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Djonga (rapper)

Djonga começou a compor muito cedo, ainda com 16 anos e se formou rapper e rimador nas batalhas de rua e nos
saraus de BH, lá se interessou ainda mais por música e poesia. No ano 2012 lançou seu primeiro single “Corpo
Fechado”. Djonga sempre se destacou por ser um ótimo rimador, discutindo temas como racismo, classismo,
questões pessoais, amor, com uma musicalidade inovadora que bebeu de diversas fontes de mundo do Rap e foi
além. Em 2019 lançou o “Ladrão e Histórias da Minha Área”, disco onde ele atingiu a maturidade musical e chegou
dando uma voadora no público, com letras contundentes e beets marcantes e criativos. Ele estudou até o sétimo
semestre de História na Universidade Federal de Ouro Preto, abandonou o curso por conta do sucesso e para ir
atrás de seu sonho, mas sua formação, além das suas experiências pessoais, está presente na sua arte.

Gustavo Pereira Marques (Belo Horizonte, 4 de


junho de 1994), mais conhecido pelo nome artístico
Djonga, é um rapper, escritor e compositor brasileiro.
Considerado um dos nomes mais influentes do rap na
atualidade, o artista chama a atenção por sua lírica
afiada, marginalizada e agressiva e por suas fortes
críticas sociais nas letras.
Nascido na Favela do Índio, em Belo Horizonte,
Djonga foi criado nas ruas dos bairros São Lucas e
Santa Efigênia, na Região Leste da capital mineira. É
filho de Ronaldo Marques e Rosângela Pereira
Marques. Sua avó Maria Eni Viana é tida como uma
grande referência em sua vida.
Com grande influência da família, Djonga tomou gosto por música desde cedo, tendo
crescido ouvindo diversos estilos musicais e artistas — de Milton Nascimento aos Racionais
MCs,de Cartola à Mariah Carey.Com o tempo, foi tomando suas predileções musicais —
principalmente por funk e rap — e se inspirando na obra de Cazuza, Janis Joplin, Elis
Regina, Elza Soares, Jimi Hendrix, MC Smith e, sobretudo, Mano Brown.

Chegou a cursar história na Universidade Federal de Ouro Preto até o sétimo período,
ficando próximo de se formar. No entanto, começou a fazer sucesso como rapper e decidiu
seguir a carreira, abandonando a faculdade.

2012-2016: Início e Corpo Fechado


Começou a carreira num sarau de poesia, chamado Sarau Vira-Lata. No começo, por volta
de 2012, quando estava se formando no Ensino Médio, frequentava saraus apenas para
ouvir. Foi neste momento que se interessou por fazer poesia. Em seguida, o rapper Hot
Apocalypse o convidou pra montar um grupo. Começou, também, a frequentar o estúdio de
Chuck, conhecido como Oculto Beats, o qual produziu uma beat que Djonga musicou com
uma poesia que escrevera antes, fazendo surgir "Corpo Fechado", seu primeiro single.
Depois de um tempo produziu, junto com o Coyote Beats, um disco chamado “Fechando o
Corpo”, com sete faixas. Após o lançamento do EP Djonga começou a ser mais
reconhecido fora e com isso recebeu uma proposta de DJ Hum para gravar e juntos fizeram
a faixa Um Bom Maluco. Com o lançamento, Djonga, aos poucos, foi conquistando espaço
na nova cena do rap.
Em 2016, Djonga e Hot criaram o grupo DV tribo e convocaram os mineiros FBC, Clara
Lima, Oreia e Coyote Beats para participar. O grupo conseguiu notoriedade após fazer uma
cypher com o selo de rap underground Pirâmide Perdida. No mesmo ano, o rapper baiano
Baco Exu do Blues chamou Djonga para participar da faixa
“Sujismundo”.
Participou, no final de 2016, da cypher Poetas no Topo 1, do canal
Pineapple Storm TV, que reuniu MCs proeminentes, como BK,
Makalister, Menestrel e Sant.

2017–20: Heresia, O Menino que queria ser Deus e


Histórias da Minha Área
No dia 13 de março de 2017,o rapper lançou seu álbum de estreia chamado "Heresia",
atingindo aclamação de crítica e público. No álbum, faz fortes
críticas à sociedade e traz mensagens enfatizando o
empoderamento negro. O disco foi considerado o melhor do ano
na lista da renomada revista Rolling Stones, e a música
destaque, “O mundo é nosso”, que contou com a participação do
carioca BK, concorreu ao prêmio Red Bull de melhor faixa de
2017, atingindo o sétimo lugar. Pelo notório trabalho, Djonga
também foi indicado para o prêmio APCA (Associação Paulista
de Críticos de Arte).
No mesmo dia, em 2018, Djonga
lançou seu segundo álbum, intitulado ''O Menino queria ser
Deus'', que expõe com uma liríca afiada questões acerca de sua
vida pessoal, carreira, questões sociais e raciais. O álbum conta
com 10 faixas e participações de rapper como Sant, Karol
Conká e Hot, com produção executiva da Ceia Ent., produção
de Coyote Beats e mixagem e masterização de Arthur Luna, o
álbum, em sua maioria foi gravado no estúdio Nebula Records.
O álbum foi eleito o 6º melhor disco brasileiro de 2018 pela
revista Rolling Stone Brasil e um dos 25 melhores álbuns
brasileiros do primeiro semestre de 2018 pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Cinco jovens encarando os próprios cadáveres no chão foi a imagem escolhida para ilustrar
a capa do novo álbum do rapper Djonga, Histórias da minha área. A escolha critica a
violência cotidiana e contrapõe as estatísticas, combinando com o trabalho, que narra as
histórias da quebrada em que o cantor nasceu. Com Daniel Assis assinando a fotografia da
capa, produzido por Coyote Beatz, mixado por Arthur Lima e Djonga supervisionando tudo, o
disco foi lançado em 13 de março, após um ano do último lançamento.

Com Histórias da minha


área, o artista escolheu um
assunto que fala com pro-
priedade para se inspirar: a
própria vida. Djonga
transmite pela música as
vivências divididas entre o
cotidiano da Zona Leste de
Belo Horizonte, o relacio-
namento com a família e os
amigos, além do sucesso
como rapper. ;Eu quis
contar para as pessoas a
minha história e fazê-las
lembrarem das delas e
porque é tão importante a
criação que você teve, os
amigos de quem você foi e
esquecer, inclusive, todos
os poréns, essas coisas tão
pequenas que muitas
vezes criam um trauma na
gente. Então, eu quis contar
a minha história e fazer as pessoas lembrarem das delas, porque todas as áreas do Brasil
se parecem demais. Às vezes, quando estou conversando com os caras, eles me contam
sobre as histórias deles, das áreas deles, e é praticamente a mesma coisa;, conta Djonga.
Neste álbum, fica marcada a relação intimista e familiar de Djonga, que corroboram com a
realidade de muitas famílias. Áudios dos amigos e uma música para filha, Iolanda, foram
algumas das escolhas do disco. Quebrando o estereótipo dos rappers serem fortes e
durões, ele mostra mais uma vez o lado paternal e sentimental na canção Procuro
alguém. ;A força vem da fraqueza e a fraqueza vem da força, um não vive sem o outro. O
bom de falar sobre paternidade é que dá para tentar colocar alguma coisa na cabeça dos
moleques que estão tendo filho agora. Eu espero que, se
Deus quiser, vamos ter uma geração bem diferente
desses pais que abandonaram os filhos, sabe? Tomara
mesmo que seja uma geração mais responsável e se
eu contribuir para isso, se eu mudar uma pessoa, sei
que mudarei várias;, reflete.
Djonga segue apostando a multiplicidade sonora e as
composições. Em meio as rimas em boombap, acústico,
funk e trap, ele explora os extremos e as letras para enfatizar as emoções dele e as do outro
lado da linha: as do ouvinte. Composto por 10 faixas, todas de autoria do cantor, o álbum
também ganhou contribuições de Don Juan, FBC, Bia Nogueira, NGC Borges e
Cristal. ;Sempre componho todas. Eu e as pessoas que participaram, então a parte da Bia
ela compôs, do Don Juan, do FBC, cada um que participou fez sua parte. Mas tudo que
cantei ali fui eu que escrevi. É um processo árduo porque, ao mesmo tempo em que você
está fazendo um disco, está vivendo o universo do outro em shows;, conta.
;É um disco que o título dele veio depois, normalmente penso antes o título, a ideia e o
conceito, e, depois, começo a fazê-lo. Dessa vez, foi o contrário, o conceito foi surgindo, o
título veio surgindo do meio para o fim. Fui descobrir exatamente sobre o que tava falando.
Percebi que estava contando sobre as histórias da minha área ali. Eu tinha colocado um
outro nome no começo, eu achava que falaria da parada, mas no meio do caminho percebi
que estava contando muito as histórias da minha área e o quanto que aquilo era importante
para mim naquele momento;, completa.

Influências
Djonga se diz fortemente influenciado pelo funk e pelo samba. “A cultura negra é forte na
minha família, então, o samba sempre estava presente nas festas”, lembra ele. “Quando
tomei mais consciência do que realmente gostava em relação à música, a que mais me
identifiquei por causa da minha geração foi o funk brasileiro. O funk sempre me falou da
minha vivência”, justifica.

O rap só veio mais tarde e foi apresentado a Djonga por uma ex-namorada. Djonga cita
como influências em sua lista Racionais MC's, Marcelo D2, Cazuza, Mano Brown e Elza
Soares.

E esse nome "Djonga", da onde surgiu?


O Hot chamava todo mundo assim. Na verdade não tinha muito um significado, era só uma
palavra aleatória que ele gostava de falar, zuando o pessoal. No Sarau Vira-Lata a gente
escrevia o nome das pessoas no papel para elas recitarem poesia. Um dia, eu estava
atrasado e pedi para ele escrever o
meu nome no papel, e ele escreveu
“Djonga”. Quando chamaram
“Djonga”, o pessoal riu e fui lá
recitar. Foi algo que marcou, e eu
fui virando “Djonga” aos poucos.
Descobri o significado depois, que
nem o própria Hot sabia, que é
“sonolência observadora”. É uma
pessoa que está na dela, mas nada
passa batido.
O rap sempre fez parte de sua vida? Quando começou a se interessar pela
música?
Minha família faz muita festa, e festa sempre tem muita
música. Eu estava sempre ali, curtindo um som o tempo
todo. Para limpar a casa, minha mãe ouvia um sambinha,
como Cartola, ou então música pop, como Mariah Carey
e Celine Dion. Também rolava bastante discoteca e
Jovem Guarda. Algumas coisas eu gostava muito, outras
não. Isso me fez ter um gosto bem eclético. Quanto mais
velho fui ficando, mais eu fui tomando gosto pela música,
e entendendo meu estilo, o que eu curtia mais, como o
funk, que também sempre esteve presente. O rap entrou
na minha vida quando eu tinha uns 7 ou 8 anos de idade,
bem novinho, por meio de um disco d’Os Racionais.

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