Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
CURSO DE BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
ANGICOS
2022
ARIEL LUCAS DA CUNHA SILVA
ANGICOS
2022
© Todos os direitos estão reservados a Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O conteúdo desta obra é de inteira
responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis
que regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei n° 9.279/1996 e Direitos Autorais: Lei n°
9.610/1998. O conteúdo desta obra tomar-se-á de domínio público após a data de defesa e homologação da sua respectiva
ata. A mesma poderá servir de base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu (a) respectivo (a) autor (a)
sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.
O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto
de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas
da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação
e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de
Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.
ARIEL LUCAS DA CUNHA SILVA
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
Joêmia Leilane Gomes de Medeiros, Profª. Dra. (UFERSA)
Presidente
_________________________________________
Welliana Benevides Ramalho, Profª. Ma. (UFERSA)
Vice-presidente
_________________________________________
Francisco de Assis Pereira Vasconcelos de Arruda, Prof. Dr. (UFERSA)
Membro Examinador
_________________________________________
Alessandra Miranda Mendes Soares, Profª. Dra. (UFERSA)
Membro Examinador
AGRADECIMENTOS
A internet das coisas (IoT) ganhou espaço na sociedade devido sua capacidade de
conectar inúmeros dispositivos através da rede. É um viés tecnológico com uma crescente
aplicação nas mais variadas áreas, sendo uma delas, a otimização do bem-estar pessoal. Pessoas
em geral se beneficiam com o uso da IoT para que sua qualidade de vida seja potencializada,
porém, este trabalho visa aplicar a tecnologia IoT nas vidas de pessoas com deficiência que
demandam um pouco mais de atenção, sendo voltada exclusivamente para pessoas com
deficiência auditiva. Devido a falta total ou parcial de sua audição, o indivíduo perde um pouco
de sua autonomia e, em alguns casos, se torna dependente de um cuidador ou acompanhante,
tornando sua vida social dolorosa. Dessa forma, foi observado que, mesmo dentro de sua
residência, a pessoa com deficiência auditiva necessita de meios que ofereçam maior nível de
independência e que, por meio de dispositivos inteligentes, a tecnologia com base na internet
das coisas venha o auxiliar a adquirir mais autonomia. Assim sendo, este trabalho propõe o
desenvolvimento de um protótipo de campainha inteligente voltada para a assistência do surdo
dentro de sua própria residência, com dispositivos que garantam a entrega das informações.
Foram feitas buscas, seleções e análises dos mais variados artigos, livros e periódicos para a
construção deste documento, desde aplicações utilizando IoT e adversidades da pessoa com
deficiência auditiva, à tecnologias voltadas para garantir acessibilidade a esses indivíduos. Em
meio a esses estudos, foi observado que há uma inclinação maior para o desenvolvimento de
automação residencial como artifício para assistir as pessoas com deficiência. Para
demonstração das vantagens da casa inteligente como recurso para o indivíduo com deficiência
auditiva, é apresentado simulações na ferramenta Cisco Packet Tracer com dispositivos IoT
dispersos pela casa e o desenvolvimento de um protótipo de campainha inteligente baseada na
simulação.
The internet of things (IoT) has gained space in society due to its ability to connect
numerous devices through the network. It is a technological bias with a growing application in
the most varied areas, one of which is the optimization of personal well-being. People in general
benefit from the use of IoT so that their quality of life is enhanced, however, this work aims to
apply IoT technology in the lives of people with disabilities who demand a little more attention,
being aimed exclusively at people with hearing impairments . Due to the total or partial lack of
hearing, the individual loses some of his autonomy and, in some cases, becomes dependent on
a caregiver or companion, making his social life painful. Thus, it was observed that, even within
their homes, people with hearing disabilities need means that offer a greater level of
independence and that, through smart devices, technology based on the internet of things will
help them to acquire more autonomy. Therefore, this work proposes the development of a
prototype of an intelligent doorbell aimed at assisting deaf people within their own homes, with
devices that guarantee the delivery of information. Searches, selections and analyzes of the
most varied articles, books and journals were carried out for the construction of this document,
from applications using IoT and adversities of the person with hearing impairment, to
technologies aimed at ensuring accessibility to these individuals. In the midst of these studies,
it was observed that there is a greater inclination towards the development of home automation
as a device to assist people with disabilities. To demonstrate the advantages of the smart home
as a resource for the hearing-impaired individual, simulations are presented in the Cisco Packet
Tracer tool with IoT devices dispersed throughout the house and the development of a prototype
of a smart doorbell based on the simulation.
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 15
1.1 Objetivos ................................................................................................. 16
1.1.1 Objetivo Geral ......................................................................................... 16
1.1.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 16
1.2 Justificativa ............................................................................................ 16
1.3 Materiais e métodos ............................................................................... 17
1.4 Estrutura do trabalho ........................................................................... 18
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................ 19
2.1 Internet das coisas .................................................................................. 19
2.1.1 Aplicabilidade da Internet das coisas ...................................................... 20
2.2 Acessibilidade ......................................................................................... 25
2.2.1 Deficiência Auditiva ou surdez................................................................ 26
2.3 Adversidades das Pessoas com Deficiência Auditiva .......................... 28
2.3.1 Educação .................................................................................................. 28
2.3.2 Mercado de Trabalho ............................................................................... 29
2.3.3 Saúde ....................................................................................................... 30
2.3.4 Âmbito familiar ....................................................................................... 31
2.4 Tecnologia Assistiva .............................................................................. 33
3 SIMULAÇÃO DO AMBIENTE FÍSICO ............................................ 38
3.1 Cisco Packet Tracer ............................................................................... 38
3.1.1 Simulação da Casa Inteligente ............................................................... 40
4 DESENVOLVIMENTO FÍSICO ......................................................... 50
4.1 Justificativa da seleção dos dispositivos ............................................... 50
4.2 Estrutura e especificações do protótipo ............................................... 51
4.2.1 Estrutura física ......................................................................................... 52
4.2.2 Estrutura lógica ........................................................................................ 53
4.3 Funcionalidade ....................................................................................... 55
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 58
5.1 Trabalhos Futuros ................................................................................. 59
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 60
APÊNDICE A – CÓDIGO PARA INSTRUÇÃO DA PLACA
WEMOS ................................................................................................. 69
15
1 INTRODUÇÃO
Com o exponencial avanço tecnológico, é visto cada vez mais no cotidiano das pessoas
a necessidade de se conectar à Internet, não sendo diferente aos equipamentos que fazem parte
da rotina de uma residência. Acompanhando esse avanço, é notório o uso de “dispositivos
inteligentes” para uma experiência mais cômoda dos usuários e respostas imediatas dos
aparelhos.
Internet das coisas, do inglês Internet of Things e comumente abreviado para IoT, foi
um termo inventado por Kevin Ashton (nascido em 1968) – propondo o conceito pela primeira
vez em 1999 – “para descrever um sistema onde a internet está conectada ao mundo físico via
sensores onipresentes” (GOKHALE; BHAT, O; e BHAT, S, 2018, pg 41).
Por uma perspectiva mais atual, Coelho (2017) define IoT como um sistema que
interliga dispositivos de forma que se comuniquem e haja transferência de dados sem nenhuma
intervenção humana. Exemplos desses dispositivos são sensores que interagem com o ambiente
no qual foi inserido captando informações e, assim, gerando os dados.
Perceptivo nos mais variados elementos usados habitualmente, a internet das coisas
pode ser encontrada em tomadas, lâmpadas, interruptores, fechaduras entre outros objetos,
fazendo parte da vivência pessoal e permitindo um maior controle e segurança sobre o
ambiente, além do conforto que o comando a distância traz, também consegue-se tornar o
ambiente automatizado estabelecendo prévia configuração.
A inserção da IoT em nossas vidas tem como um dos objetivos ajudar nas necessidades
advindas do dia a dia, e, para pessoas com deficiência, existe ainda mais carência nesse quesito.
Pensando nisso, este trabalho tem o objetivo desenvolver um protótipo de uma campainha com
dispositivos inteligentes através da internet das coisas para auxiliar pessoas com deficiência
auditiva com seus afazeres e incidentes visando uma vida independente e autônoma.
Objetivando clareza na visualização do desenvolvimento proposto, criar-se-á uma
simulação demonstrando o funcionamento e o comportamento de dispositivos inteligentes,
assim como a forma que podem ser administrados pelo usuário. A ferramenta utilizada será o
Cisco Packet Tracer, que permite criar simulações e, a partir da versão 7.0.0, já encontra-se
componentes que ajudam os usuários a simular uma rede de internet das coisas, sendo possível
adicionar dispositivos inteligentes, componentes, sensores, atuadores e também dispositivos
que simulam mini controladores como Arduino ou Raspberry Pi (FINARDI, 2018).
Além de ser de fácil acesso e aprendizado, esta ferramenta foi escolhida devido sua
variedade e compatibilidade dos componentes de rede, onde podem ser executados em
16
programas padrão ou podem ser personalizados programando-os com Java, Phyton, Blockly e
outras linguagem, tornando o Cisco Packet Tracer ideal para a criação de simulações
(FINARDI, 2018).
1.1 Objetivos
Nesta seção será descrito de forma concisa os objetivos que serão atingidos com o
desenvolvimento desta pesquisa, sendo divididos em objetivo geral explanando de uma forma
geral o que será atingido no término deste estudo, e objetivos específicos detalhando o passo a
passo feito para atingir o objetivo geral.
1.2 Justificativa
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nascido em 1999, o termo internet das coisas vem sendo cada vez mais pronunciado e,
ao longo dos seus 23 anos de existência, é mais explorado o estudo sobre a conexão, autonomia
e troca de informações entre “coisas” (casas, veículos, máquinas e dispositivos de
infraestrutura). Segundo Ashton, “se nós tivéssemos computadores que soubessem tudo que há
pra para saber sobre coisas – usando dados que eles coletaram sem nenhuma ajuda nossa – nós
seríamos capazes de rastrear e contar tudo e reduzir bastante o desperdício, a perda e o custo”.
Além disso, o autor afirma que as pessoas não são boas em capturar dados do mundo real, já
que temos tempo, atenção e precisão limitados, assim, promove a ideia de capacitar sistemas
computacionais com autonomia na coleta de dados, o suficiente para que possam ver, ouvir e
sentir o mundo por si mesmos (ASHTON, 2009).
Apesar de duas décadas de estudo e, devido a constante evolução e desenvolvimento da
tecnologia, a definição de IoT ainda não é unânime e se encontra em processo de formação, já
que cada autor a define com diferentes perspectivas. Segundo Serafim (2014), a Internet das
coisas apoia-se na ideia de transformar variados objetos de uso diário em dispositivos
inteligentes através da comunicação entre eles pela internet, enquanto que para Mattern e
Floerkemeier (2010), não se trata somente de uma só tecnologia que incorpora diferentes
tecnologias, e sim uma representação da extensão da internet por meio de objetos do cotidiano,
estreitando o espaço existente entre o virtual e o real.
Clark (2016) interpreta a IoT como sendo qualquer dispositivo – desde que tenha um
botão de ligar e desligar – conectado à internet e a outros dispositivos. O autor reforça a ideia
20
dizendo que se trata de uma rede gigante de coisas e pessoas conectadas onde há coleta e
compartilhamento de dados entre si sobre o uso desses dados e o ambiente a sua volta.
Considerada por Evans (2011) uma das criações mais importantes da história humana,
a internet e a representação da sua próxima evolução, a IoT, segundo ele, proporcionará mais
conforto, comodidade e aumento na qualidade de vida da população. Ademais, Forsetto e De
Souza (2015) reforçam essa ideia afirmando que a IoT apresenta-se com uma proposta de
auxiliar nas tarefas do cotidiano, tornando-as mais fáceis, e que essa mudança já pode ser notada
no nosso dia a dia.
Como um dos serviços utilizados em uma rede de internet das coisas, a computação em
nuvem, segundo Finardi (2018), deve garantir o fácil acesso e o provimento de recursos de
computação além de ser possível de qualquer lugar. A autora afirma que a prosperidade
estendida da tecnologia IoT se dá pela chegada de redes modernas, rápidas, confiáveis, de baixa
latência e baixo custo.
Como aponta Nader, Silva e Souza (2021), as possibilidades da aplicação da tecnologia
IoT vão desde pequenos sensores em animais até os mais modernos equipamentos utilizados
em prédios inteligentes. Com sua globalização, a Internet of Things (IoT) pode ser observada
nas mais diversas áreas e algumas delas serão brevemente apresentadas a seguir.
● Transporte
da interferência humana para tal. Exemplos disso vê-se com o estacionamento automático
através de um assistente com auxílio de sensores embutido nos veículos, segundo Pereira e
Botelho (2018), “existe ainda a latente chance de que veículos não necessitarão da dependência
humana na condução do ponto A ao ponto B”. Com a inexistência desta dependência, espera-
se que haja redução de eventualidades no trânsito e poluidores, além da queda no rendimento
humano devido ao estresse causado nos congestionamentos (GASQUES, 2015).
A Figura 1 ilustra o funcionamento de carros autônomos e a comunicação entre eles
através da IoT, com troca de informações sobre os veículos e sobre as vias transitadas,
auxiliando pessoas com deficiência no geral a se locomoverem com segurança.
● Indústria
Como já citado anteriormente, a internet das coisas veio para auxiliar indivíduos
facilitando o cumprimento e acelerando o processo de resolução de determinada tarefa, não
sendo diferente no ambiente fabril onde empregadores utilizam dessa tecnologia para
monitorar, coletar dados, tomar decisões e garantir segurança de suas indústrias. Segundo
22
Flórez, Rosário e Hurtado (2020), a IoT pode ser aplicada na indústria como uma ferramenta
para melhorar um sistema de serviço, utilizando dispositivos conectados à rede para coleta de
dados e auxiliando no gerenciamento, havendo otimização na utilização de recursos e
melhorando a qualidade do serviço.
● Saúde
Em um instrumento como o relógio, que foi criado com o simples intuito de informar
as horas, conseguimos ver a presença da internet das coisas, já que além das horas, alguns
modelos de relógios inteligentes apresentam outras informações. Em modelos de smartwatch
da Xiaomi – empresa chinesa de tecnologia –, tem-se acesso à funções esportivas com o
acompanhamento de passos, distâncias, queima de calorias, e funções de monitoramento de
saúde com o monitoramento de frequências cardíacas, oxigênio no sangue e até mesmo do ciclo
menstrual (XIAOMI, 2022).
Em outros modelos, como os da Apple, por exemplo, vê-se casos onde tal dispositivo
ajuda diretamente na manutenção da vida do usuário, salvando-o de complicações onde não
seja possível uma solicitação direta de socorro. Segundo Ikoba (2022), em Janeiro de 2022 na
cidade de Atlanta, ao detectar uma queda sofrida pelo usuário, o Apple Watch, na ausência de
uma confirmação de bem estar (Figura 2), alertou o Centro de Comunicações de Emergência
do Condado de Clayton e, doze minutos depois do alerta, o Corpo de Bombeiros de Morrow
City localizou o homem semiconsciente e delirante, e prestou o devido socorro.
Desse modo, as inovações tecnológicas na área da saúde por meio da IoT vão desde
simples dispositivos que auxiliam o usuário na tentativa de uma vida mais saudável, ao
acompanhamento remoto de pacientes pelo médico e até mesmo uso de dispositivos vestíveis
(wearables), sensores para monitoramento do ambiente, ingestão de remédios e detecção de
acionamento de emergência (SILVA E OLIVEIRA, 2017).
● Agricultura
● Negócios
● Residências
“[...] simulam uma experiência domótica onde dispositivos inteligentes IoT são
conectados a uma rede local para dar automação dentro de casa. Exemplos de
automação residencial incluem controle climático, eventos de alarme e segurança,
armazenamento de eletricidade e luzes inteligentes” (FINARDI, 2018)
Fonte: https://www.amazon.com.br/
2.2 Acessibilidade
Uma vez contemplada a importância da internet das coisas na vida das pessoas, seja no
seu trabalho, em meios de locomoção e, principalmente, em casa que é onde desejamos e
podemos ter o máximo de conforto, e sendo acessibilidade a área que mais exige da IoT, já que
ela provê independência e mobilidade para pessoas com alguma necessidade especial
(AMORIM et al, 2018), será tratado da acessibilidade neste tópico e, na Subseção 2.4, o acesso
à ela por meio tecnológico.
À medida que a tecnologia se desenvolve, percebe-se um crescimento proporcional de
sua presença no dia a dia, assim como um aumento no desenvolvimento de dispositivos e
sistemas com o intuito de expandir a qualidade de vida dos indivíduos. Juntamente com a
acessibilidade, o avanço tecnológico permite quebrar alguns obstáculos no que diz respeito à
vida social. Segundo Art. 3º e Inciso I da Lei de Nº 13.146, de 2015, a acessibilidade define-se
como:
Por ser parte essencial na promoção da qualidade de vida das pessoas com deficiência,
observa-se a importância da acessibilidade, já que não se trata apenas de promover o ato de ir
e vir do indivíduo, e sim garantir o que prevê a Constituição Federal de 1988, onde assegura
educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, previdência
social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados como direito social
do cidadão, cumprindo os fundamentos da República Federativa do Brasil, dando ênfase na
cidadania e na dignidade da pessoa humana. (BRASIL, 1988)
Conforme mencionado na Lei de Nº 13.146 de 2015, no Art. 2º do Estatuto da Pessoa
com deficiência, a pessoa é considerada deficiente quando, a longo prazo, há restrições de
caráter físico, mental, intelectual ou sensorial, no qual, devido obstáculos, seu desempenho
social venha ser opilado em comparação com as demais pessoas. Ademais, no Art. 4º de mesma
lei, diz que “toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as
demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação”. (BRASIL, 2015)
Segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca
de 23,9 % da população brasileira afirmaram ter pelo menos uma deficiência entre a visual,
auditiva, motora e mental ou intelectual, representando, em números, cerca de 45 606 048
milhões de brasileiros, sendo o Nordeste a região com maior concentração de pessoas com pelo
menos uma dessas deficiências. Um total de 18,8% da população brasileira afirmam ter algum
nível de dificuldade em relação a sua visão, 7% com dificuldade motora, 5,1% em relação a sua
audição, 1,4% mental ou intelectual e 76,1% afirma não ter nenhum grau de dificuldade em
nenhuma das deficiências sondadas (IBGE, 2010).
Conforme mostra o censo do IBGE (2010), pouco mais de 20% da população brasileira
necessita de determinado auxílio, mesmo que mínimo, em seus afazeres – sejam eles voltados
para a autonomia em suas intimidades ou suporte em sua vida social –, fazendo com que a
tecnologia seja grande aliada nessa precisão de assistência. Como foco desta pesquisa, será
tratado no tópico a seguir acerca de pessoas com deficiência auditiva e, logo após, serão
apresentadas tecnologias com base em IoT voltada para qualidade de vida desse grupo de
pessoas.
Segundo Monteiro et al. (2016), o termo surdo descreve indivíduos com a capacidade
reduzida de ouvir, sendo capaz de identificar alguns ruídos, ou a perda total da captação de
sons, não sendo possível a recepção de barulho algum. Ademais, apresenta duas classificações
27
para a surdez: a perda auditiva condutiva, caracterizada por obstáculos na orelha externa como
dano no tímpano; e perda auditiva neurossensorial (sensorioneural), que se dá por danos nas
células ciliadas da cóclea. Já no que diz respeito às causas, podem ser congênitas, referente à
surdez adquirida através de complicações na gestação, doenças transmitidas pela gestante ou
por hereditariedade, ou pode ser durante a vida devido viroses ou maus hábitos (MONTEIRO
et al, 2016).
Complementando o que é apresentado por Monteiro el al. (2016), o Ministério da
Educação (SEESP/MEC, 2006), para capacitação de professores no ensino e concretização dos
direitos de alunos surdos, descreve a surdez quanto ao tipo de perda auditiva, além da condutiva
e neurossensorial, como: mista, quando ocorre, não só no ouvido externo e/ou médio, mas
também no ouvido interno; e central, quando a alteração da audição ocorre no cérebro, desde o
tronco cerebral até às regiões subcorticais e córtex cerebral.
Através de um instrumento chamado audiômetro consegue-se medir, em decibéis (dB),
a sensibilidade auditiva de um indivíduo, sendo capaz de realizar testes quanto a capacidade e
o grau de comprometimento da audição. A classificação quanto ao desempenho da audição do
indivíduo se dá de acordo com a sensibilidade auditiva do mesmo, dividida nos seis níveis
mostrados no Quadro 1.
2.3.1 Educação
Segundo Moura (2010), no século IV a.C., os surdos não eram considerados humanos e
se caracterizavam como seres incapazes, não podendo ser educados, já que não conseguiam se
comunicar através da língua oral, que era defendida por Aristóteles – um dos grandes filósofos
da Grécia Antiga – como uma condição intrínseca ao homem (apud SOUZA, 2018).
Concomitantemente, Sacks (1998) dizia que, entre meados dos séculos V e XV, os
surdos não desenvolviam a fala e, por isso, eram considerados mudos, não havendo
comunicação oral entre seu familiares, apenas através de gestos eremíticos e singulares, dessa
forma, eram impossibilitados de serem alfabetizados.
29
Mesmo com a Lei nº 8.213/91 em vigência – lei que dispõe os Planos de Benefícios da
Previdência Social (BRASIL, 1991) –, nota-se vários obstáculos na integração e conservação
de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. No Art. 93, representado pela Tabela 1,
mostra a porcentagem da quantidade de vagas que o empregador deve preencher com
beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência, no intuito de assegurar aos beneficiários
inclusão social e desfruto de serviços essenciais para a vida.
Apesar disso, a inclusão dos surdos no mercado de trabalho, mesmo que para suprir essa
obrigação, é bem reduzida. Segundo Borges et al (2020), ainda é grande o preconceito existente
e a falta de preparo dos empregadores e das próprias empresas em adaptar-se para receber estes
candidatos, tendo em vista que, em alguns casos, organizações contratam apenas para desviar-
se da multa em caso do não cumprimento da lei. Ademais, destacam a falta de capacitação e
aptidão desse grupo de pessoas para exercer cargos mais altos, e que, mesmo com formação,
são destinados a cargos fora de seu conhecimento e de baixa remuneração, ou ainda, alocados
em exercícios que não demandam de comunicação (BORGES et al, 2020).
Com o pensamento que a inclusão das pessoas com deficiência no ambiente de trabalho
vá prejudicar o engajamento, a resolução de tarefas e atrasar a produção da empresa, alguns
proprietários enxergam os surdos apenas como uma cota a ser respeitada. Assim, como
apresentado por Thoma (2012), adotam um comportamento não inclusivo agindo como se os
surdos não precisassem de acessibilidade.
Além de todo a problemática voltada para o exercício do ofício, podem ser apresentados
também o preconceito existente no ambiente de trabalho, que é realçado por Nogueira (2014)
através de sua pesquisa, onde observou a exclusão dos surdos em eventos e confraternizações
pelos colegas de trabalho, não sendo notificados da realização dessas cerimônias e
desencorajados a participar.
2.3.3 Saúde
universal e gratuito à saúde pública para toda a população do país – voltado para pessoas com
deficiência auditiva garantindo acessibilidade na área e o direito à saúde, segundo Souza et al
(2017), o SUS ainda sofre em exercer o objetivo para o qual foi criado devido uma cultura
social de preconceito e indiferença.
Tal problema encontrado no sistema de saúde pública, é reforçado por Tadesco e Junges
(2013) em sua pesquisa nos Postos de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição,
onde, através de entrevistas, identificou que os profissionais da rede GHC – desde
coordenadores à profissionais da saúde – sentem-se desconfortáveis e despreparados para
realizar um atendimento igualitário e recorrem a meios de comunicação como: a escrita, quando
o surdo tem a habilidade de ler; através de um intérprete, quando o acompanhante da pessoas
com deficiência traduz o que ele quer dizer; e com gestos, que, mesmo não sendo do alfabeto
oficial da LIBRAS, conseguem estabelecer um diálogo através de gestos universais, como
apontar para o local da dor.
Já para Ianni e Pereira (2009), os problemas que a comunidade surda enfrenta no acesso
ao serviço público de saúde, além da comunicação e falta de capacitação dos profissionais, são:
insumos tecnológicos, com a escassez de aparato tecnológico e adaptações que auxilie o
atendimento; e políticas públicas, como ausência de legendas em campanhas, fila preferencial
e falta de serviços.
Apesar disso, a problemática do acesso de pessoas com deficiência auditiva à
saúde começa antes mesmo da chegada até a instituição, já que, segundo Steinberg et al (2006),
a frequência com que os pacientes surdos buscam o sistema de saúde é reduzido em relação a
paciente ouvintes devido medo, desconfiança e frustração. Além disso, é relatado que os
pacientes com deficiência auditiva se sentem mais tranquilos e positivos quanto ao atendimento
quando há intérpretes certificados com experiência médica, profissionais de saúde com
habilidades em linguagem de sinais e profissionais que fizeram um esforço para melhorar a
comunicação. Houve ainda relatos de participantes que defendiam o dever de profissionais da
saúde em aprender mais sobre as propriedades socioculturais da surdez. (STEINBERG et al,
2006)
Como apresentado, as barreiras sociais encontradas pelas pessoas com deficiência são
diversas e vão desde necessidades diárias de um cidadão à ambientes familiares, sendo este
último o mais prejudicial à autoestima do surdo, já que é a partir da família que deve existir a
32
inclusão e a construção das pessoas com deficiência auditiva quanto ao convívio social. Tal
pensamento é defendido por Pintanel, Gomes e Xavier (2013), quando apresentam a
importância da família no papel de cuidadores e responsáveis pelo desenvolvimento da criança,
alegando que o núcleo familiar é a primeira rede de apoio social.
Dentro de sua própria residência, o indivíduo surdo encara obstáculos que podem ser
superados desde que haja cooperação dos envolvidos. Um destes bloqueios é a comunicação
entre seus pais, irmãos, amigos e outras pessoas íntimas. Levando em consideração que a
comunicação é o núcleo da interação e aproximação entre as pessoas e necessário para
participação do indivíduo em qualquer ambiente, entre os mais diversos problemas encontrados
no dia-a-dia dos surdos, a falta de comunicação entre eles e ouvintes é fator grandemente
prejudicial à imersão social das pessoas com deficiência auditiva.
Segundo Negrelli e Marcom (2006, p.103), para que haja a construção do indivíduo
voltada para integração, participação, convivência e socialização, se faz necessário a
participação da família na comunicação do surdo estabelecendo um canal de linguagem comum.
Dessa forma os surdos se sentiram mais inclinados à uma participação social além de adquirir
independência sobre suas vidas e autonomia em relação a suas decisões e acareação de seus
problemas.
Em uma pesquisa realizada por Santiago et al (2019), constatou-se que a comunicação
e a relação entre os indivíduos é prejudicada dentro de casa devido falta de uma língua em
comum e, na tentativa de suprir a falta de uma linguagem na ausência do conhecimento de
LIBRAS, recorrem a gestos informais inviabilizando a eficácia da comunicação trazendo
detrimento da vida familiar e social do surdo. Ademais, mesmo com o uso dos gestos, a relação
se torna pouco proveitosa, já que os sinais não são suficientes de forma que a informação que
se deseja transmitir seja nítida e direta para que ambos se compreendam (SANTIAGO et al,
2019).
A utilização dos sinais informais, comumente desenvolvidos por familiares ouvintes de
pessoas surdas na tentativa de suprir a falta de conhecimento da LIBRAS, carecem de
vocabulário, o que torna difícil disseminar informações que necessitam de mais detalhes, além
de ser complexo para descrever situações já ocorridas, sendo possível somente apresentação de
um fato no momento do acontecimento (ADRIANO, 2010. p.34)
Apesar da existência de leis, decretos e movimentos sociais destinados a proporcionar
estado de igualdade e inclusão, pessoas com deficiência e/ou com mobilidade reduzida ainda
enfrentam adversidades, que vão desde locomoção dentro da própria casa, dificuldade de
inserção no mercado de trabalho e, até mesmo, desrespeito e preconceito. Podemos também
33
citar problemas com movimentação em locais públicos e privados, acesso à ambientes sem
adaptação, estabelecimentos sem atendimento apropriado, indiferença de um fragmento da
população e sistemas desenvolvidos sem área para pessoas com deficiência.
Tendo em vista a comodidade e inclusão de pessoas com deficiência, encontrou-se a
necessidade do desenvolvimento de dispositivos e sistemas que promovam essa satisfação. Para
descrever o conjunto de tecnologias que promove o bem estar das pessoas com deficiência,
temos o termo Tecnologia Assistiva, que, segundo Bersch e Tonolli (2006), é descrita como um
“arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades
funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover vida independente e
inclusão”.
No tópico seguinte será apresentado exemplos de diferentes categorias de tecnologias
assistivas usadas para propiciar a autonomia e maior envolvimento de pessoas com deficiência
auditiva no cotidiano, principalmente no âmbito familiar e residencial.
A Tecnologia Assistiva no Brasil foi classificada com base no estudo de três vertentes,
que tem diferente objetivos quanto a organização e aplicação: a ISO 9999; a Classificação
Horizontal European Activities in Rehabilitation Technology – HEART; e a Classificação
Nacional de Tecnologia Assistiva do Instituto Nacional de Pesquisas em Deficiências e
Reabilitação dos Programas da Secretaria de Educação Especial, Departamento de Educação
dos Estados Unidos.
A ISO 9999 é utilizada em vários países e se concentra especificamente em recursos,
que são organizados em classes que se desdobram em itens de produtos (BRASIL, 2009).
Enquanto que a HEART, tem como objetivo uma tecnologia com base nos
conhecimentos envolvidos na sua utilização considerando componentes técnicos, humanos e
socioeconômicos. Já o Departamento de Educação dos EUA voltado para a classificação da
tecnologia assistiva, integra recursos e serviços, catalogando dez itens de componente de
recursos e um grupo de serviços que promove o apoio à avaliação do usuário, o
desenvolvimento e customização de recursos, a integração da TA com ação e objetivos
educacionais e de reabilitação e os apoios legais de concessão (BRASIL, 2009)
Como apresentado, com base nas diferentes definições, a tecnologia assistiva vai além
de somente produtos, como pontuado por Castro, Souza e Santos (2011), o tema tem um vasto
alcance e por isso, é acrescido outros conceitos, como estratégias, serviços e práticas que
favorecem o desenvolvimento de habilidades de pessoas com deficiência.
Nesta perspectiva, a tecnologia assume um papel importantíssimo na vida do indivíduo
com deficiência, possibilitando acessibilidade, independência e interação com o mundo. Dessa
forma, no Capítulo 3, dar-se início a apresentação de tecnologia baseada em internet das coisas
com o foco na autonomia da pessoa com deficiência auditiva em sua residência, desde
dispositivos que o auxiliem em atividades à maneiras de automatizá-los para que não necessite
de intervenção humana em algumas ações.
38
garantindo conectividade aos dispositivos via rede sem fio. O ponto de acesso também servirá
como ponte de conectividade ao servidor, que este, por sua vez, servirá para configuração da
autenticação, necessária para acesso remoto dos equipamentos.
O núcleo desta simulação se dá apenas por uma rede doméstica, um servidor back-end
e dispositivos IoT conectados à Wireless Local Area Network (WLAN). A rede simula uma
rede doméstica comum, no qual os aparelhos se conectam ao roteador sem fio com
conectividade ISP, neste caso, sendo representado unicamente por um ponto de acesso.
As configurações de internet de toda a rede foram estabelecidas através dos padrões
DHCP, sendo o servidor local conectado à WLAN fornecedor da conexão por meio deste
serviço e, assim, às demais máquinas foram atribuídos automaticamente endereços IP dentro da
faixa estabelecida no servidor (Figura 6). Outras configurações feitas na rede wireless local
foram a atribuição de um SSID e uma senha ao ponto de acesso.
FIGURA 7 - CONFIGURAÇÃO DO PONTO DE ACESSO PARA QUE HAJA CONEXÃO SEM FIO
acessar a área de monitoramento e gerenciamento da rede IoT. A autenticação pode ser feita
pelo usuário a partir de qualquer dispositivo com acesso à rede e que disponha de um navegador.
A Figura 11 a seguir apresenta a interface de autenticação vista pelo possuidor da casa em seu
smartphone.
FIGURA 12 - LISTA DOS DISPOSITIVOS IOT DISPONÍVEIS PARA INTERAÇÃO PELO SERVIDOR
Além da lista dos dispositivos, o proprietário da casa também tem acesso a aba
Conditions, onde pode ser atribuída condições aos dispositivos para que hajam de forma
automática desde que as condições impostas pelo usuário sejam atendidas. Na Figura 13 a
seguir, é apresentado algumas condições impostas aos dispositivos para que o funcionamento
seja automático a determinada condição previamente configurada pelo usuário.
46
Este tópico será iniciado com o detalhamento dos dispositivos utilizados para
construção da rede e o que cada um irá representar na residência e logo em seguida será
detalhado também as configurações atribuídas a cada dispositivo para que houvesse a total
conexão entre os equipamentos. Para contribuir com a visualização da rede, será apresentado,
ao decorrer do documento e através de figuras, os dispositivos inteligentes utilizados e suas
configurações e aspectos da rede.
A princípio, se estabeleceu a conexão de um servidor local – onde se concentraria a
manipulação dos dispositivos pelo usuário – com um ponto de acesso como intermediador da
47
conexão através da rede wireless, fornecendo ao usuário acesso remoto dos dispositivos
instalados em sua residência, desde que o proprietário da casa esteja na mesma rede.
Neste caso, os dispositivos instalados foram: uma câmera para visualização do ambiente
em caso de querer reconhecer a visita ou mesmo que só para monitoramento da entrada
principal da casa; uma porta inteligente para controle de acesso deixando a porta trancada ou
destrancada; um botão e um alarme luminoso, sendo, respectivamente, dispositivo de entrada e
de saída para um micro controlador, tratando todo esse conjunto como um simulador de
campainha.
Recebendo uma visita, o indivíduo em questão que deseja a entrada na residência irá
pressionar o botão (campainha) e irá acionar o sistema de luz alerta nos cômodos da casa. A
simulação do sistema de alarme para pessoas com deficiência auditiva foi feito através de um
microcontrolador que, ao receber a informação de entrada do botão, informando o seu
pressionamento, irá ordenar, através dos pinos de saída conectados nos alarmes, o acionamento
do sinal luminoso ao longo da casa indicando que alguém tocou a campainha (Figuras 16 e 17).
O alarme ficará acionado, dando intervalos de um segundo entre aceso e apagado, até que o
usuário desligue manualmente através do servidor, como demonstra a Figura 18 do código
utilizado na placa micro controladora.
49
Para que ocorra tal comportamento para o alarme, define-se na placa de controle
(MCU) o código mostrado na figura 18 a seguir. Onde, dado comportamento do botão, será
esperado diferentes ações do alarme.
50
Vale salientar que, exclusivamente, o alarme luminoso não faz parte apenas da porta
principal, podendo ser espalhando por todos os cômodos da casa para que a informação possa
ser passada independentemente da localização do proprietário e em qual cômodo ele se
encontra.
Ao se autenticar no servidor através do sítio homepageiot.com.br, o usuário terá acesso
à visão da câmera na porta principal como mostra a Figura 19, dessa forma, ele pode ver quem
é o visitante de forma rápida e, por se tratar de uma pessoa com deficiência auditiva, o
reconhecimento visual é de suma importância. Sabendo de quem se trata, o dono da casa pode
simplesmente destravar a porta para a entrada do visitante ou morador (cônjuge, filhos, parentes
e amigos) sem a necessidade de se dirigir até a entrada (Figura 20).
FIGURA 19 - ACESSO A CÂMERA PELO SERVIDOR CONTENDO A IMAGEM QUE ESTÁ SENDO
CAPTADA
Com base no que foi demonstrado com as funcionalidades do Cisco Packet Tracer e a
simulação, foi desenvolvido um protótipo de uma campainha inteligente para auxiliar o
deficietne auditivo na recepção de alguém em sua residência. Tendo em vista a deficiência, fez-
se necessário desenvolver um dispositivo que informasse ao morador a chegada de alguém
diferente do tradicional, que seria através de um sinal sonoro. No capítulo 4 será descrito o
desenvolvimento de todo esse protótipo assim como demonstrará seu funcionamento.
4 DESENVOLVIMENTO FÍSICO
Para alcançar esse objetivo, serão utilizados uma placa Wemos D1 Mini Pro, contando
com um chip wifi ESP8266EX, uma fonte de alimentação de 5V para a placa, uma protoboard,
jumpers e um pushbutton. A escolha desse conjunto de dispositivos deu-se pela facilidade de
acesso, baixo custo para aquisição e rápida montagem, tendo em vista que tal pesquisa será
52
aberta para estudos e qualquer pessoa poderá tomar como base este documento para
desenvolvimento do esquema apresentado. O desenvolvimento da simulação assim como o
código utilizado para instrução da placa Wemos, serão disponibilizados e poderão ser
consultados através do sítio (https://github.com/ArielCunha/CampainhaIoT.git).
Será utilizado também o smartphone do usuário, haja vista que se trata de um dispositivo
comumente manuseado pela sociedade. Segundo 33ª edição da Pesquisa Anual do FGVcia
sobre o Mercado Brasileiro de TI e Uso nas Empresas, os celulares inteligentes assumem papéis
predominantes na utilização de dispositivos digitais para transações bancárias, compras e uso
de redes sociais, e está presente na sociedade brasileira com uma faixa de pouco mais de um
dispositivo por habitante, totalizando 242 milhões de aparelhos em uso. (MEIRELLES, 2022).
Além desses dispositivos eletrônicos, o projeto irá dispor também do uso do aplicativo
Telegram, que será instalado no smartphone do usuário funcionando como a ferramenta que irá
recepcionar a mensagem de aviso quando a campainha for acionada. Nele, será configurado um
bot (robô) para simular uma ação humana, como a de enviar a mensagem para o usuário quando
o botão for pressionado.
Os famosos bots, são criados para facilitar e automatizar algumas tarefas que são
repetitivas ou que contêm passos padrões, dessa forma, o robô efetua o processo no intuito de
agilizar e não ocupar o usuário com a tarefa. No Telegram, essa ferramenta é bastante utilizada,
tanto para entretenimento como para facilitador na execução de tarefas. Exemplos disso podem
ser citados: o Transcriberbot, utilizado para quem não pode ouvir áudio no momento,
transcrevendo o que foi dito por mensagem de voz; o Rastreiobot, eliminando a necessidade de
acessar um site de rastreio de produtos, o robô atualiza o estado da entrega; e, por fim, o
Gamebot, disponibilizando três jogos para que um grupo de pessoas possa jogar e comparar
resultados (CANALTECH, 2020)
Nesse caso, será criado um bot próprio para a funcionalidade desse protótipo e as
informações referentes a esse robô serão utilizadas na programação da placa Wemos,
concluindo assim a comunicação e o ciclo do projeto.
Para sua construção, o protótipo foi dividido em duas etapas: a física, com a montagem,
interligação e alimentação de cada um dos dispositivos eletrônicos para seu devido
funcionamento; e a lógica, com a programação e configuração dos dispositivos para
53
comunicação entre eles e entrega do serviço esperado. Tais etapas serão descritas e detalhadas
nos próximos tópicos para melhorar o entendimento do projeto.
Como citado anteriormente, o protótipo dispõe da placa Wemos D1 Mini Pro (Figura
21), no qual irá estabelecer uma conexão com a internet, necessária para comunicação com o
smartphone também conectado à internet e será a peça principal para o funcionamento do
protótipo.
A Wemos possui: onze pinos digitais que podem ser configurados como entrada ou
saída e suporta interrupções, PWM (Pulse Width Modulation ou, em portugês, Modulação de
Largura de Pulso), I2C (Inter-Integrated Circuit ou Circuito Inter-Integrado) e one-wire
(traduzido, um fio); um pino analógico de entrada; e 16MB (Dezesseis MegaByte) de memória
flash. A comunicação com o computador e alimentação é feita pelo conector micro-USB, e a
placa possui antena cerâmica embutida e conector para antena externa U.FL (FELIPEFLOP,
2022).
Além disso, a placa também desfruta do chip controlador ESP8266EX, sendo este
responsável por constituir uma conexão via Wi-Fi com a internet. O chip suporta conexões
802.11 b/g/n e 802.11 n (2,4 GHz) de até 72,2 Mbps (ESPRESSIF SYSTEMS, 2022).
A placa Wemos, assim como o pushbutton, estarão acoplados a uma protoboard, sendo
utilizada como base de conexão para os dispositivos juntamente com o auxílio dos jumpers,
54
Por fim, estará em uso também o smartphone sem especificações detalhadas, desde que
seja possível estabelecer conexão wifi e tenha os requisitos básicos para a instalação do
aplicativo Telegram, haja vista que será através dele que o usuário será notificado para que
atenda sua porta.
Para que haja a comunicação entre os dispositivos, a Wemos será programada para
receber a informação de ativação do botão (pushbutton) e enviar, para o Telegram do usuário,
a notificação. Utilizando a linguagem de programação C++, sua programação será feita através
do Arduino IDE, onde já contém disponível dentro do próprio software para instalação, as
bibliotecas necessárias: a UniversalTelegramBot, para que haja comunicação com o Telegram,
e a ArduinoJson, utilizada para envio de informações. O código aplicado será disposto no
Apêndice A para visualização e estudo.
Sendo a intenção de que a Wemos se torne uma robô, ou seja, tome uma reação padrão
dada uma ação também padrão, que nesse caso seria o envio da mensagem e a ativação do
botão, respectivamente, será criado o bot no Telegram, que a própria aplicação permite que
isso seja feito.
55
4.3 Funcionalidade
O botão está conectado nos pinos D3 (pino digital 3) e GND (Ground, ou em português,
chamado terra). O funcionamento do botão está definido como Input Pull-up, ou seja, é utilizado
o resistor da própria placa para controle da corrente no modo pull-up, onde mantém o circuito
fechado, e, ao pressionar o botão, abre o circuito mandando sinal LOW(0) para a placa (GUIA
ROBÓTICA, 2022).
Para ativação do robô, será necessário apenas clicar no botão Iniciar do bate-papo
(Figura 24), ou enviar a mensagem /start (Figura 26), para que ele inicie seu funcionamento.
Com o bot ativo, ao pressionar o botão, o telefone será notificado e o bate papo ficará como
demonstra as imagens (Figuras 27, 28 e 29) a seguir.
58
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho apresentou um protótipo de uma campainha voltada para auxiliar pessoas
com deficiência auditiva a identificar uma possível presença na porta de sua casa. Tendo como
60
primeiro passo identificar as particularidades das pessoas com deficiência, notou-se que suas
dificuldades eram encontradas já no âmbito residencial, o que tornava sua vida dependente de
terceiros mesmo em seu convívio pessoal.
Foi analisada a aplicabilidade do sistema de internet das coisas nos mais diversos
âmbitos e como ela poderia ajudar a pessoa com deficiência auditiva, em suas tarefas cotidianas.
Com isso, foi observado também a utilização de tecnologia assistiva e do sistema de internet
das coisas voltada para acessibilidade, como auxiliar na vida social de pessoas com deficiência,
seja sua deficiência visual, auditiva, motora e mental ou intelectual.
Após análise das áreas atuantes, reparou-se que, sendo a acessibilidade a área que mais
exige da IoT, sua aplicação nessa área era rápida e barata, tendo em vista os diversos
dispositivos aptos a trabalhar nesse âmbito.
Dessa forma, foi pensado e criado um protótipo de campainha inteligente com o
propósito de informar à pessoa com deficiência auditiva de uma possível visita em sua
residência, tendo em vista que, por causa de sua deficiência, era difícil tal identificação sem a
presença de uma outra pessoa sendo essa ouvinte. Garantindo-lhe certa autonomia mesmo
desacompanhado dentro de sua própria casa com baixo custo na aquisição dos produtos e
montagem do dispositivo.
REFERÊNCIAS
ABDUL RASHID, N. bin; BIN OTHMAN, M. Z.; BIN JOHAN, R.; BIN HJ. SIDEK, S. F.
Cisco Packet Tracer Simulation as Effective Pedagogy in Computer Networking
Course. International Journal of Interactive Mobile Technologies (iJIM), [S. l.], v. 13, n.
10, p. pp. 4–18, 2019. DOI: 10.3991/ijim.v13i10.11283. Disponível em: <https://online-
journals.org/index.php/i-jim/article/view/11283>. Acesso em: 3 maio. 2022.
AMORIM, Raul Myron Silva et al. Soluções para acessibilidade usando a perspectiva de
internet das coisas(IOT). Anais In: JICE- Jornada de iniciação científica e extensão, 9,
Palmas, 2018.
ASHTON, Kevin. That ‘internet of things’ thing. RFID journal, v. 22, n. 7, p. 97-114, 2009.
BRASIL. SDHPR - Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência
da Presidência da República. Comitê de Ajudas Técnicas. Portaria nº 142, 16 de novembro de
62
BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Subsecretaria Nacional de Promoção dos
Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas. Tecnologia Assistiva.
Brasília: CORDE, 2009a. Disponível em:
<https://www.assistiva.com.br/Tecnologia%20Assistiva%20CAT.pdf>. Acesso em: 05 abr.
2022.
BRASIL. Lei 13.146 de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da pessoa com deficiência). Brasília, DF: Presidência da República
39 [2015]. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13146.htm#art101>. Acesso em: 16 abr. 2022.
BERSCH, R. Introdução à Tecnologia Assistiva. Porto Alegre, 2013. Disponível em: <
https://www.assistiva.com.br/Introducao_Tecnologia_Assistiva.pdf>. Acesso em: 28 de abr.
2022.
CISCO Systems, Inc. Corporate Social Responsibility, c2022. About Cisco. Disponível em:
<https://www.cisco.com/c/en/us/about/csr.html >. Acesso em: 02 de maio de 2022.
COELHO, P. Internet das Coisas Introdução Prática (Portuguese Edition). Lisboa: FCA,
2017.
DOMINGOS, D.; MARTINS, F.; CÂNDIDO, C.; MARTINHO, R. Internet of Things Aware
WS-BPEL Business Process - Context Variables and Expected Exceptions. Journal of
Universal Computer Science, vol. 20, no. 8 (2014). Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/277657767_Internet_of_Things_Aware_WS-
BPEL_Business_Processes_Context_Variables_and_Expected_Exceptions>. Acesso em: 28
de mar. 2022
EVANS, D. A Internet das Coisas. Como a próxima evolução da Internet está mudando tudo. 2011.
Disponível em:
<https://www.cisco.com/c/dam/global/pt_br/assets/executives/pdf/internet_of_things_iot_ibsg_041
1final.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2022.
FELIPEPLOP, Placa Wemos D1 Mini Pro Wifi ESP8266, 2022. Disponível em:
<https://www.filipeflop.com/produto/placa-wemos-d1-mini-pro-wifi-esp8266/> Acesso em:
20 de out. de 2022
FiBL & IFOAM (2014): The World of Organic Agriculture 2014. Frick na Bonn. Disponível
em: <https://www.fibl.org/fileadmin/documents/shop/1636-organic-world-2014.pdf>. Acesso
em 27 de mar. 2022
64
GASQUES, Marcos Vinícius et. al. Carros autônomos reduzirão acidentes em 90% e
emissões de poluentes em 60%. Autoesporte. Rio de Janeiro. Seção Carros. 02 out. 2015.
Disponível em: <https://autoesporte.globo.com/carros/noticia/2015/10/carros-autonomos-
reduzirao-acidentes-em-90-e-emissoes-de-poluentes-em-60.ghtml> Acesso em: 27 mar. 2022.
GEHRIG, S. K.; STEIN, F. J. (1999). Dead reckoning and cartography using stereo vision for
na autonomous car. IEEE/RSJ International Conference on Intelligent Robots and Systems.
Kyongju. pp. 1507–1512.
GERNERT, B., WOLF, L. (2017). Poster: PotatoScanner - Using a field sprayer as mobile
DTWSN node. CHANTS 2017 - Proceedings of the 12th Workshop on Challenged Networks,
Co-Located with MobiCom 2017, 47–49. Disponível em:
<https://doi.org/10.1145/3124087.3124102>. Acesso em 27 de mar. 2022
GOKHALE, Pradyumna; BHAT, Omkar; e BHAT, Sagar. (2018). Introduction to IOT. 5. 41-
44. DOI: 10.17148/IARJSET.2018.517. Disponível em:
65
IANNI, A.; PEREIRA, P. C. A. Acesso da comunidade surda à rede básica de saúde. Saúde e
Sociedade, [S.L.], v. 18, n. 2, p. 89-92, jun. 2009. FapUNIFESP (SciELO). Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/s0104-12902009000600015>. Acesso em: 21 de abr. de 2022
IKOBA, Jed John. Apple Watch help save na elderly man’s life after a hard fall out in the
cold. Gizmochina. 31 jan. 2022.
Disponível em: < https://www.gizmochina.com/2022/01/31/apple-watch-save-elderly-mans-
life-hard-fall-cold/> Acesso em: 31 ago. 2022
MANCUZO, RONNIE, Carros autônomos: confira o guia completo sobre o assunto!. Olhar
Digital. 5 de abr. 2022. Disponível em: <https://olhardigital.com.br/2022/04/05/carros-e-
tecnologia/carros-autonomos/> Acesso em: 15 de nov de 2022
66
MARADEI, G. Internet das coisas: 8 itens que serão on-line na sua próxima casa. 05 dez.
2016 disponível em <https://casavogue.globo.com/Design/noticia/2016/12/8-coisas-que-
estarao-conectadas-na-sua-proxima-casa.html> Acesso em: 29 de mar. 2022
MATTERN, F., & FLOERKEMEIER, C. (2010). From the Internet of Computers to the
Internet of Things. Em K. Sachs, I. Petrov, P. Guerrero (Eds.)
SERAFIM, E. (2014). Uma estrutura de rede baseada em tecnologia iot para atendimento
médico a pacientes remotos. Dissertação de mestrado, Faculdade Campo Limpo Paulista.
Disponível em: <www.cc.faccamp.br/Dissertacoes/Edivaldo_2014.pdf>. Acesso em: 18 de
Mar. 2022
SILVA, R. O. Da; OLIVEIRA, J. L. S. de. A INTERNET DAS COISAS (IOT) COM ENFOQUE
NA SAÚDE. Tecnologia em Projeção, [s.l.], v. 8, n. 1, p.77-85, jan. 2017.
SILVER, L. Push Button Arduino: 3 Modos de ligar botões no Arduino. Guia Robótica, 2020.
Disponível em: <https://guiarobotica.com/push-button-arduino/> Acesso em: 31 de out. de
2022
p. 260-266, mar. 2006. Springer Science and Business Media LLC. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1111/j.1525-1497.2006.00340.x>. Acesso em: 21 de abr. de 2022
ZHU, X., LIN, Y. (2012). ZigBee implementation in inteligente agriculture based on Internet
of Things. Proceedings of the 2nd International Conference on Electronic and Mechanical
Engineering and Information Technology, EMEIT 2012, 23, 1842–1846. Disponível em:
<https://doi.org/10.2991/emeit.2012.408>. Acesso em 27 de mar. 2022
70
47
48 bot.sendMessage(CHAT_ID, "Alguem esta na porta!", "");
49 then = millis();
50 }
51 }
52 }