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Prefeitura Municipal de Marília

ESTADO DE SAO PAULO

DECRETO NÚMERO 12 7 12 DE 24 DE MAIO DE 2019

REGULAMENTA O BANCO DE HORAS E A COMPENSAÇÃO PARA OS


SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA E
INDIRETA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS

DANIEL ALONSO,Prefeito Municipal de Marília, no uso das atribuições


que lhe confere o inciso VI do art. 63 da Lei Orgânica do Município e em
conformidade com o disposto no art. 126-A e parágrafo único da Lei
Complementar n° 11, de 17 de dezembro de 1991 (Estatuto do Servidor
Público Municipal), incluído pela Lei Complementar n° 766, de 20 de
janeiro de 2017, em consonância com o art. 39, § 3° e art. 7°, inciso XIII,
da Constituição da Republica Federativa do Brasil;

CONSIDERANDO que o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo


instaurou processo para tratar de análise do pagamento de horas extras
acumuladas e prescritas, com possível prejuízo ao erário (TC-
003281/989/16);

CONSIDERANDO que na sentença proferida no referido processo foram


julgadas irregulares as despesas com o pagamento de horas extras, sendo
determinado ao Município que passe a exercer o efetivo controle sobre a
necessidade e a conseqüente concessão de horas extraordinárias de
trabalho, atentando para o instituto da prescrição nas futuras rescisões
trabalhistas e dando primazia à compensação de horas dentro do próprio
exercício;

CONSIDERANDO que o TCE afirmou que a "ausência de medidas por


parte das administrações passadas penaliza a Administração no qual o
termo de rescisão acontece", "praticamente não adota a política de
compensação de horas, o que seria mais econômico para o órgão e
saudável para o servidor que necessita de descanso", "deveria ter
promovido as competentes compensações", "o banco de horas destina-se
precipuamente ao conforto do próprio servidor público, devendo ser objeto
de regulamento que assegure a modicidade de sua exploração e privilegie
a compensação com descanso, em prazos razoáveis, preferencialmente
dentro do próprio mês de ocorrência", "a existência de expressiva
quantidade de horas represadas sugere a prática de política remuneratória
precária, ao arrepio da lei";

CONSIDERANDO que o TCE afirmou ainda que a Municipalidade deve


cuidar para que: I - não ocorra prejuízo ao serviço; II - dimensione-se
corretamente o quadro de servidores; III - conceda-se o descanso emi
prazo razoável; IV - não faça política remuneratória com a indenização de
direitos sociais destinados ao gozo;
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DECRETO 12712/19 -fl. 02-

CONSIDERANDO o contido no relatório da Comissão Especial de


Gestão de Pessoas, nomeada pela Portaria n° 35.893, de 07 de janeiro de
2019, onde consta que entre janeiro/2017 a fevereiro/2019 os servidores
da Prefeitura Municipal de Marília realizaram 592.615,50 horas extras,
sendo que destas 450.108,00 foram pagas, resultando em um desembolso
de R$ 10.837.658,78 do tesouro municipal, além de outras 142.507,50
horas extras que foram registradas em banco de horas; que se utilizando
como parâmetro as horas pagas, pode-se concluir que a média mensal de
horas extras realizadas corresponde a R$ 547.929,56, totalizando o
montante de R$ 14.246.168,62 nos 26 (vinte e seis) meses compreendidos
entre janeiro/2017 a fevereiro/2019; que esta prática se mostra nociva aos
cofres públicos,já que o atendimento de demandas por meio da realização
de horas extras é a forma mais cara de se suprir as necessidades, além do
que a médio e longo prazo traz severos prejuízos aos próprios servidores
públicos municipais, visto que sobre tal verba não há recolhimento de
contribuição previdenciária, impossibilitando sua utilização para fins de
proventos e que a política remuneratória de pagamento de horas extras
privilegia alguns em detrimento do conjunto de servidores, já que os
recursos alocados para este fim poderiam ser utilizados para a
implementação de políticas salariais isonômicas;

DECRETA:

Art. 1° Ficam regulamentados o Banco de Horas e a compensação para os servidores


públicos municipais da Administração Direta e Indireta, segundo os critérios e regras a
seguir descritos.

CAPÍTULO I
DOS CONCEITOS

Art. 2° O Banco de Horas é um instrumento de compensação que visa harmonizar as


necessidades e conveniências do serviço público.

§ 1" O Banco de Horas provisório é um instrumento de gestão do crédito de horas


entre a data de realização da jornada extraordinária até o 1° dia do mês seguinte ao registro
do crédito extrajornada.

§ 2° O Banco de Horas definitivo é um instrumento de compensação do crédito de


horas a partir 1° dia do mês seguinte ao registro do crédito extrajornada.

Art. 3° O instituto da compensação de jornada consiste na ampliação ou redução da


jornada diária de trabalho, mediante a formação de Banco de Horas, com registro de horas a
crédito e a débito.

Art. 4° A jornada extraordinária consiste em trabalho realizado além da jornada


ordinária do servidor.

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DECRETO 12712/19 -fl. 03-

Art. 5° A hora extra consiste em espécie da jornada extraordinária, paga em pecúnia


com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento).

Art. 6° O estoque de horas consiste no saldo não prescrito existente antes da


vigência deste Decreto.

CAPÍTULO II
DA REALIZAÇÃO E CONTAGEM DO TEMPO EXTRAJORNADA

Art. 7° Somente serão computadas como horas crédito com direito à compensação
aquelas previamente solicitadas, autorizadas e registradas no sistema de registro e controle
de freqüência, sob pena de serem desconsideradas.

Art. 8° A jornada extraordinária não poderá em hipótese alguma exceder os


seguintes limites, cumulativamente:

1-2 (duas) horas diárias; e


II - 20% (vinte por cento) da jornada ordinária mensal do servidor.

Art. 9° O tempo que exceder a jornada ordinária será apurado em minutos, devendo
ter o seguinte tratamento:

I - as variações não excedentes a 10 (dez) minutos diários devem ser desconsideradas.


II - as variações até 29 (vinte e nove) minutos diários devem ser incluídas diretamente
no banco de horas definitivo;
III - as variações excedentes a 30 (trinta) minutos diários devem ser creditadas em banco
de horas transitório, migrando automaticamente para o banco de horas definitivo se
não autorizado o pagamento em pecúnia até o 1° dia do mês seguinte ao registro no
banco de horas.

Parágrafo único. O tempo de trabalho prestado à Justiça Eleitoral será creditado


diretamente no banco de horas definitivo.

Art. 10 Não haverá quaisquer acréscimos sobre o tempo creditado no banco de horas
definitivo.

§ 1° A jornada extraordinária realizada aos sábados, domingos, feriados e pontos^


facultativos será creditada com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento).

§ 2° O servidor que laborar no regime de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta'


seis) horas de descanso terá direito ao acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) apenas em
relação aos feriados e pontos facultativos.
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DECRETO 12712/19 -fl. 04-

Art. 11 A convocação de servidor para a realização de jornada extraordinária em


horário noturno, aos sábados, domingos, feriados ou pontos facultativos deverá ser
previamente autorizada pelo Comitê Gestor de Despesas, criado pelo Decreto n° 12630, de
12 de fevereiro de 2019.

CAPÍTULO III
DA COMPENSAÇÃO

Art. 12 A compensação das horas ocorrerá obrigatoriamente no prazo máximo de 06


(seis) meses a contar do 1° dia do mês seguinte ao registro no banco de horas.

§ 1° O servidor que não compensar seu crédito de horas dentro do prazo estabelecido
no caput ficará terminantemente proibido de laborar em regime de jornada extraordinária e,
caso o faça, o período não será considerado para nenhum efeito.

§ 2° Passados 90(noventa) dias corridos a partir do término do prazo estabelecido no


caput, o Secretário Municipal da Administração estabelecerá de ofício a forma como se dará
a compensação.

§ 3° Na hipótese de impossibilidade de compensação dentro do período estabelecido


em virtude de férias, afastamentos e demais concessões previstas na legislação municipal, o
saldo com prazo de compensação expirado deverá obrigatoriamente ser usufruído
imediatamente após a data do retorno do servidor.

Art. 13 A autorização de afastamento para tratar de interesse particular está


condicionada á prévia utilização da totalidade do saldo existente no banco de horas.

CAPÍTULO IV
DAS VEDAÇÕES

Art. 14 Não será permitida a conversão do crédito registrado no banco de horas


definitivo em pecúnia.

§ 1° O servidor poderá utilizar o saldo existente no banco de horas para pagar débitos
/
de tributos do Município de Marília, podendo fazer tal compensação de crédito e débito
apenas no âmbito do órgão que estiver vinculado.

§ 2° Na hipótese de aposentadoria por invalidez, aposentadoria compulsória,/


exoneração, demissão ou outras formas de desligamento do serviço público municipal ser
que tenha havido tempo hábil para a compensação integral do saldo existente no banco de
horas, terá o servidor direito à conversão em pecúnia do saldo existente crescido de 50^,
desde que não esteja com o prazo de gozo do art. 12 expirado.

Art. 15 Os servidores ocupantes de cargo em comissão não terão direito a crédito ^


jornada extraordinária.
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DECRETO 12712/19 -fl. 05-

Art. 16 Não será considerada para nenhum efeito a jornada extraordinária realizada
por servidor que possuir autorização para não registrar qualquer um dos registros diários de
ponto, salvo quando comprovada situação excepcional perante o Comitê Gestor de
Despesas, o qual deliberará a respeito.

Art, 17 A jornada extraordinária realizada por servidores cedidos, nas dependências


do cessionário, não poderão ser inseridas no banco de horas gerido pelo órgão cedente,
devendo, caso eventualmente realizada, ser compensada antes do retorno ao órgão de
origem, cabendo ao cessionário gerir e implementar a compensação.

CAPÍTULO V
DA GESTÃO E COMPENSAÇÃO DO ESTOQUE DE HORAS

Art. 18 O superior imediato do servidor público e o Secretário da pasta respectiva


são os responsáveis por fazer cumprir o regime de compensação nos moldes delineados
neste Decreto, podendo ser responsabilizados caso assim não o façam.

Art. 19 O estoque de horas não prescrito e já registrado antes da vigência deste


Decreto deverá obrigatoriamente ser compensado de acordo com as faixas abaixo
delimitadas, definidas com base no montante do saldo de horas do servidor:

I - mais de 240 a 500 horas a compensação ocorrerá no prazo máximo de 12 (doze)


meses, sendo 50%(cinqüenta por cento) do saldo por semestre;

II - mais de 500 a 1.000 horas a compensação ocorrerá no prazo máximo de 18 (dezoito)


meses, sendo 33,33% (trinta e três inteiros e trinta e três centésimos por cento) do
saldo por semestre, até restar o saldo de 240 horas;

III - mais de 1.000 a 2.000 horas a compensação ocorrerá no prazo máximo de 24(vinte e
quatro) meses, sendo 25% (vinte e cinco por cento) do saldo por semestre, até restar
o saldo de 240 horas;

IV - mais de 2.000 a 3.000 horas a compensação ocorrerá no prazo máximo de 30 (trinta)


meses, sendo 20% (vinte por cento) do saldo por semestre, até restar o saldo de 240
horas;

V - mais de 3.000 a 4.000 horas a compensação ocorrerá no prazo máximo de 36 (trinta


e seis) meses, sendo 16,16% (dezesseis inteiros e dezesseis centésimos por cento),^
até restar o saldo de 240 horas.

VI - mais de 4.000 a 5.000 horas a compensação ocorrerá no prazo máximo de 4


(quarenta e dois) meses, sendo 14,28% (quatorze inteiros e vinte e oito centésimos
por cento) do saldo por semestre, até restar o saldo de 240 horas;
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DECRETO 12712/19 -fl. 06-

VII - mais de 5.000 horas a compensação deverá ocorrer em período contínuo, até restar o
saldo de 240 horas, podendo, mediante a análise do caso concreto, ser autorizada a
contratação de novo servidor para substituir a ausência daquele que usufrui em
descanso o seu saldo de horas.

Parágrafo único. Passados 90 (noventa) dias corridos a partir do término dos prazos
estabelecidos, o Secretário Municipal da Administração estabelecerá de ofício a forma como
se dará a compensação.

Art. 20 Os servidores que prestam serviços à Secretaria Municipal da Educação e


que não são contemplados pelo recesso escolar, deverão obrigatoriamente utilizar o período
do recesso para compensar o saldo existente, sem prejuízo de outras formas complementares
de compensação.

Art. 21 Os servidores enquadrados em uma das faixas do art. 19 só poderão laborar


em regime de jornada extraordinária mediante prévia autorização do Comitê Gestor de
Despesas, o qual decidirá de acordo com as comprovadas justifícativas apresentadas.

Art. 22 Ficam revogados:

I - os artigos 3° e 3°-A do Decreto 6.934, de 26 de dezembro de 1994;


II - os artigos 2° e 3° do Decreto 11.878, de 27 de outubro de 2016.

Art. 23 Fica anulado, com efeitos ex tunc, o Decreto n° 12703, de 14 de maio de


2019.

Art. 24 Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação e seus efeitos
operam-se a partir de 1° de junho de 2019.

Art. 25 Revogam-se as demais disposições em clçntrár 3. j


Prefeitura Municipal de Marília, 24 de-mam de|2019.

DANIEL ALDWSO
Prefeito Muniaipal

UIZ PINTOJWJ^
Secretário Municr ministração
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LEVIGOME^ ^LIVEIRA
Secretário Muni il^ Fazenda

BR
Secretário Planejamento

ÍONICA REGINA pA SILVA


Presjdeiíte-Executiva do
Instituto de fidêncisL do Município de Marília -IPREMM

MARCELO JOSÉ DE MACEDO


Presidente do
Departamento de Água e Esgoto de Marília - DAEM
Registrado na Secretaria Municipal da Administração,em 24 de maio di^019.

flioj/jcs

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