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Universidade Católica de Moçambique

Filosofia política na idade contemporânea: John Rawls e Karl Marx.

Nome de estudante: Lúcia Norberto Fernando Cipriano


Código Estudante: 708212371

Quelimane, Setembro de 2022


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Centro de Recursos de Quelimane

Departamento de Ensino a Distância

Filosofia política na idade contemporânea: John Rawls e Karl Marx.

O presente trabalho de campo 2


enquadra-se na disciplina de Indrodução
à Filosofia, pertencente ao curso de
Licenciatura de ensino de História,
disciplina do 2º ano a ser apresentado ao
IED como requisito para avaliação sub
orientação do;
O tutor: Ivan Felisberto Ernesto Moutinho

Quelimane, Setembro de 2022


Índice
1. Introdução ............................................................................................................................ 3

1.1. Objectivos............................................................................................................................. 4

1.1.1. Objectivo geral .................................................................................................................. 4

1.1.2. Objectivos específicos ....................................................................................................... 4

1.2. Metodologia usada ............................................................................................................... 4

2. Filosofia política na idade contemporânea: John Rawls e Karl Marx. ................................ 5

2.1. John Rawls ........................................................................................................................... 5

2.1.1. Vida e obra John Rawls ..................................................................................................... 5

2.1.2. Contexto histórico ............................................................................................................. 6

2.1.3. Princípios da teoria da justiça............................................................................................ 6

2.1.4. Principais ideias de Rawls ................................................................................................. 8

2.1.5. Pensamento político e formas de sistemas políticos ......................................................... 9

2.1.6. Aspectos positivos e negativos ........................................................................................ 10

2.2. Karl Marx ........................................................................................................................... 11

2.2.1. Vida e obra de Karl Marx ................................................................................................ 11

2.2.2. Contexto Histórico .......................................................................................................... 12

2.2.3. Principais idéias de Marx ................................................................................................ 13

2.2.4. Pensamento político e formas de sistema políticos ......................................................... 13

2.2.6. Aspectos positivos e negativos ........................................................................................ 14

2.3. Convergências e divergências entre os dois filósofos John Rawls e Karl Marx. ............... 15

3. Conclusão........................................................................................................................... 17

4. Bibliografia ........................................................................................................................ 18
1. Introdução
A filosofia contemporânea abrange o pensamento filosófico que vai de meados do século XIX e
chega aos nossos dias. Esse período, por ser o mais próximo de nós parece ser mais complexo e o
mais difícil de definir, pois as diferenças entre as várias filosofias ou posições filosóficas nos
parecem muito grandes porque estamos vendo surgir entre nós.

Consideramos como contemporânea esta filosofia porque ela se estende, dentro da imprecisão
cronológica própria das produções culturais, ao longo da segunda metade do século XIX e da
primeira metade do século XX.

Marx, ao nos deixar um legado teórico riquíssimo, resultado de uma vida dedicada aos estudos da
sociedade civil de sua época, não escreveu somente sobre o sistema do capital e seu cruel
mecanismo de funcionamento o qual rouba o produtor de seu direito de usufruir daquilo que
produziu, colocando toda a riqueza nas mãos do capitalista mas, também, é autor uma complexa
teoria acerca da Política traduzida na figura do Estado, demonstrando como este serve como um
complemento do capital para a exploração do trabalho.

Na filosofia contemporânea analisaremos dois autores, nomeadamente John Rawls e Karl Marx, o
liberal e socialista, apesar de haver certas particularidades que levam alguns estudiosos a negar
este atributo ao John Rawls. Politicamente, por ser localizado um pouco por todo canto, alguns
fizeram de Rawls o filósofo capaz de conduzir para além de Marx. Sua intenção era a de pensar
uma sociedade justa. No presente trabalho abordar acerca de aspectos ligado vida e obra dos
filósofos Rawls e Marx a política, ideias, pontos de divergências e convergência, aspectos
positivos, negativos.

O trabalho tem como objectivo conhecer filosofia política na idade contemporânea: John Rawls e
Karl Marx

Em termos metodológicos, a pesquisa quanto à abordagem é qualitativa, os quantos objectivo a


pesquisa é exploratória e quanto aos procedimentos metodológicos é uma pesquisa bibliográfica.

Estruturalmente, o trabalho tem três partes a saber: primeira de introdução constituído por;
objectivos e metodologia, segunda parte da revisão da literatura (marco teórico) discussão das
questões relacionadas ao estudo da arte da área da pesquisa e última parte que traz conclusão da
pesquisa bem com as referências bibliográficas dos autores citados ao longo da pesquisa.

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1.1. Objectivos

Os objectivos traçados no presente trabalho são:

1.1.1. Objectivo geral

Conhecer filosofia política na idade contemporânea: John Rawls e Karl Marx.

1.1.2. Objectivos específicos

 Descrever vida e obra de John Rawls e Karl Marx;


 Explicar os melhores regimes políticos, pensamento político, suas principais ideias;
 Listar os aspectos negativos e positivos das teorias de John Rawls e Karl Marx;
 Mencionar pontos de convergência e divergências entres John Rawls e Karl Marx;
1.2. Metodologia usada

Segundo Silvestre e Araújo (2012), metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e


exacta de toda acção desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. Já Sousa e
Baptista (2011), definem metodologia como um conjunto concentrado de operações que são
realizadas para atingir um ou mais objectivos.

Sendo de natureza exploratória1, esta reflexão teve uma abordagem qualitativa, a qual segundo
Silvestre e Araújo (2012), proporciona compreensão em profundidade do contexto do problema e,
é um método indutivo por excelência para entender por que o indivíduo age como age, pensa como
pensa ou sente como sente.

Para a recolha de dados foram aplicadas as seguintes técnicas: a pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental e pesquisa em sites da internet. A pesquisa bibliográfica consistiu numa leitura de
obras de diversos autores que abordam sobre o tema em estudo, a fim de recolher e confrontar
informações pertinentes relativas ao mesmo. A pesquisa documental consistiu na consulta de
documentos e brochuras relacionadas com a matéria. A pesquisa em sites da internet consistiu na
consulta de artigos digitais cuja semântica está orientada para filosofia política na idade
contemporânea: John Rawls e Karl Marx.

1
Os estudos do tipo exploratórios têm por objectivo proceder ao reconhecimento de uma dada realidade e
levantar hipóteses para o seu entendim
ento (Sousa & Baptista, 2011).

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2. Filosofia política na idade contemporânea: John Rawls e Karl Marx.
2.1. John Rawls

2.1.1. Vida e obra John Rawls

De acordo Weber (2010, p. 34) argumenta:

John Bordley Rawls (1921 – 2002) é o quinto filho de Willian Lee Rawls e Anna Bell
Rawls. O interesse de Rawls por questões sociais começa devido ao envolvimento da sua
mãe com o movimento feminista e com a constatação de que a grande população negra de
Baltimore (região onde morava) vivia em condições muito diferentes da população branca.
Além disso, Rawls também teve contacto com os brancos pobres da região do Maine, onde
a família costumava passar férias. Em 1961, Rawls é convidado para ir dar aulas em
Harvard. Espera mais um ano para acabar as suas actividades no MIT e vai para Harvard
em 1962, onde deu aulas até 1991, ano em que se aposentou. Os anos seguintes, em
Harvard, foram dedicados a acabar de escrever Uma Teoria da Justiça e às aulas sobre
grandes autores da filosofia política. No final da década de 60, Rawls faz parte de
movimentos contra a Guerra do Vietname. Toda essa polémica levou Rawls a reflectir
sobre questões como a desobediência civil e sobre a ética nas relações internacionais.
Rawls passou os anos de 1969-70 no Centro de Estudo Avançados da Universidade de
Stanford, a acabar de escrever Uma Teoria da Justiça. Em 1995, Rawls sofre o primeiro de
vários derrames que farão com que a sua carreira académica seja bastante prejudicada. John
Bordley Rawls morre num sábado, 24 de Novembro de 2002, em sua casa, em Lexington,
Massachusetts, de insuficiência cardíaca. A este respeito diz Rawls: “a justiça é a
primeira virtude das instituições sociais, como a verdade o é em relação aos
sistemas de pensamento. ”

O conceito de justiça dar-se-ia através de dois pontos, um deles é a equidade que está conduzindo
todo o espectro de reflexões introduzido por Rwals em torno do conceito, nas palavras de Bittar
em seu livro “Curso de Filosofia do Direito” define claramente o conceito de equidade para Rawls

“A equidade dá-se quando do momento inicial em que se definem as premissas com as quais se
construirão as estruturas institucionais da sociedade” (Bittar, 2001).

No segundo ponto, do qual John Rawls concebe o seu conceito de justiça é na forma do
contratualíssimo. Ele não sendo o único neo-contratualista contemporâneo, mas esta é uma das

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suas características mais marcantes. Desta forma, busca através de estudos, pesquisas,
desenvolturas explorar grade dos conceitos, através de um contratualismo contemporâneo.

Desta forma, pensar em justiça é pensar acerca do justo e do injusto de cada instituição, para Rawls
a melhor forma de administrar a justiça seria través das instituições sociais. Não caracterizando
cada indivíduo a sua necessidade de ética, mas sim uma acção humana, com pluralidade, com
consequências relevantes, concepções plúrimos que possam produzir sobre justiça.

2.1.2. Contexto histórico

Weber (2010) devido ao seu contexto histórico-cultural, “Rawls está incluído dentro do liberalismo
clássico e do utilitarismo. Mas, também se encontra nas suas obras, influências do existencialismo,
marxismo e da filosofia analítica”(p. 45). Rawls não se preocupava em discutir as posições
filosóficas, morais e religiosas, quer fosse próxima ou distante da sua tradição cultural. Para ele o
que interessava era se havia o consenso entre os membros da sociedade. Tendo por base a
liberdade e a igualdade das pessoa (objectivo fundamental do seu trabalho)

2.1.3. Princípios da teoria da justiça

Os princípios vêm, no início do pacto original, como igualdade e liberdade para deliberar sobre,
direito, deveres, obrigações, benefícios e ônus a serem regidos. A primeira formulação de tais
princípios ainda é um esboço, no qual o contrato é estruturado tomando por base dois princípios
basilares de seu sistema acerca de justiça, que são:

Primeiro: cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente sistema de
liberdades básicas iguais que seja compatível com um sistema semelhante de
liberdades para as outras. Segundo: as desigualdades sociais e econômicas devem
ser ordenadas de tal modo que sejam ao mesmo tempo (a) consideradas como
vantajosas para todos dentro dos limites do razoável, e (b) vinculadas a posição e
cargos acessíveis a todos (Rawls, 2000, p. 64).

Conforme os principios acimas, percebo que estes princípios primeiramente à estrutura básica da
sociedade, governam a atribuição de direitos e deveres e regulam as vantagens econômicas e
sociais. O primeiro princípio determina as liberdades, enquanto o segundo princípio regula a
aplicabilidade do primeiro, corrigindo assim as desigualdades que possam ocorrem, é certo que
não há como erradicar as desigualdades econômicas e sociais entre as pessoas, ou melhor, entre

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os pactuantes, as associações devem prever organismos suficientes para o equilíbrio das
deficiências e desigualdades, de forma que estes se voltem em benefícios da própria sociedade.

Contudo essa liberdade descrita no momento inicial do contrato é extremamente significante, uma
vez que assegura a igualdade e a equidade relacionadas aos princípios originais. É fundamental
ressaltar que é admissível determinar uma lista dessas liberdades, conforme Rawls (2002) dispõe
em seu livro:

As mais importantes entre elas são a liberdade política (o direito de votar e ocupar um
cargo público) e a liberdade de expressão e reunião; a liberdade de consciência e de
pensamento; as liberdades da pessoa, que incluem a proteção contra opressão psicológica
e a agressão física (integridade da pessoa); o direito à propriedade privada e a proteção
contra a prisão e a detenção arbitrárias, de acordo com o conceito de estado de direito.
Segundo o primeiro princípio, essas liberdades devem ser iguais (p. 65).

Analisando as relações sociais em sua prática cotidiana verifica-se, de facto, que o fundamento
evidente ou de fundo que perpassa é a justiça. Assim, ao tratar a justiça como uma virtude constata-
se que é algo que não se pode dispor, pois uma virtude é algo desejável e intrínseco.

Então, após ocorrer o contrato inicial e as escolhas dos princípios a serem regidos, os pactuantes,
devem escolher uma constituição a ser seguida. A constituição constituir um governo de
legalidade, do qual as normas dos princípios a serem seguidos, devem estabelecer a igualdade e a
publicidade, como nas palavras de Bittar (2001):

É dever natural de justiça que propulsiona, diz Rawls, o cidadão à obediência da


constituição e das leis. É a lei a garantia de que situações iguais serão igualmente tratadas.
E a lei aqui não é sinônimo de constrição, mas de liberdade. Consciente das dificuldades
que engentram a discussão do tema da justiça nessa base, e dos comprometimentos de seus
postulados teóricos, é que Rawls está preocupado em demonstrar materialmente a
realizabilidade dos dois princípios (menciona a formação da constituição, dos processos
legislativos, as formas de execução da lei etc.) nas instituições deve medrar o que se chama
de justiça material (p. 385).

Enfim, todo este sistema leva a idéia de estabilidade, a justiça se aplicada desde o princípio como
forma de equidade, igualdade, e liberdade, torna-se algo estável a sociedade. Essa estabilidade
nada mais nada menos seria a pura consequência da justiça institucional, e a forma de atuação das

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pessoas nas instituições públicas. Cada indivíduo com o seu elo de ligação através do contrato
inicial, respeitando os seus direitos deveres de todos, dando-lhes benefícios ou ônus, conforme as
situações de cada associação. Significa uma sociedade bem organizada caminhando naturalmente
e sem lapso para a estabilidade de suas instituições.

2.1.4. Principais ideias de Rawls

Mascaro (2010) afirma:

As partes que vão celebrar o contrato encontram-se sob um véu de ignorância cada pessoa
deve ter a maior quantidade possível de liberdades compatível com igual quantidade de
liberdade para os outros são aceitáveis desigualdades económicas desde que beneficiem os
mais desfavorecidos As desigualdades económicas são aceitáveis se resultarem do
exercício de funções para as quais todos tiveram igual oportunidade de acesso Princípio da
liberdade igual para todos Princípio da diferença segundo a oportunidade justa Os sujeitos
têm conhecimentos básicos da sociedade, são racionais e têm uma conceção fraca de bem
Homens livres e racionais determinam quais os princípios de justiça Determinar os
princípios a partir dos quais se possam organizar, de forma justa, as instituições sociais
básicas, nomeadamente as que regem a liberdade de pensamento, de concorrência no
mercado e de propriedade privada (p. 55).

Determinar os princípios a partir dos quais se possam organizar, de forma justa, as instituições
sociais básicas, nomeadamente as que regem a liberdade de pensamento, de concorrência no
mercado e de propriedade privada. Homens livres e racionais determinam quais os princípios de
justiça Contrato social Posição original

As partes que vão celebrar o contrato encontram-se sob um véu de ignorância Cada pessoa deve
ter a maior quantidade possível de liberdades compatível com igual quantidade de liberdade para
os outros São aceitáveis desigualdades económicas desde que beneficiem os mais desfavorecidos
As desigualdades económicas são aceitáveis se resultarem do exercício de funções para as quais
todos tiveram igual oportunidade de acesso Princípio da liberdade igual para todos Princípio da
diferença segundo a oportunidade justa. Os sujeitos têm conhecimentos básicos da sociedade, são
racionais e têm uma conceção fraca de bem Princípios de justiça Posição original.

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Neste contexto os indivíduos desconhecem todos os aspectos que dizem respeito às suas
circunstâncias específicas, tais como as suas capacidades, a organização da sociedade onde
vivem e o estatuto social e económico que possuem.

Nesta óptica são racionais serem racionais significa que os sujeitos irão escolher os princípios que
poderão vir a concretizar o maior número possível de desejos e que tenham maior probabilidade
de sucesso.

Gargarella (2008) afirma que:

As características da teoria de justiça de Rawls são elas: O contrato inicial, (primeira


principal característica, surge como base/pilar de toda teoria) a visão de justiça como
equidade (segunda principal característica, uma equidade de forma de igualdade, direito de
cada um), os princípios (esses fortaleceram o contrato e buscam concretizar os direitos e
deveres de cada um, e reparar as desigualdades que possam ocorrer) (p. 90).

2.1.5. Pensamento político e formas de sistemas políticos

Uma concepção política de justiça baseia-se em valores políticos e não deveria ser apresentada
como parte de uma doutrina filosófica, religiosa ou moral. Dessa forma:

Os princípios de justiça mais razoáveis seriam aqueles que fossem objeto de acordo mútuo
entre pessoas em condições equitativas. A justiça como equidade é, portanto, uma teoria
da justiça que parte da ideia de um contrato social. Os princípios que articula afirma uma
concepção liberal ampla de direitos e liberdades básicos, e só admitem desigualdades de
renda e riqueza que sejam vantajosas para os menos favorecidos (Rawls, 2002).

Ao desenvolver a ideia de liberalismo político, Rawls foi levado a reformular sua exposição e
defesa da teoria da justiça como equidade. Ele cita como exemplo a posição original, que seria
mais bem entendida por meio de uma concepção política de justiça. Nesse sentido Weber (2010)
explica que:

O caráter liberal da concepção política de justiça está, principalmente no fato de estabelecer


essa prioridade de que gozam os direitos e liberdades fundamentais em relação às
exigências do bem geral. Não se pode falar em oportunidades iguais ou que a distribuição
de renda e riqueza deve beneficiar os menos favorecidos sem antes assegurar os direitos e
liberdades fundamentais. Isso inclui a satisfação das necessidades básicas materiais. E,
dentro do segundo princípio de justiça, o princípio da diferença, como princípio de justiça

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distributiva, está subordinado ao princípio da igualdade equitativa de oportunidades. Isso
é da essência do liberalismo político defendido por J. Rawls (p. 253).

A Constituição (surge como forma de impor as leis e uma forma de escolha de governo,
assegurando o cumprimento do contrato e seus princípios com base na equidade, igualdade e
liberdade).

A partir dessas considerações, percebe-se que, na obra Justiça como equidade, Rawls começa a
lançar os fundamentos de Justiça e democracia – obra iniciada no final de sua vida. No final do
prefácio desta última obra, Rawls destaca que existem questões antigas – do período da Reforma
protestante, ou antes relacionadas à democracia que precisam de resposta. Nesse sentido:

O liberalismo político tenta fornecê-la elaborando uma concepção política de justiça que
seja independente e que, a partir das ideias políticas fundamentais, latentes na cultura
pública de uma democracia, formule os valores políticos essenciais de um regime
constitucional. Essa concepção política de justiça não pressupõe nenhuma doutrina
abrangente particular. É por isso que ela funciona como um componente – um módulo,
poder-se-ia dizer – que se pode acrescentar ou adaptar a numerosas doutrinas distintas ou
que delas se pode derivar. Dessa forma, ela pode ser a base para um consenso, proveniente
de uma superposição de doutrinas, em favor das instituições democráticas (Rawls, 2002,
prefácio).

No meu ponto de vista a maior contribuição da teoria da justiça de John Rawls foi, sem dúvida, a
defesa da democracia liberal constitucional como o melhor e mais apropriado regime político para
a humanidade neste novo século. O seu profícuo trabalho de pesquisa ético-político fomentou
ainda uma interlocução interdisciplinar constante com as Ciências Jurídicas, a Economia, as
Ciências Sociais e do Comportamento (sobretudo a Ciência Política, a Sociologia e a Psicologia).

2.1.6. Aspectos positivos e negativos

É claro que na justiça como equidade não temos qualquer outro critério para julgar se uma razão é
injusta, já que todos os nossos princípios são satisfeitos. Mas a razão existente pode nos incomodar
e nos fazer pensar. É como se um estado de equilíbrio reflexivo estivesse um pouco abalado.
Esperamos que as disparidades que possam ocorrer inscrevam-se num intervalo que não nos
incomode. Neste sentido no contexto actual não haveria corrupção generalizada desde o governo
e pobreza com se vive em países áfricas.

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Para Rawls a justiça como equidade dar-se no momento do contrato como forma de que todos
obtêm igualmente o conhecimento, raciocino e o dever de obrigações e benefícios em relação ao
pacto, e não igualando os indivíduos economicamente e nem buscando o bem igualmente para
todos.

2.2. Karl Marx

2.2.1. Vida e obra de Karl Marx

De acordo Mascaro (2010, p. 76) “Karl Marx (1818-1883) foi um filósofo, activista político
alemão, um dos fundadores do socialismo científico e da Sociologia”.

A obra de Marx influenciou a Sociologia, a Economia, a História e a até a Pedagogia.

Karl Marx nasceu em 5 de maio de 1818, na cidade Treviris, na Alemanha, no meio de uma família
acomodada.

Segundo Mascaro (2013) argumenta:

Ingressou primeiro na Universidade de Bonn e mais tarde, se transferiu para a de Berlim


com o intuito de estudar Direito. Abandonaria o curso para se dedicar ao estudo da Filosofia
na mesma instituição. Ali, discutiria com os Jovens Hegelianos que defendia a constituição
de um Estado forte e eficiente, tal como fizera Hegel. Em 1842, trabalhando no jornal
Gazeta Renana conhece Friedrich Engels, com o qual escreveria e editaria inúmeros livros.
Mais tarde, a gazeta é fechada e Marx vai para Paris. Também se casa com a filha de um
barão, Jenny Von Westaphalien, com quem teria sete filhos, dos quais somente três
chegariam à vida adulta. Igualmente teve um filho com a militante socialista e empregada
doméstica, Helena Demuth. A paternidade da criança seria assumida por Engels. Após o
fechamento da Gazeta Renana, os anos seguintes não seriam fáceis, pois Marx liderou
publicações que criticavam duramente o governo alemão. Ele foi expulso da França e da
Bélgica a pedido do governo alemão. Graças a uma arrecadação de fundos feita pelos seus
admiradores e amigos, Marx parte para Londres onde continua suas investigações sobre a
sociedade industrial. Karl Marx adoece de uma inflamação na garganta que o impede de
falar e alimentar-se normalmente. Em consequência de uma bronquite e problemas
respiratórios, faleceu em Londres, no dia 14 de março de 1883.

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Com a colaboração do intelectual, também alemão, Friedrich Engels, Marx publicou o Manifesto
Comunista, em 1848. Nele, Marx critica o capitalismo, expõe a história do movimento operário e
termina com o apelo pela união dos operários no mundo todo.

Isso ocorreu às vésperas da Revolução de 1848 na França, a chamada Primavera dos Povos.

Segundo Naves (2010) “em 1867, Marx publica o primeiro volume de sua obra mais importante, O
Capital, onde sintetiza suas críticas ao capitalismo. Esta coleção causaria nas décadas seguintes
uma revolução na maneira de pensar a história, a economia, a sociologia e demais ciências sociais
e humanas” (p. 121).

2.2.2. Contexto Histórico

“Grandes transformações econômicas, políticas e sociais ocorreram na Europa no fim do século


XVIII e início do século XIX. Todas essas mudanças foram acompanhadas por teorias e doutrinas
que buscavam condenar ou reformar a ordem capitalista burguesa” (Mascaro, 2013, p. 107).

Estruturaram-se, então, as teorias socialistas, vinculadas a um novo ramo da ciência, a economia


política.

A Inglaterra era onde mais se verificava esta mudança. O país adquiria uma nova configuração
social com a industrialização e o êxodo rural que forneceu a mão de obra das fábricas nas cidades.

Conforme Naves (2010) “não existia nenhuma legislação trabalhista, as jornadas de trabalho nas
fábricas, instaladas em locais insalubres, eram, na maioria, superiores a 14 horas” (p. 76). “A
miséria aumentava nas cidades. Além das condições sub-humanas de trabalho, os operários
enfrentavam enormes dificuldades em época de guerra. Neste período, a fome se disseminava pelo
continente europeu, em consequência dos elevados preço dos gêneros alimentícios”. Marx, 2010,
p. 453).

O descontentamento só aumentava, à medida que cresciam as razões para os conflitos,


prenunciando uma revolução social. Surgiram as primeiras organizações trabalhistas, as trade
unions, que buscavam organizar a luta da classe operária, sendo vistas como organizações
criminosas pelos industriais.

Foi neste ambiente de mudanças que viveu e estudou Karl Marx.

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2.2.3. Principais idéias de Marx

De acordo com Bittar (2001, p. 344). as principais ideias de Marx são:

 Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é


modificá-lo;
 A produção econômica e a organização social que dela resulta, necessariamente para cada
época da história, constituem a base da história política e intelectual dessa época;
 A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes;
 Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem sob circunstâncias de sua escolha
e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado;
 Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em encher os bolsos, o mais que
possa. E o que temos a fazer não é divagar acerca da sua vontade, mas investigar o seu
poder, os limites desse poder e o caráter desses limites.
2.2.4. Pensamento político e formas de sistema políticos

O Estado, para Marx, não é a expressão direta da racionalidade e do justo, contrapondo Hegel na
Alemanha.

Segundo Naves (2010) além de “Hegel, a crítica marxista abrange ainda, Kant, pois, ambos os
filósofos afirmam que a sociedade se origina a partir do contrato social, e Marx vai de encontro a
isso, para ele, a origem da vida social ocorre a partir do antagonismo de classes” (p. 129).

Portanto, nota-se que o fundamento político a se destacar, é o que liga a política às condições
materiais concretas, ao nível econômico, ou seja, é a junção entre as formas políticas modernas e
a lógica do capital.

Mascaro (2013) afirma:

A burguesia constatou que com o Capitalismo, a forma de opressão havia mudado, não era
mais senhor e servo ou mesmo senhor e escravo, mas sim, uma relação entre capitalistas e
trabalhadores. No entanto, para o capitalismo a apropriação da riqueza gerada pelo
trabalho, não deve ser feita a partir da coerção com violência contra o trabalhador, como
era antes. E para resolver isso, o Estado moderno torna os indivíduos cidadãos, instituindo-
os como sujeito de direito, ou seja, livre, apto a ter direitos e deveres, e por meio dessa
nova condição política, cada trabalhador pode vender seu trabalho aos capitalistas de uma

13
maneira “livre”, isto é, por meio de vínculos que obrigam tendo por fundamento uma
relação jurídica, e não a mera força (p.123)

Assim, sendo, a instância de coerção política não pode se apresentar como diretamente dominada
pela burguesia. Ela se presta ao interesse burguês, mas não porque seja controlada pela vontade
dela, mas porque ao construir sujeitos de direito, torna todos juridicamente iguais e livres. Segundo
Marx, “a opressão no capitalismo, ao contrário do escravagismo, se esconde”, pois, tornando a
todos os cidadãos livres e iguais formalmente, dá condições de que os capitalistas explorem os
trabalhadores de uma forma invisível, pelo facto de passar a ilusão de que o trabalhador é livre,
visto que escolhe para quem trabalhar, ou melhor, escolhe quem o explorará.

2.2.5. Regimes políticos

Marx não acreditava no reformismo, para ele o capitalismo estava condenado. E que deveria haver
uma revolução que permitiria a transição do capitalismo para o socialismo. Assim o Marx o melhor
regime político era comunismo. O Manifesto do Partido Comunista, redigido em 1848, tem como
objetivo a ascensão da classe dominada, os proletariados, e a destituição da classe dominante e
opressora.

2.2.6. Aspectos positivos e negativos

Os pontos positivos do Marxismo segundo Marx (1985 citado por Naves, 2010, p. 233) são:

 As condições econômicas e a luta de classes são agentes transformadores da sociedade;


 A classe dominante nunca deseja que a situação mude, pois se encontra em uma situação
muito confortável. Já os desfavorecidos têm que brigar pelos seus direitos e esta luta é que
moveria a História;
 Marx pensava que o triunfo do proletariado faria surgir uma sociedade sem classes. Isto
seria alcançado pela união da classe trabalhadora organizada em torno de um partido
revolucionário;
 Também apontou para a mais valia quando explica que o lucro do patrão é obtido a partir
da exploração da mão de obra do trabalhador;
 Proteger as camadas inferiores, era contra o capitalismo;

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 A abolição do Direito de Herança, para encerrar a transmissibilidade de bens de alto valor
financeiro, pois isso propaga a lógica de dominação, ao criar famílias que se perpetuam por
gerações;
Olhando nestes pontos Marx não lança uma luz inerentemente negativa nem sobre a cooperação
nem sobre a divisão do trabalho. Ele as vê como potencialmente criativas, benéficas e gratificantes
para o trabalhador. A cooperação e a divisão bem organizada do trabalho são capacidades humanas
esplêndidas, que incrementam nossos poderes coletivos. O socialismo e o comunismo teriam
presumivelmente grande necessidade delas.

De acordo Mascaro (2013) principal crítica feita ao marxismo na actualidade alega que este possui
“caráter simplista, seja na organização da sociedade em classes (capitalista e proletariado), seja
nas diversas interpretações que Marx faz da interrelação direta entre os fatores sociais de
consciência (como cultura, religião e política) e os da economia” (p. 177).

2.3. Convergências e divergências entre os dois filósofos John Rawls e Karl Marx.

Segundo Mascaro (2010) diz que:

Para Rawls a felicidade tem o preço da justiça e não pode ser reduzida à ausência de dor.
Por outro lado, Rawls tem como grande influência Karl. As suas teorias convergem na
universalidade. Rawls defende que aquilo que é bom para um tem de ser bom para todos
através da Posição Original e Karl Marx defende o mesmo princípio através do seu
Imperativo Categórico (“Age sempre segundo uma máxima tal que está se possa tornar lei
universal”). Os pontos de vista destes dois filósofos são semelhantes também na forma
como encaram o Homem. O Homem é para eles um ser livre, igual e fim em si mesmo.
Ambos apresentam teorias deontológicas baseadas no dever ser (p. 281)

Analisando ambas as teorias apresentadas de Marx e Rawls se baseiam no dever ser, em princípios
que estão já definidos e segundo os quais cada ser humano deve reflectir antes de agir, são assim
teorias deontológicas a primeira de natureza moral, a segunda de natureza política. Ambas as
teorias abdicam do carácter útil e consequencialista das acções. Os dois filósofos defendem a
universalidade e vêem o Homem como um ser livre, igual, racional e fim em si mesmo o homem
é um ser de dignidade.

Assim, ambas teorias divergem quando o Rawls defende o liberalismo já o Mark vai defender o
socialismo que leva a comunismo onde com isso mostra se claramente que o liberalista defendia

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mais a justiça e igualidade em todos sentidos e socialismo não por exemplo os Rawls defende a
igualdade e equidade o que dá-me a intender que ninguém deve ter protecção acima dos outros e
aceita que é necessário que o povo decida quem os deve governar isto contraria o comunismo em
alguns pontos como a visão sobre o estado não há mais relevância em debater sobre a qualidade
de um governo, pois indubitavelmente ele será despótico, injusto e alinhado com o interesse de
controle de um grupo social dominante sobre outro.

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3. Conclusão
Tendo em vista a análise sobre o tema elaborado desde então, pode-se concluir que, o que permite
que a alienação não seja percebida e/ou notada, é a ideologia. Em outros termos, as ideias, condutas
e princípios que rodeiam a concepção de mundo de determinada sociedade, e que, representam
claramente os interesses da elite, cooperam para manter a dominação.

Rawls desenvolve sua concepção de justiça propondo uma teoria da justiça como equidade por
discordar da proposta do utilitarismo e entender que não ele não trata as pessoas como livres e
iguais, ofendendo assim o propósito democrático. Para desenvolver sua teoria sugere um contrato
social, imaginário e a-histórico, em que as pessoas estariam numa posição original, vestindo o véu
da ignorância, para escolher os princípios de justiça.

O facto de igualar a justiça como prática de virtude, ou igualar a justiça como a procura do justo
meio, não faz com que o Filosofo conceituado John Rawls um teórico antagônico a qualquer tipo
de investigação. Rawls busca a igualdade, a equidade, o véu do contratualismo, a construção
humana que beneficia a todos. Essa teoria, trata-se de um modelo de governo, baseado em dois
grandes princípios, regidos por instituições, princípios que garantes a liberdade, e a igual
distribuição de direitos e deveres à todos.

A visão de Marx apontava que para atingirem-se as mudanças necessárias à Revolução, o


proletário, através da reafirmação do Poder Popular, deveria atingir o poder político. No entanto,
é necessário ressaltar que esse poder não deve vir de caráter reformista, mas sim da explosão dos
anseios do operariado, que garantiria a existência daquele que seria o denominado “Estado
Operário” ou “Ditadura do Proletariado”.

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4. Bibliografia
Bittar, E. C. B. (2001). Curso de Filosofia do Direito. São Paulo: Atlas.

Gargarella, R. (2008). As Teorias da Justiça Depois de Rawls: um breve manual de filosofia


política. Tradução Alonso Reis Freire. São Paulo: Martins Fontes.

Marx, K. (2010). Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo.

Mascaro, A. L. (2010). Filosofia do direito. São Paulo: Atlas.

__________. (2013) Estado e forma política. São Paulo: Boitempo.

Naves, M. B. (2010). Marx: ciência e revolução. São Paulo: Quartier Latin.

Rawls, J. (2002). Uma Teoria da Justiça/John Rawls: Trad. Almiro Pisetta e Lenita M. R. Esteves
– São Paulo: Martins Fontes

Silvestre, H. C. & Araújo, J. F. (2012). Metodologia para a investigação social. Lisboa: Escolar

Sousa, M. J. & Baptista, C. S. (2011). Como fazer investigação, dissertações, teses e


relatórios:segundo bolonha. Lisboa: Pactor.

Weber, T. (2010). Rawls: uma concepção política a justiça. In: Teixeira, A. V. & Oliveira, E. S.
(Orgs). São Paulo: Martins Fontes

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