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Manual de Boas Práticas de Manejo Florestal Não Madeireiro

Book · January 2011

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4 authors, including:

Philippe Schmal
Independent Researcher
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manual de
boas práticas de
manejo florestal
não-madeireiro
© 2011 - Associação Vida Verde da Amazônia – AVIVE

Autores
Karina Ferreira Lima
Eng. Florestal - Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas - IDAM

Marcio João Neves Batista


Associação Vida Verde da Amazônia - AVIVE

Barbara Schmal
Associação Vida Verde da Amazônia - AVIVE

Philippe Schmal
Eng. Florestal

Revisão Técnica
Frederico Soares Machado (Introdução e Informações Gerais)
Raquel Medeiros (Copaíba e Cumaru)

Fotos
Adriana Pellegrini, Andreza Mendonça, AVIVE, Claudia Ohanna, Juvenal Pereira (WWF-Brasil),
Karina Lima, Marcio João Neves Batista, Marilson da Silva, Philippe Schmal, Quênia Barros,
Robert Viana Campos, Silvia & Heitor Reali

Projeto Gráfico
Attema Design Editorial

Primeira Edição: 2011


Tiragem: 3.000 exemplares

Esta publicação foi produzida com o apoio da União Européia. O conteúdo desta publicação é de
exclusiva responsabilidade da Associação Vida Verde da Amazônia – AVIVE e não pode, em caso
algum, ser tomado como expressão das posições da União Européia.
Sumário

apresentaÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

introduÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

INFORMAÇõES GERAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

andiroba/andirobinha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Breu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

COPAÍBA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

CUMARU. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

PUXURI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Regularização da atividade
extrativista não-madeireira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

Anexos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

apresentaÇÃO

Esta cartilha é o resultado das sinergias entre mudanças e inovações nas relações sociais
diferentes atores, unidos no intento de realizar, e econômicas vigentes e da conservação do
apoiar e divulgar sistemas de uso sustentável meio ambiente.
da Floresta Amazônica e dos seus produtos. Esta cartilha consente em acompanhar passo
Responde ao propósito de elaborar um instru- a passo o manejo das plantas descritas e for-
mento que facilite a divulgação de boas práti- nece instrumentos para a sua sistematização.
cas para o uso dos produtos não madeireiros, Pode ser utilizada por qualquer pessoa, pois
e contribui ao desenvolvimento de modelos de foi elaborada com rigor e respeito aos proce-
produção destinados às cadeias produtivas de dimentos, mas descrita de forma simples e
óleos e cosméticos naturais e certificados. prática.
Atende aos resultados previstos pelo projeto Agradecemos à União Européia e aos demais
Canaçari, “Preservação ambiental, desenvol- doadores, aos parceiros, operadores de cam-
vimento de atividades produtivas e turismo po e extrativistas que tornaram possível a sua
sustentável nas comunidades tradicionais do realização.
Médio rio Amazonas” e é fruto do resgate de
praticas tradicionais e das experiências dos Maria Gabriella Pettazzoni
parceiros e comunitários adquiridas durante Presidente Icei Brasil
o desenvolvimento das atividades apoiadas Coordenadora Projeto Canacari
pelo projeto.
O Projeto, co financiado pela União Européia,
é promovido pelo Instituto de Cooperação
Econômica Internacional - ICEI, organização
que desenvolve projetos de cooperação para
alcançar a inclusão, a equidade, a reciprocida-
de e a justiça social a partir da promoção de

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

introduÇÃO
para as mulheres, no âmbito do bioma Flo-
resta Amazônica.
Atualmente, as 33 associadas da AVIVE
O mercado de cosméticos naturais á base de estão realizando um projeto que envolve
plantas, principalmente as da Amazônia, é a comunidade no estudo, aprimoramen-
seguro e crescente (SEBRAE 1995), tanto no to e implantação de técnicas e métodos
Brasil como no exterior, onde empresas e con- de manejo florestal de produtos florestais
sumidores estão dispostos a pagar um preço não-madeireiros (PFNM) de espécies nati-
de até 40 % acima do normal pela aquisição vas, medicinais e aromáticas e desenvolve
de produtos naturais amazônicos, de origem atividades de educação ambiental e produ-
certificada, com desenvolvimento ecologica- ção de mudas para a reposição florestal na
mente corretos e socialmente justos. região de Silves-AM.
Hoje as características O projeto inclui ainda a
farmacológicas e cosméti- capacitação e participa-
cas dos óleos vegetais da ção de comunitários e co-
Amazônia são conhecidas munitárias de 15 aldeias
mundialmente, o que oca- do município no mane-
siona uma ampla e forte jo de produtos florestais
demanda por parte dos não-madeireiros (PFNM)
consumidores pelos pro- e na produção, comercia-
dutos em cuja fórmula de lização, certificação e uso
produção estejam envol- dos produtos gerados.
vidos esses ingredientes. A produção sustentável
Silvia & Heitor Reali

Isto cria oportunidades de óleos vegetais e cos-


para geração de empre- méticos naturais como
gos e renda e diversifica- sabonetes e perfumes,
ção pelo uso da floresta, velas e incensos tornou-
visando sua conservação se uma alternativa eco-
pelo manejo sustentável não-madeireiro. nômica para as mulheres de Silves-AM e
Em vista desta perspectiva, um grupo de famílias parceiras, aplicando e preservan-
mulheres fundou em 1999 a Associação do assim seus conhecimentos tradicionais
Vida Verde da Amazônia – AVIVE no mu- e populares sobre plantas regionais ama-
nicípio de Silves-AM, tendo como missão zônicas.
a defesa, preservação e recuperação do A AVIVE sempre buscou a produção formal de
meio ambiente, dos bens e valores cultu- óleos vegetais e cosméticos naturais, ou seja,
rais, em busca da melhoria da qualidade a legalização e certificação dos processos pro-
de vida humana, com especial atenção dutivos, desde a coleta da matéria-prima na

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

floresta até a extração e comercialização dos de interesse para as indústrias de cosméti-


óleos vegetais e produtos afins. Vale ressaltar cos e perfumaria.
que o Plano de Manejo para produtos flores- O manual contém informações básicas sobre
tais não-madeireiros não é obrigatório por lei, a ecologia, métodos de coleta, processamento
mas se torna obrigatório para a certificação e uso do óleo vegetal referente às espécies se-
“Fairwild”, FSC e/ou orgânica. lecionadas e utilizadas pela AVIVE, registran-
A definição das Boas Práticas para cada es- do sua experiência e metodologia aplicadas
pécie é um dos principais requisitos para o no manejo não-madeireiro e no beneficiamen-
Plano de Manejo. Para estes fins, a AVIVE to de cinco espécies: Andiroba/Andirobinha,
Breu, Copaíba, Cumaru e Puxuri.
Adicionalmente, apresenta um CD incluindo
sua versão digital, como também arquivos
para cada espécie contendo planilhas de
controle para inventário, processos produti-
vos e monitoramento, e materiais de suporte
Juvenal Pereira, WWF-Brasil

(publicações de terceiros).
O manual foi elaborado para ser utilizado por
extrativistas, organizações e empreendimentos
comunitários, extensionistas e pessoas interes-
sadas, que tem como objetivo o uso sustentável
A Castanha do Brasil é um dos produtos amazônicos. da floresta e que buscam alternativas para me-
lhorar a renda familiar. Visa orientá-los sobre os
adotou como ferramenta o Padrão Interna- mecanismos de manejo florestal não-madeireiro
cional para a Coleta Silvestre Sustentável de existentes para diferentes espécies nativas da
Plantas Medicinais e Aromáticas – ISSC-MAP Amazônia. Poderá ser utilizado também como
proposto pela UICN. Optou também pela material de referência para cursos de capacita-
Certificação Fairwild que aplica o Padrão, ção que tratam sobre o referido tema.
denominado como Estândar Fairwild.
A importância do presente manual sobre ma- POR QUE DEVEMOS PRATICAR
nejo florestal não-madeireiro é apresentar as O MANEJO FLORESTAL?
Boas Práticas elaboradas e sendo aplicadas
pela AVIVE, que desta forma superou a falta de Realizando o manejo florestal podemos
regras para o manejo florestal não-madeireiro. saber o quanto de recurso florestal não-
madeireiro pode ser extraído da floresta de
COMO USAR O MANUAL forma sustentável, assegurando a conti-
Muitas espécies nativas da Amazônia com nuidade das espécies florestais de interes-
potencial para a extração de óleos vegetais se econômico.

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

INFORMAÇõES
GERAIS
PASSO A PASSO PARA O MANEJO
FLORESTAL NÂO-MADEIREIRO
COMUNITÁRIO

Karina Lima
Organização comunitária
e o fortalecimento dos
grupos de trabalho Reunião com comunitários no Município de
Manacapuru - AM.
Para que um grupo de pessoas se organize
em uma associação ou cooperativa é preciso
ter motivação e coragem de enfrentar mudan-
ças e diferenças. Irão lidar com novos desafios, tivo é o adequado e seguro uso do recurso
mas estarão aprendendo e se fortalecendo. florestal não-madeireiro, profissionalizando
a atividade extrativista e garantindo a quali-
! dade do material vegetal coletado.

Realize reuniões para inclusão de pessoas e/ Plano de uso


ou comunidades interessadas no trabalho a
ser desenvolvido. Promova capacitações nas Deve se elaborar um Plano de Uso para
organizações comunitárias em associativis- cada espécie vegetal de interesse, regis-
mo ou cooperativismo e faça treinamentos em trando as boas práticas de coleta, estabele-
gestão administrativa e financeira. cendo regras referentes à época de coleta,
aos métodos seguros e aos responsáveis e
quantidades máximas permissíveis, incluin-
Capacitação para a coleta do informar penalidades em caso de infra-
ção das regras estabelecidas pelo grupo de
Recomenda-se realizar os seguintes cursos e extrativistas. Define se também um conselho
treinamentos técnicos: identificação botâni- de três pessoas, que tem a responsabilidade
ca, boas práticas de coleta e armazenamen- de monitorar o cumprimento das boas práti-
to de sementes, inventário, técnicas silvicul- cas indicadas. Na elaboração do Plano de
turais, treinamento em utilização de GPS, Uso são respeitados tanto práticas tradicio-
bússola e em escalação de árvores. O obje- nais como também os resultados de estudos

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

e pesquisas científicas, harmonizando assim interesse para o manejo. Ele define, primei-
ambos os conhecimentos. ramente, os limites da área do proprietário
e, após a contagem das árvores de interes-
Planejamento da coleta se, é delimitada a área de coleta.
Nesta atividade é necessário o uso de um
Acesso à área de coleta GPS e bússola e um caderno de anota-
ções. Caso a comunidade não possua es-
As características do acesso a área de coleta tes equipamentos deve se consultar um
é de grande importância no planejamento das técnico profissional.
atividades. Verifique as possíveis dificuldades Após a identificação da área de coleta, ini-
levando em consideração o tempo gasto no cia se o inventário, utilizando um mapa do
percurso até a área, o número de pessoas a local, desenhado (mapa mental) pelo pró-
serem envolvidas e o custo deste processo. prio extrativista ou elaborado por um técnico
Verifique também, se as árvores seleciona- especializado (mapa georreferenciado). É
das para o manejo florestal não-madeireiro importante que se tenha em mãos este mapa
das espécies de interesse não se encontram que servirá para orientação das áreas de co-
em terrenos vizinhos de outros proprietários. leta. No mapa deverá constar a caracteriza-
Em caso positivo, recomenda-se que seja ção geral contendo uma breve descrição da
elaborado um acordo por escrito e registra- área com todas as informações disponíveis,
do em cartório, autorizando a coleta, evitan- tais como: usos, acessos, cursos d água,
do assim possíveis e futuros conflitos. áreas de preservação permanente entre ou-
tras informações importantes.
Abertura de trilhas

Utilize estradas ou trilhas já existentes. Caso haja


necessidade de abertura de novas trilhas, estas
deverão ser feitas conforme o mapa confeccio-
nado com base nos dados do levantamento
referente ao potencial do recurso florestal não-
madeireiro a ser manejado, como visto a seguir.

Levantamento do recurso florestal


não-madeireiro e realização de
inventário das áreas de coleta

O levantamento é a quantificação do poten- Exemplo de mapa mental. Comunidade: Terra Preta ME


cial do recurso florestal não-madeireiro de Rio Negro. Fonte: Quênia Barros

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

• Lápis;
Inventário amostral - escolhendo aleatoria-
mente parte da área de coleta desde que seja • Borracha; ANO = 2011
representativa para a área total, visando obter
uma estimativa do potencial produtivo da es-
• Plaquetas numeradas No 01
de alumínio para
pécie florestal de interesse. identificação da árvore;
Durante o inventário são feitos piquetes para Plaqueta
facilitar o acesso à área de coleta. • Pregos 2” ;
• Terçado 128” (facão grande);
• Lima ou esmeril;
• Tinta óleo (vermelha e amarela), para
pintura dos piquetes.

!
Antes de iniciar a atividade em campo é im-
portante o uso de Equipamentos de Proteção
Figura 1• Exemplo de inventário de produtos Individual (EPI) como: capacete, botas, ca-
florestais não-madeireiro com mapeamento das árvores misas de manga comprida, perneira contra
de interesse econômico e acesso (trilhas) a elas.
Fonte: AVIVE picada de cobra e calça comprida.

A Figura 2 demonstra um exemplo que pode-


rá ser utilizado em áreas que possuam diver-
sas espécies florestais de interesse econômi-
co, ou para povoamentos florestais agrupados
como, por exemplo, buritizal, patauazal entre
outros.
No momento do inventário é importante que
se tenha em mãos os seguintes materiais:

• Fichas de inventário;
• Prancheta;
• Trena de 50m;
• Trena de 10 m ou fita Figura 2• Modelo para inventário de produtos
métrica; florestais não madeireiros. Comunidade: Urucury

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

O inventário deverá ser realizado por uma


equipe com pelo menos cinco a seis pesso-
as: uma pessoa com a função de fixar a pla-
ca de identificação; outras duas, para medir
as distâncias das árvores em relação às tri-
lhas; uma ou duas pessoas com a função de
identificar e medir as árvores de interesse e
uma pessoa que anota os dados.

Inventário não madeireiro. Comunidade: Matupiri Gran-


de. Foto: Marilson da Silva

Para definir a qualidade da árvore, classifi-


que-a com os seguintes critérios:

Colocando plaqueta de identificação na árvore.


Foto: Philippe Schmal Classe Características
Durante o inventário mede-se a CAP (circun- Árvore saudável, sem danos no tronco
ferência a altura do peito), que é uma medida 1
e copa;
em centímetros do tronco de uma árvore a 1,30 Árvore com danos leves no tronco
metros do solo. Para cada espécie de interes- 2 ou copa, que a árvore será capaz de
se é definida uma CAP mínima para o manejo recuperar;
florestal não-madeireiro. Estas medições de- Árvore com danos severos que podem
verão ser realizadas por apenas uma pessoa prejudicar a produção de frutos,
3
do grupo para evitar erros nos cálculos. sementes, resina e outros produtos
Observe e anote também as seguintes informa- ou a sobrevivência da árvore.
ções: presença ou ausência de cipós na copa e,
ou no tronco das árvores, qualidade das árvores Tratos silviculturais (corte de cipós)
(se a árvore está saudável, por exemplo: sem
danos no tronco ou na copa, presença de plan- Realize os tratos silviculturais durante o inven-
tas parasitas, ou se a árvore está morrendo). tário. Retire os cipós em árvores de interesse

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

que apresentem copa ou tronco prejudicado. Como calcular a produção


Este tratamento promoverá o desenvolvimento
das árvores de interesse, reduzindo a competição Com base no número de árvores adultas inven-
entre elas e hospedeiros e o risco de queda. tariadas e com o conhecimento sobre a quanti-
Faça o corte de cipós apenas quando estes dade de frutos ou sementes por árvore em sa-
estiverem estrangulando as árvores e, ou fras anteriores, pode-se estimar a capacidade
prejudicando a copa, pois poderão afetar a produtiva anual da área. Para isso, basta multipli-
produtividade. Nos demais casos, não os re- car o número de árvores produtivas (com flores
tire, já que a intenção é conservar não só as ou frutos) pela quantidade média (em quilos ou
espécies de interesse, como também todas gramas) de produtos (frutos, resina etc.) que as
as demais que compõem a floresta. árvores produzem em um hectare.
Veja este exemplo de cálculo para uma área
Monitoramento das áreas de 5 hectares:
inventariadas
Número de Produção média Capacidade de
Recomenda se que o inventário seja moni-
árvores anual por árvore produção da
torado de três em três anos. Ou seja, será
frutificando (quilos de área (quilos de
avaliado e verificado o estado das espécies
(em 5 hectares) sementes) sementes)
de interesse na área de coleta.
15 x 50 = 750 kg
Procedimentos de Coleta

! 15 árvores x 50 kg = 750 kg; essa é a capa-


cidade total de área de 5 hectares.
Elabore um calendário de coleta conforme
a variação da época de produção por cada Para calcular a produção por hectare (ou ou-
região. tra medida de área), basta dividir essa pro-
dução total pelo tamanho de sua área flores-
tal, neste caso, em 5 hectares. Ou seja:
Após realizar os passos anteriores, inicia se
o procedimento de coleta dos produtos das 750 kg : 5 hectares = 150 kg; essa é a capa-
espécies de interesse econômico. Para a co- cidade de produção em um hectare.
leta de frutos, por exemplo, recomenda-se
deixar pelo menos 30% disponíveis para a Para estimar o número de indivíduos (árvo-
regeneração natural e para o consumo pelos res) com potencial produtivo de uma área,
animais silvestres. você deve saber a medida da área total de

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

produção (área florestal) e a quantidade de cialmente em áreas alagáveis da várzea e


indivíduos na área amostrada. igapó. De múltiplo uso, fornece madeira de
Exemplo: Se você possui uma área produti- alta qualidade, casca medicinal e através de
va de 20 hectares e inventariou uma área de suas sementes um dos óleos mais utilizados
1 hectare, encontrando 17 indivíduos, faça a e mais vendidos na Amazônia. Por causa da
seguinte conta: ótima qualidade de sua madeira, a andiro-
beira é muito utilizada pelas serrarias, tor-
1 hectar —
­ 17 indivíduos nando uma árvore cada vez mais rara, o que
20 hectares — N indivíduos diminui, consequentemente, a oferta de seu
óleo no mercado.
No município de Silves ocorrem as duas es-
pécies de Andiroba: Carapa guianensis – co-
1xN=20 x 17=340 =340* nhecida como Andiroba e Carapa procera – a
1 Andirobinha. Acontece muito que elas são
confundidas, chamando uma pelo nome da
* INDIVÍDUOS EM UMA ÁREA DE 20 HECTARES outra, mas ambas possuem características
que ajudam a reconhecer cada espécie pelo
que ela é:
Há 340 indivíduos (árvores) em uma área de
20 hectares. Andiroba Andirobinha
Carapa Carapa procera
guianensis
ANDIROBA Árvore grande Árvore de tamanho
ANDIROBINHA Árvore
com altura até
55 m e diâmetro
médio, com altura
até 30 m e diâmetro
de 20 – 30 cm. até 15 cm.
Carapa guianensis Aubl. (Andiroba) Folha com
NOME CIENTÍFICO
Carapa procera (Andirobinha) Folha com tamanho médio
tamanho médio de 30-90 cm,
FAMÍLIA Meliaceae
Folha de 50-75 cm podendo atingir
América do Sul e Central, Ilhas do Caribe,
DISTRIBUIÇÃO com ponta mais até 110 cm, com
África Central e Oeste
fina a ponta mais
arredondada.

Apresenta um
Ecologia umbigo maior
Semente Umbigo menor
A andirobeira é uma árvore que pode atin- sem sujeira
(uma casquinha)
gir 30 metros de altura que ocorre preferen-

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Andiroba ou Andirobinha
Fonte: Isolde Ferraz e Andreza
Mendonça

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
        
FRUTO FRUTO FRUTO FRUTO FRUTO FRUTO FLOR FLOR FLOR

Época de Floração e Frutificação da Andiroba/Andirobinha (em Silves).

Densidade Legislação

Geralmente ocorrem de 1 a 20 indivíduos por A legislação que permeia a cadeia produtiva


hectare, sendo que a densidade é maior em da andiroba:
áreas de várzea que em terra firme. • Decreto Estadual No 25.044 de 01.06.2005, que
proíbe o licenciamento do corte, transporte e co-
Produção mercialização de madeira de andiroba e copaíba;
• Instrução Normativa IBAMA, No 112 de
Uma árvore pode produzir 180 – 200 kg de 21.08.2006, define que não precisa de Do-
frutos, mas as quantidades podem variar cumento de Origem Florestal - DOF para o
muito entre árvores e áreas de coleta. transporte de óleo de andiroba.

15
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

• Instrução Normativa MMA, No 5 de 11.12.2006 algumas sementes para alimentação da fau-


estabelece que, para produtos florestais não- na e para regeneração natural. Em Silves, as
madeireiros não é necessário a autorização coletoras deixam a primeira e última remes-
de transporte (ou DOF), não é obrigatório ela- sa no chão, para estes fins. Durante a coleta
borar um Plano de Manejo. Porém, as asso- deverão ser evitadas sementes furadas, pre-
ciações comunitárias, proprietários rurais ou tas (apodrecidas), ocas, muito leves e ger-
posseiros deverão cadastrar-se no Cadastro minadas.
Técnico Federal (IBAMA), e informar ao órgão
ambiental estadual (IPAAM, no caso do estado Pós-coleta
do Amazonas) sobre as atividades realizadas
na área (como, por exemplo, espécies, produ- Armazenamento
tos e quantidades extraídos).
Nunca utilize recipientes de produtos químicos
Pré- coleta (combustível, agrotóxico e outros), para guar-
dar ou transportar as sementes, pois estes re-
Durante o inventário serão registradas as an- cipientes poderão contaminar e prejudicar a
dirobeiras com a circunferência mínima de qualidade de sua produção.
20 cm (árvores adultas) para a produção. Pode Em caso da impossibilidade de transporte
se medir também as árvores menores, pois imediato das sementes, deixe-as espalhadas
servirão para futuras coletas (árvores futuras). em estrutura, como jirais coberto, por no má-
Observe a presença de cipós na copa ou ximo 4 dias. As sementes úmidas de andiroba
tronco e caso isto ocorra, faça uma limpe- germinam ou apodrecem facilmente, por isso,
za. Observe também se a árvore esta sau- evite guardá-las por muito tempo.
dável: sem danificações no tronco e copa,
ausência de parasitas, ou se a árvore está Transporte
morrendo.
Verifique também, se as árvores escolhidas Após a coleta, faça o transporte das semen-
para a coleta pertencem à espécie andiroba tes em recipientes limpos e arejados, o mais
ou andirobinha. Caso ambas as espécies estão rápido possível para evitar a contaminação
presentes em sua área, recomenda se não mis- por fungos ou outros que possam prejudicar a
turar às sementes coletadas, guardando as em qualidade do produto.
sacos distintos, identificados devidamente. Transporte as sementes da floresta para a
comunidade em sacos de ráfia (fibra natural
Coleta ou de nylon), cestos ou sacos plásticos. Re-
comenda-se o uso dos sacos apenas para o
Colete as sementes do chão, diariamente, ou transporte das sementes, não os reutilizando
semanalmente e, não se esqueça de deixar para outras finalidades.

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Monitoramento

Monitore a produção de sementes (saca, lata


ou outra forma de medição, de acordo com a
região), anotando a cada safra o número de
árvores produtivas, a quantidade produzida e
coletada.

Valor econômico das sementes

No Estado do Amazonas, o valor míni-


mo fixado é de R$ 1,00 por quilo, confor-
me a Resolução GSEFAZ No 007/2011. Em
Silves, as sementes são vendidas, em média,
Cozimento das sementes de andiroba.
a R$ 2,00 por quilo (2011). Foto: Andreza Mendonça

Beneficiamento
panela ou lata poderá ser tampada para acele-
Preparação das sementes rar o processo de cozimento.
Para verificar se a semente está cozida, reti-
Lave as sementes logo após a coleta em re uma de cima e outra do fundo da panela,
água limpa e corrente. Durante a lavagem quebrando a casca e verifique se a amêndoa
das sementes faça novamente uma seleção, está mole em ambas as sementes, o que in-
descartando as sementes furadas, ocas, ger- dica que está cozida.
minadas, roídas e apodrecidas.
As sementes deverão ser cozidas no mesmo dia Repouso
da chegada na comunidade, mas caso isso não
seja possível, as sementes deverão ser imersas Após o cozimento, derrama as sementes em
em água, por um período máximo de 24 horas. um paneiro, escoando a água. Deixe as se-
Há dois meios de beneficiamento:o tradicio- mentes secar bem, repousando por um pe-
nal (cozimento) e o processo mecanizado. ríodo de 15 – 20 dias, em local específico
(paiol ou galpão limpo, arejado e protegido
Cozimento da chuva) mexendo-as pelo menos uma vez
por dia. O tempo ideal para retirar as semen-
Cozinhe as sementes até amolecer a casca. O tes do repouso é quando a semente é que-
cozimento pode demorar cerca de 1 a 3 horas, brada e apertando a massa, percebe-se a
dependendo da quantidade de sementes. A presença do óleo.

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Preparo da massa o pão sobre uma superfície inclinada, prote-


gida de insetos e outros animais. A massa
Limpe e higienize o local do corte das semen- não pode pegar sereno ou chuva.
tes para evitar contaminação por fungos e ou- Mexa a massa pelo menos uma vez ao dia
tras impurezas. Não esquece de lavar as mãos ou quando diminuir o escorrimento do óleo.
e estar em condições higiênicas adequadas, Lave sempre as mãos antes e após o manu-
usando roupas limpas, luvas descartáveis e seio da massa.
touca durante o preparo da massa. O óleo deverá escorrer diretamente em um vasi-
lhame escuro específico para armazenamento.

!
No caso da infestação das sementes por fun-
!
gos, faça a limpeza antes de cortá-las. Pro- Recomendações: A superfície para escorri-
teja o nariz e a boca com máscara ou pano mento do óleo poderá ser de plástico de boa
limpo. qualidade ou aço inox. Utilize cobertura para os
locais de armazenamento da massa (filós, véus
etc.), evitando o contato direto da massa com
Corte as sementes cozidas com uma faca animais e insetos. Para evitar a contaminação
em cima de uma tábua limpa, descartando do produto, restrinja o acesso de pessoas e de
as que apresentarem apodrecimento. animais ao local de beneficiamento.
Retire a massa da amêndoa com auxílio de
uma colher de pau ou pequena escavadeira Em Silves, as mulheres tiram um litro de óleo
de madeira limpa, e coloque-a em uma ba- de Andiroba com três (03) quilos de massa.
cia plástica limpa, amassando bem até que
fique homogênea (de forma igual), como se
fosse massa de pão.
A partir dessa fase recomenda se evitar uten-
sílios de alumínio, zinco ou ferro pois estes
materiais reagem com os nutrientes do óleo
da andiroba produzindo um produto de baixa
qualidade. Melhor são utensílios de aço inox.

Extração do óleo

Extraia o óleo em local arejado, protegido da


Coagem do óleo de
chuva e de animais domésticos, moldando a andiroba.
massa em forma de pão. Após isto, coloque Foto: Claudia Ohanna

18
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Após a extração do óleo, coe em filtro de papel Não se esqueça de colocar uma etiqueta no
descartável (pode-se utilizar filtro para coar café) galão para rotular o produto, conforme mo-
ou peneira bem fina. Nunca use filtro de tecido. delo abaixo.
Não misture óleo de diferentes coletas e lo-
Armazenamento do óleo tes (coletados em comunidades diferentes).

Armazene o óleo em galão escuro (preto ou Produto: Óleo de Andiroba


azul), de material plástico, de primeiro uso e Origem: Comunidade Juriti
não reciclado. Os galões devem ficar em lo- Produtor: José Raimundo
cal seco, arejado e protegido da luz do sol.
Armazenamento: 10/02/2011

! Extração: 01/02/2011
No do Lote: 003/11
Não utilizar vasilhames onde foram guardados
produtos químicos ou combustíveis. Exemplo de ficha para rotulagem

Monitoramento
! Realize o monitoramento da produção de óleo
Não misture o óleo de copaíba com óleo de por coleta e lote. O lote poderá ser definido
cozinha ou óleo diesel. Isso pode gerar um pelo nome da comunidade onde foi realizada
ganho maior imediato, mas estraga e termina a coleta.
qualquer relação comercial.
Rendimento

As comunitárias em Silves relataram a obtenção


de um a cinco litros de óleo por lata de 18 litros
cheia de sementes. Uma lata cheia de sementes
possui cerca de 11 kg e contém, em média, 700
a 800 sementes da Carapa procera (Andirobi-
nha) ou cerca de 450 a 500 sementes da Carapa
guianensis (Andiroba) (Pellegrini 2009).

Valor econômico do óleo

Armazenamento do óleo em vidrarias e vasilhames.


O óleo de Andiroba é um dos óleos medicinais
diversos. Foto: Adriana Pellegrini mais procurados e vendidos na Amazônia. No

19
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Estado do Amazonas, o preço mínimo do litro Depois de seco, o material é armazenado


de óleo para a comercialização é de R$ 4,00, e em sacas limpas de fibra, por um período
para vendas para outros estados brasileiros é de no mínimo cinco dias. O tempo ideal
R$ 6,00. (SEFAZ, 2011) para retirar o material do repouso é quan-
Em Silves-AM, o litro do óleo de Andiroba é do ao apertar a massa, percebe-se a pre-
comercializado a R$ 20,00. sença do óleo.
O material é colocado na prensa seguindo
! as orientações de funcionamento de cada
equipamento. O óleo extraído é filtrado em
Os valores mínimos são revisados constan-
temente pela SEFAZ e é importante de in-
formar-se no escritório regional sobre a atual
legislação.

Processo mecanizado
Lave as sementes logo após a coleta em água
limpa e corrente. Durante a lavagem das semen-
tes faça novamente uma seleção, descartando
as sementes furadas, ocas, germinadas, roídas
e apodrecidas. A parte de cima na esquerda mostra os panos com
A seguir, as sementes são trituradas e colocadas malhas finas, fazendo o processo de filtragem.
Foto: Adriana Pellegrini
para secar em um tendal coberto, por no mínimo
1 – 2 dias para tirar o excesso de água.

Entrada das sementes trituradas

Produção de velas
Saída do óleo repelentes com
óleo de Andiroba.
Foto: Juvenal Pereira-
Prensa mecânica da AVIVE. Foto: Adriana Pellegrini WWF-Brasil

20
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

equipamento próprio e em seguida guarda- desde árvores pequenas até árvores de gran-
do em recipientes de vidro, de cor escura des dimensões ocupando o dossel da flores-
(âmbar) e etiquetados, informando todos os ta. Sua característica principal é a liberação de
dados anteriormente citados. resina aromática no tronco formando pelotas.
A árvore libera a resina após a realização de
Uso do óleo um corte no tronco, ou pode ser encontrada
naturalmente em várias regiões do tronco, do
O óleo de Andiroba é muito utilizado na qual é induzida por insetos.
medicina popular Amazônia para tratar
baques, inchaços, reumatismo, cicatrização Legislação
e recuperação da pele. Também pode ser
usado como repelente, além de diminuir as Não há restrições legais referentes o manejo
chances de inflamação em picadas de inse- da espécie.
tos.
Pré Coleta

Antes da coleta, faça um calendário facilitan-

Breu
do assim um melhor planejamento para reali-
zação dos trabalhos em campo. Informações
como o número de árvores com resinas (árvo-
res produtoras), localização geográfica, época
Protium spp., Tetragastris spp.,
de coleta, dentre outras informações deverão
NOME CIENTÍFICO
Trattinickia spp. estar contidas na ficha de inventário.
FAMÍLIA Burseraceae
Durante o inventário serão registradas breieiros
com a circunferência mínima de 10 cm para
Amazônia Legal , Piauí, Bahia, Minas Gerais,
DISTRIBUIÇÃO Goiás e emoutros países como Suriname,
a produção. Pode se medir também as árvores
Colômbia, Paraguai e Venezuela. menores, pois servirão para futuras coletas.
NOMES Observe a presença de cipós na copa ou tron-
Breuzinho, Breu branco, Almecegueira
POPULARES co e caso isto ocorra, faça uma limpeza. Ob-
serve também se a árvore esta saudável: sem
danificações no tronco e copa, ausência de
Ecologia parasitas, ou se a árvore está morrendo.
Devido a quantidade de diferentes espécies
O breieiro é encontrado facilmente e em gran- de Breu (cerca de 42 espécies, apenas na
de quantidade na floresta. É conhecido pela Amazônia) há uma grande confusão na iden-
sua diversidade e os nomes populares de tificação dos breieiros. Por isso é importante
acordo com cada região. Pode se observar realizar a identificação botânica das árvores

21
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
     
FRUTO FRUTO FRUTO FLOR FLOR FLOR

Época de Floração e Frutificação do Breu (em Silves).

escolhidas para o manejo não-madeireiro, Isto permite que a não entre em contato com
para garantir um produto padronizado e de me- sujeiras (terra, insetos, folhas etc.) , evitando
lhor qualidade. também o desperdício.

IDENTIFICAÇÂO BOTÂNICA

• Deve ser realizado por pessoas previamente


instruídas. Instituições públicas como o Herbá-
rio do INPA ou a UFAM em Manaus-AM dispo-
nibilizam–se com profissionais para estes fins.
• Deve se coletar material fértil da(s) árvore(s) es-
colhidas: Á partir de galhos com frutos ou flores,
preparar, secar e embrulhar estes materiais (cha-
mado de exsicata), conforme orientação dos téc-
nicos. É recomendável a anotação de qualquer
informação característica da árvore para facilitar
a identificação (por exemplo, cor da resina ou da
casca, local onde foi coletado etc.)
• O material deve ser levado ao Herbário do
INPA em Manaus, para fins de identificação
botânica.
•Após recebimento do laudo de identificação, re-
gistrar o nome científico na planilha de inventário.

Coleta

Primeiramente, estende uma tela (tipo som-


brite) ou uma lona plástica no chão, em volta
Coleta da resina (com foice).
da árvore selecionada para a coleta da resina. Fonte: Juvenal Pereira, WWF-Brasil

22
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Colete as pelotas de resinas no tronco, utilizan- rante o verão ou período de seca, para obter
do um terçado ou uma foice. Caso a resina se uma qualidade superior na extração do óleo
encontra acima do alcance, é necessário que essencial. Nesta época do ano o índice de
uma pessoa devidamente capacitada suba na umidade na resina é menor do que durante a
árvore, utilizando rappel (equipamento para época de chuva.
escalação) ou peçonha (método utilizado para Não colete resinas “velhas” (muito escuras
subir em açaizeiro ou bacabeira) e equipamentos e em decomposição) e resinas com muitas
de proteção individual - EPI, tais como capa- impurezas ou encontradas no solo. Também
cete, bota e luva. não devem ser coletadas aquelas com muitas
A coleta pode ser realizada durante o ano in- larvas de insetos. Neste caso, quebre a resi-
teiro, mas é recomendável coletar a resina du- na no meio e verifique se há buracos vazios,
indicando que o inseto não está mais presente
na resina.
Em árvores que estiverem caídas ou mortas,
coleta se toda a resina, evitando casca, folhas,
terra e outras impurezas.
Durante a coleta já deve ser feito a separação
de acordo com o tipo de resina. Por exemplo,
um saco de ráfia (fibra natural ou de nylon)
para breu-comum (coloração branca, cinza
claro e, ou cinza escuro) e outro para breu-
amarelo como é feito nas atividades comunitá-
rias coordenadas pela AVIVE.

Pelotas de resina em árvore inventariada (com plaque-


ta). Fonte: Juvenal Pereira, WWF-Brasil Diferentes tipos de breu. Fonte: Juvenal Pereira, WWF-Brasil

23
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

A resina de Breu comum tem cheiro mais forte, Monitoramento


ardido, impregnante (“que sobe logo na cabe- • O período de descanso sugerido, ou o
ça”). Já a resina de Breu amarelo tem cheiro período para retornar a mesma árvore para
mais suave e adocicado. coletar a mesma quantidade de resina, é de
dois (02) anos, caso a resinagem for induzi-
da por um corte no tronco. Dependendo da
espécie, este período de descanso pode ser
menor ou maior, por isso, um planejamento
da coleta organizada e um inventário preci-
so garantirão uma produção sustentável de
resina.
• O tempo mínimo de descanso entre uma co-
leta e outra, no caso de coleta de resina natu-
ral deverá ser de pelo menos de um (01) ano e
cinco (05) meses.
Monitore a produção de resina (saca, lata ou ou-
tra forma de medição, de acordo com a região),
anotando a cada safra o número de árvores pro-
Estendendo a tela antes da coleta do Breu.
Foto: Marcio João Neves Batista - AVIVE dutivas, a quantidade produzida e coletada.

Transporte Valor econômico


Após a coleta, o transporte das resinas da flores- Em Silves, um quilo de resina de Breu é vendi-
ta para a comunidade, deverá ser feito em sacos do na comunidade a R$ 2,50.
de ráfia (fibra natural ou de nylon), paneiros ou
sacos plásticos limpos, secos e arejados. Nunca
Beneficiamento
utilize recipientes que antes guardavam produ-
tos químicos (combustível, agrotóxico e outros), Limpeza e Armazenamento antes da ex-
pois estes poderão contaminar e prejudicar a tração do óleo essencial
qualidade do produto. Também não é recomen-
dável utilizar para outras finalidades os sacos nos Na comunidade, faça a limpeza das resinas,
quais foi transportada a resina, porque o próprio pese e armazene em sacos limpos de fibra e
breu tem cheiro tão forte que impregna nos sa- coloque em local seco e arejado. Identifique
cos e pode contaminar outros produtos. os sacos de acordo com o tipo de resina, data
Se as resinas não podem ser imediatamente de coleta, área de coleta, quantidade (em kg)
transportadas, deixá-las em local coberto, lim- e nome do coletor. Os sacos deverão ser iden-
po, seco e sem exposição à luz do Sol. tificados por lote (por comunidade).

24
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Extração do óleo

A extração do óleo da resina é feita através


da destilação. Pese a resina e em seguida co-
loque-a no destilador. A quantidade da resina
depende da capacidade do tamanho do apa-
relho. Por exemplo, o destilador da AVIVE tem
capacidade para 20 litros, e são colocados
3 kg de resina na panela.

Pilagem do Breu com madeira sem cheiro.


Foto: AVIVE

Resina de Breu na caldeira. Separação do óleo.


Foto: AVIVE Foto: Juvenal Pereira, WWF-
Brasil)

Em seguida, triture a resina com um pedaço


de madeira sem cheiro (ou pilão) até a resina
ficar moída (pó). Depois misture-a com água estar tampada, com fundo cortado e virada de
corrente limpa: para cada quilo de resina são cabeça para baixo, como mostra a foto acima.
necessários 2 litros de água. Feche o desti- Como o óleo essencial de Breu é mais leve
lador e coloque-o no fogão a gás construído que a água, ele se acumula em sua superfície
especificamente para este fim por, aproxima- como uma película. Abre a tampa e deixe a
damente 30 minutos, em temperatura média, água aromática escorrer em um recipiente lim-
até que a água destilada e o óleo essencial co- po e de vidro. Conforme a água desce, o óleo
meçam pingar no recipiente. essencial desce também e o fluxo deve ser
Para separar o óleo essencial da água coloque controlado cuidadosamente para evitar que o
o líquido morno em uma garrafa Pet, que deve óleo essencial não vai escorrer também para

25
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

o vidro. Caso isso aconteça deve se repetir o Não misture óleo essencial de diferentes co-
procedimento. Tendo todos os cuidados ficará letas e lotes (coletados em comunidades dife-
no funil apenas o óleo essencial. rentes).

Monitoramento

Realize o monitoramento da produção de


óleo por coleta e lote, que poderá ser defini-
do pelo nome da comunidade onde foi reali-
zada a coleta.

Rendimento e valor econômico

Com 60 kg de resina produz se um (01) litro


de óleo essencial. O preço de venda varia con-
Óleo Essencial separado. Fonte: Juvenal Pereira forme a quantidade de árvores manejadas, o
tempo gasto no percurso até a área de cole-
Armazenamento do óleo essencial ta, o número de pessoas a serem envolvidas,
custos do transporte até a destilaria e do mo-
Armazene o óleo em frascos de vidro, limpos
nitoramento.
e de coloração escura (cor âmbar). Não utilize
vasilhames de plástico, pois o óleo essencial
de Breu pode dissolver plástico. USO
Não se esqueça de colocar uma etiqueta nas
A resina é utilizada pela populações tradi-
embalagens para rotular o produto, conforme
cionais da Amazônia para ascender foguei-
modelo abaixo.
ra, como repelente contra insetos, em ritu-
Produto: Óleo Essencial de Breu
ais cerimoniais e na medicina popular, uti-
(nome científico) lizada como cicatrizante, antiinflamatório,
Origem: Fazenda 2000 UPA X Talhão YZ analgésico e expectorante. Também tem
Produtor: José Raimundo
uso na calafetação de canoas e barcos de
madeira, produção de verniz e fabricação
Armazenamento: 10/05/2011
de incensos.
Extração: 01/06/2011
O óleo essencial pode ser utilizado na pro-
No do Lote: 006/11
dução de perfumes, cosméticos e tem um
grande potencial para a indústria farmacêu-
Exemplo de ficha para rotulagem tica.

26
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Procedimento de destilação (resina de Breu e folhas de Puxuri):

Resfriamento do condensador
com água fria

Caldeira

Condensador
Destilação: A água dentro da caldeira é fervida
e desenvolve vapor que passa pelo cesto com
as folhas secas ou pela resina. Devido a pres-
são gerada pelo calor, a substância aromática
é extraida do material vegetal e transportada
Frasco Receptor através do condensador onde sai ao seu final, a
água aromática (do vapor ) e o óleo essencial,
Fonte de calor (gás)
pingando lentamente para dentro do frasco
receptor. Foto : Juvenal Pereira, WWF-Brasil

COPAÍBA
frutos são muito apreciados pelos animais
da floresta: arara, tucano, macaco, porquinho–
do-mato, queixada e veado. O óleo de Copaí-
ba, também chamado de óleo-resina e bálsa-
NOME CIENTÍFICO Copaifera multijuga mo, é distribuído no lenho da árvore em canais
FAMÍLIA Caesalpinaceae
verticais bem finos, e se acumula em peque-
nas bolsas em seu tronco. A árvore usa este
Florestas tropicais do Brasil, Colômbia,
DISTRIBUIÇÃO
Venezuela e Peru
óleo como uma defesa contra seus inimigos
naturais, como por exemplo, os cupins.

Ecologia
Densidade
A copaíba é uma árvore com mais de 25 me-
tros de altura, que tem na sua casca, folhas A copaibeira é uma árvore de densidade muito
e galhos, o cheiro característico do óleo. Os baixa (1 a 2 indivíduos por hectare). Mas podem

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
    
FRUTO FLOR FLOR FRUTO FRUTO

Época de Floração e Frutificação da Copaíba (em Silves).

27
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

ocorrer aglomerados de copaibeiras, chamados Coleta


de copaibal, com mais de 20 árvores por hecta-
re, como ocorre em uma área florestal da comu- Materiais utilizados para extração do óleo:
nidade Baixa Funda, no Município de Silves-AM.
• Trado de ¾” de 1,20 m de comprimento;
Legislação • Cano de ½ " (do tamanho do trado)
• Mangueira de borracha transparente de ¾”
A legislação que permeia a cadeia produtiva de 1,5m de comprimento;
da copaíba: • Vasilhame (corote) de plástico de 20 litros
• Decreto Estadual N˚ 25.044, de 01/06/05 transparente para a coleta em cada árvore
proíbe o licenciamento do corte, transporte e • Vasilhame (corote) de plástico de 50 litros
comercialização da madeira de Copaíba junta- azul com tampa;
mente com a Andiroba; • Lima triangular.
• Instrução Normativa MMA No 5, de 11/12/06
e Instrução Normativa SDS/IPAAM No 005, Extração do óleo
de 28/02/08, determina que as associações
comunitárias, empresas, proprietários ou pos-
suidores rurais que querem extrair o óleo Não extrair o óleo em época de floração e fru-
de Copaíba para a comercialização, devem tificação.
cadastrar-se no Cadastro Técnico Federal Não extrair óleo de árvores com danificações
(IBAMA), e informar ao órgão ambiental estadual no tronco e, ou copa.
(IPAAM no caso do estado do Amazonas) sobre Após o inventário da espécie, proceda a extra-
as atividades a serem realizadas (espécies, pro- ção do óleo, conforme as seguintes etapas:
dutos e quantidades extraídos) ou realizadas.
Fure a árvore escolhida com um trado
Pré-Coleta na altura do peito (1,30 m). Gire o trado
no sentido horário e anti-horário, para remover
Durante o inventário serão registradas as co- a serragem da madeira. O tronco deve ser fu-
paibeiras com a circunferência mínima de 40 rado até o meio ou centro da árvore.
cm (árvores adultas) para a produção. Pode
se medir também as árvores menores, pois !
servirão para futuras coletas.
Observe a presença de cipós na copa ou tron- Procure fazer o(s) furo(s) preferencialmente no
co e caso isto ocorra, faça uma limpeza. Ob- lado de inclinação da árvore, quando houver e
serve também se a árvore esta saudável: sem onde ocorrer rachaduras na casca, que indi-
danificações no tronco e copa, ausência de cam a provável localização do bolsão de óleo-
parasitas, ou se a árvore está morrendo. resina.

28
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Encaixe da
mangueira
transparente.
Foto: Juvenal Pereira,
WWF-Brasil

de madeira resistente (como uma rolha), para


Perfuração da árvore.
Foto: Juvenal Pereira, WWF-Brasil evitar a entrada de insetos e fungos, que pos-
sam causar doenças e prejudicar a árvore, im-
Caso a copaíbeira não tenha óleo, feche o ori-
pedindo também que o óleo escorra.
fício com um pedaço de madeira resistente
(como se fosse uma rolha), e faça um segundo
furo a 10 – 20 cm acima ou abaixo do primeiro
furo e em outro lado do tronco. É importante
fechar o orifício para impedir que a copaíba
seja atacada por fungos ou insetos.

Se sair óleo, imediatamente encaixe o


cano com a mangueira e o corote no
buraco do tronco, para evitar o desperdício
de óleo. Se o óleo estiver escorrendo deva-
gar, chupe a mangueira procurando puxar a
sujeira que estiver entupindo o cano.

Deixe a mangueira encaixada na árvore


até o dia seguinte, depois retire o corote
com o óleo. Retire a mangueira e feche o cano
O fechamento do orifício.
com uma tampa de PVC, ou utilizando pedaços Foto: Karina Lima

29
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Período de repouso Óleos de consistência (fino, grosso) e co-


entre coletas loração diferentes devem ser armazenados
O tempo mínimo de descanso para a árvore em recipientes distintos. O ideal é armaze-
entre uma extração e outra deve ser pelo me- nar o óleo de cada árvore separadamente
nos de três (03) a quatro (04) anos, para que para não comprometer a qualidade do pro-
a árvore possa se recuperar e produzir nova- duto.
mente o que foi extraído. Na ausência de garrafas de vidro, poderá uti-
Assim, para coletar óleo todos os anos é reco- lizar corotes de plástico. Mas não armazene
mendável dividir o número de árvores existen- o óleo mais que 3 meses nestes vasilhames,
tes na propriedade por três. porque estes podem sofrer uma reação e co-
Exemplo: meçar a se corroer.
Se em uma propriedade tem 60 árvores, a
cada ano devem ser furadas 20 (vinte) árvores
(caso o período de descanso seja de 3 anos).
!
No quarto ano volta-se a furar as primeiras vin- Não armazenar óleo na floresta.
te árvores. Se o buraco feito anteriormente es-
tiver fechado, retire o cano e abra novamente
o orifício com o trado.
Cada manejador deverá realizar a extração de
!
maneira correta, com o uso do trado e demais Não utilizar vasilhames onde foram guardados
materiais, garantindo uma extração sustentá- produtos químicos ou combustíveis.
vel do óleo de copaíba.
Lembre se de utilizar Equipamentos de Pro-
teção Individual (EPI) como: capacete, botas,
camisas de manga comprida, perneira contra
picada de cobra e calça comprida.
!
Não misture o óleo de copaíba com óleo de
Armazenamento cozinha ou óleo diesel. Isso pode gerar um
ganho maior imediato, mas estraga e termina
Após a coleta do óleo-resina, quantifique o mes- qualquer relação comercial.
mo ( em litros), e passa-o em peneira de malha
fina para reter impurezas adquiridas durante o
processo de coleta. Transfere o óleo filtrado para
Transporte
garrafas de vidro escuro ou garrafas de vidro
transparente, porém enrolados em papel alumí- O transporte da floresta até a comunidade ou
nio. Isto será feito para evitar o processo de oxi- até o ponto de venda deve ser realizado no
dação do óleo causado pela incidência de luz. próprio corote de coleta.

30
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Monitoramento
Após a coleta do óleo-resina deve ser feito
um monitoramento das árvores, observando e
anotando:
• Ocorrência de vazamentos de óleo, e manu-
tenção para solucionar o vazamento;
• Ocorrência de ataques de insetos, fungos e
outros (estado fitosanitário);
• Realize um monitoramento da regeneração
natural contando e anotando o número de
plântulas de copaíba sob a área da copa nas
suas respectivas matrizes.
• Utilize também uma planilha de controle da
produção do óleo-resina ao longo dos anos
e uma planilha de monitoramento conforme
Plântula de Copaíba.
quadros abaixo. (ver anexos). Foto: Juvenal Pereira, WWF-Brasil

Exemplo de planilha de controle de produção de óleo-resina:

N˚ árvore
CAP Produção Coloração Data de
Propriedade Parcela (mesmo do Espécie
(cm) (litro) do óleo coleta
inventário)
Copaifera amarelo claro
A 01 01 40.5 2 16/06/2011
Multijuga transparente

Copaifera amarelo claro


A 01 02 51.2 3 18/06/2011
Multijuga transparente

amarelo
Copaifera
B 01 01 68.7 2,5 escuro 14/07/2011
Multijuga
amarronzado

Copaifera Não
C 01 01 48.4 .... 14/07/2011
Multijuga produziu

.... .... .... .... .... .... .... ....

Fonte: Raquel Merdeiros

31
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Rendimento
Existem árvores que não produzem óleo CUMARU
nenhum e outras que chegam a dar mais de
30 litros. Em média uma árvore produz de 1 – 5
litros. Vale lembrar que de cada quatro árvores NOME CIENTÍFICO Dipteryx odorata
furadas apenas uma fornece óleo. FAMÍLIA Papilionoideae

DISTRIBUIÇÃO América Central e norte da América do Sul


Valor econômico do óleo-resina

No Estado do Amazonas, o preço mínimo para


a comercialização do óleo de Copaiba é de Ecologia
R$ 6,00, e para vendas para outros estados
brasileiros é R$ 9,00 o litro. (SEFAZ, 2011) O cumaruzeiro é uma árvore de grande
Em Silves, um litro do óleo-resina é comercia- porte, atingindo até 30 m de altura na flo-
lizado a R$ 20,00. resta e seu valor comercial está relaciona-
do principalmente com sua madeira, usado
! em construções navais e marcenaria. Seu
uso secundário esta no beneficiamento das
Nota: Os óleos vegetais extraídos da andiroba, favas pretas das quais se extrai industrial-
copaíba, castanha do Brasil, murumuru, baba- mente a cumarina, substância usada na
çu, urucuri, buriti, bacaba e patauá são isentos indústria de perfumes e cosméticos como
do ICMS quando a operação interna for rea- também para aromatizar tabaco. Os frutos
lizada por pessoa física que exerça atividade do cumaruzeiro são muito apreciados por
de extração, assim como por cooperativa ou morcegos.
associação que a represente, conforme Con-
vênio ICMS 58 05. Fonte: Resolução GSEFAZ N˚ 003/2011 Densidade

O cumaruzeiro é uma árvore de densidade


baixa (2,3 indivíduos por hectare).
Uso
O óleo é utilizado na fabricação de sabões, Produção de frutos e sementes
cosméticos, fabricação de velas para repelir
mosquitos e pode ser utilizado na medicina A frutificação do cumaruzeiro costuma ser
popular. O chá da casca é utilizado para tratar abundante na região amazônica.
doenças pulmonares, asma, para curar reu- Cada fruto contém uma semente. Uma árvore
matismo, problemas nos rins, expectorante, pode produzir cerca de 500 frutos que rendem
laxante etc. 3,6 kg de sementes frescas.

32
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
    
FRUTO FRUTO FRUTO FLOR FLOR

Época de Floração e Frutificação do Cumaru (em Silves).

Observe a presença de cipós na copa ou tron-


co e caso isto ocorra, faça uma limpeza. Ob-
serve também se a árvore esta saudável: sem
danificações no tronco e copa, ausência de
parasitas, ou se a árvore está morrendo.

Coleta
A coleta dos frutos de cumaru pode ser realizada
durante todo o período de frutificação: final da esta-
ção chuvosa e início da estação seca, geralmente
de Maio a Julho. Este período de frutificação pode
Semente de Cumaru.
Foto: Juvenal Pereira, WWF-Brasil variar conforme regime meteorológico.
Os frutos são coletados do chão, sendo coleta-
Legislação dos todos os que estiverem sob o domínio da
Não há restrições legais referentes o manejo copa da árvore. Para isto se determina um raio
da espécie. de coleta, que será de acordo com o diâmetro
médio da copa, conforme o desenho a seguir:
Pré Coleta

Durante o inventário observe se na copa ou


R
tronco existem a presença de cipós e caso isto
ocorra faça uma limpeza. Observe também se
as árvores estão saudáveis: sem danificações
no tronco e copa, ausência de parasitas, ou se
a árvore está morrendo. Serão registrados os
cumaruzeiros com a circunferência mínima de
15 cm para a produção. Pode se medir tam-
bém as árvores menores, pois servirão para
futuras coletas. Fonte: Raquel Medeiros

33
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Exemplo de cálculo para raio de coleta: Rodízio de árvores


A árvore escolhida tem um diâmetro maior
(D) de 15 m e um diâmetro menor (d) de 5 m: Deve se fazer um rodízio das árvores de
15 + 5= 20. Divida esta soma por 2 , obtendo cumaru que serão coletados os frutos, dei-
10 como diâmetro médio. xando sempre algumas árvores sem cole-
Dividindo 10 : 2 = 5, que é o número do raio tar os frutos em cada período de coleta.
de coleta. Ou seja, no raio de 5 m pode se co- Para cada 10 árvores selecionadas pode se
letar todos os frutos. deixar duas sem coletar os frutos (20 %), fa-
Os frutos que se encontram fora do raio de co- zendo o rodízio dessas árvores em cada pe-
leta estabelecido ficam para garantir a alimen- ríodo de coleta, ou seja, na próxima coleta
tação da fauna local e a regeneração natural. escolha duas árvores em que foram coleta-
No momento da coleta é muito importante dos os frutos e substitua pelas árvores que
atender aos seguintes requisitos: não sofreram coleta no período anterior con-
a) Serão coletadas apenas frutos sadios forme a Tabela abaixo.
(aqueles que não apresentarem sinais de Este procedimento de rodízio é muito im-
predação) visando não prejudicar a qualida- portante, pois possibilita a garantia de
de do óleo a ser extraído posteriormente. alimento para fauna local, a regeneração
b) Os frutos ou sementes que já germinaram natural da espécie e principalmente, a va-
não serão coletadas, sendo deixadas também riabilidade genética da população local de
para a regeneração natural. Cumaru.

No Coleta 1 Coleta 2 Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5


Parcela CAP
árvore (2009) (2010) (2011) (2012) (20013)
1 1 40 Coletada Coletada Coletar Sem coleta Coletar
1 2 52.1 Coletada Coletada Sem coleta Coletar Coletar
1 3 55.0 Sem coleta Coletada Coletar Coletar coletar
1 4 47.2 Coletada Sem coleta Coletar Coletar coletar
1 5 43.1 Coletada Coletada Coletar Coletar Sem coleta
1 6 58.9 Sem coleta Coletada Coletar Coletar coletar
1 7 62.3 Coletada Coletada Coletar Coletar Sem coleta
1 8 627.2 Coletada Sem coleta Coletar Coletar coletar
1 9 48.6 Coletada Coletada Sem coleta Coletar coletar
1 10 59.1 Coletada Coletada Coletar Sem coleta coletar
Fonte tabela: Raquel Medeiros

34
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

! so difícil e demorado devido a dureza do fruto,


tornando se necessário o uso de um ferro para
Não se esqueça de utilizar Equipamentos de quebrá-lo. Junte as sementes e a seguir colo-
Proteção Individual (EPI) como: capacete, que as para secar em um tendal ou em cima
botas, camisas de manga comprida, perneira de uma lona plástica em lugar arejado, limpo e
contra picada de cobra e calça comprida. protegido de chuvas e animais.
O período de secagem pode variar de região a
região. Para conferir se as sementes estão “no
Pós coleta
ponto”, se estão prontas para a extração do
óleo, quebre algumas e verifique se estão libe-
Armazenamento e transporte
rando gotinhas de óleo ou se há pequeninos
Coloque os frutos em sacos de fibra natural cristais brancos formados em cima da casca
e caso não irá transportá-los logo, guarde os marrom da semente.
sacos em lugar arejado, limpo e protegido das Antes de colocar as sementes secas na pren-
chuvas e de animais, para evitar a contamina- sa faça novamente uma seleção, descartando
ção por fungos ou outros que possam prejudi- as danificadas.
car a qualidade do produto.

Monitoramento
Monitore a produção de sementes (saca, lata ou
outra forma de medição, de acordo com a região),
anotando a cada safra o número de árvores produ-
tivas, a quantidade produzida e coletada.
Realize também um monitoramento da rege-
neração natural e da produção de sementes
ao longo do tempo (a cada período de coleta).
Será feita a contagem de plântulas de cumaru
sob a área da copa nas suas respectivas ma-
trizes. Esta regeneração natural será referente
Mulheres selecionando sementes de Cumaru. Foto: Avive
às sementes que já estavam germinando no
momento da coleta.
Extração do óleo e armazenagem
Beneficiamento
O material é colocado na prensa seguindo as
Preparação das sementes
orientações de funcionamento de cada equi-
Cada fruto deve ser quebrado manualmente pamento. O óleo extraído é filtrado em equipa-
para a retirada da semente, o que é um proces- mento próprio e em seguida armazenado em

35
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

recipientes de vidro, de cor escura (âmbar) ou Rendimento e valor


vidro transparente, neste caso, o recipiente será econômico do óleo
enrolado em papel alumínio para evitar processo
de oxidação causado pela incidência de luz. São necessários 12 (doze) kg de sementes
Não esquece de etiquetar os recipientes, con- para extrair um litro de óleo.
forme modelo abaixo. O preço de venda varia conforme o estoque do
Não misture óleo de diferentes coletas e lotes recurso natura disponível, o tempo gasto no per-
(coletados em comunidades diferentes). curso até a área de coleta, o número de pessoas
a serem envolvidas e o custo do transporte até a
unidade extratora e do monitoramento.
Produto: Óleo Essencial de Cumaru
Origem: Comunidade Jacú
Produtor: José Raimundo USO
Armazenamento: 19/02/2011
As sementes são produto de exportação e tem
Extração: 09/02/2011
uso nas indústrias de perfumaria e tabaco.
No do Lote: 23/11
Em Silves, o uso medicinal do óleo é para tratar dor
de ouvido, pingando 1 ou 2 gotas num chumaço
Exemplo de ficha para rotulagem. de algodão e colocando-o no ouvido inflamado.
O óleo de Cumaru contem mais de 95% de
Cumarina, uma substância química considera-
! da tóxica.

Não utilizar vasilhames onde foram guardados

PUXURI
produtos químicos ou combustíveis.

!
NOME CIENTÍFICO Licaria puchury major (Mart.)
Não misture o óleo de copaíba com óleo de co- FAMÍLIA Lauraceae
zinha. Isso pode gerar um ganho maior imediato,
DISTRIBUIÇÃO Região do médio e baixo Amazonas
mas estraga e termina qualquer relação comercial.

Monitoramento do óleo Ecologia

Realize o monitoramento da produção de óleo por O Puxurizeiro é uma árvore de médio porte que
coleta e lote, que poderá ser definido pelo nome prefere as áreas de várzea dos rios Amazonas,
da comunidade onde foi realizada a coleta. Madeira e Solimões.

36
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
    
FRUTO FRUTO FRUTO FLOR FLOR

Época de Floração e Frutificação do Puxuri (em Silves).

Densidade Serão registrados os puxurizeiros com a circun-


Em Silves, o puxurizeiro tem densidade ferência mínima de 15 cm (árvores adultas) para
baixa, sendo encontrado apenas em uma a produção. Pode se medir também as árvores
comunidade (Divino Espirito Santo do menores, pois servirão para futuras coletas.
Paranazinho Pai Tomáz – rio Amazonas),
enquanto na região de Borba-AM e Nova Coleta de frutos
Olinda-AM (rio Madeira) há populações
mais densas. A coleta dos frutos de puxuri pode ser realiza-
da durante todo o período de frutificação. Este
Produção período pode variar conforme mudanças no
regime meteorológico.
A frutificação do puxurizeiro costuma ser abun-
dante. Uma árvore adulta produz em média
15 kg de frutos cada safra.

Legislação

Não há restrições legais referentes o manejo


da espécie.

Pré Coleta

Durante o inventário observe se na copa ou


tronco existem a presença de cipós e caso isto
Coleta de frutos de Puxuri.
ocorra faça uma limpeza. Observe também se a Foto: Marcio João Neves Batista

árvore esta saudável: sem danificações no tron-


co e copa, ausência de parasitas, ou se a árvore Na área de coleta, os frutos são coletados do chão
está morrendo. e colocados na sacola plástica, deixando no solo

37
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

10 % da produção total de cada árvore para a fau- que cobre o fruto possa apodrecer e tornar-
na e fins de regeneração natural. Deve se utilizar se mais fácil o processo de limpeza destes.
Equipamento de Proteção Individual – EPI.
Pós Coleta (secagem)
Transporte

Foto: Márcio João Neves Batista

Quando a casca do fruto esta se soltando, lava se


Foto: Márcio João Neves Batista
bem para tirar o excesso, deixando as sementes
Frutos coletados e prontos a serem transpor- limpas. As sementes são colocadas e armazena-
tadas na canoa até a comunidade. das na comunidade em caixas de madeira, ou co-
locadas diretamente em tendais para secagem.

Parecido com o fruto do uixi liso, o fruto do Puxurizeiro


Foto: Márcio João Neves Batista possui uma proteção que o segura na árvore e que
ao cair se dispersa da árvore e do fruto. Ao lado do
fruto verde está uma semente com a casca já seca e a
Na comunidade, os frutos são despejados seguir, uma metade da semente seca.
em uma caixa de madeira, para que a casca Foto: Robert Viana Campos

38
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

do tempo (a cada período de coleta). Será feita


a contagem de plântulas de puxuri sob a área da
copa nas suas respectivas matrizes. Esta rege-
neração natural será referente às sementes que
já estavam germinando no momento da coleta.

Valor econômico das sementes


As sementes aromáticas do puxurizeiro já fo-
ram produto de exportação desde o século
XVII e hoje são comercializadas em feiras re-
gionais e muito procuradas devido suas pro-
Fruto coletado do chão e limpo. Foto: Márcio João Neves Batista
priedades medicinais.
Em Silves, o quilo de sementes de puxuri é ven-
dido na comunidade a R$ 20,00 o quilo (2011).

Coleta de Folhas para


fins de destilação
A coleta acontece dois meses após a frutifica-
ção, quando o puxurizeiro renova suas folhas
e as secas caiem no chão.
Como o puxurizeiro prefere áreas de várzea e
estas ficam bastante tempo inundadas e ou en-
charcadas, deve se esticar uma tela debaixo da
Sementes secas e limpas, prontas para serem
vendidas. Foto: Juvenal Pereira/ WWF-Brasil árvore, evitando o apodrecimento das folhas.

Transporte
As sementes secas devem ser transportadas
em sacos limpos de fibra.

Monitoramento
Monitore a produção de sementes (saca, lata
ou outra forma de medição, de acordo com a
região), anotando, a cada safra, a quantidade
produzida e o número de árvores produtivas.
Anote a quantidade coletada durante a coleta.
Realize também um monitoramento da regenera-
ção natural e da produção de sementes ao longo Coleta de folhas de Puxuri. Foto: Marcio João Neves Batista/AVIVE

39
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Armazenagem e Transporte
As folhas coletadas são colocadas em sacos
de fibra, limpos e estes devem ser guardados
em lugar arejado, seco e protegido de chuva.

Valor econômico

Em Silves-AM, na comunidade, uma saca de


folhas frescas ou secas, pesando 10 kg é co-
mercializada a R$ 10,00.

Monitoramento Foto: Márcio João Neves Batista – AVIVE

Monitore a produção de folhas (saca, lata ou ou-


tra forma de medição, de acordo com a região),
anotando, a cada safra, a quantidade produzida
e o número de árvores produtivas. Anote a quan-
tidade de folhas (kg) durante a coleta.

Beneficiamento

Extração do Óleo essencial de Puxuri

A extração do óleo essencial das folhas é


feita através da destilação. Pese as folhas Foto: Juvenal Pereira, WWF-Brasil

e em seguida coloque-as no cesto que vai


Por final deve se filtrar e separar o óleo essen-
dentro da caldeira. A quantidade das fo-
cial da água aromática.
lhas depende da capacidade do tamanho
do aparelho. Por exemplo, o destilador da
AVIVE tem capacidade para 20 litros, e são
colocados 2 kg de folhas no cesto, que
posteriormente é inserido na panela para
iniciar a destilação.
Feche o destilador e coloque-o no fogão a gás
construído especificamente para estes fins,
por aproximadamente 90 minutos em tempe-
ratura média, até que a água destilada e o óleo
essencial começam pingar no recipiente. Foto: Juvenal Pereira, WWF-Brasil

40
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Armazenamento do óleo essencial Por conter Safrol, um ingrediente tóxico ao or-


Armazene o óleo em frascos de vidro, lim- ganismo, o uso e a aplicação do óleo de Puxu-
pos e de coloração escura (cor âmbar). Não ri deve ser orientado por um profissional, aro-
utilize vasilhames de plástico, pois o óleo es- materapeuta e/ou médico homeopata.
sencial de Puxuri é muito agressivo e dissol-
ve o plástico. REGULARIZAÇÃO DA
Não se esqueça de colocar uma etiqueta nas
embalagens para rotular o produto, conforme
ATIVIDADE EXTRATIVISTA
modelo abaixo.
NãO-MADEIREIRA
Não misture óleo essencial de diferentes coletas
e lotes (coletados em comunidades diferentes). “A regularização ambiental de qualquer
atividade produtiva, além de obrigatória,
Monitoramento constitui-se em uma medida essencial
Realize o monitoramento da produção de óleo para a sustentabilidade socioambiental. O
por coleta e lote, que poderá ser cumprimento da legislação ambiental re-
definido pelo nome da comunidade onde foi presenta uma grande oportunidade para
realizada a coleta. a diminuição dos custos de produção, e
para a melhora da qualidade de vida dos
Rendimento e valor econômico seres humanos e das demais formas vivas.
Com 40 kg de folhas secas produz se um O cumprimento da Legislação ambiental
(01) litro de óleo essencial. O preço de ven- possibilita, também, o surgimento de no-
da do óleo essencial varia conforme o es- vos negócios. Ao mesmo tempo, favorece
toque do recurso natura disponível, o tem- a conservação do maior patrimônio do pro-
po gasto no percurso até a área de coleta, dutor:”
o número de pessoas a serem envolvidas, (Citado da Cartilha: Responsabilidade Ambiental na Produção Agrícola,
empresa BUNGE, página 8)
o custo do transporte até a destilaria e do
monitoramento.
Quando os produtos florestais não-ma-
USO
deireiros (frutos, sementes, folhas e ga-
As sementes vêm sendo utilizadas na medici- lhos, resinas, óleo-resina e outros) são
na popular no tratamento de insônia e irritabili- extraídos para uso próprio da família,
dade de adultos e crianças. não é necessária a autorização do IBA-
O chá das folhas e sementes é indicado para MA ou órgão ambiental estadual. Mas
indigestão e males do estômago. quando se visa a comercialização destes
As propriedades medicinais, como anti-sép- produtos, alguns requisitos legais de-
tico e diurético, têm utilidade no tratamento vem ser atendidos conforme apresenta-
de gota e doenças reumáticas. do a seguir:

41
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

O que fazer? Cadastro Técnico Federal - CTF


Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais

O que é? A regularização das atividades extrativistas (madeireiras e não-madeireiras) junto


ao IBAMA.
Quem deve fazê-lo? Extrativistas (pessoa física) e Associação ou Cooperativa (pessoa jurídica).
Como e onde? O registro deve ser feito via internet, e se a organização ou pessoa não possui
acesso a este meio deve procurar ajuda com os técnicos do escritório local do
IDAM, na Prefeitura (Secretaria de Produção ou do Meio Ambiente), Sindicato,
organizações não governamentais no Município, como também pode freqüentar o
Telecentro em sua cidade ou comunidade.
Qual é o custo? Gratuito
Quais são os documentos Os dados (CPF, endereço entre outros) são informados on-line, na página do
necessários? Ibama: http://serviços.ibama.gov.br/cogeq/
Legislação vigente Instrução Normativa N˚ 31/2009
Manual do Sistema

O que fazer? DECLARAÇAO DE APTIDÃO AO PRONAF (DAP)


O que é ? DAP é o instrumento que identifica os agricultores familiares e/ou suas formas associativas
organizadas em pessoas jurídicas, aptos a realizarem operações de crédito rural ao amparo do
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF.
DAP é a condição necessária para que os agricultores/coletores tenham acesso aos incentivos
desta Política Nacional de Valorização dos Produtos da Sociobiodiversidade, com base na
geração de renda nas UC´s.
Quem deve Agricultores, Agricultoras, Extrativistas.
fazê-lo? A unidade familiar para os fins de emissão das DAP´s, compreende o conjunto da família
(marido ou companheiro, esposa ou companheira, e filhos) e eventuais agregados(as) que
explorem o mesmo estabelecimento rural sob as mais variadas condições de posse, sob gestão
restritamente da família, incluídos os casos em que o estabelecimento seja explorado por
indivíduo sem família.
Como e onde? Dirigir se ao escritório local do IDAM de sua região.
Acesse também: http://www.mda.gov.br/portal/saf/institucional/declaracaoaptidaopronaf
Qual é o custo? Gratuito. As instituições autorizadas a emitirem DAP não podem cobrar qualquer custo pela sua
emissão.
Quais são os Identidade e CPF
documentos Comprovante da propriedade ou posse
necessários?
Legislação Resolução do Conselho Monetário Nacional, que atribui ao MDA a responsabilidade pelo
vigente processo de emissão de DAP - Portaria N˚ 12/2010 - Manual da DAP

42
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

O que fazer? CADASTRO AMBIENTAL RURAL- CAR/AM


O que é? Regularização ambiental do imóvel rural no que se refere à recuperação do passivo ambiental em
área de preservação permanente e/ou reserva legal, incentivando também a manutenção destas
áreas. O CAR é um instrumento de identificação do imóvel rural. O documento terá um número
único que constará em todas as licenças, autorizações e outros documentos emitidos para a
regularização ambiental da propriedade rural.
Quem deve fazê-lo? Proprietário ou posseiro
Como e onde? O CAR consiste no registro físico ou eletrônico (preencher formulário) dos imóveis rurais
junto ao órgão competente, por meio da caracterização/ georeferenciamento da área total da
propriedade, áreas de uso alternativo do solo, Área de Reserva Legal, Áreas de Preservação
Permanente, áreas erodidas e solos contaminados, áreas de remanescentes de vegetação
nativa e a área proposta de Reserva Legal, para fins de monitoramento, controle, planejamento
e regularização ambiental dos Imóveis Rurais. (SDS, 2011).
Qual é o custo? Gratuito
Quais são os Identidade e CPF
documentos Comprovante da propriedade ou posse
necessários?
Legislação vigente Lei estadual N˚ 3635/2011

O que fazer? Regularização Fundiária


O que é? É a legalização da propriedade rural, concedendo ao proprietário um documento que comprova
sua posse, reconhecendo que ele tem direitos sobre esta terra. O documento é necessário para ter
acesso às linhas de credito, para o CAR e DAP entre outros cadastros federais e estaduais.
Quem deve fazê-lo? Proprietários (as) de terras
Como e onde? Verifique junto ao setor de terras em seu município se a área de sua propriedade esta sob
domínio federal, estadual ou municipal, para saber a quem deve solicitar a regularização:
Terras da União (federal) - responsabilidade do INCRA
Terras do Estado – responsabilidade do ITEAM (Amazonas)
Terras Municipais - responsabilidade do Setor de Terras do Município
Os técnicos em cada repartição irão lhe informar sobre os procedimentos necessários para obter
a regularização fundiária.
Qual é o custo? Cada instituição tem valores próprios que serão informados junto com os procedimentos.
Quais são os Identidade e CPF
documentos Certidão de Casamento (Civil)
necessários? Certidão de Nascimento dos filhos menores (até 17 anos)
Procuração (se necessário)
Identidade e CPF do procurador
Recibo de compra e venda
Legislação vigente Lei N˚ 2754/2002 – Lei Estadual de Terras (AM)

43
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

O que fazer? CARTEIRA ESTADUAL DO PRODUTOR


O que é ? Regularização fiscal da atividade extrativista. O documento facilita e valoriza
a atividade do extrativista e agricultor(a) na compra ou venda de produtos
florestais não-madeireiros, permitindo a emissão de nota fiscal.
A carteira isenta o extrativista e produtor(a) do pagamento do ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) dentro do Estado, no momento da
aquisição de ferramentas, matérias-primas, insumos, e materiais necessários
para o desenvolvimento das atividades extrativista e da agricultura.
Quem deve fazê-lo? Agricultores, Agricultoras, Extrativistas.
Como e onde? É concedido pelo Governo do Estado. O cadastro deve ser feito na SEFAZ em
Manaus ou em um dos escritórios regionais. Além da SEFAZ, a carteira pode
ser expedida pelo IDAM e o SEBRAE.
Qual é o custo? Gratuito
Quais são os documentos Identidade e CPF
necessários? Declaração de Produtor Rural expedido pelo IDAM.
Legislação vigente? Programa criado em 2005, pelo então Governador Eduardo Braga

Informações úteis encontram se nas seguintes páginas da internet


IBAMA – www.ibama.gov.br (sobre CTF)
IDAM – www.idam.am.gov.br
IPAAM – www.ipaam.am.gov.br (sobre CAR)
ITEAM – www.iteam.am.gov.br (sobre regularização fundiária)
MDA – www.mda.gov.br (sobre DAP)
www.fairwild.org/document-archive (Estândar e ISSC em português)

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

Anexos
SIGLAS
AVIVE – Associação Vida Verde da Amazônia
CAP – Circunferência a altura do peito
CAR – Cadastro Ambiental Rural
CTF – Cadastro Técnico Federal
DOF – Documento de origem florestal
EPI – Equipamentos de proteção individual
FSC – Forest Stewartship Council (Certificação florestal)
IBAMA – Instituto Brasileiro Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
ICEI – Instituto de Cooperação Econômica Internacional
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IDAM – Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
IPAAM – Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas
ISSC –MAP – Padrão Internacional para a Coleta Silvestre Sustentável de Plantas Medicinais e Aromáticas
ITEAM – Instituto de Terras do Amazonas
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
PFNM – Produtos Florestais não-madeireiros
PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SDS – Secretaria de Estado e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas
SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Amazonas
SEFAZ – Secretaria da Fazenda - Governo do Amazonas
UC – Unidade de Conservação
UFAM – Universidade Federal do Amazonas
UICN – União Mundial para a Conservação da Natureza
UPA – Unidade de Produção Anual
WWF – World Wildlife Found/Fundo Mundial para a Preservação da Vida Silvestre

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO FLORESTAL DE ESPÉCIES NÃO MADEIREIRAS

BIBLIOGRAFIA
Carvalheiro, K.O.; Treccani, G.D; Ehringhaus, C.; Vieira, P.A. Trilhas da Regularização
Fundiária para Populações nas Florestas Amazônicas. Belém-PA: CIFOR, FASE, 2008.
Clay, J.W; Sampaio, P.T.B.; Clement, C.R. Biodiversidade amazônica: exemplos e estratégias de
utilização. Manaus-AM: INPA, Co-Edição SEBRAE, 1999.
Leite, A.; Alechandre, A.; Rigamonte-Azevedo, C; Campos, C.A.; Oliveira A. Recomenda-
ções para o manejo sustentável do óleo de copaíba. Rio Branco-AC: UFAC/SEFE, 2001.
Mendonça, A. Verificação e avaliação das Sinergias entre as práticas/sistemas locais de coleta e
manejo das espécies selecionadas pela AVIVE e as demandas do Padrão ISSC-MAP. (Relatório da Con-
sultoria) Projeto Salvando Plantas que salvam Vidas e Meios de Vida, Manaus-AM: UICN, AVIVE, 2009.
Não publicado.
Pellegrini, A. Levantamento de estruturas de comercio/mercado e cadeia produtiva no município de
Silves das espécies de plantas medicinais e aromáticas (PMA) selecionadas pela a AVIVE para a implan-
tação do Padrão ISSC-MAP. (Relatório da Consultoria) Projeto Salvando Plantas que salvam Vidas e
Meios de Vida, Manaus-AM: UICN, AVIVE, 2009. Não publicado.
Pinto, A.; Amaral, P.; Gaia, C.; Oliveira, W.de. Boas Práticas para Manejo Florestal e Agroindustrial.
Belém-PA: Imazon, Sebrae, 2010.
PWA. III Reformulação do Plano de Manejo Florestal – item XX, Produtos Florestais não-madeireiros,.
Itacoatiara-AM: Precious Woods Amazon ̸ Mil Madeiras Preciosas Ltda. , 2010. Não publicado.
Shanley, P. Medina, G. Frutíferas e Plantas Úteis na Vida Amazônica. Belém-PA: CIFOR, IMAZON,
2005.
Medeiros, R. Plano Anual de Coleta de Produtos Florestais Não-Madeireiros. Silves-AM, 2009. Não
publicado;
Cartilha Responsabilidade Ambiental na Produção Agrícola. Bunge, MMA
http://www.iteam.am.gov.br ̸ pagina_interna.php ? cod=13; acesso em 28.06.2011
http: // www.sds.am.gov.br/índex.php/noticias/ 41-news/433-cadastro-ambiental-rural-do-amazonas-
tem-aprovacao-total-da-ale.html; acesso em 28.06.2011.

Exemplos de fichas de inventário e de campo

Nas páginas seguintes estão alguns exemplos de fichas usadas para inventariar espécies no tra-
balho de campo:

46
INVENTÁRIO FLORESTAL NÃO-MADEIREIRO - 100 %
Período: 01 a 07 de Setembro de 2009 INFORMAÇÕES DA TABELA:
Comunidade: São João Nº Arv: Corresponde ao número atribuído a árvore no campo e que consta em sua placa de identificação.
X: posição de cada indivíduo inventariado dentro da quadra, distância em metro da picada a esquerda
Proprietário: Sr. José Silva
entrando na quadra.
Ambiente: Terra-firme Y: distância em metros do indivíduo ao longo da quadra, tendo como base a picada no início da quadra.
Parcela: 01 Linha: Eixo de Y, correspondente a picada de orientação ao longo da quadra.
Área Inventariada: 20ha Quadra: parcelas implementadas no campo, possuindo 25m de largura por 800m de comprimento
Técnico Responsável: Marcus Santos Direção: forma de caminhamento dentro da quadra, tomando como base a picada no início da quadra.
Total de espécies inventariadas: 11 Sentido: Tomada de dados do anotador caminhando ao longo do eixo de Y.
Total de indivíduos: 462 CAP: Circunferencia a Altura do Peito (1,30m) em centímetro.
H: Altura em metros de cada indivíduo, tomada da base do tronco até a altura mediana da copa nas
Espécie de maior ocorrência: Breu-vermelho (240)
bifurcações mais grossas.
Espécie de maior interesse: Preciosa (15) CAP(m): Conversão em metros do CAP
Total de indivíduos: 462 DAP: Diâmetro a Altura do Peito (1,30m), obtido pela fórmula DAP= CAP/PI.
“Top: Topografia do terreno, tendo como indicação PL=Plano; DS= Descida Suave; ENC= Encosta; IG=
Igarapé; SS= Subida Suave.”
No Nome Coord. CAP Nº de
Nome científico X Y Linha Quadra Direção Sentido H Top Fert OBS
Arv popular (GPS) (cm) cacho
1 Breu-vermelho Protium rubrum 5 1 0 1 Entrada Direita 72 15 PL sim -
Com
2 Breu-branco Protium nodolosum 8 32 0 1 Entrada Direita 52 18 PL não -
Resina
Com
3 Breu-Amarelo Protium sp. 4 104 0 1 Entrada Direita 85 14 Enc não -
resina
4 Breu-branco Protium nodolosum 1 108 0 1 Entrada Direita 80 12 Enc não -
Com
5 Breu-branco Protium nodolosum 19 112 0 1 Entrada Direita 37 12 Enc não -
resina
6 Buriti Mauritia flexuosa 2 172 0 1 Entrada Direita 110 30 Ig sim 3 Com frutos
7 Buriti Mauritia flexuosa 1 172 0 1 Entrada Direita 100 30 Ig não -
Vestígio
8 Buriti Mauritia flexuosa 1,5 178 0 1 Entrada Direita 102 35 Ig não -
de fauna
9
10
FICHA DE CAMPO Tamanho CAP Hora Hora
Inventário Florestal Não-Madeireiro da área mínimo Início fim

Proprietário: Data: Técnico Resposável: Nº DA FICHA

Comunidade: Município: Ambiente: Nº da Area Coordenada I Coordenada II Coordenada III Coordenada IV

Nome Quantidade
Nº Arv. Quad. Direção Cap (cm) H (m) Ponto GPS Classe Fert. Observação
Popular por Producao

Legenda: Quad. Quadra H: Altura total CAP: Circunferência à Altura do Peito Fert: fertilidade(Sim ou Não)
FICHA DE CAMPO - Monitoramento das árvores - Copaíba
Proprietário: Coletor de dados: Técnico responável:
MONITORAMENTO

Local: Data: Ambiente: Parcela:


Vazamento Estado fitosanitário

Nº Árvore
1 semana 6 meses 12 meses
Coleta Parcela (mesmo do Espécie CAP (cm) Altura (m) Produção
após extração após extração após extração
inventário)
FICHA DE CAMPO - Coleta de óleo-resina de Copaíba
Proprietário: Técnico responável: Coletor de dados:

Local: Ambiente: Parcela: Hora de Inicio: Hora do Final: Nº da Ficha:

Nº Árvore (mesmo Espécie CAP (cm) Altura (m) Produção (litro) Coloração do óleo Data de coleta
do inventário)
FICHA DE CAMPO - Coleta de __________________________
Proprietário: Técnico responável: Coletor de dados:

Local: Ambiente: Parcela: Hora de Início: Hora do Final: Nº da Ficha:

Nº Árvore (mesmo do CAP (cm) Altura (m) Produção (kg) Data de coleta Observação
inventário)
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