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AULA 2

CERTIFICAÇÃO E ACREDITAÇÃO
AMBIENTAL

Prof. Klaus Dieter Sautter


TEMA 1 – HISTÓRICO DA SÉRIE ISO 14001

A partir da década de 1990, com o aumento da poluição causado pelo ser


humano, bem como de seus impactos e a conscientização da sociedade advinda
desses fatos, várias iniciativas de autorregulamentação voluntária começaram a
aparecer. Isso se deve ao fato, principalmente, do crescimento do movimento
ambientalista e do surgimento de um novo grupo de consumidores, os
consumidores responsáveis, também chamados de consumidores verdes, além
de restrições comerciais a produtos ambiental danosos, por empresas e mesmo
países.
A primeira norma ambiental de cunho sistemático, isto é, que analisa a
atividade como um todo e não pontos isolados, foi a BS 7750, da British Standards
Institution (BSI), da Inglaterra, em 1992. Ela era baseada no Ciclo PDCA (Plan-
Do-Check-Act), e definiu o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de uma empresa
em: Estrutura Organizacional, Responsabilidades, Práticas, Procedimentos,
Processos e Recursos. Outras normas, foram criadas a partir dessa, tendo como
objetivo a leitura sistemática da questão ambiental dentro de uma organização.
Entre elas podemos citar o EMAS (1993 – União Europeia), CSA Z750 (1994 –
Canadá) e a UNE 77801 (1994 – Espanha). Com exceção da EMAS, as outras
tinham cunho e influência somente nacional. Mesmo a EMAS era válida somente
para países pertencentes à União Europeia.
Porém, a partir da boa intenção dessas certificações, permanecia um
problema: se essas certificações tinham somente cunho nacional ou regional,
poderiam ser utilizadas como barreiras para o comércio internacional. Países
poderiam exigir uma certificação específica para a entrada de produtos no seu
próprio mercado.
Antecipando-se a isso, a ISO (International Organization for
Standardization), instituição internacional de padronização, criou um Comitê
Técnico para estudar a elaboração de uma norma de Gestão Ambiental que
pudesse ser utilizada e reconhecida no mundo inteiro. Esta norma foi baseada
principalmente nas experiências adquiridas pela BS 775, mas também em outras
normas ambientais já existentes (Figura 1). A ISO foi criada em 1947, e tem como
objetivo desenvolver programas de padronização, visando facilitar a troca de
mercadorias e serviços entre os diferentes países. Então, em 1993, foi criado o
Comitê Técnico 207 (TC 207) e seus respectivos subcomitês (SC) e grupos de

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trabalho (WG), com a missão de desenvolver essa norma. Esses comitês e
subcomitês são permanentes, continuando mesmo após a publicação da versão
final da respectiva norma. Isso facilita a evolução das normas e suas atualizações.

Figura 1 – Bases para a criação das normas ISO 1400

BS 7750 EMAS CSA Z750 UNE 77801

Série ISO 14000

Para sua criação, qualquer norma segue estágios especificados em uma


sequência (Tabela 1).

Tabela 1 – Estágios de Desenvolvimento de uma norma ISO

Estágio Nome do produto ou documento resultante e nome e


sigla em inglês
Preliminar Item de trabalho preliminar – projeto (Preliminary Work Item –
Project) (PWI)
Proposta Proposta de novo item de trabalho (New Proposal for a Work
Item) (NP)
Preparatório Rascunho de Trabalho (Working Draft) (WD)
Comitê Rascunho de Comitê (Commitee Draft) (CD)
Consulta Rascunho de Norma Internacional (Draft International
Standard) (DIS)
Aprovação Rascunho Final de Norma Internacional (Final Draft
International Standard) (FDIS)
Publicação Norma Internacional (International Standard) (IS)

Fonte: ISO (2019a).

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Em 2019, o TC 207 possuía seis subcomitês (ISO/TC 207/SC 1 – Sistemas
de Gestão Ambiental; ISO/TC 207/SC 2 – Auditoria Ambiental e Investigações
Relacionadas; ISO/TC 207/SC 3 – Rotulagem Ambiental; ISO/TC 207/SC 4 –
Avaliação do Desempenho Ambiental; ISO/TC 207/SC 5 – Avaliação do Ciclo de
Vida; ISO/TC 207/SC 7 – Manejo de gases do efeito efeitos e atividades
relacionadas), e 10 Grupos de Trabalho (ISO/TC 207/DCCG – Grupo de
Coordenação de Países em Desenvolvimento; ISO/TC 207/SLG – Grupo de
Liderança Estratégica; ISO/TC 207/STTF – Força Tarefa de tradução ao idioma
espanhol; ISO/TC 207/TCG – Grupo de Coordenação de Terminologia; ISO/TC
207/TG 1 – Coordenação de Finanças Sustentáveis; ISO/TC 207/TG 2 –
Coordenação de Economia Circular; ISO/TC 207/WG 8 – Contabilidade de fluxo
de materiais – Princípios Gerais; ISO/TC 207/WG 9 – Degradação do solo e
desertificação; ISO/TC 207/WG 10 – Design ambiental consciente; ISO/TC
207/WG 11 – Finanças verdes). Lembrando que esses grupos de trabalhos podem
desaparecer assim que concluírem suas tarefas.

TEMA 2 – SÉRIE ISO 14000

A série ISO 14001 é dividida em diferentes subcomitês técnicos (SC),


dentro do Comitê Técnico 207 (TC 207). A partir desse momento, vamos tratar
das diferentes normas da Série ISO 14000, conforme os seus subcomitês.

2.1 ISO/TC 207/SC 1 – Sistemas de Gestão Ambiental

O Subcomitê 1 trata basicamente do funcionamento de Sistemas de Gestão


Ambiental, isto é, dá as diretrizes de como a organização deve organizar o seus
Sistema de Gestão Ambiental (Tabela 2). É bom lembrar que nesse subcomitê
encontra-se a mais importante de todas as normas da série e a única certificável:
a ISO 14001. Mais tarde trataremos em detalhes dessa norma.

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Tabela 2 – Normas da Série ISO 14000 – SC 1 – Sistemas de Gestão Ambiental

Norma Uso
ISO 14001: 2015 Sistemas de Gestão Ambiental – Requisitos com
orientações para uso
ISO 14002: 2019 Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes para uso da
ISO 14001 para abordar aspectos e condições ambientais
em uma área de tópico ambiental – Parte 1: geral
ISO 14004: 2016 Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais para
implementação
ISO 14005: 2019 Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes para uma
abordagem flexível à implementação em fases
ISO 14006: 2011 Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes para a
incorporação do ecodesign
ISO 14007: 2019 Gestão Ambiental – Diretrizes para a determinação de
custos e benefícios ambientais
ISO 14008: 2019 Avaliação monetária dos impactos ambientais e aspectos
ambientais relacionados

Fonte: ISO (2019b).

2.2 ISO/TC 207/SC 2 – Auditoria Ambiental e investigações relacionadas

Neste Subcomitê, originalmente responsável pelas normas de auditorias


dos Sistemas de Gestão Ambiental com base na ISO 14001, só encontramos
atualmente a norma ISO 14015: 2001, que trata da Gestão Ambiental – Avaliação
Ambiental de locais e organizações. As normas de auditoria ambiental foram
transferidas para a ISO 19011.

2.3 ISO/TC 207/SC 3 – Rotulagem Ambiental

Neste Subcomitê encontramos as normas referentes à rotulagem


ambiental. Elas têm como objetivo harmonizar todos os rótulos e selos ambientais,
de tal modo que as suas informações possam ser trocadas entre empresas e
países (Tabela 3).

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Tabela 3 – Normas da Série ISO 14000 – SC 3 – Rotulagem ambiental

Norma Uso
ISO 14020: 2000 Rotulagem ambiental e declarações – Princípios gerais
ISO 14021: 2016 Rotulagem ambiental e declarações – Autodeclarações
ambientais (Tipo II)
ISO 14024: 2018 Rotulagem ambiental e declarações – Rotulagem
ambiental Tipo I: Princípios e procedimentos
ISO 14025: 2006 Rotulagem ambiental e declarações – Rotulagem
ambiental Tipo III: Princípios e procedimentos
ISO 14026: 2017 Rotulagem ambiental e declarações – Princípios,
requisitos e diretrizes para a comunicação da pegada
ambiental
ISO/TS 14027: Rotulagem ambiental e declarações – Desenvolvimento
2017 de regras para as categorias de produtos

Fonte: ISO (2019b).

2.4 ISO/TC 207/SC 4 – Avaliação do Desempenho Ambiental

Neste Subcomitê, sugerem-se formas de avaliação do desempenho


ambiental da organização. Lembrando que a organização pode optar por outras
formas de avaliação de desempenho, desde que se provem corretas (Tabela 4).

Tabela 4 – Normas da Série ISO 14000 – SC 4 – Avaliação do desempenho


ambiental

Norma Uso
ISO 14031: 2013 Gestão Ambiental – Avaliação de desempenho ambiental
- Diretrizes
ISO 14033: 2019 Gestão Ambiental – Informações ambientais quantitativas
– Diretrizes e exemplos
ISO 14034: 2016 Gestão Ambiental – Verificação de tecnologia ambiental
ISO 14063: 2006 Gestão ambiental – Comunicação ambiental – Diretrizes e
exemplos

Fonte: ISO (2019b).

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2.5 ISO/TC 207/SC 5 – Avaliação do Ciclo de Vida

Neste Subcomitê pretende-se uniformizar os diferentes sistemas de


avaliação do ciclo de vida de um produto, processo ou serviço, sempre
analisando-se do ponto de vista ambiental. A intenção é levantar todos os
impactos ambientais, desde a obtenção da matéria prima original, sua
transformação pela indústria, seu processo de venda e encaminhamento ao
consumidor, o uso e o pós-uso pelo consumidor final (Tabela 5).

Tabela 5 – Normas da Série ISO 14000 – SC 5 – Avaliação do Ciclo de Vida

Norma Uso
ISO 14040: 2006 Gestão Ambiental – Análise do ciclo de vida – Princípios e estrutura
ISO 1044: 2006 Gestão Ambiental – Análise do ciclo de vida – Requisitos e diretrizes
ISO 14044: 2006 / Gestão Ambiental – Análise do ciclo de vida – Requisitos e diretrizes
AMD 1: 2017 – Alteração 1
ISO 14045: 2012 Gestão Ambiental – Avaliação da ecoeficiência de sistemas de
produtos – Princípios, requisitos e diretrizes
ISO 14046: 2014 Gestão Ambiental – Pegada de água – Princípios, requisitos e
diretrizes
ISO/TR 14047: 2012 Gestão Ambiental – Análise do Ciclo de Vida – Exemplos ilustrativos
de como aplicar a ISO 14044 para situações de avaliação de impactos
ISO/TR 1048: 2002 Gestão Ambiental – Análise do Ciclo de Vida – Formato de
documentação de dados
ISO/TR 14049: 2012 Gestão Ambiental – Análise do Ciclo de Vida – Exemplos ilustrativos
de como aplicar a ISO 14044 na definição de objetivos e escopos e
na análise de inventário
ISO/TS 14071: 2014 Gestão Ambiental – Análise do Ciclo de Vida – Processos críticos de
revisão e competências para a revisão: Requisitos adicionais e
diretrizes para a ISO 14004:2006
ISO/TS 14072: 2014 Gestão Ambiental – Análise do Ciclo de Vida – Requisitos e diretrizes
para a avaliação organizacional do ciclo de vida
ISO/TR 14073: 2017 Gestão Ambiental – Pegada de água – Exemplos ilustrativos de como
aplicar a ISO 14046.

Fonte: ISO (2019b).

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2.6 ISO/TC 207/SC 7 – Manejo de gases do efeito efeitos e atividades
relacionadas

Neste Subcomitê, são discutidas normas em relação à diminuição da


emissão de gases do efeito estufa (Tabela 6).

Tabela 6 – Normas da Série ISO 14000 – SC 7 – Manejo de gases do efeito efeitos


e atividades relacionadas

Norma Uso
ISO 14064-1: 2018 Gases de efeito estufa – Parte 1: Especificação com orientação
no nível da organização para quantificação e comunicação de
emissões e remoções de gases de efeito estufa
ISO 14064-2: 2019 Gases de efeito estufa – Parte 2: Especificação com orientação
no nível do projeto para quantificação, monitoramento e
relatório de reduções de emissões de gases de efeito estufa ou
aprimoramentos de remoção
ISO 14064-3: 2019 Gases de efeito estufa – Requisitos para os organismos de
validação e verificação de gases de efeito estufa para uso em
acreditação ou outras formas de reconhecimento
ISO 14066: 2011 Gases de efeito estufa – Requisitos de competência para as
equipes de validação e verificação de gases de efeito estufa
ISO 14067: 2018 Gases de efeito estufa – Pegada de carbono dos produtos –
Requisitos e diretrizes para quantificação
ISO/TR 14069: 2013 Gases de efeito estufa – Quantificação e geração de relatórios
de emissões de gases de efeito estufa para as organizações –
Diretrizes para a aplicação da ISO 14064-1
ISO 14080: 2018 Gerenciamento de gases de efeito estufa e atividades
correlatas – Estrutura e princípios para metodologias de ações
climáticas
ISO 14090: 2019 Adaptação às mudanças climáticas – Princípios, requisitos e
diretrizes

Fonte: ISO (2019b).

TEMA 3 – ISO 14001: OBJETIVOS

Como já mencionado anteriormente, a ISO 14001, a primeira da lista, é a


única norma certificável de toda a série. A ISO 14001 tem dois grandes méritos:

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(a) uniformização de rotinas e procedimentos, seguindo um mesmo roteiro no
mundo inteiro, o que permite que empresas em países diferentes tenham a
segurança de que os mesmos cuidados ambientais estão sendo tomados nesses
países; e (b) a certificação é feita por uma terceira parte, especializada,
reconhecida e independente, dando, assim, respaldo aos resultados da auditoria.
Para se obter a certificação ISO 14001, é preciso cumprir três exigências
básicas: (a) ter implantado um Sistema de Gestão Ambiental, baseado na própria
ISO 14001; (b) cumprir legislação ambiental aplicável ao local da instalação da
organização; e (c) assumir compromisso com a melhoria contínua de seu
desempenho ambiental.
E para a certificação, três fases básicas devem ser cumpridas: (a) fase
preparatória: compromissos e princípios gerenciais são construídos, como política
ambiental, objetivos, metas e procedimentos; (b) diagnóstico ou pré-auditoria, fase
em que se identifica pontos vulneráveis, e se determina procedimentos ambientais
para o equacionamento e correção; e (c) certificação: fase em que uma entidade
credenciada executa a auditoria do sistema de gestão ambiental para analisar sua
conformidade com a norma (Figura 2).

Figura 2 – Fases da certificação ISO 14001

Fase preparatória: compromissos e


princípios gerenciais

Diagnóstico ou pré-auditoria: pontos


vulneráveis - equacionamento

Certificação: auditoria -
conformidade

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A ISO 14001 tem como objetivos básicos (ABNT ISO, 2015):

a) Proteção do meio ambiente pela prevenção ou mitigação dos impactos


ambientais adversos;
b) Mitigação de potenciais efeitos adversos das condições ambientais da
organização;
c) Auxílio à organização no atendimento aos requisitos legais e outros
requisitos;
d) Aumento do desempenho ambiental;
e) Controle ou influência no modo em que os produtos e serviços da
organização são projetados, fabricados, distribuídos, consumidos e
descartados, utilizando uma perspectiva de ciclo de vida que possa
prevenir o deslocamento involuntário dos impactos ambientais dento do
ciclo de vida;
f) Alcance dos benefícios financeiros e operacionais que podem resultar da
implementação de alternativas ambientais que reforçam a posição da
organização no mercado;
g) Comunicação de informações ambientais para as partes interessadas
pertinentes.

TEMA 4 – ISO 14001: FASES

A ISO 14001 é baseada na ideia do PDCA (Plan-Do-Check-Act) (Planejar-


Fazer-Verificar-Agir) (Figura 3).

Figura 3 – Ciclo PDCA

Créditos: Iamnoonmai/Shutterstock.

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Esse ciclo visa alcançar a melhoria contínua, a partir do momento em que
devemos, na primeira fase (Planejar), delinear quais objetivos ambientais
queremos para a nossa organização e quais são os processos que devemos
implementar para tal. Na segunda fase (Fazer), devemos implementar na prática
todos os processos que definimos no planejamento. O objetivo da terceira fase
(Verificar) é o monitoramento dos processos que foram implementados na
segunda fase. Esse monitoramento é de crucial importância, pois aí sabemos se
o planejamento foi feito de modo correto ou não. Já na última fase do PDCA (Agir),
devemos consertar o que o monitoramento acusou como errado ou mesmo
melhorar aquilo que já está bom. É aqui que está a questão da melhoria contínua,
já colocada como uma das exigências básicas do ISO 14001.
É importante citar que dois processos básicos devem coexistir na
implementação da ISO 14001. O primeiro é o comprometimento, em que
principalmente a alta administração compromete-se a apoiar a implementação do
Sistema de Gestão Ambiental. O outro processo básico é a análise da situação
atual da empresa. Essa análise dará base para todos os estudos de
procedimentos que devem ser feitos dentro da organização, visando a
implementação da norma ISO 14001. É a partir dessa análise que
determinaremos quais são os pontos fortes e fracos da organização, no que tange
à questão ambiental.

4.1 Fases da ISO 14001

Como já definido, a ISO 14001 baseia-se na ideia do Ciclo PDCA. A Figura


4 ilustra as diferentes fases da Norma.
Como podemos ver na Figura 4, a ISO 14001 é dividida em cinco fases
básicas: Liderança, Planejamento, Suporte e Operação, Avaliação do
Desempenho e Melhoria. Cada uma dessas fases tem uma importância grande,
preparando o sistema de gestão ambiental para a próxima fase.
Na Fase de Liderança, a alta administração deve se envolver pessoalmente
com todas as atividades do Sistema de Gestão Ambiental.
Na Fase de Planejamento são definidas todas as atividades a serem
realizadas durante a implementação e manutenção do Sistema de Gestão
Ambiental.

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Na Fase de Suporte e Operação, são definidas e implementadas todas as
atividades que foram planejadas a priori, assim como aquelas que dão base ao
sucesso do Sistema de Gestão Ambiental.
A fase de Avaliação do Desempenho, correspondente à verificação do
PDCA, são determinadas todas as atividades que verificarão se as atividades
anteriormente planejadas e depois executadas, estão de acordo com
planejamento.
Finalmente, na Fase de Melhoria, serão propostas todas as modificações
necessárias, para que o Sistema de Gestão Ambiental cumpra seus objetivos,
assim como assuma a condição de Melhoria Contínua.

Figura 4 – Fases da ISO 14001

Fonte: Adaptado de ABNT ISO (2015).

TEMA 5 – ISO 14001: ESCOPO

Para a definição do escopo do Sistema de Gestão Ambiental a ser


implementado com base na ISO 14001, precisamos entender a própria
organização e o contexto em que está inserida. Para tal, necessitamos fazer uma
análise da situação atual da empresa, entender as necessidades e expectativas
das partes interessadas, bem como definir o escopo do sistema a ser
implementado.

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5.1 Análise da situação atual da empresa

Nessa fase de análise da situação atual da empresa, é preciso promover


um quadro conceitual da questão ambiental da organização. Devemos verificar o
estágio atual de gestão ambiental e cumprimento da legislação ambiental, entre
outros. É uma fase de diagnóstico, em que vamos levantar os principais impactos
ambientais existentes, bem como quais ações estão sendo realizadas para
minimizá-los ou evitá-los.
Devem ser levantadas todas as condições ambientais atuais, como, por
exemplo, relacionadas à qualidade do ar, poluição e uso do solo, qualidade da
água, tratamento de água e esgoto, qualquer tipo de contaminação já existentes,
uso de materiais, depleção de recursos naturais renováveis e não renováveis.
Outro ponto importante é o levantamento de todas as circunstâncias que
cercam a empresa. Por exemplo, questões externas, culturais, sociais, políticas,
legais, financeiras, tecnológicas, econômicas, naturais e competitividade com
outras empresas. Isso pode ser feito em âmbito local, regional, nacional ou mesmo
internacional, conforme for o tamanho e a influência que a empresa exerce à sua
volta.
Finalmente devem ser entendidas todas as suas características internas,
como, por exemplo, quais são suas atividades, produtos e/ou serviços, qual é a
estratégia da empresa perante os negócios, a sociedade e ao meio ambiente, qual
é sua cultura interna e distribuição de competências.
Somente o entendimento dessas condições permite o estabelecimento,
implementação, manutenção e melhoria contínua de um sistema de gestão
ambiental.

5.2 Entendimento das necessidades e expectativas das partes interessadas

Podemos definir partes interessadas (ou stakeholders), como todas


aquelas pessoas ou organizações que tenham algum interesse na organização
em discussão. Por exemplo, os funcionários são partes interessadas. Para eles,
é necessário que a organização cresça, de tal modo que eles mantenham seus
empregos. Os acionistas são partes interessadas, pois procuram a maior
remuneração possível para o seu dinheiro investido. Os órgãos de fiscalização e
proteção ambiental são partes interessadas, pois querem que a organização
cumpra toda a legislação ambiental vigente no seu local de instalação. Os

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moradoras do entorno da empresa também são partes interessadas, pois
qualquer problema que aconteça nela pode afetar suas vidas, seu dia a dia.
A organização deve considerar o que cada parte interessada espera dela,
e tomar a decisão por cumprir ou não aquela expectativa. Nem todo requisito de
uma parte interessada deve ser cumprido pela organização. Algumas podem ser
obrigatórias, como aquelas citadas por lei, regulamentos, autorizações e licenças,
isto é, tenham sido tomadas por decisão governamental ou jurídica. Já sobre as
não obrigatórias, a organização deve decidir se as acata ou não, voluntariamente.
No âmbito da ISO 14001, mesmo que um requisito de parte interessada não seja
obrigatório, a partir do momento que a organização acata, adota esse requisito,
ele se torna um requisito organizacional, e deve ser cumprido pela organização e
será considerado na ocasião da auditoria ambiental.

5.3 Definição do escopo

Definimos como escopo o limite físico e organizacional em que se


implementará o Sistema de Gestão Ambiental com base na ISO 14001. A
organização tem total liberdade e flexibilidade para definir onde será
implementado o SGA. Porém, a organização deve tomar cuidado para não excluir,
propositalmente ou mesmo sem querer, aqueles processos, produtos e/ou
serviços em que há impactos ambientais importantes e significativos, assim como
para evitar requisitos legais e outros requisitos. A credibilidade do sistema de
gestão ambiental está ligada à definição desse escopo, dos limites em que o SGA
vai atuar. Essa definição deve ser feita levando-se em consideração o ciclo de
vida de seus produtos, processos e/ou serviços, o que fará com que o escopo vá
além de suas fronteiras físicas, podendo ser necessário levar a atividade do SGA
até outros lugares para minimizar os seus impactos ambientais. O escopo acaba
sendo uma espécie de declaração real e representativa de todas as operações da
empresa que tenham real ou potencial impacto ambiental.
A definição do escopo também é importante em relação ao tipo de
certificação a ser realizada. Pode ser certificação site-by-site (local a local), em
que um ou mais locais são certificados de forma independente, isto é, não há
relação entre os locais certificados. Pode ser certificação integrada, em que são
certificados de uma vez só vários sistemas de gestão do mesmo local (por
exemplo, ISO 14001, ISO 9001 e outros). E certificação multi-sites, em que
diferentes locais são certificados com o mesmo sistema de gestão de forma única.

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REFERÊNCIAS

ABNT ISO – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS -


INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ABNT NBR ISO
14001: Sistemas de gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso. Rio
de Janeiro, 2015.

ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. My ISO


Job. 2019a. Disponível em:
<https://www.iso.org/files/live/sites/isoorg/files/store/en/PUB100037.pdf>. Acesso
em: 12 fev. 2020.

_____. Standards by ISO/TC 207 – Environmental management. 2019b.


Disponível em: <https://www.iso.org/committee/54808/x/catalogue/>. Acesso em:
12 fev. 2020.

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