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de forma rápida, verticalizada e com projetos em Ou seja, em condições que possam motivar a
sua maioria mal dimensionados. Segurança con- contínua combinação do material combustível (lí-
tra incêndio e pânico, se trata de um tema muito quidos inflamáveis, papelão, tecidos, gases, ma-
importante, porém pouco evidenciado e somente deira, isopor) com o oxigênio, tal ação gera uma
valorizado após o momento em que ocorreu um reação exotérmica. E na reação é capaz de trans-
caso de sinistro ou catástrofe. mitir o calor de diversas formas: por irradiação,
A metodologia baseou-se em uma pesquisa do por meio de raios e ondas (um prédio em chamas
tipo descritiva de revisão bibliográfica, utilizando para outro), por convecção, onde uma massa de ar
fontes digitais, como livros, artigos, dissertações, aquecida é deslocada do ponto inicial até outros
normas técnicas, apostilas e diretrizes do Corpo locais distantes, causando novos focos de incên-
de Bombeiros encontrados na internet. dios (fumaça oriunda de outros pavimentos) ou
condução quando os corpos ou materiais estão
2 FUNdaMENTO dO FOGO unidos, propagando a energia de forma direta (ca-
sas geminadas) (NETO, 1995).
O fogo é um fenômeno de grande relevância A severidade do incêndio é influenciada por fa-
para humanidade. Nossos antepassados, ape- tores como intensidade e duração, medidos pela
nas se tinha capacidade de manter o fogo quan- curva temperatura/tempo dos gases no compar-
do se iniciava de maneira espontânea (lavas dos timento do fogo, que estão diretamente relacio-
vulcões, raios provocados pelos trovões e outros). nados com as características da combustão dos
Com o passar do tempo o homem desenvolveu materiais, das condições de ventilação e das pro-
uma técnica, na qual gerava a reação da combus- priedades térmicas dos materiais do fechamento
tão, atritando dois pedaços de madeira, nestes como paredes e tetos (WORLDSERV, 2016).
produzindo um aumento de temperatura, levando A transição de um incêndio localizado para um
a combustão (REBELO, 2010). de grande magnitude, é chamado flashover, eta-
Pereira e Popovic (2007), ressaltaram que o fogo pa essa fundamental para avaliação da seguran-
é um processo químico de transformação, denomi- ça estrutural contra o fogo. Antes do flashover,
nado combustão, o qual atinge materiais combus- normalmente não há risco de falha estrutural,
tíveis e inflamáveis. Assim, para a formação do fogo apesar de poder ocorrer alguns danos localizados
são necessários três elementos básicos, conheci- no conteúdo do compartimento sob fogo. De tal
dos como triângulo do fogo: a energia de ativação, modo, vale salientar que a intensidade do fogo
o combustível e o comburente, que reagem entre si pode ser modificada pelo uso de medidas ativas
formando a combustão (SECCO,1970). e passivas (WORLDSERV, 2016).
Na Figura 2, está apresentada a curva de
Figura 1 – Triângulo do fogo temperatura e tempo do fogo, a qual demonstra
a evolução de um incêndio, que é caracteriza-
do por um ciclo de três fases: 1. Fase inicial de
elevação progressiva da temperatura; 2. A fase
do aquecimento e; 3. A fase do resfriamento e
sua extinção. A curva inicia-se com o ponto de
ignição (inflamação) inicial, caracterizado por
grandes variações de temperatura devido aos
objetos contidos no recinto, de acordo com a
ventilação (CORPO..., 2004).
Se a fonte de calor for pequena ou a massa do
material for grande com elevadas temperaturas,
somente irão ocorrer danos locais sem a evo-
lução do incêndio. Porém se a ignição definitiva
Fonte: Autor for alcançada, o material continuará a queimar,
fogo, integradas, a correta setorização, comparti- dados com as dimensões empregadas de modo
mentação e dimensionamento adequado para as proporcional ao volume de pessoas para as esca-
vias de escape (NETO, 1995). das, rampas, passarelas são fundamentais, con-
Com isso pode-se destacar alguns princípios comitante a isso acessibilidade garantida em todo
básicos dos códigos internacionais como a com- edifício para entrada e manobras do caminhão do
partimentação que trata da divisão de um edifí- Corpo de Bombeiros (NETO, 1995).
cio em setores de incêndios, cada área limitada Simultaneamente, algumas medidas de prote-
por materiais capacitados em resistir ao fogo, ção contra incêndio podem ser adotadas e subdi-
o afastamento principalmente em edificações vididas em dois grupos: as medidas de proteção
verticalizadas deve ser posicionado com uma passiva, que visam prevenir e controlar o surgi-
distância mínima relacionada com a natureza mento, crescimento e propagação do incêndio e as
do revestimento externo e as áreas vazadas das medidas de proteção ativa, que estão diretamente
fachadas (NETO, 1995). relacionadas a ocorrência do sinistro, responden-
A resistência ao fogo é entendida como o tem- do de modo manual ou automático aos estímulos
po que um componente da edificação resiste as provocados pelo fogo (BERTO, 1998).
chamas, impedindo a propagação do fogo, sem al- Como podemos observar na Tabela 2, foram di-
terar seu desempenho original (NETO, 1995). vididos os elementos e as formas de medidas de
O escape (evacuação) munido de um livre aces- proteção passiva e ativa que podem ser emprega-
so sinalizado e dotado de corrimões, além dos cui- dos na proteção contra incêndios.
Provisão de sinalização de
emergência
Rapidez, eficiência e se- Provisão de meios de acesso dos
Provisão do sistema de
gurança das operações equipamentos de combate a incêndio e
iluminação de emergência
de combate e resgate sinalização adequada
Provisão do sistema do controle
do movimento da fumaça
Fonte: ONO (2006).
Seito (2008), observa que as medidas de pro- dois tipos a manutenção preventiva e a corretiva
teção ativa vêm complementar as medidas de (ABNT NBR 9441,1998).
proteção passiva, sendo composta basicamente A manutenção preventiva visa reduzir a proba-
de equipamento de instalações prediais, que se- bilidade de falha de um equipamento, é uma inter-
rão acionadas em caso de emergência. Entretanto, venção prevista, preparada e programada antes
para isso ocorrer de modo satisfatório é necessá- de uma data provável de aparecimento de falhas.
ria uma boa integração entre o projeto arquitetô- De acordo com o portal do Serviço Especializado
nico e os projetos de cada sistema divididos por em Engenharia de Segurança e em Medicina do
especialidade, acompanhados por um arquiteto/ Trabalho (SESMET, 2016), é um conjunto de inspe-
engenheiro que compatibilize as medidas passi- ções sistemáticas, ajustes, conservação e elimina-
vas e ativas propostas, visando assim um melhor ção de defeitos, visando evitar falhas.
desempenho das medidas propostas. A manutenção corretiva consiste em substituir
De acordo com Loser (2013), podemos dividir os peças ou componentes desgastados ou que apre-
sistemas de segurança e equipamentos como: sentem falhas, frequentemente realizados sem
Proteção estrutural: compartimentação hori- planejamento e em caráter emergencial. Manu-
zontal, vertical. tenções essas, importantes para evitar possíveis
Meios de Fuga: escada de segurança, ilumina- variações nos componentes do sistema, impedin-
ção de emergência, elevador de segurança. do alarmes falsos que diminuem a credibilidade
Meios de Alerta: detecção automática, alarme do sistema em formas de defeitos indicados ou
manual contra incêndios, sinalização. somente notáveis no caso de emergência.
Meios de combate a incêndios: extintores por- De acordo com a ABNT NBR (1998), a manutenção
táteis; extintores sobre rodas, instalações fixas, visa garantir, a qualquer hora, que o sistema deve es-
semi-fixas, portáteis, automáticas ou sob coman- tar pelo menos em 90% sem restrição ou limitações. A
do, compreendendo: hidrantes, chuveiros automá- adoção de livro de controle do sistema é outra medida
ticos (sprinklers), espuma mecânica, nebulizado- para aumentar a segurança, já que são relatados pos-
res, canhões monitores ou esguichos reguláveis, síveis defeitos, falhas, consertos e os responsáveis.
sistema fixo de gases. As periodicidades das manutenções variam
entre mensal, trimestral e anual, podendo existir
5 IMPORTÂNCIA DA também inspeções sem aviso prévio.
MANUNTENÇÃO DOS
6 PRINCIPAIS NORMAS REGU-
EQUIPAMENTOS PREVENTIVOS
LAMENTADORAS BRASILEIRAS
Para manter em pleno funcionamento os equi- CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO
pamentos de detecção e prevenção de combate
a incêndio algumas ações devem ser tomadas. A Com o intuito de padronizar as aplicações des-
manutenção de qualquer sistema é dividida em sas medidas preventivas contra incêndios po-
demos citar as Normas Regulamentadoras (NR) • ABNT NBR 7532/82 - Identificadores de extin-
e Normas Brasileiras Regulamentadoras (ABNT tores de incêndio - dimensões e cores;
NBR) mais utilizadas a seguir, no qual estabelece • ABNT NBR 8132 - Chaminés para tiragem dos
a adoção de padrões mínimos de segurança. gases de combustão de aquecedores a gás -
• ABNT NBR 10638 - Bloco autônomo de iluminação procedimento;
de segurança para balizamento e aclaramento; • ABNT NBR 8674/84 - Execução de sistemas
• ABNT NBR 10898 - Sistemas de iluminação de fixos automáticos de proteção contra incêndio
emergência; com água nebulizada para transformadores e
• ABNT NBR 11742 - Porta corta-fogo para saí- reatores de potência;
das de emergência; • ABNT NBR 9050 - Adequação das edificações e
• ABNT NBR 11785 - Barra antipânico - especi- mobiliário urbano à pessoa deficiente - proce-
ficação; dimento;
• ABNT NBR 12692, 12693 - Extintores portáteis • ABNT NBR 9077/93 - Saídas de emergência em
e sobre-rodas edifícios;
• ABNT NBR 12962 Inspeção, manutenção e re- • ABNT NBR 9077:2001 – Saídas de emergência
carga em extintores de incêndio; em edifícios
• ABNT NBR 13434-1:2004 – Sinalização de se- • ABNT NBR 9441 - Execução de sistemas de de-
gurança contra incêndio e pânico – Parte 1: tecção e alarme de incêndio - procedimento;
Princípios de projeto • ABNT NBR 9441/86 - Execução de sistemas de
• ABNT NBR 13434-2:2004 – Sinalização de se- detecção e alarme de incêndio;
gurança contra incêndio e pânico – Parte 2: • NR 23 - Proteção, prevenção e segurança con-
Símbolos e suas formas, dimensões e cores tra incêndios.
• ABNT NBR 13714 - Sistema de hidrantes Apesar de todas essas normas serem funda-
• ABNT NBR 14023:1997 – Registro de atividades mentais na prevenção de combate a incêndio as
de bombeiros NBR são elaboradas por uma instituição privada e
• ABNT NBR 14276:1999 – Programa de brigada aprovadas pela ABNT, de caráter voluntário, e fun-
de incêndio damentada no consenso da sociedade (ABNT, 2016).
• ABNT NBR 14608:2000 – Bombeiro profissional Já as NR, são elaboradas pelo Poder Público es-
civil tabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Empre-
• ABNT NBR 5410/90 - Instalações elétricas de go, com caráter obrigatório, como prevê a portaria
baixa tensão; MTB nº 3.214, de 08 de junho de 1978.
• ABNT NBR 5413 - Iluminação de interiores -
procedimento; 7 PLANO DE ATENDIMENTO A
• ABNT NBR 5667/80 - Hidrante urbano de in-
cêndio;
EMERGÊNCIA (PAE)
• ABNT NBR 6125/80 - Chuveiros automáticos
O plano de emergência deve ser feito por pro-
para extinção de incêndio;
fissional habilitado, o qual segue as diretrizes da
• ABNT NBR 6244/80 - Ensaio de resistência à
norma da ABNT NBR 15219 – Plano de emergên-
chama para fios e cabos elétricos;
cia contra incêndio – Requisitos. Essa norma es-
• ABNT NBR 6479 – Portas e vedadores – Deter-
tabelece requisitos mínimos para elaboração, im-
minação da resistência ao fogo – Método de
plantação, manutenção e revisão de um plano de
ensaios
emergência contra incêndios.
• ABNT NBR 7192/84 - Projeto, fabricação e ins-
Aspectos importantes como localização, tipo
talação de elevadores;
de construção, ocupação, características da popu-
• ABNT NBR 7195/82 - Norma de cor da segu-
lação, pessoas portadoras de deficiência ou com
rança do trabalho;
limitações e os recursos humanos e materiais são
• ABNT NBR 7500/83 - Transporte, armazena-
levados em conta na elaboração do plano.
gem e manuseio de materiais;
Algumas técnicas como what if, checklist, hazop, No entanto, apesar de haver diversas normas
árvore de falhas, diagrama lógico de falhas, podem regulamentadoras brasileiras, chamadas de NBR,
ser empregados a fim de complementar o estudo. normas essas definidas pela ABNT, sua observân-
Para a implantação desse plano devem-se cia não é obrigatória. Diferentemente do caso das
seguir alguns requisitos como divulgação de um NR, cujo a portaria MTB nº 3.214, de 8 de junho
material básico para a população fixa e flutuan- de 1978, determina a obrigatoriedade baseado na
te daquela localidade, além disso um treinamento Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Contudo,
periódico para todos os envolvidos. torna-se evidente caso todas essas normas téc-
Exercício simulados devem ser realizados em nicas fossem obrigatórias, a situação de muitas
uma semestralmente para simulados parciais e edificações e o número de acidentes seriam redu-
de anualmente para simulados completos, a fim zidos, pois a melhor forma de evitar acidentes é
de minimizar futuras falhas e providenciar as atuando com medidas mitigadoras.
correções, evitando futuros transtornos. Proce-
dimentos básicos de emergência contra incêndio REFERÊNCIAS
devem ser levados em consideração, como: pro-
cedimentos de alerta, análise da situação, apoio ABNT – Associação Brasileira de Normas
externo, primeiros socorros, eliminação de riscos, Técnicas. Disponível em: http://abnt.org.br/
abandono ou isolamento da área e finalmente o paginampe/perguntas-e-respostas.
condicionamento e combate a incêndio. Acesso em: 17 set. 2015.
Dada a conclusão do princípio de incêndio ou
acidente as possíveis causas e procedimentos ABNT NBR 15219 – Plano de emergência contra
são revisados e realizadas reuniões com os co- incêndio – Requisitos
ordenadores e chefes da brigada de incêndio res-
ponsável para debelar sobre o tema e atualizar ABNT NBR 9441- Execução de sistemas de
os procedimentos. detecção e alarme de incêndio – Procedimento
É de fundamental importância o plano de ação
a emergência em edificações multifamiliares, já BERTO, Antônio Fernando. Gestão da segurança
que com um plano de ação definido e treinados contra incêndio em edificações. In: Questões
todos os envolvidos como civis, brigadistas, fun- Atuais de segurança contra incêndio. São Paulo:
cionários e principalmente o envolvimento das Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
edificações no entorno e do Corpo de Bombeiros. São Paulo, 1998. (Apostila).
IBGE – Instituto Brasileira de Geografia e Estatística REBELO, Luís Manuel Baptista - Sistemas
– Disponível em: http://7a12.ibge.gov.br/vamos- de automação e manutenção de edifícios –
conhecer-o-brasil/nosso-povo/caracteristicas-da- Concepção de sistemas de detecção e protecção
populacao.html. Acesso em: 12 set. 2015. contra incêndios de uma unidade hoteleira. 2010.
Dissertação (Mestrado) – Instituto Superior de
LOSER, Edilaine A.C. Compreensão dos Engenharia de Lisboa – ISEL, 2010.
procedimentos de segurança contra incêndios e
pânico nas empresas. Instituto Educacional da SECCO, Cel. Orlando. Manual de prevenção e
Grande Dourado (IEGRAN). Dourados, 2013. combate de incêndio. 2. ed. São Paulo: EGRT, 1970.
NETO, Manoel Altivo da Luz – Condições SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra
de segurança contra incêndio. Secretaria incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Editora, 2008.
de Assistência à Saúde. Textos de Apoio à
Programação Física dos Estabelecimentos SESMET - Serviço Especializado em Engenharia
Assistenciais de Saúde, Brasilia,1995. de Segurança e em Medicina do Trabalho.
Disponível em: http://www.sesmt.com.br/Blog/
Norma Regulamentadora 23 - Proteção, Artigo/sesmt-diferenca-entre-manutencaoo-
prevenção e segurança contra incêndios ONO, preventiva-corretiva-preditiva-detectiva. Acesso
Rosaria. Parâmetros para garantia da qualidade em: 19 set. 2016.
do projeto de segurança contra incêndio em
edifícios altos. Universidade São Paulo, 2006. WORLDSERV – Worldserv Equipamentos contra
Incêndio – Disponível em: http://worldserv.com.
PEREIRA, Áderson Guimarães; POPOVIC, Raphael br/os-fatores-que-influenciam-a-severidade-
Rodriguez. Tecnologia em Segurança contra de-um-incendio/. Acesso em: 18 set. 2016.
Incêndio. São Paulo: LTr, 2007.