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UNIFACCAMP - CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMPO LIMPO PAULISTA

CURSO DE PSICOLOGIA

Bianca Cristina Sebastião da Silva - 31801


Erica Rezende - 31873
Giovanna Lidia Bergamini de Abreu - 31915
Taís Elise de Moraes - 31778

Observação da relação mãe-bebê nos primeiros meses de vida

CAMPO LIMPO PAULISTA


2022
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Bianca Cristina Sebastião da Silva - 31801


Erica Rezende - 31873
Giovanna Lidia Bergamini de Abreu - 31915
Taís Elise de Moraes - 31778

Observação da relação mãe-bebê nos primeiros meses de vida

Trabalho apresentado ao Centro Universitário de


Campo Limpo Paulista como requisito parcial de
avaliação da disciplina “Estágio Básico -
Observação e Entrevistas” para obtenção do título
de Bacharel em Psicologia.

Professora: Thaíse Goes Carneiro.

CAMPO LIMPO PAULISTA


2022
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3
2 MÉTODO 4
2.1 Método Bick 4
2.2 Observação Participante 5
3 RESULTADOS 6
4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 7
5 CONCLUSÃO 8
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1 INTRODUÇÃO

A relação mãe-bebê é fundamental para a constituição psíquica da criança.


Quando esta relação não protege o psiquismo incipiente do bebê, ele poderá utilizar
o seu sistema somático para expressar uma sobrecarga psíquica, produzindo
sintomas psicofuncionais.
A gestação não se configura apenas como um período de preparo para a
maternidade, mas também como um momento significativo para o estabelecimento
do vínculo mãe-bebê (Piccinini, Gomes, Nardi, & Lopes, 2008), o qual poderá ser
facilitado pelas expectativas que a mãe apresenta em relação ao seu filho (Piccinini,
Gomes, Moreira, & Lopes, 2004). Por sua vez, o bebê se encontra em um período
de constituição psíquica, necessitando, assim, que o ambiente, tradicionalmente
representado pela figura de sua mãe, lhe proporcione condições adequadas de
continência, para que possa vivenciar experiências de plenitude e sustentação
(Donelli, 2011). Como mencionado, a relação mãe-bebê sofrerá influência da
maneira como a mãe estabelecerá ou não um laço simbólico de ligação com seu
filho. Desta forma, deve-se atentar ao fato de que o vínculo mãe-bebê não ocorre de
forma imediata, mas sim, gradual, à medida que acontecem sucessivas interações
entre ambos (Stefanello, 2005).
O presente trabalho busca retratar uma experiência de estágio básico
curricular, referente à disciplina “Estágio Básico - Observação e Entrevistas”. O
artigo objetiva apresentar uma caracterização teórico-metodológica da observação e
como importante recurso em um contexto materno-infantil.
A relação mãe-bebê é fundamental para a constituição psíquica da criança, o
vínculo é caracterizado por abranger as dimensões das emoções, dos sentimentos e
comportamentos. Este vínculo, quando construído de forma segura, poderá fornecer
à criança um desenvolvimento bio-psico-afetivo saudável.
Usando como referência a teoria de Wallon sobre afetividade que nos
comunica que a criança é essencialmente emocional e gradualmente vai
constituindo-se em um ser sócio-cognitivo, para analisar a interação entre mãe e
bebê observada metodologicamente pelo grupo.
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2 MÉTODO

2.1 Método Bick

O método Bick foi criado em 1948, em Londres, por Esther Bick, visando
auxiliar a formação de psicoterapeutas, devido à oportunidade de uma experiência
prática com bebês, reconhecendo o benefício que esse método pode trazer à
formação clínica. Desde a sua criação, o método tem se destacado como um
instrumento de aprendizagem, de pesquisa e clínica. Configura-se como uma
ferramenta de aprendizagem por permitir acompanhar o desenvolvimento do bebê e
a constituição e desdobramento de sua relação com seus familiares, sobretudo com
sua mãe.
Segundo (Kompinsky, 2000, p. 13) o método consiste em o observador fazer
uma visita a casa da família com duração de uma hora e frequência semanal no
primeiro ano e quinzenal no segundo ano. Anotar com o maior número de detalhes o
que for possível observar e depois relatar no grupo de supervisão cujo objetivo é
descrever o desenvolvimento da relação entre o bebê e o meio ambiente. Além
disso, o observador deve tentar compreender os aspectos inconscientes do
comportamento e padrões de comunicação, bem como entender os sentimentos
despertados durante esta observação nele próprio.
Esse método está ancorado nos principais pressupostos da Psicanálise, tais
como: inconsciente, transferência e contratransferência e atenção flutuante. Desse
modo, o observador ocupa lugar de destaque no método. Ele não é neutro,
tampouco objetiva manter-se numa atitude de neutralidade, como no caso da
observação de cunho experimental. Considerando os aspectos transferenciais, o
observador é tido no método Bick de observação como participante, mas sua
interferência deve ser a mínima possível, para que não se produzam maiores
distorções no que se desenrola na família. Ele deve permanecer no campo
emocional do bebê e seu entorno, mas deve evitar causar grandes perturbações no
meio familiar.
O método Bick de observação é constituído em três tempos: o momento da
observação, o momento do relato da observação e o momento do relato da
observação na supervisão. O momento da observação em sua versão original,
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consiste em observações semanais, com a duração de uma hora cada, durante um


período de dois anos. O momento do relato, é a produção do relato escrito, contendo
a descrição narrativa daquilo que foi observado. O momento da supervisão é o da
leitura e discussão do relato, tendo ele um papel fundamental no método Bick de
observação, uma vez que permite ao observador exercer uma influência benéfica e
facilitadora na interação mãe-bebê. Por conta disso é recomendável que nos relatos
sejam incluídos todos os afetos experimentados pelo observador para que sejam
trabalhados na supervisão, evitando que interfiram em uma observação que deve ter
caráter neutro.
O método Bick oferece a oportunidade de observar o desenvolvimento de um
bebê desde o nascimento e estudar como se originam e desenvolvem a relação da
criança com seu meio.

2.2 Observação Participante

A observação participante é um tipo de instrumento de coleta de dados, em


que a pessoa pesquisadora participa das atividades diárias de um grupo de
pessoas. O objetivo, nesse caso, é justamente observar costumes, rituais e hábitos.
Costuma-se dizer que esse tipo de observação tem o intuito de observar com os
olhos das pessoas participantes. Isso também significa que a observação
participante é uma técnica de coleta de dados para pesquisas qualitativas. Quer
dizer, é o método adequado para pesquisas que têm o intuito de compreender
melhor uma realidade social específica. Ao contrário de pesquisas basicamente
teóricas, esse método é empírico. Ou seja: exige-se que a pessoa pesquisadora
realmente experiencie a realidade das pessoas e que seja capaz de descrever as
conclusões de forma objetiva.
Podemos definir a observação participante como: “O processo no qual um
investigador estabelece um relacionamento multilateral e de prazo relativamente
longo com uma associação humana na sua situação natural com o propósito de
desenvolver um entendimento científico daquele grupo” (May, 2001: 177).
Na realização dessa pesquisa utilizamos pressupostos do método Bick e da
observação participante, tratando-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, que
utiliza embasamento desses métodos como procedimentos de coleta de dados.
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Para o desenvolvimento do estudo foi escolhida uma participante a ser


observada juntamente com a filha de 3 meses. Ela é casada, possui 25 anos,
residente na cidade de Campo Limpo Paulista. Sendo a escolha da participante
intencional. Foi realizada uma sessão de observação na residência da participante
em uma data previamente agendada, com a duração de em média 1 hora. A sessão
de observação foi registrada em diário de campo e os dados levantados foram
avaliados e relacionados com a teoria de teólogos como Henri Wallon, além de,
pesquisas sobre o desenvolvimento infantil.

3 RESULTADOS

Acerca da prática observatória foi possível analisar os seguintes


comportamentos:

1º MOMENTO - Mãe realiza A bebê permaneceu no carrinho e


tarefas domésticas. em silêncio enquanto a mãe fazia as
tarefas domésticas, e quando se
mexia, a mãe mostrava um
brinquedo para a criança interagir. A
bebê demonstrou interesse nos
objetos e fazia movimentos para
tentar alcançá-los .

2º MOMENTO - Bebê recebe colo Nesse momento a mãe interagiu


e mamadeira. bastante com a criança, conversou
enquanto dava de mamar, e a
criança, por sua vez, sorria e se
movimentava.

3º MOMENTOº - Bebê toma banho Esse foi o período em que foi mais
e realiza todas as higienes e perceptível a boa relação da mãe
cuidados com a saúde. com o bebê, pois ela demonstrou
cuidado ao realizar todo o processo,
conversou e cantou para a criança,
a bebê sorria e se movimentava
bastante. Nesse momento, a avó da
criança fez uma ligação via
chamada de vídeo para ver como
ela estava.

4º MOMENTO - Bebê mama e se Já no final da observação, a criança


prepara para ir dormir no colo da demonstrou um pouco de resistência
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mãe. para dormir, mas logo dormiu no


colo após a mesma cantar cantigas
de ninar.

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Durante os estudos de desenvolvimento infantil, diversos teóricos


apresentaram seu ponto de vista acerca do assunto, sendo Henri Wallon um dos
estudiosos que contribuíram para o melhor entendimento sobre a aprendizagem no
desenvolvimento humano. Considerando os pressupostos de Wallon, é possível
relacionar sua visão acadêmica com a prática da presente observação.
A observação mãe-bebê tem como objetivo analisar a relação entre ambas e
como o comportamento atual resultará no desenvolvimento futuro da criança, tendo
em vista que a relação maternal é um dos fatores mais importantes para o
desenvolvimento psicológico e social. A observação foi realizada com uma bebê de
3 (três) meses do sexo feminino, uma criança saudável que vive com seus pais no
interior do estado de São Paulo. A observação teve caráter não participante, com a
realização de 1 (uma) hora.
Nesse período foi possível analisar a rotina da mãe com a bebê e,
principalmente,sua relação de afeto. Partindo desse fator essencial, o diferencial na
observação foi a grande demonstração de afetividade da mãe com a bebê, que
futuramente implicará em uma relação saudável entre ambas e um bom
desenvolvimento da criança acerca da sua autoconfiança, autoestima e
aprendizagem. Partindo desse princípio, é possível observar a teoria de Henri
Wallon, que inovou ao considerar a afetividade como um fator essencial para a
aprendizagem no processo de desenvolvimento humano.
Para Wallon, o homem é resultado de influências sociais e fisiológicas, sendo
os dois aspectos — orgânico e social — fundamentais para o desenvolvimento e
especialmente dependentes do contexto sociocultural. Assim como Piaget, Wallon
divide o desenvolvimento em estágios que devem ser levados em conta, em suas
especificidades, no processo de aprendizagem, sendo um deles: Impulsivo -
emocional ( 0 a 1 ano) - Predominantemente afetivo, onde o sujeito se expressa por
meio de movimentos corporais, do contato corporal e do toque. Aqui, o aprendizado
demanda uma presença e uma qualidade de troca corporal intensa, que passa pelo
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tato, pelo toque e pela segurança do embalo. É a partir da fusão com o outro que a
criança interage com o meio ambiente, participa, se familiariza e aprende sobre o
mundo que a cerca; idade em que a bebê observada se encontra.
Para Wallon, o processo de desenvolvimento oscila constantemente entre a
afetividade e a inteligência, de maneira dialética, podendo até mesmo manifestar
regressões. As aquisições adquiridas em cada estágio são irreversíveis — no
entanto, o indivíduo pode retornar a algumas atividades de estágios anteriores. Para
ele não há condicionamento e extinção de comportamentos, ou seja, um estágio não
suprime as aprendizagens anteriores, antes as íntegra, resultando em um
comportamento fundado na agregação e combinação dessas partes anteriores. O
movimento da aprendizagem, portanto, não segue um fluxo linear e pode ser
composto por elementos regressivos, o que não implica, necessariamente, em uma
defasagem incontornável, mas antes em uma característica do próprio processo.
A Teoria da Afetividade de Wallon, nesse sentido, nos serve para questionar
qualquer forma de ensino que não leve em consideração a compleição afetiva, social
e política da educação, onde “todas as crianças, sejam quais forem suas origens
familiares, sociais, étnicas, têm direito igual ao desenvolvimento máximo que sua
personalidade comporta. Elas não devem ter outra limitação além de suas aptidões”
(LAKOMY, 2003 p. 60). A aprendizagem, portanto, deve ser imbuída de interações
sociais, trocas e formação de vínculos, intermediados pela compreensão do papel
da afetividade e suas implicações. Isso pressupõe uma educação orientada para o
desenvolvimento afetivo, social e intelectual de forma integrada, capaz de gerar
processos que, em seu bojo, criem mecanismos de compreensão, aceitação,
negação, assimilação, defesa ou administração das sensações e sentimentos
desencadeados.

5 CONCLUSÃO

Wallon retrata a relação mãe-bebê tendo como característica a


co-dependência, sendo indispensável para o desenvolvimento de uma criança.
Assim, podemos considerar, segundo um olhar psicanalítico, que esta relação
indispensável ao desenvolvimento do bebê é composta por uma tríade formada pelo
bebê, um grande Outro e um pequeno outro. O grande Outro, com letra maiúscula,
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designa não uma pessoa física, mas uma instância, um conjunto de elementos
individuais, históricos, sociais e culturais no qual o indivíduo humano está
mergulhado. O pequeno outro, com “o” minúsculo, designa cada sujeito que, na sua
singularidade, é um representante único e inesgotável do grande Outro ao qual
pertence (CRESPIN, 2004).
Na falta deste vínculo primordial entre a mãe e o bebê nos primeiros meses
de vida são colocadas em risco todas as possibilidades de aquisições dessa criança.
O desenvolvimento dos aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais pode não
acontecer de maneira satisfatória porque este vínculo primordial não foi estabelecido
(CRESPIN, 2004; JERUSALINSKY, J., 2002; PICCININI, 2010).
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REFERÊNCIAS

A relação mãe-bebê na presença e na ausência de sintoma psicofuncional no


bebê: um estudo comparativo. Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.37 no.93 São Paulo
jul. 2017. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2017000200
005#:~:text=A%20rela%C3%A7%C3%A3o%20m%C3%A3e%2Dbeb%C3%AA%20
%C3%A9,sobrecarga%20ps%C3%ADquica%2C%20produzindo%20sintomas%20ps
icofuncionais .

GORETTI, Amanda Cabral dos Santos et al. A relação mãe-bebê na estimulação


precoce: um olhar psicanalítico . 2012. Disponível em:
https://bdtd.ucb.br:8443/jspui/bitstream/123456789/1790/1/Amanda%20Cabral%20d
os%20Santos%20Goretti.pdf

METTZER. O que é observação participante . Disponível em:


https://blog.mettzer.com/observacao-participante/ . Acesso em: 2 nov. 2022.

PERSPECTIVAS EM PSICOLOGIA. OBSERVAÇÃO DA RELAÇÃO MÃE BEBÊ


NOS PRIMEIROS MESES DE VIDA. Disponível em:
https://seer.ufu.br/index.php/perspectivasempsicologia/article/view/43004/225 .
Acesso em: 2 nov. 2022.

SCIELO. O método Bick de observação da relação mãe-bebê: aspectos


clínicos . Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pc/a/mqgCf8tZj8TZ6y5HTbr758p/?format=pdf&lang=pt .
Acesso em: 2 nov. 2022.

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