Você está na página 1de 32

RODRIGO ALCÂNTARA DE SANTANA

A IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE E DA FAMÍLIA PARA O


DESENVOLVIMENTO INFANTIL

São Paulo
2018
RODRIGO ALCÂNTARA DE SANTANA

A IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE E DA FAMÍLIA PARA O


DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Universidade Anhanguera – Unidade Vila
Mariana, como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Psicologia.

Orientadora: Liliane Sato

São Paulo
2018
RODRIGO ALCÂNTARA DE SANTANA

A IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE E DA FAMÍLIA PARA O


DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Anhanguera,
como requisito parcial para a obtenção do
título de graduado em Psicologia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

São Paulo, 12 de Novembro de 2018.


Dedico este trabalho primeiramente
a Deus, por ser essencial em minha
vida, autor de meu destino, meu
guia, socorro presente na hora da
angustia, aos meus pais que me
incentivaram todos os anos que
estive na faculdade.

As minhas irmãs, que mesmo de


longe, me apoiaram e indiretamente
contribuíram para que esse trabalho
se realizasse.

Aos meus colegas de classe, meus


queridos professores e a
condenação do curso.

Enfim, agradeço a todas as pessoas


que fizeram parte dessa etapa
decisiva em minha vida.
SANTANA, Rodrigo Alcântara de. A importância do ambiente e da família
para o desenvolvimento infantil. 2018. 29f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Psicologia) - Universidade Anhanguera, São Paulo, 2018.

RESUMO

O desenvolvimento é um contínuo processo de crescimento e mudança que


ocorre ao longo da vida. A primeira infância é um período em que a estrutura e
funções do rápido crescimento e cérebro são organizadas através de umas
experiências iniciais de cuidado da criança. O desenvolvimento da primeira
infância fornece o modelo para todo o desenvolvimento e aprendizagem
futuros. A partir do momento em que as crianças nascem elas desenvolvem e
aprendem habilidades sociais e emocionais através de suas interações sociais
e relacionamentos com os outros.O objetivo geral deste trabalho é estudar a
importância da família e do ambiente no desenvolvimento infantil. Foi realizado
um estudo de revisão de literatura, por meio de pesquisa bibliográfica, através
de busca on-line de artigos científicos e livros, publicados entre os anos de
2008 e 2018. Jean Piaget (1896-1980) foi um importante psicólogo famoso pela
teoria do desenvolvimento cognitivo. Piaget acreditava que as crianças
assumiram um papel ativo no processo de aprendizagem, agindo como
pequenos cientistas enquanto realizam experimentos, fazem observações e
aprendem sobre o mundo. À medida que as crianças interagem com o mundo
ao seu redor, elas continuamente adicionam novos conhecimentos, baseiam-se
no conhecimento existente e adaptam as ideias anteriormente mantidas para
acomodar novas informações. O ambiente social de uma criança é amplamente
ditado pelo local onde seus pais moram e os envia para a escola. Por sua vez,
o ambiente social determina em grande parte quem as crianças formam as
relações sociais e a qualidade dessas relações sociais, pois muitas das
relações que as crianças formam estão dentro de sua família ou vizinhança.
Como tal, as decisões dos pais (ou, pelo contrário, a falta de poder de decisão)
sobre onde morar, o trabalho e a escola podem afetar significativamente a
saúde e o bem-estar de seus filhos. Este trabalho evidenciou a preocupação
que a psicologia deve ter em englobar a família no processo de
desenvolvimento da criança, mudando paradigmas que possam existir e deixar
lacunas que inviabilizem um crescimento saudável diante de tantas mudanças
relacionadas ao desenvolvimento e criação destas crianças.

Palavras-chave: Desenvolvimento infantil; Criança; Família.


SANTANA, Rodrigo Alcântara de. The importance of the environment and
the family for child development. 2018. 29 fosheets. Completion of course
work (Psychology graduation) - Anhanguera University, São Paulo, 2018.

ABSTRACT

Development is a continuous process of growth and change that occurs


throughout life. Early childhood is a period in which the structure and functions
of rapid growth and brain are organized through early experiences of child care.
Early childhood development provides the blueprint for all future development
and learning. From the moment children are born they develop and learn social
and emotional skills through their social interactions and relationships with
others. The overall objective of this work is to study the importance of family
and environment in child development. A review of the literature was carried out
through bibliographical research through an online search of scientific articles
and books published between 2008 and 2018. Jean Piaget (1896-1980) was an
important psychologist famous for his theory of cognitive development. Piaget
believed that children took an active role in the learning process, acting as little
scientists while conducting experiments, making observations, and learning
about the world. As children interact with the world around them, they
continually add new knowledge, build on existing knowledge, and adapt
previously held ideas to accommodate new information. The social environment
of a child is widely dictated by the place where his parents live and sends them
to school. In turn, the social environment determines to a large extent who
children form the social relations and quality of these social relationships, since
many of the relationships that children form are within their family or
neighborhood. As such, parental decisions (or, on the contrary, lack of decision-
making power) about where to live, work, and school can significantly affect the
health and well-being of their children. This work evidenced the concern that
psychology must have in encompassing the family in the process of child
development, changing paradigms that may exist and leave gaps that can not
make a healthy growth in the face of so many changes related to the
development and creation of these children.

Keywords: Child development; Kid; Family.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7

2 JEAN PIAGET ....................................................................................................... 10

3 MEIO AMBIENTE................................................................................................... 18

3.1 AMBIENTES SOCIAIS .................................................................................. 18

3.2 INFLUÊNCIA DOS AMBIENTES SOCIAIS E AS RELAÇÕES SOCIAIS


NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ................................................................. 19

3.3 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E REALIZAÇÃO EDUCACIONAL ....... 20

4 A IMPORTÂNCIA DE AMBIENTES SOCIAIS POSITIVOS E


RELACIONAMENTOS PARA OS PAIS ................................................................... 22

4.1 AMBIENTE FÍSICO ....................................................................................... 22

4.2 RECURSOS DA COMUNIDADE .................................................................. 23

4.3 RELAÇÕES SOCIAIS ................................................................................... 24

4.4 COMO MELHORAR ESTE RELACIONAMENTO......................................... 26

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 28

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29
7

1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento é um contínuo processo de crescimento e mudança


que ocorre ao longo da vida. A primeira infância é um período em que a
estrutura e funções do rápido crescimento e cérebro são organizadas através
de umas experiências iniciais de cuidado da criança. O desenvolvimento da
primeira infância fornece o modelo para todo o desenvolvimento e
aprendizagem futuros. A partir do momento em que as crianças nascem elas
desenvolvem e aprendem habilidades sociais e emocionais através de suas
interações sociais e relacionamentos com os outros.
O ambiente que circunda a criança desempenha um papel fundamental
na formação e desenvolvimento desta criança. Quando se fala sobre o meio
ambiente, está relacionado a casa, escola e outros lugares onde está criança
passará uma quantidade significativa de tempo. Para os pais, é fundamental
que eles garantam que seu filho cresça em ambientes estimulantes.
O ambiente em que ele cresce e as coisas que vê ao seu redor também
influenciarão seu aprendizado inicial. Pode ser o ambiente em casa, na escola,
na creche, no bairro e em qualquer outra área em que passe muito tempo. Um
dos primeiros e principais ambientes que esta criança vai vivenciar é único e
ocorre dentro de casa. Desde seu nascimento, o ambiente emocional que ela
vê e sente ao seu redor moldará sua personalidade. O vínculo que ele
compartilha com seus pais o ajudará a entender e aprender a expressar seu
amor e seus medos.
Os pais têm a maior responsabilidade de criar o ambiente certo para o
seu filho, pois afetará sua personalidade, aprendizado e comportamento. O
desenvolvimento do meio ambiente e da criança está correlacionado. Não é
possível dar a criança um ambiente perfeito, mas certamente pode ser
oferecido o melhor.
As chaves para o desenvolvimento de relacionamentos familiares
saudáveis incluem priorizar relacionamentos, comunicar-se de maneira eficaz e
fornecer apoio mútuo. No entanto, construir melhores relações familiares com
as crianças e com todos os membros da família nem sempre é fácil.
Necessidades diferentes que surgem dentro da família podem criar tensões
8

entre os membros da família, e as pressões externas, como por exemplo, de


caráter financeiro, também podem afetar as famílias e as crianças.
Às vezes, essas pressões podem dificultar o desenvolvimento de
relações familiares positivas. No entanto, mesmo considerando essas
influências, há muito que se fazer em relação a família para construir fortes
relações familiares, garantindo assim um desenvolvimento saudável as
crianças.
A família executa um papel imprescindível no desenvolvimento da
criança. Os adultos, sobretudo os pais, precisam garantir um crescimento
saudável e sobrevivência. As primeiras experiências do ser humano ocorrem
nesse contexto, determinando a estratificação social, sua raça e seus
conceitos. Com isso, a criança forma e lapida suas características morais,
sociais, psíquicas e espirituais.
O meio em que as crianças nascem é imprescindível para a formação de
tais características, e reflete diretamente, por exemplo, em populações em
situação de vulnerabilidade. Estes ficam expostos, colocando em risco sua
criação e comprometendo seu desenvolvimento.
Diante de tantos desafios na atualidade, como a falta de tempo no dia a
dia e até mesmo outras questões relacionadas a valores, fica mais claro que
debater esta temática é imprescindível para que haja melhor entendimento
sobre o papel da família e do ambiente em que eles vivem na constituição da
criança.
De que forma o ambiente e as relações familiares refletem no
desenvolvimento infantil, no âmbito psicossocial, motor e cognitivo? O objetivo
geral deste trabalho é estudar a importância da família e do ambiente no
desenvolvimento infantil. Os específicos são apontar as etapas do
desenvolvimento infantil segundo Jean Piaget; discutir a influência do ambiente
no desenvolvimento infantil e compreender possíveis contribuições da família
para o desenvolvimento infantil.
Foi realizado um estudo de revisão de literatura, por meio de pesquisa
bibliográfica, através de busca on-line de artigos científicos e livros, publicados
entre os anos de 2008 e 2018, a partir das bases de dados em - SCIELO
(Scientific Electronic Library Online) e LILACS (Literatura Latino Americana em
Ciências da Saúde), usando os seguintes descritores: desenvolvimento infantil,
9

criança, família. Serão incluídos os trabalhos com os descritores e período


acima já citados, artigos nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola, em
estudos nacionais e internacionais.
10

2 JEAN PIAGET

Jean Piaget (1896-1980) foi um importante psicólogo famoso pela teoria


do desenvolvimento cognitivo. Piaget acreditava que as crianças assumiram
um papel ativo no processo de aprendizagem, agindo como pequenos
cientistas enquanto realizam experimentos, fazem observações e aprendem
sobre o mundo. À medida que as crianças interagem com o mundo ao seu
redor, elas continuamente adicionam novos conhecimentos, baseiam-se no
conhecimento existente e adaptam as ideias anteriormente mantidas para
acomodar novas informações.
O desenvolvimento cognitivo era uma reorganização progressiva dos
processos mentais resultantes da maturação biológica e da experiência
ambiental. Ele acreditava que as crianças constroem uma compreensão do
mundo ao seu redor, experimentam discrepâncias entre o que já sabem e o
que descobrem em seu ambiente e, em seguida, ajustam suas ideias de
acordo. Além disso, Piaget afirmou que o desenvolvimento cognitivo está no
centro do organismo humano, e a linguagem é vinculado ao conhecimento e à
compreensão adquiridos através do desenvolvimento cognitivo. Para
compreender o desenvolvimento, Piaget dividiu em estágios (PALANGANA,
2015).
Estágio sensório-motor do nascimento aos dois anos. As crianças
experimentam o mundo através do movimento e dos seus sentidos. Durante o
estágio sensório-motor as crianças são extremamente egocêntricas, o que
significa que elas não podem perceber o mundo dos pontos de vista dos
outros. O estágio sensório-motor é dividido em seis subestações (FANTINATO;
CIA, 2015): reflexos simples: do nascimento até um mês de idade. Neste
momento, as crianças usam reflexos como enraizamento e sucção. Primeiros
hábitos e reações circulares primárias: de um mês a quatro meses de idade.
Durante esse período, as crianças aprendem a coordenar a sensação e
hábitos. Reações circulares secundárias: de quatro a oito meses de idade.
Neste momento eles se tornam conscientes das coisas além de seu próprio
corpo; eles são mais orientados a objetos. Neste momento, eles podem
acidentalmente balançar um chocalho e continuar a fazê-lo por satisfação.
11

Coordenação de reações circulares secundárias: de oito meses a doze


meses de idade. Durante este estágio, eles podem fazer as coisas
intencionalmente. Agora eles podem combinar e recombinar ações para tentar
alcançar um objetivo. Eles também começam a entender a permanência do
objeto nos meses posteriores e no início da próxima etapa. Ou seja, eles
entendem que os objetos continuam a existir mesmo quando não podem vê-
los. Reações circulares terciárias, novidade e curiosidade: de doze meses a
dezoito meses de idade. Durante esse estágio, as crianças exploram novas
possibilidades de objetos; eles tentam coisas diferentes para obter resultados
diferentes. Internalização de esquemas.
Estágio pré-operacional: O segundo estágio de Piaget, o estágio pré-
operacional, inicia quando a criança começa a aprender a falar aos dois anos e
dura até os sete anos de idade. Durante este estágio, Piaget observou que as
crianças ainda não compreendem a lógica concreta e não podem manipular
mentalmente as informações. O aumento das crianças no brincar e no
fingimento ocorre neste estágio. No entanto, a criança ainda tem dificuldade em
ver as coisas de diferentes pontos de vista. A brincadeira das crianças é
principalmente categorizada por brincadeiras simbólicas e manipulação de
símbolos. Tal brincadeira é demonstrada pela idéia de que, por exemplo, uma
caixa é uma mesa. Suas observações de símbolos exemplificam a idéia de
brincar com a ausência dos objetos reais envolvidos (CARDOSO; VERÍSSIMO,
2013).
Fase operacional concreta: dos sete aos onze anos. As crianças podem
agora conservar e pensar logicamente, mas estão limitadas ao que podem
manipular fisicamente. Eles não são mais egocêntricos. Durante este estágio,
as crianças tornam-se mais conscientes da lógica e da conservação, tópicos
anteriormente estranhos a elas. As crianças também melhoram drasticamente
com suas habilidades de classificação (CARDOSO; VERÍSSIMO, 2013).
Estágio operacional formal: dos onze aos dezesseis anos em diante
(desenvolvimento do raciocínio abstrato). As crianças desenvolvem
pensamento abstrato e podem facilmente conservar e pensar logicamente em
sua mente. O pensamento abstrato está recentemente presente durante este
estágio de desenvolvimento. As crianças agora são capazes de pensar
abstratamente e utilizar a metacognição. Junto com isso, as crianças no
12

estágio operacional formal exibem mais habilidades orientadas para a solução


de problemas, geralmente em várias etapas (CARDOSO; VERÍSSIMO, 2013).
As crianças e o meio ambiente cobrem um campo amplo e
interdisciplinar de pesquisa e prática. As ciências sociais costumam usar a
palavra “ambiente” para significar o contexto social, político ou econômico de
vida das crianças, mas esta bibliografia abrange configurações físicas e
emocionais. Ele se concentra em uma escala baseada em local que as
crianças podem ver, ouvir, saborear, cheirar, tocar e navegar: escalas não
grandes e abstratas, como identidades nacionais ou dinâmicas populacionais,
ou escalas pequenas, como impactos ambientais em genes ou funções
celulares (BORSA; NUNES, 2011).
A atenção às configurações cotidianas da vida das crianças cresceu no
século XVIII, quando a literatura romântica introduziu o tema das crianças e da
natureza. No século 19, a preocupação com o bem-estar das crianças incluía o
interesse em condições para as crianças em cidades industriais florescentes, e
as justificativas para os primeiros bondes e subúrbios de ferrovias incluíam
reivindicações de que eles salvariam as crianças dos perigos das cidades e
proporcionariam os benefícios saudáveis do ambiente natural (BORSA;
NUNES, 2011).
No século 20, as disciplinas acadêmicas desenvolveram diferentes
linhas de investigação sobre o impacto do ambiente físico sobre as crianças e
como as crianças se relacionam com os lugares: estudos etnográficos de
crianças em diferentes partes do mundo nos campos da antropologia e da
geografia; estudos sociológicos de diferentes populações de crianças em
diferentes contextos; pesquisa educacional sobre as oportunidades de
aprendizagem que diferentes ambientes escolares e fora da escola oferecem;
pesquisa médica para entender vetores de doenças e o impacto de poluentes
em crianças; e esforços no campo da pesquisa sobre meio ambiente e
comportamento de forma mais ampla, para entender como os ambientes
construídos e projetados afetam as crianças fisicamente, cognitivamente,
socialmente e emocionalmente. No início do século XXI, as crianças e o meio
ambiente são uma área ativa de pesquisa que busca entender rapidamente as
condições de mudança para as crianças à medida que o mundo se urbaniza,
as oportunidades de brincadeiras ao ar livre e a mobilidade independente se
13

deterioram em muitas partes do mundo, ambientes de mídia consomem mais


do tempo das crianças, e cresce a consciência de que as crianças precisam de
oportunidades para contribuir para a criação de sociedades sustentáveis
(CARDOSO; VERÍSSIMO, 2013).
As relações interpessoais sempre foram o ambiente ideal para o
desenvolvimento de qualquer ser humano, pois a pessoa não pode se
desenvolver fora dos relacionamentos que mantém com seus vizinhos. Para
uma criança, em particular, a importância dos relacionamentos familiares
aumenta à medida que eles se tornam adolescentes e começam a
experimentar sentimentos conflitantes que determinarão sua personalidade
como um indivíduo. A família será sempre uma realidade cuja razão de existir
continua a ajudar a treinar os membros da família a desenvolver e participar no
desenvolvimento da sociedade. A essência da vida familiar é o sentimento de
amor e o apego mostrado ao parceiro, à criança e a tudo que envolve a família.
Neste núcleo central, a criança se desenvolve como uma planta, de maneiras
muito diferentes de acordo com a comida, a luz e o ambiente familiar favorável
ou desfavorável (FANTINATO; CIA, 2015).
Os relacionamentos com os pais têm um papel fundamental no
desenvolvimento da personalidade da criança e no tipo de relacionamentos que
eles estabelecerão posteriormente com outros indivíduos ao longo da vida. A
auto-estima, por exemplo, pode ser induzida pela diminuição dos pais. Se uma
criança é repetida de várias maneiras, mais ou menos, explicitamente, que eles
não são capazes de fazer uma coisa apropriadamente ou se são criticados o
tempo todo e constantemente comparados com aqueles com maior
desempenho ou se a criança não tem permissão para se defender para si
próprios em várias situações apropriadas à idade, essa criança desenvolverá
uma falta de autoconfiança e viverá uma vida cheia de dúvidas (CARDOSO;
VERÍSSIMO, 2013).
Nem todos os pais estão conscientes da importância das relações
familiares no bom crescimento de seus filhos e negligenciam essa parte da
parentalidade. Os pais evitam socializar-se com o filho, conversando
frutuosamente com eles sobre a realização de atividades familiares que podem
ajudar a criança a se desenvolver, ao invés disso, instalam a indiferença dentro
da família. Isso é ruim e pode ter consequências negativas, pois as crianças
14

precisam se comunicar e interagir com seus familiares para se tornarem


adultos saudáveis e adaptados (FANTINATO; CIA, 2015).
A renda familiar e circunstâncias econômicas tem um efeito poderoso no
desenvolvimento das crianças.Como outros fatores de risco, baixa renda
familiar afeta principalmente as crianças afetando sua casa ambientes e os
pais que recebem em maneiras que impedem o desenvolvimento ideal.
Diferenças relacionadas à renda na parentalidade aparecem cedo. Por
exemplo, mães de baixa renda são, em média, menos carinhosas e menos
responsivas a sinais de socorro de seus bebês, e mais propensas atêm estilos
parentais severos (BUENO; VIEIRA, 2014).
Em famílias pobres e de baixa renda, o lar ambiente é mais provável que
seja caótico, e é mais provável que os pais fiquem estressados e não
respondam de maneira eficaz ao desenvolvimento. Eles mostram menos
sensibilidade e fornecem menos estimulação cognitiva. Estudos concluem que
viverem um ambiente afetado pelo caos e pela pobreza pode levar a mudanças
no estresse do cérebrosistema que aumenta a vulnerabilidade de uma
criançadoenças crônicas mais tarde na vida. Estudos em crianças muito jovens
identificarampadrões distintos de atividade cerebral associadoscom renda
familiar e status socioeconômico,especialmente em áreas do cérebro
relacionadas ao social edesenvolvimento emocional, capacidade de linguagem
eaprendizagem e memória (BUENO; VIEIRA, 2014).
A ideia de que as famílias constituem um nicho que proporciona
sobrevivência e socialização da próxima geração é muito comum na vida
cotidiana. Buscando entender a psicologia do desenvolvimento, esta idéia tem
sido negligenciada e rejeitada. Isto passou a ser aceito somente quando o ser
humano se mostrou importante em executar a função de cuidador primário para
a criança (PAPALIA, FELDMAN, MARTORELL, 2013).
Durante as décadas de 60 e 70, a família foi reafirmadacomo
fundamenta no contexto de desenvolvimento da criança e foram realizadas
tentativas para ligar a psicologia do desenvolvimento e da família à pesquisa.
Como a sobrevivência de uma criança foi experimentada como sendo
dependente do cuidado da mãe como principal cuidador, a qualidade do
relacionamento entre mãe e criança ganhou o status do aspecto principal da
criança meio ambiente (CRUZ, ABREU-LIMA, 2012).
15

Desde o final dos anos 60, o conceito da criança como participante ativa
na relação mãe-filho tem mudado e ampliou a visão sobre o papel da família e
ambiente que interfere no desenvolvimento infantil. O relacionamento mãe-filho
tem um ótimo reflexo no desenvolvimento saudável da criança. Hoje, a relação
pai-filho representa um importante segmento do ambiente natural em que uma
criança cresce, mas isso ainda não representa todo o relacionamento que uma
criança encontra quando ele ou ela cresce em uma família (ZEPPONE,
VOLPON, DEL CIAMPO, 2012).
O bom relacionamento interfamiliar é uma ferramenta apropriada para
caracterizar uma complexa rede de relacionamentos da família, incluindo os
vários membros da família, estimulando a se comunicarem e estabelecerem
vínculos, além de manter ou renegociar relacionamentos. Estes familiares
contribuem para tentar fortalecer o papel da família num contexto relevante
para a criança em desenvolvimento através de vias individuais de
desenvolvimento e contexto familiar. Além disso, alguns aspectos históricos
serão elaborados em detalhe indicando o papel real do conceito de família no
fluxo da estimativa histórica do desenvolvimento (OLIVEIRA, 2013).
A ideia de transmissão de sentido e cultura via o contexto familiar para a
criança é um dos mais salientes aspectos que enfatizam o papel do ambiente
relacional para o desenvolvimento da personalidade. A segunda parte será o
centro em torno dos conceitos atuais da família como um contexto para o
desenvolvimento, alguns dados empíricos serão apresentados para ilustrar a
necessidade de considerar estáticos os relacionamentos quando a influência
de um complexo ambiente dinâmico em vias individuais de desenvolvimento
deve ser avaliada (PAPALIA, FELDMAN, MARTORELL, 2013).
A família é muitas vezes definida como a instituição para a transmissão
de genes, bem como de cultura. Parece que o primeiro aspecto - transmissão
de genes - tem sido dominante na discussão sobre a função da família durante
os últimos anos, enquanto o segundo aspecto perdeu importância. Alguns até
acreditam que a família como instituição além dos genes não tem mais
relevância para a criança no desenvolvimento cognitivo, emocional ou social
(MINETTO et al, 2012).
Embora, sem dúvida, os genes sejam altamente relevantes para
numerosos aspectos do processo de desenvolvimento, não se deve esquecer
16

que dentro da família não são só os genes transmitidos de uma geração para a
próxima, mas também significando de cultura. Na contribuição a seguir, o foco
será estar neste último aspecto (OLIVEIRA, 2013).
A biologia e psicologia infantil fizeram imenso progresso na
determinação de seres humanos como espécie governada, além de
experiência individual, definida como uma espécie de impressão evolutiva em
seu comportamento cotidiano. A transmissão de seu significado e cultura
dentro da base intergeracional formada por pais e filhos tem sido muitas vezes
debatida sob uma perspectiva desenvolvimentista. Transmissão de cultura tem
sido reivindicada como um desenvolvimento humano específico, e perspectivas
vitalistas de interação organismo-ambiente e adaptação foram discutidos por
teóricos do desenvolvimento como Mark Baldwin (1894, 1895) ou Jean Piaget
(1937) (ROOKE, PEREIRA-SILVA, 2012).
Alguns estudiosos como o psicólogo William Stern (1935), trabalhou o
desenvolvimento com conceituações que enfatizaram a integridade do
organismo em seu ambiente e seu desenvolvimento em seu ambiente
ecológico específico. Com esta abordagem, defendeu uma adaptação humana
única no processo diferenciado das adaptações de outras espécies ressaltando
o processo de transmissão do significado durante o desenvolvimento
(ZEPPONE, VOLPON, DEL CIAMPO, 2012).
A teoria criada por Piaget do estágio cognitivo-desenvolvimentista que
descrevia como os modos de pensar das crianças se desenvolviam à medida
que interagiam com o mundo ao seu redor. Bebês e crianças pequenas
entendem o mundo de forma muito diferente do que os adultos, e, enquanto
brincam e exploram que sua mente aprende a pensar de uma maneira que se
adapte melhor à realidade (PANGANA, 2015).
A teoria de Piaget tem quatro estágios: sensório-motor, pré-operacional,
operacional concreto e operacional formal. Durante o estágio sensório-motor,
que geralmente dura do nascimento aos dois anos, as crianças estão apenas
começando a aprender a aprender. Embora o desenvolvimento da linguagem,
e assim o pensamento, comece durante esse período, as tarefas mais
importantes que ocorrem durante esse período envolvem as crianças
descobrindo como usar seus corpos. Eles fazem isso experimentando tudo
com seus cinco sentidos, portanto, "sensoriais", e aprendendo a engatinhar e
17

depois caminhar, apontar e depois agarrar, portanto, "motor" (PANGANA,


2015).
18

3 MEIO AMBIENTE

Durante décadas, a comunidade médica compreendeu a importante


influência que o ambiente de um indivíduo tem na sua saúde. Isto levou a
muitas intervenções de promoção da saúde que se concentram na melhoria da
saúde, melhorando o ambiente de uma comunidade. Também levou a
crescentes apelos por futuros esforços de promoção da saúde para ir além da
tentativa de mudar comportamentos individuais e, ao invés disso, focar na
criação de ambientes saudáveis, que são conducentes à saúde (CHAVES et al,
2013).
O ambiente social de um indivíduo, incluindo as relações sociais que um
indivíduo faz dentro dele, também pode ter um impacto profundo na qualidade
da criação dos filhos, o que, por sua vez, afeta o desenvolvimento da saúde e
as realizações futuras de uma criança. Foi demonstrado que os ambientes
sociais inclusivos que fornecem apoio aos pais aumentam a capacidade dos
pais de cuidar de seus filhos e, ao fazê-lo, promovem melhor saúde e
desenvolvimento da criança. Eles também demonstraram ter um efeito positivo
no sistema familiar, e as famílias que estão bem conectadas a redes de
indivíduos de apoio são mais capazes de lidar com fatores que podem
influenciar negativamente sua saúde (OLIVEIRA, 2013).

3.1 AMBIENTES SOCIAIS

O ambiente social refere-se ao ambiente físico de um indivíduo, recursos


da comunidade e relações sociais (OLIVEIRA, 2013):
O ambiente físico de um ambiente social inclui habitação, instalações
para educação, cuidados de saúde, emprego e espaço aberto para recreação.
A natureza do entorno físico (incluindo sua qualidade, por exemplo, a extensão
em que os espaços abertos são limpos e os edifícios mantidos) pode
influenciar a qualidade da criação dos filhos e, por sua vez, afetar a saúde e o
bem-estar das crianças nesse ambiente (OLIVEIRA, 2013).
Em relação aos recursos da comunidade, a disponibilidade de recursos
comunitários refere-se a estruturas comunitárias (por exemplo, governança
19

política) e organizações, conhecimento e apoio dentro da comunidade. A


medida em que os recursos estão disponíveis na comunidade influencia a
saúde dos indivíduos que vivem dentro dela. Viver em uma comunidade
socioeconomicamente carente e subdesenvolvida tem um impacto negativo no
desenvolvimento infantil (CHAVES et al, 2013).
As relações sociais são as interações entre vários indivíduos ou grupos.
Em todas as sociedades, os indivíduos desenvolvem relacionamentos com
outros indivíduos para capacitá-los a alcançar seus objetivos. Essas relações
podem ser inseridas consciente ou inconscientemente (por exemplo, uma
conversa amigável enquanto espera em uma fila ou uma reunião com o
professor de uma criança). As obrigações, expectativas, confiança e normas de
qualquer relacionamento influenciam até que ponto essas relações permitem
que um indivíduo desenvolva “capital social”. Capital social é uma rede forte e
solidária de indivíduos que fornece acesso a recursos emocionais e físicos que
um indivíduo precisa para atingir seus objetivos. As relações sociais são
coletivamente referidas como a rede social. Boas redes sociais estão
associadas a maiores níveis de coesão social, cuidados informais e aplicação
de comportamentos saudáveis, como não fumar e práticas sexuais
seguras(CHAVES et al, 2013).

3.2 INFLUÊNCIA DOS AMBIENTES SOCIAIS E AS RELAÇÕES


SOCIAIS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Há um corpo considerável de evidências que demonstram que o


ambiente social de um indivíduo influencia seu estado de saúde, embora os
mecanismos pelos quais ele o faz ainda não sejam totalmente compreendidos.
Vários mecanismos possíveis foram apresentados. Por exemplo, foi
hipotetizado que as crianças podem imitar o que veem em seu ambiente,
assim, aquelas que crescem em contextos caracterizados por educação de alta
qualidade e assistência infantil, acesso a uma gama de serviços essenciais e
instalações recreativas e coesão social, experimentam melhores resultados de
desenvolvimento do que aqueles que crescem em contextos caracterizados
pela falta de recursos e antagonismo social (OLIVEIRA, 2013).
20

3.3 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E REALIZAÇÃO


EDUCACIONAL

O ambiente social de uma criança influencia seu desenvolvimento


cognitivo e realização educacional. As crianças que se envolvem em boas
relações sociais têm um desempenho acadêmico melhor do que aquelas que
não o fazem. Crianças que vivem em ambientes sociais caracterizados por
estabilidade residencial são menos propensas a se ausentar da escola e ter um
desempenho acadêmico melhor do que aquelas que não o fazem. Aqueles que
vivem em bairros de baixa qualidade (por exemplo, baixo status
socioeconômico) são mais propensos a abandonar a escola antes da
conclusão do que aqueles que não o fazem (LEWIS; DESSEN, 2011).
Participar da educação infantil, em que uma criança pode desenvolver
relações sociais com outras crianças e professores e, ao fazê-lo, desenvolver
um comportamento pró-social, tem um efeito particularmente profundo no
desempenho acadêmico futuro. As crianças que frequentam a pré-escola têm
melhor desempenho acadêmico e têm menor probabilidade de repetir uma
série. Há evidências de que o desenvolvimento cognitivo é influenciado pelo
ambiente social durante a primeira infância, mesmo que a criança se mude
posteriormente para um bairro diferente. Por exemplo, uma criança que vive
em um bairro desfavorecido durante a primeira infância experimentará um
desenvolvimento cognitivo reduzido e desempenho acadêmico, mesmo que se
mude para uma vizinhança mais rica mais tarde na vida (PATIAS; SIQUEIRA;
DIAS, 2013).
Crescer em um ambiente social positivo está associado a um
comportamento menos arriscado. Crianças que crescem em ambientes
positivos são menos propensas a ter acidentes que requerem tratamento do
que aquelas que não o fazem. Há também um risco reduzido de desenvolver
um transtorno por uso de substâncias entre crianças que têm relações sociais
positivas em comparação com aquelas que não têm (CHAVES et al, 2013).
O sentimento de pertencimento que os indivíduos experimentam quando
têm boas relações sociais influencia positivamente sua saúde mental. Crianças
que têm boas relações sociais têm maior autoestima do que aquelas que não
têm e são menos propensas a ter problemas de saúde mental, incluindo
21

depressão e ansiedade. Há também evidências de que o comportamento pró-


social durante a infância leva a uma melhor saúde psicológica na vida adulta
(OLIVEIRA; ROSSETI-FERREIRA, 2013).
O ambiente social também pode influenciar a saúde de uma criança,
influenciando o comportamento de seus pais. Por exemplo, um estudo
australiano relatou que os pais que vivem em comunidades onde os serviços
eram mais acessíveis tinham menos probabilidade de usar técnicas parentais
hostis (que se espera que tenham efeitos psicológicos negativos em seus
filhos) do que aqueles que vivem em comunidades onde os recursos não
estavam disponíveis (SARAIVA; WAGNER, 2013).
Indivíduos que vivem em ambientes sociais caracterizados por relações
sociais positivas são mais motivados do que aqueles que não o fazem. Por
exemplo, verificou-se que o apoio entre pares é um importante preditor da
motivação de uma criança para perseguir objetivos sociais, enquanto o apoio
do professor aumenta a motivação de uma criança para objetivos sociais e
acadêmicos. O apoio dos pais também influencia as crianças em termos de seu
nível de interesse na escola e sua busca de metas (LEWIS; DESSEN, 2011).
Um ambiente social positivo também promove melhoria da saúde física,
incluindo: Um risco reduzido de transtornos alimentares - as crianças que se
envolvem em bons relacionamentos sociais têm menos probabilidade de
desenvolver transtornos alimentares do que aqueles que não o fazem; Maior
probabilidade de ser imunizado - as crianças que vivem em ambientes sociais
positivos têm maior probabilidade de serem imunizadas do que aquelas que
não são; Risco reduzido de gravidez na adolescência - as mulheres jovens que
vivem em bairros de baixa qualidade têm maior probabilidade de ter uma
gravidez na adolescência do que aquelas que não o fazem; Capacidade
esportiva: crianças com relações sociais positivas apresentam melhor
desempenho em esportes do que aquelas que não têm (OLIVEIRA, 2013).
22

4 A IMPORTÂNCIA DE AMBIENTES SOCIAIS POSITIVOS E


RELACIONAMENTOS PARA OS PAIS

O ambiente social de uma criança é amplamente ditado pelo local onde


seus pais moram e os envia para a escola. Por sua vez, o ambiente social
determina em grande parte quem as crianças formam as relações sociais e a
qualidade dessas relações sociais, pois muitas das relações que as crianças
formam estão dentro de sua família ou vizinhança. Como tal, as decisões dos
pais (ou, pelo contrário, a falta de poder de decisão) sobre onde morar, o
trabalho e a escola podem afetar significativamente a saúde e o bem-estar de
seus filhos (SILVA; WAGNER, 2008).

4.1 AMBIENTE FÍSICO

O ambiente físico de um indivíduo influencia marcadamente sua saúde.


Ambientes caracterizados por ambiente físico deficiente (por exemplo, falta de
espaço aberto, falta de instalações e lixo) estão associados a resultados ruins
na saúde. Por exemplo, ambientes sociais caracterizados pela qualidade e
moradias acessíveis estão associados à redução da pobreza e ao aumento da
estabilidade residencial, os quais afetam a saúde da criança e as relações
sociais que eles formam. Crianças que mudam de bairro frequentemente
porque seus pais são forçados a se mudar para encontrar moradia a preços
acessíveis podem achar difícil desenvolver relacionamentos sociais de apoio e
são mais propensas a estar ausentes ou com baixo desempenho na escola.
Crianças australianas que viviam em bairros mais limpos foram avaliadas como
tendo melhores comportamentos sociais do que aqueles que vivem em
ambientes menos limpos (BENCZIK, 2011).
A disponibilidade de instalações educacionais de boa qualidade dentro
de um ambiente também é importante. Por exemplo, frequentar a educação
infantil está associado a um melhor desenvolvimento infantil e os indivíduos
que vivem em comunidades socioeconomicamente marginalizadas têm menor
probabilidade de ter acesso a instalações de educação infantil e, portanto, são
menos propensos a frequentar e experimentar os benefícios da educação
23

infantil. As crianças que não frequentam a educação infantil também


demonstraram maior risco de maus-tratos durante a infância (BENCZIK, 2011).
A disponibilidade de oportunidades de emprego dentro de um bairro ou
comunidade também pode afetar o desenvolvimento de uma criança,
influenciando o trabalho dos pais. Trabalhar localmente significa menos tempo
de viagem (e, presumivelmente, mais tempo para compromissos familiares) e
estresse associado. Estresse relacionado ao trabalho e restrições de tempo
têm mostrado efeitos negativos sobre os indivíduos e se espalham para a
família e afetam os relacionamentos dentro dela, incluindo a qualidade dos
relacionamentos pais-filhos. Trabalhar localmente pode melhorar a
parentalidade, as relações entre pais e filhos e, em última análise, a saúde e o
desenvolvimento da criança. Há também evidências de que a disponibilidade
de moradia e emprego dentro de uma vizinhança, afetam os níveis de maus-
tratos infantis e as crianças são menos propensas a serem maltratadas em
comunidades onde habitação e emprego estão mais prontamente disponíveis
(SILVA; WAGNER, 2008).

4.2 RECURSOS DA COMUNIDADE

Os pais desempenham um papel fundamental na educação de seus


filhos. No entanto, eles também dependem de recursos dentro de sua
comunidade, incluindo professores, médicos e outros adultos (por exemplo,
membros da comunidade, família, amigos) para cumprir seu papel de pais. O
grau de coesão entre os membros da comunidade (medido, por exemplo, pela
presença ou ausência de organizações comunitárias ou ativismo comunitário)
influencia a natureza dessas relações. As comunidades caracterizadas por
altos níveis de coesão, como aqueles com grupos comunitários ativos,
oferecem boas oportunidades para os indivíduos se envolverem e
desenvolverem os recursos em sua comunidade (BENCZIK, 2011).
Por exemplo, um estudo australiano de crianças residentes em 257
bairros relatou que um sentimento de pertencer ao bairro (ter relações sociais
positivas dentro do bairro) estava associado a um comportamento mais pró-
social entre as crianças. Um estudo americano relatou que crianças que
crescem em bairros caracterizados por empobrecimento são mais propensas a
24

sofrer maus-tratos (relações sociais negativas) do que aquelas que vivem em


bairros sem essas características (BONALUME, 2013).
As regras e normas que governam uma comunidade também podem
exercer influência. Por exemplo, muitas comunidades australianas têm agora
leis que impedem os adultos de fumar nas proximidades das instalações
recreativas das crianças, e essas leis aumentam a capacidade das
comunidades de proteger a saúde das crianças (OLIVEIRA; ROSSETI-
FERREIRA, 2013).
Fatores relacionados às circunstâncias pessoais de um indivíduo
também influenciam até que ponto eles podem acessar recursos dentro da
comunidade. Por exemplo, o período de tempo que um indivíduo viveu em uma
comunidade influencia até que ponto eles se envolvem com recursos na
comunidade, e a estabilidade residencial aumenta o senso de pertencimento de
uma pessoa a uma comunidade e o acesso a recursos. No entanto, na
Austrália, as famílias estão cada vez mais móveis, e essa mobilidade pode
prejudicar o desenvolvimento de redes de apoio dentro de uma comunidade. A
situação de trabalho dos pais também pode influenciar seu acesso aos
recursos da comunidade. Por exemplo, os pais que estão trabalhando em
tempo integral ou trabalhando longe de sua comunidade local podem achar
difícil se envolver em organizações comunitárias (BENCZIK, 2011).
O papel dos membros da família extensa no fornecimento de apoio aos
pais está diminuindo na Austrália. Isso significa que o acesso a recursos não
familiares que podem fornecer esse apoio é de importância crescente para as
famílias (SILVA; WAGNER, 2008).

4.3 RELAÇÕES SOCIAIS

O ambiente social também influencia a natureza e a qualidade das


relações sociais em que pais e filhos se envolvem, pois, o ambiente social
determina em grande parte quem, com que frequência e com que termos pais e
filhos interagirão socialmente. Desenvolver e manter relações sociais positivas
por confiança, satisfação mútua, respeito, amor e felicidade) é fundamental
para uma boa qualidade de vida e saúde psicológica. Indivíduos que têm bons
relacionamentos desenvolvem um sentimento de pertença e recebem apoio de
25

outros membros de sua rede social, o que os ajuda a funcionar normalmente


no dia a dia e também a lidar com o estresse e os momentos difíceis. As
relações sociais também oferecem oportunidades para gerar novas ideias,
discutir questões e preocupações, compartilhar boas notícias e obter
informações sociais, apoio econômico e emocional. No entanto, algumas
relações sociais envolvem emoções e comportamentos negativos (por
exemplo, falta de confiança, inveja, ciúme, quebra de promessas e violência)
que podem prejudicar o bem-estar e a qualidade de vida de um indivíduo
(BONALUME, 2013).
Viver em um bom ambiente social aumenta a probabilidade de que uma
criança desenvolva relacionamentos sociais positivos. O comportamento social
e a capacidade de desenvolver relacionamentos positivos com os outros eram
tradicionalmente concebidos como habilidades que se desenvolveriam
naturalmente. No entanto, há um crescente reconhecimento de que os
comportamentos sociais são aprendidos e que as crianças devem aprender o
comportamento pró-social. As crianças aprendem a partir de seu ambiente
social, por exemplo, imitando (ou desafiando) o comportamento social de seus
pares e, portanto, o que eles veem em seu ambiente cotidiano pode influenciar
seu comportamento social. Habilidades sociais também podem ser ativamente
ensinadas, por exemplo, quando um pai ou professor reforça e encoraja bons
comportamentos, a probabilidade de ocorrência desses comportamentos é
aumentada (BENCZIK, 2011).
As relações sociais dos pais e da criança são cada vez mais
reconhecidas como fatores importantes que influenciam a qualidade da
parentalidade, o que, por sua vez, contribui de forma importante para o
desenvolvimento geral da criança. Os filhos de pais que têm relações sociais
fortes e de apoio têm maior probabilidade de desenvolver relacionamentos
sociais positivos e ter relações sociais e redes positivas e de apoio melhoram o
desenvolvimento de uma criança. Em termos de parentalidade, as relações
sociais de importância fundamental incluem as relações entre uma criança e os
pais, mas também uma criança e outros adultos (por exemplo, professores,
pais de outras crianças) e outras crianças (incluindo os seus irmãos). O
envolvimento dos pais com os pais de outras crianças cria confiança e
obrigações, bem como normas comunitárias, que os pais estabelecem
26

coletivamente para seus filhos. Isso significa que os pais podem,


coletivamente, assumir a responsabilidade pelo comportamento das crianças,
por exemplo, fornecendo disciplina se a criança se comportar mal (LANDRY,
2011).
Relacionamentos entre pais e filhos também afetam a capacidade de
uma criança desenvolver relacionamentos sociais na comunidade. Um estudo
relatou que os filhos de pais que tinham dificuldade em disciplinar seus filhos e
serem afetuosos com eles devido ao estresse financeiro receberam avaliações
mais baixas do professor em termos de comportamento social em comparação
com crianças cujos pais não tiveram essas dificuldades (BENCZIK, 2011).

4.4 COMO MELHORAR ESTE RELACIONAMENTO

Rotinas como comer juntos como uma família ou ir ao parque aos


domingos oferecem oportunidades para os membros da família desenvolverem
relações sociais entre si. Os rituais familiares também promovem um
sentimento de pertença. As rotinas de dormir estão associadas a melhores
padrões de sono entre as crianças. Rotinas familiares também podem tornar
mais fácil para as crianças lidar com o estresse, como a separação dos pais ou
o divórcio (LANDRY, 2011).
Os pais podem experimentar melhorias em seu ambiente social,
ajustando seus horários de trabalho, por exemplo, liberando tempo para
participar de atividades ou organizações comunitárias. Os funcionários
australianos têm a obrigação de conceder aos pais acordos de trabalho
flexíveis em circunstâncias razoáveis. Os pais devem, portanto, estar cientes
de seus direitos, pois isso pode permitir que eles dediquem mais tempo aos
compromissos da comunidade e da família (OLIVEIRA; ROSSETI-FERREIRA,
2013).
Os pais também devem encorajar seus filhos a desenvolver
relacionamentos sociais através do brincar. Brincar é um dos principais meios
pelos quais as crianças desenvolvem habilidades sociais e aprendem as
habilidades necessárias para formar relacionamentos com outras crianças e
adultos. Brincar promove interações positivas entre os colegas e reduz a
probabilidade de uma criança apresentar comportamento agressivo. Os jogos
27

cooperativos (em oposição aos competitivos) podem ser particularmente úteis


para o desenvolvimento do comportamento pró-social, pois o sucesso do jogo
depende do grupo (não do indivíduo) e as crianças são encorajadas a se
concentrarem no processo do jogo, e não do que o seu resultado (o vencedor)
(BONALUME, 2013).
Os pais também podem contribuir para a saúde e o desenvolvimento de
seus filhos, melhorando suas habilidades como pais. Programas parentais que
ensinam os pais a desenvolver a competência emocional de seus filhos têm
relatado resultados positivos e que o desenvolvimento da competência
emocional em crianças melhora seu comportamento social. As crianças que
são emocionalmente confiantes são mais propensas a interagir com outras
crianças e exibem menos emoções negativas que podem interromper suas
relações sociais (BONALUME, 2013).
28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho evidenciou a preocupação que a psicologia deve ter em


englobar a família no processo de desenvolvimento da criança, mudando
paradigmas que possam existir e deixar lacunas que inviabilizem um
crescimento saudável diante de tantas mudanças relacionadas ao
desenvolvimento e criação destas crianças.
O ambiente social de um indivíduo, incluindo as relações sociais que um
indivíduo faz dentro dele, também pode ter um impacto profundo na qualidade
da criação dos filhos, o que, por sua vez, afeta o desenvolvimento da saúde e
as realizações futuras de uma criança.
Foi demonstrado que os ambientes sociais inclusivos que fornecem
apoio aos pais aumentam a capacidade dos pais de cuidar de seus filhos e, ao
fazê-lo, promovem melhor saúde e desenvolvimento da criança. Eles também
demonstraram ter um efeito positivo no sistema familiar, e as famílias que estão
bem conectadas a redes de indivíduos de apoio são mais capazes de lidar com
fatores que podem influenciar negativamente sua saúde.
29

REFERÊNCIAS

BENCZIK, Edyleine Bellini Peroni. A importância da figura paterna para o


desenvolvimento infantil. Rev. psicopedag., v. 28, n. 85, 2011. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862011000100007>. Acesso em:10/09/2018.

BORSA, Juliane Callegaro; NUNES, Maria Lucia Tiellet. Aspectos psicossociais


da parentalidade: O papel de homens e mulheres na família nuclear. Psicol.
Argum., Curitiba, v. 29, n. 64, p. 31-39 jan./mar. 2011. Disponível em:
<https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/view/19835/1
9141>. Acesso em: 12/05/2018.

BONALUME, Cintia R. O Contexto Familiar e o Desenvolvimento Infantil:


Considerações Sobre o Complexo de Édipo, a Aprendizagem e os Limites.
Desenvolvimento Humano, 2013. Disponível em:
<https://psicologado.com.br/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/o-
contexto-familiar-e-o-desenvolvimento-infantil-consideracoes-sobre-o-
complexo-de-edipo-a-aprendizagem-e-os-limites>. Acesso em: 10/09/2018.

BUENO, Rovana Kinas; VIEIRA, Mauro Luís. Análise de estudos brasileiros


sobre o pai e o desenvolvimento infantil. Psicol. Argum., Curitiba, v. 32, n. 76,
p. 151-159, jan./mar. 2014
. Disponível em:
<https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/view/20247/1
9529>. Acesso em: 12/05/2018.

CARDOSO, Jordana; VERISSIMO, Manuela. Estilos parentais e relações de


vinculação. Psicológica, Lisboa , v. 31, n. 4, p. 393-406, dez. 2013.
Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?pid=S0870-
82312013000400006&script=sci_arttext&tlng=es>. Acesso em: 12/05/2018.

CHAVES, Caroline Magna Pessoa et al. Avaliação do crescimento e


desenvolvimento de crianças institucionalizadas. Rev Bras Enferm.; v. 66, n. 5,
p. 668-74, 2013. Disponível em:
<http://www.redalyc.org:9081/html/2670/267028883005/>. Acesso
em:10/09/2018.

CRUZ, Orlanda; ABREU-LIMA, Isabel. Qualidade do ambiente familiar –


preditores e consequências no desenvolvimento das crianças e jovens. Revista
AMAzônica, Ano 5, v. VIII, n. 1 , p. 244- 263, 2012. Disponível em:
<https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/63896>. Acesso em: 03/04/2018.

FANTINATO, Aline Costa; CIA, Fabiana. Habilidades Sociais Educativas,


Relacionamento Conjugal e Comportamento Infantil na Visão Paterna. Psico,
v. 46, n. 1, 2015. Disponível em:
<https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5632963>. Acesso em:
12/05/2018.
30

LANDRY, Susan H. O papel dos pais na aprendizagem na primeira infância.


Enciclopédia sobre o desenvolvimento da primeira infância, 2011.

LEWIS, Charlie; DESSEN, Maria Auxiliadora. O pai no contexto familiar.


Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 15, n. 1, 2011. Disponível em:
<https://revistaptp.unb.br/index.php/ptp/article/view>. Acesso em:10/09/2018.

MINETTO, Maria de Fátima et al. Práticas educativas e estresse parental de


pais de crianças pequenas com desenvolvimento típico e atípico. Educar em
Revista, 2012. Disponível em:
<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=155023646009>. Acesso em:
03/04/2018.

OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de. Educação infantil: fundamentos e


métodos. Ed. Cortez: São Paulo, 2013, p. 23-47.

OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de; ROSSETI-FERREIRA, Maria Clotilde.


O valor da interação criança-criança em creches no desenvolvimento infantil.
Card Pesq, n. 87, 2013. Disponível em:
<http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/article/view/928>. Acesso
em:10/09/2018.

PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin; MARTORELL, Gabriela.


Desenvolvimento humano, 12 edição. Ed. Artmed: São Paulo, 2013, p. 12-
230.

PALANGANA, isilda Campaner. Desenvolvimento e aprendizagem em


Piaget e Vigotski: a relevância social, 6 ed. Ed. Summus: São Paulo, 2015, p.
17-123.

PATIAS, Naiana Dapieve; SIQUEIRA, Aline Cardoso; DIAS, Ana Cristina


Garcia. Práticas educativas e intervenção com pais: a educação como proteção
ao desenvolvimento dos filhos. Psicologia da Saúde, v. 21, n. 1, Jan-Jun
2013, p. 29-40, 2013. Disponível em:
<http://naobataeduque.org.br/site2017/wp-
content/uploads/2017/03/Artigo_Praticas-educativas_Santa-Maria2013.pdf>.
Acesso em: 10/09/2018

ROOKE, Mayse Itagiba; PEREIRA-SILVA, Nara Liana. Resiliência Familiar e


Desenvolvimento Humano: Análise da Produção Científica. Psicol. pesq., v.
6, n. 2, p. 179-186, 2012. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-
12472012000200011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 03/04/2018.

SARAIVA, Lisiane Alvim; WAGNER, Adriana. A relação família-escola sob a


ótica de professores e pais de crianças que frequentam o ensino fundamental.
Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.21, n. 81, p. 739-772, 2013.
Disponível em:
<https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/158240/000944688.pdf?seq
uence=1&isAllowed=y>. Acesso em:10/09/2018.
31

SCOPEL, Ramilia Recla; SOUZA, Valquíria Conceição; LEMOS, Stela Maris


Aguiar. A influência do ambiente familiar e escolar na aquisição e no
desenvolvimento da linguagem: revisão de literatura. Rev. CEFAC, v. 14, p.
732-741, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcefac/2011nahead/33-
11.pdf>. Acesso em: 03/04/2018.

SILVA, Nancy Capretz Batista da et al. Variáveis da família e seu impacto


sobre o desenvolvimento infantil. Temas psicol., v. 16, n. 2, 2008. Disponível
em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
389X2008000200006>. Acesso em:10/09/2018.

ZEPPONE, Silvio Cesar; VOLPON, Leila Costa; DEL CIAMPO, Luiz Antonio.
Monitoramento do desenvolvimento infantil realizado no Brasil. Revista
Paulista de Pediatria, v. 30, n. 4, p. 594-599, 2012. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/11449/73869>. Acesso em: 03/04/2018.

Você também pode gostar