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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TAYNARA REGUEIRA DE MATOS E SILVA

DIRETRIZES PARA REQUALIFICAÇÃO DA ORLA DE


BARRA DE JANGADA, JABOATÃO DOS GUARARAPES,
PE

RECIFE

DEZEMBRO/2020
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TAYNARA REGUEIRA DE MATOS E SILVA

DIRETRIZES PARA REQUALIFICAÇÃO DA ORLA DE


BARRA DE JANGADA, JABOATÃO DOS GUARARAPES,
PE

Trabalho de Curso desenvolvido pela aluna Taynara


Regueira de Matos e Silva, orientado pela Profa,
Danyelle de Holanda Beltrão e apresentado ao Curso de
Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências
Humanas Esuda como requisito final para obtenção do
grau de Arquiteta e Urbanista.

RECIFE

DEZEMBRO/2020
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo uma proposta de diretrizes para a requalificação da
Orla de Barra de Jangada, no bairro de Barra de Jangada, Jaboatão dos
Guararapes-PE. A orla está localizada em uma área residencial com grande número
de idosos e crianças, sendo a orla o principal local de atividades físicas e práticas
esportivas do bairro. A orla encontra-se em um estado de abandono, degradação e
com ambientes ociosos, afastando os moradores e usuários. Devido a esses
cenários, foi proposto uma diretriz para requalificação da orla, para atender as
necessidades dos usuários e melhorar a qualidade de vida. O estudo utilizado para a
execução deste trabalho foi dividido em etapas, foram realizados em livros,
monografias, órgãos públicos, sites, entre outros, buscando referencias de espaços
livres públicos, como parque e projetos paisagísticos. Em seguida foi realizado três
estudos de caso in loco em duas orlas e um mercado público, onde foi apresentado
suas potencialidades, para que se tenha um parâmetro que auxilie na elaboração da
diretriz de requalificação. Esse trabalho tem como objetivo, uma proposta de diretriz
de requalificação em uma Orla, onde os usuários e moradores da área sintam-se
atraídos a sair das suas residências para interagir com os demais, um espaço onde
as pessoas possam estar em contato com a natureza, se sentido seguros, um local
mais agradável possível para o laser e principalmente para práticas de atividades
físicas.

Palavras-chaves: Diretrizes de requalificação. Orlas. Espaços livres públicos.


LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Orla de Aracaju, SE. 12


Figura 02 Bairro do Recife, PE. 14
Figura 03 Esquema de calçada acessível. 16
Figura 04 Orla de Barra de Jangada, PE. 17
Figura 05 Ciclofaixa no Recife Antigo, PE 18
Figura 06 Bancos da Avenida Boa Viagem, PE. 19
Figura 07 Orla arborizada, PE 20
Figura 08 Localização Orla de Boa Viagem, PE 23
Figura 09 Segundo Jardim, PE. 23
Figura 10 Academia no Segundo Jardim, PE 23
Figura 11 Academia da Saúde, PE 24
Figura 12 Ciclofaixa, PE 24
Figura 13 Praia sem barreiras, PE 25
Figura 14 Cadeirante na sem barreiras, PE 25
Figura 15 Vegetação da orla, PE. 25
Figura 16 Árvores do calçadão, PE 25
Figura 17 Fossa Orla de Boa Viagem, PE 26
Figura 18 Esgoto na orla de Boa Viagem. 26
Figura 19 Localização orla de Atalaia, SE 27
Figura 20 Arcos da Orla, SE 27
Figura 21 Playground infantil da orla, SE 27
Figura 22 Vista aérea da Orla de Atalaia, SE 28
Figura 23 Orla de Atalaia, SE 28
Figura 24 Localização Mercado dos Peixes, CE 29
Figura 25 Praça de alimentação Mercado dos Peixes, CE 30
Figura 26 Planta baixa Mercado dos Peixes, CE 31
Figura 27 Planta de corte Mercado dos Peixes, CE. 31
Figura 28 Localização Barra de Jangada, PE 34
Figura 29 Localização Orla de Barra de Jangada, PE 35
Figura 30 Mapa de cheios e vazios 36
Figura 31 Mapa de entorno 36
Figura 32 Mapa de gabarito 37
Figura 33 Mapa de vias 37
Figura 34 Acesso Barra de Jangada 38
Figura 35 Calçadão Orla de Barra de Jangada. 38
Figura 36 Estacionamento da orla 38
Figura 37 Acesso de pedestres. 39
Figura 38 Estudos climáticos 39
Figura 39 Divisão de setores 41
Figura 40 Setor 01 42
Figura 41 Setor 02 42
Figura 42 Setor 03 43
Figura 43 Organograma e fluxograma 44
Figura 44 Bancos de concreto e madeira 45
Figura 45 Área de convivência 45
Figura 46 Banco de concreto 45
Figura 47 Banco de concreto da proposta 45
Figura 48 Brinquedo de madeira 46
Figura 49 Brinquedo acessível 46
Figura 50 Quadra de futevôlei. 46
Figura 51 Quadra de futebol de areia 46
Figura 52 Calçada acessível com ciclofaixa 47
Figura 53 Marcação pista de cooper 47
Figura 54 Exemplo de banheiro acessível 47
Figura 55 Exemplo de academia 48
Figura 56 Exemplo de academia da saúde 48
Figura 57 Piso intertravado 48
Figura 58 Piso intertravado exemplo 48
Figura 59 Piso tátil 49
Figura 60 Postes quatro hastes 49
Figura 61 Poste em aço 49
Figura 62 Lixeiras coleta seletiva 50
Figura 63 Localização estacionamento 50
Figura 64 Exemplo vaga acessível 50
Figura 65 Quadra acessível 51
Figura 66 Exemplo praça do Mercado dos Peixes 51
LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Análise comparativa dos estudos de caso 32

Quadro 02 Programa e dimensionamento proposto 40

Quadro 03 Quadro botânico 52


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

LED: Light Emitting Diode (Diodo Emissor de Luz)

NBR – Norma Brasileira


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................. 08
1 REFERÊNCIAS TÉCNICAS......................................................................... 12
1.1 Espaços livres Públicos............................................................................. 12
1.2 Desenho Urbano ........................................................................................ 14
1.3 Acessibilidade ............................................................................................ 15
1.4 Mobilidade Urbana...................................................................................... 17
1.5 Mobiliário Urbano ...................................................................................... 18
1.6 Vegetação ................................................................................................... 20
2 REFERÊNCIAS PROJETUAIS ................................................................... 22
2.1 Orla de Boa Viagem, Recife, PE................................................................ 22
2.2 Orla de Atalaia, Aracaju, SE....................................................................... 26
2.3 Mercado do Peixe, Fortaleza, CE............................................................... 29
2.4 Análise Comparativa ................................................................................. 32
3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ................................................................. 34
3.1 Bairro de Barra de Jangada....................................................................... 34
3.2 Estudos do Entorno .................................................................................. 35
3.3 Análise da Orla .......................................................................................... 38
3.4 Estudos Climáticos..................................................................................... 39
4 DIRETRIZES DE REQUALIFICAÇÃO ........................................................ 40
4.1 Diretriz 1 – Programa Proposto................................................................. 40
4.1.1 Programa proposto e Dimensionamento................................................. 40
4.1.2 Proposta de Intervenção............................................................................ 41
4.1.3 Organograma e Fluxograma...................................................................... 43
4.2 Memorial Descritivo.................................................................................... 44
4.3 Memorial Botânico..................................................................................... 51
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 53
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 54
8

INTRODUÇÃO

A importância de uma orla ordenada em uma cidade litorânea é fundamental para os


seus cidadãos e se apresenta em vários níveis. Tem-se a questão da presença da
conexão com a natureza, que é vital para a qualidade de vida urbana, pois uma orla
organizada então, com ciclovias, pista de cooper, aparelhos de ginástica,
acessibilidade, segurança e praças, valorizam e contribuem para a saúde e bem-
estar dos cidadãos, bem como, para economia da cidade, pois atrairá a iniciativa
privada com bares, pousadas, hotéis, restaurantes e consequentemente, o
aquecimento do turismo com a entrada de capital para cidade.

Em 2002, o Governo Federal criou, conduzido pelo ministro do meio ambiente o


Projeto de gestão Integrada da orla Marítima – Projeto Orla, projeto que busca
implementar uma política nacional que harmonize e articule as práticas patrimoniais
e ambientais com o planejamento de uso e ocupação desse espaço que constitui a
sustentação natural e econômica da Zona Costeira (GIOVANNI et. al. 2017).

Nessa concepção encontra-se o desafio em lidar com a diversidade de situações


representadas pela extensão dessa faixa, que atinge 8.500km e aproximadamente
300 municípios litorâneos, que perfazem, segundo o último censo, população em
torno de 31 milhões de habitantes. Subjacente aos aspectos de territorialidade,
encontra-se a crescente geração de conflitos quanto à destinação de terrenos e
demais bens de domínio da União, com reflexos nos espaços de convivência e lazer,
especialmente as praias, bens de uso comum do povo (MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE, 2002).

Pernambuco foi um dos estados englobados nesse plano, com aproximadamente


187km de praia, porém, nem todas as praias foram classificadas pelo projeto, sendo
executado o plano somente na praia de Boa viagem e Pina na cidade do Recife.

Toda via, A cidade de Jaboatão dos Guararapes, localizada na região metropolitana


do Recife, sendo o segundo município mais populoso do estado, possuindo também
o terceiro maior PIB industrial de Pernambuco. teve um crescimento nesses últimos
anos devido à construção do Porto de Suape, provocando o nascimento de uma
nova área industrial. Com isso, milhares de pessoas começaram a migrar de
diversos estados para Pernambuco, fazendo com que a cidade virasse um novo pólo
9

mobiliário, resultando em várias construções, novos apartamentos, condomínios


club, shopping e escritórios.

Juntamente com o aumento da demanda de construção na área de estudo, foi


observado como consequência, uma falta de estrutura adequada para o
contemplamento da paisagem natural, assim como o lazer e convivência.

Analisando a orla do bairro de Barra de Jangada, na cidade de Jaboatão dos


Guararapes, foi visto que o que poderia ser um ponto turístico, encontra-se
abandonada, e pode-se observar a ausência de mobiliário urbano, a delimitação de
acessos e calçamentos, falta de estacionamento, espaço para comércio, vegetação,
limpeza, iluminação, segurança, falta de equipamentos que auxiliem nas atividades
físicas e esportivas, acessibilidade, entre outros.

Uma área que atualmente é tão valorizada pela dinâmica econômica que ocorreu
desde o aumento das atividades portuárias já citadas anteriormente, não foi
contemplada por uma nova estrutura. Assim, já se tem no local degradação tanto
ambiental quanto urbanística e social.

Esse trabalho tem como relevância a requalificação da Orla de Barra de Jangada,


pois promoverá melhoria na qualidade do espaço público e ambiental. A proposta da
requalificação saiu de uma necessidade de restaurar, para população de Jaboatão
dos Guararapes a sua orla, pois devido à especulação imobiliária, foi observado que
os prédios foram construídos praticamente na beira da praia, sendo assim, pouca
área de lazer destinada a praia sobrou para ser utilizada publicamente, e esse
espaço hoje se resume a uma parte de Candeias e principalmente Barra de
Jangada.

Apesar da praia ser um espaço livre público, esse espaço não tem sido democrático,
e hoje fica praticamente destinado à classe média alta, e são os que podem ocupar
apartamentos de prédios à beira-mar.

Uma nova proposta de requalificação da orla, vislumbra também a possibilidade de


fazer a praia uma forma de renda para os moradores de Jaboatão dos Guararapes,
entre eles pescadores, criando um mercado do peixe, como o de Fortaleza, que é
uma iniciativa que já vem dando certo e, que pode ser replicada na orla, para os
pescadores, com sua jangada no mar, estocarem em freezers municipais e poder
10

vender para a população diretamente na praia, em quiosques que irão preparar o


alimento na hora. Com a utilização da orla para lazer e geração de renda,
consequentemente, se terá mais segurança para a área, contribuindo para o
aquecimento do mercado, com instalação de hotéis e pousadas, incrementando a
vida econômica da cidade de Jaboatão dos Guararapes.

A importância da conectividade entre a "nova" Barra de Jangada e sua orla é que,


apesar de ser um espaço livre público, deve-se oferecer uma estrutura mínima para
a circulação democrática. Oferecer não só lazer, mas também a possibilidade dos
moradores do entorno, ter um ponto de distribuição e venda de pescados, circulação
em todos os horários, gerar segurança também na noite, uma vez que a cidade viva
é uma cidade que pessoas circulam e não apenas carro.

Este trabalho de curso tem como objetivo geral propor diretrizes para requalificação
urbanística na orla da Praia de Barra de Jangada, na cidade de Jaboatão dos
Guararapes, PE. E tem como objetivos específicos: facilitar acessos aos usuários
para utilização das praias; pesquisar exemplos correlatos ao tema; dentro de um
contexto urbano natural; identificar usos que possam se consolidar como potenciais
turísticos e de lazer existentes; oferecer a possibilidade dos moradores do entorno
um ponto de distribuição e venda de pescados; propor atividades culturais, turísticas
e esportivas que geram economia e inclusão social para a cidade; aprofundar a
temática de segurança, elementos práticos e proporcionando a conscientização e o
engajamento da própria sociedade para a conservação e manutenção da mesma
nos espaços públicos.

Esta pesquisa será do tipo exploratória-descritiva, com as necessárias adequações


à área de estudo em questão. Serão utilizadas fontes bibliográficas de importância e
relevância ao tema proposto, abordando conceitos sobre requalificação, paisagem,
desenho urbano e turismo. Será fundamental uma consulta aos planos e diretrizes
para o projeto em orlas. Seja no domínio federal, estadual e municipal.

Nesse trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas, por meio de consultas em


livros, site, artigos e projetos de espaços livres públicos, que serviram de base
teórica e prática para a proposta. Em seguida, foram feitas visitas em três orlas que
possuem programas e funções semelhantes, ao que se pretende propor na
11

intervenção. Foram realizados levantamentos fotográficos e dimensionais, para o


desenvolvimento da análise comparativa.

Posteriormente será feito um levantamento em toda a área que está em estudo, por
meio de visitas in loco, analisando fluxos conforme os horários, acessos,
condicionantes climáticos, além de reconhecer as necessidades e potenciais da área
através da observação participante, desenvolvendo um diagnóstico geral da área.

Com base nas informações adquiridas, será feito uma proposta de diretrizes para
requalificação da orla de Barra de Jangadas.

Este trabalho de curso está estruturado em quatro capítulos, são os seguintes:

No primeiro capítulo, serão apresentadas as Referências Técnicas, com base em


espaços livres públicos, parques e projeto paisagístico mostrando definições de
espaços livres, parques e projeto paisagístico, com breve históricos e exibindo suas
funções.

No segundo capítulo, Referências Projetuais, serão apresentados três estudos de


caso: a Orla de Boa viagem, localizada na cidade de Recife, PE. A orla de Mucuripe,
no estado de Alagoas, SE, e o Mercado do Peixe, em Fortaleza, CE, concluindo com
um quadro comparativo.

O terceiro capítulo, Análise da área, apresenta os estudos da orla e seu entorno,


mostrando os pontos positivos e negativos, através de imagens, também foram
expostos o zoneamento e os estudo climáticos da Praia de Barra de Jangada,
localizada do bairro de Candeias, PE.

O quarto capítulo, Diretrizes para Requalificação, exibe as etapas pré-projetuais,


assim como os memoriais botânico e descritivo, e o anteprojeto de intervenção
paisagística proposta.
12

1 REFERÊNCIAS TÉCNICAS

Esse capítulo apresentará conceitos sobre espaços livres públicos, desenho urbano,
acessibilidade, mobilidade e o mobiliário urbano. A compreensão dessas
conceituações é de grande relevância para o conhecimento ambiental dos espaços
urbanos e para o entendimento da diversidade dos valores atribuídos à cidade pela
população que reside.

1.1 Espaços Livres Públicos

O espaço livre público é onde acontece o desenvolvimento de todas as atividades de


uma região urbana, nele se compreendem os lugares urbanos que, em conjunto com
infraestrutura e equipamentos mobiliários coletivos, se tornam propícios a recreação,
lazer, prática esportiva e físicas ao ar livre, motivando a criação de praças, parques,
orlas e outras tipologias voltadas para o convívio e lazer. Na Figura 1, é apresentado
um exemplo de espaço livre público.

Figura 1: Orla de Aracaju, SE.

Fonte: blogcelihotel.wordpress.com, 2016.

Para Danisworo (1989, 467) o ‘’Public open space", espaço público e/ou espaço
aberto, é denominado bem-sucedido enquanto torna-se um lugar propício para
interação social, promovendo conforto psicológico e segurança. Na dimensão física,
os critérios do espaço livre público de alta qualidade são sistemas de acesso e
movimento fácil e claro.
13

Com isso, o espaço público torna-se uma complexidade social, pois mesmo não
apresentando, em sua maioria, uma estrutura que atenda as carências das pessoas
que ali transitam, tornam-se corredores onde não há convívio social.

O litoral brasileiro vive na atualidade, além de um incremento do turismo e do


veraneio doméstico, uma rápida inserção no turismo internacional. Estes fatos têm
ocasionado uma veloz ocupação e adensamento de localidades até então isoladas e
preservadas. Para garantir a sustentação e a vitalidade destas três funções
(econômica, ecológica e sociocultural) no espaço litorâneo, de forma simultânea,
tomam-se necessárias ações de planejamento e gestão para a integração das
mesmas, de modo a reduzir conflitos e eliminar antagonismos (MINISTÉRIO DO
MEIO AMBIENTE, 2002).

Além da pluralidade de características naturais e variações quanto à importância dos


espaços litorâneos (valor ambiental, locacional, econômico e social), nestes espaços
também são encontrados diferentes regimes de propriedade, encontrando-se aí
tanto bens de particulares, como bens públicos. É na faixa litorânea em que se
encontra localizada uma parte significativa dos bens públicos, uma vez que, por
disposição contida na Constituição Federal de 1988, a propriedade de diversas
espécies de bens que são verificados nestes espaços foi outorgada à União
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2002).

Neste sentido, nas cidades litorâneas as áreas de orla ganham força como
destino de lazer. No Nordeste brasileiro esse fenômeno corresponde à uma
crescente procura pelo litoral como destino turístico nacional e internacional
e sua valorização e transformação como mercadoria (PAIVA & DIÓGENES,
2009, DANTAS 2010; PAIVA, 2011, p.125.).

É conveniente proceder a distinção dos bens públicos com relação ao critério de


destinação que venha a ser dada aos mesmos, podendo estes se classificar em três
espécies: 1. De uso comum do povo - aqueles que, por determinação legal ou por
sua própria natureza, devem, como regra, ser utilizados por todos em igualdade de
condições, tais como ruas, praças, praias, rios, lagoas, mar territorial e recursos
naturais da zona econômica exclusiva e da plataforma continental; 2. De uso
especial - imóveis aplicados a serviço ou estabelecimento da Administração Pública
Federal (próprios nacionais), Estadual (próprios estaduais) ou Municipal (próprios
municipais); 3.Dominais ou Dominicais - constituem o patrimônio da União estados e
14

municípios, como objeto de direito pessoal ou real, podendo envolver terrenos ou


edificações, desafetados do uso pelo serviço público, formando o acervo de imóveis
que podem ser aplicados, na forma da lei, para geração de rendas para compor as
disponibilidades financeiras daqueles entes, constituindo-se, portanto, a parcela do
patrimônio disponível destes (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2002).

1.2 Desenho Urbano

Para Del Rio (1990) o desenho urbano é definido como um campo disciplinar que
trata enquanto conjunto de sistemas físico-espaciais e sistema de atividades que
interagem com a população através de suas vivências, percepções e ações
cotidianas.

Toda cidade possui a sua forma, a qual é socialmente produzida e tende a se


transformar ao longo do tempo. O desenho urbano pode ser considerado como o
estudo sobre a forma urbana, assim como, sua produção e transformação, sendo o
processo social através do qual a cidade adquire sua forma. (Figura 2)

Figura 2: Bairro do Recife, PE.

Fonte: alfapeople.com, 2019.

Para Shirvani (1985, p.78) o desenho urbano é um campo multidisciplinar, que


engloba o planejamento urbano, o paisagismo, a arquitetura, engenharia de
15

transportes, psicologia ambiental, desenvolvimento imobiliário, direito urbanístico


etc., sendo seus elementos essenciais componentes:

• Uso do solo: deve propor o “mix” de usos compatíveis que ocasionem a


maximização do uso da infraestrutura instalada;

• Forma e volumetria do espaço construído: a relação das novas construções com


o ambiente natural e construído, entre o novo e o velho (recuos, coeficientes
urbanísticos, gabaritos, cones visuais, "envelope" da construção, relações de forma
e proporção);

• Circulação viária e estacionamento: essencial para a vitalidade das atividades


econômicas na cidade Espaço público: vias, ruas, calçadas, praças, parques e
espaços recreacionais;

• Circulação de pedestres: essencial para a vitalidade do comércio varejista e dos


espaços públicos, diminui a necessidade do uso de automóveis;

• Atividades de apoio: são todas as atividades que animam o espaço público, como
o comércio varejista, barzinhos etc.;

• Mobiliário urbano: sinalização, arborização, iluminação pública, equipamentos tais


como bancos, telefones públicos etc.

1.3 Acessibilidade

A acessibilidade é algo fundamental para que todos os cidadãos tenham condições


de locomoção e autonomia em edificações públicas, particulares e privadas, tendo o
direito de ir e vir a todos os lugares que necessitar, seja no trabalho, estudo ou lazer,
o que ajudará e levará à reinserção na sociedade. Ela não se remete somente a
capacidade de entrar em algum lugar, veículo ou se locomover pela cidade através
de recursos já existentes (Figura 3).
16

Figura 3: Esquema de Calçada acessível.

Fonte: Arquiteturaamais.blogspot.com, 2012.

Segundo Dorneles e Zampieri (2008) acessibilidade trata-se da acessibilidade


espacial, possibilitando a participação e o uso dos espaços por todas as pessoas em
condições de igualdade, pois “[,..] significa poder chegar a algum lugar com conforto
e independência, entender a organização e as relações espaciais que este lugar
estabelece, e participar das atividades que ali ocorrem fazendo uso dos
equipamentos disponíveis”.

Quando comentado sobre acessibilidade, é abordado como deve sistematizar as


ocupações e usos da cidade, de uma maneira que possa assegurar o acesso das
pessoas e recursos ao que a cidade oferece, dentre eles escolas, hospitais, praças,
locais de emprego e áreas de lazer, não apenas pensar nos meios de transporte e
no trânsito.

Devido ao grande crescimento populacional, cidades, mais precisamente, Jaboatão


dos Guararapes e Recife, estão só se preocupando com a circulação de carros,
sendo insuficiente no quesito da circulação de pedestres, colocando os carros em
primeiro plano. É preciso mudar esse fundamento e privilegiar as pessoas e suas
necessidades de locomoção, para garantir o acesso amplo e democrático à cidade e
ao que ela oferece. Figura 4 é um exemplo.
17

Figura 4: Orla de Barra de Jangada, PE.

Fonte: Regueira, 2020.

A NBR 9050/2015 é de fundamental importância para elaboração do anteprojeto, ela


estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto,
construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos às condições de acessibilidade como por exemplo: a lacuna
em relação à questão da acessibilidade que já foi detectada e mencionada na fase
do diagnóstico (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015).

1.4 Mobilidade Urbana

A mobilidade urbana visa propor uma circulação qualitativa, tanto do transporte


público, quanto da população que ali transita, tornando princípios os deslocamentos
da cidade e atendendo as exigências da população, solucionando as questões
ocasionadas pelo excesso de veículos nas grandes cidades.

Mobilidade sustentável é aquela que a interdependência entre os meios de


transportes, a saúde, o ambiente, o direito à cidade e os inúmeros aspectos das
políticas públicas como moradia, geração de emprego e renda, perfil de uso das
fontes de energia utilizadas, principalmente, a integração de todos os transportes. As
intervenções urbanas são pensadas para fortalecer e impulsionar o uso da bicicleta
e estão integradas pelo Plano Cicloviário, implantados em cada município, de acordo
com as suas necessidades.

A mobilidade urbana sustentável também inclui calçadas confortáveis, acessíveis,


niveladas, sem buracos e obstáculos, sendo um dos principais instrumentos de
18

mobilidade, juntamente com as vias de automóveis, além de poder ser agregado


funções relativas a saúde (Figura 5), como caminhadas e corridas, local de encontro
de pessoas para convívio social e, consequentemente diminuidor do estresse de
pequenas e grandes cidades. Somente com a requalificação destas, as ruas
deixaram de ser "vias" de passagem e voltarem a ser locais de convivência.

Figura 5: Ciclofaixa Recife Antigo, PE.

Fonte: visit.recife.br, 2018.

Dentro da questão das ciclofaixas como meio de mobilidade urbana sustentável,


alguns objetivos são implantados, visando o benefício dos cidadãos da área em
estudo, minimizando também as consequências que o transporte motorizado traz,
poluindo a cidade (SABA, 2014). Esses objetivos são: Diminuir os engarrafamentos
e a poluição ambiental nas áreas centrais das cidades, proporcionar a humanização
do ambiente urbano e a responsabilidade social das pessoas e adotar a bicicleta
como modal de transporte público saudável e não poluente.

1.5 Mobiliário Urbano

O mobiliário urbano cumpre funções tão importantes nos espaços públicos das
cidades que sua ausência é imediatamente percebida pelas pessoas. Na verdade,
sua ausência pode transformar uma visita a um lugar em uma experiência incômoda,
muitas vezes fazendo com que não se tenha vontade de voltar. A revitalização de
um espaço urbano público pode ser feito de várias maneiras, porém, é preciso ter
algumas considerações quanto a seus setores e variáveis, com o exemplo do
tratamento estético e funcional das fachadas em edificações, elementos
paisagísticos e mobiliário urbano (GAETE, 2013).
19

Os mobiliários são conjuntos de móveis implantados em espaços livres públicos que


ficam à disposição da utilização da população, facilitando ou dificultando o acesso e
o trânsito das pessoas, estabelecendo também o urbanismo e design da cidade,
sendo algum deles aproveitados.

Figura 6: Bancos da Avenida Boa Viagem, PE.

Fonte: Regueira, 2020.

A característica do local vem muitas vezes junto com os elementos configuracionais


que ali se encontram, especificamente a forma, cor e textura do mobiliário,
possibilitam a aproximação do objeto com o usuário, fazendo com que cada um
deles seja entendido não apenas como um objeto específico, mas como contribuição
para a sociabilização do espaço público e adequar-se as funções e ao contexto do
local.

O termo mobiliário urbano é definido como o conjunto de objetos presentes nas vias
e espaços públicos, superposto ou adicionados aos elementos da urbanização ou
edificação (BRASIL, 2000). Já Kohlsdorf (1996) e John e Reis (2010) incluem o
mobiliário urbano na categoria de elementos complementares e os classifica de
acordo com a escala, além da função que os elementos desempenham. A autora
cita as categorias de elementos de informação apostos, que inclui sinalização
(placas de trânsito e de logradouros) e elementos de propaganda; pequenas
construções, contendo bancas de revista, abrigos de transporte coletivo, coretos; e
20

mobiliário urbano, incluindo bancos, lixeiras, caixas de correio, postes, luminárias,


pequenos muros ou cercas, obstáculos de trânsito, hidrantes, fontes e monumentos
de pequeno porte.

1.6 Vegetação

Áreas verdes são importantes para a qualidade ambiental das cidades, como
apresentado na Figura 7, já que assumem um papel de equilíbrio entre o espaço
modificado para o assentamento urbano e o meio ambiente. São consideradas como
um indicador na avaliação da qualidade ambiental urbana, pois esses espaços livres
públicos obrigatórios por lei, quando não são efetivados, interferem na qualidade do
ambiente. A falta de arborização, por exemplo, pode trazer desconforto térmico e
possíveis alterações no microclima, e como essas áreas também assumem papel de
lazer e recreação da população, a falta desses espaços interfere na qualidade de
vida desta.

Figura 7: Orla arborizada, PE.

Fonte: Regueira, 2020.

As áreas verdes são responsáveis por um papel muito importante nas cidades no
que se refere à qualidade do ambiente, pois servem de equilíbrio entre a vida urbana
e o meio ambiente quando esses espaços são utilizados e preservados para este
fim. Além disso, deveriam ser destinadas à recreação e ao lazer da população.
21

A proposta para diretrizes para requalificação da Orla de Barra de Jangadas tem


como embasamento as questões de interdependência, hierarquia e
complementaridade entre eles, de forma que os usos estejam integrados,
observando sempre a necessidade da comunidade. O partido para essa integração
é a adoção de corredores verdes nas conexões entre os espaços livres, buscando
gerar melhores condições de qualidade de vida.
22

2 REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Nesse capítulo serão apresentados três estudos de caso, com o objetivo de reunir
mais informações, como fotos e mobiliários urbanos, a fim de analisar o
funcionamento das orlas definidos como estudo. Foram analisados três estudos que
se assemelham a proposta de intervenções em orlas que irão facilitar a definição
das diretrizes deste trabalho de curso. Os estudos de caso definidos são a Orla de
Boa Viagem, localizada na cidade do Recife, PE; a Orla de Atalaia, em Sergipe e o
Mercado do Peixe, localizado na Praia do Mucuripe em Fortaleza, Ceará.

Deste modo, buscou-se analisar experiências nacionais em orlas que tiveram


recentemente uma reestruturação em seus espaços, como o projeto elaborado para
a Orla de Boa Viagem, PE, que se preocupou com os espaços livres públicos e com
a conservação do meio natural. A proposta urbanística da orla da Praia de Atalaia,
em Sergipe, sua principal prioridade foi a revitalização dos espaços livres públicos,
degradados pela falta de uma estratégia de manutenção e prevenção, buscando
desta forma o resgate de seus usos, e consequentemente devolução destes
espaços a população. E o Mercado do Peixe, CE, que abordou o resgate e a
valorização dos aspectos ambientais em uma praia urbana.

2.1 Orla de Boa Viagem, Recife, PE

A Praia de Boa Viagem é a praia mais famosa da capital do Recife, no estado de


Pernambuco. Com oito quilômetros (8 km) de extensão. A orla abrange os bairros de
Boa Viagem e Pina, e é delimitada pela Praia do Pina ao norte e pela Praia de
Piedade ao sul, como demonstrado na figura 8.
23

Figura 8: Localização orla de Boa Viagem, PE.

Fonte: Google maps, alterada pela autora, 2020.

.A orla de Boa Viagem, famosa por ser um dos principais cartões-postais da cidade,
foi alvo de uma requalificação articulada pela Prefeitura do Recife, por meio da
Secretaria de Turismo e Lazer, que assegurou melhorias em 14 quadras esportivas,
nos cinco parques infantis, implantação de pista de skate e nos dez banheiros. Além
disso, a ciclovia teve suas curvas redesenhadas em toda a extensão da orla,
acessibilidade para calçada em todo trecho da orla e foram instalados 30 módulos
de musculação com equipamentos em aço inoxidável e painéis interativos com
informações sobre exercícios e clima.

Figura 9: Segundo Jardim, PE. Figura 10: Academia no Segundo Jardim, PE.

Fonte: Regueira, 2020. Fonte: Regueira, 2020.

A Avenida Boa Viagem possui três jardins, onde o principal é o segundo jardim
(como é chamado) Figuras 09 e 10; por ser maior que os demais e o coração da
24

requalificação, ganhou pista de cooper revestida de asfalto ecológico; área de


atividades físicas para a terceira idade e uma Academia Recife (figura 11 e 12).
Durante os domingos e feriados, das 8h às 17h, o trânsito de veículos fica
interrompido no segundo jardim, criando o “Lazer na rua“ uma faixa de lazer que é
muito frequentada por famílias com crianças, bem como jovens com bicicleta, patins,
skate etc.

Figura 11: Academia da Saúde, PE. Figura 12: Ciclofaixa PE.

Fonte: Regueira, 2020. Fonte: Regueira, 2020.

Além dos jardins como referência, outras praças e parques localizados na avenida
fazem parte dos pontos de referência e turísticos da cidade, entre eles o Parque
Dona Lindu e a Praça de Boa Viagem, onde fica localizada a Igreja de Nossa
Senhora da Penha e a feira de artesanato, muito visitada por turistas e habitantes da
cidade. O lazer e o comércio não são direcionados apenas ao turismo, como
também aos habitantes e frequentadores daquele ambiente, sendo o calçadão
composto por elementos de lazer, equipamentos de exercícios físicos, descanso e
de contemplação e de uso.

Em 2013 o projeto “Praia sem Barreiras“ foi inaugurando no Recife, uma iniciativa
muito importante que possibilita pessoas com deficiência tenham acesso à praia,
incluindo o banho de mar (Figura 13 e 14). A atividade é feita com cadeiras que
flutuam na água e tudo é monitorado por profissionais treinados. Além da esteira e
das cadeiras anfíbias para o banho de mar, quem visitar o local também pode fazer
um passeio de jangada adaptada com cadeiras anfíbias e mergulho adaptado.
25

Figura 13: Praia sem barreiras, PE. Figura 14: Cadeirante na Praia sem barreiras, PE.

Fonte: poraqui.com, 2018. Fonte: diariodepernambuco.com, 2018.

Para que o projeto fosse viabilizado, a Prefeitura do Recife realizou serviços no


entorno da praia. Foi implantada a primeira rota com níveis de acessibilidade no
bairro de Boa Viagem, permitindo que pessoas com deficiência motora e de
mobilidade reduzida tenham acesso à praia. No total, o percurso tem 300 metros de
comprimento, sendo construída onze rampas, sendo cinco na Avenida Boa Viagem,
duas na Avenida Conselheiro Aguiar e quatro na Rua dos Navegantes. Além disso,
foram restauradas calçadas da Rua Bruno Veloso, desde a Avenida Conselheiro
Aguiar até a orla da praia, incluindo a aplicação de piso tátil, utilizado para guiar
deficientes visuais.

A vegetação da orla é caracterizada pela presença de coqueiros em todo trecho,


composta por uma cobertura vegetal e árvores que proporcionam extensas áreas de
sombras nas calçadas. Figuras 15 e 16.

Figura 15: Vegetação da Orla, PE. Figura 16: árvores do calçadão, PE.

Fonte: Regueira, 2020. Fonte: Regueira, 2020

Na orla são encontrados 26 tipos de espécies, sendo a maioria das árvores


localizadas nos arredores dos bancos, guarda-corpo e do meio-fio, entretanto
algumas se dispõem no local de circulação de pedestres.
26

De acordo com Souza e Costa (2006) a infraestrutura sanitária por sua vez é
insuficiente, ao longo do trecho estudado em Recife, foram observadas aberturas de
galerias de água pluvial dando para a praia, que provavelmente também recebem
esgotos domésticos. A maioria destas galerias está desativada e aquelas que se
encontram em atividade têm sua vazão variável regulada pela quantidade de chuva,
quanto maior a quantidade de chuva, maior também é a saída de água das
tubulações.

Figura 17: Fossa Orla de Boa Viagem, PE.. Figura 18: Esgoto na orla de Boa Viagem..

Fonte: Regueira, 2020 Fonte: Google Earth, 2020.

Existem, ao longo da orla, zonas de maior vulnerabilidade à poluição por esgotos


domésticos, que estão localizadas no Pina e em Boa Viagem (Figura 17 e 18). Esta
vulnerabilidade é causada pelos usuários e pelos esgotos que chegam ao mar
conduzidos através de galerias das águas pluviais.

2.2 Orla de Atalaia, Aracaju, SE

A Orla de Atalaia está situada na praia que leva seu nome, na cidade de Aracaju, no
estado de Sergipe (Figura 19). Esta área é considerada uma região nobre após sua
reestruturação. Possuindo uma extensão de 6 km, e uma das mais belas e
equipadas orlas do país, é totalmente preparada para o turismo, lazer e
entretenimento. Tem iluminação especial para banhos noturnos, quadras
poliesportivas e um impressionante complexo de bares e restaurantes.
27

Figura 19: Localização orla de Atalaia, SE.

Fonte: Google maps, alterada pela autora, 2020.

A Orla de Atalaia possui uma estrutura perfeitamente preparada para o conforto do


visitante, com quadras poliesportivas, praça de eventos (Figura 20), um complexo de
bares e restaurantes, além de concentrar grande parte dos hotéis, pousadas da
capital e parques para recreação (Figura 21).

Figura 20: Arcos da Orla, SE. Figura 21: Playground infantil da orla.

Fonte: rotasdeviagem.com.br, 2016. Fonte: rotadeviagens.com.br, 2016.

Além disso, a Orla de Aracaju possui equipamentos de ginástica, banheiros,


moderna ciclovia com mais de 5 mil metros de extensão, parques infantis,
caramanchões, passarelas por sobre as areias de acesso ao mar, quadras de tênis
(em pó de brita), de vôlei de praia, campos de futebol de areia, parede de escaladas,
28

complexo de esportes radicais dotado de Half Pipe, com 22 rampas de skate,


amplos estacionamentos com capacidade de 1.359 automóveis, centro de Arte e
Cultura de Sergipe com 1.610 m2 e que abriga 48 boxes. Ainda, na orla, encontram-
se bancas de revista, 25 refletores dirigidos ao mar, 15 telefones, totens de
informações, fontes luminosas, delegacia especial para o turista, lagos para passeio
de pedalinho e o Kartódromo Nelson Piquet (IMOBRASIL, 2020).

A orla foi dividida em três etapas, a primeira abrangendo a região dos arcos, portal
de entrada, seguido de bares na areia, lojas de artesanato e monumentos em
homenagem a grandes personalidades estaduais e nacionais; a segunda etapa
contempla a maior área de lazer, pois nela são encontrados o parque infantil (Cidade
da Criança), oceanário, o centro de artesanato, a praça de eventos (Figura 22) e
diversas quadras desportivas (Handball, vôlei, futebol, basquete) apresentados na
Figura 23, pistas de Kart e outros equipamentos de lazer; a terceira, chamada de
Passarela do Caranguejo, estão localizados os restaurantes mais conceituados e
casas de shows.

Figura 22: Vista aérea da Orla de Atalaia, SE.

Fonte: blogcelihotel.com.br, 2015.

Figura 23: Orla de Atalaia, SE.

Fonte: transportal.com.br, 2019.


29

No quesito de acessibilidade, foram implantadas rampas que dão acesso as


quadras, porém, em nível de sinalização tátil e visual não há placas informativas que
comunique que o ambiente é um agrupamento de 04 quadras esportivas. Próximo
as quadras, é observado a presença de piso tátil, de forma que segue uma reta e
não dá acesso a estas quadras.

O acesso ao calçadão e ao mar também é um problema visualizado na Atalaia, as


rampas de acesso na orla existem, porém, não atendem às necessidades dos
deficientes. Em outros pontos, elas sequer existem. A prefeitura de Aracajú tem um
projeto chamado Praia Acessível, com uma estrutura montada em alguns fins de
semana para os cadeirantes. Mas nos dias em que o projeto não é realizado, o mais
perto do mar que os cadeirantes conseguem chegar é por uma rampa de concreto
nos primeiros metros de areia.

2.3 Mercado do Peixe, Fortaleza, CE

O Mercado do Peixe, localizado em Fortaleza, no estado do Ceará, foi uma iniciativa


da prefeitura de Fortaleza com os pescadores da Praia do Mucuripe (Figura 24),
restaurando o que seria um antigo frigorífico em um mercado com 45 boxes
destinados para venda de produtos e uma área para degustação, servindo como
espaço de lazer e renda para a população de fortaleza e aos seus turistas.

Figura 24: Localização Mercado dos Peixes, CE.

Fonte: Google maps, alterada pela autora, 2020.


30

Ao lado do novo frigorífico, fica localizada a área de degustação, proporcionando o


contato direto do cliente com o pescador e possibilitando a escolha da mercadoria a
ser adquirida. Caso o cliente queira fazer o consumo imediato, na área de
degustação encontram-se quiosques para o preparo da comida (Figura 25),
beneficiando então os pescadores e pessoas que ali trabalham. Uma praça de
alimentação foi concedida para os clientes e turistas possam desfrutar do local.

Figura 25: Praça de alimentção Mercado dos Peixes, CE.

Fonte: ricardomuratori.com.br, 2011.

O Projeto do mercado foi elaborado pelo arquiteto Ricardo Muratori (Figuras 26 e


27), com a ideia de dinamizar a economia da Beira Mar e da Praia de Iracema. O
mercado fica localizado na beira mar da Praia do Mucuripe, sendo caracterizado por
uma grande coberta pergolada capaz de funcionar como uma membrana atenuadora
do sol, além de um grande deck de contemplação da enseada com mesas e
cadeiras disponíveis para a utilização.
31

Figura 26: Planta baixa Mercado dos Peixes, CE.

Fonte: ricardomuratori.com.br, 2011.

Figura 27: planta de corte Mercado dos Peixes, CE.

Fonte: ricardomuratori.com.br, 2011.

A requalificação inclui, além do Mercado dos Peixes e do Espigão da Avenida


Desembargador Moreira, obras de extensão da faixa de areia, extensão e
padronização do calçadão, requalificação da feirinha de artesanato, drenagem e
pavimentação.
32

2.4 Análise Comparativa

O Quadro 1, demonstrará a diagnóstico e entre os estudos de caso, em que foram


analisadas as diversidades de programas, auxiliando a elaboração de diretrizes que
serão aplicadas no desenvolvimento da proposta, onde expõe as principais
características das orlas, mostrando as diferenças entre eles e as condições
atualizadas para avaliação de suas problemáticas e potencialidades, que são de
grande importância para as diretrizes de requalificação da Orla de Barra de
Jangada. O mercado dos peixes não será analisado, pois se trata de uma orla, e sim
de um item no programa que será proposto.

Com base na análise, se observa que as orlas estudadas possuem, praticamente, as


mesmas funções, com exceção do traçado, praça de eventos e complexo de bares e
33

restaurantes por fim os elementos aquáticos, que na Orla de Boa Viagem não
existem. Já na Orla da praia do Atalaia, existem quatro elementos aquáticos como:
um lago artificial para servir de habitat para as tartarugas aquáticas, patos e gansos
e mais três espelhos d’água, em seguida, o traçado é uma das principais diferenças
das orlas, a Orla de Boa Viagem possui um tração orgânico, e a Orla de Atalaia
possui o traçado geométrico irregular.
34

3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

Este capítulo apresentará a área de estudo, a Praia de Barra de Jangada, na cidade


do Jaboatão dos Guararapes, PE, onde será implantado o anteprojeto de
requalificação na orla, assim como, os estudos de entorno imediato, estudos
climáticos e legislações que incidem na orla.

3.1 Bairro de Barra de Jangada

O bairro de Barra de Jangada faz parte do município de Jaboatão dos Guararapes,


que está situado no litoral sul do estado de Pernambuco e localizado a apenas 14
quilômetros da capital, Recife (Figura 28). Sua extensão territorial é de 256
quilômetros quadrados e está localizado numa área estratégica, cortado por
imponentes rodovias como as BR-101, BR-232 e a PE-007, pois está situado entre o
Porto de Suape, principal polo de desenvolvimento do Estado.

Figura 28: Localização Barra de Jangada, PE.

Fonte: Google maps, alterada pela autora, 2020.

Barra de Jangada é cortada pela Via Estadual PE-009, unindo os municípios de


Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho (Figura 30) e dando acesso
direto a Rota dos Coqueiros, por meio do pedágio que viabiliza um caminho mais
rápido e facilitado para as praias do litoral sul de PE (entre elas Porto de Galinhas,
Tamandaré, Carneiros, Gaibú) assim como ao Porto de Suape.
35

Figura 29: Localização Orla de Barra de Jangada, PE.

Fonte: Google maps, alterada pela autora, 2020.

Barra de jangada é o sétimo bairro mais populoso de Jaboatão dos Guararapes, e


sua praia com aproximadamente 700 metros de extensão, é considerada regular
para banho. Localizada entre a Praia de Candeias ao norte e a Praia do Paiva
no Cabo de Santo Agostinho ao sul, suas águas são pouco profundas com média
intensidade de ondas. Ainda em Barra de Jangada existe a Ilha do Amor, uma praia
de vegetação intocada que fica próxima à costa ligada a Praia do Paiva por um
istmo de terra.

3.2 Estudos do Entorno

Serão apresentados estudos sobre as características do local e do entorno em que a


proposta de intervenção será implantada. Para apresentar tais informações,
pesquisas sobre o uso e ocupação do solo, representados na figura 30, foram
elaboradas.
36

Figura 30: Mapa de cheios e vazios.

Fonte: Google Earth, editada pela autora, 2020.

O seu entorno (Figura 32) é composto em sua maioria por construções residenciais
de classe média, sendo elas, recém construídas devido a implantação recente do
Porto de Suape, atraindo moradores para o bairro. Também O entorno da orla é
formado por residências e comércio como bares, lanchonetes, fiteiros, salão de
beleza, borracharia entre outros, como mostra o mapa de uso (Figura 31).

Figura 31: Mapa de entorno.

Fonte: Google Earth, editada pela autora, 2020.

As edificações do entorno variam entre pequeno e grande porte, sendo o uso de


maior predomínio as de pequeno porte, variando entres casas térreas e terrenos
vazios. A minoria de grande porte são edificações com até vinte pavimentos,
residenciais e comerciais. (Figura 32).
37

Figura 32: Mapa de gabarito.

Fonte: Google Earth, editada pela autora, 2020.

A orla de Barra de Jangada engloba a avenida Bernardo Vieira de Melo e as ruas de


Porto Alegre, Caxias do Sul e rua Padre Nestor de Alencar, todas elas com sentido
de mão dupla. Na figura 33, pode-se analisar o mapa de vias do entorno da orla.

Figura 33: Mapa de vias.

Fonte: Google Earth, editada pela autora, 2020.

A avenida Bernardo Vieira de Melo é conhecida por seus congestionamentos em


horários de pico, pelo fato de ser uma via estreita com concentração de residenciais

e comércios, além de ser a principal via que conecta com o estaleiro de Suape e o
percurso mais rápido para as praias do litoral sul de Pernambuco.
38

3.3 Análise da Orla

Barra de Jangada, por ser o novo pólo de desenvolvimento do estado, não está
atendendo as necessidades básicas para uso regular da praia, portando de várias
deficiências, tais como, falta de infraestrutura, sinalização (Figura 34) segurança,
iluminação e acessibilidade, tais como ausência de uma calçada acessível, ilustrada
na figura 35, dificultando o uso dos frequentadores.

Figura 34: Acesso Barra de Jangada. Figura 35: Calçada Orla Barra de Jangada.

Fonte: A autora, 2020. Fonte: A autora, 2020.

Ao se caminhar pela orla, é possível notar a ausência de equipamentos urbanos,


banheiros e infraestrutura adequada para o uso, falta de planejamento das vias, falta
de sinalização para pedestres, estacionamento para população (Figura 36) e acesso
adequado para a praia (Figura 37) dificultando o acesso para as pessoas que
querem usufruir do local.

Figura 36: Estacionamento da orla. Figura 37: Acesso de pedestres.

Fonte: A autora, 2020. Fonte: A autora, 2020.

A falta de iluminação, sinalização e posto policial durante todo trecho da orla,


principalmente nas áreas com vegetação de altura média, é um dos principais
39

propósitos para facilitar a ocorrência de assaltos, isso retira do usuário e morador do


entorno a sensação de segurança que a orla deveria proporcionar.

3.4 Estudos Climáticos

Para o parque ficar mais convidativa a população, é necessário tomar como base os
princípios do conforto ambiental, estudar a predominância dos ventos em relação a
área da orla para definir um novo layout das áreas e dos equipamentos como mostra
a figura 38. Em Jaboatão dos Guararapes, nos meses de dezembro a março, tem-se
a predominância dos ventos nordeste (9 meses), e nos meses de abril a novembro,
os ventos sudestes (3 meses). Isso ocorre em boa parte das regiões localizadas no
nordeste do país.

Figura 38: Estudos climáticos.

Fonte: Google Earth, alterado por Regueira, 2020.

Para um melhor aproveitamento da iluminação natural e conforto da orla, verificou-


se que a orla possui algumas poucas vegetações na parte do estacionamento e
acesso à praia e sem vegetação no sentido nascente.
40

4 DIRETRIZES PARA REQUALIFICAÇÃO

Neste capítulo serão apresentadas diretrizes para requalificação da orla de Barra de


Jangada, Jaboatão dos Guararapes, PE.

4.1 Diretriz 1 – Programa Proposto

Etapas Pré-Projetuais

4.1.1 Programa proposto e Dimensionamento.

Este capítulo apresenta a proposta de diretrizes para requalificação da Orla de Barra


de Jangada, situada no bairro de Barra de Jangada, na cidade de Jaboatão dos
Guararapes, Pernambuco. Contém as etapas pré-projetuais como: programa
proposto e dimensionamento dos ambientes, zoneamento, organograma e
fluxograma. Também serão apresentados os memoriais descritivo e botânico da
proposta.

Na Orla de Barra de Jangada, serão criadas áreas para as atividades apresentadas


no programa proposto. O maior objetivo desse anteprojeto de intervenção é
melhorar a distribuição dos equipamentos do parque e acrescentar espaços e
equipamentos que fazem falta para os moradores do entorno e usuários. O Quadro
02, apresenta o programa dos espaços propostos, com quantitativo e com seu
dimensionamento.

Quadro 02: Programa e dimensionamento proposto


Dimensões
Programa Proposto Quantidade
(m2)
Área de convivência e
Contemplação 6 600m²
Playground 2 900m²
Quadra de Futevôlei 5 810²
Campo de Futebol de Areia 4 3640M²
Pista de Cooper e Caminhada 1 3960m²
Academia de Musculação 1 400M²
Academia da Cidade 1 400M²
Estacionamento 1 7000m²
Mercado dos peixes 1 3600m²
Quiosques 6 96m²
Deck 1 300m²
Fonte: A autora, 2020.
41

4.1.2 Proposta de Intervenção

A proposta foi fundamentada na temática desenvolvida ao longo da pesquisa,


buscando, através de diagnósticos, estudos de caso e diretrizes elaborar uma nova
proposta para o desenho da Orla de Barra de Jangada, solucionando problemas
existentes na área, com o propósito de garantir ao usuário espaços adequados para
o convívio e lazer, proporcionando uma boa ambiência, segurança e infraestrutura
adequada.

A proposta apresentará fundamentos e detalhamentos referentes as diretrizes, tais


como: agenciamento de vias; acessibilidade; mobiliário urbano; iluminação;
vegetação e segurança.

A proposta de requalificação da orla será dívida em 3 setores e cada um desses


possui pólos diversificados. Todos os pólos serão ligados, onde a população poderá
utilizá-los de diferentes maneiras, seja ela para uso recreativo, cultural e comercial,
gerando convívio social.

Figura 39: Divisão de setores.

Fonte: Google Earth, editada pela autora, 2020.

No setor 01 (Figura 40) ficará localizado o estacionamento da orla, que terá a


capacidade de comportar 170 veículos, dentre elas, vagas comuns e especiais,
auxiliando a quantidade de vagas já existentes no entorno da orla. Também ficará
localizado o deck para os pescadores locais, auxiliando ao trabalho deles. O
mercado do peixe será destinado para venda de produtos e uma área para
degustação, com praça de alimentação e playground para crianças, servindo como
espaço de lazer e renda para a população de Barra de Jangada.
42

Figura 40: Setor 01.

Fonte: Regueira, 2020.

O setor 02 será direcionado para área de esportes, lazer e contemplação. Nela será
incluso quatro campos de futebol de areia, cinco quadras de futevôlei e mais um
playground para crianças (Figura 41). No entorno serão distribuídos quiosques,
áreas de convivência e bancos para telespectadores.

Figura 41: Setor 02.

Fonte: Regueira, 2020.


43

O terceiro setor, representado na Figura 42, será direcionado para a área de saúde,
nele ficarão englobados a Academia da Cidade, a Academia de Musculação e
demarcado o início da pista de cooper.

Figura 42: Setor 03.

Fonte: Regueira, 2020.

No calçadão ficará localizado a pista de Cooper e a ciclofaixa da orla, que terá 700
metros de comprimento, englobando todo o perímetro da orla. Nesse trecho serão
distribuídos seis quiosques e áreas de convivência com bancos, atraindo mais
frequentadores e aumentando a sua permanência na orla.

4.1.3 Organograma e Fluxograma

Organograma é uma representação feita em gráficos para definir de forma


hierárquica a organização de áreas, através de um desenho de distribuição de
ambientes. A finalidade de um organograma é definir com perfeita ordem a função
que desempenha cada um na organização perfeita definidas por postos de acordo
com seu grau de competência, importante pare se ter a ideia de como os espaços
vão se relacionar entre si. O fluxograma é o estudo dos fluxos realizado a partir de
um organograma, neste gráfico são avaliadas as acuidades dos mesmos. Este
44

estudo promoverá a captação e estruturação dos fluxos observados na locomoção


de seus usuários de um ambiente para o outro. A figura 43, apresenta o
organograma e fluxograma propostos.

Figura 43: Organograma e Fluxograma propostos.

Fonte: Regueira, 2020.

4.2 Memorial Descritivo

O memorial descritivo tem como objetivo apresentar o programa proposto por meio
de imagens e descrições. Ele descreve todos os equipamentos e materiais que
serão utilizados na construção das diretrizes de um projeto, seja ele paisagístico ou
arquitetônico.

A proposta de diretrizes para a requalificação da Orla de Barra de Jangada, no


bairro de Barra de Jangada, Jaboatão dos Guararapes, PE, foi estruturado a partir
de alguns acessos do parque formando ilhas, para serem utilizadas com
equipamentos. Foram criadas nas ilhas, desenhos orgânicos para harmonizar com a
natureza, houve também grande modificação no traçado e na paisagem por meio do
aumento das áreas verdes e implementação de mobiliários, melhorando o conforto
dos usuários, atraindo mais frequentadores e aumentando sua permanência no
parque, como também a definição do agenciamento e acessibilidade.

A área de convivência assume um papel importante para um parque, assim como as


45

áreas verdes. Com função de lazer, contemplação, lazer, convívio social, descanso,
podendo também servir de apoio para eventos. Foram implantados bancos com
estrutura de concreto, com revestimento em madeira (Figura 44) em toda a extensão
da orla e criadas seis áreas de convivência com vista para o mar (Figura 45), a fim
de atrair os usuários a permanecerem no local.

Figura 44: Bancos de concreto e madeira Figura 45: Área de convivência.

Fonte: Conceptlandscape.com, 2020. Fonte: Jornalmidia.com, 2020.

Bancos de concreto foram inseridos em ambos os playgrounds do setor 01 e 02,


como mostra o exemplo da Figura 46, sem encosto em todo o perímetro da área de
recreação, proporcionando uma maior segurança para as crianças, criando uma
barreira para dificultar a saída do playground, assim como, ser um local de apoio
para os responsáveis. Foram também propostos bancos de concreto em toda a
extensão da lateral do campo (Figura 47) com área para cadeirante.

Figura 46: Banco de concreto. Figura 47: Bancos de concreto da proposta.

Fonte: Alves, 2019. Fonte: Regueira, 2020.

Na proposta de diretrizes, no playground também foram inseridos brinquedos de


ferro e madeira (Figura 49), que também podem ser utilizados tanto para crianças
com dificuldade de locomoção.

Brinquedos adaptados, como demonstrados na Figura 48, serão utilizados por todas as
46

crianças com algum tipo de deficiência física ou mental ou com mobilidade reduzida,
propondo brincadeiras que misturem equilíbrio, força e estímulos sensoriais na medida
exata para que crianças cadeirantes, cegas, surdas, com qualquer tipo de deficiência
intelectual, possa se divertir com segurança e autonomia.

Figura 48: Brinquedo de madeira. Figura 49: Brinquedo acessível.

Fonte: Folhadooeste.com.br, 2019. Fonte: Esbrasil.com.br, 2019.

Futebol de areia e futevôlei são os principais esportes praticados atualmente na praia de


Barra de Jangada, com isso serão instalados campos e quadras (Figura 50), juntamente
com arquibancadas e áreas com acessibilidade, como mostra a figura 51, para
facilitar as pessoas com dificuldade de locomoção, de assistirem as partidas de
futevôlei e futebol de areia.

Figura 50: Quadra de futevôlei. Figura 51: Quadra de futebol de areia

Fonte: Pratikasport.com.br, 2019. Fonte: Tripadvisor.com, 2018.

Foi criada também uma calçada acessível, nela terá uma pista de cooper e ciclofaixa
que atenderá todo o perímetro da orla, com 700 metros de comprimento, como
representada na Figura 52. Foi proposta uma construção de um piso asfáltico, com
aplicação da forma correta para o piso não ceder com o tempo e acabar com o
acúmulo de água na pista. Foi proposto ser pintado com pintura de piso com boa
47

resistência ao atrito, com marcação de quilometragem e direção da corrida ou


caminhada, como apresentados na Figura 53.

Figura 52: Calçada acessível com ciclofaixa. Figura 53: Marcação pista de cooper.

Fonte: Regueira, 2020. Fonte: Regueira, 2020.

Atualmente inexistentes, na proposta de diretrizes para revitalização contará com a


implantação de banheiros na orla de Barra de jangada, suprindo a necessidade do
usuário da praia (Figura 54) tornando a praia ainda mais habitável e agradável. Os
banheiros serão fixados em pontos estratégicos da orla, com uma distância de 200
metros, de um para o outro.

Figura 54: Exemplo de banheiro Acessível.

Fonte: Regueira, 2020.

No setor 03 serão implementadas academias de musculação e da cidade. As figuras


55 e 56 apresentam exemplos de academias que será criado no projeto. Foi
construído um depósito de materiais, também com forma orgânica, acrescentado um
48

piso intertravado na cor vermelha na área da Academia, com maquinário e piso


emborrachado.

Figura 55: Exemplo de Academia. Figura 56: Exemplo de Academia da Saúde

Fonte: Regueira, 2020. Fonte: Regueira, 2020.

O revestimento de piso para o calçadão da orla será em blocos intertravados


drenante na cor cinza (Figuras 57 e 58). O piso intertravado é formado por blocos de
concreto pré-fabricados de 20 x 40 cm, com 6 cm de espessura, assentados sobre
areia, travados uns aos outros e por atrito entre as peças, proporcionando mais
aderência. É um pavimento versátil, permite usar cores, tamanhos, formas. Este piso
foi selecionado por causa de aspectos, tais como durabilidade, fácil instalação,
ecológico, diminuição da temperatura, baixa manutenção ou nenhuma e por sua
capacidade de drenagem.

Figura 57: Piso intertravado. Figura 58: Piso intertravado exemplo.

Fonte: vivadecora.com.br, 2018. Fonte: Regueira, 2020.

Para auxiliar a caminhada das pessoas, sejam elas deficientes visuais, crianças e
idosos, serão também instalados pisos táteis. Esse piso é aplicado como
revestimento de chão e com uma composição formando caminhos, garantido a
segurança no caminhar. Em todas as rampas de acesso, serão implantados piso tátil
de alerta, como mostra a Figura 59.
49

Figura 59: Piso tátil.

Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

Para proporcionar mais segurança e conforto para os frequentadores da orla, serão


implementados postes de lede com quatro hastes durante todo o percurso do
calçadão. Os modelos dos postes foram escolhidos por ter uma boa eficiência para
proporcionar segurança, baixo consumo e por ser um equipamento moderno. Serão
postes, em aço galvanizado e pintados na cor cinza, com altura de 23 metros, para
proporcionar a iluminação adequada ao local, como mostra os exemplos das figuras
60 e 61.

Figura 60: Poste quatro hastes. Figura 61: Poste em aço.

Fonte:Regueira, 2020. Fonte: Regueira,2020

O Orla de Barra de Jangada contará, em todas as áreas de circulação, distribuídas


em todo o perímetro do calçadão, com lixeiras de coleta seletiva. As lixeiras
individuais coleta seletiva, representadas na Figura 62, terão suas estruturas em aço
galvanizado e pintado na cor cinza e suas lixeiras em aço inox, com detalhes na cor
de cada lixo, para proporcionar uma boa durabilidade.
50

Figura 62: Lixeiras coleta seletiva.

Fonte: Cassme.com.br, 2018.

Para melhoria do acesso, conforto e segurança dos frequentadores da praia, será


criado um estacionamento com 170 vagas (Figura 63), dentre elas para veículos de
pequeno porte e vagas especiais (Figura 64). O estacionamento será localizado no
Setor 01 da orla, tendo direto acesso ao mercado dos peixes e calçadão

Figura 63: Localização estacionamento. Figura 64: Exemplo vaga acessível

Fonte: Regueira, 2020 Fonte: Portaldeacessibilidade.rs.gob.br, 2016.

Com a ideia de dinamizar a economia da Beira Mar e da Praia de barra de Jangada,


criando oportunidades para o comércio local, será implantado o Mercado dos
Peixes. O Mercado dos Peixes tem objetivo de resgatar o consumo do pescado,
incentivar o turismo e venda de peixes com as condições de higiene e conforto
adequadas, que esse não acontece em vias públicas.

Serão construídos pequenos boxes e os distribuiu entre os pescadores, criando uma


área para venda e degustação, que funcionará como uma praça de alimentação,
representados nas figuras 65 e 66.
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Figura 65: Quadra acessível. Figura 66: Exemplo praça do Mercado dos peixes.

Fonte: Galeriadaarquitetura.com, 2017. Fonte: Ricardomuratori.com.br, 2011.

O mercado dos peixes também contará com um deck do pescador, área destinada a
pescadores locais para facilitar a pesca, além de criar uma área de contemplação
para o mar.

4.3 Memorial Botânico

A Orla de Barra de Jangada já possuía uma quantidade mínima de vegetação,


ocasionando grandes áreas de insolação e pouca sombra para os frequentadores,
diante disso, foi necessário implantar um maior número de novas espécies,
buscando propiciar maior conforto para os seus usuários.

Nas áreas de convívio social, lazer e contemplação, foram selecionadas árvores


com copas densas, com intuito de promover um maior sombreamento para os
usuários. Nas áreas de práticas esportivas, foram implantadas árvores com o intuito
de promover sombra nos horários com maior insolação. No calçadão e playground,
plantas de médio porte foram selecionadas para servir como cercas vivas.

No projeto paisagístico, a plantas foram selecionadas de acordo com a


compatibilidade do clima da cidade, alguns com tonalidades de cores diferentes,
tamanhos e formatos diferentes. Com função de embelezamento e principalmente
melhorando o conforto térmico do local transformando o espaço em um lugar que
transmita sensação de bem-estar. No Quadro 03, são representadas as espécies
que foram especificadas para a proposta de diretrizes para requalificação da orla.
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Quadro 03: Quadro botânico.


Nome popular Coqueiro.

Nome Científico: Cocos nucifera

Origem: Sudeste da Àsia.

Tipologia: Árvore.

Altura: Menos de 30m.

Família: Arecaceae.

Nome popular: Castanheira.

Nome Científico: Terminalia catappa.

Origem: Ásia

Tipologia: árvore.

Altura: Até 25m.

Família: Combretaceae.

Nome popular: Salsa-da-praia.

Nome Científico: ipomoea pes-caprae.

Origem: África.

Tipologia: Planta.

Altura: 0,3m.

Família: Convolvulaceae.

Nome popular: Pândano.

Nome Científico: Pandanus spp.

Origem: Oceania.

Tipologia: árvore.

Altura: 06 a 09m.

Família: Pandanaceae.
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Nome popular: Cajueiro.

Nome Científico: Anacardium occidentale.

Origem: America do Sul.

Tipologia: árvore.

Altura: 8 a 10m.

Família: Anacardiaceae.

Nome popular: Brasileirinho

Nome Científico: Erythrina variegata.

Origem: Índia.

Tipologia: árvore.

Altura: 10m.

Família: Leguminosae.

Nome popular: Castanhola.

Nome Científico: Terminalia Catappa.

Origem: Brasil.

Tipologia: árvore.

Altura: 10 a 15m.

Família: Fabaceae.

Fonte: Regueira, 2020.


54

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como resultados da pesquisa, pode-se concluir que as análises do estudo de caso


foram de grande valor, colaborando para reunir informações como fotos e mobiliários
urbanos, com o intuito de analisar o funcionamento das orlas definidas como estudo,
aprofundando os entendimentos a proposta de intervenções em orlas que irão
facilitar a definição das diretrizes deste trabalho de graduação, contribuindo para um
maior conhecimento sobre os espaços livres de um modo geral, relacionando-o com
o objeto de estudo.

No estudo de caso da Orla de Boa viagem, foi possível ter um maior entendimento
de como uma orla acessível funciona, quais equipamentos são necessários para
fazer da praia um ambiente de fácil acesso para todos, usando exemplos como da
Praia sem Barreiras.

A Orla de Atalaia serviu como exemplo de como uma orla pode abranger tantos
equipamentos de lazer em um só lugar, como podemos aproveitar o espaço que a
praia nos oferece, de uma maneira sustentável e de agrado a todos os cidadãos.

A análise do Mercado do Peixe proporcionou compreender como aproveitar a


revitalização de uma praia, favorecendo não só aos turistas, mas a população que
vive em seu entorno, sejam eles pescadores, donos de pequeno comércio ou até
ambulantes, gerando mais empregos e atraindo mais turismo para a cidade.

De acordo com desenvolvimento do trabalho apresentado, espera-se ter alcançado


o objetivo, que é de tornar a Orla de Barra de Jangada em um ambiente mais
agradável e acessível, visando contribuir socialmente com a inclusão de pessoas de
todas as idades e classes sociais em um mesmo espaço.
55

REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto-lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas


gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras
providências., Brasília, c.civil.2000.

________.NBR 9050/2015–Associação Brasileira de Normas Técnicas.


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Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2015.

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56

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