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AMBIENTE MARINHO

O planeta Terra é composto principalmente por água, correspondendo a


71% da superfície terrestre, que pode ser encontrada em formas de calotas e gelo
polar, água subterrânea, rios, lagos oceanos e atmosfera.
Os oceanos são os maiores reservatórios de água, onde podemos encontrar
97% da água do planeta. Podem atingir médias superiores a 2.000m de
profundidade, havendo relatos de régios mais profundos, como a fossa de
Mindanao, no oceano Pacífico Oeste com 11.524m (SOARES-GOMES &
FIGUEIREDO, 2002).
O ambiente marinho é repleto de vida, verificamos o maior número de
espécies quando comparamos ao ambiente terrestre e de água doce, como pode ser
observado na tabela abaixo.

TABELA 1 - FILOS ENCONTRADOS EM DIVERSOS AMBIENTES


Ambientes
Filo
Marinho Água doce Terrestre
Acanthocephala
Annelida
Arthopoda
Brachiopoda
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Bryozoa
Cephalochordata
Chaetognatha
Cnidaria
Ctenophora
Dicyemida
Echinodermata
Echiura
Gastrotricha
Gnasthostomulida
Hemichordata
Kamptozoa
Kinorhyncha
Loricifera
Mollusca
Nematoda
Nematomorpha
Nemertea
Onychophora
Orthonectida
Phoronida
Placozoa
Planthyelminthes
Pogonophora
Porifera
Priapulida
Rotifera
Sipuncula
Tardigrada
Urochordata
Vertebrata
FONTE: Modificado de Angel (1997) e Ruppert et al. (2005).
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A diversidade de espécies encontradas no ambiente marinho é,


possivelmente, dada pelo início evolutivo dos organismos biológicos, onde a vida
teria se iniciado nas águas mais rasas dos oceanos primitivos (SOARES-GOMES &
FIGUEIREDO, 2002). O ambiente marinho é habitado por uma vasta diversidade de
organismos que possuem diferentes hábitos de vida. Podemos encontrar filos
existentes nos três ambientes, com adaptações específicas para sobrevivência em
cada um deles, exemplificado pelos filos Annelida, Arthopoda, Cnidaria, Kamptozoa,
Mollusca, Nematoda, Nemertea, Planthyelminthes, Porifera, Rotifera, Tardigrada e
Vertebrata.
Já os filos Brachiopoda, Cephalochordata, Chaetognatha, Ctenophora,
Echinodermata, Echiura, Gnasthostomulida, Hemichordata, Loricifera, Phoronida,
Placozoa, Pogonophora, Priapulida e Urochordata só possuem representantes no
ambiente marinho e, possivelmente, não sofreram modificações adaptativas para a
conquista de outros ambientes ou tiveram insucesso na tentativa evolutiva.

GEOGRAFIA E GEOMORFOLOGIA DOS OCEANOS

Oceanos são bacias encravadas na crosta terrestre, preenchidos por água


salgada. Possuímos cinco oceanos, o Ártico, Atlântico, Austral, Índico e Pacífico,
demonstrados na Figura .
O oceano Pacífico é o maior dos oceanos, possui diversos cordões de ilhas,
devido à atividade vulcânica proveniente da colisão das placas tectônicas no fundo
desse oceano. Já o oceano Atlântico é drenado por muitos rios de grande porte
como o Amazonas, Nilo, Congo e Mississipi, além de ter muitos mares marginais,
como o Golfo do México, Mediterrâneo e Báltico (SOARES-GOMES &
FIGUEIREDO, 2002).
Os mares são porções menores de corpos d’água e podem ser mares
costeiros ou abertos, mares continentais ou mediterrâneos e mares fechados ou
isolados. Os mares são uma mistura dos oceanos que os margeiam e os rios que
são drenados.
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Os mares continentais, que se apresentam rodeados de terras e possuem


uma ligação com oceano, são divididos em: Continente, Plataforma continental,
Talude continental, Dorsal oceânica, Fossa abissal e Bacia oceânica. Demonstrado
na Figura.

FIGURA – DISPOSIÇÃO DOS OCEANOS NO PLANETA TERRA

FONTE: O que são marés e oceanos. Disponível em:


<http://bibocaambiental.blogspot.com.br/2011/11/o-que-sao-mares-e-oceanos.html>.
Acesso em: 11 out. 2013.

A plataforma continental pode apresentar extensão variável, de poucos


quilômetros até 400km na costa do Canadá. Atinge profundidade média de 200
metros. Nela ocorre um acidente abrupto, denominado vertente ou talude
continental, que pode atingir até 3.000 metros de profundidade, se ela se estende
mantendo a profundidade por uma vasta área passa a ser denominada planície
abissal.
A dorsal oceânica é uma ou mais elevações que podem ocorrer de forma
regular em áreas de atividade sísmica frequente ou no encontro de duas placas
tectônicas que se colidem. Podem ser chamadas de cordilheiras e também formam
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ilhas.
A fossa abissal é uma depressão de grande profundidade e estreita, ocorre
ao longo de áreas de subducção de placas tectônicas. Podem atingir até 11.000 m.
de profundidade.

FIGURA 2 - ESQUEMA DO RELEVO SUBMARINO

FONTE: Relevo submarino. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/relevo-


submarino-plataforma-talude-e-outras-unidades.htm>. Acessado em: 11 out. 2013.

PROCESSOS BIOLÓGICOS

No meio marinho, quantidade de matéria orgânica fixada por fotossíntese é


denominada produção primária. Esta depende da quantidade de carbono e material
orgânico produzido por organismos do fitoplâncton, que contribuem com 95% da
produtividade total. Tal produção está relacionada a diversos fatores como a
temperatura, disponibilidade de nutrientes, circulação oceânica, quantidade de CO2
e O2 e mudanças atmosféricas (PERRY, 1986).
Por outro lado, a conversão da energia luminosa em energia química
depende do pigmento fotossíntico presente nas algas e vegetais marinhos,
pequenos organismos autotróficos de grande importância, pois os oceanos cobrem
72% da superfície terrestre, além de serem a base da cadeia alimentar dos oceanos
e base do fluxo de energia nos ciclos biogeoquímicos (KENNISH, 1990; MCCLAIN et
al., 1993).
A transferência de energia que ocorre no meio marinho é dada pela
transferência da matéria orgânica nos diferentes níveis tróficos (Tabela 2), como
por exemplo, a cadeia alimentar pelágica se inicia com o fitoplâncton (algas -
primeiro nível trófico), onde espécies do zooplâncton se alimentam diretamente
(protozoários, copépodes, larváceos – segundo nível trófico) e subsequentemente,
outros zooplanctos que se alimentam de zooplânctons herbívoros formam o
próximo nível trófico. O número de níveis depende da cadeia analisada, da
localidade e comunidade encontradas. Assim, a energia vai sendo transferida
(SOARES-GOMES & FIGUEIREDO, 2002).

TABELA – CATEGORIZAÇÃO DOS NÍVEIS


TRÓFICOS EM AMBIENTE MARINHO
Nível Trófico Componentes
Produtores
Organismos autótrofos,
como microalgas, algas e
Primeiro
outros organismos
fotossintetizantes.

Consumidor primário Animais flutuantes e


herbívoros que compõem
Segundo o zooplâncton, como
protozoários, larváceos e
peixes.
Consumidor secundário Animais que se alimentam
do segundo nível trófico,
Terceiro
como peixes carnívoros e
lulas.
Animais que se alimentam
Consumidor terciário
do terceiro nível trófico,
são principalmente aves
Quarto
marinhas e peixes de
maior porte.

Decompõem restos
Decompositor
orgânicos de todos os
- outros consumidores e
produtores. São fungos e
bactérias.
FONTE: Elaborado pelo autor.

2.3 FATORES QUÍMICOS, FÍSICOS E GEOLÓGICOS DAS ÁGUAS OCEÂNICAS

Soares-Gomes & Figueiredo (2002) explicam que a densidade,


temperatura, radiação, pressão, movimentação da massa de água, salinidade e
outros são fatores físicos, químicos e geológicos, que unidos se tornam
determinantes na formação de habitats específicos no ambiente marinho, agindo
como influência no hábito de vida dos organismos.

Temperatura

A temperatura é um fator que controla a distribuição dos organismos,


limitando as atividades de reprodução e crescimento. Esse fator é tão importante
que dividimos o globo em zonas climáticas, como por exemplo, a zona polar,
temperada subtropical e tropical. Essas zonas são definidas pela incidência solar
em cada região do globo, o que forma um conjunto de características distintas de
fauna e flora.
A temperatura nos oceanos pode variar de -1,9ºC, ponto solidificado da
água salina, a 42ºC em regiões do Mar Vermelho e Golfo Pérsico. Alguns
organismos marinhos toleram temperaturas inferiores e superiores a estes limites.
As águas superficiais sofrem grande variação de temperatura, pois são
influenciadas pelas correntes marinhas e ventos, enquanto águas mais profunda
tendem a permanecer com temperatura mais constante. As mudanças de
temperatura da água influenciam na densidade, salinidade e quantidade de
oxigênio dissolvido, afetando assim a flutuabilidade, locomoção e respiração dos
organismos marinhos.

Radiação solar

À medida que a luz penetra na água do mar, ela vai sendo atenuada e
altera sua composição espectral, além da dispersão na matéria em suspensão
(plâncton e detritos).
Com o aumento da profundidade, a quantidade de luminosidade diminui. A
maioria da radiação ultravioleta e infravermelha é perdida nos primeiros
centímetros da lâmina d’água. Como demonstrado na Figura 3, após 10 metros de
profundidade, resta apenas 1% da energia que incide na superfície. Nessa
profundidade, não há possibilidade de existência de vida vegetal (necessitam de
luz para fotossíntese) e é muito baixa para vida animal, que desenvolvem a
bioluminescência para atração de pares e alimentação (SILVA, 2011).

FIGURA – ESPECTRO E ABSORÇÃO DOS COMPRIMENTOS DE LUZ NO


AMBIENTE MARINHO
FONTE: Elaborado pelo autor.

A radiação solar pode ser classificada de acordo com a profundidade


(Figura
5) em zona fótica que pode chegar até 100 metros de profundidade e possui
grande quantidade de agentes fotossintetizantes; zona disfótica que chega até 400
metros, possui baixa luminosidade, mas ainda existem alguns espectros de luz,
existem poucos indivíduos autotróficos e muitas atividades de indivíduos
bentônicos; e zona afótica, com profundidade maior a 400m, sem nenhuma
luminosidade.

Pressão

A pressão hidrostática é determinada pelo peso da coluna d’água, quanto


maior a profundidade, maior a pressão e a concentração de CO2. Existem alguns
organismos que resistem a grandes variações de pressão e são chamados de
euribáricos. Já os que não resistem a variações de pressão, são denominados
estenobáricos.

Densidade
A densidade da água diminui com o aumento da temperatura e aumenta
com a maior concentração da salinidade e da pressão. O clima global determina a
distribuição das variáveis, então cada região possui características distintas, uma
delas é a densidade (SILVA, 2011).
Com o aumento da profundidade, a densidade também aumenta,
formando uma estratificação vertical. As águas mais profundas e mais densas têm
origem ao redor da Antártica, da Groelândia e Islândia.

Salinidade

A fonte de sais do mar é a erosão e dissolução de rochas dos continentes


e sais oriundos do magma dos oceanos primitivos. A água do mar possui a cada
1000g cerca de 35g de minerais dissolvidos. Essa quantidade total de substâncias
dissolvidas é designada salinidade. Então, podemos concluir que a água do mar
possui 3,5% de substâncias dissolvidas ou 35% de salinidade (SILVA, 2011).
A salinidade é medida em partes por mil (%) e inclui sais inorgânicos,
compostos orgânicos provenientes de organismos marinhos (conchas, esqueletos
e exoesqueletos) e gases dissolvidos. Sendo que a maior parte do material
dissolvido é composta por sais inorgânicos (RÉ, 2000).
A salinidade média encontrada no oceano é de 35%, e apresenta pequenas
variações entre os oceanos, resultante da dinâmica entre evaporação e precipitação
(RÉ, 2000). Na Lagoa de Araruara, a salinidade chegou a atingir 90,0 e em lugares
foram registrados 155,0. Já no Mar Báltico, foi encontrada apenas 8,0.

Oxigênio dissolvidoextremos

A quantidade de oxigênio na água do mar está intimamente ligada à


temperatura. Quanto menor a temperatura, maior a solubilidade do oxigênio na
água, consequentemente, quanto mais fria, maior a quantidade de oxigênio na
água. As águas quentes e superficiais possuem cerca de 4,0ml l-1 de oxigênio
dissolvido, enquanto as águas Antárticas possuem 7,5 ml l-1 (SILVA, 2011).

Movimento das massas de água

Cada região possui fatores que combinados podem formar massas de


água distintas, resultantes da temperatura, pressão, salinidade e densidade
existente. As águas superficiais são mais misturadas, menos densas, mais
arejadas, pois se encontram em constante movimento em decorrência do vento.
Enquanto as águas mais profundas são mais densas e possuem características
físico-químicas próprias (SARMIENTO, 2006).
O movimento das massas pode ser classificado de dois modos: periódico,
de origem astronômica, denominado maré; aperiódico, caracterizado pelas ondas
que são causadas pelos ventos.

Principais correntes marinhas

Correntes oceânicas são fluxos de água que se movimentam de forma


ordenada ou não. São decorrentes da inércia da rotação do planeta Terra.
Possuem sua movimentação razoavelmente constante, contudo a presença de
ilhas e continente não torna a direção bem definida. O sentido da corrente é
definido também pela interferência de ventos, a localização geográfica e a
diferenciação entre densidades e salinidade das águas de certas regiões
oceânicas, o que pode causar desvio da trajetória da corrente. De acordo
com Sarmiento (2006), as correntes situadas abaixo da linha do equador
possuem sentido anti-horário, opostamente às correntes situadas acima da linha
do equador (Figura ).
As correntes se dividem em correntes frias e correntes quentes; correntes
que se orientam dos polos até as regiões mais próximas ao equador possuem
temperaturas mais baixas e águas mais densas. Já as correntes que partem do
equador para os polos são correntes quentes e menos densas.
As principais correntes marítimas, segundo Sarmiento (2006) são:

 a corrente do Golfo tem velocidade rápida, forte e possui águas quentes. Tem
capacidade de movimentar 30 milhões de m³/s. Sua origem é principalmente pelos
ventos e mantida pela circulação das massas de água. É uma corrente do oceano
Atlântico com origem no Golfo do México, segue para a América do Norte e se
extende até a Europa, aquecendo os países do oeste do continente. Ao chegar no
Atlântico norte em direção ao polo, entra em contato com o Mar da Noruega
(águas frias e menos salgadas vindas do polo), por ser mais densa devido à sua
maior salinidade, ela desce em direção às profundezas do oceano dirigindo-se ao
Equador. Chegando ao Equador as águas frias, menos salgadas e menos densas
sobem à superfície, onde se aquecem e completam o circuito da corrente do
Golfo;

FIGURA – MOVIMENTAÇÃO DAS MASSAS DE ÁGUA NOS OCEANOS

FONTE: As correntes oceânicas. Disponível em:


<http://osoceanos.com.sapo.pt/as_correntes_oceanicas.htm>. Acessado em: 11 out. 2013.

 a corrente de Humboldt é uma corrente de superfície, de água fria (7 a 8 ºC) e


percorre o oceano Pacífico. Tem origem perto da Antártica, onde acompanha as
costas do Chile e do Peru, na América do Sul. É rica em vida animal (zooplâncton
e peixes) e vegetal (fitoplâncton). Por terem outra temperatura, salinidade,
coloração e densidade, suas águas não se misturam facilmente com as águas do
oceano;
 a corrente de Labrador tem origem pela corrente leste da Groenlândia que
termina no sul da Groenlândia, se extendendo até o norte e continua pela costa
leste do Canadá, do norte até o sul. No sul do Canadá se funde com a corrente da
Flórida;
 a corrente Norte americana possui águas quentes, sendo uma continuação da
parte nordeste da Corrente do Golfo. Ao chegar à Irlanda se bifurca: uma parte
dirige-se para o sul enquanto a outra continua para o norte ao longo da costa
noroeste da Europa (aquecendo o clima). A outra parte dá origem à Corrente
Irminger e à Corrente da Noruega. Direcionada pela circulação termohalina global.

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