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Dificuldades de identificar e operar com grandezas vectoriais e seu impacto na resolução de exercícios do Campo Eléctrico nos alunos do IIM

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS

1.1. Introdução
O fenómeno de interdisciplinaridade nas disciplinas do ramo científico é, segundo Kuleshov
(2007), inerente no processo todo de ensino e aprendizagem e, para além disso, constitui também
um item muito importante na formação da estrutura do conhecimento académico. O domínio da
matemática é fundamental para a compreensão e interpretação de vários fenómenos da natureza
científica quer químicas assim como físicos. O processo moçambicano de ensino e aprendizagem
tem, no seu todo, enfrentado várias dificuldades no seu decurso, o que o torna objecto de estudo de
alguns autores nacionais no caso de Sacate (2004), Mutimucuio (1998), Massimbe (2005)

Um dos problemas constatados durante a realização do estágio laboral na disciplina de física no


Instituto Industrial de Maputo, é que apesar dos alunos daquela instituição de ensino terem já
estudado nas classes anteriores alguns conceitos que constituem o programa escolar da escola,
ainda apresentam dificuldades na resolução de exercícios, concretamente aqueles que envolvem
grandezas vectoriais.

Paralelamente a isto, os mesmos alunos apresentam dificuldades não só na identificação e


tratamento de grandezas físicas vectoriais (como no caso de campo eléctrico, força eléctrica,
aceleração, velocidade etc.) mas também apresentam sérios problemas nas operações algébricas
com estas grandezas. Na tentativa de perceber a origem destas dificuldades, notou se uma ausência
de complementaridade entre o tratamento que as grandezas físicas acima citadas exigem e o
conceito de vectores, isto é: Os conhecimentos do conceito de vectores são pertinentes e
imprescindíveis para a compreensão e interpretação de todos os conceitos de física que envolvem
grandezas vectoriais.

O presente trabalho concentra se na análise das dificuldades que os alunos apresentam na


resolução de exercícios de física do Campo Eléctrico e fazer um estudo comparativo entre estas
dificuldades com a capacidade de identificar grandezas vectoriais por parte dos alunos.

Uma observação que se faz necessária é que este trabalho não pretende apresentar um novo
método de ensino mas sim, a partir das dificuldades encaradas pelos alunos, responder como uma
estratégia para a efectivação de uma aprendizagem significativa, o que pode contribuir para a
redução das dificuldades.

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1.2 Contextualização

Em todas as ciências exactas um dos métodos mais utilizados no processo de ensino e


aprendizagem para o controlo de conhecimentos e habilidades é, segundo V. Kuleshov (2007), a
resolução de exercícios diversificados quer por escrito assim como oralmente mas acompanhado
por um professor.

Um dos problemas constatado nos alunos do primeiro ano do Instituto Industrial de Maputo
durante o estágio laboral fora as dificuldades que estes enfrentaram durante a resolução de
exercícios práticos na sala de aulas. Muitos deles, não conseguiram resolver exercícios que
envolvem grandezas vectoriais no caso concreto de campo eléctrico.

Tomando como exemplo o campo eléctrico, sendo esta uma grandeza física vectorial, exige um
tratamento regulado segundo as regras de operações vectoriais mas em contra partida, os alunos
apresentam também sérios problemas nas operações com vectores. Os conhecimentos deste
conceito são pertinentes e imprescindíveis para a compreensão e interpretação do significado físico
de alguns conceitos de física que envolvem grandezas de carácter vectorial.

1.4. Motivação

Segundo experiência própria do pesquisador, opinião de alguns professores de física e constatação


durante o estágio laboral como professor de física ( acrescida de mais de 4 anos como professor de
da disciplina de física e Matemática na Escola Comunitária Mary Jane Wilson ), certificou se que
grande parte dos alunos apresenta dificuldades na distinção de grandezas vectoriais das escalares,
bem como na diferença em termos do tratamento matemático que estas grandezas exigem.

Levando em conta a questão da interdisciplinaridade entre as ciências exactas, como no caso de


física e Matemática, tornou me clara a resposta do porquê tantas dificuldades para resolver
exercícios do campo eléctrico que os alunos apresentaram pois, não é possível para mim, operar
correctamente com grandezas físicas que exigem o tratamento vectorial sem antes saber o que é
um vector.

Por esta razão, tornou se pertinente para o pesquisador um estudo analítico afim de verificar até
que ponto o desconhecimento ou as dificuldades de identificar grandezas vectoriais pode
influenciar na resolução de exercícios do campo eléctrico.

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1.5. Objectivos

1.5.1. Objectivo Geral


 Analisar a relação entre as dificuldades de resolução de exercícios do campo eléctrico e a
dificuldade de identificar e/ou operar com grandezas vectoriais nos alunos de física do 1º ano
do Instituto Industrial de Maputo.

1.5.2. Objectivos Específicos


 Identificar as dificuldades na identificação e tratamento de grandezas vectoriais nos alunos do
1º ano do Instituto Industrial de Maputo.
 Identificar as causas das dificuldades de resolução de exercícios do campo eléctrico dos alunos
do 1º ano do Instituto Industrial de Maputo

 Verificar a relação, caso exista, entre as dificuldades de resolução de exercícios do campo


eléctrico apresentados pelos alunos e as habilidades de identificar e tratar grandezas vectoriais.

1.3. Problema de pesquisa

A análise da doseficação de física do primeiro ano (física I ) do Instituto Industrial de Maputo,


mostra que há linearidade sequencial da matéria programada em relação aos conteúdos organizada
de modo a conseguir interligar os objectivos de cada unidade temática formulando o principal
objectivo da formação. Grande parte dos conteúdos da doseficação de física no IIM são
leccionados nas classes anteriores (de 8ª a 10ª classe) mas de uma forma introdutória. No entanto,
o programa apresenta ainda reserva de um espaço para críticas/observações pois a falta de
introdução de elementos capazes de incentivar os professores a promover a mudança conceptual
dos estudantes; a carga horária semanal reduzida para suportar e com sucesso todas as etapas de
aprendizagem e o baixo rendimento dos estudantes na disciplina de física, torna uma necessidade
encontrar estratégias que ajudam alunos na compreensão dos conceitos em estudo.
As seguintes questões abaixo constituem o ponto de partida deste trabalho‫׃‬

1. Que dificuldades os alunos do 1º ano do IIM têm na resolução de exercícios do campo eléctrico?

2. Qual é a origem ou a causa das dificuldades dos alunos do 1º ano do IIM na resolução de
exercícios do campo eléctrico?

3. O que compreendem os alunos do 1º ano do IIM do a respeito das grandezas vectoriais/escalares


e de que maneira essa compreensão influencia na resolução de exercícios do campo eléctrico?

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4. Qual será a estratégia a adoptar para reduzir as dificuldades dos alunos do 1º ano do IIM na
resolução de exercícios do campo eléctrico?

CAPÍTULO II. REVISÃO DA LITERATURA

Neste capitulo faz se uma revisão da literatura relacionada com a expositiva dos conceitos de
vector e de campo eléctrico e de seguida a correlação existente entre estes dois conceitos.

2.1. Introdução

Segundo V. Kuleshov (2007), a resolução de exercícios conjuntamente com o questionário oral é o


método mais usado de controlo de conhecimentos e habilidades dos alunos sobre a física.
Dada a natureza da própria disciplina, torna se necessário que os alunos tenham uma estrutura
sólida de todos os conceitos envolvidos nos exercícios a serem resolvidos e não só; a
interdisciplinaridade que caracteriza a disciplina bem como os seus exercícios faz com que seja
pertinente o conhecimento e o domínio de outros conceitos que fazem a interdisciplinaridade.

Assim, sendo o tema central deste estudo “ Dificuldades de identificação de grandezas vectoriais
e seu impacto na resolução de exercícios do campo eléctrico”, torna se imprescindível definir em
primeiro lugar o conceito de vector, em segundo o conceito de campo eléctrico e em terceiro lugar
analisar a interligação existente entre estes conceitos. Para além de desenvolver os conceitos acima
citados, faz-se uma abordagem sobre as causas do fracasso ou insucesso escolar por parte dos
alunos e da importância de observar questões de interdisciplinaridade por parte dos professores.

2.2. Conceito de vector e grandezas vectoriais

Dada a natureza do trabalho, será necessário saber definir uma grandeza vectorial e identificá-la
sem dificuldades, bem como conhecer as operações e as regras básicas que os vectores respeitam.
Para tal, segue a definição do que é um vector, representação geométrica de um vector, operações
principais com vectores (Adição, subtracção...) bem como a conceitualização das grandezas
escalares e vectoriais.
Vector é um segmento de uma recta que representa uma magnitude física que pode ser medida,
tendo em conta um ponto determinado no espaço (origem ou ponto de aplicação), seu módulo
(valor do comprimento), a direcção e um sentido.

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Origem é o ponto sobre o qual actua o vector;

Módulo é o comprimento ou “tamanho” do vector. Para achá-lo no espaço é preciso conhecer a


origem e a extremidade do vector, já que para saber qual é o módulo de um vector, devemos medir
da origem até à extremidade.

Direcção é dada pela orientação no espaço da recta que contem o vector


Sentido É indicado pela seta situada na extremidade do vector, indicando para que lado da linha de
acção se dirige o vector

Uma grandeza é escalar quando é bem definida e caracterizada por um valor numérico e uma
unidade. A título de exemplo temos a massa, energia, comprimento e tempo. Já as grandezas
vectoriais são caracterizadas por exigir, para além de um valor numérico e sua unidade, uma
direcção e sentido. Alguns exemplos de grandezas vectoriais são: Velocidade, aceleração, força,
campo eléctrico, campo magnético e etc.

Na representação de grandezas escalares é suficiente indicar a sua intensidade, ou seja, o seu valor
numérico e a sua unidade. Agora, na representação de grandezas vectoriais é necessário indicar a
direcção e o sentido da grandeza. Isto é realizado utilizando-se um vector. O vector pode ser
representado por um segmento de recta, e seu tamanho é proporcional à intensidade da grandeza
que este representa.

2.3. Operações com vectores

2.3.1. Adição de vectores


Dados dois vectores a e b, consideremos uma seta qualquer que represente a. Tomemos o ponto

final dessa seta como o ponto inicial de uma seta que represente b. Definimos a soma de a com b,

que representamos por a + b, como sendo o vector representado pela seta que tem por ponto
inicial o ponto inicial da seta que representa a, e por ponto final o ponto final da seta que
representa b, como mostra a Figura 2.4.

Figura 2.3.1.1. Adição de vectores a e b de acordo com a regra do triângulo.

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A operação que associa aos vectores a e b, o vector a + b, é chamada de adição de vectores, ou adição
vectorial. Os vectores a e b que formam a soma a + b são chamados componentes vectoriais do vector a +
b. Essa regra de obter a soma de dois vectores é chamada de regra do triângulo.

2.3.2. Projecções e componentes de um vector

Seja a um vector diferente de zero, u um vector unitário e θ o ângulo entre eles. Definimos a
projecção do vector a ao longo do vector unitário u como sendo o número dado pelo produto do
módulo do vector a pelo cosseno do ângulo entre os vectores,
I a I cos θ (2.3.1.1)
Pelo triângulo rectângulo mostrado na figura acima, o comprimento do cateto OP'é igual a
projecção do vector a ao longo do vector unitário u.

Figura: 2.3.2.1. Vector a na projecção do plano OXY

O módulo de a e θ quando conhecemos as componentes de a é dado por:

(2.3.1.2)

2.4. Conceito de campo eléctrico

2.4.1. Abordagem histórica do campo eléctrico.


Segundo o programa do Ensino Secundário Geral, nas classes anteriores a 11ª classe na introdução
ao estudo da electrodinâmica dá se ênfase ao estudo da força eléctrica que age entre duas partículas
electrizadas através do campo eléctrico. No que concerne a resolução de exercícios práticos,
concretamente sobre o campo eléctrico, torna se necessário definir o conceito de campo eléctrico.
Michael Faraday (1791 – 1867) foi o primeiro a propor o conceito de campo eléctrico e também
contribuído com outros trabalhos para o electromagnetismo, posteriormente este conceito foi
aprimorado com os trabalhos de James Clerk Maxwell, discípulo de Faraday.

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O conceito de campo eléctrico surgiu da necessidade de explicar a acção de forças a distância.


Podemos dizer que o campo eléctrico existe numa região do espaço quando, ao colocarmos uma
carga eléctrica (q) nessa região, tal carga é submetida a uma força eléctrica F.

O campo eléctrico pode ser entendido como sendo uma entidade física que transmite a todo o
espaço a informação da existência de um corpo electrizado (Q) e, ao colocarmos uma outra carga
(q) nesta região, será constatada a existência de uma força F de origem eléctrica agindo nesta carga
(q).

Alguns autores de livros de física escolar (no caso da Joana Mabote e Anastácio Vilanculos),
sugerem fazer uma analogia entre o campo eléctrico e o campo gravitacional de um planeta. Ao
redor de um planeta, existe um campo gravitacional devido a sua massa, análogo ao campo
eléctrico que existe em torno de uma esfera electrizada. Percebemos então, uma analogia entre as
grandezas físicas de massa e carga eléctrica, como sendo responsáveis por gerar os campos
gravitacional e eléctrico respectivamente.
Para definir, matematicamente, o campo eléctrico é necessário definirmos uma grandeza física que
o represente. Dada a sua natureza de manifestação, isto é; o facto de exigir uma representação
idêntica à de um vector, então esta grandeza que o representa é o vector campo eléctrico e
representa se por . Considerando a definição utilizada anteriormente, o vector campo eléctrico é

dado por: =

A força , à qual a carga q fica submetida será atractiva ou repulsiva, dependendo do sinal de q.

A direcção do vector campo eléctrico terá a mesma direcção da recta que une o ponto considerado
e a carga de geradora (Q). O sentido do vector campo eléctrico depende do sinal da carga gerador
(Q):
O campo eléctrico gerado por uma carga eléctrica (Q) positiva é de afastamento e, o campo
eléctrico gerado por uma carga eléctrica (Q) negativa é de aproximação. O sentido do campo
eléctrico não depende do sinal da carga (q) que sofre a acção da força F.

Figura 2.4.1.1 Campo eléctrico gerado Figura 2.4.1.2. Campo eléctrico gerado
por uma carga positiva por uma carga negativa

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Caso tenhamos mais do que uma carga puntiforme gerando campo eléctrico, como na figura
abaixo, o campo eléctrico resultante será dado pela soma vectorial dos vectores campos eléctricos
produzidos por cada uma das cargas.

Figura 2.4.1.3. Campo eléctrico gerado por um sistema de cargas

Um campo eléctrico é chamado uniforme quando o vector campo eléctrico for o mesmo em todos
os pontos desse campo. Este tipo de campo pode ser obtido através da electrização de uma
superfície plana, infinitamente grande e com uma distribuição homogénea de cargas.

Figura 2.4.1.4. Campo eléctrico uniforme

2.4.2. Linhas de força.


Quando quisermos visualizar a distribuição de um campo eléctrico através do espaço, nós o
faremos através do contorno das suas linhas de força que, por definição, são linhas imaginárias
construídas de tal forma que o vector campo eléctrico seja tangente a elas em cada ponto. As linhas
de força são
sempre orientadas no mesmo sentido do campo.

Figura 2.4.2.4. Linhas de força do Campo eléctrico

No caso de um campo eléctrico gerado por uma carga puntiforme isolada, as linhas de força serão
semi-rectas.

Figura 2.4.2.1. Caso a carga geradora seja Figura 2.4.2.2. Caso a carga geradora seja
puntiforme positiva: puntiforme negativa:

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De seguida o aspecto do campo eléctrico resultante, gerado por duas cargas puntiformes iguais e
positivas.

Figura 2.4.2.3. Campo eléctrico gerado por duas cargas puntiformes.

2.5. Relação entre campo eléctrico e vectores

A problemática central de que esta pesquisa se ocupa é a avaliação da relação existente entre a
capacidade de identificar e de tratar grandezas vectoriais e a resolução de exercícios de campo
eléctrico concretamente gerado por um sistema de cargas num certo ponto. A seguir são
apresentadas algumas das relações entre os conceitos, as mais essenciais relativamente a este
trabalho, em análise.
Levando em conta a questão das definições dos conceitos vectoriais e do campo eléctrico, Justifica
se a consideração do campo ser uma grandeza vectorial pois a sua manifestação tem as mesmas
características com um vector.
Sabe se que o campo eléctrico resultante de um sistema de cargas num certo ponto será dado pela
soma vectorial dos vectores campos eléctricos produzidos por cada uma das cargas. Sendo assim,
para a sua determinação, são aplicadas as regras de adição (ou subtracção em caso de cargas
negativas) vectorial.
No caso de um campo eléctrico gerado por uma carga puntiforme isolada, as linhas de força serão
semi-rectas cujas suas características são completamente iguais às de um vector.

CAPÍTULO III. METODOLOGIA DO TRABALHO

Neste capitulo, apresentam se as opções metodológicas fundamentais da pesquisa como sendo a


amostra, os instrumentos de colecta e analise de dados usados e as fases do desenvolvimento da
pesquisa.

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3.1. Procedimento da pesquisa

A presente pesquisa constitui uma observação sistemática (por referir-se à observação de


comportamentos específicos num ambiente particular) e inquérito aos professores de física.
Segundo Cozby (2003, p.130)” Observação sistemática refere se à observação cuidadosa de um
ou mais comportamentos específicos num ambiente particular. Essa abordagem de pesquisa é
muito menos global do que a pesquisa de observação naturalística. O pesquisador só está
interessado em alguns poucos comportamentos específicos, as observações são quantificáveis e o
observador frequentemente tem hipóteses prévias sobre os comportamentos.”

Os dados deste trabalho foram recolhidos a partir das respostas aos exercícios dados aos alunos nas
salas de aulas ( pois é o instrumento usado para avaliar o nível de assimilação da matéria
estudada por parte dos alunos ) de quatro turmas do IIM do mesmo nível ( 1º ano do ensino
técnico profissional ) , sendo duas do curso diurno e outras duas do curso nocturno. Estas turmas
têm paralelismo pedagógico em termos do programa escolar, isto é; unidades temáticas. Teve
também como suporte consultas bibliográficas e pesquisas na Internet.

Quanto ao tratamento dos dados recolhidos, dá-se mais ênfase para uma pesquisa quantitativa, mas
também com algum tratamento qualitativo dos mesmos. Os dados quantitativos permitiram ver as
tendências e o grau da relação, isto é; dificuldades de identificar grandezas vectoriais e as
dificuldades de resolver exercícios do campo eléctrico. Os dados qualitativos permitiram
compreender a profunda necessidade de se observar a questão da interdisciplinaridade nas
disciplinas das ciências exactas.

Entre tanto, os resultados da pesquisa foram transformados em quantitativos através da contagem


de frequência e percentagem dos resultados positivos e negativos no fim do capítulo.

3.2. Validação dos instrumentos da recolha de dados


Segundo Bell ( 1993 ), a validade de um conteúdo por analisar é estabelecida através de uma
análise do instrumento usado para a recolha de dados e do confronto dos itens desse instrumento
com os pressupostos ( teorias ), que lhe deram origem, fazendo com que, o instrumento teste (
observação sistemática ), possua validade de conteúdo.

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O pesquisador obteve os dados por meio de respostas dos alunos a um questionário fechado
consistido por seis ( 6 ) perguntas e também, dos resultados obtidos na correcção dos exercícios
dados na sala de aulas.

O questionário fechado é, segundo Kuleshov (2007), um dos métodos mais ricos para verificar
conhecimentos prévios dos alunos, independentemente da forma como foram por eles obtidos. Este
tipo de questionário consiste em questões cuja forma de responder é identificar a resposta correcta
entre quatro ( 3 ) ou cinco ( 4 ) alternativas para cada uma. O aluno escolhe uma das alternativas
de resposta que melhor expressa seu conhecimento acerca da questão abordada. As questões
elaboradas são utilizadas como trabalho para casa, não envolvendo então algum tipo de problema
ou, que necessite de cálculos matemático para a sua solução. É muito usado na obtenção de dados
qualitativos acerca dos conhecimentos prévios dos alunos, permitindo também a uma análise para
a obtenção de dados quantitativos.
Para a colheita de dados foi usado a triangulação dos instrumentos com o propósito de verificar ate
que ponto os resultados obtidos a partir do questionário se relacionam com a capacidade de
resolver os exercícios na sala de aulas.

Para a validação dos instrumentos de colecta de dados, nomeadamente o questionário e os


resultados da resolução de exercícios, foi necessário primeiro verificar se o instrumento mediria ou
não o que foi planificado. Para este propósito, foi antes necessário realizar um estudo piloto,
consultando a três ( 3 ) professores de física do instituto industrial de Maputo com mais de 10 anos
de experiencia no ensino de física.

3.3. Selecção da amostra

Os dados deste estudo foram obtidos em quatro turmas do 1º ano do Instituto Industrial de Maputo,
sendo duas do curso nocturno ( período pôs laboral ) e as outras duas do curso diurno (período
laboral). As salas de aula pesquisadas inserem se nas turmas que tem física como disciplina
curricular, com uma média de trinta ( 30 ) alunos para cada turma. Os mesmos estão representados
na tabela 3.3.1. em anexo.

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3.3.1. O contexto

As aulas foram dadas numa abordagem caracterizada primeiramente pela enfatização da


aprendizagem significativa, esta que se refere aos significados que o aluno atribui aos novos
conteúdos e a forma como esse material se relaciona com os conhecimentos prévios podendo
contribuir para o crescimento pessoal e profissional deste mesmo aluno (Ausbel, 1980 e Coll,
2000). O total de aulas para cada turma (aquelas para as quais foi feita a observação e a extracção
dos dados da amostra) foi de seis para as duas turmas do curso nocturno e cinco para as do curso
diurno. Para todas as turmas, as primeiras duas foram leccionadas com o propósito dar os conceitos
teóricos, concretamente, a definição do campo eléctrico, os seus tipos e a sua forma de propagação.
A terceira aula foi também comum para todas as turmas, tendo sido esta propositada para dar início
à resolução de exercícios práticos. A aula, cujo tema foi “Resolução de exercícios sobre campo
eléctrico”, de natureza expositivo explicativo e elaboração conjunta, iniciou com professor
(pesquisador que na altura era estagiário) resolvendo exercícios de consolidação aclarando
devidamente todos os casos relacionados com o tipo de questão e, de seguida, orientando os alunos
na resolução de exercícios elementares. Nas aulas subsequentes, houve disparidade pois para as
turmas do curso nocturno, o professor distribuiu as perguntas do questionário que preparara
atempadamente com o fim de verificar os conhecimentos prévios dos alunos em relação à
identificação e tratamento de grandezas vectoriais, independentemente da forma como foram
obtidos por eles. Para as outras duas turmas do curso diurno, o professor recomendou apenas a
revisão da matéria através da leitura e análise dos exercícios dados na sala. A quarta aula, para o
curso nocturno, serviu para a verificação e levantamento de dados relativos às habilidades dos
alunos, no que concerne à identificação de grandezas vectoriais e seu tratamento nas operações
algébricas. O professor recolheu o questionário dado no dia anterior com o objectivo de registar no
mapa as respostas dos alunos. De seguida fez uma breve correcção teórica e demonstrativa do
trabalho dado (aproximadamente 10 minutos para todas as etapas) e introduziu a aula de carácter
prático na qual ordenou a resolução de exercícios na folha de teste. A aula teve duração de 60
minutos e para fiabilidade dos dados, o professor advertiu que era um mini teste e no fim da aula
recolheu as folhas. A mesma aula foi assim ministrada no curso diurno apenas com a excepção de
todas as considerações vectoriais.

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3.4. Métodos de análise de dados

Os dados deste trabalho foram analisados segundo dois métodos: o método quantitativo e o método
qualitativo. Uma parte das respostas do questionário, concretamente o levantamento das
dificuldades de identificar grandezas vectoriais, foi analisada segundo o método qualitativo,
enquanto para a análise da relação entre identificação de grandezas vectoriais e a resolução de
exercícios do campo eléctrico foi usado o método quantitativo.
O método qualitativo foi usado para interpretação do significado das respostas teóricas dos alunos
sobre o conceito de vectores. O método quantitativo foi usado para efectuar cálculos estatísticos,
isto é: serviu para obter informações como: frequência e percentagem dos alunos que identificam
certamente as grandezas vectoriais, que sabem como operar com estas grandezas, e que também
resolvem sem dificuldade os exercícios práticos do campo eléctrico.
Para análise estatística dos dados, fez se um estudo correlativo entre a variável “identificar e
operar com grandezas” e a variável “resolver exercícios do campo eléctrico”. Considera se cada
aluno amostrado como um dado estatístico e cada resposta do aluno como uma unidade estatística.

CAPÍTULO IV. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Neste capítulo, o pesquisador apresenta os resultados das respostas dos alunos sobre o questionário
relativo ao conceito de grandezas vectoriais e os resultados da resolução dos exercícios do campo
eléctrico.

4.1. Resultados do estudo

Com vista a analisar os dados recolhidos dos alunos durante as actividades do campo, os resultados
Do estudo são apresentados nas tabelas abaixo.

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Perguntas Opção Respostas


No %
Nunca ouvi falar 32 55.2
Pergunta 01
É aquela que actua no espaço livre 16 27.5
É aquela que se orienta segundo uma direcção e sentido 10 17.3
Não. Não há nenhuma diferença 19 32.7
São diferentes porque escalares basta indicar o valor numérico, 17 29.3
enquanto para vectoriais precisamos mais da direcção e sentido.
Pergunta 02
Sim. Porque as escalares são aquelas que descrevem o movimento
enquanto as vectoriais descrevem apenas a intensidade. 22 38
É vectorial 11 19
Pergunta 03
b. É escalar 5 8.6
É física 42 72.4
Massa, velocidade e temperatura 23 39.6
Pergunta 04
b. Massa, campo eléctrico e força eléctrica 22 38.0
c. Campo eléctrico e força eléctrica e velocidade 13 22.4
O comprimento será de 1 cm 2 03.5
Pergunta 05
b. O comprimento será de 5 cm 9 15.5
O comprimento será de 7 cm 47 81.0
O comprimento será de 5 cm 8 13.8
Pergunta 06
b. O comprimento será de 7 cm 46 79.3
O comprimento será de 1 cm 4 06.9

Tabela 4.1.1. Resultados sobre as perguntas fechadas do domínio de identificar e tratar grandezas vectoriais.

4.1.1. O questionário sobre vectores

O presente questionário representa uma das formas de colher o ponto de situação dos
conhecimentos já adquiridos pelos alunos na disciplina de física de forma que o professor faça uma
conciliação dessa informação com a matéria ainda por aprender de forma a introduzir de forma
significativa o novo conceito a aprender-se. Este questionário foi entregue a turma pelo professor
no final da aula que antecede a resolução de exercícios de consolidação. A seguir, são apresentados
os resultados da resolução dos exercícios do campo eléctrico.

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Turmas do curso nocturno

Pergunta Opção Respostas


No %

a. Em linha recta ate ao ponto em causa 15 25.8


Pergunta 01.
b. De forma radial 36 62.1

c. De qualquer maneira dependendo da intensidade da carga. 07 12.1

a. É uma grandeza vectorial 41 70.7

Pergunta 02. b. É uma grandeza escalar 07 12.1

c. Depende do tipo de carga podendo ser escalar ou vectorial. 10 17.2


Q2 F12 F32
a. 10 17.2

Pergunta 03. Q2
b. F12 F32 21 36.2
a)
Q2
c. F32 F12 27 46.6

Pergunta 03. a. 5.106 26 44.8


b)
b: 4.107 22 38.0

c. 4,5.107 10 17.2

a. 1 N/C 7 12.1

Pergunta 04. b. 5 N/C 30 51.7

c. 7 N/C 21 36.2

a. 0 N/C 34 58.6

Pergunta 05 b. 2 N/C 10 17.2

c. 4 N/C 14 24.2

Tabela 4.1.1.1. Resultados da resolução dos exercícios do Campo Eléctrico. Turmas do curso nocturno

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Turmas do curso diurno

Pergunta Opção Respostas


No %
a. Em linha recta ate ao ponto em causa 05 09.4
Pergunta 01. b. De forma radial 41 77.4
c. De qualquer maneira dependendo da intensidade da carga. 07 13.2
a. É uma grandeza vectorial 08 15.1
Pergunta 02. b. É uma grandeza escalar 07 13.2
c. Depende do tipo de carga podendo ser escalar ou vectorial. 38 71.6

Q2
E12 E32 9 17.0

a.
Pergunta 03. a) Q2
b. E12 E32 13 24.5

Q2
c. E32 E12 31 58.5

a. 5.106 23 39.6

Pergunta 03. b) b. 4.107 22 38.0

c. 4,5.107 13 22.4

a. 1 N/C 7 12.1

Pergunta 04. b. 5 N/C 11 18.9

c. 7 N/C 40 69.0

a. 0 N/C 4 07.0

Pergunta 05 b. 2 N/C 10 17.2

c. 4 N/C 44 75.8

Tabela 4.1.1.1. Resultados da resolução dos exercícios do Campo Eléctrico. Turmas do curso diurno

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Dificuldades de identificar e operar com grandezas vectoriais e seu impacto na resolução de exercícios do Campo Eléctrico nos alunos do IIM

Olhando para os dados da 1ª pergunta das tabelas 4.1.1.1. e 4.1.1.2. das turmas dos cursos nocturno
e diurno, respectivamente, observa se que quando questionados sobre a forma de propagação do
campo eléctrico, 36 alunos ( 62.1 % ) do curso nocturno responderam acertadamente enquanto que
para o curso diurno, 41 alunos ( 77.4 ) também respondeu certo. A diferença percentual entre as
duas turmas ( 15.3 % ) dá vantagem às turmas do curso diurno. A pergunta em causa é de carácter
reprodutivo pois só exige do aluno a reprodução do que foi dito na sala de aula.

A segunda pergunta do questionário requer habilidades de identificar grandezas vectoriais. Das


respostas dos alunos, 41 do curso nocturno ( 71.7 % ) conseguiram identificar o campo eléctrico
como uma grandeza vectorial enquanto que dos alunos do curso diurno apenas 8 ( 15.1 % ) é que
conseguiram. A diferença percentual entre as duas turmas ( 56.6 % ) dá vantagem ás turmas do
curso nocturno. Isto sinaliza que os alunos do curso nocturno não apresentaram muitas
dificuldades na identificação de grandezas vectorial.

A terceira pergunta requer dos alunos a capacidade de explicar a manifestação do campo eléctrico
criado por um sistema de cargas. Trata se de pergunta reprodutiva pois exige apenas a reprodução
do que foi tratado na sala de aula. Dos alunos do curso nocturno, 27 ( 46.6 % ) responderam
acertadamente enquanto que para o curso diurno, 31 ( 58.5 % ) alunos responderam também certo.
A diferença percentual ( 11.9 % ) favorece aos alunos do curso diurno.

A quarta pergunta que é do carácter produtivo, requer dos alunos a capacidade de calcular o campo
eléctrico resultante num certo ponto quando o sistema de cargas que o produzem não é linear. Dos
alunos do curso nocturno, 30 ( 51.7 % ) responderam acertadamente enquanto que para o curso
diurno, 11 ( 18.9 % ) alunos responderam também certo. A diferença percentual ( 32.8 % )
favorece aos alunos do curso nocturno. Esta diferença mostra que os alunos do curso nocturno
foram mais capazes de resolver os exercícios do campo eléctrico resultante quando o sistema de
cargas não é linear.

A quinta e última pergunta do questionário exige dos alunos conhecimentos relacionados com a
sobreposição do campo eléctrico num ponto. Neste caso, o aluno é obrigado a dominar as
operações dos vectores no que diz respeito à soma e diferença vectorial. Nesta questão, dos alunos
do curso nocturno, 34 ( 58.6 % ) responderam acertadamente enquanto que para o curso diurno,
apenas 4 ( 0.7 % ) alunos responderam também certo. A diferença percentual ( 57.9 % ) favorece
aos alunos do curso nocturno. Esta diferença mostra que os alunos do curso nocturno foram mais

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capazes de resolver os exercícios do campo eléctrico resultante quando o sistema de cargas é


simétrico. Este exercício, para além de conhecimentos de simetria, pode também ser resolvido
segundo os conhecimentos de operação ( adição e subtracção ) com vectores pois, calculando o
campo eléctrico de cada carga e somar, segundo o seu sentido de actuação, obtêm se o mesmo
resultado nulo.

4.2. Discussão dos resultados


O questionário usado no estudo é, por opção do autor, de carácter fechado e exige dos alunos desde
os conhecimentos preliminares do conceito do campo eléctrico até ao nível básico recomendado
pelo programa do ensino de física do ensino secundário geral. As questões um (pergunta 1) e três
[3.a) e 3.b)] do questionário são de carácter reprodutivo. Os resultados da tabela mostram que
normalmente os alunos do curso diurno, para casos destes, levam vantagem pois para o autor, estes
possuem como rotina a ocupação académica e actividades domésticas, enquanto os alunos do curso
nocturno, a maior parte deles ocupa se, durante a parte laboral do dia, nas actividades profissionais
e somente na parte pôs laborais que se ocupam com as actividades académicas.
A segunda questão exige conhecimentos de interdisciplinaridade entre duas grandezas, o campo
eléctrico e um vector. A vantagem que os alunos do curso nocturno obtiveram contra os alunos do
curso diurno deve se, para o autor, ao facto dos alunos do curso nocturno terem tido uma prévia
vista superficial sobre o conceito de vectores enquanto os alunos do curso diurno não tiveram
nenhuma vista.
A terceira pergunta [alíneas a) e b)], do carácter reprodutivo exige apenas a reprodução do que foi
tratado na sala de aula. A vantagem que os alunos do curso diurno obtiveram contra os alunos do
curso nocturno justifica se pelo facto deles serem mais aplicativos academicamente. Para o autor,
estes resultados mostram que uma aula dada nas mesmas condições nas turmas do curso diurno e
nocturno, o rendimento vai tender sempre a favorecer aos alunos do curso diurno.
Na quarta e a quinta pergunta, a vantagem esmagadora favorece aos alunos do curso nocturno. Isto
deve se ao facto destes terem sabido interligar as operações do campo eléctrico com as dos
vectores. Os alunos do curso diurno, embora sejam relativamente aplicados, não conseguiram levar
a melhor. Para o autor, isto significa que a questão de interdisciplinaridade nas ciências exactas é
algo que se deve ter em conta pois quando não é observado altera de forma significativa o processo
de ensino e aprendizagem.

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CAPÍTULO V. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Neste capítulo, o pesquisador apresenta de forma resumida as considerações mais importantes de


toda a pesquisa realizada.

5.1. Conclusão

As perguntas 1. - “forma de propagação do campo eléctrico”, 3.a) - “ Representação da das


linhas do campo num sistema de cargas” e 3.b) – “Soma algébrica dos campos provocados por
um sistema de cargas” todas de carácter reprodutivo, os seus resultados favorecem aos alunos do
curso diurno. As diferenças percentuais entre os alunos do curso diurno e nocturno são 15.3 % na
pergunta 1, 11.9 % para a pergunta 3.a) e 5.2 % para a pergunta 3.b), sendo as percentagens de
ambas as turmas são 62.1 % na prgunta 1; 46.6 % na pergunta 3.a) e 44.8 % na pergunta 3.b) para
as turmas do curso nocturno e 77.4 % na pergunta 1; 71.7 % na pergunta 3.a) e 58.5 % na
oergunta 3.b). Isto quer dizer que nos exercícios do campo eléctrico que não exigem nenhum
tratamento vectorial ou, as suas operações são inteiramente algébricas ambas as turmas conseguem
resolver sem muitas dificuldades. A diferença percentual favorável aos alunos do curso diurno
mostra que estes, em termos de aplicabilidade, são mais aplicados em comparação com os alunos
do curso nocturno.

As perguntas 2. - “habilidades de identificar grandezas vectoriais”, 4. - “cálculo o campo


eléctrico resultante num certo ponto quando o sistema de cargas que o produzem não é linear” e
5. - “sobreposição do campo eléctrico num ponto” forneceram os seguintes resultados: Os
alunos do curso nocturno conseguiram 71.7 % na pergunta 2; 51.7 % na pergunta 4; e 58.6 % na
pergunta 5; enquanto os alunos do curso diurno conseguiram 15.1 % na pergunta 2; 18.9 % na
pergunta 4 e 0.7 % na pergunta 5. Considerando o carácter das perguntas e observar os resultados
estatísticos (diferenças percentuais de 56.6 % na pergunta 2, 32.8 % na pergunta 4 e 57.9 % na
pergunta 5) torna se claro que o facto dos alunos do curso nocturno saberem identificar e operar
com grandezas vectoriais, em comparação com os alunos do curso diurno, lhes torna mais
eficientes na resolução de exercícios do campo eléctrico.

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Sintetizando, pode se concluir que no estudo para se identificar o impacto das dificuldades de
identificar e operar com grandezas vectoriais na resolução dos exercícios do campo eléctrico, foi
possível atingir os objectivos preliminarmente traçados. Os resultados da pesquisa mostram que os
estudantes apresentam dificuldades de resolver exercícios do campo eléctrico, principalmente nos
exercícios que as operações requerem um tratamento puramente vectorial. Isto comprova que
existe uma relação entre dificuldades de identificar e operar com grandezas vectoriais e a resolução
de exercícios do campo eléctrico. Esta relação, segundo os métodos estatísticos de estudos de
correlação e regressão, classifica se como forte e positiva na medida que o não saber identificar e
operar com as grandezas vectoriais influencia negativamente na resolução de exercícios do campo
eléctrico.

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5.2. Recomendações

O processo de ensino e aprendizagem, pela sua complexidade, é algo mais do que a obtenção de
uma informação (Sacate, 2008). Para uma aprendizagem significativa, é pertinente observar os
significados que o aluno atribui aos novos conteúdos e a forma como esse material se relaciona
com os conhecimentos prévios podendo contribuir para o crescimento pessoal e profissional deste
mesmo aluno (Ausbel, 1980 e Coll, 2000). A não observância disso dificulta o processo de ensino
e aprendizagem para o aluno. Com vista a contornar certas dificuldades que os alunos enfrentam
durante a resolução de exercícios, quer do campo eléctrico assim como os outras áreas, se
recomenda o seguinte:

 Que os professores estejam atentos e conscientes a certas relações de interdisciplinaridade que


caracteriza o processo de ensino e aprendizagem de todas as ciências exactas, com destaque
para a física.

 Que o estudo sobre o impacto das dificuldades de identificar e tratar grandezas vectoriais na
resolução de exercícios de física não se limite apenas nos exercícios do campo eléctrico pois,
as mesmas dificuldades podem ser registadas na resolução de exercícios de outras grandezas
físicas com carácter vectorial

5.3. Limitações do trabalho

Uma das limitações que o autor encarou foi o tempo para conduzir entrevista ou inquérito aos
alunos para apurar o seu parecer em relação às dificuldades por eles apresentados.

Para além desta limitação, o carácter rígido que o programa de ensino impõe aos professores fez
com que o autor (professor estagiário) tivesse menos campo para improvisar ou acrescentar algo
não programado como alternativa para minimizar as dificuldades encaradas.

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CAPÍTULO VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 VALERY KULESHOV ( 2006 ) Metodologia de Ensino de Física Escolar Tomo II. Imprensa
Universitária, Maputo, 2006.

 VALERY KULESHOV ( 2007 ) Metodologia de Ensino de Física Escolar Tomo I. Imprensa


Universitária, Maputo, 2007.

 VALERY KULESHOV ( 2007 ) Metodologia de Ensino de Física Escolar Tomo III. Imprensa
Universitária, Maputo, 2007.

 SACATE, A. R., (2008) The final Book, 33nd International Conference of SASE Maputo
Mozambique.

 MOREIRA, M. A. Ensino e aprendizagem (enfoques teóricos). São Paulo. Editora Moraes;

 MANUELA SANCHES FERRE & MILICE RIBEIRO DOS SANTOS ( 2004 ). Aprender a
ensinar; Ensinar a aprender. R J: Livros Técnicos e Científicos, Editora S. A.

 MOREIRA, M.A. E MASINI, ( 1982 ) E.F.S. A Aprendizagem Significativa. A Teoria de David


Ausubel. Editora Moraes. 1982.

 MOREIRA, M.A. ( 1993 ) Construtivismo: Significados, Concepções Erróneas e uma


Proposta, VIII Reunião Nacional de Educação em Física, Rosário, Argentina.

 VILANCULOS, ANASTÁCIO E COSSA, ROGÉRIO. F11‫ ׃‬Física 11ª classe. 1ª edição. Texto
editores, Lda. Moçambique. 2006

INTERNET

 http://www.if.ufrgs.br/~moreira/visaoclasicavisaocritica.pdf (acedido a 16 de Junho de 2011).

 http://www.scielo.br/pdf/rbef/v24n4/a16v24n4.pdf (acedido a 24 de Outubro de 2011).

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