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RESUMO: Este trabalho aborda a importância da redemocratização do espaço educacional, utilizando como
referência os conceitos de educação bancária proposta por Paulo Freire e semiformação proposta por Theodor
Adorno. Busca-se compreender como essas abordagens impactam as práticas pedagógicas nas salas de aula e
discutir alternativas para superar seus limites. A educação bancária, conforme descrita por Freire, caracteriza-se
pela transmissão vertical de conhecimentos, em que o professor é o detentor absoluto do saber e os alunos são
receptores passivos. Essa abordagem desconsidera a participação ativa dos estudantes e sua capacidade de
construir conhecimento a partir de suas experiências e contextos sociais. O diálogo é negligenciado, resultando
em uma relação hierárquica e opressora entre professor e aluno. Já a semiformação, conceito desenvolvido por
Adorno, critica a fragmentação do conhecimento e a cultura de massa que permeiam a sociedade. A ênfase na
especialização e na superficialidade do aprendizado reduz a formação dos indivíduos a um conjunto de
informações desconectadas, impedindo uma compreensão mais ampla e crítica da realidade. A cultura de massa,
por sua vez, perpetua estereótipos e valores dominantes, dificultando a formação de sujeitos autônomos e
críticos.
Introdução
Todo esse processo ruminativo, histórico que concerne neste artigo, é sobretudo um
trabalho árduo, de esforço intelectual que tem que bater em bases epistemológicas que estão
consolidadass, construir uma crítica a esse modelo que foi feito a partir de saberes ocidentais,
metropolitanos colonizadores é fazer o que pauta as novas epistemologias que envolvem as
Ciências Humanas. Trazer à tona a necessidade de formar sujeitos Reflexivos Críticos sobre a
História e Críticos da Cultura.
A proposta de repensar, ou mesmo de pensar, as noções e pré-noções, do Brasil é
trazer para esse trabalho a necessidade de refletir sobre: Quando? Como? E Por quê?
Perdemos nas salas de aula, na escola esse espaço democrático. Pois para se pressupomos
uma ideia de redemocratizar ele deve não está democrático, para isso, pela ausência de uma
pesquisa nas salas de aula devido a pandemia, trarei uma sequência de argumentos para
demonstrar essa não há democratização ou democracia, e como em meio a isso a filosofia fez
o papel de manter acesa a chama democrática, sendo hoje o solo fértil e onde acontece a
democracia.
Para retratar o desmonte da Educação recorreremos ao FEYERABEND (2015) para
nortear os motivos que fazem com que a educação se despede da razão, as noções que são a
todo instante empregadas como função social do ensino de Filosofia e das Ciências Sociais
que é a formação cidadã, e como isso traz consequências negativas, para isso as pedagogias da
Autonomia e do Oprimido de FREIRE, (2011; 2013).
1
Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1992). Professor titular da
Universidade Federal do Amazonas. Atualmente é Pesquisador Visitante Nacional Sênior Amazônia, com bolsa
CAPES, no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da UEA. E-
mail: erfpinto@gmail.com
2
Mestre em Ciências Humanas: História, teoria e crítica da cultura pela Universidade do Estado do Amazonas
(2022) Professor de Filosofia (2º tenente) do Colégio Militar de Manaus CMM. E-mail: celso.atz@gmail.com
Boaventura (2009) começa a pensar sobre uma educação ecológica, e junto de tantos
outros teóricos brasileiros, fincar os pés no que de fato vem ser a interdisciplinaridade, para
pensarmos linhas transdisciplinares de uma ação ética, e que cada sujeito se sinta um
transcidadãos, sujeitos do mundo. E os sistemas comunicativos que constroem as
epistemologias modernas que nos apresenta Jürgen Habermas, na teoria do agir comunicativo
(2012).
3
Usei a tradução em espanhol “Adiós a larazón” Paul Feyerabend da Apple Books.
para o processo de ensino e aprendizagem que acontece de forma subjetiva e objetiva,
condicionada ou não as leis da razão.
O processo, em alto grau, é inconsciente, como pode ser visto nas inúmeras
tentativas de apresentá-lo como algo realizado de acordo com as 'leis da razão':
'subjetivamente', a maioria dos cientistas obedece a regras rígidas e incondicionais.
"Objetivamente" eles praticam uma arte ou um comércio. Não nego que as
condições que influenciam as habilidades no desempenho de uma atividade possam
ser descritas e que seus efeitos possam ser explicados. (FEYERABEND, 2015, p.
135. Tradução nossa)
Faz-se necessário notar que o autor nos apresenta essa ideia de incompletude desde o
princípio de seu ensaio, demonstrando traços da reflexão feita por freire, que ao abandonar as
‘leis da razão’ dentro do processo, aqui entendido com de ensino-aprendizagem, reduziremos
os sujeitos a sujeitos do ‘puro fazer’, repetidores automáticos de uma natureza massificada.
O processo massificador acontece em contradição ao processo educacional, em Freire
(2015), um processo antidialógico “educação versusmassificação”, o educador popular nos
apresenta linhas de ações (práxis) para criar subterfúgios ao processo massificador, de
despedida da razão:
Estávamos convencidos, e estamos, de que a contribuição a ser trazida pelo
educador brasileiro à sua sociedade em “partejamento”, ao lado dos economistas,
dos sociólogos, como de todos os especialistas voltados para a melhoria dos seus
padrões, haveria de ser a de uma educação crítica e criticizadora. De uma educação
que tentasse a passagem da transitividade ingênua à transitividade crítica, somente
como poderíamos, ampliando e alargando a capacidade de captar os desafios do
tempo, colocar o homem brasileiro em condições de resistir aos poderes da
emocionalidade da própria transição. Armá-lo contra a força dos irracionalismos, de
que era presa fácil na emersão que fazia, em posição transitivante ingênua.
(FREIRE, 2015, p. 157)
A dissipação da ingenuidade das massas, e o levantamento do espirito crítico é sem
duvida uma urgente necessidade, um pilar atacado cotidianamente, na lei 11.684/08, que
garantiu a obrigatoriedade do ensino de Filosofia em Sociologia, nos três anos do ensino
médio, e nos PCN’s que apresentam essas disciplinas como sendo as necessárias para a
construção do espírito crítico, e da conscientização cidadã, a retirada dela, hora por meio de
medida provisória, 746/16, depois pela lei do “novo ensino médio”, 13.415/17, mostram um
esforço para que haja esse desmonteno processo educacional, que acarreta numa
semiformação, ou semicultura.
No amplo e generoso campo da sociologia da educação, a diversidade de interesses e
intervenções cresceu paralelamente à velocidade e complexidade da mudança cultural na
sociedade contemporânea - em todas as suas expressões compreensíveis. Por isso, escolhi
para esta exposição um tema que, em minha opinião, melhor encarna o pensamento dos
sociólogos ao lidar com as "coisas públicas", a política e sua inevitável relação com a
educação e os sistemas de ensino: o tema da democracia educativa.
É sabido que no sistema educacional brasileiro existe um “espaço” para a educação
cívica – na maioria das vezes apenas uma decoração retórica, ou confundida com cívica.
Além disso, a "educação para a cidadania", que é o objetivo principal de todos os programas
oficiais da Secretaria, não depende do compromisso explícito de cada funcionário do governo
com a prática democrática. Mas ainda não há educação democrática, a julgar pela aparente
generalização de que todos podem ir à escola, seja para os governados ou para a formação de
governantes. Em vez disso, permanece, tem-se por exemplo no sistema francês, "uma
doutrina da monarquia, ou seja, uma doutrina destinada a separar aqueles que serão sábios e
governantes daqueles que permanecerão ignorantes e obedientes". Aliás, Anísio Teixeira
critica "as escolas paternalistas, destinadas a educar os governados, aqueles que estão
dispostos a obedecer e fazer as coisas, não aqueles que podem comandar e pensar, e, portanto,
começam com essa abordagem desconsidera a noção de que a democracia deve guiar, na
democracia para construir a escola do povo, a escola da soberania".
A Educação para a Democracia (EPD) tem duas dimensões: a formação em valores
democráticos republicanos e a formação na tomada de decisões políticas em todos os níveis,
pois em uma sociedade verdadeiramente democrática ninguém nasce governante ou
governado, mas pode ser – ou ser Mais do que uma vez na vida - um ou outro.
Essas dimensões serão usadas novamente mais tarde. Primeiramente, é necessário
enfatizar três elementos essenciais e interdependentes para a compreensão da DPE: formação
intelectual e informação, educação moral e educação comportamental.
1. Formação intelectual e informação - desde a antiguidade até aos dias de hoje,
trata-se de desenvolver a capacidade de saber para escolher melhor, para julgar melhor. Para
formar cidadãos, é preciso primeiro informá-los e apresentá-los a diferentes áreas do
conhecimento, inclusive por meio da literatura e da arte. A falta ou a inadequação da
informação pode exacerbar as desigualdades, alimentar a injustiça e levar à verdadeira
segregação. No Brasil, aqueles que não têm acesso à educação, informação e diversas
expressões culturais sensoriais lato são justamente os mais marginalizados, o que hoje
chamamos de “excluídos”.
2. A educação moral, ligada à pregação dos valores republicanos e democráticos,
não só intelectualmente, mas sobretudo por meio de uma consciência moral formada pela
emoção e pela razão, ou seja, conquistando corações.
3. Educação comportamental, começando na escola primária, para inculcar o
hábito da tolerância diante das diferenças ou diferenças, e aprender a cooperação ativa e a
subordinação dos interesses individuais ou grupais ao bem comum, o bem comum. Como
Dewey já disse, não há possibilidade de um bem comum sem a participação dos interessados
no estabelecimento e execução de metas. Ele insistiu que levaria tempo para se livrar da
apatia e da inércia e despertar o interesse e a energia positivos (Dewey, 1932, citado em
Putnam). Agora, está claro que essa é a tarefa da educação democrática.
Dada a interdependência desses três elementos da formação democrática, vale notar
que nos últimos anos a educação literária tem sido severamente deficiente em relação ao
ensino de ciências exatas ou biológicas. Antonio Candido destaca muito bem o papel
pedagógico da literatura no processo de humanização, ou seja, um processo que "identifica no
homem aquelas características que consideramos essenciais, como a prática da reflexão, a
aquisição do conhecimento, o refinamento do outro, o refinamento das emoções, a capacidade
de ver os problemas da vida, o senso de beleza, a percepção das complexidades do mundo e
da existência, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós uma parte da natureza
humana porque nos torna conscientes da natureza, sociedade e afins são mais compreensíveis
e abertos” (1989, p. 117).
2. Semiformação e/ou no Currículo brasileiro
Nessa proposição, alguns elementos que irão emergir, vão fazer um movimento
conjuntivo com a ideia de ecologia. Primeiro que esse tópico se baseia nas Epistemologias do
Sul ( SANTOSet al., 2009) de modo particular no primeiro capítulo que tem por título “da
Colonialidade à Descolonialidade” da necessidade desse pensamento e/ou educação
decolonial.
A ideia da Ecologia como tema gerador, não se funda no “logos”, mas no “oikós”, que
quer dizer casa, ou lugar comum. Para evocar o sentido de natureza, e descolonizar o
pensamento sobre o “meio ambiente”, sobre a ideia do utilitarismo que foi posto sobre a Iacy
(mãe natureza) sobre a pulsão que é Tupã em cada folha.
Essa proposição, como dita, funda-se com Boaventura, usando dele a ideia das
Epistemologias do Sul e do “O Pensamento Abissal moderno, salienta-se pela sua capacidade
de produzir e radicalizar distinções” ( SANTOSet al., 2009p.24) a ideia do abissal
epistemológico formado a partir das colonizações do Hemisfério Sul implicam no nascimento
de um pensamento pós-abissal.
A ideia que temos para uma Base Curricular Nacional, é exatamente que tenha a
capacidade de produzir e radicalizar distinções, descolonizadas. Que a proposição da Ecologia
dos Saberes, visíveis e invisíveis, se constituam na formação de um Humano integral na sua
forma mais plena e principalmente na comunhão com a Natureza.
Dessa forma é apresentado:
ADORNO, Theodor. A filosofia e os professores. Trad. Wolfgang Leo Maar. In: ___.
Educação e emancipação. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1995. p. 51-74.
___. Tabus acerca do magistério. Trad. Wolfgang Leo Maar. In: ___. Educação e
emancipação. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1995a. p. 97-117.
___. Educação – Para Quê? Trad. Wolfgang Leo Maar. In: ___. Educação e
emancipação. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1995b. p. 139-154.
___. Teoria da semiformação. In: PUCCI, Bruno; ZUIN, Antonio A. S.; LASTÓRIA,
Luiz A. Calmon Nabuco (Org.).
BRASIL Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Ensino
Médio.Brasilia,Senado,2018.