianas de ~rcm ⇒ xcm , ycm
Ao estudarmos um sistema ou conjunto de mui- e zcm .
tas partı́culas livres, é importante focar nas carac- Diferenciando a eq. (52) em relação ao tempo,
terı́sticas gerais do movimento de tal sistema. obtemos:
65
F = 1490, 3 N.
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 37
X
mV~cm = mi~vi = P~cm (53)
n
X
F~i + f~ij = mi~r¨i = p~˙i
j=1;j6=i Vamos tomar um sistema isolado e portanto com
centro de massa com velocidade constante. Por sim-
onde F~i é a força externa total agindo em i e f~ij é plicidade tomaremos o centro de massa como origem.
a soma das forças de interação (internas) em i de- Temos então, de (52):
vido a presença das demais partı́culas que compõe o
sistema. m1~r¯1 + m2~r¯2 = 0 (55)
Somando para todas as partı́culas, temos:
onde ~r¯1 e ~r¯2 representam a posição das partı́culas
X n X n X n Xn de massa m1 e m2 , respectivamente, em relação ao
~
Fi + ~
fij = ˙
p~i centro de massa.
i=1 i=1 j=1;j6=i i=1 Se R ~ é o vetor posição da partı́cula 1 relativo à
partı́cula 2, então
Para cada força f~ij , existirá sempre uma força f~ji
igual e em sentido contrário (Terceira Lei de New-
ton), de forma que o segundo termo da equação pre- ~ ¯ ¯ ¯ ~r¯2 ¯ m1
R = ~r1 − ~r2 = ~r1 1 − ¯ = ~r1 1 +
cedente será sempre nulo. Assim66 : ~r1 m2
d2~r¯1 ~
~1 = f (R) R
Em especial, quando nenhuma força externa age m 1 = F
P~
no sistema ( Fi = 0 ⇒ ~acm = 0 e V~cm = cons- dt2 R
tante), o momentum linear do sistema permanece onde f (R) é o módulo da força mútua entre as duas
constante. partı́culas. Usando a eq. (55), podemos escrever:
X
p~i = P~cm = mV~cm = constante
~
d2 R ~
R m1 m2
µ = f (R) onde µ= (56)
Esta é uma consequência direta da Terceira Lei dt2 R m1 + m2
de Newton no caso de um sistema isolado e é válida,
inclusive, quando as forças entre as partı́culas não A quantidade µ é conhecida por massa reduzida.
obedecem diretamente à lei de ação e reação, como A nova equação do movimento (eq. 56) nos dá o mo-
no caso da força magnética entre duas partı́culas vimento da partı́cula 1 em relação à partı́cula 2 (to-
móveis carregadas. mada como fixa). Esta equação é a equação para o
movimento de uma partı́cula de massa µ movendo-se
em um campo central de força dada por f (R). Deste
5.3 Movimento de Dois Corpos que modo, o fato de m2 estar em movimento relativo ao
Interagem – Massa Reduzida centro de massa está automaticamente computado
quando se substitui m1 por µ. Se os corpos têm
Consideremos o movimento de um sistema consti- massas iguais, então µ = m/2. Por outro lado, se
tuido de dois corpos (tomados como partı́culas) que m2 é muito maior que m1 , então µ é praticamente
interagem através de uma força central. igual a m1 .
66
Em particular, considere
P ~ umPconjunto de partı́culas movendo-se em um campo gravitacional uniforme. Neste caso,
F~i = mi~g , de forma que Fi = mi~g = m~g e, por conseguinte: ~acm = ~g .
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 38
1
Q = µv 2 1 − ǫ2 (59)
2
onde µ é a massa reduzida e v a velocidade relativa
dos dois corpos antes da colisão.
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 39
T0 + V0 = T1 + V1
1
0+0 = mA vA2 + mA g(y − y0 )
2
1
0 = (6kg)vA2 + (6kg)(9, 81m/s2 )(0 − 1m)
2
vA = 4, 43m/s
onde vB = 0.
A perda de energia durante a colisão pode ser
calculada utilizando-se a eq. (59), assim:
1 2
Q = µv 1 − ǫ2
2
1 Com a referência de energia potencial, conforme
= (4, 5kg)(4, 43m/s)2 1 − (0, 5)2 = 33, 12 J indica a figura, podemos utilizar o princı́pio da con-
2
servação da energia mecânica total para determinar
a velocidade da bola imediatamente antes do im-
pacto.
mA mB
onde µ = = 4, 5kg e v = vA = 4, 43m/s
mA + mB
é a velocidade relativa dos dois corpos antes da co- T0 + V0 = T1 + V1
lisão. 1 2 1 1
mv0 + mg(y − y0 ) = kx2 = mv12 + 0
Este mesmo resultado poderia ser obtido 2 2 2
2
aplicando-se o princı́pio do trabalho − variação da 0 + (1, 5kg)(9, 81m/s )(0 − 1, 25m)
energia cinética, 1 1
+ (800N/m)(0, 25m)2 = (1, 5kg)v12
2 2
⇒ v1 = 2, 968m/s
Z x2
Como o teto de m2 → ∞ permanece em repouso,
U (x1 → x2 ) = F (x) dx = T2 − T1 tanto antes quando após o impacto, v2 = v2′ = 0, as
x1 eqs. (58) não são adequadas para se determinar a ve-
locidade da bola após o impacto. Entretanto, temos
a definição da eq. (57), assim:
velocidades mostradas na figura. Se o coeficiente de Entretanto, para utilizar as equações aqui desen-
restituição para os discos é ǫ = 0, 75, determine as volvidas, basta apenas aplicar as eqs. (58) para as
componentes x e y da velocidade final de cada disco, componentes x de cada uma das velocidades, pois a
logo após a colisão. colisão ocorre nesta direção (colisão frontal). Assim:
Como nenhum impulso externo atua na direção 5.3. Determine o centro de massa de uma distri-
y, nesta direção o momento linear de cada um dos buição linear de massa ao longo de um seg-
discos se conserva e isto implica que as suas veloci- mento linear de comprimento L. A distri-
dades, nesta direção, mentém-se inalteradas. Assim: buição de massa não é uniforme e é dada pela
expressão:
λ(x) = ax2
′
vA,y = vA,y = 1, 5 m/s
′ onde a coordenada x é relativa à posição de um
vB,y = vB,y = −0, 707 m/s
ponto a partir de uma de suas extremidades.
′
vA,x = −1, 26 m/s Determine o parâmetro a em função da massa
′
vB,x = 1, 22 m/s do objeto.69
68 v02 γ 2
Fração perdida = (1 + γ)−1 , s = .
2µg(1 + γ)2
69
Veja a solução em: http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=5555.
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 43
5.4. Para duas partı́culas interagindo entre si de 5.9. Mostre que a energia cinética de um sistema
forma que a energia de interação entre elas é de duas partı́culas é
dada como o quadrado da diferença das suas
coordenadas de acordo com a expressão: 1 2 1
mvcm + µv 2
2 2
k onde m = m1 + m2 , v é a velocidade relativa e
U (x1 , x2 ) = (x1 − x2 )2
2 µ é a massa reduzida.
1) Escreva as equações de movimento; 5.10. Se dois corpos colidem frontalmente, mostre
2) Determine a solução envolvendo as coorde- que a perda de energia cinética é igual a
nadas relativa e do centro de massa;
1 2
3) Escreva a solução geral.70 µv (1 − ǫ2 )
2
5.5. A partir das equações de movimento do cen- onde µ é a massa reduzida, v é a velocidade
tro de massa, demonstre que, quando o sis- relativa antes do impacto e ǫ é o coeficiente de
tema de partı́culas se encontra sob ação de restituição.
uma força gravitacional constante (e externa
ao sistema), a trajetória do centro de massa é 5.11. Uma partı́cula móvel de massa m1 colide
uma parábola.71 elasticamente com um alvo de massa m2 ini-
cialmente em repouso. Se a colisão for fron-
P
5.6. Uma força resultante Fx (t) = A + Bt2 no tal, mostre que a partı́cula incidente perde
sentido do eixo +0x é aplicada sobre uma ga- uma fração equivalente a 4µ/m de sua ener-
rota que está sobre uma prancha de skate. A gia cinética inicial, onde µ é a massa reduzida
força começa a atuar no instante t1 = 0 e con- e m = m1 + m2 .
tinua até t2 .
5.12. Um próton de massa mp com velocidade ini-
a) Qual é o impulso Jx da força? cial ~v colide com um átomo de hélio de massa
b) A garota inicialmente está em repouso, qual 4mp , inicialmente em repouso. Se o próton
é a sua velocidade no instante t2 ?72 deixa o ponto de impacto segundo um ângulo
de 45◦ em relação à direção original de seu mo-
5.7. Uma granada é lançada com velocidade ini- vimento, encontre as velocidades finais de cada
cial v0 segundo um ângulo de 45◦ . Na parte uma das partı́culas e o ângulo de espalhamento
mais alta da trajetória ela explode, dividindo- do próton no referencial do centro de massa.
se em dois fragmentos de mesma massa, um Considere:
dos quais move-se verticalmente
√ para baixo a) a colião perfeitamente elástica; e
com velocidade inicial 2v0 . Qual a direção
e a velocidade do outro fragmento após a ex- b) uma colisão inelástica em que Q = 1/4 da
plosão?73 energia cinética inicial do próton.74
5.13. Uma partı́cula de massa m com momentum
5.8. Uma bola cai de uma altura h chocando-se
inicial p1 , colide com uma partı́cula de igual
com um solo horizontal. Se o coeficiente de
massa em repouso. Se o módulo dos momenta
restituição é ǫ, mostre que a distância vertical
finais das duas partı́culas são p′1 e p′2 respec-
total percorrida pela bola até que os repiques
tivamente, mostre que a perda de energia na
cessem é
colisão é dada por
5.14. Mostre que o coeficiente de restituição pode a outra, como mostrado na figura abaixo. Se
ser determinado pela relação entre as alturas a esfera 1 tem uma velocidade v1 , determine
atingidas pelo objeto, antes do choque com a a velociadade da n-ésima esfera logo após ter
superfı́cie terrestre, ou seja, quando o objeto é sido atingida pela (n − 1)-ésima esfera adja-
solto (H) e a altura atingida depois do choque cente. O coeficiente de restituição entre as es-
(h)75 . feras é ǫ.
5.15. Um pêndulo balı́stico é um dispositivo
para medir as velocidades de projéteis e era
muito utilizado quando não existiam apare-
lhos eletrônicos para esse fim. Ele consiste em
um grande bloco de madeura, de massa M ,
suspenso por dois longos pares de fios. Um
projétil de massa m é lançado sobre o bloco, 5.19. Determine o coeficiente de restituição ǫ entre
onde fica cravado. O conjunto bloco + projétil, a bola A e a bola B de mesma massa. As ve-
imediatamente após o choque, oscila e seu cen- locidades de A e B antes e após a colisão são
tro de massa sobe verticalmente uma distância mostradas na figura abaisxo.
h antes do pêndulo parar. Suponha M = 5, 4
kg e m = 9, 5 g. Qual a velocidade inicial do
projétil se o bloco se elevar à altura h = 6, 3
cm?76
5.16. Um vagão de carga de 35 toneladas choca-se
com outro vagão que está parado. Eles enga-
tam e 27% da energia cinética inicial é dissi-
pada como calor, som, vibrações etc. Deter-
mine o peso do segundo vagão77 .
5.17. Para testar as propriedades de fabricação de
bolas de aço de 1 kg, cada bola é liberada do
repouso como mostrado na figura e atinge a su-
perfı́cie lisa inclinada de 45◦ . Se o coeficiente
de restituição é ǫ = 0,8, determine a distância
5.20. Os blocos A e B tem 5 kg e 10 kg, res-
s até onde a bola atinge o plano horizontal em
pectivamente. Depois de atingir o bloco B, A
A. Com qual velocidade a bola atinge o ponto
desliza 50 mm para a esquerda e B desliza 75
A?
mm para a direita. Se o coeficiente de atrito
cinético entre os blocos e a superfı́cie é µk =
0,2, determine o coeficiente de restitução entre
os blocos. O bloco B está originalmente em
repouso.
6.1 Força Restaurada Linear − Mo- que é uma equação diferencial linear de segunda or-
vimento Harmônico dem, homogênea e com coeficientes constantes.
qt
Para resolvê-la, vamos fazer x = Ae (solução
O módulo de uma força restauradora linear é pro- tentativa). Assim:
porcional ao deslocamento da partı́cula em relação
à sua posição de equilı́brio e seu sentido se opõe ao
deslocamento. d2
m 2 Aeq t + k Aeq t = 0
dt
F = −k (X − a) = −kx (64) mq 2 + k = 0
Isto é r
k
q = ±i = ±i ω0
m
r
√ k
onde i = .
−1 e ω0 =
m
A equação (65) é uma equação diferencial linear,
cuja forma geral é
v(t0 )
x(t) = x(t0 ) + 1 − e−Γ(t−t0 )
Γ
o mesmo resultado obtido anteriormente.
ω0 = 2πν0
r
1 1 k
ν0 = = (70)
T0 2π m
Fa = −F = kx e
Z Z x
k 2
W = Fa dx = (kx) dx = x
0 2
O trabalho W fica armazenado na mola na forma
de energia potencial
k 2
V (x) = W = x
2
A energia total será então dada pela soma das
energias cinética e potencial. Sendo x o deslocamento em relação à posição de
1 1 equilı́brio, então a força restauradora exercida pela
E = m ẋ2 + k x2 mola será −kx, e a força retardadora −cẋ, onde c
2 2
é uma constante de proporcionalidade. A equação
Para
r que ẋ seja
r real, vemos que x deve se situar diferencial do movimento F = mẍ será portanto
2E 2E −kx − cẋ = mẍ ou, rearranjando os termos
entre e− .
k r k
2E mẍ + cẋ + kx = 0 (71)
Assim: A = é a amplitude da oscilação.
k
é a equação diferencial que devemos resolver.
Novamente tentaremos uma solução do tipo ex-
ponencial A eqt , que deverá satisfazer a equação
d2 d
m 2 A eqt + c A eqt + k A eqt = 0
dt dt
para qualquer t. Isto ocorrerá se q satisfizer a
equação auxiliar mq 2 + cq + k = 0. As raı́zes são
dadas pela fórmula de báscara
√
−c ± c2 − 4mk
q= (72)
2m
1 2 1
E= mvmáx = kA2
2 2
e
r
k
vmáx = A = ω0 A
m
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 49
x(t) = A1 e−γ1 t + A2 e−γ2 t (73) Da mesma forma que anteriormente, podemos es-
crever a solução como:
Assim vemos que o movimento é não oscilatório:
o deslocamento x vai a zero de uma maneira expo-
nencial a medida que o tempo passa. x(t) = e−γt (a sen ω1 t + b cos ω1 t) (76)
−γt
x(t) = A e cos (ω1 t + θ0 ) (77)
√
6.3.2 Caso de Amortecido Crı́tico onde a = i(A+− A − ), b = (A+ + A− ), A = a2 + b2
a
e θ0 = −arctg .
No caso de amortecimento crı́tico as duas raı́zes b
são iguais. Assim existe apenas uma função e−γt e A forma real da solução mostra que o movimento
uma única constante A, onde γ = c/2m. Para ob- é oscilatório, e que a amplitude A e−γt cai exponen-
termos a solução geral, neste caso, voltaremos à eq. cialmente com o tempo. Além disso, notamos que
(71) que, para raı́zes iguais, pode ser fatorada. As- a frequência angular de oscilação ω1 é menor que a
sim: do oscilador não amortecido ω0 . A frequência ω1 é
chamada frequência natural.
No caso de amortecimento fraco, ou seja se γ
c c2 for muito pequeno comparado a ω0 , podemos usar a
mẍ + cẋ + kx = 0 ⇒ ẍ + ẋ + x=0 relação aproximada
m 4m2
d
2
ẍ + 2γ ẋ + γ x = 0 ⇒ + γ (γx + ẋ) = 0 γ2
dt ω1 ≈ ω0 −
2ω0
p
2 2
Mudando a variável u → (γx + ẋ) e integrando, que é obtida expandindo-se em série ω1 = ω0 − γ
obtemos u = A1 e−γt . Assim: pelo uso do teorema binomial e retendo somente os
dois primeiros termos84 .
Exemplo 6.5. Desenhe o circuito elétrico que é Se l for o comprimento do fio, então θ = S/l e a
equivalente ao sistema mecânico mostrado. Deter- equação diferencial do movimento é
mine a equação diferencial que descreve a carga q no
S
circuito. mS̈ + mg sen =0
l
ou, em termos de θ, na aproximação em que senθ ≈ θ
g
θ̈ + θ = 0
l
A solução, como já vimos, é
θ = θ0 cos (ω0 t + φ0 )
A equação diferencial que descreve o sistema p
onde ω0 = g/l, θ0 é a amplitude de oscilação e
mecânico é
φ0 um fator de fase. Dentro dos limites de validade
dessa aproximação o movimento é harmônico sim-
mẍ + cẋ + kx = F0 cosωt
ples e o perı́odo de oscilação é dado por:
s
2π l
T0 = = 2π
ω0 g
Observação.: Para obter uma solução mais pre-
cisa do Pêndulo Simples e do Oscilador não Linear,
isto é, uma solução sem a necessidade de aproximar
senθ ≈ θ, precisarı́amos desenvolver a função senθ
como uma série de potências, onde apenas o pri-
meiro termo da série é θ. A solução exata é obtida
por meio de integrais elı́pticas.
imerso num fluido que faz com que o movi- c) Tome o limite ω −→ ω0 do item (b) para
mento seja criticamente amortecido. Mostre mostrar que quando o oscilador é forçado na
que a máxima velocidade da massa no primeiro sua frequência natural, o deslocamento como
caso é e, multiplicado pela velocidade máxima função do tempo é dado por
no segundo caso85 .
F0
x(t) = t sen(ω0 t)
6.2. Se a amplitude de um oscilador amorte- 2mω0
cido decresce a 1/e de seu valor inicial após n
Comente sobre o significado fı́sico deste resul-
perı́odos, mostre que a frequência do oscilador
h
−1
i tado88 .
deve ser aproximadamente 1 − (8π 2 n2 ) ve-
zes a do oscilador não amortecido correspon- 6.4. O grau de amortecimento de um sistema os-
dente86 . cilante costuma ser medido em termos do cha-
mado fator de qualidade Q do sistema osci-
6.3. Considere um oscilador harmônico não amor- lante:
ωr
tecido descrito pela equação do movimento Q=
2γ
mẍ + kx = F (t) onde ωr é dado pela eq. (85).
A força externa F (t) = F0 cos (ωt), de a) Demonstre que a amplitude máxima no
frequência angular ω, começa a atuar no ins- regime estacionário e na frequência de res-
tante t. sonância é dado pela eq. (86), isto é:
a) Encontre a solução geral da equação do mo- F0
vimento para tempos t ≥ 087 . Amáx = p 2
c ω0 − γ 2
b) Para as condições iniciais x(t = 0) = 0 e p
ẋ(t = 0) = 0, mostre que o deslocamento do onde ω0 = k/m.
sistema para tempos t ≥ 0 é dado por b) Escreva a amplitude da eq. (84) em termos
de Q. Considere o caso de amortecimento fraco
F0
x(t) = [cos(ωt) − cos(ω0 t)] e faça um gráfico da amplitude para diversos
m (ω02 − ω 2 )
valores de Q e comente seus resultados89 .
p
onde ω0 = k/m é a frequência natural do c) Ainda, considerando amortecimento fraco,
oscilador. mostre que, se a frequência da força aplicada
85
Dica: No caso não amortecido, o valor máximo da velocidade é ωx0 . No caso do amortecimento crı́tico, a velocidade
em qualquer tempo t é v(t) = −x0 γ 2 te−γt . Portanto, a velocidade máxima neste caso é x0 γe−1 e a razão procurada é
ωx0
= e, onde, no amortecimento crı́tico, ω = γ.
x0 γe−1
86 1
Dica: Há oscilação somente no caso sub-amortecido, assim, do enunciado Ae−γ(t+nτ ) = Ae−γt , onde τ = 2π/ω1 é o
e
perı́odo do oscilador. Obtenha a razão ω1 /ω0 e expanda o segundo termo em série de potências (já que 1/4n2 π 2 ≪ 1),
mantendo apenas o primeiro termo.
87 F0
x(t) = Acos (ω0 t + θ0 ) + cos (ωt).
m (ω02 − ω 2 )
88
Vemos que quando forçamos o oscilador harmônico não amortecido na sua frequência de ressonância, a resposta diverge
linearmente com o tempo.
89
Introduzindo a variável adimensional α = ω/ωr , reescrevemos a amplitude como:
F0 /m F0 /mωr2
A= s =s
4γ 2 2 α2
ωr2 (1 − α2 )2 + α (1 − α2 )2 +
ωr2 Q2
Na figura ao lado é mostrados um gráfico de A/ F0 /mωr2
em função de α. À medida que o fator Q cresce (isto é,
o amortecimento diminui), a forma da curva de ressonância
toma a forma de um pico cada vez mais estreito em torno de
α = 1 (ω = ωr ). Num sistema sem nenhum amortecimento,
a amplitude seria infinita na frequência de ressonância.
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 54
for próxima da ressonância, o Q do sistema é 6.8. Resolva o Problema do Pêndulo Simples con-
aproximadamente90 siderando a expansão da função senθ até o se-
gundo termo, isto é, utilize os dois primeiros
Energia total termos
∼
Q = 2π× do desenvolvimento em série
da função
Energia perdida durante um perı́odo θ3 θ5
seno senθ = θ − + − · · · , para mos-
3! 5!
6.5. Considere um oscilador harmônico amortecido trar que a equação diferencial do movimento
com m = 10 kg, k = 250 N/m e c = m γ = 60 do pêndulo simples
kg/s. Este oscilador está sob a ação de uma
g g g 3
força externa dada por F0 cosωt, onde F0 = 48 θ̈ + senθ = 0 −→ θ̈ + θ − θ =0
N. l l 6l
a) Que valor de ω resulta em oscilações de es- admite a solução θ = Acosωt + Bcos3ωt, desde
tado estacionário com amplitude máxima? que desprezemos termos em potências de or-
b) Qual é o valor da amplitude máxima? dem mais altas em B e múltiplos mais eleva-
r r
g A2
c) Quando ω tem o valor encontrado em a), dos em ωt. Neste caso ω = 1− pode
l 8
qual é o ângulo de fase φ?91 ser tomado como a amplitude de oscilação θ0
A3
6.6. Considere um oscilador harmônico amortecido do pêndulo, já que B = − ≈
cuja equação de movimento é 3(64 + 27A2 )
A3
− , portanto muito menor que A, princi-
mẍ = −kx − cẋ 192
palmente se A for pequeno. Assim, mostre
2π
a) Mostre que se o amortecimento for crı́tico que o perı́odo T = do pêndulo simples
ω !r
(c/2m = ω0 ), para o qual as condições iniciais 2π l
são x(t = 0) = x0 e ẋ(t = 0) = 0, a taxa com deve ser corrigido para p ≈
1 − A2 /8 g
que o oscilador perde energia é r
l A2
2π 1+ + ··· .
dE g 16
= −(2m)−4 c5 x20 t2 e−ct/m
dt
6.9. Mostre que a ciclóide é uma curva de vı́nculo
b) Para este oscilador (amortecimento crı́tico), para a qual uma partı́cula oscilará sob a ação
calcule a energia total perdida após ter decor- da gravidade isocronicamente, isto é, com um
rido uma quantidade de tempo infinita. perı́odo que é independente da amplitude93 .
Z ∞
dE
Energia perdida = dt 6.10. Uma partı́cula executando movimento
0 dt harmônico simples de amplitude A passa pela
e verifique que ela é igual à energia total inicial posição de equilı́brio com velocidade v0 . Qual
do oscilador. é o perı́odo de oscilação?
6.7. Considere um oscilador amortecido com m = 6.11. Uma partı́cula executando movimento
1 kg, k = 50 N/m e c = m γ = 10 kg/s. Se as harmônico simples tem velocidade v1 quando
condições iniciais são x(t = 0) = 0,1 m e ẋ(t o deslocamento é x1 e a velocidade v2 quando
= 0) = 0, encontre o movimento subseqüente o deslocamento for x2 . Encontre o perı́odo e a
do sistema92 . amplitude do movimento.
90
Desde que o amortecimento seja fraco e a frequência da força aplicada esteja próxima da ressonância, temos que
ωr ≈ ω ≈ ω0 e Q = ω0 /2γ. Calcule a energia total do oscilador, lembrando que a potência dissipada é dada pela eq.
Z 2π/ω0
(78) e, portanto, a energia dissipada num ciclo é Ed = (Potência dissipada) dt.
0
91
a) ωr = 2, 65s−1 ; b) Amáx = 0, 2 m; e c) φ = 41, 4◦ .
√ −1
92
x(t) = 2 (0, 1m) e−5,0s t cos 5, 0s−1 t − π4
93
Dica: As equações paramétricas da ciclóide são:
Z
C
x(θ) = C cos2 θ dθ = (2θ + sen2θ)
4
Z
C
y(θ) = C senθ cosθ dθ = − cos2θ
4
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 55
6.12. Duas partı́culas de massas m1 e m2 executam supondo que a resistência do ar seja proporci-
movimento harmônico simples de amplitudes onal à velocidade.
A1 e A2 , respectivamente. Qual é a razão en-
b) Mostre que a energia do sistema cai a 1/e
tre seus perı́odos: T1 /T2 , se a energia total da
do seu valor inicial em t = vt /g.
partı́cula 1 for duas vezes a da partı́cula 2?94
6.13. Um único objeto de massa m está depen- 6.16. Mostre que a frequência da força ex-
durado em duas molas de constantes k1 e k2 terna, para a qual a amplitude do oscilador
mantidas em posição vertical. Mostre que a harmônico forçado é a metade da amplitude
frequência angular de oscilação é de ressonância, é aproximadamente
r √
k1 + k2 ω0 ± γ 3
m
se as molas forem ligadas em paralelo e 6.17. Encontre a frequência para a qual a ve-
s locidade do oscilador harmônico forçado é
k1 k2 máxima95 .
(k1 + k2 )m
6.18. Mostre que o fator de qualidade Q, defi-
se as molas forem ligadas em série. nido como ωr /2γ, de um oscilador harmônico
6.14. Uma caixa de massa M contendo um bloco forçado é igual ao fator pelo qual deve ser mul-
de massa m está dependurada em uma mola tiplicado a resposta à frequência para se obter
de constante elástica k. Encontre a força de a resposta à frequência de ressonância.
reação entre o bloco e o fundo da caixa em
6.19. Resolva a equação diferencial do movimento
função do tempo sabendo-se que o sistema foi
do oscilador harmônico sujeito a uma força
deslocado para baixo de uma distância d, con-
amortecida da forma
tada a partir da posição de equilı́brio, e em se-
guida abandonado. Para que valor de d o bloco
Fext = F0 e−αt cos (ωt)
perderá o contato com o fundo da caixa na
parte mais alta das oscilações verticais? Des-
preze a resistência do ar. 6.20. Uma plataforma, apoiada em 4 molas de
constante elástica 800 N/m, sustenta um equi-
6.15. A velocidade terminal de uma bola em queda pamento de precisão. Se o chão é submetido a
livre é vt . Quando a bola está dependurada um deslocamento vertical δ = 10sen(8t) mm,
em uma mola leve a mola se distende de x0 . a) onde t é medido em segundos, determine a am-
Mostre que a frequência natural de oscilação é plitude de vibração. Qual é a frequência de
dada por s vibração do chão necessária para causar res-
g g2 sonância? O instrumento e a plataforma tem
ω1 = − 2
x0 4vt uma massa total de 20 kg96 .
Demonstre que, se o perı́odo de oscilação da partı́cula for
independente da amplitude, a partı́cula descreverá uma tra-
jetória dada por estas equações.
Seja θ o ângulo entre a horizontal e a tangente à curva
de vı́nculo − conforme mostrado na figura. A componente
da força gravitacional (peso) na direção do movimento é
−mgsenθ. A equação diferencial do movimento ao longo
da trajetória de vı́nculo (considerado sem atrito) é então
mS̈ = −mgsenθ. Contudo, se esta equação representar mo-
vimento harmônico simples ao longo da curva, devemos ter
mS̈ = −kS. Desse modo, uma curva de vı́nculo que satisfizer
a equação S = Csenθ, com C = mg/k, produzirá movimento
harmônico simples.
dx dx dS dy dy dS
Use a regra da cadeia = e = para
dθ dS dθ dθ dS dθ
encontrar as equações paramétricas x(θ) e y(θ) da trajetória
da partı́cula.
94
p
(A1 /A2 ) m1 /2m2 .
95
Sugestão: Maximize a quantidade vmáx = ωA (ω).
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 56
7 Oscilações Acopladas
Consideremos duas massas iguais, m, ligadas por Podemos também tomar a diferença das equações
molas de mesma constante elástica k, como mos- (87) ou (88). O resultado é
trado na figura abaixo. (ẍ1 − ẍ2 ) + 3ω 2 (x1 − x2 ) = 0 (91)
inversa. Por outro lado, uma matriz não terá inversa e as partı́culas oscilam com a mesma frequência e
quando seu determinante for igual a zero. Como estão sempre em fase. Este modo normal, conforme
queremos justamente a solução não-trivial para C1 mostra a figura, é chamado modo simétrico.
e C2 , vamos fazer o determinante da matriz na (95) Escolhendo as condições iniciais x1 (t0 ) = −x2 (t0 )
igual a zero: e ẋ1 (t0 ) = −ẋ2 (t0 ), então, A1 = 0, e
2
p + 2ω 2 −ω 2 2
2 2
−ω 2 2 2 = p + 2ω
− ω4 = 0 √
p + 2ω x1 (t) = A2 cos 3ωt + φ2 = −x2 (t) (98)
(96)
√As raı́zes desta equação são p = ±iω e p =
±i 3ω. Se p = ±iω, pondo este resultado de volta
na (95), encontramos C1 = C2 (as duas equações √
produzem o mesmo resultado). E, se p = ±i 3ω,
então temos da eq. (95) que C1 = −C2 (de novo,
as equações são redundantes). As quatro funções de
base são98
A solução geral é, de acordo com o princı́pio da
superposição,
x1 1 +iωt 1
= B1 e + B2 e−iωt
x2 1 1
√ √ As partı́culas oscilam com a mesma frequência e
1 +i 3ωt 1 −i 3ωt
estão sempre em oposição de fase. Este modo normal
+B3 e + B4 e
−1 −1 é chamado modo anti-simétrico. Nele os desloca-
onde B1 , B2 , B3 e B4 são constantes complexas que mentos das partı́culas são sempre iguais e contrários.
temos de escolher, de modo que x1 (t) e x2 (t) sejam
reais.
Fazendo B2∗ = B1 = A1 eiφ1 e B4∗ = B3 = A2 eiφ2 , 7.2 Osciladores Acoplados: Pêndulos
obtemos Acoplados
x1 1
= A1 cos (ωt + φ1 ) Consideremos dois pêndulos idênticos acoplados
x2 1
√ por uma mola de constante k
1
+ A2 cos 3ωt + φ2
−1
que nada mais são que as soluções (93). Esta
solução não corresponde, em geral, a um movimento
harmônico simples para x1 e x2 . Podemos esco-
lher condições iniciais tais que A2 = 0. Basta fa-
zer x1 (t0 ) = x2 (t0 ) e ẋ1 (t0 ) = ẋ2 (t0 ), ou seja, dar
um mesmo deslocamento inicial e mesma velocidade
inicial para cada partı́cula.
Neste caso,
x1 (t) = A1 cos (ωt + φ1 ) = x2 (t) (97)
ou seja, x1 ≈ lθ1 e x2 ≈ lθ2 , onde θ1 e θ2 são os Estes resultados sobre modos normais podem ser
ângulos de desvio. Nesta aproximação, a compo- generalizados para pequenas oscilações em torno do
nente tangencial da força gravitacional sobre cada equilı́brio estável de um sistema com um número
partı́cula será: qualquer de partı́culas acopladas. Um sistema uni-
dimensional com N partı́culas tem N graus de li-
−mgθ1 ≈ −mgx1 /l = −mω 2 x1 ; para a partı́cula 1
berdade e, portanto, N modos normais de vibração.
−mgθ2 ≈ −mgx2 /l = −mω 2 x2 ; para a partı́cula 2 Cada modo normal corresponde a uma frequência de
Além da força gravitacional, cada partı́cula sofre oscilação comum a todas as partı́culas.
a ação da mola. Para deslocamentos positivos ar- Quando o sistema unidimensional com N
bitrários, a força sobre a partı́cula 1 é −k(x1 − x2 ) e partı́culas está isolado, o centro de massa do sistema
a força sobre a partı́cula 2 será igual e contrária, ou permanece em repouso ou em movimento retilı́neo
seja, −k(x2 − x1 ). Assim, as equaçães do movimento uniforme. Isto significa que, em uma dimensão, uma
para pequenas oscilações das duas partı́culas são das frequências dos modos normais é zero, corres-
pondendo a um movimento de corpo rı́gido do sis-
mẍ1 = −mω 2 x1 − k(x1 − x2 ) tema.
mẍ2 = −mω 2 x2 − k(x2 − x1 ) Se o problema de N partı́culas estiver sendo tra-
tado em três dimensões, o número de graus de li-
ou, dividindo por m, berdade de corpo rı́gido crescerá, em geral, para
ẍ1 + ω 2 x1 + ω02 (x1 − x2 ) = 0 seis. O sistema poderá transladar-se uniformemente
ao longo dos três eixos de coordenadas ou realizar
ẍ2 + ω 2 x2 + ω02 (x2 − x1 ) = 0 , (100)
p p rotações uniformes em torno dos eixos.
onde ω = g/l e ω0 = k/m. Note que o movi- Portanto, em um sistema geral de N partı́culas
mento de um pêndulo é, na verdade, bidimensional, em três dimensões, existirão seis frequências nulas e
mas, para oscilações de pequenas amplitudes, pode somente 3N − 6 frequências normais de vibração.
ser tratado como um movimento unidimensional.
Das eqs. (100), vemos que o sistema de dois Exemplo 7.1. A figura abaixo mostra um sistema
pêndulos acoplados é equivalente a um sistema de constituı́do por duas partı́culas idênticas de massa
duas massas iguais e três molas, semelhante ao que M ligadas a uma partı́cula central de massa m por
já estudamos, porém com a mola do meio tendo uma molas idênticas de constante elástica k.
constante de mola diferente das outras duas. (Se
nas eqs. (100) fizermos ω0 = ω, encontraremos exa-
tamente as eqs. (87) ou (88)). Portanto, já sabe-
mos quais são os modos normais dos dois pêndulos
acoplados: o modo simétrico é mostrado na figura à
esquerda e o modo anti-simétrico, na figura à direita.
Sejam x1 , x2 e x3 os deslocamentos longitudinais
das três partı́culas, a partir das respectivas posições
de equilı́brio. As equações do movimento para x1 ,
x2 e x3 são
M ẍ1 = −k (x1 − x2 )
mẍ2 = −k (x2 − x3 ) − k (x2 − x1 )
Para determinar as frequências de cada modo, M ẍ3 = −k (x3 − x2 )
basta notar que, no modo normal simétrico, a mola p
Introduzindo as frequências ω = k/M e ω̄ =
não sofre deformação e, portanto, os pêndulos os- p
k/m, as equações acima podem ser escritas como
cilam com a frequência livre ω. No modo anti-
simétrico, x1 = −x2 , e substituindo esta condição,
por exemplo, na equação para o pêndulo 1 (a pri- ẍ1 + ω 2 x1 − ω 2 x2 = 0
meira equação na (100)), ficamos com ẍ2 + 2ω̄ 2 x2 − ω̄ 2 (x1 + x3 ) = 0
ẍ1 + ω 2 + 2ω02 x1 = 0 (101) ẍ3 + ω 2 x3 − ω 2 x2 = 0
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 59
Usando o método matricial, podemos resolver si- graus de liberdade. Para isso, vamos definir as novas
multaneamente as 3 equações diferenciais lineares coordenadas
acima. Usando a solução tentativa
ξ = x1 + x3 , η = x1 − x3
x1 C1
x2 = C2 ept Subtraindo a terceira da primeira das equações
de movimento, ficamos com
x3 C3
obtemos ẍ1 − ẍ3 + ω 2 (x1 − x3 ) = 0
e, somando, obtemos
p2 + ω 2 −ω 2 0 C1 ẍ1 + ẍ3 + ω 2 (x1 + x3 ) − 2ω 2 x2 = 0
−ω̄ 2 2 2 2
p + 2ω̄ −ω̄ C2 = 0
0 −ω 2 2
p +ω 2
C3 que, substituindo x2 = M (x1 + x3 ) /m, nos fornece
M
Como antes, esta equação tem solução não-trivial ẍ1 + ẍ3 + ω 2 (x1 + x3 ) − 2ω 2 (x1 + x3 ) = 0
m
se o determinante da matriz for igual a zero, o que
Isto nos dá as equaçães para ξ e η:
nos dá
η̈ + ω12 η = 0
2
p + ω2
ξ¨ + ω22 ξ = 0
−ω 2 0
−ω̄ 2 p 2
+ 2ω̄ 2
−ω̄ 2 =0 onde as
r frequências dos modos normais são ω1 = ω e
0 −ω 2 p2 + ω 2 M √
ω2 = ω 2 + 2ω 2 = ω 2 + 2ω̄ 2 , iguais aos valores
m
p2 p2 + ω 2 p2 + 2ω̄ 2 + ω 2 = 0 já obtidos.
Note que o modo de frequência ω1 é o modo
As soluções são: simétrico: a partı́cula do meio fica parada enquanto
as outras duas oscilam em oposição de fase. No
p = 0, p = ±iω1 , p = ±iω2 modo de frequência ω2 , a partı́cula do meio oscila
A solução p = 0 corresponde à frequência zero em relação ao centro de massa das outras duas.
associada ao movimento do centro de massa. As
outras duas correspondem às frequências dos mo- Christiaan Huygens
dos normais
√ de vibração do sistema ω1 = ω e nasceu em Haia - Ho-
ω2 = ω + 2ω̄ 2 . O resto da análise para encontrar landa, em 14 de abril de
2
d) Suponha que os dois ı́ons estejam nas suas 7.7. Três massas idênticas m movem-se num anel
posições de equilı́brio e, então, o ı́on 1 receba horizontal. Três molas idênticas, de constante
um impulso súbito que dê a ele uma veloci- de mola k, conectam as massas e estão enro-
dade v0 . Encontre o movimento subsequente ladas em torno do anel, como mostrado na Fi-
dos dois ı́ons110 . gura. Não há atrito. Encontre os modos nor-
mais112 .
7.6. Duas massas idênticas m movem-se num anel
horizontal. Duas molas idênticas, de constante
de mola k, conectam as massas e estão enro-
ladas em torno do anel, como mostrado na Fi-
gura. Não há atrito. Encontre os modos nor-
mais111 .
1 1 GM GM
= 1− cosθ + (115)
r r0 r0 v02 r02 v02
O tipo de trajetória é determinado a partir do
valor da excentricidade da seção cônica [eq. (112)].
Assim, se:
excentricidade órbita (trajetória de voo livre)
0 cı́rculo
1 parábola
Da figura <1 elı́pse
>1 hipérbole
P F = r = e(P A) = e [p − r cos(θ − φ)]
Uma partı́cula descrevendo uma trajetória pa-
ou rabólica está no limite de nunca retornar ao ponto
1 1 1 de partida inicial. A velocidade inicial v0 necessária
= cos(θ − φ) +
r p ep para colocar um objeto em órbita numa trajetória
Comparando com a eq. (109), vemos que a parabólica pode ser obtida das eqs. (112), (113) e
distância fixa do foco até a diretriz é (114), com e = 1, ou seja
r
1 2GM
p= (111) v0 =
C r0
114
Seria periélio ou periastro, se estivéssemos nos referindo ao Sol ou a algum outro astro celeste. Em oposição, a maior
distância até a órbita é o apogeu, afélio ou apoastro, respectivamente.
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 65
π √
A área da elipse é A = πab = (rp + ra ) rp ra .
2 Da eq. (112), com h e C dados por (113) e (114),
Integrando a eq. (105), obtemos A = hT /2, onde
T é o perı́odo de tempo necessário para fazer uma temos:
revolução orbital. Assim, combinando estes dois re- r0 v02
e= − 1 = 0, 215
sultados, obtemos GM
π √ onde r0 = rp = rT + 600 km e M = MT , ou seja,
T = (rp + ra ) rp ra (116) e < 1, o que significa que a órbita será elı́ptica.
h
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 66
117 1012
vP = 30, 8 km/s e r = .
0, 502cosθ + 6, 11
118
vA′ = 3, 94 km/s e t = 46,1 min.
119
r0 = 11, 1 Mm, vA = 1964, 19 m/s e ∆vA = 814 m/s.
120
Observe que a velocidade angular do satélite em relação ao centro da Terra é a mesma que a velocidade de rotação da
própria Terra e que a relação entre velocidade angular e linear é v = ωr.
121 √
Dica: use as eqs. (116) e (115), com as propriedades geométricas da elipse a = (rp + ra )/2 e b = rp ra .
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 68
Mecânica Geral II
Parte II
Esta apostila ainda está sendo escrita. Quando esta parte estiver pronta, o Professor avisará em sala
de aula e vc. poderá fazer o download do arquivo mais atualizado em:
https://sites.google.com/site/aazeredo/artigos/material-didatico-1
Obs.: O arquivo é muito grande para ser inserido no moodle (que limita à 2Mb o tamanho do arquivo).
Mecânica Geral II
Parte III
13.1 Simetrias e Leis de Conservação deslocar o sistema na direção desta coordenada que
as equações de movimento não vão se alterar. As-
Em geral, leis de conservação estão associadas à si- sim, a conservação do momento linear está associada
metrias do sistema. De fato, se a Lagrangeana é in- à simetria de translação; a conservação do momento
dependente de uma coordenada qualquer, podemos angular à simetria de rotação; a conservação de ener-
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 71
Não vamos demonstrar o teorema de Noether A invariância por uma rotação infinitesimal im-
aqui. Vamos apenas apresentar exemplos simples plica, portanto, que a quantidade entre parênteses,
de sua aplicação. igual à componente z do momento angular do sis-
Vejamos o que acontece quando uma Lagran- tema, é uma constante do movimento.
giana L(x, ẋ, t) é invariante em relação à trans-
formação Chegamos a uma outra conclusão importante: se
x→x+ε a Lagrangiana do sistema for invariante por uma
Esta transformação, para ε pequeno, é uma rotação infinitesimal, o momento angular é conser-
translação infinitesimal ao longo do eixo x. Se a vado.
Lagrangiana não muda, devemos ter que dL/dε = 0, Podemos também encontrar uma relação com
ou seja, variáveis cı́clicas. Para isso, vamos fazer uma mu-
dança para variáveis polares planas
dL L(x + ε, ẋ, t) − L(x, ẋ, t) ∂L
0= = =
dε ε ∂x x = r cosφ
Chegamos a um resultado já esperado: se a Lagran- y = r senφ
giana não muda por uma translação ao longo de x,
então ela não deve depender explicitamente de x, ou Em coordenadas polares, a Lagrangiana é
seja, a coordenada x é cı́clica e, como visto acima,
o momento linear é uma constante do movimento. 1 1
L = m ṙ + r φ̇ − kr2
2 2
O teorema de No-
ether foi o grande feito
de Emmy Noether que,
em 1918, relacionou si-
metrias a leis de con-
servação. Este teo-
rema desempenhou um
x → x − εy importante papel no de-
y → y + εx senvolvimento da Fı́sica
Esta transformação corresponde a uma rotação infi- no século XX.
nitesimal.
De fato, sejam x′ e y ′ as coordenadas depois da
rotação infinitesimal δθ. Então Amalie Emmy Noether foi uma matemática
x′ = x cosδθ − y senδθ ≃ x − yε alemã de nascimento (nascida em Erlangen, Bavi-
y ′ = y cosδθ + x senδθ ≃ y + xε era, Alemanha, aos 23 de março de 1882 e falecida
onde, para δθ infinitesimal, cosδθ ≃ 1 e senδθ ≃ δθ em Bryn Mawr, Pensilvânia, Estados Unidos, aos
e fizemos ε = δθ. 14 de abril de 1935), conhecida pelas suas contri-
Agora buições de fundamental importância aos campos da
fı́sica teórica e álgebra abstrata. Considerada por
dL ∂L ∂L ∂L ∂L
0 = =− y+ x− ẏ + ẋ David Hilbert, Albert Einstein, Hermann Weyl e
dε ∂x ∂y ∂ ẋ ∂ ẏ outros como a mulher mais importante na história
d ∂L ∂L d ∂L ∂L da matemática, ela revolucionou as teorias sobre
= − y− ẏ + x+ ẋ
dt ∂ ẋ ∂ ẋ dt ∂ ẏ ∂ ẏ anéis, corpos e álgebra. Em fı́sica, o teorema de
d ∂L ∂L d Noether explica a conexão fundamental entre si-
= x− y = (mẏx − mẋy) metrias e as leis de conservação.
dt ∂ ẏ ∂ ẋ dt
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 73
dH = ẋdpx + px dẋ − dL
∂L ∂L ∂L A energia cinética do pêndulo é
= ẋdpx + px dẋ − dx − dẋ − dt
∂x ∂ ẋ ∂t 1 2 1 1 1
∂H T = mvCM + mω 2 = ml2 sen2 θφ̇2 + ml2 θ̇2
= ẋdpx − ṗx dx + dt 2 2 2 2
∂t
Definindo a referência para a energia potencial
onde usamos a definição de momento conjugado de como sendo o ponto em que o pêndulo está preso no
eq. (118) para cancelar o segundo com o quarto ter- teto, temos
mos, a relação (120) para substituir o último termo V = −mglcosθ
Apostila de Mecânica Geral II − Abel Dionizio Azeredo 74
reduzem o número de graus de liberdade indepen- conhecer θ(t) e θ̇(t) para calcular a tensão T no fio
dentes do sistema. No método Lagrangiano, a esco- pela equação precedente.
lha das coordenadas é feita de modo que as condições Como encontrar as forças de vı́nculo no método
de vı́nculo são automaticamente satisfeitas. Assim, Lagrangiano? Não vamos apresentar aqui o modo
para obtermos as forças de vı́nculo, precisamos so- sistemático, mas apenas resolver alguns casos sim-
mar à Lagrangiana um termo de deformação na ples explorando a idéia fı́sica por trás do método
energia potencial e acrescentar às equações de movi- geral. Fisicamente, um fio não é inextensı́vel. Ele
mento a(s) condição(ções) de vı́nculo. se deforma, mesmo que imperceptivelmente, e é a
Aqui, por simplicidade, estaremos considerando reação a essa deformação que dá origem à tensão.
apenas os tipos de vı́nculo que podem ser expres- Podemos pensar no fio como se fosse uma mola com
sos por uma relação funcional exclusivamente en- uma constante elástica muito grande. Assim, vamos
tre as coordenadas usadas para descrever a confi- violar a condição de vı́nculo e escrever para a La-
guração do sistema, podendo envolver o tempo de grangiana
modo explı́cito. Os casos em que os vı́nculos são
expressos por relações funcionais entre coordenadas
1
e velocidades, embora interessantes, são muito com- L = m ṙ2 + r2 θ̇2 + mgrcosθ − Vd (r)
plicados e não serão tratados aqui. 2
onde Vd (r) é a energia potencial de deformação do
fio, tal que −T = −dVd (r)/dr (onde T é o módulo
Exemplo 13.7. Usando da força e o sinal negativo é porque ela aponta na
o método Lagrangiano, direção oposta a r̂).
encontre a força de As equações de Euler-Lagrange nos fornecem
vı́nculo que mantém o
pêndulo simples mos- d ∂L ∂L
− =0 ⇒ mr̈−mrθ̇2 −mgcosθ+T = 0
trado na figura ao lado dt ∂ ṙ ∂r
oscilando num plano. (A-1)
d ∂L ∂L
− =0 ⇒ mr2 θ̈+2mrṙθ̇+mgrsenθ = 0
dt ∂ θ̇ ∂θ
Escolhemos, como de costume, as coordenadas (A-2)
polares r e θ para descrever o movimento da massa Temos ainda a condição de vı́nculo
m. A corda é inextensı́vel e, portanto, temos a res- r=l (A-3)
trição, ou vı́nculo, r = l, o que deixa o sistema so-
mente com um grau de liberdade, representado por As equações (A-1), (A-2) e (A-3) constituem um
θ. A força de vı́nculo é a tensão T no fio. No método sistema de três equações e três incógnitas, r, θ e T .
Lagrangino, a condição de vı́nculo está automatica- Da equação (A-3), temos que ṙ = r̈ = 0.
mente incluı́da na Lagrangiana e obtemos a equação Substituindo a condição (A-3) na equação (A-2),
do movimento sem sequer mencionar as forças. Mas obtemos a equação do movimento do pêndulo sim-
g
suponha que precisemos conhecer a tensão T no fio ples, θ̈ = − senθ.
para saber se ele vai ou não se romper. Claro que l
E, na equação (A-1), encontramos a tensão no
para um pêndulo simples achar T é um problema fio
trivial. Basta usar a segunda lei de Newton para
T = mlθ̇2 + mgcosθ .
escrever
mv 2 Exemplo 13.8. Usando o método Lagrangiano e
T − mgcosθ = = mlθ̇2 ,
l a condição de vı́nculo r = R, determine o ângulo
ou que a partı́cula de massa m, deslizando sobre um
T = mlθ̇2 + mgcosθ . hemisfério liso, irá abandoná-lo.
1
L = m ṙ2 + r2 θ̇2 − mgrcosθ − Vd (r)
2 13.8 Exercı́cios Propostos
onde tomamos a referência da energia potencial na
base do hemisfério. As equações do movimento são 13.1. Considere o problema da máquina de
Atwood mostrada na figura ao lado. Este
d ∂L ∂L sistema tem um vı́nculo, representando a
− =0 ⇒ mr̈−mrθ̇2 +mgcosθ−N = 0
dt ∂ ṙ ∂r condição do fio ser inextensı́vel,
(B-1)
y1 + y2 − l = 0
d ∂L ∂L
− =0 ⇒ mr2 θ̈+2mrṙθ̇−mgrsenθ = 0
dt ∂ θ̇ ∂θ onde l é uma constante. Encontre a tensão no
(B-2) fio122 .
onde N = −dVd /dr. A essas equações juntamos a
condição de vı́nculo
r=R (B-3)
onde ω é uma freqüência angular constante e 13.7. O ponto de suspensão de um pêndulo plano
Lz é a componente z do momento angular simples de comprimento l e massa m é restrito
a mover-se sobre a parábola z = ax2 no plano
Lz = m (~r × ~v )z = m (xẏ − y ẋ) vertical, como mostra a figura ao lado. Obte-
nha a Hamiltoniana.
a) Qual das coordenadas é cı́clica e qual a gran-
deza associada que é conservada132 ?
b) Encontre as equações do movimento. Es-
creva estas equações em termos das variáveis
(x + iy) e z e ache a solução133 .
c) A energia da partı́cula é conservada? Es-
creva a energia em termos dos momentos
canônicos, px , py , pz e mostre que a partı́cula
tem somente energia cinética134 .
(d) Que situação fı́sica é descrita por esta La-
grangiana135 ?
13.8. O ponto de suspensão de um pêndulo plano
13.6. Um pêndulo de massa m tem seu compri- simples de comprimento l e massa m é restrito
mento l encurtado a uma taxa constante α, ou a mover-se sobre um trilho horizontal conforme
seja, l(t) = l0 − αt. indica a figura. Esse ponto é ainda conectado
por uma barra sem massa de comprimento a a
Dica: Escolhendo o sistema de eixos de coor-
um anel de raio a e massa M que pode girar
denadas para o pêndulo, como na figura, temos
livremente sobre seu centro fixado no trilho.
Obtenha a Hamiltoniana.
m h ˙ ~ i2 GM m
L= ~r + Ω × ~r +
2 r
“Imprima as próximas páginas e traga-as para utilizar como formualário nas provas da
disciplina de Mecânica Geral II (O Apêndice A.1 é o formulário da primeira prova e o
Apêndice A.2 é o formulário da segunda prova). Obs.: Fica sob a responsabilidade do
aluno trazer este formulário impresso para sua utilização durante a realização das provas.
Nenhum outro formulário será aceito. Entretanto, a utilização do formulário é opcional,
ou seja, é perfeitamente possı́vel realizar a prova sem a utilização de um formulário (A
alegação de que ’não foi possı́vel realizar a prova devido a falta de um formulário’ não
será aceita, em nenhuma hipótese). O professor, ao aplicar a prova, fará a vistoria dos
formulários trazidos pelos alunos e recolherá qualquer material estranho”.
A.1 Segunda Lei de Newton em Uma Dimensão (Primeira Prova)
P~
Segunda Lei de Newton: F = m~a, onde v2
Aceleração: ~a = v̇ ût +
ûn
d~v d~r ρ
~a = = é a aceleração da partı́cula/corpo
onde ρ é o raio de curvatura e os vetores unitários ût
dt dt
~
material na direção da aplicação da força F. e ûn indicam as direções tangencial (tangente à tra-
P jetória da partı́cula, no sentido da sua velocidade) e
Em uma dimensão: Fx = max , ou simples-
normal (apontando para o centro da curva − lado
2
P dv dx côncavo), respectivamente. Se a equação da tra-
mente, F = m = , onde x é a direção
dt dt2 jetória y = y(x) é conhecida, então
unidimensional escolhida.
3/2
No caso em que ~a = 0 (~v = constante) temos a (1 + y ′2 )
P~ ρ=
lei da inércia F = 0 (Primeira Lei de Newton). |y ′′ |
y=x
Completam as Leis de Newton, a Lei da Ação e ′ ′′ 2 2
Reação: F ~ 1→2 = −F ~ 2→1 (Terceira Lei de Newton). onde y = dy/dx e y = d y/dx . No caso de movi-
mento em 3-D, uma terceira direção (binormal) deve
A equação geral do movimento, em uma di- ser especificada, tal que ûb = ût × ûn .
mensão, é:
F (x, ẋ, t) = mẍ a.2) Componentes Cilı́ndricos
1 2 2 1 1
Z x(t)
Q = µv (1 − ǫ ) , 2
∆T = mv − mv0 = 2
F (x′ )dx′
2 2 2 x(t0 )
onde v é a velocidade relativa dos dois corpos an-
tes da colisão e ǫ é o coeficiente de restituição, defi- que é o princı́pio do trabalho−variação da energia
Z x(t)
nido como a razão entre a velocidade de separação cinética, onde F (x′ )dx′ é o trabalho realizado
V ′ = |~v2′ − ~v1′ | após a colisão e a velocidade de apro- x(t0 )
ximação V = |~v2 − ~v1 | antes da colisão (ou, equiva- pela força F (x) para levar a partı́cula da posição
lentemente, como a razão entre os impulsos de resti- x(t0 ) até a posição x(t).
tuição e de deformação ou compressão). Assim, após Definindo a energia potencial V (x) como o traba-
a colisão temos: lho realizado pela força F (x) que desloca a partı́cula
de uma posição x até algum ponto de referência xs ,
′ (m1 − ǫm2 ) v1 + (m2 + ǫm2 ) v2 como
v1 = Z xs
m1 + m2 V (x) = F (x′ )dx′ ,
(m1 + ǫm1 ) v1 + (m2 − ǫm1 ) v2 x
v2′ =
m1 + m2 obtemos o princı́pio da conservação da energia,
válido (em 1-D) quando a força é uma função da
Para colisões inelásticas ǫ = 0 e para colisões
posição
perfeitamente elásticas ǫ = 1.
Para colisões oblı́quas (espalhamento) é mais ins- 1 2
trutivo descreve-las por meio das coordenadas do La- mv + V (x) = T + V = constante .
2
boratório e do Centro de Massa:
Da definição de energia potencial, tomando a
posição de referência xs como sendo aquela em que
V (xs ) = 0, podemos escrever
dV (x)
F (x) = − .
dx
Assim, o movimento da partı́cula é descrito por
r
Assim, a velocidade do centro de massa (no sis- dx 2
v= =± [E − V (x)] .
m1~v1 dt m
tema do laboratório) é: V~cm = e ~v¯1 =
m1 + m2
m2~v1
~v1 − V~cm = , onde as barras são usadas para
m1 + m2
indicar que a quantidade em questão se referem ao
sistema do centro de massa.
Uma equação que conecta os ângulos de espalha-
mento nos dois sistemas é
senθ vcm m 1 v1
tgφ1 = onde γ = ′
= ′
γ + cosθ v̄1 v̄1 (m1 + m2 )
No caso geral de colisões não elásticas, podemos
escrever γ como dE
Na presença de forças dissipativas, = F ′ v 6=
−1/2 dt
m1 Q m1 0, isto é, com F ′ representando a força dissipativa,
γ= 1− 1+
m2 T m2 a taxa de variação de E é igual a potencia fornecida
(ou dissipada) F ′ v pela força aplicada à partı́cula.
onde T é a energia cinética da partı́cula incidente, dE
medida no referencial do laboratório. Se apenas forças conservativas atuam, = 0.
dt
⇛ d) Forças dependentes da posição: ⇛ e) Força Restauradora Linear
Movimento Harmônico − Lei de Hooke: No caso de uma vibração forçada, isto é, quando
o sistema vibratório é submetido a uma força ex-
F = −kx , terna oscilante, do tipo F0 cos (ω0 t + θ), as
soluções homogêneas acima descritas devem ser
onde k é a constante elástica (ou rigidez) da mola (ou acrescidas de uma solução particular, que tem a
dispositivo que tem propriedades elásticas). Assim, forma X sen (ω0 t + ϕ), onde chamamos o ângulo
1
a energia potencial elástica é, V (x) = kx2 . de fase ϕ = φ − θ. No primeiro caso (vibração
2 F0 /k
Um dispositivo que obedeça a Lei de Hooke, tem não viscosa), X = e ϕ = 0. Isto
a seguinte equação de movimento: 1 − (ω0 /ωn )2
conduz ao fenômeno da ressonância (quando ω0 =
ẍ + ω02 x = 0 , ωn ). No segundo caso (vibração viscosa, isto é,
p na p presença de uma força ressistiva −cẋ, X =
onde ω0 = k/m é a frequência natural de oscilação F0 / (k − mωn2 )2 + c2 ωn2 e tgϕ = cω0 /(mωn2 − k).
do sistema mecânico. Esta equação pode ser obtida Neste caso o efeito da ressonância é substituido por
também derivando em relação ao tempo a Energia uma forte amplificação da amplitude de oscilação
Mecânica total do sistema. quando ωn → ω0 e a razão c/(2mωn ) → 0.
A solução desta equação tem a forma: Dado que a equação que rege a soma das quedas
de voltagem em torno de um circuito elétrico é ma-
x = Acos(ω0 t + φ) , tematicamente equivalente a equação de movimento
de um sistema mecânico oscilante, é possı́vel fazer
onde as constates A (amplitude) e φ (fase) devem ser a analogia x → q, ẋ → i, F (t) → E(t) ou V (fem
determinadas pelas condições iniciais do problema. ou ddp), m → L, c → R e k → 1/C e resolver um
O perı́odo de oscilação (2π/ω0 ) e a frequência circuito LRC equivalente ao sistema mecânico.
linear de oscilação (1/T0 ) são:
r r ⇛ f ) Osciladores Acoplados
m 1 k A Segunda Lei de Newton, para o caso de os-
T0 = 2π e ν0 = .
k 2π m ciladores acoplados é, na verdade, um sistema de
equações acopladas
Das considerações sobre a energia
p no movimento
harmônico, concluimos que A = 2E/k é a ampli-
tude de oscilação e a velocidade máxima é vmáx =
ω0 A.
Se o movimento harmônico é amortecido, isto é,
se existe também uma força de amortecimento vis-
coso −cẋ, tal que a equação de movimento do sis-
tema seja
mẍ + cẋ + kx = 0 , mẍ1 = −kx1 − k (x1 − x2 )
√ mẍ2 = −kx2 − k (x2 − x1 )
onde, caso c = 4mk o amortecimento é crı́tico,
caso c seja maior que este valor o sistema é dito su- que nos levam a solução (onde ω = pk/m):
peramortecido e, menor, subamortecido. A solução
√
geral da equação acima leva à: x1 (t) = A1 cos (ωt + φ1 ) + A2 cos 3ωt + φ2
√ √
x = Aeγ1 t + Beγ2 t , c > 4mk x (t) = A cos (ωt + φ ) − A cos 3ωt + φ
√ 2 1 1 2 2
x = (A + Bt) e−γt , c = 4mk
√ As combinações x1 + x2 e x1 − x2 são chamadas
x = D e−γt sen (ωn t + φ) , c < 4mk coordenadas normais do sistema. Elas oscilam com
uma frequência pura, cada uma, os chamados mo-
onde A, B, D e φ são constantes a serem determina-
dos normais do sistema. As soluções dependem das
das pela
p aplicação das condições iniciais, γ = c/2m, quatro constantes arbitrárias A1 , A2 , φ1 e φ2 , devem
ωn = ω02 − γ 2 e γ1,2 são as raı́zes da equação de
ser determinadas pelas condições iniciais.
segundo grau mq 2 + cq + k = 0.
Considerações de energia no movimento Com A2 = 0 [x1 (t0 ) = x2 (t0 ) e ẋ1 (t0 ) = ẋ2 (t0 )],
harmônico amortecido nos informam que a taxa na as partı́culas oscilam com a mesma frequência
qual a energia é dissipada na forma de calor, som, e estão sempre em fase [x1 (t) = A1 cos(ωt +
vibração, etc., pelo atrito é dE/dt = −cẋ2 . φ1 ) = x2 (t)]. Este modo normal é chamado modo
simétrico.
forças gravitacionais e eletrostáticas, pode ser des-
crito como F ~ = f (R) ~r = f (R)r̂
|~r|
No caso da interação gravitacional, o módulo da
−GM m
força f (R) é , onde m é a massa da partı́cula
r2
teste e M é a massa da “partı́cula” fonte do campo
Com A1 = 0 [x1 (t0 ) = −x2 (t0 ) e ẋ1 (t0 ) = gravitacional, G a constante da Gravitação Univer-
−ẋ2 (t0 )], as partı́culas oscilam com a mesma sal e r a distância radial que liga os centros de massa
frequência e estão
√ sempre em oposição de fase das duas partı́culas (de massas m e M ).
[x1 (t) = A2 cos( 3ωt + φ2 ) = −x2 (t)]. Este modo Assim, em módulo,
normal é chamado modo anti-simétrico.
d2 r −GM m
m 2 = → r̈ + GM r−2 = 0
dt r2
que, em uma dimensão poderia ser escrita como:
ẍ + GM x−2 = 0. Ou seja, uma equação diferen-
cial de segunda ordem, homogênea e de coeficientes
constantes, entretanto não linear.
Equações diferenciais não lineares são, em geral,
No caso de pêndulos acoplados, temos a Segunda
de solução muito complexa ou mesmo impossı́vel.
Lei de Newton escrita como:
Para resolver essa equação, fazemos a mudança para
as coordenadas polares. Assim:
GM m
− 2 = m r̈ − rθ̇2
r
0 = m rθ̈ + 2ṙθ̇
Assim transformamos uma equação diferencial
não linear em um sistema de equações diferenci-
ais acopladas, que devem ser resolvidas simultanea-
mente. Assim, concluı́mos que a velocidade areolar é
dA h
ẍ1 + ω 2 x1 + ω02 (x1 − x2 ) = 0 = (primeira lei de Kepler), ou seja, a área que
dt 2
ẍ2 + ω 2 x2 + ω02 (x2 − x1 ) = 0 o raio vetor que o une um planeta ao Sol varre áreas
p p iguais em intervalos de tempos iguais. Também, que
onde ω = g/l e ω0 = k/m. a equação da trajetória é:
Para determinar as frequências de cada modo,
basta notar que, no modo normal simétrico, a mola 1 1 GM GM
= 1− 2
cosθ + 2 2 .
não sofre deformação e, portanto, os pêndulos os- r r0 r0 v0 r0 v0
cilam com a frequência livre ω. No modo anti-
onde h = r0 v0 , sendo r0 a altitude da órbita em
simétrico, x1 = −x2 , e, assim, ficamos com
relação ao centro do objeto que cria o campo gravi-
ẍ1 + ω 2 + 2ω02 x1 = 0 tacional e v0 a velocidade (tangencial) do objeto em
órbita neste ponto. Se a excentricidade da órbita
Logo, a frequência do modo anti-simétrico é ω2 = r0 v02
2 2 e= − 1 for menor que 1, a trajetória de voo
ω + 2ω0 . GM
⇛ g) Movimento sob a Ação de uma Força Central livre será uma elipse (segunda lei de Kepler). A ter-
e Mecânica Espacial ceira lei de Kepler que diz que o quadrado do perı́odo
Se uma partı́cula está se movendo sob a in- orbital é proporcional ao cubo do semi-eixo maior
fluência de uma força tendo uma linha de ação que da órbita é obtida combinando estes π
resultados com
√
é sempre direcionada para um ponto fixo, o movi- a geometria da elipse: T = h (rp + ra ) rp ra ,
mento é chamado de movimento de força central. onde rp é a distância do centro da fonte até o
Este tipo de movimento, comumente causado por peri(élio/geu/astro) e ra até o af(élio/geu/astro).
A.2 Formulação da Mecânica Newtoniana em Três Dimensões e Formulações
Lagrangiana e Hamiltoniana (Segunda Prova)
P~ Z ~r2
Segunda Lei de Newton: F = m~a, onde 1 2 ~ · d~r = 1 mv 2
⇒ mv1 + F
d~v d2~r 2 ~r1 2 2
~a = = é o vetor aceleração que atua na
dt dt2 1
~ onde T = mv 2 é a energia cinética da partı́cula,
direção da aplicação da força F. 2 Z ~r2
• Movimento Translacional 2 ~ · d~r o trabalho
P~ sendo v = ~v · ~v, e U~r1 →~r2 = F
F = m(~a)G ~r1
necessário para lavá-la da posição ~r1 até a posição
onde o ı́ndice G representa o centro de gravidade do
~r2 .
corpo rı́gido.
É possı́vel separar as contribuições na rea-
Translação
P Retilı́nea (2-D):
P lização do trabalho feitas pelas forças conservati-
Fx = m(aG )x , Fy = m(aG )y vas e pelas forças dissipativas, isto é U~r1 →~r2 =
Translação Curvilı́nea (2-D): (U~r1 →~r2 )forças conservativas + (U~r1 →~r2 )forças dissipativas e,
P P
Fn = m(aG )n , Ft = m(aG )t para as forças conservativas, associar uma função
• Movimento Rotacional escalar, a qual chamamos de energia potencial V (~r),
P~ P~
MG = I G α ~ , M0 = I 0 α
~ ~ r = −dV (~r), já que, se a força for conser-
ou seja, F·d~
onde escolhemos o eixo z (ou b) como sendo o eixo
vativa, F ~ = −∇V ~ (~r), onde ∇ ~ ≡ ∂ ı̂ + ∂ ̂ + ∂ k̂.
em torno do qual o corpo gira, assim o movimento ∂x ∂y ∂z
translacional de um ponto sobre o corpo rı́gido acon- Isto nos leva ao princı́pio da conservação da Energia
tece no plano (2-D). Mecânica total:
Rotação em torno de um eixo fixo (sendo v = ⇒ T1 + V (~r1 ) = T2 + V (~r2 ) + (U~r1 →~r2 )fçs dissip .
ωr ≡ ωr G ):
P 2 que, na ausência de forças dissipativas, conduzem à:
P Fn = m(aG )n = mω rG
T1 + V (~r1 ) = T2 + V (~r2 ) .
P Ft = m(aG )t = mαrG
M0 = I 0 α Assim, precisamos saber distinguir quando uma
No caso em que ~a = 0 (~v = constante) temos a força é conservativa ou dissipativa: Diz-se que uma
lei da inércia
P~
F = 0 (Primeira Lei de Newton). força é conservativa quando o trabalho executado
por ela sobre uma partı́cula para levá-la de uma
Completam as Leis de Newton, a Lei da Ação e posição ~r1 até uma posição ~r2 independe do cami-
Reação: F~ 1→2 = −F ~ 2→1 (Terceira Lei de Newton). nho. Neste caso podemos associar uma função po-
tencial à força e, as condições de existência de tal
A equação geral do movimento, em três di- função potencial são:
mensões, é:
1) Condição necessária: F~ = F(~
~ r); e
~ r, ~r˙ ,t) = m~¨r
F(~ 2) Condição suficiente: ∇ ~ ×F ~ = 0.
Assim, se a força satisfazer as duas condições
Momentum Linear: ~p = m~v, assim F ~ = d~p acima, ela será conservativa.
Z t2 dt Gradiente em Coordenas Cilı́ndricas:
⇒ m~v(t1 ) + ~
F(t) dt = m~v(t2 ) .
t1 ~ = ∂V ûr + 1 ∂V ûφ + ∂V k̂
∇V
Momentum Angular: L ~ 0 = ~r × ~p, onde ~r é a ∂r r ∂φ ∂z
distância da origem “0” até a partı́cula de momento Divergente em Coordenas Cilı́ndricas:
linear (ou quantidade de movimento) ~p.
Momento de uma Força: M ~ 0 = ~r × F
~ (ou tor- ~ ·F
∇ ~ = 1 ∂ (rFr ) + 1 ∂Fφ + ∂Fz
r ∂r r ∂φ ∂z
que), onde ~r é a distância da origem “0” até o ponto
~ Rotacional em Coordenas Cilı́ndricas:
de aplicacação da força F.
~
Assim M ~ 0 = dL0 = L ~˙ 0 , e ~
∇×F = ~ 1 ∂Fz ∂Fφ
− ûr +
∂Fr ∂Fz
− ûφ
dt r ∂φ ∂z ∂z ∂r
Z t2
~ ~ ~ 1 ∂ (rFφ ) 1 ∂Fr
⇒ L0 (t1 ) + M0 (t) dt = L0 (t2 ) . + − k̂
t1 r ∂r r ∂φ
Princı́pio do Trabalho-Energia: Gradiente em Coordenas Esféricas:
um dispositivo 3-dimensional que obedeça a Lei de
Hooke, tem as seguintes equações de movimento:
~ = ∂V ûr + 1 ∂V ûθ + 1 ∂V ûφ
∇V
∂r r ∂θ r senθ ∂φ ẍ + ωx2 x = 0 , ÿ + ωy2 y = 0 , z̈ + ωz2 z = 0 ,
p
Divergente em Coordenas Esféricas: onde ω(x,y,z) = k(x, y, z)/m.
As soluções são: x = Acos(ωt + α) , y =
2
Bcos(ωt + β) e z = Ccos(ωt + γ) , onde as cons-
~ =
~ ·F 1 ∂ (r F r ) 1 ∂ (senθF θ ) ∂F φ
∇ + + tates A, B, C, α, β e γ devem ser determinadas a
r2 ∂r r senθ ∂θ ∂φ
partir das condições iniciais do problema.
Rotacional em Coordenas Esféricas: Se as frequências ωx , ωy e ωz forem redutı́veis a
uma medida comum, isto é, se
ωx ωy ωz
~ =
~ ×F 1 ∂ (F φ senθ) ∂F θ = = ,
∇ − ûr nx ny nz
r senθ ∂θ ∂φ
1
1 ∂Fr ∂ (rFφ )
onde nx , ny e nz são inteiros, a trajetória se fechará,
+ − ûθ isto é, voltará ao ponto inicial, depois de um tempo
r senθ ∂φ ∂r
2πnx /ωx = 2πny /ωy = 2πnz /ωz .
1 ∂ (rFθ ) ∂Fr
+ − ûφ O perı́odo de oscilação de um pêndulo simples
r ∂r ∂θ (2π/ω), que é o inverso da sua frequência de os-
Lei da Gravitação Universal de Newton: cilação (1/T ), é (solução exata):
s
l θ02
~ = − GM m ûr ,
F T = 2π 1+ + ··· ,
r2 g 16
disto resulta que a aceleração da gravidade ~g a onde l é o comprimento do fio e θ0 a amplitude inicial
uma altura h da superfı́cie terrestre é: ~g = de oscilação do pêndulo.
GM Para um sistema de muitas partı́culas, as coor-
− ûr , onde rT é o raio da Terra. A energia
(rT + h)2 denadas do Centro de Massa, são:
potencial gravitacional é, portato, V (~r) = mgr. n
X
Definindo Φ = 4πr2 g(r) = −4πGM = −GM dΩ, mi~ri
como o fluxo do campo gravitacional ~g através de i=1
uma superfı́cie gaussiana fechada, onde Ω = 4π é o ~rCM = .
m
elemento de ângulo sólido, podemos escrever Disto, resulta, que o momentum linear do sis-
I I tema de partı́culas é:
Φ= ~ = −GM dΩ = −4πGM
~g · dA
A ~ = mV
P ~ CM ,
e, assim, a Lei de Gauss para o caso gravitacional e, consequentemente,
I n
X ~
dP
~ = −4πGMtotal ,
~g · dA Fi = = m~aCM ,
A
i=1
dt
ou, usando o teorema do divergente onde Fi é a resultante das forças externas que atuam
sobre a i-ésima partı́cula do sistema de partı́culas (já
~ · ~g = −4πGρ ,
∇ que as forças internas cancelam-se aos pares − Ter-
ceira Lei de Newton).
onde Mtotal é a massa total inserida no interior da
Se as forças externas forem o peso das próprias
superfı́cie gaussiana fechada de área A e ρ a sua den-
partı́culas que compõe o sistema, então: ~aCM = ~g.
sidade.
Assim como o momento linear, o momento angu-
Força Restauradora Linear − Lei de Hooke:
lar total de um sistema de partı́culas e o torque (ou
~ = −k(x, y, z)~r ,
F momento das forças) total são a soma das contri-
buições individuais sobre cada uma das partı́culas.
onde k é a constante elástica (ou rigidez) da mola Desta forma, as expressões e leis de conservação des-
(ou dispositivo que tem propriedades elásticas). Se tas grandezas são as mesmas que as já listadas acima
k(x) = k(y) = k(z), então o Oscilador Harmônico é para o caso de uma única partı́cula em movimento
isotrópico. Esta equação pode ser separada. Assim, tridimensional.
Entretanto, uma expressão mais conveniente onde dm = ρ dV . Para corpos compostos, o mo-
para a energia cinética de um sistema de partı́culas mento de inércia pode ser determinado pela soma
é: algébrica dos momentos de inércia de todas as for-
n
1 2 X 1 mas que compõe o corpo composto.
T = mvCM + mi v̄i2 ,
2 i=1
2 p
Raio de Giração: k = I/m
onde v̄i é o módulo da velocidade da i-ésima
partı́cula em relação ao centro de massa do sistema
Teorema dos eixos paralelos: I = IG + md2
de partı́culas.
Sempre que dois corpos colidem, há conservação
Teorema dos eixos perpendiculares: Iz = Ix + Iy
da quantidade de movimento (ou momentum linear),
já que as forças que agem durante a colisão são forças
internas, e dissipação de uma parcela da energia Momento de Inércia de massa de sólidos ho-
cinética T = p2 /2m durante a colisão. Assim: mogêneos:
|v2′ − v1′ |
ǫ= .
|v2 − v1 |
Ix = Iy = 0, 259mr2
Para uma colisão perfeitamente elástica, ǫ = 1 e
v1′ = v2 e v2′ = v1 . Para uma colisão perfeitamente 2
inelástica, ǫ = 0 e v1′ = v2′ . Iz = mr2
5
O coeficiente de restituição ǫ pode também ser
definido pela razão entre o impulso de restituição e
o impulso de compressão.
Para um corpo rı́gido extenso, podemos substi-
tuir as somatórias por integrais e utilizar o mesmo
formalismo desenvolvido acima para um sistema de 3
Ix = Iy = m(4r2 + h2 )
muitas partı́culas. Assim, para o i-ésimo elemento de 80
massa que gira junto com o corpo rı́gido com velo-
3
cidade angular ω ~ , podemos associar uma velovidade Iz = mr2
linear ~vi = ω~ ×~ri . Assim, a energia cinética do corpo 10
rı́gido será
1 2 1
T = mvCM + Iω 2 , 1
2 2 Ix = Iy = mr2
2
onde I é o momento de inércia do corpo rı́gido, de-
finido por: Iz = mr2
Z Z
2
I= r dm = r2 ρ dV .
m V
1 Princı́pio da Ação Estacionária (ou Princı́pio de
Ix = Iy = mr2
4 δS
Hamilton ou Princı́pio da Mı́nima Ação): Se =0
1 δt
Iz = mr2 para um caminho x(t), estão esta solução satisfará
2 as equações de Euler-Lagrange.
3 Formulação Hamiltoniana
Iz′ = mr2
2 ⇒ Coordenadas Cı́clicas: Dizemos que uma coorde-
nada é cı́clica quando ela não aparece explicitamente
1
Ix = mb2 na Lagrangiana. Neste caso, existe uma constante
12
de movimento associada a ela. Esta constante é cha-
1 mada de momento conjugado. ⇒ Os momentos con-
Iy = ma2 jugados à variáveis cı́clicas são constantes de movi-
12
mento.
1 ⇒ Teorema de Noether: Para cada simetria da La-
Iz = m(a2 + b2 )
12 grangiana existe uma quantidade conservada.
⇒ Hamiltoniana:
1 H = ẋpx − L ,
Ix = Iy = m(3r2 + h2 )
12
dL
1 onde px = é o momento conjugado à variável x
Iz = mr2 dẋ
2 e, em muitos casos, pode ser obtido como
H =T +V .
1
Ix = Iy = ml2 ⇒ Equações de Hamilton:
12
1 ∂H ∂H
Ix′ = Iy′ = ml2 ẋ = , ṗx = − .
3 ∂px ∂x
Referências
[1] HIBBELER, R. C. Dinâmica: mecânica para
engenharia. 12a ed. São Paulo: Pearson Pren-
tice Hall, 2011.