Você está na página 1de 10

&

ISSN Impresso: 2316-1299


E-ISSN 2316-3127

A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS PREVENTIVOS


NAS EDIFICAÇÕES MULTIFAMILIARES

Bruna Araujo Souza1 RESUMO


Este artigo apresenta como tema central o uso
dos sistemas preventivos nas edificações multi-
familiares, com enfoque principal na preservação
da vida humana e a proteção dos bens materiais.
A segurança contra incêndios, apesar de ser con-
siderada de fundamental importância nas cons-
truções e projetos, sua exigência é somente tra-
tada como um item de atendimento burocrático
à regulamentação junto ao Corpo de Bombeiros
ou da Prefeitura Local. Logo, buscando eviden-
ciar boas práticas e entender os fatores que in-
fluenciam a severidade do incêndio e a segurança
das vidas e do patrimônio, este artigo descreve
medidas mitigadoras, equipamentos preven-
tivos e ações que podem ser desenvolvidas em
uma situação de sinistro. O objetivo principal da
pesquisa é evidenciar a importância do sistema
preventivo funcional nas edificações multifami-
1 Engenheira de Petróleo – Prestadora de serviço para Petrobras liares, rigorosamente amparado pelas normas e
na Unidade de Operações Sergipe e Alagoas; Tecnóloga em petró- padrões técnicos, salientando os pontos funda-
leo e gás. E-mail: brunaaraujosouza@hotmail.com mentais que integram os sistemas de proteção
ativa e passiva em projetos de prevenção e com-
bate a incêndio e pânico. Esse tema justifica-se
pelo grande valor agregado para sociedade, visto
que o desenvolvimento das cidades tem se dado
de forma desordenada, rápida e verticalizada, a
conscientização e regularização da segurança
das edificações e entorno são essenciais para o

Ideias & Inovação | Aracaju | V. 5| N.1 | p. 93-102 | Abril 2019


94

bem-estar de todos. A metodologia utilizada foi 1 INTRODUÇÃO


pesquisa do tipo descritiva de revisão bibliográfi-
ca utilizando fontes digitais, como livros, artigos, O presente artigo tem como escopo evidenciar
normas técnicas e apostilas. a importância da prevenção e proteção das edifica-
ções multifamiliares contra incêndios e pânico, os
Palavras-chave quais podem ser antecipados, mitigados ou dirimi-
dos, quando são adotados um conjunto de ações
Sistemas Preventivos. Edificações. Multifamilia- previamente planejadas, treinadas e estudadas.
res. SCI e Incêndios. A principal finalidade da segurança contra in-
cêndios em edificações é a redução do risco ofere-
ABSTRACT cido às vidas e aos bens materiais. Planos orien-
tados e dirigidos sobre o comportamento em caso
This article has as its central theme the use de sinistros, como: saber manusear equipamen-
of preventive systems in multi-family build- tos e o conhecimento das técnicas de combate a
ings, with the main focus on the preservation incêndio de forma eficiente e eficaz é de grande
of human life and protection of property. The valia para um tempo de resposta célere.
fire safety, although considered of fundamental De tal modo, quando da escolha mais adequa-
importance in construction and projects, your da do projeto de proteção a ser implantado nas
requirement is only treated as an item of bu- edificações, deve ser levado em consideração os
reaucratic compliance with regulations by the sistemas de proteção ativa, tais como: detecção
Fire Department or the Local Town Hall. So to e alarme manual e automático, extinção manual
disclosing good practices and understand the e automática, iluminação e sinalização de emer-
factors that influence the severity of the fire gência, controle de movimento de fumaça; e de
and the safety of lives and property, this arti- proteção passiva: compartimentação adequada,
cle describes mitigation measures, preventive resistência das estruturas ao fogo, além de uma
equipment and actions that can be developed boa integração entre o projeto arquitetônico e os
in a sinister situation. The main objective of projetos de cada sistema.
the research is to highlight the importance of Dentro desse contexto, questiona-se: Diante
functional preventive system in multi-family dos possíveis riscos de incêndio as edificações
buildings, closely supported by technical norms multifamiliares preocupam-se em seguir as nor-
and standards, highlighting the key points that mas técnicas brasileiras e padrões técnicos do
integrate active and passive protection sys- corpo de bombeiros? Os síndicos ou responsáveis
tems in projects of prevention and fire fighting por essas edificações tem conhecimento da res-
and panic. This theme is justified by the great ponsabilidade inerente a sua função e da necessi-
added value for society, since the development dade desses ajustes?
of cities has given disorderly, fast and vertical Nesse sentido, o presente artigo tem como
form, and awareness and regulate the safety objetivos: 1. Respaldar a importância da apresen-
of buildings and surroundings are essential for tação de um sistema preventivo funcional nas
everyone’s well-being. The methodology used edificações multifamiliares; 2. Conhecer as princi-
was descriptive research literature review using pais normas técnicas que balizam o tema a fim de
digital sources such as books, articles, technical uniformizar a aplicação mínima dessas medidas
standards and handouts. preventivas; 3. Reconhecer as principais medidas
de proteção ativa e passiva;
A realização deste estudo justifica-se devi-
Keywords do ao amplo valor social em manter um sistema
preventivo integrado nas edificações, além do pla-
Prevention Systems. Buildings. Multifamily. SCI no de atendimento de combate a incêndios. Uma
and Fires. vez que o crescimento das cidades tem se dado

Ideias & Inovação | Aracaju | V. 5| N.1 | p. 93-102 | Abril 2019


95

de forma rápida, verticalizada e com projetos em Ou seja, em condições que possam motivar a
sua maioria mal dimensionados. Segurança con- contínua combinação do material combustível (lí-
tra incêndio e pânico, se trata de um tema muito quidos inflamáveis, papelão, tecidos, gases, ma-
importante, porém pouco evidenciado e somente deira, isopor) com o oxigênio, tal ação gera uma
valorizado após o momento em que ocorreu um reação exotérmica. E na reação é capaz de trans-
caso de sinistro ou catástrofe. mitir o calor de diversas formas: por irradiação,
A metodologia baseou-se em uma pesquisa do por meio de raios e ondas (um prédio em chamas
tipo descritiva de revisão bibliográfica, utilizando para outro), por convecção, onde uma massa de ar
fontes digitais, como livros, artigos, dissertações, aquecida é deslocada do ponto inicial até outros
normas técnicas, apostilas e diretrizes do Corpo locais distantes, causando novos focos de incên-
de Bombeiros encontrados na internet. dios (fumaça oriunda de outros pavimentos) ou
condução quando os corpos ou materiais estão
2 FUNdaMENTO dO FOGO unidos, propagando a energia de forma direta (ca-
sas geminadas) (NETO, 1995).
O fogo é um fenômeno de grande relevância A severidade do incêndio é influenciada por fa-
para humanidade. Nossos antepassados, ape- tores como intensidade e duração, medidos pela
nas se tinha capacidade de manter o fogo quan- curva temperatura/tempo dos gases no compar-
do se iniciava de maneira espontânea (lavas dos timento do fogo, que estão diretamente relacio-
vulcões, raios provocados pelos trovões e outros). nados com as características da combustão dos
Com o passar do tempo o homem desenvolveu materiais, das condições de ventilação e das pro-
uma técnica, na qual gerava a reação da combus- priedades térmicas dos materiais do fechamento
tão, atritando dois pedaços de madeira, nestes como paredes e tetos (WORLDSERV, 2016).
produzindo um aumento de temperatura, levando A transição de um incêndio localizado para um
a combustão (REBELO, 2010). de grande magnitude, é chamado flashover, eta-
Pereira e Popovic (2007), ressaltaram que o fogo pa essa fundamental para avaliação da seguran-
é um processo químico de transformação, denomi- ça estrutural contra o fogo. Antes do flashover,
nado combustão, o qual atinge materiais combus- normalmente não há risco de falha estrutural,
tíveis e inflamáveis. Assim, para a formação do fogo apesar de poder ocorrer alguns danos localizados
são necessários três elementos básicos, conheci- no conteúdo do compartimento sob fogo. De tal
dos como triângulo do fogo: a energia de ativação, modo, vale salientar que a intensidade do fogo
o combustível e o comburente, que reagem entre si pode ser modificada pelo uso de medidas ativas
formando a combustão (SECCO,1970). e passivas (WORLDSERV, 2016).
Na Figura 2, está apresentada a curva de
Figura 1 – Triângulo do fogo temperatura e tempo do fogo, a qual demonstra
a evolução de um incêndio, que é caracteriza-
do por um ciclo de três fases: 1. Fase inicial de
elevação progressiva da temperatura; 2. A fase
do aquecimento e; 3. A fase do resfriamento e
sua extinção. A curva inicia-se com o ponto de
ignição (inflamação) inicial, caracterizado por
grandes variações de temperatura devido aos
objetos contidos no recinto, de acordo com a
ventilação (CORPO..., 2004).
Se a fonte de calor for pequena ou a massa do
material for grande com elevadas temperaturas,
somente irão ocorrer danos locais sem a evo-
lução do incêndio. Porém se a ignição definitiva
Fonte: Autor for alcançada, o material continuará a queimar,

Ideias & Inovação | Aracaju | V. 5| N.1 | p. 93-102 | Abril 2019


96

gerando calor e produtos de decomposição, as- Tabela 1 – Distribuição percentual da População


sim a temperatura irá subir progressivamente, por situação de domicílio - Brasil - 1980 a 2010
acarretando acumulo de fumaça e se alastrando
Por situação do
por meio de convecção e radiação, denominado Urbana Rural
domicílio (%)
flashover, também conhecido como inflamação
generalizada (CORPO..., 2004). 1980 67,7 32,3
Nesta fase pode haver comprometimento da 1991 75,47 24,53
estabilidade da edificação, além da evolução do 1996 78,36 21,64
incêndio com ajuda da oxigenação do ambiente 2000 81,23 18,77
por meio de portas e janelas. O tempo gasto para
2010 84,36 15,64
o incêndio alcançar o ponto de inflamação gene-
Fonte: IBGE, 2016
ralizada é relativamente curto e está diretamente
associado aos materiais utilizados no ambiente
A segurança na prevenção de incêndios, tendo
de origem, mesmo sabendo que as circunstâncias
como base essas informações, aliada a preocupa-
em que o fogo começa a se desenvolver exerce no-
ção de se manter um ambiente protegido, é im-
táveis influências (CORPO..., 2004).
prescindível para a construção das cidades.
Uma vez que, na maioria dos casos esse as-
Figura 2 – Curva de temperatura e tempo do fogo
sunto só se torna relevante após um sinistro
ou catástrofe. Apesar de ser um tema de fun-
damental importância na concepção dos proje-
tos e construções, sua exigência é normalmente
tratada como um item puramente burocrático à
regulamentação junto ao Corpo de Bombeiros
ou da Prefeitura Local (ONO, 2006). Principal-
mente, após a vistoria de aprovação do projeto,
os responsáveis pelas edificações não se preo-
cupam em realizar as devidas manutenções nos
equipamentos preventivos, iluminação, alarmes,
sinalização e manter pessoas devidamente trei-
Fonte:http://bombeiroswaldo.blogspot.com.
nadas e capacitadas, cientes de um plano de ação
br/2012_06_12_archive.html
e evacuação bem elaborado.

3 DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO SISTEMAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO


E TIPO DE MORADIA
Com o intuito de mitigar e dirimir os incêndios,
Como podemos observar na Tabela 1 os últi- há subsistemas que constituem o sistema global
mos censos e pesquisas feitas pelo Instituto Bra- de segurança contra incêndio, visando dificultar a
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a migração ocorrência do seu princípio, a inflamação generali-
da população rural para a cidades tem se dado de zada, a sua propagação no edifício e entre os edifí-
forma rápida e vertiginosa. As grandes metrópo- cios, facilitação da fuga dos usuários, as operações
les por sua vez não dispendem de espaço e nem de combate e resgate, além de evitar uma ruina
de locais com condições de infraestrutura básica parcial ou total da estrutura (BERTO, 2007).
para receber a comunidade. Com isso, o que tem De tal modo, alguns procedimentos são inclu-
se observado são construções, que comportam ídos no pré-projeto de construção para reduzir a
muitas famílias, também chamadas de edifica- propagação do fogo baseados no correto com-
ções multifamiliares, muito das vezes disposta de portamento dos elementos estruturais dos ma-
modo verticalizado. teriais de revestimento e instalações frente ao

Ideias & Inovação | Aracaju | V. 5| N.1 | p. 93-102 | Abril 2019


97

fogo, integradas, a correta setorização, comparti- dados com as dimensões empregadas de modo
mentação e dimensionamento adequado para as proporcional ao volume de pessoas para as esca-
vias de escape (NETO, 1995). das, rampas, passarelas são fundamentais, con-
Com isso pode-se destacar alguns princípios comitante a isso acessibilidade garantida em todo
básicos dos códigos internacionais como a com- edifício para entrada e manobras do caminhão do
partimentação que trata da divisão de um edifí- Corpo de Bombeiros (NETO, 1995).
cio em setores de incêndios, cada área limitada Simultaneamente, algumas medidas de prote-
por materiais capacitados em resistir ao fogo, ção contra incêndio podem ser adotadas e subdi-
o afastamento principalmente em edificações vididas em dois grupos: as medidas de proteção
verticalizadas deve ser posicionado com uma passiva, que visam prevenir e controlar o surgi-
distância mínima relacionada com a natureza mento, crescimento e propagação do incêndio e as
do revestimento externo e as áreas vazadas das medidas de proteção ativa, que estão diretamente
fachadas (NETO, 1995). relacionadas a ocorrência do sinistro, responden-
A resistência ao fogo é entendida como o tem- do de modo manual ou automático aos estímulos
po que um componente da edificação resiste as provocados pelo fogo (BERTO, 1998).
chamas, impedindo a propagação do fogo, sem al- Como podemos observar na Tabela 2, foram di-
terar seu desempenho original (NETO, 1995). vididos os elementos e as formas de medidas de
O escape (evacuação) munido de um livre aces- proteção passiva e ativa que podem ser emprega-
so sinalizado e dotado de corrimões, além dos cui- dos na proteção contra incêndios.

Tabela 2 – Medidas de proteção passiva e ativa


Elemento Medidas de proteção passiva Medidas de proteção ativa
Controle da quantidade de materiais com-
bustíveis incorporados aos elementos Provisão de sistema de alarme
Limitação do
construtivos manual
crescimento do
Controle das características de reação ao Provisão de sistema de detecção e
incêndio
fogo dos materiais e produtos incorporados alarme automáticos
aos elementos construtivos
Extinção inicial do Provisão de equipamentos portá-
----------
incêndio teis (extintores de incêndio)
Provisão de sistema de extinção
Limitação da
Compartimentação vertical manual (hidrantes e mangotinhos)
propagação do
Compartimentação horizontal Provisão de sistema de extinção
incêndio
automática de incêndio
Provisão de sinalização de emer-
gência
Provisão do sistema de ilumina-
Evacuação segura Provisão de rotas de fuga seguras e sinali- ção de emergência
do edifício zação adequada Provisão do sistema do controle
do movimento da fumaça
Provisão de sistema de comunica-
ção de emergência
Precaução contra a
Resistência ao fogo da envoltória do edifício,
propagação do
bem como de seus elementos estruturais ----------
incêndio entre
Distanciamento seguro entre edifícios
edifícios
Precaução contra o Resistência ao fogo da envoltória do edifício,
----------
colapso estrutural bem como de seus elementos estruturais

Ideias & Inovação | Aracaju | V. 5| N.1 | p. 93-102 | Abril 2019


98

Elemento Medidas de proteção passiva Medidas de proteção ativa

Provisão de sinalização de
emergência
Rapidez, eficiência e se- Provisão de meios de acesso dos
Provisão do sistema de
gurança das operações equipamentos de combate a incêndio e
iluminação de emergência
de combate e resgate sinalização adequada
Provisão do sistema do controle
do movimento da fumaça
Fonte: ONO (2006).

Seito (2008), observa que as medidas de pro- dois tipos a manutenção preventiva e a corretiva
teção ativa vêm complementar as medidas de (ABNT NBR 9441,1998).
proteção passiva, sendo composta basicamente A manutenção preventiva visa reduzir a proba-
de equipamento de instalações prediais, que se- bilidade de falha de um equipamento, é uma inter-
rão acionadas em caso de emergência. Entretanto, venção prevista, preparada e programada antes
para isso ocorrer de modo satisfatório é necessá- de uma data provável de aparecimento de falhas.
ria uma boa integração entre o projeto arquitetô- De acordo com o portal do Serviço Especializado
nico e os projetos de cada sistema divididos por em Engenharia de Segurança e em Medicina do
especialidade, acompanhados por um arquiteto/ Trabalho (SESMET, 2016), é um conjunto de inspe-
engenheiro que compatibilize as medidas passi- ções sistemáticas, ajustes, conservação e elimina-
vas e ativas propostas, visando assim um melhor ção de defeitos, visando evitar falhas.
desempenho das medidas propostas. A manutenção corretiva consiste em substituir
De acordo com Loser (2013), podemos dividir os peças ou componentes desgastados ou que apre-
sistemas de segurança e equipamentos como: sentem falhas, frequentemente realizados sem
Proteção estrutural: compartimentação hori- planejamento e em caráter emergencial. Manu-
zontal, vertical. tenções essas, importantes para evitar possíveis
Meios de Fuga: escada de segurança, ilumina- variações nos componentes do sistema, impedin-
ção de emergência, elevador de segurança. do alarmes falsos que diminuem a credibilidade
Meios de Alerta: detecção automática, alarme do sistema em formas de defeitos indicados ou
manual contra incêndios, sinalização. somente notáveis no caso de emergência.
Meios de combate a incêndios: extintores por- De acordo com a ABNT NBR (1998), a manutenção
táteis; extintores sobre rodas, instalações fixas, visa garantir, a qualquer hora, que o sistema deve es-
semi-fixas, portáteis, automáticas ou sob coman- tar pelo menos em 90% sem restrição ou limitações. A
do, compreendendo: hidrantes, chuveiros automá- adoção de livro de controle do sistema é outra medida
ticos (sprinklers), espuma mecânica, nebulizado- para aumentar a segurança, já que são relatados pos-
res, canhões monitores ou esguichos reguláveis, síveis defeitos, falhas, consertos e os responsáveis.
sistema fixo de gases. As periodicidades das manutenções variam
entre mensal, trimestral e anual, podendo existir
5 IMPORTÂNCIA DA também inspeções sem aviso prévio.
MANUNTENÇÃO DOS
6 PRINCIPAIS NORMAS REGU-
EQUIPAMENTOS PREVENTIVOS
LAMENTADORAS BRASILEIRAS
Para manter em pleno funcionamento os equi- CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO
pamentos de detecção e prevenção de combate
a incêndio algumas ações devem ser tomadas. A Com o intuito de padronizar as aplicações des-
manutenção de qualquer sistema é dividida em sas medidas preventivas contra incêndios po-

Ideias & Inovação | Aracaju | V. 5| N.1 | p. 93-102 | Abril 2019


99

demos citar as Normas Regulamentadoras (NR) • ABNT NBR 7532/82 - Identificadores de extin-
e Normas Brasileiras Regulamentadoras (ABNT tores de incêndio - dimensões e cores;
NBR) mais utilizadas a seguir, no qual estabelece • ABNT NBR 8132 - Chaminés para tiragem dos
a adoção de padrões mínimos de segurança. gases de combustão de aquecedores a gás -
• ABNT NBR 10638 - Bloco autônomo de iluminação procedimento;
de segurança para balizamento e aclaramento; • ABNT NBR 8674/84 - Execução de sistemas
• ABNT NBR 10898 - Sistemas de iluminação de fixos automáticos de proteção contra incêndio
emergência; com água nebulizada para transformadores e
• ABNT NBR 11742 - Porta corta-fogo para saí- reatores de potência;
das de emergência; • ABNT NBR 9050 - Adequação das edificações e
• ABNT NBR 11785 - Barra antipânico - especi- mobiliário urbano à pessoa deficiente - proce-
ficação; dimento;
• ABNT NBR 12692, 12693 - Extintores portáteis • ABNT NBR 9077/93 - Saídas de emergência em
e sobre-rodas edifícios;
• ABNT NBR 12962 Inspeção, manutenção e re- • ABNT NBR 9077:2001 – Saídas de emergência
carga em extintores de incêndio; em edifícios
• ABNT NBR 13434-1:2004 – Sinalização de se- • ABNT NBR 9441 - Execução de sistemas de de-
gurança contra incêndio e pânico – Parte 1: tecção e alarme de incêndio - procedimento;
Princípios de projeto • ABNT NBR 9441/86 - Execução de sistemas de
• ABNT NBR 13434-2:2004 – Sinalização de se- detecção e alarme de incêndio;
gurança contra incêndio e pânico – Parte 2: • NR 23 - Proteção, prevenção e segurança con-
Símbolos e suas formas, dimensões e cores tra incêndios.
• ABNT NBR 13714 - Sistema de hidrantes Apesar de todas essas normas serem funda-
• ABNT NBR 14023:1997 – Registro de atividades mentais na prevenção de combate a incêndio as
de bombeiros NBR são elaboradas por uma instituição privada e
• ABNT NBR 14276:1999 – Programa de brigada aprovadas pela ABNT, de caráter voluntário, e fun-
de incêndio damentada no consenso da sociedade (ABNT, 2016).
• ABNT NBR 14608:2000 – Bombeiro profissional Já as NR, são elaboradas pelo Poder Público es-
civil tabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Empre-
• ABNT NBR 5410/90 - Instalações elétricas de go, com caráter obrigatório, como prevê a portaria
baixa tensão; MTB nº 3.214, de 08 de junho de 1978.
• ABNT NBR 5413 - Iluminação de interiores -
procedimento; 7 PLANO DE ATENDIMENTO A
• ABNT NBR 5667/80 - Hidrante urbano de in-
cêndio;
EMERGÊNCIA (PAE)
• ABNT NBR 6125/80 - Chuveiros automáticos
O plano de emergência deve ser feito por pro-
para extinção de incêndio;
fissional habilitado, o qual segue as diretrizes da
• ABNT NBR 6244/80 - Ensaio de resistência à
norma da ABNT NBR 15219 – Plano de emergên-
chama para fios e cabos elétricos;
cia contra incêndio – Requisitos. Essa norma es-
• ABNT NBR 6479 – Portas e vedadores – Deter-
tabelece requisitos mínimos para elaboração, im-
minação da resistência ao fogo – Método de
plantação, manutenção e revisão de um plano de
ensaios
emergência contra incêndios.
• ABNT NBR 7192/84 - Projeto, fabricação e ins-
Aspectos importantes como localização, tipo
talação de elevadores;
de construção, ocupação, características da popu-
• ABNT NBR 7195/82 - Norma de cor da segu-
lação, pessoas portadoras de deficiência ou com
rança do trabalho;
limitações e os recursos humanos e materiais são
• ABNT NBR 7500/83 - Transporte, armazena-
levados em conta na elaboração do plano.
gem e manuseio de materiais;

Ideias & Inovação | Aracaju | V. 5| N.1 | p. 93-102 | Abril 2019


100

Algumas técnicas como what if, checklist, hazop, No entanto, apesar de haver diversas normas
árvore de falhas, diagrama lógico de falhas, podem regulamentadoras brasileiras, chamadas de NBR,
ser empregados a fim de complementar o estudo. normas essas definidas pela ABNT, sua observân-
Para a implantação desse plano devem-se cia não é obrigatória. Diferentemente do caso das
seguir alguns requisitos como divulgação de um NR, cujo a portaria MTB nº 3.214, de 8 de junho
material básico para a população fixa e flutuan- de 1978, determina a obrigatoriedade baseado na
te daquela localidade, além disso um treinamento Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Contudo,
periódico para todos os envolvidos. torna-se evidente caso todas essas normas téc-
Exercício simulados devem ser realizados em nicas fossem obrigatórias, a situação de muitas
uma semestralmente para simulados parciais e edificações e o número de acidentes seriam redu-
de anualmente para simulados completos, a fim zidos, pois a melhor forma de evitar acidentes é
de minimizar futuras falhas e providenciar as atuando com medidas mitigadoras.
correções, evitando futuros transtornos. Proce-
dimentos básicos de emergência contra incêndio REFERÊNCIAS
devem ser levados em consideração, como: pro-
cedimentos de alerta, análise da situação, apoio ABNT – Associação Brasileira de Normas
externo, primeiros socorros, eliminação de riscos, Técnicas. Disponível em: http://abnt.org.br/
abandono ou isolamento da área e finalmente o paginampe/perguntas-e-respostas.
condicionamento e combate a incêndio. Acesso em: 17 set. 2015.
Dada a conclusão do princípio de incêndio ou
acidente as possíveis causas e procedimentos ABNT NBR 15219 – Plano de emergência contra
são revisados e realizadas reuniões com os co- incêndio – Requisitos
ordenadores e chefes da brigada de incêndio res-
ponsável para debelar sobre o tema e atualizar ABNT NBR 9441- Execução de sistemas de
os procedimentos. detecção e alarme de incêndio – Procedimento
É de fundamental importância o plano de ação
a emergência em edificações multifamiliares, já BERTO, Antônio Fernando. Gestão da segurança
que com um plano de ação definido e treinados contra incêndio em edificações. In: Questões
todos os envolvidos como civis, brigadistas, fun- Atuais de segurança contra incêndio. São Paulo:
cionários e principalmente o envolvimento das Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
edificações no entorno e do Corpo de Bombeiros. São Paulo, 1998. (Apostila).

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS BERTO, Antônio Fernando. Importância de


uma abordagem sistêmica para a solução
Atuar na prevenção, proteção e combate a in- da segurança contra incêndio de edificações.
cêndio e pânico é essencial para evitar e solucio- Seminário internacional de seguridad contra
nar possíveis acidentes ou catástrofes. Algumas incêndio em la edificación, 2007.
ações como a interferência direta no projeto ar-
quitetônico desde a construção, juntamente com BERTO, Antônio Fernando. Importância de
a ação integrada de medidas de prevenção ativa e uma abordagem sistêmica para a solução
passiva são essenciais para manutenção da vida. da segurança contra incêndio de edificações.
Evitar possíveis princípios de incêndio a partir Seminário internacional de seguridad contra
de atitudes treinadas, equipamentos manuteni- incendio em la edificación, 2007. (Apresentação)
dos, plano de ação à emergência é de grande valia
em uma cena de sinistro, pois estabelece uma or- CORPO DE BOMBEIROS – SP – Conceitos básicos
dem lógica e encadeada das ações para todos os de segurança contra incêndio - Instrução técnica
envolvidos, evitando na maioria dos casos o alas- nº 02/2004 – Corpo de Bombeiros, Polícia Militar
tramento do foco do incêndio. do Estado de São Paulo, São Paulo, 2004.

Ideias & Inovação | Aracaju | V. 5| N.1 | p. 93-102 | Abril 2019


101

IBGE – Instituto Brasileira de Geografia e Estatística REBELO, Luís Manuel Baptista - Sistemas
– Disponível em: http://7a12.ibge.gov.br/vamos- de automação e manutenção de edifícios –
conhecer-o-brasil/nosso-povo/caracteristicas-da- Concepção de sistemas de detecção e protecção
populacao.html. Acesso em: 12 set. 2015. contra incêndios de uma unidade hoteleira. 2010.
Dissertação (Mestrado) – Instituto Superior de
LOSER, Edilaine A.C. Compreensão dos Engenharia de Lisboa – ISEL, 2010.
procedimentos de segurança contra incêndios e
pânico nas empresas. Instituto Educacional da SECCO, Cel. Orlando. Manual de prevenção e
Grande Dourado (IEGRAN). Dourados, 2013. combate de incêndio. 2. ed. São Paulo: EGRT, 1970.

NETO, Manoel Altivo da Luz – Condições SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra
de segurança contra incêndio. Secretaria incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Editora, 2008.
de Assistência à Saúde. Textos de Apoio à
Programação Física dos Estabelecimentos SESMET - Serviço Especializado em Engenharia
Assistenciais de Saúde, Brasilia,1995. de Segurança e em Medicina do Trabalho.
Disponível em: http://www.sesmt.com.br/Blog/
Norma Regulamentadora 23 - Proteção, Artigo/sesmt-diferenca-entre-manutencaoo-
prevenção e segurança contra incêndios ONO, preventiva-corretiva-preditiva-detectiva. Acesso
Rosaria. Parâmetros para garantia da qualidade em: 19 set. 2016.
do projeto de segurança contra incêndio em
edifícios altos. Universidade São Paulo, 2006. WORLDSERV – Worldserv Equipamentos contra
Incêndio – Disponível em: http://worldserv.com.
PEREIRA, Áderson Guimarães; POPOVIC, Raphael br/os-fatores-que-influenciam-a-severidade-
Rodriguez. Tecnologia em Segurança contra de-um-incendio/. Acesso em: 18 set. 2016.
Incêndio. São Paulo: LTr, 2007.

Recebido em: 10 de Julho de 2018


Avaliado em: 24 de Setembro de 2018
Aceito em: 24 de Setembro de 2018

Ideias & Inovação | Aracaju | V. 5| N.1 | p. 93-102 | Abril 2019

Você também pode gostar